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OVÁRIO POLICÍSTICO EM CADELA JOVEM

POLYCYSTIC OVARY IN YOUNG DOG

Emanuelle Oliveira DINIZ¹; Carmen Vlá dia Soares de SOUSA1; Caroline Coelho ROCHA1; Ana Karoline Rocha
VIEIRA1; Bruno Henrique Morais do NASCIMENTO2; Luiz Emanuel Campos FRANCELINO2*; Victor Hugo
Teixeira BATISTA2; Carlos Eduardo Bezerra de MOURA3

¹Médica Veteriná ria residente do Hospital Veteriná rio de Pequenos Animais – UFERSA
2
Graduando em Medicina Veteriná ria pela Universidade Federal Rural do Semiá rido, campus Mossoró – RN
3
Doutor em Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres pela Faculdade de Medicina Veteriná ria e Zootecnia –
USP

Introdução: O cisto é uma formaçã o anormal, geralmente nã o cancerígena, cheia de líquido ou de uma
substâ ncia semissó lida, de crescimento lento e normalmente indolor (Blocker & Stö ppler, 2017). Segundo
Nascimento e Santos (2003), em cadelas, os cistos foliculares ocorrem particularmente em animais velhos,
podendo ser funcionais e estar associado à ninfomania. A doença ovariana cística (DOC) foi descrita pela
primeira vez em 1831 por Gurit, estando o seu desenvolvimento associado ao desequilíbrio do eixo hipotá lamo-
hipofise-gonadal, resultando numa maior concentraçã o sérica de hormô nio luteinizante (LH) que a de hormô nio
folículo estimulante (FSH). Enquanto nã o envolvido na produçã o hormonal, este pode vir a causar problemas
devido a sua infiltraçã o no parênquima ovariano, comprometendo a atividade normal do mesmo. Esta disfunçã o,
quando desenvolvida naturalmente, ocorre devido a uma falha no sistema feedback na produçã o dos estrogênios,
o que vem a causar hiperestrogenismo (NASCIMENTO; SANTOS; REIS, 2002) gerando, assim, deficiência ou
ausência de liberaçã o de GnRH, impedindo o pico pré-ovulató rio de LH, tornando o folículo anovulató rio e
cístico. Desse modo, o presente trabalho objetivou descrever o caso de uma cadela jovem com formaçã o de cistos
ovarianos e ciclo estral precoce.
Material e Métodos: Deu entrada no hospital veteriná rio da Universidade Federal Rural do Semiá rido
(UFERSA), uma cadela SRD, de 1 anos e 6 meses, pesando 17,00kg. Sua tutora relatou que o animal manifestava
comportamento de estro a cada 3 meses e que esse ú ltimo já havia se iniciado a mais de 30 dias. Entretanto, a
queixa principal da consulta foi a intensa queda de pelos e emagrecimento acentuado na semana anterior ao
estro. Além disso, foi relatado que o animal já havia sido atendido na instituiçã o, sendo diagnosticado com ová rio
policístico através de ultrassonografia, e o primeiro ciclo estral da cadela se deu por volta dos 5 meses de idade.
Ao exame físico, foi observada vulva edemaciada com secreçã o de odor fétido. Encaminhada a ultrassonografia,
foram notadas alteraçõ es ovarianas passíveis de intervençã o cirú rgica. Foi entã o solicitado hemograma
completo e exames bioquímicos para posterior encaminhamento ao processo cirú rgico. Realizada a
ovariohisterectomia (OH) para a retirada do ová rio cístico, o animal retornou para as dependências de sua
tutora. Para o procedimento cirú rgico, foi administrada associaçã o de acepromazina (0,03mg/kg, IM) e
meperidina (3mg/kg, IM). Apó s cerca de 20 minutos, o animal foi induzido com propofol (4mg/kg, IV) e, para
manutençã o anestésica, foi utilizado o isofluorano.
Resultados: Ao exame físico, a palpaçã o dos processos espinhosos e transversos das vértebras lombares,
bem como a fá cil identificaçã o das espinhas sacrais, permitiram atribuir a classificaçã o de magreza ao paciente.
Notou-se, também, a opacidade da pelagem, além de algumas regiõ es de alopecia no dorso. No exame do sistema
reprodutor, foi possível confirmar que o animal ainda estava em estro, com vulva edemaciada, odor e secreçã o
característicos. Por meio da ultrassonografia, notou-se o ová rio esquerdo (Fig.1) apresentando tamanho
aumentado (1,79cm x 1,81cm, aproximadamente) quando comparado ao direito (Fig.2) (1,5cm x 0,92cm,
aproximadamente), além de bordas irregulares, ecogenicidade aumentada, discretamente heterogêneo e com
vascularizaçã o evidente. Sinais esses sugestivos de neoplasia ovariana. Encaminhada a cirurgia de OH,
confirmou-se que a desordem havia afetado apenas o ová rio esquerdo (Fig.3), estando o ová rio direito, bem
como cornos uterinos, corpo do ú tero e cérvix, íntegros. Como nã o foi solicitado pela tutora, o exame
histopatoló gico para o diagnó stico definitivo de neoplasia nã o foi realizado. Para o pó s-operató rio foram
receitados dipirona (25mg/kg, TID), meloxicam (0,1mg/kg SID), tramadol (3mg/kg, BID) e amoxicilina mais
clavulanato de potá ssio (20mg/kg, BID).
