Sie sind auf Seite 1von 25

Arte e Educação

Vera Lúcia de Oliveira Ponciano


BLOCO 1.. ARTE, CULTURA E SUA HISTÓRIA

A arte existe para que possamos compreender a natureza do humano, único ser capaz
de produzir e vivenciar o simbólico. A arte-educação
arte educação surge com a função de fazer-nos
fazer
compreender a importância da arte para o desenvolvimento cognitivo, social e
cultural, apenas
enas para mencionar algumas das contribuições da arte.
Disso resulta a necessidade de compreender termos e respectivos conceitos, por
exemplo, o que é cultura, o que é arte, o que é estética, além de conhecer o panorama
da arte no mundo e no Brasil e, ainda, os locais nos quais a arte é veiculada, seja como
objeto
jeto mercadológico, seja como bem simbólico, para fruição. Com isso formará uma
base de conhecimento para que possa atuar junto a seus alunos, tanto no resgate
dessa história da arte, fazendo os aproximar do processo de criação em cada época e
período histórico
órico quanto na valorização da fruição e criação, atividades que
potencializam o desenvolvimento em todas as suas facetas.

1.1. Arte e cultura


Vamos começar pela cultura e muitos são os termos utilizados para designá-la:
designá uma
determinada ciência; o cultivo
cultivo de um elemento da agricultura (por exemplo, a cultura
de arroz), quando associamos a cultura ao grau de erudição de uma pessoa, ou ainda
ligado à antropologia, que é o termo que adotamos aqui, representado por tudo aquilo
que homem produz, ou seja, “conjunto
“conjunto complexo dos padrões de comportamento, das
crenças,instituições e outros valores espirituais e materiais transmitidos coletivamente
e característicos de uma sociedade”
sociedade (COLI, 1995).
E nesse último sentido, será que a arte se relaciona com a cultura?
cultura? Seria arte um valor
material ou imaterial característico de uma sociedade e que se perpetua ao longo do
tempo?
Se a cultura é tudo que o ser humano produz, ou cria, por uma capacidade
exclusivamente humana, aquilo que não é inato, mas adquirido pela aprendizagem,
apre

2
transmitido de geração em geração, contempla a multiplicidade e é variável no tempo
e no espaço, será que a arte, também, satisfaria todos estes critérios?
Arte é cultura, junto com as demais criações humanas, algo que se contrapõe ao que é
criado
ado pela natureza, e tanto a arte como a cultura só é possível porque homem tem
um estado para além do natural, pois não se reduz ao biológico, uma vez que é dotado
da capacidade de produzir a sua existência, de criar, portanto ele é muito mais que um
estado
do natural, é um ser cultural, capaz de transformar a natureza.
Muitos estudiosos afirmam que a condição distinta do homem se dá pela sua
capacidade de linguagem, outros defenderão que é o trabalho que diferencia o
homem. Sem entrar nesse debate, vamos ver que as duas dimensões dão ao homem a
condição de se destacar, dentre outros animais, e que a arte estará presente, tanto
como forma de comunicação ou para designar o modo como o homem produz sua
existência, pois os registros ao longo do tempo, expõem a forma
forma com que o homem se
apropriou e transformou a natureza, revelam o modo de vida que cada um dos
humanos viveu e que fomos chamando de arte.
A arte foi tida como um ofício, uma forma especial de saber, uma atividade humana
ligada à manifestações de ordem estética, feita por artistas a partir
rtir de percepção,
emoções e ideias.
ias. Ela deriva do termo latino “ars” que significa técnica e/ou
habilidade), ou seja, ”(...) manifestações de ordem estética ou comunicativa, realizada
por meio de uma grande variedade de linguagens,
linguagens, tais como: arquitetura, desenho,
escultura, pintura, escrita, música, dança, teatro e cinema”, ou é concebida como ideia
de colocar o homem em equilíbrio com seu meio, se caracteriza como um
reconhecimento parcial da sua natureza e da
sua necessidade e, ainda, a expressão exterior de um conteúdo interior, uma
comunicação intersubjetiva.
Se procurarmos o termo “arte” no dicionário Aurélio, teremos que a “Arte é a
atividade que supõe a criação de sensações ou de estado de espírito, de caráter
estético,
tico, carregados de vivência pessoal e profunda, podendo suscitar em outrem o
desejo de prolongamento ou renovação. A capacidade criadora do artista expressar ou
transmitir tais sensações ou sentimentos”.

3
E, não se pode negar todas essas definições, de modo
modo que a arte envolve um amplo
espectro e é inerente ao humano, revela sua capacidade distinta de criação, expressa
pela produção simbólica, intersubjetiva, que atende necessidades tipicamente
humanas, tão bem expressa por Nietzsche ao dizer que “A arte existe
ex para que a
realidade não nos destrua”, ou ainda, como tão bem expressou Ferreira Gullar “A arte
existe porque a vida não basta”, ou seja, ela ultrapassa a própria vida ou existência.
Coli (1995) trará maior compreensão quando expõe que
A arte constrói, com elementos extraídos do mundo sensível, um
u outro
mundo, fecundo em ambiguidades.
ambiguidades. Na obra há uma organização astuciosa
de um conjunto complexo de relações, um mundo único feito a partir do
nosso (...), capaz de atingir e enriquecer nossa sensibilidade. Ela nos ensina
muito sobre nosso próprio universo, de um modo específico (...).

Ou ainda, quando expressa que “A arte existe porque faz sentir, reconfigura os
sentimentos, a não-razão.
razão. Ao mesmo tempo que ultrapassa, a arte coexiste com
a razão como dois irmãos que não necessitam um do outro individualmente para
existir, mas que se complementam e sustentam a existência humana.” (COLI, 1995)
Assim é extremamente importante que se reconheça o valor da cultura e da arte e a
forma com que se relacionam,
lacionam, pois assim podemos compreender a nossa própria
história. E compreendê-la
la a partir do conceito de estética, que nos revela e discute
sobre o belo, sobre o sensível.

