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Noção e âmbito do direito comercial

Direito Comercial é um direito antigo, cujas origens remontam aos tempos do direito romano.
Ao longo da Idade Média, desenvolveu-se como direito dos comerciantes, a partir das normas
decorrentes dos usos mercantis aprovadas pelas corporações e aplicadas pelos chamados
tribunais consulares. Grande parte dos institutos do direito comercial hoje existente foi concebida
na Europa entre os séculos XII e XVI. Esta fase corresponde ao conceito subjectivista de
direito comercial – o direito comercial era visto como o direito de uma classe profissional (os
comerciantes), aplicando-se em função da qualidade dos sujeitos.
Nesta época, o Direito Comercial é visto como:

a) Um ramo do direito especial e autónomo face ao direito civil;

b) Dotado de natureza subjectivista;

c) De origem corporativa;

d) De matriz consuetudinária;

e) De forte pendor internacionalista.

Com a Revolução Francesa e a ideologia liberal, surge uma nova concepção do Direito
Comercial: em vez de direito privativo da classe profissional dos comerciantes, passa a ser
entendido e construído como o direito que rege os actos de comércio. Esta visão objectivista
implica que o direito comercial seja aplicado em função da natureza das relações jurídicas, ou
seja, da sua comercialidade. 1

Concepção subjectivista,

A primeira concepção que surgiu a definir o objecto e o âmbito do direito comercial, foi a
concepção subjectivista, defendida no Código Comercial de 1833 de Ferreira Borges. Segundo a

1
CORREIA Pupo, Direito Comercial e Direito da Empresa, 2a Edição, Almedina Coimbra 1994, pag. 323
concepção subjectivista2, o direito comercial é o conjunto das normas que regem os actos ou
actividades dos comerciantes, relativos ao seu comércio. No sistema subjectivista Parte-se da
noção de comerciante para a noção de acto de comércio, pois só são comerciais os actos
praticados por comerciantes e no exercício do seu comércio, pelo que não se admitem actos
comerciais isolados ou avulsos, sobretudo de não comerciantes. Concepção objectivista A
concepção objectivista, é a concepção defendida no Código Comercial de 1888 de Veiga Beirão,
ainda hoje vigente em boa parte, como revelam os seus artigos 1° e 2° 1ª parte e, bem como a sua
sistemática: todo o Livro II é dedicado aos actos de comércio objectivos (Dos contratos Especiais
do Comércio).3

Concepção objectivista

Segundo a concepção objectivista, o direito comercial é o ramo de direito que rege os actos de
comércio, sejam ou não comerciantes as pessoas que os pratiquem. No sistema objectivista,
Parte-se da noção de acto de comércio para a de comerciante. São também considerados como
comerciais os actos ocasionais, mesmo que não praticados por comerciantes desde que
pertençam a um dos tipos de actos regulados na lei comercial.

Em resumo: para a concepção subjectivista, só são comerciais os actos praticados por


comerciantes e não há actos avulsos; de acordo com a concepção objectivista, é a natureza
comercial dos actos que importa, independentemente de quem os pratique, o que inclui a
disciplina dos actos ocasionais.

Conceito em sentido económico e jurídico do comércio

Conceito Económico De Comércio.

A primeira impressão de quem inicia o estudo do direito comercial é a de que constitui ele o
direito do comércio e, por consequência, o direito dos comerciantes. Se bem que essa tendência
vulgar tenha sua explicação histórica, dadas as origens desse ramo do direito privado, tal
conceituação modernamente é inadmissível.

2
ROQUE Ana, Direito Comercial, 4a Edição, Almedina Coimbra 2012, pag. 136
3
CORREIA Pupo, Direito Comercial e Direito da Empresa, 2a Edição, Almedina Coimbra 1994, pag. 326
Para melhor compreender por que o direito comercial não é apenas nem o direito do comércio
nem o direito dos comerciantes, é necessário descer à análise do conceito económico de
comércio. Veremos, então, que esse conceito não se ajusta exactamente ao seu conceito jurídico.

