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as cargas atuam
e prevenindo-se
Nos projetos de engenharia, e em especial da área
contra falhas
mecânica, é imprescindível considerar como atuam os
carregamentos sobre as peças e conjuntos, pois, eles
podem se apresentar de formas diferentes e causarem
falhas catastróficas
Ficha catalográfica
domingos_prof@yahoo.com.br
domingos.prof.umc@gmail.com
DEFINIÇÕES:
Estático: Entende-se como carregamento estático todo carregamento em que a carga é
aplicada gradativamente e permanece sem variações de intensidade ao longo do tempo.
Quase estático: Entende-se como carregamento quase estático todo carregamento em que
a carga é aplicada subitamente e depois permanece sem variações de intensidade ao longo do
tempo.
Dinâmico: Entende-se como carregamento dinâmico todo carregamento em que o tempo é
uma das variáveis na aplicação da carga, podendo ser constante ou apresentar variações de
intensidade ao longo do tempo.
Impacto: Entende-se como carregamento por impacto todo carregamento em que a
carga é aplicada pela colisão de objetos.
Cíclicas: Entende-se como carregamento cíclico, a carga de amplitude constante ou
não, que varia ao longo do tempo, geralmente causando tensões que eventualmente podem
levar a ruína pela fadiga do material.
EXEMPLOS:
Carregamento estático: A carga é aplicada gradativamente e após totalmente aplicada
permanece sem variações ao longo do tempo.
CARGA
CARGA
CARGA
2 𝐴. 𝑙 𝑃. 𝑙
𝜎𝑚á𝑥 ( ) − 𝜎𝑚á𝑥 ( ) − 𝑃. ℎ = 0
2𝐸 𝐸
Dividindo-se a equação por (Al/2E) obtém-se:
2 2𝑃 2𝑃. ℎ. 𝐸
𝜎𝑚á𝑥 − 𝜎𝑚á𝑥 ( )−( )=0
𝐴 𝐴. 𝑙
Esta é uma equação do segundo grau e depois de resolvida resulta em:
𝑃 2ℎ. 𝐸. 𝐴
𝜎𝑚á𝑥 = [1 + √1 + ]
𝐴 𝑃. 𝑙
Note-se que se a altura de queda da massa h for nula, a expressão será σmáx = 2P/A. Esta é a
condição de carga subitamente aplicada e se enquadra no tipo de carregamento quase estático. (2).
De maneira similar se pode obter através da expressão a seguir, o deslocamento máximo da
extremidade.
𝑃. 𝑙 2ℎ. 𝐸. 𝐴
𝑦𝑚á𝑥 = [1 + √1 + ]
𝐴. 𝐸 𝑃. 𝑙
𝑈𝑒𝑥𝑡𝑒𝑟𝑛𝑎
Φ = [1 + √1 + ( )]
𝑈𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑛𝑎
𝜎𝑚á𝑥 = 𝜙 . 𝜎𝑒𝑠𝑡á𝑡𝑖𝑐𝑎
𝑀𝑚á𝑥 = 𝜙 . 𝑀𝑒𝑠𝑡á𝑡𝑖𝑐𝑜
𝑦𝑚á𝑥 = 𝜙 . 𝑦𝑒𝑠𝑡á𝑡𝑖𝑐𝑜
𝐹𝑚á𝑥 = 𝜙 . 𝐹𝑒𝑠𝑡á𝑡𝑖𝑐𝑎
Carregamento Quase estático: É interessante, também, observar o caso-limite, para o qual a
altura de queda, h, é zero, a energia dinâmica é zero, portanto, φ = 2.
