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Discente:
Taznim Abdul Sacur Karim Issak
N° - 81150076
Nampula, 2018
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Nampula, 2018
Índice
DECLARAÇÃO ................................................................................................................. 5
DEDICATÓRIA ................................................................................................................. 7
AGRADECIMENTOS ....................................................................................................... 8
LISTA DE SIGLAS ........................................................................................................... 9
Resumo…. ........................................................................................................................ 10
CAPITULO I: INTRODUÇÃO........................................................................................ 11
1.1. Introdução ........................................................... Error! Bookmark not defined.
1.1. Objectivo De Estudo ........................................................................................... 12
1.1.1. Objectivo Geral................................................................................................... 12
1.1.2. Objectivo Específico........................................................................................... 12
1.2. Justificativa ......................................................................................................... 12
1.3. Problematização.................................................................................................. 13
1.4. Hipótese .............................................................................................................. 13
1.5. Delimitação Da Pesquisa .................................................................................... 14
CAPITULO II – REVISÃO DA LITERATURA ............................................................ 15
2.1. Definição De Conceitos ...................................................................................... 15
2.1.1. Migrações: Emigração E Imigração ................................................................... 15
2.1.2. Imigração Ilegal .................................................................................................. 16
2.2. Teorias Sobre As Migrações............................................................................... 17
2.2.1. Teorias Económicas (Neoclássicas) ................................................................... 19
2.2.2. Teoria Do Push-Pull ........................................................................................... 19
2.2.3. Teoria Do Capital Humano................................................................................. 22
2.2.4. Teorias Sociológicas: Abordagem Histórico-Estrutural ..................................... 25
2.2.5. Teoria Do Mercado De Trabalho Dual ............................................................... 26
2.2.6. Teorias Do Sistema Mundo E Selectividade Dos Imigrantes............................. 28
2.2.7. Teorias Institucionais E Sistemas Migratórios ................................................... 32
2.3. Migrações Internacionais O Caso De Mocambique ........................................... 34
2.3.1. Da História À Estatística .................................................................................... 35
2.3.2. As Migrações Internas ........................................................................................ 36
2.3.3. Migrações Internacionais .................................................................................... 40
CAPÍTULO III - DESENHO METODOLÓGICO .......................................................... 41
3.3. Metodologia ............................................................................................................... 41
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Lista de tabelas
Quadro 1: Factores Push E Pull ........................................................................................ 21
Quadro 2: Custos E Benefícios/Retornos ......................................................................... 24
Quadro 3: Mercado De Trabalho Dual/Segmentado ........................................................ 28
Quadro 4: Relação Centro, Semiperiferia E Periferia ...................................................... 30
Quadro 5: Papel Das Instituições Na Promoção Das Migrações ...................................... 33
Quadro 6: Volume De Migração Interna Acumulada Nampula (2007) ........................... 39
Quadro 7 : Amostra Ilustrativa Da Pesquisa .................................................................... 44
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DECLARAÇÃO DE HONRA
Declaro que esta monografia é o resultado da minha investigação pessoal e das orientações do
meu supervisor, o seu conteúdo é original e todas as fontes consultadas estão devidamente
mencionadas nas notas e na bibliografia final. Declaro ainda que ainda este trabalho nãos foi
apresentado em nenhuma outra instituição para obtenção de qualquer grau académico
O candidato
____________________________________________________
(Taznim Abdul Sacur Karim Issak)
O orientador
____________________________________________________
(Prof. Doutor Arcénio Francisco Cuco)
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DEDICATÓRIA
___________________________________________________________________________
Dedico este trabalho a todos os que
sempre me ampararam todos que
prosperam por mim, em especial aos
meus pais.
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AGRADECIMENTOS
Para a realização da presente pesquisa foi necessário muito empenho, horas de dedicação,
paciência e acima de tudo muito esforço para ultrapassar as dificuldades e obstáculos
presentes ao longo dos quatro anos de investimento académico e pessoal, a vontade de
aprender e enriquecer a minha carreira profissional fez com que eu pudesse alcançar os
objectivos por mim traçados ao longo desta jornada.
Em primeiro lugar a Deus por me ter dado saúde, e ao meu pai que sempre me incentivou a
estudar e a não desistir, por mais difícil que fosse o caminho deveria seguir com garra e
determinação, pois o estudo e a chave da oportunidade.
A minha mãe Jaleca Juma e meu amável irmão Mohammad Issak, pelo incentivo que me
deram nas horas difíceis de desânimo e cansaço, pelo apoio incondicional para eu poder
atingir o nível de estudo que eles sempre desejaram e que nunca tive a oportunidade, por
todos ensinamentos que me transmitiram e pela simples presença deles na minha vida.
Ao meu supervisor Professor Doutor Arcénio Cuco, pela orientação, paciência, dedicação,
disponibilidade e pelo auxílio teórico, por tanto que se dedicou a mim, não só por me terem
ensinado mas por me ter feito aprender. O seu incentivo foi sem dúvidas muito importante
para a realização do projecto.
A todos que directas ou indirectamente fizeram parte da minha formação e que vão continuar
presentes em minha vida, o meu muito obrigado.
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LISTA DE SIGLAS
Resumo
O presente trabalho busca contribuir para mostrar que Migrações Internacionais e seus efeitos na
cidade de Nampula. Portanto, os estudos sobre migrações indicam que as redes transnacionais entre
países de emigrantes e imigrantes constituíam fluxos de migrações há séculos e que a migração em
cadeia e a reunião familiar como indutoras dos processos migratórios ainda estão presentes hoje. As
migrações passaram a ser consideradas uma peça chave para compreender a formação de sociedades,
das identidades culturais e do desenvolvimento. As teorias migratórias existentes assim como a
construção de novas teorias, não conseguem apreender todos os elementos que compõem a migração.
A migração na cidade de Nampula tem crescido cada vez mais, e tem tido efeitos tanto positivos assim
como negativos é nessa perspectiva que definiu-se a seguinte pergunta de partida: Por que é que a
Cidade de Nampula é um espaço privilegiado dos imigrantes? Qual tem sido os efeitos dessas
migrações para a cidade? O trabalho tem como objectivo geral: Compreender os efeitos das
migrações internacionais na cidade de Nampula. E foram apontados como objectivos específicos:
Descrever as formas de migração e suas teorias segundo as abordagens de vários autores; Identificar
os factores que levam os migrantes a escolher a cidade de Nampula como um ponto privilegiado e
Analisar os efeitos da migração internacional na cidade de Nampula. A chegada de estrangeiros a
Nampula pressupõe a sua integração na nova sociedade de acolhimento. E esta faz-se num contexto
complexo de transição, com o abandono do modus vivendi anterior, da sua terra de origem para uma
nova realidade, na qual, à partida, se devem acomodar, pois o processo migratório traz consigo
transformações multivariadas, socioculturais, económicas, psicológicas e políticas.
CAPITULO I: INTRODUÇÃO
Patarra (2005, p.23), destaca que, em todas as conferências recentes há uma preocupação
grande dos países em movimentos populacionais internacionais contemporâneos, “na tensão
entre os condicionantes de um mundo competitivo e internacionalizado com tecnologias
poupadoras de mão-de-obra, de um lado, e o avanço das conquistas de direitos humanos, em
suas várias dimensões, de outro lado”. Os documentos de consenso que são produzidos nessas
conferências, não disfarçam as contrariedades entre os países expulsores (tendencialmente
pobres) e os países receptores (tendencialmente ricos) de contingentes populacionais
expressivos, tratando de formas nitidamente distintas a questão dos migrantes documentados,
dos migrantes clandestinos e dos refugiados políticos, sem menosprezar o montante de
remessas de divisas aos países de origem.