Como fato social e económico, o comércio é uma actividade humana que põe em circulação a
riqueza produzida, aumentando-lhe a utilidade. J. B. Say, insigne economista clássico, ensinava
que mais do que troca o comércio é aproximação.4

Na obra que perdura até nossos dias, expressando o génio do pensamento helénico - A
República, de Platão, o filósofo - ao perquirir a origem da justiça, indaga primeiro das origens do
Estado. Precisamente pela impossibilidade em que se encontram os indivíduos de saciarem, com
suas próprias aptidões e recursos, todas as suas necessidades, é que são levados a se
aproximarem uns dos outros para trocar os produtos excedentes de seu trabalho. O homem, por
isso, fende à vida em grupo, constituindo-se em sociedade.

Essa fase primitiva da sociedade, caracterizada pela permuta dos produtos do trabalho individual
efetuada directamente de produtor a consumidor, em movimento equivalente, chama-se
economia de troca.

É compreensível que devido ao desenvolvimento da civilização "civilizar é multiplicar as


necessidades" - o mecanismo das trocas em espécie se foi complicando. Surge, todavia, uma
mercadoria-padrão, que serve de intermediária no processo circulatório. Conchas, animais,
sobretudo bois (pecus - pecúnia) e, posteriormente, metais preciosos, servindo como
denominador comum do valor, facilitam as trocas. É a moeda.5

A economia de troca (economia de escambo) evolui para a economia de mercado (economia


monetária). O produtor já não mais produz para a troca, visando ao imediato transpasse de sua
mercadoria em contraposição com a aquisição da de outro, com quem opera. Passa a produzir
para vender, adquirindo moeda, para aplicá-la corno capital em novo ciclo, de produção. Pode;
assim, o produtor, especializar-se numa só linha de produção, para a qual se considera mais hábil
ou que melhor proveito lhe proporciona.

4
ROQUE Ana, Direito Comercial, 4a Edição, Almedina Coimbra 2012, pag. 176
5
CORREIA Pupo, Direito Comercial e Direito da Empresa, 2a Edição, Almedina Coimbra 1994, pag. 500
Aparelha-se, desta forma, o comércio para desempenhar a sua função económica e social, unindo
indivíduos e aproximando os povos, tornando-se elemento de paz e solidariedade, numa intensa
acção civilizadora. Em seus fundamentos, portanto, vamos encontrar arraigada a ideia de troca. É
o tráfico mercantil, expressão comum para designar a actividade comercial. Mas para vender a
riqueza produzida é necessário transportá-la para lugares onde, não existindo ou sendo escassa,
adquira maior utilidade, ou desejabilidade, como falam os economistas atuais. A noção
económica que nos oferece o Prof. Alfredo Rocco é exacta: "0 comércio é aquele ramo de
produção económica que faz aumentar o valor dos produtos pela interposição entre produtores e
consumidores, a fim de facilitar a troca das mercadorias".6

O economista e filósofo inglês Stuart Mill explica, numa síntese que merece ser reproduzida, a
necessidade do comércio através da figura de comerciante: "Quando as coisas têm que ser
trazidas de longe, uma mesma pessoa não pode dirigir com eficácia, ao mesmo tempo, a
manufactura e a venda a varejo; quando, para que resultem mais baratas ou melhores, se
fabricam em grande escala, uma só manufactura necessita de muitos agentes locais para dispor
de seus produtos, e é muito mais conveniente delegar a venda a varejo a outros agentes; e até os
sapatos e os trajes, quando se tem de fornecer em grande escala de uma vez, como para abastecer
um regimento ou um asilo, não se compram directamente aos produtores, mas a comerciantes
intermediários, que são os que melhor sabem, por ser este o seu negócio".

Conceito Jurídico De Comércio.

