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Escola de Engenharia
MONOGRAFIA
Belo Horizonte
Julho/2017
Autora: Júlia Borges Pires Ferreira
Belo Horizonte
2017
ii
FICHA CATALOGRÁFICA- A CARGO DA UFMG
iii
Dedicatória
Dedico este trabalho ao meu esposo Thales, pessoa que caminha ao meu lado
nos momentos mais importantes de minha vida.
iv
Agradecimentos
Aos meus pais, Lúcia e Josias pelo carinho, dedicação e investimento na minha
formação.
Ao meu esposo Thales por estar sempre presente em minha vida, incentivar e
apoiar minhas decisões.
v
RESUMO
vi
ABSTRACT
vii
LISTA DE FIGURAS
viii
LISTA DE QUADROS
ix
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
2D – Duas dimensões
3D – Três dimensões
ABDI – Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial.
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas.
AECO – Arquitetura, engenharia, construção e operação.
ANAC – Agência Nacional de Aviação Civil.
BIM – Building Information Modeling (Modelagem da Informação da Construção).
CAD – Computer-aided design (Desenho assistido por computador)
CDURP – Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de
Janeiro.
CIC – Conselho da Indústria da Construção.
COBie – Construction Operations Building Information Exchange.
FAS – Federal Aquisition Service.
GDP – Gerenciamento e Desenvolvimento de Projetos.
FM – Infraestrutura e Facilities.
GSL – Estratégia de Pousos Suaves do Governo.
GSA – General Service Administration.
GT – Grupo de Trabalho.
IDM – Information Delivery Manual.
IFC – Industry Foundation Classes.
IOP – Instituto de Obras Públicas.
IFD – Industry Framework for Dictionaries.
IPD – Integrated Project Deliver.
ISO – Internacional Organization for Standardization.
MVD – Model View Definition.
MDIC – Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
NBR – Norma Brasileira.
OPUS – Sistema Unificado de Processos de Obras.
PAC – Programa de Aceleração do Crescimento.
PBS – Public Building Service.
PIB – Produto interno bruto
x
RDC – Regime de Contratação Diferenciada.
SPU – Secretaria do Patrimônio da União.
TI – Tecnologia da informação.
xi
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 2
1.1. Relevância do tema ........................................................................................................ 2
1.2. Objetivos ........................................................................................................................... 5
1.2.1 Objetivos Específicos.............................................................................................. 5
1.3. Delimitação da pesquisa ................................................................................................ 5
1.4. Método de pesquisa ........................................................................................................ 6
1.5. Estrutura da Monografia ................................................................................................. 6
2 HISTÓRICO E CONTEXTUALIZAÇÃO.................................................................................... 8
3 BUILDING INFORMATION MODELING CONCEITOS E APLICAÇÕES ......................... 12
3.1 Comentários Iniciais ........................................................................................................... 12
3.2. Principais conceitos e características do BIM ............................................................... 15
3.2.1 Objetos paramétricos .................................................................................................. 16
3.2.1.1 Industry Foudation Classes (IFC) .......................................................................... 18
3.2.1.2 Industry Framework for Dictionaries (IFD) ........................................................... 23
3.2.1.3 Information Delivery Manual / Model View Definition (IDM / MVD) .................. 24
4 IMPLANTAÇÃO DO BIM EM DIFERENTES PAÍSES ......................................................... 25
4.1. Comentários Iniciais .......................................................................................................... 25
4.2. BIM no Reino Unido .......................................................................................................... 26
4.2.1 Estratégias, objetivos e estágios......................................................................... 27
4.2.2 Resultados .............................................................................................................. 29
4.2.3 Perspectivas Futuras ............................................................................................ 30
4.3. BIM na Holanda ................................................................................................................. 31
4.3.1 Estratégias, objetivos e estágios......................................................................... 31
4.3.2 Resultados .............................................................................................................. 33
4.3.3 Perspectivas Futuras ............................................................................................ 33
4.4. BIM na Finlândia ................................................................................................................ 34
4.4.1 Estratégias, objetivos e estágios......................................................................... 34
4.4.2 Resultados .............................................................................................................. 35
4.4.3 Perspectivas Futuras ............................................................................................ 37