1.2. Arte e estética


A estética dialoga com o belo, com o sensível, mas também diz
diz respeito a um ramo de
estudos denominado Filosofia da arte, que tem por objetivo discutir e compreender
sobre a arte, sua finalidade, características, como o homem se relaciona com as
percepções e sensações que a arte proporciona. A estética, ao tratar do belo, traz ao
longo do tempo diferentes concepções desse conceito e assim, podemos acompanhar
como ele se configura em cada época, o que faz nos ligá-la
ligá la à filosofia. Assim de belo
sinônimo de verdade, algo que é perfeito e que só está no mundo das ideais,
ideai passamos
ao belo que está contido nas coisas, relaciona-se
relaciona se à perfeita proporção, à simetria, à
completude. Mas como o mundo não é estático, mas dinâmico, tais concepções se

4
rearranjam e o belo que estava associado ao mundo das ideias, passa a ser válido,
válido
somente quando se aproxima do divino. Veja que o belo é visto do ponto de vista
religioso, exatamente porque impera nessa época a religião. Mas a dinamicidade do
mundo faz com que também as concepções de belo se modifiquem e o belo passa a
estar contido no objeto, é belo em si, sem dependência ou necessidade de
interpretação, seria belo para todos e para qualquer um e nesse momento passa a ser
diferenciado do sublime, pois o belo estando nos objetos, seria desinteressado, livre.
Na dinamicidade do mundo passa-se
p se a conviver com a ideia de que o belo acompanha
e manifesta o espírito de uma época, ou seja, o que é belo muda de tempos em
tempos a depender da época que vivemos. E hoje como definiríamos o belo? Não se
pode dizer que todas essas concepções ainda não estejam presentes na
contemporaneidade e ao adentrarmos no universo da história da arte,
acompanharemos o conceito de belo, que estará implícito em cada tendência, em cada
movimento artístico. E isso requer sensibilidade, ser sensível ao que se nos apresenta.
apr
Isso está ligado à estética, de modo que se é complexo defini-la,
defini la, ela nos será
apresentada pelas sensações, pela sensibilidade com que “olhamos” a expressão
humana da criação ao longo dos tempos.

1.3. Panorama da história da arte no mundo


É possível
el conhecer nossa história a partir da arte. E a arte tem uma história e seu
início é datado. Surge desde que o homem nem assim a denominava e associa-se
associa ao
ato de simbolizar, marca característica do humano.
Quando abordamos a arte na pré-história,
pré história, será que o homem tinha consciência de que
produzia arte?
Podemos especular tudo que a arte representou aos homens e mulheres, nossos
ancestrais. Podemos inferir sobre seu significado, mas é certo que ela foi produzida
produz
por uma necessidade inerentemente humana e se perpetuou pelos registros e marcas
deixados pela humanidade.
Conhecemos o universo que se desvenda por entre tais registros, marca do humano,
que só pode ser inferida, interpretada, apreciada por outro humano.
huma

5
Podemos perpassar a história da humanidade olhando para suas obras e destacar
aquilo que lhe é mais característico: a arte rupestre; a lei da frontalidade dos egípcios;
as esculturas gregas que simbolizavam o belo, pela anatomia e proporções; a pintura
utilizada para decoração nas paredes e os retratos da arte romana; os mosaicos
coloridos, místicos da arte bizantina; a arte românica usada para narrar histórias
bíblicas e comunicar valores, por meio dos afrescos; o realismo de santos humanizados
para exaltar
altar a burguesia, mas mantendo a exaltação do divino da arte gótica; a arte
atrelada aos avanços tecnológicos, com o desenvolvimento da técnica do desenho
linear, o uso da perspectiva, a pintura a óleo e o uso de tela como suporte,
característicos da arte renascentista; a arte barroca marcada pelo exagero, pela
emoção, com traços contorcidos, uso de curvas, relevos e cor dourada; a elegância, e o
erotismo da arte gótica, de inspiração mundana, com uso de pinceladas rápidas, leves
e delicadas e desenho decorativo,
decorativo, de cores claras e luminosas, com predomínio de nus
femininos; o neoclassicismo que se opõe ao barroco e rococó, com a reconstrução da
arte da antiguidade clássica e da Grécia e de Roma; o destaque para o exótico, o
pitoresco, o fantástico e o aventuroso,
aventuroso, uso da técnica de alto relevo, a exuberância do
vermelho, contraste de luz e sombra, da composição e pinceladas livres do
romantismo; o realismo na representação do real, concreto e objetivo, o abando da
pintura de santos, temas históricos ou literários,
literários, para pintar o que se vê; o
impressionismo despreocupado com as temáticas nobres, mas interessados em captar
a ação, a luz e o movimento nas pinceladas soltas da arte realizada ao ar livre para que
se capturasse melhor as variações de cores da natureza;
natureza; o pontilhismo que se utiliza da
técnica de pontos coloridos justapostos de modo a formar uma ilusão ótica do todo,
com temática da natureza e valorização da luminosidade e decomposição de cores; o
futurismo, que expressa a era da máquina, da velocidade,
velocidade, com novas normas
composicionais e ideologias distintas, marcado pela exposição de figuras em
movimento, que quer derrubar o humanismo e o humanitarismo; o expressionismo
que objetiva captar a expressão da subjetividade, propõe o pacifismo, sentimento de
d
fraternidade e desprezo pelo materialismo industrial mecanizado e que apresenta-se
apresenta
com linhas e cores vibrantes, numa pintura emocional que reflete as angústias e
instabilidade da guerra; o Dadaísmo que representa a ausência de sentido da vida

6
frente aoss horrores da guerra, o sentimento de descrença nos valores humanos,
expresso pela estética do acaso: a pintura automática e irracional; poesia por colagem
de recorte de jornais, a escultura pela mistura de materiais diversos; o Surrealismo
sem preocupação
ão estética ou moral, representa o rompimento das barreiras entre o
sonho e a realidade, unindo as representações do real com o abstrato, o irreal e o
inconsciente, apoiada no método do automatismo psíquico, baseado nos sonhos e
suas associações; o cubismo,
cubismo, movimento da vanguarda, cuja técnica pretende
reproduzir a realidade vista por todos os ângulos simultaneamente, com simplificação
da forma e geometrização da forma; o fauvismo, caracterizado pela simplificação das
formas e figuras e a utilização de cores
cores puras, quentes, fortes, agressivas, retornando à
expressão mais primitiva, não se preocupando em retratar detalhes, nem a realidade,
mas as sensações, os impulsos vitais, deixando o desenho e a forma em segundo
plano; o abstracionismo, com obras caracterizadas
caracterizadas pela ausência de relação e
padronização de formas e cores, não mantendo relação com imagens ou aparência da
realidade exterior, pois a intenção era fazer oposição a toda objetividade artística; a
Pop art, movimento artístico, que fazia alusão à utilização
utilização de objetos considerados
banais e do cotidiano, atrelado à iconografia da cultura popular, com os símbolos
fornecidos pelos meios de comunicação, refletia a sociedade de consumo, o conforto
material e o tempo livre, o vulgarismo dos produtos fabricados
fabricados e consumidos em
massa; a Op-Art,
Art, tendência que tenta reproduzir a percepção do movimento, ligada ao
ótico, é rico em figuras geométricas, contrastes. E ela continua cada dia com
inovações, usa espaços restritos e amplos, formas e materiais os mais diversos.
diver
Muito se falou da arte e grande parte do que foi dito se referiu as artes visuais, mas ela
também tem um representante muito eloquente
eloq ente na época atual: o cinema.
E quais seriam os marcos do cinema? A sétima arte começa na França no século XIX
(1895), com os irmãos Lumière e a criação do cinematógrafo, que era ao mesmo
tempo filmador, copiador e projetor. Com eles foram realizados vários curta-
curta
metragens.
A invenção da fotografia anteriormente
anteriormente foi sua precursora, mas cinema é fruto da
evolução de muitas técnicas, desde a sensação de movimentos dos desenhos das