Discussão: Os cistos ovarianos sã o frequentemente diagnosticados em cadelas, seja por causarem alteraçõ es
clínicas em consequência ao hiperestrogenismo, por levarem à infertilidade ou como mero achado
ultrassonográ fico ou mesmo cirú rgico. Segundo a literatura, 82% dos cistos sã o mú ltiplos (ová rio policístico) e,
em 77% dos casos, os cistos estã o presentes em ambos os ová rios. Além disso, há também grande variaçã o no
tamanho dos cistos, e, de acordo com McEntee (1990), um dos critérios para o diagnó stico é o tamanho desta
estrutura ovariana, já que folículos com diâ metro superior ao dos folículos maduros seriam considerados
folículos císticos (cistos foliculares). A incidência de cistos ovarianos em cadelas varia conforme a literatura
consultada (Johnston et al., 2001); a amostragem estudada, o tipo de cisto, a idade dos animais e nã o há consenso
entre autores, nã o havendo ainda estudos sobre a predisposiçã o de raças específicas. De acordo com Arlt e
Haimerl (2016) isso ocorre pela escassez de pesquisas na á rea nas ú ltimas décadas e por muitos trabalhos
publicados se basearem em relatos de caso. Estudos humanos realizados pela Federaçã o Brasileira das
Associaçõ es de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO, 2018), revelaram que, dentre os mecanismos endó crinos
envolvidos na etiopatogênese da síndrome dos ová rios policísticos (SOP), está o padrã o de secreçã o de
gonadotrofinas, com hipersecreçã o característica de hormô nio luteinizante e com secreçã o de hormô nio folículo
estimulante baixa ou no limite inferior da normalidade. Tal secreçã o aumentada de LH leva a uma a produçã o
exacerbada de estró genos sem a conversã o proporcional em testosterona, dado o desbalanço entre as secreçõ es
de LH e FSH, o que explica o hiperestrogenismo característico da doença, desenvolvido, geralmente, em animais
de idade mais avançada, como é encontrado em grande parte dos relatos de caso disponíveis. Já como auxiliares
no diagnó stico através do exame físico, Ghaffari et al.(2009) descrevem alopecia simétrica relacionada ao
estró geno em caso de ová rios policísticos em uma fêmea Terrier de 9 anos de idade, que corroboram com o
relato da tutora para o animal do presente relato. Além disso, apesar de seu ú tero nã o haver apresentado
hiperplasia endometrial cística/piometra, há relatos destas alteraçõ es em cadelas portadoras de ová rio(s)
policístico(s), afirmando a relaçã o da hiperplasia cística com tipos de tumores ovarianos (CARDILLI et al., 2007).
Conclusão: Dessa forma, é possível concluir que cadelas jovens também podem vir a desenvolver sinais
clínicos semelhantes a de cadelas de idade avançada que venham a desenvolver a doença ovariana cística.
Referências: BLOCKER, Wayne; STö PPLER, Melissa Conrad. Ovarian Cysts. 2017. Disponível em:
<https://www.emedicinehealth.com/ovarian_cysts/article_em.htm#ovarian_cysts_quick_overview>. Acesso em:
30 ago. 2017., NASCIMENTO, E.F.; SANTOS, R.L. Patologia da reproduçã o dos animais domésticos. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2003. 137p., NASCIMENTO, E.F; SANTOS, R.L; REIS, B.P. Doença ovariana cística. Revista
CFMV, a.8, n.27, p.44-56, 2002., McEntee K. Reproductive pathology of domestic animals. Academic Press, Inc. 1st
Ed., 401p., 1990., Johnston SD, Kustritz MVR, Olson PNS. Canine and feline theriogenology. WB Saunders
Company, 1st Ed, 592p., 2001., Arlt SP, Haimerl P. Cystic ovaries and ovarian neoplasia in the female dog - a
systematic review. Reprod Dom Anim, v.51, Suppl.1, p.3-11, 2016., Síndrome dos ová rios policísticos. -- Sã o
Paulo: Federaçã o Brasileira das Associaçõ es de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO), 2018. (Série, Orientaçõ es
e Recomendaçõ es FEBRASGO, no.4/Comissã o Nacional Especializada em Ginecologia Endó crina). 103p.,
GHAFFARI, M.S.; DEZFOULIAN, O.D.; ALDAVOOD, S.J.; MASOUDIFARD, M. Estrogen-related alopecia due to
polycystic ovaries in a terrier dog Comparative Clinical Pathology, v.18, n.3, p.341-343, 2009., CARDILLI, D.J.;
TONIOLLO, G.H.; MOSTACHIO, G.Q.; MOTHEO, T.F.; LIMA, I. G.F.; VICENTE, W. R. R. Disgerminoma ovariano em
cadela: relato de caso. Clínica Veteriná ria, n.66, p.64-66, 2007.

TERMOS DE INDEXAÇÃ O: Cisto, Eixo hipotá lamo-hipofise-gonadal, Feedback, Hiperestrogenismo

Legendas de Figuras
Fig.1. Ová rio esquerdo apresentando dimensõ es relativamente grandes quando comparado ao direito.
Fig.2. Ová rio direito com dimensõ es pró ximas a normalidade.
Fig.3. Ová rio esquerdo apresentando características sugestivas de neoplasia, retirado através de OH.

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