Para se levar a cabo uma pesquisa científica, torna-se necessário que a pesquisa deixar bem
claro os objectivos. Isto é, que se esclareça o que se pretende fazer com a pesquisa. Os
objectivos devem estar coerentes com a justificava e o problema proposto. Sendo assim, a
seguir tenta-se trazer os principais elementos que podem ajudar a deixar claro o que se
pretende com esta pesquisa.
1.2. Justificativa
A escolha do tema resulta do facto de ter-se observado que na cidade de Nampula está a
crescer o número de imigrantes provenientes de outras regiões da África, Ásia e Europa.
Neste sentido, procurar-se entender as razões que levam a Cidade Nampula ser um ponto
privilegiado para os imigrantes. Nota-se, inclusive, uma tendência de que quase todos os
estabelecimentos comerciais serem ocupados por estrangeiro, o que mostra a importância de
se desenvolver esta pesquisa.
A par desta situação está a constante relação que se estabelece entre os imigrantes e os
problemas que surgem no local de chegada, dentre os quais o roubo de emprego e ocupação
de espaços das populações para além de se associar as migrações com o terrorismo. Como
Moçambique e Nampula, em particular, não está alheia a esta situação, esta pesquisa se
mostra relevante.
Em suma e visto que com as migrações internacionais no século XXI adquirem, cada vez
mais, papel importante no quotidiano social, nos mercados de trabalho, nas sociedades de
chegada e de partida, nos fluxos financeiros, na mobilidade da força de trabalho e na vida de
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1.3. Problematização
Por que é que a Cidade de Nampula é um espaço privilegiado dos imigrantes? Qual
tem sido os efeitos dessas migrações para a cidade?
1.4. Hipótese
Uma parte da população que vem a cidade de Nampula, vem com o objectivo de
realizar um sonho de consumo, buscando adquirir melhores condições de vida,
impactando de forma positiva ou negativa a vida socioeconómica, cultural e política
da cidade.
As condições sociais e económicas possivelmente atraem a outros povos, o que,
possibilita o elevado número de emigrantes na Cidade de Nampula.
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Neste presente capítulo faz-se a apresentação dos conceitos e teorias em torno da migração.
Está aqui patente ideias de vários autores em torno da migração a nível mundial e não só, a
nível nacional foco do nosso estudo.
As migrações são fenómenos históricos que remotam a milhares de anos. Sem elas o mundo
não se apresentaria com a plataforma social actual. São um fenómeno histórico ancestral.
A História ensina-nos que a África é o berço da Humanidade. Foi a partir daqui que o homem
se espalhou pelos diferentes cantos do globo. As migrações estiveram ligadas a crises
económicas, disputas de terras, procura de melhores condições de vida, calamidades naturais,
crises políticas, motivações religiosas.
As pessoas não estão presas aos espaços territoriais da sua origem. Desde tempos imemoriais
movimentaram-se: saem e entram em diferentes espaços geográficos. Esta mobilidade tem
sido objecto de estudo na área das Ciências Sociais, Geografia, Economia, Sociologia e
Política. Com o processo da globalização a partir da segunda metade do século XX atingiram
o seu ponto mais destacado.
De acordo com Cabral e Vieira (s/d) o tema das migrações “deixou de ser unicamente
associado a populações desfavorecidas social, cultural e economicamente, frequentemente
encaradas unilateralmente como relevando de um âmbito assistencial e de um consequente
encargo para as sociedades receptoras, passando actualmente a usufruir de um estatuto de
fonte de conhecimento científico multidisciplinar.”
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Pires (2003:58) procura trazer várias definições, considerando contextos espaciais e sociais e
baseando-se em alguns autores, nomeadamente Lee (1969:285), que define migrações sob
ponto de vista de mobilidade espacial;
O conceito que se atribui às migrações passa necessariamente por ter em conta a inclusão de
dois fenómenos que se podem considerar duas faces da mesma moeda: emigração e
imigração. Rocha-Trindade (1990:467), considerada uma das vozes portuguesas autorizadas
nesta área, destaca que:
“o conceito de migração veio posteriormente a especializar-se com a fixação de
fronteiras dos Estados e delimitação das soberanias nacionais: para cada lugar de onde
se observava o fenómeno, era emigrante aquele que saía para lá das suas fronteiras e
imigrante aquele que, do exterior, nelas penetrava.”
Sousa (2006:27) sugere que imigrar seria o resultado do estabelecimento de fronteiras e dos
limites entre territórios, que conferem distinção entre origem e destino, assim como imigrante
seria o estrangeiro que vindo de fora pretende estabelecer-se num país que não é seu,
motivado por algum ideal.
Assim, o conceito de imigração ilegal só tem sentido quando se estabelecem fronteiras entre
estados e que se considere que estas fronteiras representam a protecção das soberanias das
nações e, por essa razão, devem ser invioláveis.
A imigração ilegal tem sido uma das grandes preocupações dos países mais ricos que são
obrigados a controlar este tipo de imigração com leis rígidas e deportações sistemáticas.
Também são um problema para os próprios imigrantes que são obrigados a trabalhar sob
condições precárias, com rendimentos baixos e sem direito à protecção jurídica devido ao seu
estatuto social ilegal. São preocupação para os organismos de cariz filantrópico que batem
duro perante governos por achar que estes devem criar mecanismos para a sua integração na
sociedade de acolhimento e respeitá-los à luz dos Direitos Humanos.
E em mocambique essa regra não se faz excessao, sendo que as autoridades governanmentais
redobram esforços de moda a combater esse fenomeno de imigracao ilegal, e de igual modo
tem empreendido accoes de vigilancia redobrada nas fronteiras, e aos imigrantes em situacao
ilegal, são repatriados aos seus locais de origem sem ferir os seus direitos respeitando assim
os Direitos Humanos.
As migrações são hoje tidas sob múltiplas explicações e sob diferentes variáveis. Segundo
Francisco Wetimane citando Jansen (1969:60) apud Gonçalves (2007:30-31) afirma que as
migrações constituem um problema demográfico, económico, político e sociológico.
Durante muito tempo o estudo das migrações foi feito de maneira fragmentada. Cada ramo
das ciências procurou puxar para si a legitimidade explicativa dos fenómenos migratórios. Os
teóricos da economia tentavam explicar o fenómeno tendo como base as disparidades de
renda entre regiões; os cientistas sociais defendiam a tese segundo a qual as migrações
deviam ser vistas como fenómeno macro, onde o transnacionalismo e a teoria das redes
sociais ocupavam um lugar de destaque.
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As migrações, como qualquer outro fenómeno social, não podem ser explicadas com recurso a
uma teoria isolada, mas sim como um fenómeno multidisciplinar e estrutural. Para sociológos
como Malthus, Marx, Durkheim e Weber a emigração era o resultado do desenvolvimento do
capitalismo, expresso através do processo da industrialização e urbanização. Este processo
tinha levado a que as comunidades rurais se deslocassem às grandes cidades à procura de
emprego, (Wetimane, 2012).
Segundo Francisco Wwyimane citando Malthus, Silva (2003:21), considerava a
migração como consequência da superprodução; Marx como resultado dos
movimentos de cercamento enclausures que forçaram os camponeses e pequenos
proprietários para a migração em países como a Escócia, Irlanda e França. Durkheim
considerava as migrações como resultado da decadência das comunidades tradicionais
baseadas na solidariedade mecânica e a emergência de laços baseados na solidariedade
orgânica. Weber achava que a emigração era um factor incidente que criava “novas
classes sociais e grupos de status étnicos”.