4.5. BIM na Noruega ................................................................................................................. 37
4.5.1 Estratégias, objetivos e estágios......................................................................... 37
4.5.2 Resultados .............................................................................................................. 38
4.5.3 Perspectivas Futuras ............................................................................................ 39
4.6. BIM em Singapura ............................................................................................................. 39
xii
4.6.1 Estratégias, objetivos e estágios......................................................................... 39
4.6.2 Resultados .............................................................................................................. 40
4.6.3 Perspectivas Futuras ............................................................................................ 41
4.7. BIM nos Estados Unidos .................................................................................................. 41
4.7.1 Estratégias, objetivos e estágios......................................................................... 41
4.7.2 Resultados .............................................................................................................. 43
5 INTRODUÇÃO DA PLATAFORMA BIM NO BRASIL .......................................................... 45
5.1. Comentários Iniciais .......................................................................................................... 45
5.2. Contexto político e econômico ........................................................................................ 45
5.3. Importância de diretrizes sólidas de apoio ao BIM em nível nacional ...................... 48
5.4. Garantias Legais ................................................................................................................ 50
6 INICIATIVAS BIM NO BRASIL ................................................................................................ 52
6.1. Exército Brasileiro .............................................................................................................. 52
6.2. Secretaria de Planejamento da União (SPU)................................................................ 57
6.3. COBie – Construction Operations Building Information Exchange ........................... 60
6.4. Estado de Santa Catarina ................................................................................................ 64
7 DIRETRIZES E ESTRATÉGIAS PARA DIFUSÃO DO BIM NO BRASIL ......................... 67
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................................... 74
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................................ 77
xiii
1 INTRODUÇÃO
2
Figura 1 – Custo do Ciclo de vida das edificações (CAMACHO, 2016)
3
de armazenamento seguro de dados e projetos em uma plataforma única. Em
seguida, têm-se problemas relacionados à constante dissolução das equipes de
trabalho, seja pelos baixos salários pagos aos técnicos, seja devido à troca dos
profissionais terceirizados. Além disso, há problemas relacionados à falta de
experiência e de treinamento dos servidores aprovados em concurso.
Suchocki (2016) salienta que a exigência de construções paramétricas em
obras públicas, assim como a regulamentação destas por meio de normas
específicas, é peça chave para que toda a indústria se modernize e aprimore a
qualidade de seus processos.
A principal motivação da monografia é estudar o contexto de implantação
do BIM no Brasil, considerando a experiência de outros países, como forma de
contribuir para o posterior aprofundamento e discussão do tema, ressaltando a
importância do conhecimento e envolvimento de engenheiros e arquitetos
vinculados à Administração Pública na transição dos projetos tradicionais para os
parametrizados – objetos definidos por meio de parâmetros envolvendo distâncias
e ângulos – conforme capítulo 3 deste trabalho.
4
1.2. Objetivos
5
1.4. Método de pesquisa
O método utilizado para o desenvolvimento deste trabalho foi o de revisão
bibliográfica sobre principais aspectos do BIM, considerando-se exemplos
divulgados no Brasil e em alguns países do exterior. A revisão foi feita com as
seguintes etapas:
1ª Etapa: coleta de dados. A pesquisa utilizou de informações contidas em
artigos (acadêmicos e websites), dissertações e livros relacionados ao
tema.
2ª Etapa: análise e interpretação de informações obtidas na primeira etapa.
Com base no material recolhido e/ou apurado, elaborou-se a
contextualização do tema proposto, salientando referenciais históricos e
explicando conceitos e princípios da tecnologia utilizada, tanto em países
do exterior, quanto aqui no Brasil.
3ª Etapa: elaboração de análise e síntese das informações contidas nas
referências estudadas e proposição de sugestões a serem adotadas por
Órgãos estaduais que buscam integrar o BIM no ciclo projetivo/construtivo
de suas obras e/ou edificações ou em serviços de engenharia e
arquitetura.
6
Capítulo 4 – Implantação do BIM em diferentes países: neste,
consideram-se comentários explicativos sobre a importância das
alternativas BIM adotadas no exterior. O capítulo também aborda
estratégias, objetivos, estágios, resultados e expectativas futuras desta
plataforma no serviço público no Reino Unido, na Holanda, na
Finlândia, na Noruega, em Singapura e nos Estados Unidos.
