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TÓPICO 5
1 INTRODUÇÃO
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UNIDADE 1 | FILOSOFIA GERAL E A INVESTIGAÇÃO FILOSÓFICA
substancial pode fazer justiça a nossas intuições sobre a mente, mas também cria
um novo problema: se mentes e corpos são completamente distintos, então como
eles podem interagir entre si? Como pode um evento em uma alma imaterial, tal
como uma decisão de mover o braço, provocar mudanças em um corpo físico?
E como podem as mudanças em um corpo físico, como a estimulação dos seus
receptores de dor, causarem sensações em uma alma imaterial? Este é o problema
mente-corpo tradicional.
DICAS
Veja a obra de Cottingham (1995), ele oferece uma boa introdução aos conceitos
centrais das obras de Descartes.
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TÓPICO 5 | A FILOSOFIA DA MENTE E DA CONSCIÊNCIA
DICAS
Sugerimos a leitura inicial de obras introdutórias como Heil (2001), Maslin (2009),
Costa (2005), McGinn (2011a) ou Teixeira (2008, 1994), para começar a investigação deste
campo da filosofia da mente. Os capítulos de abertura de Chalmers (1999), Dennett (1995) e Tye
(1995) também oferecem introduções úteis à consciência, embora cada um reflete a própria
perspectiva teórica do seu autor. Há também material útil disponível na internet. Em especial,
recomenda-se a página <http://plato.stanford.edu/>. Ao pesquisar na enciclopédia pelo termo
“consciência” encontrarás uma série de excelentes artigos por pesquisadores de renome.
Devemos também mencionar o site do David Chalmers, atualmente localizado no seguinte
endereço: <http://consc.net/chalmers/>, que contém uma riqueza de material relacionado
com a mente e a consciência.
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DICAS
podem, por sua vez, ser explicados em termos químicos e físicos. Muitos filósofos
sustentam que todas as propriedades acima do nível da física básica (a ciência
das partículas e das forças fundamentais) podem ser redutivamente explicadas.
Este ponto de vista é uma versão do que chamamos de naturalismo, e parece ser
corroborada pelo enorme sucesso que a ciência tem tido em encontrar explicações
redutivas (McDOWELL, 2013). Resolver o novo problema mente-corpo envolveria
fornecer explicações semelhantes ao conteúdo e às sensação/sentir, mostrando
como a sua existência pode ser explicada em termos de propriedades mais básicas
e menos misteriosas.
DICAS
3 O DUALISMO DE PROPRIEDADES
Um dos argumentos mais conhecidos para uma visão da consciência
dualista da propriedade é o seguinte. Se o fisicalismo da propriedade é verdadeiro,
então os fatos físicos são todos os fatos que há (um fato físico é um fato sobre
propriedades físicas). Assim, se alguém conhecesse todos os fatos físicos acerca
de uma criatura, então conheceria todos os fatos que há para saber sobre ela. No
entanto, prossegue o argumento, não é assim, já que os fatos físicos não iriam dizer
o como eram as experiências da criatura. Podemos saber tudo sobre a neurologia
de morcegos, mas nós não saberíamos como é ser um morcego, sentindo o mundo
por ecolocalização, em vez da visão (NAGEL, 2005). Assim, estes fatos não são os
físicos, portanto, o fisicalismo é falso.
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não poderíamos imaginar uma "câmara zumbi", que fosse fisicamente idêntica a
um normal, mas que não pudesse gravar imagens. Se a consciência fosse física, o
mesmo deveria ocorrer com ela (MORGONI, 2013; BRUCE; BARBONE, 2013).
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4 AS ABORDAGENS FISICALISTAS
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Na visão de Dennett (1988), então, quando falamos sobre como são as nossas
experiências, não estamos nos referindo a algum ingrediente mental misterioso,
que nos é apresentado em um domínio interior privado; em vez disso, estamos
nos referindo apenas às atividades de nossos sistemas sensoriais e seus efeitos
complexos sobre a memória, emoção e comportamento. Assim, não é possível para
o caráter subjetivo das nossas experiências variar sem alguma mudança física, e os
zumbis e a inversão de cores não são concebíveis afinal, apesar de nossas intuições.
Essa visão, que nega que as experiências são objetos internos introspectivos, tem
afinidades com a perspectiva behaviorista descrita anteriormente. Os opositores
acusam Dennett de negar que a consciência existe, mas ele diria que está
simplesmente rejeitando uma concepção profundamente equivocada da mesma.
DICAS
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RESUMO DO TÓPICO 5
Neste tópico você viu que:
No passado, muitos filósofos defendiam que nossas mentes não são coisas
físicas, mas substâncias imateriais – almas, que são completamente distintas
dos nossos corpos e poderiam sobreviver a sua morte. Esta visão é conhecida
como dualismo substancial, uma vez que é a visão de que somos feitos de duas
substâncias distintas, a mente e a matéria. Também é conhecido como dualismo
cartesiano, após o filósofo do século XVII René Descarte.
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os fatos físicos são todos os fatos que há. No entanto não é assim, já que os fatos
físicos não iriam dizer o como eram as experiências da criatura.
A afirmação clássica deste argumento foi elaborada por Frank Jackson, que
o denominou de argumento do conhecimento. Um segundo argumento
importante para o dualismo de propriedade é o argumento dos zumbis.
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