Um número cada vez maior de teóricos das migrações tem em Ravenstein o pioneiro dos
estudos sobre migrações. Foi ele o primeiro a estudar os movimentos migratórios na
Inglaterra e, depois, em 20 outros países. Este estudo é fundamentado por um quadro
conceptual constituído pela discussão de teorias que foram desenvolvidas para analisar as
migrações internacionais nas suas diferentes dimensões.
No mundo de hoje em que as nações, as culturas, os povos e as fronteiras estãose cada vez
mais abrindo, o estudo das migrações aparece como um dos temas aliciantes para os
académicos sociais . Daí que depois da Segunda Guerra Mundial surgiram muitos estudos a
analizar a movimentação das pessoas tanto dentro do seu território, como fora das suas
regiões de origem. (Witemane, 2012).
Estas movimentações foram categorizadas pelos estudiosos das migrações
internacionais de acordo com as motivações que obrigavam cidadãos a deixar os seus
países. Desta feita, surgiram muitas abordagens sobre as migrações como são as que
passamos a descrever. Esta multipolaridade de teorias tem como explicação a tese
segundo a qual os fenómenos sócio-económicos e as suas teorias explicativas nascem
de acordo com os contextos do seu tempo, são dinâmicos e flexíveis. As razões que no
século XIX ditavam a mobilidade das pessoas do campo para a cidade evoluiram.
De acordo com Rocha-Trindade (1995:74) citado por Witemane (2012) Ravenstein elaborou
sete leis das migrações, nomeadamente:
1. Migrações e distância
De acordo com esta lei a maioria dos migrantes tendem a realizar movimentos de
curta distância que se dirigem para os grandes centros industriais nas cidades;
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Existem motivos, no local de partida, que empurram imigrantes para outras regiões e factores
que funcionam como atractivos dos imigrantes. Soares (2002:8) citado por Wetimane (2012)
sustenta que as teorias de atracção e repulsão reunem factores económicos e sociais que
forçam os indivíduos a sair do seu próprio país.
Segundo Francisco Wetimane citando Castiglioni (2009:44) apud Lee (1966) encontra a base
da decisão de migrar em factores pessoais que actuam em factores de natureza micro e os
factores estruturais que incluem estímulos económicos, políticos e sociais. Por isso, as regiões
de origem e destino possuem uma série de factores positivos, negativos e neutros que atraem,
expulsam e deixam os indivíduos indiferentes. Lee (1966) citado pelo mesmo autor encontra
quatro factores que contribuem nas decisões de imigrar, nomeadamente:
Factores ligados às regiões de origem;
Factores ligados às regiões de destino;
Obstáculos que se interpõem entre os dois factores e
Factores individuais.
A teoria do capital humano enquadra-se ainda dentro das teorias microsociológicas assentes
em fundamentos económicos. Esta teoria surgiu a partir das áreas da educação, saúde e
migração na década 60 do século XX. Ela sustenta que a educação é um investimento
precioso para o desenvolvimento dos recursos humanos.
A teoria do capital humano foi desenvolvida pela Escola Económica de Chicago, pelos
economistas Gary Becker e Theodore Schultz. O desenvolvimento de uma nação depende do
investimento em pessoas.
Saul (2004: 232-233) citado por Wetimane (2012) explica que num
“discurso proferido no encontro da associação americana de economia, em Dezembro
de 1960, Theodore Shultz (1961), especialista em economia agrícola e então
presidente da referida associação, buscou estabelecer a substância do capital humano e
as condições da sua formação, sustentando residir nessa forma de entender a
capacitação das pessoas a resolução de muitos paradoxos e confusões a respeito da
dinâmica de crescimento económico dos Estados Unidos. Na sua avaliação, o
investimento em capital humano devia ser considerado como diferente do consumo,
tanto pelas suas dimensões quantitativas quanto pelas dimensões qualitativas. Não
obstante a dificuldade de medição desse tipo diferenciado de capital, algumas
actividades poderiam ser descartadas como promovendo as capacidades humanas.
Assim, por exemplo, os serviços de saúde, entendidos em sentido amplo, envolvendo
as despesas que afectem a expectativa de vida, o vigor e a vitalidade das pessoas.
Outro ponto a considerar era o treinamento no emprego, incluindo o velho estilo de
aprendizagem organizado pelas empresas. Também deveria incluir-se a educação
formal, em seus diferentes níveis. Também incluiam-se aí os programas de educação
de adulto, não organizados por empresas, incluindo os programas de extensão,
principalmente na agricultura. Por último, mas não menos importante, Schultz citava o
processo de migração de indivíduos e de famílias para ajustar-se às oportunidades de
emprego, em constante transformação.”
Outra contribuição nos estudos sobre capital humano veio de Gary Becker. Na sua obra
Human Capital desenvolveu estudos sobre a economia familiar com base na teoria do capital
humano (Saul, 2004:234).
Gonçalves (2007:36-37) citado por Wetimane (2012) explica que este modelo parte do
princípio de que o indivíduo possui um capital intelectual e um de saúde e que a este capital
deve-se acrescentar educação, formação, competências e prevenção de doenças como factores
fundamentais para o desenvolvimento e para acabar com a pobreza. Assim, emigrar é tido
como um investimento, que como uma despesa. A especificidade desta teoria assenta no facto
de que o aspecto custo/benefício tem que olhar para o factor temporal.
Ninguém pode decidir-se a emigrar para um país desconhecido quando teoricamente não se
vislumbram retornos para recompensar os investimentos que ele fez. Os custos incluem os
investimentos que a pessoa fez na educação, formação profissional ou aquisição de vários
conhecimentos, habilidades e capacidades que acha que deverão ser recompensados
financeiramente e materialmente no futuro. As pessoas que decidem partir para terras
distantes devem realizar estes cálculos.
Para Rocha-Trindade (1995:77) citado por Wetimane (2012) a teoria do capital humano
procura dar resposta a questão porque certas pessoas decidem-se a migrar enquanto outras
não. Os teóricos desta abordagem asseveram que o mercado de imigração não acontece ao
acaso sobre as escolhas dos indivíduos, não é aleatória. Ela provoca um equilíbrio ao nível da
distribuição dos recursos no mercado que se prende com o “ impacto económico da imigração
nos países de acolhimento.”
Fazendo fé em Sjaastad (1962:83), Peixoto (2004:16) citados por Wetimane (2012) considera
que os custos de migração “são vários: procura de informação (gastos de tempo e dinheiro
informação sobre novas oportunidades profissionais e infraestruturais várias, incluindo
formação e aprendizagem); custos de deslocação; custos de adaptação (aprendizagem de nova
língua e cultura; criação de novas redes de apoio; custos de afastamento do meio de origem).
Os benefícios da migração passam, em contrapartida, pelo aumento de rendimentos, dada a
melhoria da produtividade individual permitida pela mudança.”
Segundo Lacerda (2007:4) citado por Wetimane (2012) alarga o pensamento de
Sjaastad (1962) considerando também a migração como investimento em capital
humano onde o indivíduo compara os custos e os retornos e agindo em conformidade
com essa comparação. Nesse investimento existem desembolsos directos como gastos
em alimentação, alojamento e transporte e custos indirectos que incluem as receitas
não auferidas ao longo da viagem, o tempo que se gasta na procura de emprego e a
formação correspondente. Estes custos incorporam a distância entre os locais de
origem e de destino e a taxa de desemprego no local de destino.
