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DEMONSTRAÇÕES CONTABEIS.
AULA 01
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utilizar as demonstrações contábeis da empresa para verificar suas entradas de
caixa, suas saídas, as receitas, as despesas, os empréstimos que a empresa já
possui, o montante que a organização paga de juros e amortização dos
empréstimos. De forma geral o analista de crédito estaria interessado nas
informações de rentabilidade, solvência e liquidez da companhia.
Apesar de útil para o analista, esse não é o único interessado, os
fornecedores podem também estar interessados na liquidez e rentabilidade da
companhia para decidir o risco de efetuar uma venda a prazo ou não. Os
empregados estariam interessados para verificar a capacidade de pagamento
de salários, ou até para justificar um possível aumento (como assim fazem os
sindicatos nas negociações), o acionista pode querer verificar a rentabilidade
para fazer previsões sobre os dividendos futuros. E assim temos um enorme
número de interessados que podem extrair informações das demonstrações
contábeis.
Agora vamos imaginar o seguinte, o mesmo analista de crédito do
exemplo anterior agora deve decidir entre conceder crédito a mineradora São
Braz S.A ou a Carvaleto S.A, sem sombra de dúvidas, caso as duas utilizem
formas diferentes de contabilização, ou seja, não sigam uma estrutura comum,
a tarefa do analista ficará muito mais difícil e irá necessitar de vários julgamentos
de sua parte. Assim, um critério importante para a análise das demonstrações
contábeis é a sua comparabilidade. Se faz necessário que tanto a São Braz S.A
quanto a Carvaleto S.A utilizem de uma mesma estrutura e princípios para guiar
a elaboração de seus relatórios econômico-financeiros, para assim não
prejudicar os interessados na informação e nem ocasionar eventualmente uma
decisão equivocada.
Dessa forma, devido a grande esforço internacional por parte de órgãos
interessados na padronização dos princípios que regem a contabilidade no
mundo é possível uma comparabilidade entre demonstrações contábeis de
companhias brasileiras e de companhias europeias, pois, o Brasil e a maioria
dos países europeus adotam os princípios adotados e divulgados pelo IFRS
(Internacional Financial Report Society) e, no Brasil, O CPC faz esse papel.
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uma certa data, por exemplo, o Balanço Patrimonial abaixo representa a posição
patrimonial da companhia XYZ na data de 31/12/20XX, ou seja, nesta data, a
companhia tinha 5000 em caixa, 10000 em estoques e 3000 em contas a
receber. Já acerca do passivo circulante, as dívidas com fornecedores estavam
avaliadas em 4000, contas a pagar em 3000 e os empréstimos e financiamentos
em 2500.
Balanço Patrimonial da companhia XYZ S.A
31/12/20XX
Ativos 91500 Passivo + Patrimônio Líquido 91500
Ativo Circulante 18000 Passivo circulante 9500
Caixa 5000 Fornecedores 4000
Estoque 10000 Contas a pagar 3000
Empréstimos e financiamentos de
Contas a Receber 3000 CP 2500
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capital e possíveis incorporações de reservas de capital para compra e
investimento de ativos.
Para comparabilidade e informação, o Ativo é dividido em dois grandes
grupos, o Ativo Circulante e o Ativo não Circulante. O ativo circulante deve conter
tudo que a empresa esperar realizar dentro de 1 ano, ou seja, as contas a
receber e os estoques que são classificados dentro do circulante são esperados
que se tornem caixa/dinheiro no decorrer de 12 meses a partir da data da
demonstração.
Os ativos não circulantes são aqueles que se espera benefícios por mais
de um período, eles são classificados em quatro grupos, o Realizável a longo
prazo, que são basicamente títulos e contas a receber com um prazo de duração
maior que 12 meses. O imobilizado é composto por ativos que irão gerar
benefícios por mais de 1 ano e são utilizados na atividade fim da empresa, como
o prédio de sua sede, os veículos, as maquinas e etc. Já no grupo dos
intangíveis, a grande diferença pro imobilizado é a existência corpórea do bem,
os intangíveis são basicamente as marcas e patentes, que são ativos que a
organização espera que gere benefícios em mais de 1 ano, e o GoodWill, onde
o GoodWill, no caso da organização realizar uma aquisição de outra empresa, a
diferença entre o valor contábil da empresa adquirida e o valor pago pela
empresa adquirente é registrado como GoodWill. Por último, a classificação de
investimentos é direcionada a aquisição de quotas ou ações de outras
sociedades pela organização.