7
cavernas, passando pelo teatro de marionetes dos chineses, que projetavam sombras
nas paredes de figuras manipuladas há sete mil anos.
anos
Leonardo da Vinci também contribuiu, no século XV, com a criação de Câmara escura.
O alemão Athanasius Kirchner criou a Lanterna Mágica, no século XVII, um objeto
composto de um cilindro iluminado à vela, para projetar imagens desenhadas em uma
lâmina de vidro.
Muitos aparelhos que serviam para o estudo da persistência retiniana foram
desenvolvidos no século XIX.
Mas isso não para por aqui: foi inventado o Fenacistoscópio, um disco que apresenta
várias figuras de uma mesma pessoa em posições que formam movimento ao giro do
disco; após foi criado o Praxinoscópio, um tambor giratório com desenhos colados na
sua superfície interior, e no centro espelhos, que ao ser girado formavam movimento
harmonioso; e, ainda, o Cinetoscópio, que era em um filme perfurado,
perfurado, projetado em
uma tela no interior de uma máquina, na qual só cabia uma pessoa em cada
apresentação e era vista por uma lente de aumento; em 1903, com a apropriação dos
estilos documentarista dos irmãos Lumière e os filmes de ficção, com uso de
maquetes, truques ópticos, e efeitos especiais teatrais foi produzido um filme de ação,
cujo êxito contribuiu para a popularização do cinema e sua entrada na indústria
cultural.
De lá para cá veja muita coisa aconteceu no mundo com a sétima arte, por meio de
seus principais
rincipais movimentos: Século XX, nos anos 1990, destaca-se
se o Dogma 95
(dinamarqueses,
dinamarqueses, criam dez regras para produzir um cinema puro, simples e sem
gênero, entre as quais a ausência de trilha sonora, de luz artificial e de efeitos
especiais). Nos EUA, a indústria
indústria cinematográfica e Hollywood são fundadas por
produtores independentes, que deixaram Nova Jersey, em 1912, para fugir da guerra
judicial promovida por Thomas Edison, que detinha as patentes dos equipamentos de
filmagem.
Ainda nos anos de 1910 teremos o cinema mudo, com D.W. Griffith (filmes históricos)
e Charles Chaplin (comédia burlesca). Nos anos 20, teve muita repercussão o
Expressionismo Alemão (cinema
cinema que se utiliza de sombras, loucura e grotesco para
representar o clima pós-guerra
guerra do país até a ascensão de Hitler, que proibiu as artes

8
“degeneradas” e investiu no cinema-propaganda);
cinema Avant-Garde Francesa (artistas das
vanguardas plásticas vão captar todos os detalhes com três câmeras lado a lado e
utiliza três projetores
es para captar todas as paisagens, inaugurando o formato de tela
conhecido hoje); e o Experimentalismo Soviético (estudantes
estudantes das faculdades de
Moscou, por falta de película, descobrem a montagem, uso de vários pedaços de
filmes, com a justaposição de imagens
imagens e se destacam os filmes ideológicos,
influenciados pela Revolução Russa).
Na década de 1930 há destaque para o Cinema de Gênero (Inaugura
Inaugura-se o cinema
falado e o som se torna fundamental no cinema. Musicais inauguram a época de ouro
do cinema americano e ao seu lado figuram a ingenuidade das comédias românticas e
as disputas de faroestes).
Na década de 40 teremos: o Neo-Realismo Italiano (aa realidade do pós-guerra
pós vai para
o cinema com custos baixos e temas sociais, atores não-profissionais
não profissionais e gravações fora
f
de estúdio); Noir (gênero
gênero que explora a violência e as regras da máfia, com forte
influência da literatura policial americana e da estética alemã dos anos 20); Orson
Welles, estreia no cinema em função de uma rusga com um desafeto e produz um dos
melhores filmes da história:
história Cidadão Kane.
Na década de 50, destaca--se a Exploitation (gênero feito com pouco investimento e
sem méritos artísticos, exploram a literatura barata, sexo e sangue. O gênero é
resgatado em nos anos 70 e se populariza nos anos 90,, com os filmes de Quentin
Tarantino); Nouvelle Vague (Críticos
Críticos da Revista Francesa “Cahiers Du Cinema” colocam
a câmera nos ombros e criam um estilo único, com histórias simples e Ingmar
Bergman, diretor sueco, aposta na memória, psique e dores existenciais, que
acabaram se tornando personagens de sua obra).
Na década de 70, surge a Nova Geração (Martin
Martin Scorcese, Brian De Palma, Steven
Spielberg e George Lucas), capitaneados por Francis Ford Coppola, invadem
Hollywood, trazem
azem muito lucro com filmes em que a violência e a rebeldia são a tônica.
Na década de 80, Pedro Almodóvar usa linguagem televisiva e toques biográficos e o
tema do desejo em sua filmografia.
Na década de 90 até adentrarmos ao século XXI, as bilheterias astronômicas, com
Blockbusters, trazem de volta a fantasia e imaginação ao cinema, em sequências

9
milionárias e traça o futuro, com a tecnologia cada vez mais presente nos
equipamentos e nas telas, usando até atores virtuais.

SAIBA MAIS
Você sabe quantos profissionais estão envolvidos na produção de um filme? Não são
somente atores e atrizes que efetivamente aparecem na tela, pois a indústria
cinematográfica envolve profissionais de diferentes áreas do saber.
Existem diferentes profissionais, como o roteirista, o diretor, diretor de fotografia, o
artista visual, o iluminador, o sonoplasta, técnico de efeitos especiais, técnico de som,
operador de câmera, figurinista, editores, coreógrafos, maquiadores, entre outros.