Os migrantes, para Chiswick (1978), chegam ao país de destino sem as qualificações sociais e
económicas básicas como língua, conhecimentos sobre oportunidades de emprego. Mas com o
decurso do tempo e face aos salários baixos que auferem, encontram motivações maiores que
os nativos para investir em capital humano, que lhes permite produzir rendimentos médios
superiores aos nacionais. O que distingue os custos e benefícios da teoria do capital humano
das outras teorias (push pull) é o factor tempo. Os retornos do investimento em capital
humano levam algum tempo - médio ou longo prazo a concretizar-se. (Wetimane, 2012)
Custos Benefícios/retornos
Privados monetários Privados não monetários Privados monetários Privados não monetários
Os teóricos desta Escola acreditavam que haveria, como resultado das migrações para os
Estdos Unidos, uma completa assimilação estrutural e cultural – melting pot – dos imigrantes,
o que não aconteceu (Sasaki e Assis, 2000:4).
O estudo das migrações, baseando-se nos ensinamentos da psicologia social e
sociologia de teóricos como Charles Cooley, Robert Park e George, defende que as
causas de todo o tipo de fenómenos individuais e sociais, devia ser encontrada numa
análise que favorece a dependência recíproca entre a organização social e o indivíduo.
A teoria macroeconómica neoclássica (mercado de trabalho dual, teorias estruturais e
teorias dos sistemas-mundo) aborda as migrações a partir das diferenças de oferta e
demanda pelo trabalho. Esta abordagem analisa as migrações como fenómenos
movidos por factores conjugados, que devem ser analisados na sua relação intrínsica e
dialéctica.
Massey (1998) citado por Wetimane (2012) salienta que a teoria preocupou-se primeiro com
as consequências do crescimento da população urbana, a concentração das populações nas
grandes cidades e com a penetração das forças de mercado no campo. Centrou seus estudos na
migração interna (campo-cidade) e só com a crise da década de 70 é que as concepções
histórico-estruturalistas começaram a ser aplicadas aos fluxos internacionais de trabalhadores.
Segundo Wetimane (2012) citando Peixoto (2004:22) sustenta que as teorias macro-
sociológicas distinguem-se das outras por previlegiar a acção de factores de tipo colectivo, ou
estruturante. Estas acções condicionam, de diferentes maneiras, as decisões dos agentes
sociais. Para este autor as zonas de confluência entre as perspectivas micro e macro são
múltiplas e as distinções não são absolutas, quer dizer, as estratégias colectivas e individuais
podem cruzar-se.
Ainda Wetimane (2012) citando Figuereido (2005:39) defende que as teorias histórico-
estruturais estudam as transformações em larga escala que modelam os movimentos
populacionais e aponta as graves desigualidades que existem na distribuição da renda e as
fortes disparidades na regulação dos poderes político e económico a nível mundial.
Para tal, estes fenómenos devem ser analisados na sua relação interdependente e não de forma
desestruturada, unilateral e isolada.
Considerando esta visão os factores que engendram as migrações podem ser encontrados a
partir do cruzamento de factores de natureza política, social, económica, cultural, religiosa,
psicológica entre outros e a mobilidade populacional internacional seria consequência de
mudanças estruturais nas sociedades de destino e origem.
De acordo com Soares (2002:15) citado por Wetimane (2012) as variações de salários não
acontecem apenas devido a flutuações entre a oferta e a demanda de trabalhadores, mas
exprimem o status social das pessoas. Face a isto, a importação de trabalhadores estrangeiros
de baixa qualificação afigura-se como aposta viável dos empreendedores capitalistas em
detrimento dos nacionais, pois estes aspiram a salários mais elevados.
Peixoto (2004:25), parafraseando Portes (1981), citados por Wetimane (2012) defende
que:
“segundo ele, os imigrantes atraídos pelo mercado primário apresentam como
principais características a entrada através de canais legais; o acesso ao emprego por
qualidades individuais e não por origens étnicas; condições de mobilidade idênticas à
dos nativos; e uma função de `reforço´ da força de trabalho nacional. Tipicamente,
este tipo de acesso é representado (…) pelo brain drain. Em contrapartida, o acesso ao
mercado secundário (num sentido amplo) apresenta como principais atributos um
estatuto jurídico precário (habitualmente temporário ou ilegal); um recrutamento
baseado nas origens étnicas e não em qualificações (dadas as vulnerabilidades
associadas àquela condição); ocupação de tarefas pontuais, sem perspectivas de
mobilidade; e uma função disciplinadora da força de trabalho local (forçando a
redução dos salários gerais)”.
A maioria dos trabalhadores imigrantes vai ocupar empregos que se situam no mercado
secundário, sujeitos a todo o tipo de discriminação e injustiças e, muitas vezes, sem protecção
jurídica e direito à assistência médica e medicamentosa. Muitos destes trabalhadores
conformam-se com este tipo de discriminação devido a sua situação de imigrantes ilegais.
(Vide Quadro 3). Um dos teóricos da teoria do mercado de trabalho segmentado ou mercado
de trabalho dual foi Piore.
Concluindo, as economias dos países desenvolvidos originam dois segmentos: o primário, para os
nacionais e o secundário, para a mão-de-obra migratória importada. Este último tende a ser
informal, ilegal ou irregular.
Para Wetimane (2012) As teorias que olham para os agentes migratórios como actores
movidos por racionalidade individual ao decidir partir ou não, encontraram muitos opositores
entre os quais os defensores de inspiração marxista da década de 70 do século XX.
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Esta teoria defende que a migração internacional é o resultado do sistema capitalista mundial,
que cria um mercado de trabalho global no qual os cidadãos que vivem nos países da periferia
(países pobres) tendem a imigrar para o centro (países desenvolvidos) à busca de melhores
oportunidades de emprego. As migrações são entedidas como um processo de recrutamento
da mão de obra barata dos países com economias dependentes e frágeis para os países ricos.
Os países pobres, usando a terminolgia marxista, criam “ um exército de reservas” que,
quando necessário, é drenado para os países industrializados devido a sua vulnerabilidade por
não possuir meios de produção.
Peixoto (2004:24) citado por Wetimane (2012) argumenta que estas teorias
“provém tanto da economia como da geografia: trata-se de análises que lidam
explicitamente com a variável espaço e que procuram enunciar os factores que levam
a um desenvolvimento particular dos territórios. Segundo estas correntes, existem
mecanismos que levam a uma dada localização dos estabelecimentos humanos em
realidades de tipo urbano ou regional, central ou periférico, e tanto em contextos
nacionais como internacionais. Quer as teorias o admitam ou não explicitamente, e
esta, distribuição territorial que conduzirá, por sua vez, a movimentos populacionais
(migratórios) concretos.”
As teorias dos sistemas migratórios defendem que as migrações são o resultado de contextos
históricos particulares e possuem dinámicas específicas que lhes permitem ter características
de um sistema (Ibid; 2004: 27).
Segundo Wetimane (2012) citando Soares (2002:17) defende que a pobreza, a explosão
demográfica e a estagnação económica dos países em vias de desenvolvimento não bastam
para explicar a origem dos fluxos migratórios internacionais. É necessário combinar os
factores pobreza, superpopulação e estagnação económica com as formas de como os países
pobres foram incorporados no espaço económico transnacional.
Regiões
Centro Semiperiferia Periferia
Poder de decisão Autonomia Sem poder de decisão
Autonomia política relativa nas Dependência política
e económica decisões e económica
Absorção dos Incorporação Vulnerabilidade
agentes relativa política e económica
Características migratórios Gerador de
Incorporadores da movimentos
periferia migratórios
Incorporados pelo
centro
No estudo das migrações internacionais se pode destacar a teoria que considera a mobilidade
dos indivíduos como processo selectivo. Segundo esta perspectiva, a migração internacional é
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um processo que selecciona pessoas com base em factores comuns que os diferenciam dos
que não se decidem a deixar o local de origem.