0
𝜙 = 1 + √1 + =2
𝑈𝑒𝑠𝑡á𝑡𝑖𝑐𝑎
𝜎𝑚á𝑥 = 2 . 𝜎𝑒𝑠𝑡á𝑡𝑖𝑐𝑎
𝑀𝑚á𝑥 = 2 . 𝑀𝑒𝑠𝑡á𝑡𝑖𝑐𝑜
𝑦𝑚á𝑥 = 2 . 𝑦𝑒𝑠𝑡á𝑡𝑖𝑐𝑜
𝐹𝑚á𝑥 = 2 . 𝐹𝑒𝑠𝑡á𝑡𝑖𝑐𝑎
O início da história do estudo da fadiga como a conhecemos hoje em dia, ocorreu com os
trabalhos de A. Wöhler. Ele propôs em 1860 três leis, que até hoje são relevantes:
I – Um material pode ser induzido a falhar pela múltipla repetição de tensões, que
isoladamente são menores que a da resistência estática (ou seja, dos limites de escoamento e de
resistência).
II – A amplitude de tensão é decisiva para a destruição da coesão do metal.
III – A tensão máxima influencia apenas no sentido de que quanto maior ela for, menores são
as amplitudes de tensão que levam à falha (ou seja, um aumento da tensão média reduz a resistência
à fadiga do material para uma dada amplitude de tensão). (3)
Uma das principais contribuições de Wöhler para a compreensão da fadiga foi na introdução
das chamadas curvas S-N (ou também, curvas S-N ou ainda curvas de Wöhler). Vide figura a seguir.
Figura 7: Diagrama S-N ou curva de Wöhler, resistência à fadiga versus vida esperada (esquema). (1).
Figura 8: Curva S-N de um ensaio axial alternado para um aço AISI 4130, mostrando pontos de inflexão na
transição entre os regimes de fadiga (FBC/FAC) e no limite de fadiga. Shigley & Mitchell citado por Norton, (1).
Joelho
Figura 9: Diagrama S-N, comparativo para aço ABNT 1020 e alumínio ABNT 2024. (1).
Tipos de Carregamentos Cíclicos
Os carregamentos que variam com o tempo podem ser divididos segundo sua amplitude em
função do tempo ou número de ciclos: alternados, variados e pulsantes. Estes padrões de amplitude
de tensão-tempo são mostrados na figura a seguir.
Gráfico de padrão
alternado
Gráfico de padrão
variado
Gráfico de padrão
pulsante
𝜎𝑚á𝑥 − 𝜎𝑚𝑖𝑛
Tensão de amplitude, 𝜎𝑎 =
2
𝜎𝑚á𝑥 + 𝜎𝑚𝑖𝑛
Tensão média, 𝜎𝑚 =
2
𝜎𝑚𝑖𝑛
Razão ou Relação das tensões, 𝑅=
𝜎𝑚á𝑥
𝜎𝑎
Relação de amplitude, 𝐴=
𝜎𝑚
Tensão
σa
σr
σmáx σa
σm
σmin
Tempo
Figura 11: Designação dos parâmetros dos carregamentos cíclicos.
Note-se que R = -1 para a condição de tensão completamente alternada com média zero.
Quando a tensão média é diferente de zero, em geral, tensões de tração são prejudiciais, enquanto
tensões de compressão são benéficas. Esta condição é comum para grande parte dos elementos de
máquinas e melhor explanada adiante na seção Efeitos da tensão média não nula sobre a fadiga.
Sabe-se que para a faixa de frequências usuais das máquinas típicas de 1 a 500 Hz a fadiga
não é afetada, exceto para materiais poliméricos. (3).
O uso destas relações pode determinar o estado de tensões usadas no corpo de prova. .
O projeto de peças de máquinas ou estruturas sujeitas à solicitação cíclicas é normalmente
realizado com base nos resultados de ensaios realizados em laboratório com corpos-de-prova polidos
do material de interesse. Os dados obtidos são apresentados em gráficos denominados curvas S-N,
como mostrado na Figura 9.
O patamar inferior é a assíntota da curva que delimita a tensão máxima para qual se acredita
que o material não irá falhar por fadiga. Tensões abaixo deste limite são geralmente estabelecidas
como de vida infinita para aquele material. No caso específico da maioria dos aços, quando a falha
não ocorre até 107 ciclos.
