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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS


DEPARTAMENTO DE ZOOLOGIA

Potenciais Conflitos na Interação de Comunidades de Seringueiros


com a mastofauna da Reserva Extrativista Estadual Rio Cautário,
Costa Marques, RO

JUIZ DE FORA
JUNHO DE 2010
Verônica Aline Belchior Silva

Potenciais Conflitos na Interação de Comunidades de Seringueiros com a


mastofauna da Reserva Extrativista Estadual Rio Cautário, Costa Marques, RO

Trabalho de conclusão de curso (Monografia)


entregue ao Departamento de Zoologia, Instituto
de Ciências Biológicas, Universidade Federal de
Juiz de Fora (UFJF) como requisito parcial para
obtenção do título de Bacharel em Ciências
Biológicas.

Orientador: Prof. Dr. Artur Andriolo

JUIZ DE FORA
JUNHO DE 2010
AGRADECIMENTOS

Texto complicado de ser escrito, mas muito gratificante. É maravilhoso saber que

temos pessoas a quem agradecer pelos caminhos que percorremos. Pessoas que nos ajudam a

crescer e encontrar a direção por estas trilhas que enfrentamos. Por este trabalho e pelos

outros que virão agradeço:

À Deus, pois foi Ele mesmo quem disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida...”

Aos meus pais, pois esforço incondicional só vem deles. Só sendo pai e mãe para abrir mão de

muito, acreditando piamente que vai dar certo. Agradeço não só pelo apoio financeiro, mas

por me mostrarem que eu posso, quando muitas vezes eu achava que não. E por continuarem

acreditando em mim, mesmo quando eu mesma insisto em não acreditar.

Ao Mario Angelo, por ser “a parte que eu não tinha”. Por sempre estar ao meu lado, por tudo

que se dispôs a fazer, por nunca pensar duas vezes. Por ter me dado tudo, e ainda ser capaz de

me dar mais!

A família Sartori Gomes Ferreira, por abrir as portas de “suas casas” e me acolher sempre.

Por sempre fazer com que eu me sentisse da família também.

Ao Soneca! Como deixar de agradecer a esse cara que foi meu amigo em um dos momentos

mais difíceis que já enfrentei. Obrigada também pela idéia do trabalho, e por ter dado a idéia

ao Artur! Obrigada por toda a logística (almoços, chocolates, south park...) em Costa

Marques. A você também devo muito!


Ao Artur, por esta orientação, por outra orientação, pela paciência (porque precisou!!!). Por

não ter deixado eu escapar todas as vezes que eu quis.

Aos amigos de Dores! A eles sempre toda a consideração, todo carinho, nostalgia. Conforta

saber que mesmo de longe eles me acompanham, principalmente elas (vocês mesmas!). Amo.

Aos amigos de Juiz de Fora. Nossa, como foi bom ter vindo pra esta cidade! Os amigos de

turma, os amigos de outras turmas, os amigos das farras, dos viradões. Muito obrigada por

aqueles momentos! Sinto saudades...

Às amigas de casa: uma, duas, três... depois quatro, e agora cinco. Muitas histórias!

Ao IBAMA por ter “emprestado” seu funcionário.

Ao ICMBio por toda a logística. Dentro do ICMBio agradeço muito à Jaqueline, por todo

apoio como então Chefe da Reserva Federal, pelo socorro com papelada para envio de

projeto, material para estudo. Muito obrigada!

Aos costa-marquenses prev-fogos do ICMBio, obrigada pelos momentos de descontração na

Reserva. Obrigada pelo bolo, ainda que duro, de aniversário.

Aos seringueiros que abriram suas portas para nos receber. Graças a vocês este trabalho está

aqui hoje. Por isto ele é dedicado à vocês!