Capítulo 5 – Introdução da plataforma BIM no Brasil: busca explicitar a
introdução da plataforma BIM no Brasil, cujo tema está associado ao
contexto político e econômico do país, a importância do apoio
governamental e as garantias legais para assegurar a consolidação do
uso dessa plataforma.
Capítulo 6 – Iniciativas BIM no Brasil: esta parte do trabalho apresenta
estudos de caso em instituições que utilizam BIM na organização de
seus trabalhos. O texto explicita a experiência do Exército Brasileiro, da
Secretaria de Planejamento da União e do Estado de Santa Catarina,
além disso, uso de aplicações do COBie.
Capítulo 7 – Diretrizes e estratégias para difusão do BIM no Brasil:
descrição das estratégias adotadas e aquelas pretendidas para total
inserção do BIM no Brasil.
Capítulo 8 – Considerações finais: nesta sequencia, são apresentadas,
considerações a respeito dos assuntos anteriormente discutidos no
trabalho, relacionados ao conhecimento exposto e ao contexto AECO
no âmbito estadual.
Capítulo 9 – Referências bibliográficas.
7
2 HISTÓRICO E CONTEXTUALIZAÇÃO
Segundo Flanagan (2017), a construção civil migrou de um modelo de
negócio cuja visão estava baseada, sobretudo, na valorização do setor econômico
para uma nova realidade, na qual, fatores ambientais, políticos, socioeconômicos
e tecnológicos desempenham papéis importantes na elaboração de projetos e na
execução de obras. O autor pontua que:
O ritmo da inovação e da entrega dos projetos mudou; com
maior interdependência e desejo de entregar projetos com
mais rapidez ao usar as informações mais atuais e a
tecnologia da comunicação. A digitalização, a fabricação de
produtos em outros locais, a integração de design e
produção e o desejo de qualidade melhorada levam a uma
indústria melhor. (FLANAGAN, 2017)
Na atual realidade de mercado da construção de edificações no Brasil, de
acordo Nóbrega Júnior (2013), é cada vez mais recorrente a atuação de diversos
profissionais, inclusive de várias áreas de conhecimento, e empresas distintas na
elaboração de um mesmo projeto. Considerando-se essa forma de pensamento e
atuação, observa-se ainda a participação de um número crescente de técnicos
dos campos da arquitetura e da engenharia nos processos de planejamento
integrados da construção civil e da execução de obras. Isso ocorre, em
consequência do aumento da complexidade dos serviços contratados e/ou
projetos; do grande número de alternativas de novos materiais disponíveis no
mercado, tecnologias e serviços que antes não eram evidentes, disponíveis e/ou
acessíveis, além de possibilidades advindas com a terceirização das etapas de
construção decorrentes de uma nova concepção de obra como “processo de
montagem1”, a colaboração interativa e integrada de diferentes profissionais tipos
de profissionais é fundamental para o sucesso do projeto final, porém isso traz
dificuldades relativas à coordenação dos trabalhos como um todo, inclusive de
projetos e projetistas.
Para Nóbrega Júnior (2013) as ferramentas BIM2 tornaram-se fortes
aliadas dos desenvolvedores e coordenadores de projeto. Essas facilitam o
1
Método de construção de edificações. Este é viabilizado pela produção industrial dos elementos e pela
concepção do empreendimento em módulos.
2
Relacionadas a modelagem, gestão e coordenação.
8
trabalho dos profissionais tendo em vista as possibilidades do desenvolvimento
simultâneo do serviço, o que é diferente do método tradicional, no qual as etapas
de desenvolvimento acontecem de forma sequencial. Nessa conjuntura, a
plataforma BIM salienta uma nova característica de trabalho que consiste em
pensar o projeto de forma colaborativa ao invés de cooperativa3.
Considerando-se o tema em questão, Kassem e Amorim (2015) pontuam
sobre as iniciativas de implementação do BIM no Brasil, as quais têm como
objetivo melhorar a eficiência e a sustentabilidade de projetos da construção civil
em geral, influenciar na previsibilidade de resultados e no retorno de
investimentos, aumentar as exportações e estimular o crescimento econômico.