Figura 12: Esquema da máquina de teste por flexão rotativa, corpo-de-prova e do ciclo.
O tipo de ensaio mais comum para determinar os limites de fadiga de um material é de
flexão rotativa. Neste ensaio o corpo-de-prova é submetido ao carregamento através dos mancais
que dão suporte ao corpo-de-prova, um motor elétrico o faz girar e se contam os giros.
As tensões são determinadas pela carga aplicada e o ensaio termina com a quebra do corpo-
de-prova ou quando se atingir uma quantidade de ciclos, N, que não mais se justifique a continuação
do ensaio. Neste ensaio um ciclo equivale a um giro completo do corpo-de-prova. Para ligas ferrosas
e titânio, geralmente, o ensaio termina ao se atingir entre N = 107 a 108 ciclos, pois, a partir deste
instante normalmente, já se encontra a assíntota da curva que caracteriza vida virtualmente infinita.
Segundo Souza, (1982) as ligas não ferrosas, tais como, alumínio não apresenta este
patamar. Nos casos em que não o patamar o ensaio deve chegar a 50 milhões de ciclos (5.10 7) ou
mesmo em certos casos a 500 milhões de ciclos (5.108) dependendo do material, por exemplo, níquel
ou duralumínio, fixando-se a tensão correspondente a esse valor máximo de N ensaiado, como limite
de fadiga desse material.
Figura 13: Efeito do tipo de material na curva S-N. (4)
É necessária uma quantidade muito grande de corpos-de-prova para se traçar uma curva S-N,
pois, para cada valor de tensão realizam-se vários ensaios e no mínimo 5 valores de tensão são
necessários. Comumente chega-se a um total acima de 200 corpos-de-prova, o principal motivo é
que muitos dos resultados são dispersos e isto obriga a que se executem mais ensaios para uma
mesma tensão. Vide figura a seguir.
Figura 14: Espalhamento dos resultados na determinação da resistência à fadiga Sn. (4)
No campo de projetos de engenharia é importante que se tenha probabilidade P, entre 0,10
e 0,90, é comum que este valor seja de 0,50. Com uma probabilidade de ruptura de 1%. A
determinação estatística torna-se importante dada a dispersão dos resultados, sendo em muitos
casos imprescindível para se evitar a falha. Vide figura a seguir.
Figura 15: Curva de distribuição dos resultados da figura anterior (esquemático). (4)
Também são comuns os ensaios de tensões axiais, e obter-se os valores de resistência à
fadiga para um número de ciclos de tensões axiais. O gráfico do diagrama é denominado diagrama de
Smith, Peterson ou de Goodman. As tensões podem ser ambas de tração, de compressão ou tração e
compressão.
Os valores obtidos em ensaios axiais são diferentes daqueles obtidos por flexão rotativa. Vide
máquina de ensaios axiais de fadiga na figura a seguir
Figura 17: Representação esquemática dos três estágios de propagação de uma trinca de fadiga. (3)
Segundo Souza, (1982) nos ensaios as duas primeiras fases ocupam praticamente todo o
tempo do ensaio e quando o comprimento da trinca atinge um tamanho tal que a seção tensionada
fique relativamente pequena, a porção remanescente não pode resistir à carga e a ruptura ocorre
repentinamente.
O aspecto de uma ruptura por fadiga apresenta duas regiões distintas uma lisa produzida
pelo desenvolvimento gradual e progressivo da trinca, características da primeira e segunda fase e
outra rugosa típica de fratura frágil, da terceira fase. Vide figura a seguir.
NUCLEAÇÃO DA TRINCA
A nucleação ocorre predominantemente em descontinuidades do componente, em
superfícies ou interfaces como contorno de grãos. A localização pode acontecer com mais frequência
em pontos de concentração de tensões como cantos vivos, entalhes, inclusões, trincas preexistentes,
pits de corrosão, contornos de maclas e, geralmente, esse início se dá na superfície do metal.
(SCHÖN, 2010 ; SOUZA, 1982).