A história da arte não para


ra aqui. A música também tem uma história. Supõe-se
Supõe que a
música existe desde a pré--história,
história, embora não se tenha registro fonográfico, as cenas
de dança registradas nas cavernas fazem supor que eram acompanhadas de música e
que teria um caráter religioso, ritualístico. Se considerarmos que ainda hoje há tribos
indígenas que sem contato com a sociedade organizada e letrada têm rituais com
música, utilizando-se
se da percussão corporal, da voz e de objetos básicos produzidos
para esse fim, não é difícil acreditar
acredit que também os ancestrais pré-históricos,
históricos, assim o
faziam.
Na antiguidade a música servia aos rituais, como forma de comunicação com os deuses
e meio para se atingir a perfeição, sendo a voz o instrumento mais utilizado. Estava
atrelada à dança e ao teatro,
teatro, sendo a lira, a cítara e outros instrumentos de sopro
usuais.
No Egito acreditava-se
se na "origem divina", servia de culto aos deuses.
Na Grécia foi incorporada às encenações das tragédias e Pitágoras descobriu as notas e
os intervalos musicais. Em Roma a música foi influenciada pela música grega, pelos
etruscos e pela música ocidental. As teorias musicais e as técnicas de execução foram
incorporadas dos gregos, mas alguns instrumentos como o trompete reto (tuba) foram
criados pelos romanos.

10
A música teve importância fundamental na guerra para sinalizar ações dos soldados e
tropas e para cantar hinos às vitórias conquistadas, além do uso religioso e em rituais
sagrados.
Na China a música era usada em eventos religiosos e civis para marcar momentos
históricos
cos de imperadores, usavam a cítara, flautas e instrumentos de percussão.
Na antiguidade, geralmente os instrumentos eram tocados por mulheres.
Nos templos sagrados, os sacerdotes já tinham por hábito treinar coros para as
festividades religiosas e na corte
corte as pessoas cantavam embaladas pelo som da harpa e
alguns instrumentos de sopro e percussão.
A Bíblia Sagrada menciona na Palestina o uso da harpa e o canto como louvor.
Na Índia a música estava ligada ao processo de vida e os relatos remontam ao século
sécu
XIII a.C. Por volta do século IV a.C. os indianos elaboraram teorias musicais.
Na idade Média a maior influência na música foi da igreja e muitas restrições eram
impostas, há predomínio do canto gregoriano, mas a música popular merece destaque
com os trovadores e menestréis. A pauta musical foi criada por um monge, que definiu
a altura
ra das notas musicais e as nomeou.
O Renascimento foi o período em que cresce o interesse pela música profana, embora
as melhores melodias tenham sido as tocadas nas igrejas.
A música barroca é marcada pelo aparecimento da ópera e do oratório e contrapunha-
contrapunha
se ao canto gregoriano.
No classicismo a música instrumental será o maior destaque, caracterizando a
elegância e a sofisticação, por meio de sons suaves e equilibrados. Cria-
Cria-se a sonata e as
óperas e as orquestras serão de grande relevância.
O romantismo contrapõe--se
se ao classicismo, na busca por uma liberdade maior da
estrutura clássica e uma expressão mais densa e viva, carregada de emoções e
sentimentos, para expressas tudo
tud que está na alma.
O século XX propiciou uma verdadeira revolução na música e foram realizadas
inovações, criações, tendências e gêneros musicais surgiram, impulsionados pelo
aparecimento do rádio e tecnologias para gravar, reproduzir e distribuir.
Mas nem
m só de música vive homem, pois ele deixa sua marca em muitas formas de
expressão, caso também do teatro.

11
Embora seja impossível precisar quando o teatro tem início, é possível supor que sua
presença foi marcada desde as cavernas quando homens se vestiam e imitavam
animais para aproximar-se
se deles na caça e quando representavam o ocorrido aos
demais. Assim o teatro, que coexistia junto com a dança e a música, foi marcado como
ritual de caça, de invocação de deuses e domínio sobre as forças da natureza.
O teatro
tro grego surgiu das cerimônias e rituais religiosos e como só os homens podiam
atuar o uso de grandes máscaras era corrente. Os dois gêneros que marcam o teatro
surgiram na Grécia: a tragédia (temas ligados às leis, justiça e destino) e a comédia
(visavam o riso, satirizavam a vida).
Na idade média o teatro era usado para encenações bíblicas, mas por medo da perda
do sagrado foram proibidas na igreja e vão para as praças públicas e inaugura-se
inaugura a
farsa com uso de estereótipos.
No Renascimento surge o teatro popular, com ênfase à improvisação. Os mais famosos
dramaturgos foram Sheakespeare e Moliére, que escreviam comédias que exploravam
as fraquezas do ser humano.
No Romantismo com a ascensão da burguesia o drama substitui a tragédia, e perde o
cunho social, exaltando as emoções e o ser humano, criando o melodrama.
No Realismo e Naturalismo, o teatro vai se elitizando, passando a mostrar a vida social
da burguesia, o dinheiro e casamentos, com representações mais próximas da
realidade.
Atualmente muitos gêneros
os teatrais convivem, como a ópera, o teatro de bonecos, os
musicais, entre outros, continuando ativo, apesar do aparecimento do cinema.
Mas não poderíamos encerrar esse capítulo sobre a história do teatro sem mencionar
o teatro Kabuki, de origem japonesa e conhecido pelo exagero e estilização do drama.
A dança também não pode ficar de fora, pois também tem uma história.
Há inúmeros indícios de que a dança acompanha a história da humanidade e ela
aparece como uma linguagem gestual e ligada à religiosidade.
Existem indícios de que o homem dança desde os tempos mais remotos.
Todos os povos, em todas as épocas e lugares dançaram. Dançaram para
expressar revolta ou amor, reverenciar ou afastar deuses, mostrar força ou
arrependimento, rezar, conquistar, distrair, enfim, viver!” (TAVARES, 2005,
p.93).

12
A arqueologia, maravilhosa ciência que tanto esclareceu e continua a
esclarecer sobre o nosso passado próximo ou longínquo, ao traduzir a
escrita de povos hoje desaparecidos, não deixa de indicar a existência da
dança como parte integrante de cerimônias religiosas, parecendo correto
dança
afirma se que a dança nasceu da religião, se é que não nasceu junto com
afirma-se
ela. (FARO, 1986, p. 13).