Para Kassem e Amorim (2015), a implantação do BIM no setor público
ocorre de forma mais lenta se comparada às áreas acadêmica e privada. No
entanto, o Exército Brasileiro pode ser considerado uma exceção, nele foram
iniciados os trabalhos de implantação da mencionada plataforma no ano 2006,
cuja divulgação da experiência a outras instituições ocorreu somente em 2013.
Segundo Ferreira e Bueno (2014), o Exército Brasileiro foi pioneiro na
implantação bem-sucedida da Tecnologia BIM para planejamento, controle,
contratações e execução de obras. Esta instituição utiliza tecnologia BIM
integrada com a GIS, por meio do Sistema OPUS, com o objetivo de centralizar
projetos elaborados em uma única plataforma. Para viabilizar a implantação da
nova tecnologia, todos os departamentos envolvidos na contratação de obras e
serviços, até então independentes em suas atividades, necessitaram adaptar ao
novo sistema e trabalhar de forma integrada.
Segundo Kassem e Amorim (2015), possivelmente, a primeira ação estatal
com resultados públicos aconteceu em 2010, para contratação de uma versão
inicial de Biblioteca BIM para projetos do “Minha Casa Minha Vida”, atendendo à
demanda do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior –
MDIC, e da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial – ABDI. A biblioteca
foi publicada em 2011, conjunto de gabaritos e famílias de produtos genéricos,
desenvolvido pela Contier Arquitetura e pela GDP – Gerenciamento e
Desenvolvimento de Projetos. Os modelos desenvolvidos servem de referência
3
A diferença entre os conceitos de cooperação e colaboração está descrita no “capitulo 2” deste trabalho.
9
para projetos do gênero e são considerados elemento de estudo na formação
BIM.
Também em 2010, sendo os autores, foi realizada pela CDURP –
Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro –
a primeira licitação que fez referência ao BIM. Mas apenas em 2014 houve novas
licitações que exigiram processos BIM, uma para ANAC – Agência Nacional de
Aviação Civil, para a construção de duzentos e setenta aeroportos, e a outra para
dois hospitais em Santa Catarina.
Segundo Kassem e Amorim (2015), diversos projetos públicos, por
exemplo, o Museu do Amanhã (cidade do Rio de Janeiro) e algumas instalações
para a Copa do Mundo e para as Olimpíadas foram concebidos pelo menos em
parte, por meio de recursos BIM. Os autores acima citados explicam que o uso da
tecnologia foi uma escolha das empresas contratadas e que, provavelmente, o
Regime de Contratação Diferenciada (RDC), pelo qual esses projetos foram
licitados permitiu e/ou facilitou a adoção do BIM.
Em agosto de 2016, houve o “1° Seminário” Building Information Modeling
(BIM). O evento foi organizado pela Secretaria do Patrimônio da União (SPU),
órgão vinculado ao Ministério do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão que
como público alvo gestores de modo geral, ou seja, diretores, gerentes,
engenheiros e arquitetos do serviço público e privado.
Para Ferreira e Bueno (2014), os diversos órgãos da administração pública
devem se preocupar em seguir os ensinamentos do Exército Brasileiro. A respeito
do assunto em questão, os citados autores pontuam que uma das principais
dificuldades a ser superada é a integração das atividades de planejamento e a
execução delas em uma única plataforma, considerando-se a falta de integração,
de modo geral, inter e intrainstitucional entre os diversos entes da administração.
Nesse sentido, o Instituto de Obras Públicas (IOP) – associação sem fins
lucrativos, constituída por servidores da administração pública federal, estadual e
municipal, de nível superior, que exercem atividades relacionadas ao
planejamento, à concepção e à implantação de obras públicas – defende que as
ideias de especialização e interdependência técnica devem ser adotadas entre os
profissionais da AECO. Essas são condições essenciais para o desenvolvimento
10
de atribuições institucionais e a absorção de inovações tecnológicas de maneira
“rápida” e eficiente.
Assim sendo, Ferreira e Bueno (2014) pontuam que, em um futuro próximo,
o BIM será uma realidade brasileira e alertam para a necessidade dos técnicos da
administração pública estarem preparados para aceitar e interagir com as novas
formas de trabalho e/ou tecnologias da informação. Contudo, os autores
salientam que a implantação do BIM deverá ser tema recorrente em diversas
esferas do Governo.