Segundo Wetimane (2012) citando Lacerda (2007:5) descreve o carácter selectivo das
migrações em funçaõ de características determinadas ou combinação destas. Neste contexto, a
selecção depende do contexto económico e social das áreas de origem e da sua comparação
com as áreas de destino.
Desta feita, quando os indivíduos decidem imigrar devem esperar retorno em função dos
custos envolvidos na mobilidade.
𝑊𝑏 − 𝑊𝑎
𝑟=
𝐶𝑓 + 𝐶𝑑
Onde:
r = corresponde a taxa de retorno
Wb = rendimentos esperados na região de destino
Wa = rendimentos na região de origem
Cf = custo de oportunidade envolvidos
Cd = custos monetários
32
A selecção se apresenta menos intensa nos migrantes cuja decisão de migrar é provocada por
outros agentes como os refugiados, migrantes ideológicos, etc. Lacerda (2007:6) fazendo
referência aos estudos de Borjas (1987), sobre a autoselecção dos salários dos migrantes nos
Estados Unidos, concluiu que estes podiam diferir do salário da população nativa devido a
“endogeneidade da decisão para migrar”. Assim, deve-se considerar duas condições para que
aconteça uma selecção positiva. (Wetimane, 2012)
Para Wetimane (2012) as instituições jogam um papel importante tanto na tomada de decisões
dos migrantes para abandonar os seus locais de origem, bem como na assistência dos mesmos,
sobretudo nas suas necessidades básicas.
Por sua vez Castles (2005:55) citado por Wetimane (2012) salienta que:
“As abordagens histórico-institucionais sublinham o papel das grandes instituições,
sobretudo as empresas e os Estados, no desencadeamento e na modelação dos fluxos
migratórios. Os recrutamentos maciços da mão-de-obra, protagonizados pelas
autoridades económicas e pelos agentes dos mercados de trabalho, foram decisivos
para o surgimento de fluxos migratórios apontados para a Europa Ocidental depois de
1945. Os sistemas de trabalho contratado também têm tido um papel fundamental na
migração para os países produtores do petróleo do Golfo Pérsico e para alguns países
asiáticos como Taiwan, a Malásia e Singapura.”
33
As empresas industriais que, por sua vez, podem desencadear as migrações, sobretudo através
do recrutamento oficial de trabalhadores estrangeiros. Estes podem, até, forçar o Estado a
recuar quando pretender recambiar imigrantes para os seus países dem origem. Castles
(2005:55) dá exemplos da Malásia que durante a Crise Asiática de 1997–1999 pretendia
repatriar contigentes de trabalhadores imigrantes. Perante o protexto dos proprietários de
plantações o governo viu-se obrigado a recuar.
As agências de emprego por sua vez são instituições que têm um lugar de importância a
destacar no desencadear dos processos migratórios, quando intervém como intermediários
entre as empresas públicas e privadas e os agentes migratórios. (Vide Quadro 5).
As associações de apoio aos imigrantes, sejam elas de cariz filantrópica ou de carácter étnico
podem estimular o fenómeno da imigração não só quando intermedeiam o processo, mas
também quando lutam perante instituições públicas para integração dos imigrantes nas
sociedades de acolhimento.
Depois de abordar algumas das principais teorias que procuram esclarecer as causas da
mobilidade populacional, passamos a tratar alguns conceitos básicos relacionados com as
migrações.
Moçambique não é excepção no que toca ao fenómeno dos movimentos migratórios, os quais
são características preponderantes das populações locais, assentes nos condicionalismos
sociais, económicos e políticos resultantes da descolonização, oportunidades de emprego e de
formação, conflitos internos, cooperação internacional e desastres naturais (Raimundo, 2009a,
2011). O movimento migratório de que o país tem sido palco apresenta ramificações aliadas
ao seu passado histórico. A migração remonta ao século XV, com a chegada dos portugueses,
embora Moçambique já fizesse parte há bastante tempo da rota comercial entre a costa
oriental de África e o Golfo Pérsico e a Índia percorrida pelos árabes que se dedicavam ao
comércio. Aliás, a própria história dos povos que hoje fazem parte do território moçambicano
é resultado das migrações dos povos bantos saídos da África Central.
Nos últimos tempos, a manifesta presença de multinacionais europeias, asiáticas e norte e sul-
americanas que se dedicam à exploração de recursos naturais como: carvão mineral em Tete;
gás e petróleo nas províncias de Inhambane e Cabo Delgado; madeira na Zambézia, Cabo
Delgado, Nampula, Niassa e Sofala; ouro, pedras preciosas e semipreciosas em Manica, Tete,
Zambézia, Nampula e Cabo Delgado; areias pesadas na Zambézia e Gaza tem contribuído, em
parte, para a ocorrência de migrações internas e internacionais.
Arnaldo & Muanamoha (2013) citados por Wetimane (2012) consideram que estes
movimentos migratórios com influência na dinâmica da população ainda que não seja a curto
prazo são igualmente condicionados pela crise económica que se verifica em alguns países da
Europa, bem como pela instabilidade socioeconómica e política de que padecem muitos
países africanos.
sobre as causas, tipologias e gestão dos fluxos migratórios. Um estudo realizado por
Raimundo (2009c) citado por Wetimane (2012), com ênfase nas diásporas, aponta algumas
razões desta situação: i) a ausência de dados dos emigrantes no estrangeiro; ii) a falta de
estudos sobre fluxos migratórios internos e externos, suas tendências e estratégias de
sobrevivência; iii) o facto de os esclarecimentos serem sobretudo originários da comunicação
social; iv) os dados sobre Moçambique serem muitas vezes facultados pelas pesquisas feitas
pelo Southern African Migration Project (SAMP) da África do Sul, que nem sempre traduz
com rigor as realidades migratórias do país.
Após a independência em 1975, o movimento das populações dentro das fronteiras internas e
internacionais intensificou-se devido à guerra civil que se seguiu, com impacto a todos os
níveis, desde climáticos e ambientais, passando pela urbanização acentuada com ausência de
planificação urbana, dando às cidades por vezes características de cidades-rurais. Muanamoha
& Raimundo (2013) são apologistas de que depois da independência o país assinalou um
aumento da movimentação de população que adveio de factores políticos, o conflito armado
de 16 anos, as incursões armadas dos países vizinhos, realizadas na época pela África do Sul e
ex-Rodésia (Zimbabwe), bem como factores ambientais cíclicos tais como cheias, ciclones e
secas. Todas estas razões, além de outras, concorreram para a rápida urbanização do país, com
todas as consequências socioeconómicas e culturais daí decorrentes.
37
Mapengo (2011) acrescenta ao factor guerra outras causas como os desequilíbrios do modus
vivendi económico e o desenvolvimento social da população urbana em relação à população
rural. As assimetrias entre o campo e a cidade constituem um chamariz para as populações
rurais menos desenvolvidas, devido à existência de infra-estruturas e oportunidades sociais e
económicas nas cidades60. Este tipo de migração rural-urbano resulta também, segundo
Raimundo (2009b), das políticas socialistas traçadas pelo Estado moçambicano que
desembocaram em imperfeições na economia rural, bem como no insucesso do
desenvolvimento cooperativista, que se supunha iria estimular o desenvolvimento rural
através da criação de aldeias comunais.