A dança envolvia o batuque, o canto e os movimentos corporais, que criavma as


coreografiass e é considerada uma das mais antigas formas de arte, a surge pela
necessidade do homem de expressar e externar suas emoções e crenças, para mediar
a interação entre o corpo e a alma.
A dança se desenvolve ao longo do tempo, de diversas formas, ritmos e estilos e em
cada cultura tem a sua particularidade e relaciona-se
relaciona se ao culto religioso.
Nos séculos XV e XVI, no Renascimento, a dança sofre modificações ao ganhar
importância social, fazendo-se
fazendo se presente em festas, como diversão e entretenimento de
nobres.
As camadas populares que tinham sua própria dança, passaram a ter acesso à dança
nobre, com a junção dos dois tipos, que originaram a dança de salão ou de casais.
O ballet também nasceu na corte, a partir dos divertimentos da aristocracia.
Ao longo do tempo
po muitos estilos são criados e hoje são representados pelo: Ballet
clássico, Jazz, Contemporâneo, Sapateado, Hip-hop,
Hip hop, Break dance, Capoeira, Dança do
ventre, Dança indiana, Dança flamenca e a Dança de salão que engloba: bolero, samba,
foxtrote, cha cha cha,
a, forró, salsa, zouk, merengue, valsa, tango, rumba, paso-doble
paso e
rock.
A riqueza da cultura e da arte não pode ficar despercebida e os alunos têm direito a
conhecer o que moveu e move o ser humano desde que passa a existir no mundo.
Mas conhecer a história
ia da arte universal é importante, porém é fundamental que a
história da arte no Brasil também se faça presente.

13
1.4. Panorama da história da arte no Brasil
Ao pretender abordar a história da arte em nosso país, é importante refletir sobre
alguns marcos e compreender que a arte, acompanha a nossa história de submissão ao
estrangeiro e a história contada pela visão colonialista (ABRIL CULTURAL, 1985).
Os habitantes nativos, os indígenas, contribuíram com a plumária, a cerâmica, o
trançado, que deixaram
ram marcas em manifestações de arte popular.
Os primeiros acontecimentos artísticos passam por Salvador, Minas e Recife onde
surgem o que se considerou arte “verdadeira”, notadamente na arquitetura e na
escultura, em que são expoentes artistas autodidatas que sofrem influência da arte
europeia.
Não há destaque para a pintura no Brasil até meados do século XVII, período da
ocupação holandesa, quando Frans Post, artista realista, retrata a natureza brasileira,
após o que até o século XIX continua sem proeminência.
proeminência. A pintura fica reduzida a
artistas autodidatas que pintavam em igrejas, inspirados em gravuras religiosas
barrocas.
A arte produzida entre o século XVII e XIX sofre declínio com a chegada da Missão
Francesa, cujos artistas vieram lecionar na Academia
Academia de Belas Artes. Os artistas
neoclássicos ou acadêmicos imprimiram o tom das artes no Brasil, numa arte
academicamente convencional e intelectualizada, que sai do recinto das igrejas e
influencia os artistas brasileiros até o final do século XIX.
No Brasill predominou o academicismo até o final do século XIX e início do século XX,
quando há a influência da arte romântica e realista, com destaque para Almeida Júnior
e Pedro Wengartner, que nacionalizam a temática com costumes e personagens
regionais, além de artistas neoclássicos como Pedro Américo, Vitor Meireles, Zeferino
Costa, Rodolfo Amoedo, entre outros.
A arte até inicio do século XX é uma arte importada, retrata as influências externas e
três expoentes alcançam originalidade e surgem ligados aos movimentos
movim
vanguardistas europeus: Castagneto (pinta marinhas), Antonio Parreiras (quadros ao ar
livre) e Eliseu Visconti (adota o impressionismo).
A primeira exposição de arte moderna no Brasil ocorreu em 1913, sem conturbações,
com quadros expressionistas de Lasar Segall. Diferente do que ocorrerá a partir de

14
então, quando em 1917 Anita Malfatti expõe em São Paulo, como marco de renovação
das artes plásticas, que culminará na polêmica Semana de Arte Moderna em 1922, em
que artistas escandalizam com o rompimento
rompimento do academicismo. Mas o movimento foi
insuficiente para romper com a arte importada, o que foi posteriormente tentado com
o Movimento Pau Brasil (1924) e Antropofagia (1928).
No movimento Pau Brasil, Tarsila do Amaral, influenciada pelo cubismo, busca em
Minas Gerais inspiração para uso de cores livres e puras e predomina o surrealismo e
arte brasileira passa a retratar o popular.
Em 1931 é realizada a primeira exposição coletiva de artistas modernos e em 1932
cria-se
se o Clube dos Artistas Modernos, que acentua
acentua o rompimento com o
academicismo.
Em 1937 ocorre o Salão de Maio, com novos artistas (Paulo Rossi, Clovis Graciano, Aldo
Bonadei, Alfredo Volpi, Rebolo, Cícero Dias, entre outros), constituindo com os demais
acontecimentos o marco de consolidação do modernismo
mo no Brasil.
No Rio de Janeiro surgem os artistas como Iberê Camargo, Santa Rosa, Ismael Nery,
Paulo Werneck, ao lado de Candido Portinari, que se sobressai fazendo com que a arte
brasileira alcance dimensão internacional.
Ao final da década de trinta
inta do século XX a arte brasileira caminha independente e
vinculada a temas populares e à paisagem natural, fazendo sobressaírem artistas como
Pancetti, Guignard ao lado dos mais antigos como Clovis Craciano, Rebolo e Volpi.
A década de 40 é também bastante
bastante fecunda com instituição de prêmios e museus
instalados, como o MAM.
Na década de 50 surge o abstracionismo, com atraso em relação ao resto do mundo de
mais de trinta anos, mas encontra um terreno apropriado e será retratado em mostras
sucessivas na Bienal
al de São Paulo, com repercussão nacional e internacional e com
destaque para artistas como: Cícero Dias, Volpi, Milton Dacosta, Maria Leontina,
Samson Flexor, Antonio Bandeira, Ivan Serpa, Lygia Clark, Waldemar Cordeiro, Frans
Krajcberg, Manabu Mabe, Flavio
Flavio Shiró, Tomie Ohtake. O abstracionismo foi o guarda
chuva que abrigou diversas tendências: “action painting” e tachismo (Cícero Dias, Lygia
Clark e Krajcberg); concretismo (Ivan Serpa, Waldemar Cordeiro, Lothar Charoux).