11
3 BUILDING INFORMATION MODELING CONCEITOS E APLICAÇÕES
4
Os principais conceitos de objetos paramétricos estão descritos na subdivisão 2.2.1.
5
Disposição das partes ou dos elementos de um todo, coordenados entre si, e que funcionam como
estrutura organizada. (FERREIRA, 2004)
6
Todos os componentes do projeto e da construção em três dimensões.
12
observado na Figura 2, o BIM aborda as edificações de forma cíclica. Esse
método requer, para o seu funcionamento, a interação dos agentes, da tecnologia
de apoio à informação (TI) e a organização do processo de projeto/obra
(coordenação de especialidades).
Andrade e Ruschel (2009) pontuam que o conceito de BIM ainda não está
totalmente absorvido pelo mercado. As empresas de projeto, em grande parte,
estão preocupadas em utilizar a parametrização no desenvolvimento de um
produto final de qualidade e compatível separadamente em cada área. Dessa
forma, os conceitos de interoperabilidade precisam ser desenvolvidos visando à
utilização de todo o potencial que a plataforma BIM pode oferecer.
13
Com relação às ferramentas BIM, Ruggeri (2017) explica que o uso pleno
delas conta com um importante aparato tecnológico para viabilizar melhores
interações entre os profissionais envolvidos. O autor salienta que o trabalho deve
estar vinculado aos conceitos de coletividade e complexidade.
Nesse sentido, Kassem e Amorim (2015) explicam que uso do BIM traz
consigo novos processos de comunicação entre os projetistas e demais agentes
envolvidos no ciclo de vida da edificação, levando à reorganização de fases,
agentes e produtos no projeto. Consequentemente, os profissionais envolvidos –
projetistas e gestores – devem se adaptar e reformular suas técnicas e
conhecimentos no desenvolvimento e na gestão de projetos.
14
3.2. Principais conceitos e características do BIM
8
O termo “construção enxuta” entende que a construção (produção) enxuta segue a mesma tendência de
síntese e generalização verificada em outras áreas de conhecimento. Dessa forma, o conceito agrega
conhecimento de várias teorias gerenciais: just-in-time, TQM, benchmarking, reengenharia, manutenção
produtiva total e engenharia simultânea. Um dos elementos principais desse método é entender os sistemas
de produção como uma rede de fluxos de processos (materiais) interceptados por fluxos de operações
(pessoas, máquinas, métodos). Ambos os fluxos são compostos de atividades de espera, processamento,
transporte e inspeção. O objetivo dela é eliminar as atividades de espera, transporte e inspeção e aumentar
a eficiência e o valor produzido nas atividades de processamento (SANTOS, POWELL e FORMOSO, 1998).
16
qualquer número de níveis hierárquicos. Por exemplo, se o peso de
um subcomponente de uma parede muda, o peso de toda a parede
também deve mudar.
Regras dos objetos podem identificar quando determinada
modificação viola a viabilidade do objeto no que diz respeito a
tamanho, construtibilidade9, etc.
Conjuntos de atributos vinculados, recebidos, divulgados e/ou
exportados, por exemplo, materiais estruturais, dados acústicos,
dados de energia, dentro outros, para outras aplicações e modelos.
18
Figura 4 – Formas de comunicação entre softwares (OPEN BIM, 2017)
19
Figura 5 – Explicação do conceito de interoperabilidade (MANZIONE, 2014)
Para Manzione (2013), o IFC está em constante evolução. Por ser uma
plataforma neutra, colabora com os conceitos defendidos pelo OpenBIM.
20
a) Camada de Recursos
b) Camada do núcleo
21
Ela possui definições de entidades como vigas, colunas, paredes, portas e
outros elementos físicos, assim como as propriedades para controle de fluxos,
fluidos, propriedades acústicas, entre outras.
22
Figura 6 – Visão geral do esquema IFC (MANZIONE, 2013)
23
O citado sistema aglutina bases de dados existentes com informações da
construção baseado na BuildingSmart.
24
4 IMPLANTAÇÃO DO BIM EM DIFERENTES PAÍSES
25
infraestrutura com maior rapidez, economia e sustentabilidade. Este capítulo
pretende apresentar breve contextualização do cenário internacional de utilização
do BIM em setores do poder público em diferentes países.
26
4.2.1 Estratégias, objetivos e estágios
10
Delegação de poder provisório para execução de determinada atividade.