Nos estudos sobre as migrações internas e os espaços urbanos em Moçambique Araújo (1990)
observa que a falta de acompanhamento socioeconómico dos movimentos migratórios do
campo para as cidades, para além do deficiente ordenamento das mesmas, conduziu a um
acentuado nível de pobreza das famílias que vivem nas suas periferias, ao aumento do
desemprego, bem como à emergência de problemas ambientais que advém do uso intensivo
das florestas que existem na cintura das cidades. O autor refere ainda que no continente
africano em geral e em Moçambique em particular, a tendência crescente dos movimentos
migratórios do campo para as cidades desencadeia uma transferência cultural que, aliada a
relações conflituosas e desiguais, leva ao surgimento de espaços de segregação caracterizados
por um proeminente dualismo rural-urbano “que se apresenta de forma visual e oposta em que
a dimensão do fenómeno migratório gradualmente cria a sua própria cultura no meio de
antagonismos de vária ordem, onde prevalecem por bastante tempo atitudes, hábitos e
comportamentos rurais dando origem a um fenómeno que apesar de transitório ruraliza os
espaços urbanos” (Araújo, 2003:166).
Raimundo (2009c) aponta ainda uma pluralidade de causas que concorrem para a migração
em Moçambique. Olhando para as causas económicas, sendo o país basicamente agrícola,
onde a maior parte dos indivíduos vive no campo mais de 70% em situação de pobreza, a
migração para os centros urbanos, para a vizinha África do Sul ou o comércio transfronteiriço
constituem estratégias embora nem sempre triunfantes para melhorar as condições de vida. As
cidades são apelativas, existem muitas infra-estruturas socioecónomicas e culturais, por
comparação com o campo, o que permite encontrar empregos formais ou, na falta destes,
ingressar no sector informal, bastante enraizado nas cidades e vilas moçambicanas.
(absolutos), o destaque vai para as províncias de Inhambane com 272.806, Gaza 251.660,
Maputo-Cidade 243.108, Zambézia 211.462, Sofala 160.390 e Nampula com 98.882
emigrantes.
Fonte: Muanamoha & Raimundo (2013), a partir dos dados do Censo de 2007
Muanamoha & Raimundo (2013) concluem que há uma tendência dos emigrantes das
províncias nortenhas para se deslocarem para as províncias vizinhas dentro da mesma região.
Este tipo de migração é análoga aos emigrantes da região centro e sul. A província da
Zambézia e a cidade de Maputo revelam algumas excepções. No primeiro caso, os emigrantes
distribuem-se por quase todas as regiões de Moçambique e no segundo, Maputo-Cidade
acolhe migrantes de todas as províncias, com destaque para as do sul de Moçambique.
Visto a partir da dinâmica migratória do censo de 2007, estes autores distinguem as províncias
em três tipos:
Na região sul, a migração interna feminina é maior que nas regiões centro e norte, de
predominância masculina. No período compreendido entre 2006-2007, Muanamoha &
Raimundo (2013: 175) observam que nas províncias de imigração “os emigrantes foram
predominantemente mulheres em Maputo-Província (51.5%), e maioritariamente do sexo
Masculino em Cabo Delgado (60.4%), Nampula (56.9%) e Manica (53.1%). Entre as
províncias de emigração em 2007, houve predominância de homens entre os emigrantes de
Niassa (56.8%), Zambézia (60.6%), Tete (52.8%), Sofala (55.7%) e Maputo-Cidade (50.2%),
enquanto o predomínio de mulheres verificou-se em Inhambane (52%) e Gaza (54.9%)”.
40
Para o presente capítulo faz-se uma breve apresentação, procurado explicar a forma como o
trabalho tomou percurso até a sua materialização, visto que este teve que obedecer os
procedimentos metodológicos com o propósito de encontrar o desenho metodológico
mediante as normas de elaboração de um trabalho científico.
Metodologia
A abordagem qualitativa parte de fundamentação da qual existe uma relação dinâmica entre o
mundo real e sujeito, ou seja, uma interdependência vivida entre o sujeito e o objecto.
Quando aos objectivos a pesquisa foi descritiva porque permitiu observar, registar, analisar e
correlacionar factos ou fenómenos sem manipulá-los, procurando descobrir, com precisão
possível, a frequência com que um fenómeno ocorre, sua relação e conexão com outros, sua
42
Quanto aos procedimentos recorreu-se a pesquisa de estudo do campo, visto que, procura o
aprofundamento de uma realidade específica. É basicamente realizada por meio da
observação directa das actividades do grupo estudado e de entrevistas com informantes para
captar as explicações e interpretações que ocorre naquela realidade.
A pesquisa de campo deve merecer grande atenção, pois devem ser indicados os
critérios de escolha da amostragem (das pessoas que serão escolhidas como
exemplares de certa situação), a forma pela qual serão colectados os dados e os
critérios de análise dos dados obtidos (GIL, 2002).
3.1.5. Observação
A observação foi feita nos critérios de selecção dos candidatos, sobretudo das contratações
dos professores e do pessoal, no princípio, no meio e no final do ano. Sempre que necessário
(quando da existência de informações prestadas pelos candidatos) fez-se anotações pela autora
nos momentos de entrevista, complementando as informações que foram registadas.
43
3.1.6. Questionário
Este foi dirigido para 2 dirigentes dos Serviços Provinciais de Migração da Cidade de
Nampula e 2 da ACNUR, 10 emigrantes, por serem o foco de atenção desta pesquisa por
serem agentes interventivos do processo de migração, onde precisou colher dados a cerca do
fenómeno. Quanto a vantagem do instrumento permitiu fazer uma análise de uma forma
rigorosa e qualitativa.
Este tipo de instrumento ajudou a pesquisadora a explorar mais informações sobre o tema em
pesquisa; ao estimular o pensamento livre, solicitar sugestões, explorar a memória das
pessoas, clarificar posições, esclarecer opiniões, atitudes e percepções. Permitiu ainda que o
inquirido se expresse sem limitações, resultando daí uma grande variedade de informação e
eliminando virtualmente os vícios associados ao investigador.
3.2.1. Universo
Nesta pesquisa entende-se como conjunto de todos elementos ou corpo da pesquisa. Para tal, a
pesquisa envolveu toda comunidade da Cidade de Nampula e muito em particular os
emigrantes.
3.2.2. Amostra
Neste capítulo pretendeu-se fazer a apresentação, análise e interpretação dos dados colhidos
durante a pesquisa de campo. Far-se-á a discussão dos elementos que influenciam a migração
internacional a nível da cidade Nampula, fazendo não só referência desta mas também de
outros pontos que de forma directa contribuem para o crescente índice de migração para este
ponto.
De modo a preservar a identidade dos nossos entrevistados, serão atribuídos códigos nas
citações destas individualidades por forma a tecer com mais clareza as suas opiniões sobre o
assunto aqui exposto.
3.1. Resultados referentes aos dados colhidos nos Serviços Provinciais de Migração
de Nampula.
Para este grupo foram seleccionados 2 representantes correspondendo a 100% a esta categoria
de inqueridos. Onde foram feitas as seguintes questões:
a) Nampula tem sido um ponto muito atractivo pelos imigrantes provenientes de vários
cantos do mundo caso particular de Africanos e Asiáticos. Qual tem sido as formas
de tratamento das autoridades locais no que diz respeito a este grupo social?
Assim, ficou claro que o governo provincial tudo tem feito para a boa gestão deste fenómeno
migratório, como um mecanismo de assegurar a boa convivência entre os nativos e os
visitantes, dando a este grupo apoio necessário para que se sintam acolhidos no nosso solo
pátrio.
A esta pergunta os representantes dos SPMN deram os números exactos dos imigrantes
existentes em Nampula segundo a idade, sexo e país de origem. Para o centro de refugiados
de Marratane este conta com cerca de 10.215 cidadãos de diferentes nacionalidades. E para a
cidade de Nampula conta com pouco mais de 6.200 cidadãos imigrantes totalizando assim só
para a cidade de Nampula 16.415 imigrantes segundo os seus registos do período em análise
(vide o quadro 8).