15
Entre os figurativos foram expoentes:
expoentes: Carlos Scliar, Iberê Camargo, Frank Shaeffer,
Darel Valença. O figurativo ganhou maior expressão regional com Caribé na Bahia e
Lula Cardoso Ayres, em Pernambuco. Os primitivos destacaram-se
destacaram se na Bahia com
Raimundo de Oliveira e João Alves.
Como a criação não cessa, a produção de arte brasileira foi constante, de europeia a
influência passa a ser norte-americana,
norte americana, com a pop art, com montagens, colagens e
materiais diversos e a op art, com efeitos de ilusões óticas. E como a tendência é
inovar, não é possível classificar, por tendências, os artistas brasileiros de forma tão
radical, visto que estão sempre dispostos a inovar, o que pode ser visto em artistas
como: Wesley Duke Lee, Rubens Scherman, Nelson Leiner, Helio Oiticica, Bin Kondo,
Glauco Rodrigues, Bernardo Cid.
E a música qual percurso seguiu?
A música tratou de escrever um dos capítulos mais ricos da nossa história. Assim como
o povo brasileiro, a formação da música se dará a partir do encontro das culturas
africana, europeia e indígena, que se somam ao longo da história a outros variados
estilos musicais.
A chegada dos portugueses ao Brasil encontra a produção musical indígena
constituída, pois eram povos que cantavam, dançavam e tocavam instrumentos, como
os chocalhos, tambores, maracás
maracá e flautas.
A partir de 1549, os jesuítas foram responsáveis por propagar a música, tanto vocal
quanto instrumental entre os nativos e após dez anos criou orquestras inteiras só com
membros da tribo dos guaranis.
Nas Missões os índios eram ensinados e a música
música teve papel preponderante.
A cultura musical indígena não se perpetuou, apenas deixou traços em alguns gêneros
folclóricos, devido à imposição da cultura colonizadora, em que Portugal tem destaque
até o século XIX, com a música erudita e popular, introduzindo
introduzindo a música instrumental,
harmônica, a literatura musical e a maior parte dos estilos musicais que percorrerão o
país por séculos, todos de origem europeia, além de outras contribuições, como a
ópera italiana e francesa, o bolero e a habanera espanhola,
espanhola, as valsa e polcas alemãs e
o jazz norte americano.

16
Cabe ressaltar que até o século XVIII a música erudita era quase que exclusiva do
nordeste, mas no final desse século a fusão dos elementos melódicos e ritmos
africanos vão dar à música popular destaque
destaque com uma sonoridade tipicamente
brasileira e se espalhará por todo o país, com o aparecimento dos primeiros expoentes
da música brasileira.
O classicismo terá destaque com a chegada da corte portuguesa ao Brasil, em 1808, e a
vinda da Biblioteca Musical
al de Bragança e músicos de Lisboa e da Itália, com modinhas
e uma das únicas peças de Orquestra de Câmara.
No Romantismo destacou--se
se Francisco Manuel da Silva, que fundou o Conservatório
de Música do Rio de Janeiro e é o autor do Hino Nacional Brasileiro.
Brasileiro
A ópera esteve no auge na transição para o Romantismo, surgindo expoentes
como Antônio Carlos Gomes, com temas nacionalistas, de estética europeia, que
conquistou sucesso no exterior, inclusive em teatros exigentes, com as óperas “O
Guarani” e “O Escravo”.
Os precursores do nacionalismo introduziram uma música tipicamente brasileira, com
ritmos e melodias folclóricas em uma síntese inovadora e efetiva com as estruturas
formais de matriz europeia. Terá destaque Heitor Villa Lobos, que incorporou o
folcloree brasileiro e fez dos elementos nacionais e estrangeiros, eruditos e populares,
um estilo próprio, com uso de instrumentos solo, e destaque para o violão, e grandes
recursos orquestrais em poemas sinfônicos, concertos, sinfonias, bailados e óperas,
passando
do pelos múltiplos gêneros da música de câmara, vocal e instrumental.
Conseguiu também introduzir o ensino do canto orfeônico nas escolas de nível
médio. Além de destacar-se
se na Semana de Arte Moderna de 1922.
A partir de 1939 surgiram outras sínteses musicais,
musicais, que pode ser traduzida pelas
vanguardas, com respeito à individualidade e estímulo à livre criação, independente
das regras tradicionais de composição (harmonia, contraponto e fuga), e uma série de
programas radiofônicos que divulgavam os princípios e obras de música
contemporânea.
Na sequência surge um caminho independente e centrado em regionalismos,
influenciando a música popular brasileira instrumental.

17
Na atualidade todas as correntes contemporâneas encontram representantes
brasileiros e a música erudita segue a tendência mundial, com uso livre de elementos
experimentais.
Mas há ainda muito mais a se apreciar na nossa música, e esse ir e vir no espaço tempo
é fundamental para compreendermos nossa história musical. Então vamos lá.
A música popular sofreu grande influência da cultura africana, que foi educada
musicalmente dentro dos padrões portugueses, formando orquestras e bandas com
alta qualidade.
A partir do século XVII formaram irmandades de músicos, que passaram a monopolizar
a escrita e execução
ução da música em boa parte do Brasil.
A partir do século XX verifica-se
verifica se grande influência africana na construção da música
brasileira, popular e folclórica, pela diversidade de ritmos, danças e instrumentos, com
destaque desde o século XVII, com o lundu, uma dança africana, sensual e humorística,
censurada no início, e que vai incorporar elementos formais e o bandolim e assume
caráter de canção urbana, tornando-se
tornando popular como dança de salão. Além do lundu o
cateretê foi um ritmo bastante difundido à época,
época, embora de origem indígena sofre
influência africana.
A modinha, de origem portuguesa, será destaque entre os séculos XVIII e XiX, com
elementos da ópera italiana, tem caráter sentimental e de apelo direto, em geral com
estrutura estrófica, acompanhada apenas
ap de uma viola ou guitarra.
As polcas, schotischs e tangos, de expressão peculiar no Brasil Colonial e Primeiro
Império, junto com a herança da modinha deram origem ao Choro, nome vindo pelo
seu caráter plangente.
O samba surge por volta de 1838 originado
originado de um ritmo africano, a umbigada, com
influência da modinha, do maxixe e do lundu.
Em meados do século XX, a palavra definia diferentes tipos de música introduzidos
pelos africanos, e sempre conduzidos por diversos tipos de batuques, que assumiam
características
terísticas próprias em cada estado brasileiro.
Em 1917, o samba saiu das rodas de improvisações dos morros cariocas, e foi
considerada representante da música popular brasileira.