Obrigada, finalmente, à Universidade Federal de Juiz de Fora por ter feito parte da minha

história.
“Uma decisão sobre o uso da terra é correta quando
tende a preservar a integridade, a estabilidade e a beleza da comunidade biótica que
inclui o solo, a água, a fauna e flora e também as pessoas”
Aldo Leopold, 1949
RESUMO

Potenciais Conflitos na Interação de Comunidades de Seringueiros com a mastofauna da

Reserva Extrativista Estadual Rio Cautário, Costa Marques, RO

As populações tradicionais não-indígenas da Amazônia caracterizam-se, sobretudo pelas suas


atividades extrativistas, de origem aquática ou florestal terrestre. O modo de vida dos
extrativistas e o fato de muitos possuírem criações e moradias simples favorecem a hipótese
de que existam conflitos entre estes e os animais que vivem no entorno de suas moradias.
Espécies predadoras competem com os humanos pelo uso dos recursos biológicos tais como
alimento e espaço. Em contrapartida, os herbívoros danificam plantações e por isto são muitas
vezes caçados; nesse sentido, estas plantações servem como forma de atrair espécies
cinegéticas. Sendo assim, este estudo teve como objetivo investigar potenciais conflitos
homem-animal e suas implicações para a conservação da fauna nas comunidades de
Renascença e Jatobá da Reserva Extrativista Estadual Rio Cautário, Costa Marques, RO. Foi
realizado entre 29 de agosto e 03 de setembro de 2008 e conduzido por 10 entrevistas
baseadas em um questionário padrão, além de informações coletadas por fotografias e através
da técnica de observação participante. Do total de entrevistados, 90% tiveram interações
negativas com animais, definidas como conflitos com perdas em plantações e criações
domésticas. 16 espécies foram citadas como causadoras de conflitos, dentre estas destacam-se
o cateto, queixada, gato-do-mato e anta. Quanto as atitudes tomadas contra os ataques, matar
o animal esteve presente em 80% de todas as respostas e 77,8% consomem o animal quando
abatido. Em 100% dos casos, não houve invasão de residência. Das espécies citadas, três
(18,75%) estão ameaçadas de extinção em âmbito nacional, a saber: gato-do-mato (Leopardus
sp., Gray, 1842), onça (Panthera onca, Linnaeus, 1758), macaco-prego (Cebus sp., Erxleben,
1777). Conclui-se que existe conflito entre os seringueiros e animais de médio e grande porte,
e que apesar de ter se mostrado variável, foi considerável, pois a maioria dos entrevistados
afirmou matar o animal. Uma política de manejo deve ser estabelecida, visto que dentre as
espécies mencionadas, três estão entre aquelas ameaçadas de extinção nacionalmente. A
participação da comunidade é de suma importância para que qualquer medida
conservacionista seja efetiva.

Palavras-chave: Etnoecologia, seringueiros, fauna, potenciais conflitos, conservação.


LISTA DE TABELAS

Tabela I: Tempo de residência na comunidade e comparação com residência anterior e


naturalidade de cada entrevistado ............................................................................................14

Tabela II: Lista, número de citações e nomes populares das espécies de mamíferos (N=13)
causadoras de conflitos, com base nas entrevistas realizadas com os seringueiros (N=9) ......17

Tabela III: Freqüência de citação para cada categoria da subdivisão atitude, separadamente,
em relação a um total de 10 entrevistas ...................................................................................21

Tabela IV: Espécies ameaçadas do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de


Extinção (2008) que possivelmente se enquadram entre aquelas citadas pelos seringueiros
como causadoras de danos .......................................................................................................23
LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Imagem dos limites da RESEX Estadual Rio Cautário. Os pontos mostram a
localização das comunidades de Renascença e Jatobá, respectivamente (FONTE: IKEZIR et.
al. 2008) .....................................................................................................................................7

Figura 2: Número de moradores que relataram existência ou ausência de conflitos com a


fauna da RESEX Estadual Rio Cautário ..................................................................................15

Figura 3: Foto mostrando as criações soltas (à esquerda) e ausência de cercados nas


plantações (à direita) ................................................................................................................15

Figura 4: Frequência de citações pelos entrevistados das espécies causadoras de danos às


comunidades .............................................................................................................................16

Figura 5: Grau de intensidade dos conflitos, variando entre baixo (cinza) e alto (preto), de
acordo com as perdas. Categorias das perdas: Grandes (plantações e criações); Pequenas C
(criações); Pequenas P (plantações) .........................................................................................18

Figura 6: Frequencia de aparecimento das espécies por semana, de acordo com os


entrevistados .............................................................................................................................19

Figura 7: Porcentagem de ocorrência das espécies de acordo com o período do ano ............20

Figura 8: Porcentagem de diferentes atitudes tomadas contra os animais em relação ao


conflito .....................................................................................................................................21