11
Geração de relatórios técnicos e/ou medição de resultados.
28
4.2.2 Resultados
30
reduzir o tempo médio entre o projeto conceitual e a realização de
novas edificações ou de remodelações12 em 50%.
12
O termo remodelagem significa refazer a modelagem com modificações significativas.
31
envolvem grandes manutenções de edificações, a partir de novembro de 2011,
fossem obrigatoriamente desenvolvidos em BIM e em IFC.
32
de construção. Seu objetivo principal é garantir o engajamento e a difusão do BIM
por meio do(a):
4.3.2 Resultados
33
Outro ponto a ser desenvolvido no país diz respeito à criação de legislação
específica – arcabouço regulatório - para a elaboração de projetos em BIM.
Os autores explicam que o país não possui bibliotecas digitais de BIM com
sistemas de classificação ou normatização padrão. A Finlândia utiliza como base
a BIMobject – biblioteca sueca tida como padrão global ao conectar fabricantes e
desenvolvedores em todo o mundo.
34
4.4.2 Resultados
35
Quadro 1- Orientações “COBIM 2012” (KASSEM e AMORIM, 2015)
36
4.4.3 Perspectivas Futuras
37
intelectual. Sua missão é desenvolver e implementar a política pública
norueguesa no setor imobiliário da construção.
4.5.2 Resultados
38
4.5.3 Perspectivas Futuras
Silva (2015) salienta que o Setor Público foi fundamental para consolidar a
utilização do sistema nos projetos da AECO. O Governo, com ajuda do BCA
(Building and Construction Authority – Agência do Ministério do Desenvolvimento
Nacional de Singapura, responsável por tratar da implantação de obras de
engenharia), apoiou empresas e projetistas disponibilizando manuais de
procedimentos e cursos de qualificação, publicando casos de sucesso no uso do
BIM em diversas áreas. Em 2011, foi criado um Comitê de Diretrizes para uso da
39
plataforma, esse, foi responsável pelo desenvolvimento de normas e pela
administração de recursos. O quadro 2 demonstra o processo de adaptação
gradual realizado pela Administração de Singapura.
4.6.2 Resultados
40
Figura 10 – Marina Bay Sands (SILVA, 2015)
41
desenvolvedores de software, organizações de investigação e desenvolvimento,
instituições de ensino, bem como empresas de imóveis e construção.
Bueno (2016) ressalta que antes da criação da GSA cada órgão era
detentor de seu próprio departamento de infraestrutura. Com os profissionais
trabalhando de forma separada era difícil estabelecer padronização de serviços,
de procedimentos e de supervisão de contratos.
Bueno pontua que o sucesso da GSA se deve ao fato de ser uma Agência
Independente, possuindo estabilidade institucional – criada por meio de Lei
Federal, os chefes do executivo não têm poder para extinguir a instituição – e
poder de regulamentação – autonomia para regulamentar as atividades
relacionadas ao seu papel institucional, essa característica potencializa sua
capacidade de inovação já que as decisões independem de aprovação do
congresso. Nesse sentido:
4.7.2 Resultados
43
Os projetos concluídos agora possuem 22% a mais de eficiência
energética mais se comparados aos concluídos antes da ARRA.
Os prédios, além de suprir a própria demanda, fornecem energia
elétrica suficiente para abastecer 60 mil lares dos EUA e a redução
de gases do efeito estufa equivalem a tirar 76 mil carros da rua.
As instalações modificadas (reforma/retrofit) estão superando em
7% a economia de energia esperada em seus projetos.
As economias de energia poupam aos contribuintes, na forma de
impostos, 68 milhões de dólares por ano em custos de manutenção.
Em 2012, pelo sétimo ano consecutivo, a GSA foi nomeada como um dos
10 melhores lugares para se trabalhar no Governo Federal dos Estados Unidos. A
entidade também prima pelo desempenho ambiental, energético e econômico na
medida em que tornaram os edifícios federais mais eficientes em termos de
energia, incluindo contratos de poupança de energia, métodos avançados de
medição, programas como o Green Proving Ground e o EPA ENERGY STAR.