18
Com o passar dos anos, surgiram outras vertentes do samba urbano carioca, que
qu
ganharam denominações próprias como o samba de breque, samba-canção,
samba bossa
nova, samba-rock,
rock, pagode, entre outras.
Começou com o sucesso internacional de “Aquarela do Brasil”, de Ary Barroso, depois
se estendeu através de Carmen Miranda, que levou o samba
samba para os EUA, e consagrou
também a Bossa Nova, que inseriu definitivamente o Brasil no cenário mundial da
música.
No fim dos anos 30 iniciou a chamada Era do Rádio e até a década de 1950 vai
consagrar alguns intérpretes de grande audiência nacional, como Dolores Duran, Nora
Ney, Vicente Celestino e Angela Maria.
A Bossa Nova surge no fim dos anos 50, como movimento urbano,
urbano, característica de
saraus de universitários e músicos da classe média, que incorporam ao samba
elementos do jazz e do impressionismo musical, com um contorno intimista, leve e
coloquial, com base na voz solo e no piano, ou violão, para acompanhamento, e com
refinamentos de harmonia e ritmo.
Na década de 60, o samba, com outras experimentações de outros gêneros, como o
rock e o funk, marca uma afirmação e modernização da música popular, introduzindo
novos estilos de composição e interpretação.
Na década
da de 70 a constante transformação da música vai marcar um período fértil,
em que as músicas românticas e melódicas recebem a denominação de brega, mas o
samba continua vivo.
Nos ano 80, surge o rock, com inúmeros estilos e músicos que vão marcar a história
histór da
música brasileira e ainda presentes no cenário nacional.
Nos anos 90, diversos gêneros e subgêneros musicais surgiram em todo o Brasil, como
pagode, axé, sertanejo, forró, lambada, e outros, com constante renovação.
Mas não se pode deixar de falar da música folclórica, um gênero constituído por
expressões musicais duradouras, transmitidas de geração em geração, presente e
veiculado, principalmente em festividades por todo o país, fruto principalmente de
lendas e mitos característicos de cada região, com preservação de influências arcaicas,
em que se detectam traços medievais europeus, indígenas e africanos, ou de
elementos étnicos que pertencem a regiões de imigração.

19
Nas músicas tradicionais podem ser inclusas aquelas praticadas pelas remanescentes
tribos indígenas, confinadas em reservas, especialmente na região amazônica e centro-
centro
oeste.
Atualmente temos muitos gêneros que convivem e se misturam e, assim, podemos
experimentar todas as sensações de ritmos, melodias e histórias contadas e apontadas
pela música brasileira.
Mas a expressão da arte se manifesta por outras formas e meios e o teatro no Brasil
também foi e é rico, contribuindo sempre.
O teatro no Brasil tem suas primeiras manifestações na catequese, século XVI, com
forma de instrução e colonização
nização e temática religiosa, encenadas em diversos espaços,
inclusive ao ar livre e espaços públicos Ao lado do teatro de catequese, surge no século
XVII, o teatro popular para celebrar festas e acompanhar atos políticos, por exemplo,
em que se saia fantasiadas,
siadas, ao som de músicas e acompanhadas de dança.
A partir de 1808, com a chegada da corte portuguesa o teatro se qualifica, os espaços
teatrais construídos foram destinados somente aos aristocratas.
No século XIX a representação de tragédias marca os propósitos
propósitos nacionalistas do
teatro brasileiro e surgem também as comédias e muitos nomes se destacaram.
O teatro realista surge em 1855, com temas atuais e problemas sociais e conflitos
psicológicos, retratando o cotidiano, o amor, adultério, falsidade, após o que se passa
um longo período sem destaques.
Em 1943, o teatro escandaliza a sociedade com a peça Vestido de Noiva, mas
moderniza-se,
se, com destaque para a peça O auto da compadecida, de Ariano Suassuna.
Destaca-se
se também o Teatro Brasileiro de Comédia e o Teatro de Arena, mas somente
a partir de 1970, após o golpe militar de 64, o teatro volta a figurar com destaque no
cenário nacional e hoje abriga diversas produções e gêneros, anda que não seja tão
popular como se gostaria.
Mas a pintura, escultura, a música
música e o teatro não são as únicas formas artísticas que
fazem parte da história da arte no Brasil, o cinema será também um elemento
fundamental da criação artística brasileira. E ele chega em 1896, vindo da Europa e
EUA.

20
Nosso primeiro cineasta foi um imigrante
imigrante italiano, Affonso Segretto, que filmava cenas
no Rio de Janeiro, a partir do que se formou um grande mercado no início do século
XX, com filmes produzidos e exibidos para plateias urbanas, que exigiam
entretenimento. De lá para cá,
cá a idade de ouro do cinema brasileiro se deu entre
1908 e 1911, no Rio de Janeiro, com filmes que reconstituíam crimes, que
impressionavam a imaginação popular.
A partir de 1912 em diante, durante dez anos, foram produzidos anualmente apenas
cerca de seis filmes de enredo,
enredo, nem todos com tempo de projeção superior a uma
hora. Os principais realizadores do período foram Francisco Serrador, Antônio Leal e os
irmãos Botelho.
A grande crise do cinema nacional se dá entre 1912 e 1922, como resultado de
problemas de produção e de exibição, ocupadas pelos filmes norte-americanos,
norte
predominantes no mercado mundial. O cinema nacional ficou restrito a documentários
e cine-jornais,
jornais, que garantiam recursos para os filmes de ficção. Destacou-se
Destacou nessa
época a produção de documentários institucionais
institucionais para grandes empresas e a
filmagem de casamentos ou batizados contratadas por famílias abastadas e
tradicionais, além dos filmes baseado em obras célebres da literatura.
A média de produção dobra em meados de 1925, com progresso na qualidade e entra
en
para o circuito Pernambuco, Rio Grande do Sul e Minas Gerais.
Aproximadamente em 1930 nascem os clássicos do cinema mudo brasileiro, mas
quando o cinema mudo brasileiro alcança relativa plenitude o filme
filme falado já está
disseminado.
A história do cinema
ema falado brasileiro retoma sua produção, a partir de 1930 e 1940,
com a proliferação do gênero da comédia musical popularesca e vulgar, por meio das
chanchadas.
São Paula tenta implantar na década de 50 sua indústria cinematográfica com o
importante movimento
imento teatral, marcado pela fundação do Teatro Brasileiro de
Comédia e abertura do MAM (Museu de Arte Moderna).
O chamado de Cinema Novo, em São Paulo, se caracterizou por ser diferente das
chanchadas cariocas e o gênero cangaço tem repercussão internacional,
internacio com a
premiação em Cannes.

21
Em oposição ao eixo Rio e São Paulo,
Paulo surgem produtores independentes, que
garantiria a continuidade dos filmes artísticos, compondo o Cinema Novo, o qual
representa a maturidade artística e cultural do cinema brasileiro.
Glauber
uber Rocha se projeta na década de 1960 e tem destaque um conjunto de filmes
realizados na Bahia.
As décadas ao golpe militar de 1964, os realizadores do Cinema Novo e uma nova
geração “údigrudi”, continuam a fazer obras críticas da realidade, burlando a censura.
c
Hoje temos uma produção nacional, mas ele enfrenta desafios da grande indústria de
filmes hollywoodianos.
Veja a riqueza de nossa cultura, que só é possibilitada pela existência da arte, que
esteve presente em muitas épocas e de muitas formas.