Os passivos também são organizados em dois grupos em razão da
definição contábil de curto e longo prazo. Os passivos circulantes são todos os
sacrifícios de caixa a serem realizados no período de 1 ano desde a data a que
se refere o Balanço Patrimonial, já os passivos não circulantes são todos os
sacrifícios de caixa a serem realizados num período após 1 ano da data do
balanço. A partir de uma perspectiva financeira, é possível perceber que alguns
passivos geram o pagamento de juros e outros não, por exemplo, sobre o crédito
de fornecedores não incidem juros, já sobre os empréstimos e financiamentos
incidem juros, assim, os fornecedores fazem parte de um grupo chamado de
passivo não oneroso e os empréstimos e financiamentos são chamados de
passivo oneroso.
É importante ressaltar que o balanço patrimonial é organizado a partir da
liquidez (velocidade de se converter em caixa) das contas. E que o patrimônio
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líquido é aquilo que resta aos sócios da empresa após a utilização dos ativos
para pagamento de todos os passivos. Ou seja, obedecendo a equação
fundamental da contabilidade
Ativo = Passivo + Patrimônio líquido (1)
E com uma simples álgebra chegamos a equação 2:
Patrimônio líquido = Ativo – Passivo (2)
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temos o Lucro líquido, que deve ser destinado ao pagamento de dividendos ou
a reservas de lucro, capital e legal. Ou seja, a DRE é intimamente ligada ao
balanço, pois, o lucro irá alterar o patrimônio líquido ou o passivo do BP.
Sobre a DRE, é importante ter em mente que as receitas e as despesas
são reconhecidas a partir do regime de competência, então, a companhia ter um
lucro líquido positivo não significa que a companhia auferiu a mesma quantidade
de caixa no período, podendo este ser superior o inferior ao lucro líquido. Um
exemplo disso é que as receitas são reconhecidas no momento da operação e
da transferência de riscos, entretanto, isso não quer dizer que a empresa
recebeu o dinheiro da venda, podendo a venda ter sido feita a prazo.
Por isso, além da DRE que objetiva evidenciar a rentabilidade da
empresa, outro demonstrativo contábil se faz necessário. O demonstrativo dos
fluxos de caixa, afinal, o aluguel e outras despesas não podem ser pagas com
lucro.
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investimento; e (g) recebimentos e pagamentos de caixa de contratos mantidos
para negociação imediata ou disponíveis para venda futura.
Enquanto os fluxos de caixa de investimento refletem o montante gasto
ou obtido com a compra ou venda de maquinas, equipamentos, outras
empresas, basicamente as operações que decorrem em ativos não circulante
(salvo o realizável longo prazo). Como afirma o CPC 03 – R2 (2010) A divulgação
em separado dos fluxos de caixa advindos das atividades de investimento é
importante em função de tais fluxos de caixa representarem a extensão em que
os dispêndios de recursos são feitos pela entidade com a finalidade de gerar
lucros e fluxos de caixa no futuro. Somente desembolsos que resultam em ativo
reconhecido nas demonstrações contábeis são passíveis de classificação como
atividades de investimento.
E dá como exemplos: pagamentos em caixa para aquisição de ativo
imobilizado, intangíveis e outros ativos de longo prazo. Esses pagamentos
incluem aqueles relacionados aos custos de desenvolvimento ativados e aos
ativos imobilizados de construção própria; (b) recebimentos de caixa resultantes
da venda de ativo imobilizado, intangíveis e outros ativos de longo prazo; (c)
pagamentos em caixa para aquisição de instrumentos patrimoniais ou
instrumentos de dívida de outras entidades e participações societárias em joint
ventures (exceto aqueles pagamentos referentes a títulos considerados como
equivalentes de caixa ou aqueles mantidos para negociação imediata ou futura);
(d) recebimentos de caixa provenientes da venda de instrumentos patrimoniais
ou instrumentos de dívida de outras entidades e participações societárias em
joint ventures (exceto aqueles recebimentos referentes aos títulos considerados
como equivalentes de caixa e aqueles mantidos para negociação imediata ou
futura); (e) adiantamentos em caixa e empréstimos feitos a terceiros (exceto
aqueles adiantamentos e empréstimos feitos por instituição financeira); (f)
recebimentos de caixa pela liquidação de adiantamentos ou amortização de
empréstimos concedidos a terceiros (exceto aqueles adiantamentos e
empréstimos de instituição financeira); (g) pagamentos em caixa por contratos
futuros, a termo, de opção e swap, exceto quando tais contratos forem mantidos
para negociação imediata ou futura, ou os pagamentos forem classificados como
atividades de financiamento; e (h) recebimentos de caixa por contratos futuros,
a termo, de opção e swap, exceto quando tais contratos forem mantidos para
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negociação imediata ou venda futura, ou os recebimentos forem classificados
como atividades de financiamento.