Figura 9: Número de entrevistados que faz uso de animais abatidos, por conseqüência do
conflito, como alimento ...........................................................................................................22
SUMÁRIO

RESUMO ...................................................................................................................................v
LISTA DE TABELAS ..............................................................................................................vi
LISTA DE FIGURAS ..............................................................................................................vii

INTRODUÇÃO .........................................................................................................................1
OBJETIVO .................................................................................................................................6
Objetivo Geral ................................................................................................................6
Objetivos Específicos .....................................................................................................6

MATERIAL E MÉTODOS .......................................................................................................7


Área de Estudo ...............................................................................................................7
Procedimentos ................................................................................................................9

RESULTADOS ........................................................................................................................13
Perfil dos Entrevistados ................................................................................................13
Sobre as interações .......................................................................................................14
Espécies Citadas – Graus de Ameaça ..........................................................................22

DISCUSSÃO ...........................................................................................................................24
Interações e Conflitos ...................................................................................................24
Espécies Ameaçadas ....................................................................................................27

CONCLUSÕES .......................................................................................................................29
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................30
ANEXOS .................................................................................................................................34
INTRODUÇÃO

O conhecimento dos povos tradicionais (indígenas e não indígena) não se

enquadra em categorias e subdivisões precisamente definidas, como as categorias que a

biologia tenta, de modo artificial, organizar (POSEY, 1987 apud OLIVEIRA, 2007). Pode ser

definido como o conjunto de saberes e saber-fazer a respeito do mundo natural e sobrenatural,

transmitido oralmente, de geração em geração (DIEGUES et. al., 2000). Sendo assim,

DIEGUES et. al. (2000) dizem ainda que o equilíbrio entre populações humanas e o ambiente

não é mantido por decisões conscientes, mas por um conjunto complexo de padrões de

conhecimento, fortemente marcados por valores éticos, religiosos e por pressão social.

As populações tradicionais são caracterizadas pela forte ligação com territórios

ancestrais, auto-identificação e reconhecimento pelos outros povos como grupos culturais

distintos, linguagem própria, muitas vezes diferente da oficial, presença de instituições sociais

e políticas próprias e sistemas de produção voltados principalmente para a subsistência

(DIEGUES e ARRUDA, 2001).

As populações tradicionais não-indígenas da Amazônia caracterizam-se, sobretudo

pelas suas atividades extrativistas, de origem aquática ou florestal terrestre. Muitos dos
seringueiros e castanheiros vivem à beira de rios, igapós e igarapés, mas outros vivem em

terra firme, dependendo menos das atividades pesqueiras. Nas florestas, extraem o látex para

a venda e também a castanha-do-pará, além de criar pequenos animais domésticos, alguns

deles têm também algumas cabeças de gado. Moram em casas de madeira, construídas em

palafita, mais adaptadas ao sistema das cheias (DIEGUES et. al., 2000). Dentro deste

universo, estudos que envolvam a participação popular são pertinentes, pois estes estão

diretamente ligados às questões sociais, econômicas, culturais e biológicas, uma vez que o

conhecimento popular auxilia o estudo científico (ALVES et al., 2002).

DIEGUES (2001) discute o papel do ambientalismo ligado às questões sociais, o que

influencia uma nova forma de ver a conservação e propõe a participação das comunidades

locais no planejamento e gestão das atividades de conservação. Segundo AMARAL (1998),

tem-se usado o termo Manejo Florestal Comunitário como um termo genérico a todos os

projetos que estão sendo desenvolvidos em áreas de comunidades, e mesmo aos projetos onde

as áreas manejadas não são de domínio comunitário. Os aspectos comuns a todos os projetos

de manejo florestal envolvendo comunidades são os enfoques sobre o papel das comunidades

dependentes da floresta na administração dos recursos florestais e na participação nos

benefícios oriundos do uso de tais recursos.

A etnoecologia permite esta integração entre o saber acadêmico e o saber social, já que

é uma ciência voltada para o estudo do conhecimento dos grupos humanos, suas práticas e

crenças em relação ao ecossistema. A interface da ciência com o conhecimento chamado

popular e o sucesso de sua aplicabilidade deve considerar os elementos de permeabilidade

social variável em função da diversidade cultural, étnica e religiosa, próprias da modernidade

(ANDRIOLO, 2006).

