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RESUMO
O objetivo do presente trabalho é psicanálise em uma instituição acadêmica,
apresentar os impasses acerca da dinâmica tendo em vista que a formação do analista
de atendimento e supervisão da clínica não é acadêmica e o saber em causa é o do
psicanalítica dentro de uma universidade. inconsciente. Nesse sentido, a prática
A referida clínica se sustenta em sua regra analítica é orientada pelo não saber por
fundamental da associação livre, parte daquele que a conduz. A fim de
conduzida pelo fenômeno da atingir os objetivos apresentados,
transferência, ambos atravessados pela recorremos à experiência de atendimento
ética do desejo. Estamos apontando com no Núcleo de Psicologia Aplicada da
isso que há uma especificidade do campo Universidade Federal do Maranhão, que
psicanalítico, que muitas vezes se torna conta com a participação de alunos do
incompatível ao academicismo. Diante da nono e décimo períodos, sob a supervisão
experiência clínica, dentro de uma de um professor. Foi ao longo dessa
universidade, lugar destinado a um saber experiência que chegamos a alguns
constituído, a um saber-fazer e regido por impasses que serão aqui explanados de
uma ética tradicional, interrogamos de que forma mais interrogativa do que
modo se torna possível a transmissão da conclusiva.
Palavras-chave: supervisão, clínica, psicanálise, ética, estágio, transferência.
ABSTRACT
SOMES IMPASSES ABOUT IN THE DYNAMICS AND SUPERVISION OF THE
PSYCHOANALYSTC CLINIC INSIDE A UNIVERSITY
The objective of this work is to present the desire ethic. By saying this, we are
impasses about the treatment dynamics pointing out that there is a specificity of
and the supervision of the psychoanalyst the psychoanalytic field that sometimes
clinic inside a university. This clinic is becomes incompatible with the
supported in its fundamental rule of free academicism. Faced with the clinic
association, conducted by the transferring experience, inside a university, placed
phenomenon, both going through by the destined to a constituted erudition, to a do-
sujeito. Como Lacan (1958) nos diz: “...O construiu o que promove enquanto efeito a
analista que quer o bem do sujeito repete implicação do sujeito no seu sintoma.
aquilo em que ele foi formado, e até, Acreditamos que com esse
ocasionalmente deformado. A mais trabalho estamos buscando, senão
aberrante educação nunca teve outro respostas, já que optamos muito mais pela
motivo senão o bem do sujeito” (p.625). forma interrogativa, mas pelo menos
Mas como conduzir nosso encaminhamentos para essas questões,
trabalho no NPA sem cairmos na tentação talvez o que estejamos de fato fazendo é
de sermos considerados bonzinhos, muito uma convocação, convocação de trabalho.
queridos e tentados a fazer o bem? Como
não nos preocuparmos em produzir
manifestações imediatas de melhora do REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
sofrimento do paciente, tendo em vista
que é isso que ele demanda quando nos FREUD, S. (1919) – Sobre o ensino da
procura? Freud (1912) já nos advertia psicanálise nas universidades. In: FREUD,
quanto aos perigos de um excesso de S. Obras Completas Edição Standard,
empenho para curar o paciente, isso que vol. XVII, Rio de Janeiro: Imago, 1977,
considerava ser movido por um orgulho p.217-223.
terapêutico de ter feito o bem para o outro. _________ (1912) – Recomendações aos
Então, como ficamos em relação médicos que exercem psicanálise. In:
ao nosso trabalho na universidade, lugar FREUD, S. Obras Completas Edição
destinado ao saber-fazer, ao conhecimento Standard, vol. XII, Rio de Janeiro: Imago,
e domínio de técnicas? Como orientarmos 1977, p.149-160.
uma prática que parte e se sustenta no LACAN, J. (1958) A direção do
não-saber por parte daquele que conduz o tratamento e os princípios de seu poder. In
tratamento? Como transmitirmos aos LACAN. J. Escritos, Rio de Janeiro, Jorge
alunos que, no caso da clínica Zahar ed., 1998, p. 585-652.
psicanalítica, não se trata do ensino de LAPLANCHE, J. Vocabulário de
uma técnica e sim de uma maneira de Psicanálise. São Paulo, Martins Fontes,
escuta? Uma escuta que suporta seus 1992, p.80-82.
próprios silêncios, com pontuações muitas MARTINS, A. A supervisão em
vezes enigmáticas que colocam o paciente psicanálise. Coletânea: 10 anos de
para trabalhar, ao menos no sentido de psicanálise no Maranhão: textos dos
questionar as certezas que seu pensamento membros da Escola de Psicanálise do
Maranhão. São Luis, p. 76-82, 1995.