Explicado, assim, o conceito económico do comércio, fácil seria sobre ele construir o conceito
jurídico, para então se obter a definição do direito comercial. Ocorre, porém, que quando o
direito se preocupa com as actividades do comércio, para tutelá-lo com regras jurídicas, amplia
por demais o seu conceito. Daí o conceito económico não se !justar nem coincidir cora o seu
conceito jurídico. Muitas actividades, relacionadas com a circulação da riqueza - como as
empresas agrícolas e artesanais, mineração, os negócios imobiliários - escapam ao conceito
jurídico de comércio, embora se compreendam em seu conceito económico.7 E, no entanto,
muitas actividades, que escapam ao conceito económico, integram-se no seu conceito jurídico,

6
CORREIA Pupo, Direito Comercial e Direito da Empresa, 2a Edição, Almedina Coimbra 1994, pag. 554
7
ROQUE Ana, Direito Comercial, 4a Edição, Almedina Coimbra 2012, pag. 189
tais como, por exemplo, as letras de câmbio e as notas promissórias, que podem ser sacadas ou
emitidas por pessoas não-comerciantes para fins civis.

Os juristas procuram, desta forma, um conceito jurídico próprio para o comércio, abrangendo
toda a sua extensão. É de Ulpiano a definição: Lato sensu comynercium est emendi, vendendique
invicem jus. Mas esse direito de comprar e vender reciprocamente não fundamenta conceito
jurídico para o comércio. Aliás, dessa preocupação conceitual esteve ausente famoso jurista
antigo.

Vidari formulou uma definição jurídica para o comércio, que a muitos juristas tem agradado,
reproduzida nas lições do Prof. Inglez de Souza, que a considera satisfatória. "É o complexo de
actos de intromissão", define o grande comercialista italiano, "entre o produtor e o 'consumidor,
que, exercidos habitualmente com fim de lucros, realizam, promovem ou facilitam a circulação
dos produtos da natureza e da indústria, para tornar mais fácil e pronta a procura e a oferta."
Desse conceito decorreriam três elementos integrantes do comércio, essenciais para a sua
caracterização jurídica e a do comerciante: mediação, fim lucrativo e profissionalidade
(habitualidade ou continuidade).8

A idéia de lucratividade, como elemento essencial para a conceituação jurídica do comércio,


empolgou os juristas, tendo sido posta como elemento central na definição de Lyon Caen e
Renault, de que comércio é o conjunto de operações que tem por fim realizar proveito ou lucro,
especulando sobre a transformação, transporte ou troca de matérias-primas.

O fim de lucro, modernamente, não impressiona tanto. Muitas actividades lucrativas, já o vimos,
escapam ao âmbito do comércio no sentido jurídico, e outros atos tidos como de comércio, como
um aval em letra de câmbio, podem não ter fim lucrativo. Sem dúvida, as empresas estatais, cuja
presença se vai tornando cada vez mais intensa à medida que o Estado invade o terreno
económico, podem não ter fim lucrativo e, no entanto, não se deve negar que também se
integram no comércio.9 `

O professor belga Jean van Ryn considera por isso a utilidade da noção de lucro muito reduzida
para conceituar juridicamente o comércio, ou melhor, o direito comercial, colocando-o em plano

8
ROQUE Ana, Direito Comercial, 4a Edição, Almedina Coimbra 2012, pag. 190
99
CORREIA Pupo, Direito Comercial e Direito da Empresa, 2a Edição, Almedina Coimbra 1994, pag.556
secundário. E, nas suas aulas na escola de Coimbra, o Prof. Ferrer Correia acentua que "essa
correspondência entre o conceito de direito comercial e o de comércio perdeu-se de há muito. E a
dificuldade não se resolve fazendo distinção entre o conceito económico e o conceito jurídico de
comércio, pois ao que se chama comércio neste último sentido não é senão ao conjunto das
actividades a que, em determinado país e em dada conjuntura histórica, se aplica o direito
comercial desse país, e muitas dessas actividades não se podem justamente definir como
comerciais. Logo, a referida distinção é artificiosa".10

10 10
CORREIA Pupo, Direito Comercial e Direito da Empresa, 2a Edição, Almedina Coimbra 1994, pag.567

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