NAKANO-OLIVEIRA (2006) também afirma que projetos ligados à conservação

necessitam, com freqüência, do apoio da comunidade local. Ainda segundo este autor,
algumas informações só podem ser obtidas com ajuda de moradores antigos ou nativos da

região estudada, que possuem um grande conhecimento sobre a fauna e flora, além de

conhecerem o histórico de conservação e destruição da natureza local. Para CULLEN-Jr

(2003) essas informações, assim como a relação (positiva ou negativa) que a população local

tem com o meio, podem ser obtidas através da realização de entrevistas e interpretação dos

dados coletados por meio de questionários elaborados com estes objetivos.

Segundo o SNUC (Lei no 9.985, de 18 de Julho de 2000), a Reserva Extrativista é

uma área utilizada por populações extrativistas tradicionais, cuja subsistência baseia-se no

extrativismo e, complementarmente, na agricultura de subsistência e na criação de animais de

pequeno porte, e tem como objetivos básicos proteger os meios de vida e a cultura dessas

populações, e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da unidade.

O modo de vida dos extrativistas e o fato de muitos possuírem criações e moradias

simples fortalecem a hipótese de que existam conflitos entre estes e os animais que vivem no

entorno de suas colocações. Os conflitos entre proprietários de criações domésticas e

predadores, provavelmente, tiveram início desde que os primeiros animais foram

domesticados pelos seres humanos há cerca de 9.000 anos (NOWELL & JACKSON, 1996).

A idéia de conflito vem acompanhada de ações danosas entre as partes envolvidas

(MORENO, 2008). Espécies predadoras competem com os humanos pelo uso dos recursos

biológicos tais como alimentos (rebanhos, tanques de piscicultura, colheitas, colméias) e

espaço. Assim, sua ocorrência pode causar danos significantes (TREVES & KARANTH,

2003; WOODROFFE et al., 2005) podendo-se com isto gerar conflitos entre vida selvagem e

homens (TREVES & KARANTH, 2003).

Os animais carnívoros, por exemplo, por estarem no topo da cadeia alimentar, têm

grande importância ecológica, pois podem regular a população de presas naturais, e desta

forma influenciar toda a dinâmica do ecossistema em que vivem (TREVES & KARANTH,
2003; IBAMA, 2004), contudo, são vítimas constantes de praticamente todas as formas de

ameaças, como a caça furtiva para troféu, caça predatória para o comércio de peles, comércio

de animais vivos e principalmente, eliminação de indivíduos que estejam causando prejuízo

econômico a proprietários rurais e destruição e fragmentação de hábitats (PITMAN et al.,

2002). Entretanto onde os carnívoros são forçados a coexistir com animais domésticos, a

predação se transforma em conflito, que gera perdas de animais domésticos e de carnívoros

silvestres (MORENO, 2008). Estes conflitos são de interesse particular quando o animal

perseguido em retaliação a esses eventos é uma espécie ameaçada (INSKIP &

ZIMMERMANN, 2009).

Embora alguns estudos tenham sido realizados no Brasil em relação aos ataques de

criações domésticas, como bovinos e ovinos por Panthera onca e Puma concolor (MAZZOLI

et al., 2002; CONFORTI & AZEVEDO, 2003; PALMEIRA & BARRELLA, 2007),

informações sobre a freqüência dos ataques e prejuízos causados pelos demais carnívoros são

pouco relatados (MENDES et al., 2005).

Em relação aos herbívoros, KRÜGER (1999) apud GEHARA (2009) encontrou em

seu estudo que os animais que danificam plantações são muitas vezes caçados; nesse sentido,

estas plantações servem como forma de atrair espécies cinegéticas, de interesse para caça.

SANCHES (2004) apud GEHARA (2009) cita que as roças passaram a ser utilizadas como

isca, devido à baixa abundância de animais silvestres no interior de florestas tropicais. E que a

manutenção de pequenos cultivos nos quintais das casas possivelmente também permitiu aos

caiçaras compatibilizar agricultura com atividades de caça. Segundo GEHARA (2009), se por

um lado conflitos homem-animal ameaçam a conservação de espécies em virtude da caça, por

outro lado, a existência de crenças pode limitar a utilização desses animais, auxiliando na

conservação dos mesmos.