Note-se que estes números excluem os imigrantes que por razões de falhas no sistema de
monitoramento das nossas fronteiras, tem entrado a nossa província escapando das
autoridades e acabam se envolvendo em esquemas fraudulentos de aquisição de vistos de
residência. Contudo, presume-se que haja mais imigrantes em situação ilegal vivendo na
cidade de Nampula, dai que o SPMN desencadeou uma campanha conjunta com outras
autoridades por forma a regularização documental de vários cidadãos que residem na cidade
de forma ilegal.
“A cidade de Nampula tem sido muito atractiva, não apenas aos imigrantes internacionais,
como também a vários outros imigrantes nacionais devido as facilidades de vida. Nota-se que
a província em si apresenta uma diversidade de oportunidades económicas muito atractivas e
estes vêem a cidade como ponto livre para a execução das suas actividades sejam comerciais
e ou no que diz respeito ao emprego”.
“Nampula é um ponto com facilidades de negócio a todos os níveis, assim como também pela
existência de um centro de acolhimento aos refugiados dando a estes espaço para
desenvolverem suas vidas. No entanto, a cidade de Nampula, acaba acolhendo um maior
número de imigrantes devido as suas facilidades e oportunidades”.
Fica claro que Nampula tem muitas oportunidades, seja de emprego assim como de negócio.
Este segundo é visto como o principal motivo uma vez que nos últimos anos a cidade vem
sofrendo uma requalificação na sua estrutura urbana, onde tem esta a se erguer vários
edifícios com fins comerciais fazendo assim, com que, a cidade seja mais atractiva para estes
grupos sociais uma vez que estes são o grosso praticando estas actividades.
d) Qual tem sido as dificuldades que os SPMN têm tido no controlo da entrada de
imigrantes ilegais na cidade de Nampula?
Segundo o que se pode apurar de acordo com os representantes dos SPMN, vários tem sido os
constrangimentos enfrentados, desde o fenómeno da corrupção e a fragilidade das nossas
fronteiras no requisito de segurança eficaz e eficiente de modo a responder a demanda de
entrada de ilegais principalmente os que usam a província vizinha de Cabo Delgado.
“O nosso sector é muito vulnerável as práticas de corrupção por parte dos nossos agentes,
isso fragiliza as nossas acções com vista a combater a entrada de imigrantes de forma ilegal
a nossa província no geral e de forma particular a cidade de Nampula, com isso, a falta de
recursos humanos o suficiente pra cobrir todo um perímetro de vigilância das nossas
fronteiras faz com que o controlo seja precário e deficitário. A maior dificuldade enfrentada
tem sido a falta honestidade por parte dos nossos agentes”.
48
Contudo, ficou claro que a corrupção e a falta de recursos humanos em número suficiente
para fazer face a demanda de entrada de imigrantes na cidade tem sido as maiores
dificuldades que os SPMN têm enfrentado no que diz respeito a entrada de imigrantes ilegais
na cidade de Nampula.
No que respeita ao impacto da presença dos imigrantes na cidade de Nampula estes apontam o
desenvolvimento económico e social como sendo o principal impacto, na medida em que com
a presença destes em qualquer área em que estes actuem fazem a diferença. Assim, avalia-se
positivamente a presença deste grupo social na cidade de Nampula.
“Com a chegada dos imigrantes a nossa cidade de forma separa estes tem suas vantagens, no
que refere como exemplo aos imigrantes trabalhadores, em muitos casos estes vêm prestar
serviços de saúde o que é de grande importância para as nossas populações, quanto aos
outros grupos estes criam o auto emprego e consequentemente dão emprego a nossos irmãos.
Mas como nem tudo é um ‘mar de rosas’ as desvantagem são o crescente índice de
criminalidade aliado a estes grupos a todos os níveis”.
Em qualquer sociedade a entrada de um grupo social com culturas totalmente distintas, não
falta a existência de um choque étnico. Embora haja um impacto positivo e varias vantagem
as desvantagem acabam pesando mais, dai que a necessidade de redobrar esforços no
processo de monitoramento desse grupo social.
Segundo os representantes do ACNUR vários são os desafios que o órgão enfrenta no que
respeita a gestão dos imigrantes. As dificuldades financeiras são o mal maior, uma vez que
para manter os serviços públicos e sociais que ali foram instalados, são necessários avultadas
somas de dinheiro e não só de recursos humanos e materiais para fazer face a esses desafios.
“O órgão não é o único a gerir o centro de acolhimento dos refugiados, estão também
envolvidos várias outras organizações nacionais e estrangeiras como a INAR só pra citar um
exemplo. No entanto, a alocação de fundos para uma melhor gestão do centro tem sido
bastante deficitária principalmente nos últimos anos, o que dificulta a gestão deste e
consequentemente a carência de melhor prestação de serviços básicos”.
“O centro é muito grande com um número populacional muito elevado, o que em algum
momento dificulta a distribuição regular de produtos de primeira necessidade. Dai que, como
forma de tentar aliviar essa necessidade os parceiros e as organizações nacionais envolvidas,
ajudam na doação de produtos de primeira necessidade, como sabão, óleo, açúcar, sal,
farinha, arroz entre outros. E são distribuídas sementes agrícolas, como forma de incentivo a
práticas agrícolas como um mecanismo de auto sustento e forma de geração de algum
dinheiro”.
50
Soube-se que, os residentes daquele canto da cidade foram distribuídos terrenos para o cultivo
e estes criaram oportunidades de negócio por lá como uma forma de auto dependência uma
vez que as autoridades nem sempre fazem a distribuição equitativa de produtos básicos.
3.1.2. Resultados referentes aos dados colhidos dos vários imigrantes residentes
em Nampula.
Para estes grupos foram escolhidos vários intervenientes num total de 15 imigrantes o que
corresponde a 100% e estes foram convidados a responder uma série de questões cujas
respostas são apresentadas neste ponto, a seguir é apresentado o perfil dos nossos
entrevistados no quadro a baixo.
Dos 15 seleccionados para responder a esta questão 8 correspondendo a 60% afirmaram ter
imigrado para Moçambique por questões de conflitos em seus países, e viram Moçambique
como um local de muitas oportunidades por ser um local de paz e pela motivação dos seus
amigos e familiares que já estavam a residir em Moçambique há bastante tempo na mesma
condição de refugiados.
Os outros 7 o que corresponde a 40% dos seleccionados, disseram ter imigrado para
Moçambique por fins de trabalho e comercio, uma vez que segundo aqueles o país oferece
melhores condições de investimento e viram a cidade de Nampula com um ponto privilegiado
para o efeito.
Contudo, clarifica-se aqui a ideia de que este grupo social viu em Moçambique a
oportunidade de crescimento económico e social que em seus países, parecia mais uma
“miragem”, mas que agora estando em Moçambique tudo transformou-se em um sonho
realizado.
52
c) O que lhe levou a escolher a cidade de Nampula como principal cidade para viver?
Na sua maioria os imigrantes que entrevistamos estão a residir em Nampula por influência de
amigos e familiares, em outros casos por se tratar de refugiados de guerra foram alocados no
centro de Marratane.
“Sou refugiado de guerra, e quando fugíamos a guerra no nosso país não sabíamos ao certo
para onde ir, apenas queríamos nos livrar do sofrimento de estar a fugir de um local para o
outro dia e noite. Quando chegamos a Moçambique, nos sentimos aliviados e a nossa estadia
no centro de acolhimento de Marratane, proporcionou a muitos de nos oportunidades de
continuarmos as nossas vidas criando os nossos filhos que até hoje já temos filhos com a
nacionalidade Moçambicana e isso pra nos é gratificante por ser um país onde não há guerra
como no nosso país”. Disse.