A nucleação tende a ser favorecida pela existência de tensões normais de tração.
Um aspecto importante da nucleação de trincas de fadiga está na formação de bandas de
deformação persistentes (PSB, “persistent slip bands”). Estas heterogeneidades de deformação
caracterizam-se pela formação de bandas de deslizamento na superfície do material. Estas bandas,
mesmo depois do polimento da superfície, voltam a se formar no mesmo local, ou seja, elas
persistem. (SCHÖN, 2010).
Figura 19: Mecanismo simplificado para a formação de extrusões (a) e intrusões (b). (3)
Uma das consequências da formação das PSBs está no desenvolvimento de irregularidades
superficiais por conta da deformação cíclica. Estas irregularidades, denominadas intrusões e
extrusões tem papel fundamental na nucleação de trincas de fadiga. A figura anterior apresenta um
modelo simplificado para a formação de intrusões e extrusões em uma superfície inicialmente plana.
Figura 26: Efeito do revestimento de níquel e do jateamento de esferas na resistência à fadiga do aço. (1).
O gráfico a seguir mostra a influência dos diferentes tipos de ambientes na resistência à
fadiga do aço. O fenômeno de corrosão por fadiga não é completamente compreendido ainda, mas
dados empíricos como os da figura descrevem a seriedade desse tipo de fadiga. (1).
Figura 27: Efeito do meio ambiente na resistência à fadiga do aço. (1).
Figura 28: Efeitos da tensão média na tensão alternada de resistência à fadiga de vida longa: (a) aços baseados
em 107 até 108 ciclos (b) ligas de alumínio baseadas em 5 x 108 ciclos. (1). (Extraído de P. G. Forrest, Fatigue of
Metals, Pergamon Press, Londres, 1962.)
A figura a seguir ilustra a curva de Goodman, a parábola de Gerber, a curva de Soderberg e a
curva de escoamento plotadas nos eixos σm x σa. Enquanto a curva de Gerber é um bom ajuste aos
dados experimentais, a curva de Goodman é um critério de falha mais conservador e mais usado
comumente em projetos de peças sujeitas a tensões médias em adição a alternadas. A curva de
Soderberg é usada menos frequentemente, por ser conservadora demais.
Quando a tensão média é diferente de zero, em geral, tensões de tração são prejudiciais,
enquanto tensões de compressão são benéficas. Esta condição é comum para grande parte dos
elementos de máquinas, portanto, o regime de carregamento torna-se importante para se
determinar os limites de segurança. Vide Figura 29.
Tensão alternada
Onde:
Se – Tensão limite de fadiga corrigido
1. NORTON, Robert L. Projeto de máquinas: Uma abordagem integrada. Porto Alegre : Bookman,
2004.
3. SCHÖN, Cláudio Geraldo. Mecânica dos materiais: Teoria da plasticidade e da fratura dos
materiais. São Paulo : USP, 2010. p. 366.
4. SOUZA, Sérgio Augusto de. Ensaios mecânicos de materiais metálicos: Fundamentos teóricos e
práticos. 5. São Paulo : Edgar Blücher, 1982. p. 290.
5. FATIGUE DYNAMICS INC. Sobre a empresa; FATIGUE DYNAMICS INC. Site da FATIGUE DYNAMICS
INC. [Online] 2013. [Citado em: 24 de Agosto de 2013.] http://www.fdinc.com/index2.htm.
8. BANNANTINE, Julie. A. et al. Fundamentals of metal fatigue analysis. 1. s.l. : Prentice Hall, 1989.
ISBN-13: 978-0133401912.
9. STEPHENS, Ralph I, et al., et al. Metal Fatigue in Engineering. 2a. New York : John Wiley & Sons
Inc., 2001. ISBN 0-471-51059-9.
10. NICHOLAS, Theodore. High cycle fatigue: A mechanics of materials perpective. 5a. London :
Elsevier, 2006. p. 657. ISBN–10: 0-08-044691-4.