Já os fluxos de caixa de financiamento, são os fluxos que tem origem na
captação de recursos junto aos acionistas ou credores, O CPC 03 R2 (2010)
afirma que A divulgação separada dos fluxos de caixa advindos das atividades
de financiamento é importante por ser útil na predição de exigências de fluxos
futuros de caixa por parte de fornecedores de capital à entidade. E dá como
exemplos: (a) caixa recebido pela emissão de ações ou outros instrumentos
patrimoniais; (b) pagamentos em caixa a investidores para adquirir ou resgatar
ações da entidade; (c) caixa recebido pela emissão de debêntures, empréstimos,
notas promissórias, outros títulos de dívida, hipotecas e outros empréstimos de
curto e longo prazos; (d) amortização de empréstimos e financiamentos; e (e)
pagamentos em caixa pelo arrendatário para redução do passivo relativo a
arrendamento mercantil. (Alterada pela Revisão CPC 13).
Assim, temos o exemplo abaixo da DFC da companhia ABC, elaborada
pelo método indireto.
DFC
Lucro líquido 2000
Depreciação 200
Caixa líquido das atividades operacionais 2200
Adição ao Imobilizado 150
Adição ao Intangível -120
Caixa líquido das atividades de investimento 30
Dividendos Pagos -100
Captação de empréstimos 20
Amortização de empréstimos -20
Caixa líquido das atividades de financiamento -100
Caixa líquido gerado ou consumido no período 2130
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Já nas atividades de financiamento, a ABC consumiu R$ 100,00 de caixa,
o que significa que o montante que ela pagou a título de juros, amortização e
dividendos foi maior do que o montante que ela captou.
2 INSUMOS 1100
CMV 1000
Energia 100
Distribuição
Pessoal 100
Impostos 50
Juros Passivos 100
Dividendos 150
Lucros retiros 700
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Assim, para análise, a DVA é importante pois mostra como a riqueza foi
distribuída, o percentual é destinado para os impostos, dividendos, retenção de
lucros.
TEMA 6 – Demonstração da Mutação do Patrimônio líquido
Da mesma forma que a DFC se baseia e objetiva em explicar as variações
da conta caixa, a Demonstração da Mutação do Patrimônio Líquido (DMPL) tem
o intuito de informar todas as transações que ocorreram dentro do patrimônio
liquido da entidade, e assim, mostrar as ocorrências que ocorreram na riqueza
do acionista. Por exemplo, abaixo temos a DMPL da companhia ABC:
Lucros ou
Capital Social Prejuízos Patrimônio
Integralizado Reserva de Lucro Acumulados Líquido
Saldos Iniciais 3000 400 0 3400
Lucro Líquido do período 0 0 700 700
Juros Sobre Capital Próprio 0 0 -200 -200
Dividendos 0 0 -300 -300
Constituição de Reserva 0 100 -100 0
Saldos Finais 3000 500 100 3600
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dividendos a pagar é simplesmente uma redução no PL com um aumento do
passivo -.
Por último, a ABC decidiu constituir reserva de lucro no valor de 100,
assim, diminuindo os lucros ou prejuízos acumulados em 100 e aumentando a
reserva de lucro em 100, como esse lançamento foi entre duas contas do PL, o
valor do PL não muda.
E por fim temos o saldo final, onde o valor de cada conta é a soma da
coluna, e o valor do PL final é a soma da última linha, por exemplo, o saldo final
da conta lucros ou prejuízos acumulados é 700-200-300-100 = 100. Enquanto o
PL no fim do período totaliza 3600 = 3000+500+100.
Dessa forma a DMPL se mostra útil ao analista justamente por evidenciar
todos os lançamentos que acarretaram no patrimônio de um dos principais
interessados na empresa, os sócios.