44
5 INTRODUÇÃO DA PLATAFORMA BIM NO BRASIL
45
O Brasil tem as pessoas, as habilidades, mas precisa de uma
nova mentalidade para contar na cena mundial. O país tem a
maior indústria de construção da América Latina; e ela tem que ter
uma visão mais internacional. (FLANAGAN, 2017)
O Brasil, nos anos de 2014 a 2016, tem sofrido com a queda das atividades
e com o desemprego. Catelani (2016) acredita que o momento de crise pode ser
favorável para o desenvolvimento de novas tecnologias na área. O entrevistado
compara o momento de crise da construção civil no Brasil com aquele vivido pelos
Estados Unidos em 2008, quando houve a crise do mercado imobiliário.
46
Catelani (2016) explica que, no caso de construtoras, a introdução de
projetos em BIM deve iniciar com a capacitação dos funcionários que farão as
exigências do modelo. O entrevistado explica que os gestores devem
compreender que, com exceção das construtoras que desenvolvem projetos, não
há necessidade de adquirir programas como Revit e Archicad, pois não haverá
modelagem. Os responsáveis pela conferência do projeto devem ter apenas
diretrizes bem definidas e um software de checagem – Model Checker – para
analisar se os modelos de arquitetura e estruturas estão de acordo com o
solicitado.
Para Wong e Nadeem (2013), o suporte dos governos foi peça chave para
impulsionar o uso do BIM nos países estudados. Na Finlândia, Dinamarca e
Noruega, por exemplo, o fato de serem países pequenos facilitou a adoção de
novas tecnologias se comparado a países grandes, mas a experiência dos
Estados Unidos demonstra que países de grande extensão territorial também
podem implantar BIM se seguirem um plano de desenvolvimento adequado.
Os autores Wong e Nadeem (2013) sugerem que o BIM também pode ser
implantado por determinações legais e pelo apoio à pesquisa e iniciativa
científica.
49
5.4. Garantias Legais
50
projetos e obras através de licitação por menor preço ofertado, levando a uma
profunda separação entre concepção e execução de obra.
51
6 INICIATIVAS BIM NO BRASIL
52
2D e 3D de várias fontes e vários formatos que podem ser
entrepostos com um mapa no Google usando um sistema de
coordenadas. Pela web, permite a troca entre vários níveis
detalhados de modelo (3D, 2D,etc) ou na fase de entrega do
projeto (construção, demolição, etc).”(KASSEM E AMORIM,
2015).
55
Figura 14 – Plano Diretor Militar para edificações (CASTRO, 2016)
56
Figura 15 – Caixa de entrada de projetos - OPUS (CASTRO, 2016)
Luke (2016) que explica que a União vem mapeando seus imóveis
utilizando tecnologia de superfícies digitais do terreno. O método permite
identificar os domínios de terra via satélite e outras tecnologias sem precisar
enviar profissionais a campo. Os primeiros locais a serem identificados serão
aqueles em que não há dúvidas sobre sua posse, conforme figura 17, como por
exemplo, margem de rios.
58
Figura 17 – Modelo de mapeamento de áreas da União utilizando tecnologia de superfícies
digitais do terreno (LUKE, 2016)
60
de construção e de operação das edificações. Normalmente, há maior atenção
nos itens relacionados a projeto e obra.
O COBie pode ser entendido como uma lista de todos os ativos mantidos e
gerenciados em um edifício. Este comporta um formato de troca de informações
que poderá ser uma planilha de cálculo com regras de preenchimento. O COBie é
exigido na entrega de obras no Reino Unido, sendo basicamente uma planilha de
cálculo com regras de codificação.
61
Figura 20 – Exemplo informações contidas no COBie (CAMACHO, 2016)
62
Figura 21 – Exemplo informações contidas no COBie (CAMACHO, 2016)
Suzuki (2016) afirma que o controle dos dados dos espaços, por meio de
medidores inteligentes em tempo real, permite a gestão de informações com os
dados informados. Por exemplo, informações sobre quem ocupa o espaço,
quantos metros quadrados cada departamento ocupa, o custo por metro
63
quadrado e o custo de cada funcionário. Como um sistema integrado pode-se ter
controle inclusive sobre o patrimônio com informação do conteúdo do objeto,
estado físico, garantia, forma e tempo de manutenção.