1.5. A espacialidade da arte


A arte foi criada e esteve disponível para que o homem pudesse apreciá-la,
apreciá mas e na
atualidade onde são os espaços da arte?
É claro que cada uma das manifestações teria apontamentos interessantíssimos a
serem abordados. Mas vamos
vamos nos restringir a alguns deles, pois cada um pode avançar
nos estudos e procurar saber mais sobre cada linguagem, sobre os espaços em que são
veiculadas e como hoje ela se presentifica, expressão, criação, objeto, consumo, que
se associam e se interpenetram
interpenetram para que possamos usufruir de tudo que a arte
representa.
O que ocorre quando a arte sai das cavernas, das igrejas, dos mosteiros, da casa dos
nobres, das catedrais?
Se antes a arte tinha uma função que agregava ao cotidiano, em uma quase simbiose
com ele, podia-se
se fruir a arte de forma quase natural. Qual a razão para que a arte
passe a ocupar espaços em que a fruição não é mais o ponto básico, mas o consumo.
O que aconteceu com a arte, de expressão inerente ao humano, para “objeto”?
Não se pode precisar
sar exatamente o que ocorre com a arte, pois o artista continua
produzindo por uma necessidade tipicamente humana, mas hoje ela se apresenta em
espaços, que também servem para apreciação, e em outros, que comercializam a arte
enquanto objeto, que precisa ser
s consumido enquanto mercadoria.

22
Assim, a arte sai dos espaços em que se associava a uma função estética, cultural, para
adentrar espaços, tipicamente criados para sua fruição e consumo, restringindo
públicos.
E quais seriam esses espaços? Por um lado temos
temos espaços mais restritos e específicos
que abrigam a arte: como museus, centros de arte, centro cultural, galerias. Por outro
temos outros locais, cuja função principal não é a venda de arte, como espaços
públicos, câmaras municipais, estações de metrô ou
ou trem, átrios de empresas, espaços
abandonados, etc.
Há distinção relevante entre os locais que abrigam as exposições que se destinam à
venda das obras e aquelas com o intuito educativo e de divulgação?
Há diferenças, mesmo entre os locais específicos que
que abrigam arte, pois podem ter
propósitos totalmente diferentes e por isso constroem cenários de arte diversificados
e são tomados como “as engrenagens que fazem rodar um calendário de
programações durante o ano todo nas principais cidades do mundo”.
mundo
Será que entender a diferença entre eles também ajuda na hora de fazer sua crítica
depois de visitar uma exposição ou ver a arte exposta em diferentes locais que a
abrigam?
Um museu tem funções sociais e culturais. Abriga acervos permanentes e recebe
exposições
osições itinerantes e em função disso tem coleções e também calendários de
exposições e programação paralela de mediação, e visa preparar o espectador e
também em aumentar a vida cultural de número maior de pessoas.
O centro cultural não tem acervo, ou seja,
seja, uma coleção de obras, que estão sob sua
responsabilidade para guarda e manutenção, como o museu. Os diretores e curadores
não são fixos, mas convidados de acordo com a programação oferecida.
É comum no Brasil a criação e financiamento de espaços culturais,
culturais, como é o caso da
Caixa Cultural, CCBB e Itaú Cultural, entre outros, que abrigam exposições artísticas.
A galeria está a serviço do mercado de arte, pois comercializam as obras de artistas
que representam e sobrevivem por conta dos colecionadores. Fa
Fazem as obras
circularem entre acervos, sejam eles privados ou institucionais. Embora seu foco seja a
comercialização da arte, mantém um papel cultural importantíssimo e suas exposições
estão abertas para a visitação.

23
Os espaços independentes procuram livrar-se
livra se de amarras externas, tanto sociais
quanto políticas, típicas de museus, quanto da mercadológica, típica da galerias, com o
intuito de promoverem projetos experimentais, debates e residências artísticas.
Mas vale lembrar que temos uma arte urbana que está
está exposta a céu aberto, nas ruas,
avenidas, viadutos, impondo sua permanência ou efemeridade por causas artísticas,
sociais ou políticas e que desconstroem a lógica da espacialidade de espaços internos
da arte.
A arte hoje está além do espaço físico, pois
pois é propagada por outros canais, a mídia, por
exemplo.
E os próprios canais consagrados para a arte atualizam-se
atualizam se para fazer experimentar a
arte. Sem contar que vivemos a efemeridade e até a desmaterialização da arte.
Que espaço abriga a arte desmaterializada?
É preciso refletir sobre tal questão, pois se perpetuamos nossa história pelo que a arte
nos legou, por meio de sua materialização, como perpetuaremos nossa história?
A arte efêmera precisará de outras formas de arte para ser registrada, conhecida,
apreciada, num outro tempo, hoje, o cinema a fotografia, seriam veículos de registro
da arte, ainda que efêmera, mas certamente o potencial criativo do homem não se
acanhará em produzir outros meios, outras formas de arte para registrar a própria
própri
arte, que se traduzirá ele mesmo numa outra forma de arte, porque criação humana,
advinda da necessidade inerentemente humana de criar e perpetuar-se
perpetuar se que não cessa.

Conclusão do Bloco 1
A necessidade de criar, inerentemente humana, produziu no Brasil e no mundo, uma
cultura artística e estética ativa, mas nem sempre reconhecida pelo grande público.
Por que a história de nossa marca artística, nem sempre é visível? Qual a razão da arte,
muitas vezes estar presente apenas para grupos restritos? Quem são os
o apreciadores
de arte? E os artistas onde se formam?
É a arte que se elitizou ou os espaços públicos deixam de atuar em prol da arte?
De que forma a aula de arte contribui para a formação de novos artistas? O ensino de
arte tem essa função?
tas regionais? Onde estão? E os anônimos?
E nossos artistas
Quem irá escrever os demais capítulos da história da arte, em especial da brasileira?
24
Todos aqueles que tiverem o privilégio de ter contato com a arte, por meio do ensino e
que a partir dela desperte seu poder criador
cri e criativo.
Veja que você educador tem esse importante papel, não só de usar a arte como meio
para o desenvolvimento integral do educando, mas também para que mais pessoas
possam ter acesso aos bens simbólicos produzidos pela humanidade, para que estes
este
não fiquem restritos a uma população que tem o privilégio de usufruí-la,
usufruí la, visto que têm
acesso à arte em outros circuitos, que não a escola, mas nos espaços de difusão e
mercado de cultura.

Referências do Bloco 1
COLL, C.; TEBEROSKY, A. Aprendendo Arte.
Arte São Paulo: Ática, 2000.
COLI, J. O que é Arte.. 15. ed. São Paulo: Brasiliense, 1995
FARO, A. J. Pequena História da Dança.
Dança. 2. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1986.
GOMBRICH, E. H. A história da arte.
arte Rio de Janeiro: LTC, 2013.
TAVARES, I. M. Educação, corpo e arte.
arte Curitiba: IESDE, 2005.

25

Das könnte Ihnen auch gefallen