A esta questão todos fora unânimes em responder que tem tido um relacionamento bastante
positivo com os irmãos moçambicanos e em especial com os residentes desta cidade, que lhes
acolheram de braços abertos e que tudo tem feito para que essa boa convivência não se
coloque em jogo.
Ainda, esta convivência fica cada vez melhor na medida em que, os imigrantes têm sido uma
das melhores fontes de emprego, visto que estes são donos de vários estabelecimentos
comerciais na cidade que empregam vários cidadãos nacionais e não só, sendo este um efeito
positivo da sua presença neste canto do país.
Contudo, através dos médios chega-nos a informação que os imigrantes têm-se envolvido em
escândalos criminosos como a venda de estupefacientes. O que mancha sob maneira este
grupo social.
53
A esta questão quase todos responderam da mesma forma, uma vez que as dificuldades têm
sido as mesmas para ambos mesmo os imigrantes refugiados assim como os que imigram no
país para fins comerciais e de trabalho.
“A nossa vida tem sido muto boa em detrimento do que era na nossa terra, embora existam
alguns constrangimentos principalmente com as autoridades da lei e ordem (PRM), que em
muitas vezes tem-nos tratado de forma incorrecta, a tramitação de documentos tem sido um
outro problema que em muitas vezes nos faz recorrer a opções de corrupção como a forma
mais fácil de obtê-los num curto espaço de tempo”.
“Nos estrangeiros temos sofrido muito com cobranças ilícitas quando queremos nos
beneficiar de um serviço social básico, são nos cobrados valores acrescidos aos estipulados
pelo Estado, sem deixar de lada a questão de que em algum momento nos somos
contribuintes assim como os nacionais”.
Fica aqui caro que devido a sua condição de imigrantes, os estrangeiros tem sofrido de um
tipo de abuso por parte das autoridades, pois estes quando não apresentam documentos e ou
mesmo quando apresentados, são forçados a pagar somas de valores como uma forma de os
deixar circular livremente. E o processo de tramitação de documentos tem sido muito
demorado.
Segundo os nossos entrevistados estes afirmaram tem vontade sim de voltar aos seus países de
origem, mas são muito reservados a esse ponto visto que alguns desses países ainda estão em
conflitos o que de algum modo lhes da incerteza se será uma ideia a ser considerada ou não.
No que se refere aos refugiados muitos destes procuram a todo custo serem transferidos para
outros centros de refugiados espalhados pelo mundo a fim de se juntarem aos seus familiares
que devido os conflitos foram se espalhando. Já para os imigrantes em busca de trabalho e
54
melhores oportunidades de negócio estes, dizem que essa possibilidade esta fora de cogitação
uma vez que aqui, segundo estes tem melhores condições de vida e as oportunidades são
melhores comparadas com as oportunidades dos seus países de origem.
Contudo, percebe-se aqui a vontade de permanecer no país é maior que a de voltar aos seus
países de origem. Isto, deve- se em grande parte a questões sociais, económicas e politicas
que o país oferece a estes imigrantes.
g) Como tem sido o seu convívio com os imigrantes residentes na cidade de Nampula?
h) Será que com a chegada dos imigrantes na cidade de Nampula, houve alguma
mudança?
Para esta questão ficou claro no entender dos nacionais que os imigrantes trouxeram suas
culturas (hábitos, costumes e mitos), o que impulsionou um certo dinamismo na sociedade
Nampulense como um todo, estes trouxeram novas formas de fazer negócio, modificaram
a estrutura urbana da cidade com construções com uma arquitectura moderna.
A chegada deste grupo social de algum modo trouxe efeitos positivos, a vida dos nativos
impulsionando assim um novo ambiente social, económico tanto destes assim como dos
residentes nativos na cidade.
55
Para a primeira hipótese – “uma parte da população que vem a cidade de Nampula, vem com
o objectivo de realizar um sonho de consumo buscando adquirir melhores condições de vida,
impactando de forma positiva ou negativa a vida socioeconómica, cultural e política”. Esta foi
validade segundo o ponto 3.1.1 nas alíneas a) e c) respectivamente.
Conclusão
Conquanto as migrações sejam percebidas como resultado das relações assimétricas, sociais e
económicas, estabelecidas entre os países, elas estão, também, ligadas aos paradoxos das
relações internacionais, bem como à tendência neoliberal global do sistema económico
vigente, onde o desemprego constitui uma particularidade. Devido à complexidade de que
estão impregnadas, explicações diversas têm sido apontadas nas formulações migratórias. As
várias disciplinas das ciências sociais têm procurado estudar as trajectórias e fluxos
migratórios a partir de várias perspectivas, sem, contudo, haver consensos teóricos devido às
limitações encontradas na observação de uma realidade dinâmica e complexa. Daí a não
existência de uma teoria geral das migrações.
A triagem é feita com base em entrevistas, acabando normalmente por serem considerados
refugiados e enviados para o Centro de Refugiados Marratane. O Estado, através dos seus
principais organismos na província de Nampula (ACNUR, INAR e Centro de Refugiados de
Marratane), gere os movimentos migratórios em função das suas limitações humanas e
materiais, por meio da prevenção, controlo, acolhimento, integração e expulsão (se for o caso)
num contexto em que se verificam entradas massivas, muitas delas em situação irregular
embora esta gestão seja feita em coordenação com os países vizinhos, principalmente a
Tanzânia.
57
Além disso, as instituições confrontam-se com dificuldades de vária ordem, que não permitem
uma coordenação eficaz para lidar com os imigrantes. As dificuldades, para além da falta de
recursos humanos e financeiros, compreendem a exiguidade de meios de transporte e de
comunicação, a falta de um centro de retenção de estrangeiros, entre outras. No Centro de
Marratane, os refugiados são confrontados com a falta de alimentação, cuidados médicos e
excessiva burocracia na emissão de documentos.
Sugestões
Em jeito de sugestões, a autora apresenta 2 elementos que são necessários melhorar dentro do
exercício da gestão dos imigrantes como um mecanismo de evitar efeitos negativos a
sociedade da cidade de Nampula.
Bibliografia
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Pais de
Nome Completo Actividade Residência
Origem
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Ahamed Diallo Nigéria Comercio Cidade Npl
Arjun Yussufo Arman Paquistão Comercio Cidade Npl
Dways Yousuf Paquistão Comercio Cidade Npl
Salima Bijah Tanzânia Trabalho Cidade Npl
Arjun Satar Gulamo Índia Comercio Cidade Npl
Cathirene Ernest Congo Comercio Marratane
Bahate Antuany Presid. de Cent. Ref Maratane Cidade Npl
Abdellahi ould Elbah Senegal Chef. Escrit. Maratane Cidade Npl
Admi. do Cent de Refugiado de
António Luís Gonzaga Moç Cidade Npl
Maratane
Rábio Sequesse. Moç. Direcção Provincial das Migrações Cidade Npl
Celeste Gabriel Moç. Comercio Cidade Npl
César Armando Moç. Comercio Cidade Npl
Ernesto Martins Moç. Comercio Cidade Npl
Maria Figueiredo Moç. Comercio Cidade Npl
Patrício Almeida Moç. Comercio Cidade Npl
Paulyne Binth Senegal Estudante Cidade Npl
Allyne Souza Cuba Trabalho Cidade Npl
Salim Abdulah Somália Comercio Cidade Npl
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Apêndice
64
GUIÃO DE ENTREVISTA
Nome do entrevistado_______________________________________
Nacionalidade_____________________________________________
Actividades que desempenha na província_______________________
Local de residência_________________________________________