64
empreitada por preço global. O primeiro desafio encontrado foi a exigência, na
licitação, de equipe e gerente (de projeto) para viabilizar a coordenação e a
gestão do fluxo de projeto. Em seguida, exigiu-se, no quesito técnica, o enviou do
padrão IFC desenvolvido pela empresa para análise em software (software Solibri
– análise objetiva). Cada quesito teve valor de 50 pontos – num total de 100
pontos –para a análise da empresa vencedora, conforme Figura 24.
Silva (2016) explica que, na primeira licitação, houve uma série de erros
relacionados à contradição na aplicação de termos, ao excesso de exigências e
documentos, a generalização de restrições e ao caderno de BIM no Edital. A
equipe técnica foi ao máximo de discussões jurídicas, técnicas para aperfeiçoar o
modelo. Contudo, a primeira tentava foi cancelada para reedição. Silva (2016)
explica que na segunda tentativa o “Caderno de Apresentação de Projetos em
BIM” foi retirado da licitação, servindo como um conteúdo explicativo.
65
inovação em BIM – para determinar os padrões de qualidade exigidos pelo
Estado.
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7 DIRETRIZES E ESTRATÉGIAS PARA DIFUSÃO DO BIM NO BRASIL
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fundamental considerar as condicionantes e as particularidades de cada caso
específico.
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fase do projeto e tipo de projeto. Os autores exemplificam essa
abordagem com o Quadro 4 :
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diretor do GT BIM Brasil pode ser um representante de qualquer uma das
organizações incluídas na Figura 25.
Os autores ainda ressaltam que o GT BIM Brasil deve contar com seis
objetivos principais:
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2. Garantir o engajamento da indústria com a política do BIM em nível
Estadual e Federal;
3. Promover o fornecimento de uma infraestrutura de tecnologia adequada
para a aquisição pública de projetos BIM com suporte de organizações de
tecnologia e pesquisa;
4. Definir um plano de ação (contendo requerimentos e objetivos) sobre
aprendizado e treinamento em BIM com foco no ensino superior,
especialistas vocacionais e ensino técnico;
5. Disponibilizar financiamento para pesquisa e desenvolvimento de projetos
em BIM;
6. Influenciar a definição de incentivos, através de desonerações fiscais para
a implementação de tecnologias BIM em organizações e para o
treinamento de recursos humanos em BIM.
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conhecimento BIM em nível estadual e atuarem como uma ligação nas
discussões do BIM em níveis estaduais e federais.
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8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Contudo, não é recomendável que cada órgão espere o BIM se tornar uma
estratégia governamental para iniciar os estudos na área. Iniciativas pontuais e
objetivos autônomos, por meio de projetos piloto, são muito importantes para o
crescimento da tecnologia e servem de evidência para o convencimento dos
benefícios do BIM, nas instâncias superiores do Governo.
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diminuição do tempo gasto com correções de projeto e erros construtivos. Dessa
forma, seguindo o exemplo do Estado de Santa Catarina, haverá mais tempo para
investir nos estudos para: melhoramento da plataforma de gestão de projetos e do
ambiente construído, para viabilidade de projeto e concepção arquitetônica –
desenvolvimento de simulações –, para desenvolvimento de demandas
estratégicas e para investimento em construções que gerem menos impacto ao
meio-ambiente.
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9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CATELANI, Wilton Silva. Encontre seu modelo. Revista Téchne, São Paulo, ano
24, n. 234, p.12-16, set. 2016. Entrevista a Nathalia Barboza.
BUENO, Willian. GSA, Criada para ser referência. Instituto de Obras Públicas.
2016. Disponível em: https://iop.org.br/2016/08/24/gsacriadaparaserreferencia/
(Acesso em 26/11/2016)
77
FLANAGAN, Roger. O dilema da internacionalização de projetos. Revista
Téchne, São Paulo, ano 25, n. 238, p.08-09, jan. 2016. Entrevista a Gustavo
Curcio.
78
SILVA, Fernando Augusto de Corrêa. Artigo: As lições de Singapura: para
vencer barreiras na implementação do BIM, setor público foi quem tomou a
liderança. Revista Construção Mercado. PINI, São Paulo, n. 171, out. 2015.
Disponível em: http://construcaomercado.pini.com.br/negocios-incorporacao-
construcao/171/artigo364801-1.aspx. (Acesso em: 08/12/2016)
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