TROCANDO IDEIAS
Como foi dito na introdução, a contabilidade é a linguagem dos negócios,
assim, seria interessante se todo o mundo falasse a mesma língua, não? Diante
disso, órgãos internacionais estão trabalhando para uniformizar a contabilidade
entre os países, ainda assim, existem diferenças não somente em como
contabilizar algumas transações, e sim na forma de evidenciar ou confeccionar
as demonstrações. Isto posto, você sabe alguma diferença entre a forma de
evidenciação da contabilidade brasileira e de alguma outra nação? Dica: procure
o balanço patrimonial de alguma companhia australiana.
NA PRÁTICA
1) Um recurso pode ser caracterizado como ativo se:
a. Pertencente a empresa; se espera benefícios econômicos futuros
b. Bens e direitos
c. Resultado de eventos passados; se espera benefícios futuros; e
controlado pela empresa
d. Pertencente a organização; se espera benefícios econômicos
imediatos.
2) O patrimônio líquido se refere a:
a. Capital investido pelos sócios
b. Obrigações futuras da empresa
c. Benefícios futuros esperados pela empresa
d. Dividendos a pagar
3) A DRE consiste em:
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a. Confronto de ativos e passivos
b. Confronto de receitas, custos e despesas
c. Confronto de receitas e despesas
d. Confronto de receitas e custos
4) A Demonstração do Fluxo de Caixa é dividida nos seguintes tópicos
a. Fluxos operacionais, de investimento e financiamento
b. Fluxos operacionais, de capital de giro e de financiamento
c. Fluxos não operacionais, operacionais e de investimento
d. Fluxos operacionais, custos e investimento.
5) O Passivo é:
a. A soma entre Ativo e Patrimônio Líquido
b. A soma entre Patrimônio Líquido e Caixa
c. A subtração entre Ativo e Patrimônio Líquido
d. A subtração Entre Ativo Não Circulante e Passivo não Circulante.
6) A Demonstração do Valor Adicionado tem como objetivo:
a. Evidenciar o lucro da organização
b. Evidenciar a criação/destruição de riquezas
c. Evidenciar a criação/destruição de riquezas como também sua
distribuição
d. Evidenciar as mutações do patrimônio líquido.
7)
Gabarito:
1) C
2) A
3) B
4) A
5) C
6) C
FINALIZANDO
Esta aula introdutória teve como objetivo relembrar as principais
demonstrações, seus objetivos e o que um analista pode buscar de informações.
Primeiro foi exposto o Balanço Patrimonial que comumente é dito ser um
retrato da posição patrimonial da empresa em certa data, assim, o Balanço
Patrimonial é útil ao analista por fornecer informações acerca de ativos e
passivos, ou seja, recursos que a empresa acredita que irá trazer benefícios
futuros, ou seja, seus investimentos, e a forma de financiamento desses
investimentos (Passivo e PL). Assim, o Balanço Patrimonial fornece informações
sobre liquidez, solvência, endividamento da organização.
Em seguida, falamos sobre a DRE – se o balanço patrimonial é uma foto,
a DRE é um filme – que retrata a lucratividade da empresa, principalmente
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expondo suas receitas, seus custos, e assim demonstrando sua eficiência no
uso de recursos.
Em terceiro lugar, relembramos o DFC, uma demonstração que tem como
objetivo evidenciar as transações que afetaram a conta caixa, simplesmente
porque não se paga contas com o lucro, e no fim, o que importa é se a empresa
está gerando caixa ou não para honrar com seus compromissos. Assim, vimos
que a DFC está dividida em 3 partes, investimento, financiamento e operacional,
para que o analista seja capaz de identificar onde os fluxos de caixa estão sendo
investidos e qual a sua origem.
Para falar sobre riqueza, trouxemos a DVA, que utilizando informações de
diversas outras demonstrações evidenciam para o usuário da informação
contábil qual foi a geração de riqueza (isso se a empresa tiver gerado riqueza) e
qual foi sua distribuição.
Por último, relembramos a DMPL, a qual tem objetivo evidenciar as
transações que impactaram diretamente no patrimônio dos acionistas, como o
pagamento de dividendos, constituição de reservas, e tudo isso que representa
para o analista a politica da empresa em reinvestir os fluxos de caixa ou em
distribuir para seus donos (acionistas).
Após essa aula, acredito que somos capazes de ter um olhar crítico sobre
as demonstrações contábeis, e estamos preparados para uma análise mais
granular utilizando índices.
REFERÊNCIAS
COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS (CPC). Pronunciamento técnico cpc 03:
demonstração dos fluxos de caixa. Junho de 2008. Disponível em: . Acesso em: 15 dez. 2019.
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