Trabalhos com implicações conservacionistas têm-se utilizado cada vez mais do

conhecimento popular dos moradores das áreas em estudo, pois uma vez trabalhado o

conhecimento a partir de dentro da comunidade, planos e ações conservacionistas ganham

muito em êxito e são mais facilmente justificados perante os mesmos. O processo para a

conservação de espécies ameaçadas de extinção é acelerado quando a imagem do animal é

valorizada frente à comunidade local (WEDEKIN, 2005).

Mesmo quando não é caracterizada uma relação conflituosa danosa entre homem-

animal, tais estudos são de grande importância, principalmente pelo fato, de que as

percepções e atitudes relacionadas ao tratamento de animais causadores de danos são de

cunho particular, dependendo de vários fatores como nível educacional (CONFORTI &

AZEVEDO, 2003), proporções da criação (OIL et al., 1994 e NOWELL & JACKSON, 1996;

PALMEIRA & BARRELA, 2007), imagem do animal causador de danos na região

(LINDSEY et al., 2005; NAUGHTON-TREVES et al. 2003), dentre outros.

Assim, este estudo visou o entendimento destas relações e os potenciais conflitos

homem-animal, a fim de compreender as práticas locais relacionadas a esta abordagem e suas

implicações para a conservação.


OBJETIVO GERAL

Investigar a existência de potenciais conflitos homem-animal e suas implicações para a

conservação da fauna de comunidades tradicionais de seringueiros da Reserva Extrativista

Estadual Rio Cautário, Costa Marques, RO.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Investigar a existência ou ausência de conflitos homem-animal, estabelecendo níveis

de intensidade para os mesmos;

 Estabelecer o período do ano de maior ocorrência das espécies;

 Analisar as atitudes tomadas pelos seringueiros contra estes animais;

 Discutir o conflito em relação à conservação de espécies ameaçadas de extinção e a

importância da participação de comunidades na elaboração de planos de manejo para

unidades de conservação.
MATERIAL E MÉTODOS

ÁREA DE ESTUDO

A Reserva Extrativista (RESEX) Estadual Rio Cautário (figura 1) foi criada em 08 de

agosto de 1995, possui 146.400 hectares e abrange terras dos municípios de Costa Marques e

Guajará-Mirim, no Estado de Rondônia (RO). A Resex possui cerca de 6 % de sua área

alterada pela presença humana, o que pode ser considerado pouco, dado que tem sido

utilizada para a extração de borracha há mais de 100 anos. A borracha continua sendo um dos

produtos mais importantes, mas há também extração de castanha e uma recente expansão da

atividade agrícola (SOCIOAMBIENTAL, 2009).

As atividades dos seringueiros são administradas pela Associação de Seringueiros

Aguapé, que se utiliza de planos de desenvolvimento e utilização, elaborados quando da

Cooperação Técnica do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) ao

Plano Agropecuário e Florestal de Rondônia (PLANAFLORO), em 1997

(SOCIOAMBIENTAL, 2009).
Figura 1: Imagem dos limites da RESEX Estadual Rio Cautário. Os pontos mostram a localização das
comunidades de Renascença e Jatobá, respectivamente (FONTE: IKEZIRI et. al. 2008)

A área da Reserva está inserida no Mosaico Serra da Cutia e foi caracterizada com

cobertura sedimentar continental e marinho-continental paleomezozóica. A vegetação é

principalmente composta por floresta ombrófila aberta (63%) (OLMOS et al., 1998 apud

IKEZIR et al., 2008) e manchas de cerrado, com formação de espessos tapetes de gramíneas e

ciperáceas (IKEZIR et al., 2008).

A fauna, assim com na maioria das florestas rondonienses, é rica em aves, dentre elas,

muitas espécies ameaçadas, como o gavião-real (Harpia harpyja) bem com outros

vertebrados terrestres e insetos, além disso, a fauna inclui botos, tracajás, cobras, jacarés e

uma grande variedade de peixes. No entanto, nenhum estudo aprofundado a respeito dos

componentes da biodiversidade foi realizado na região. Os peixes constituem o grupo animal

melhor conhecido (BISAGGIO, 2008).

Atualmente em torno de 50 famílias residem na área protegida e são agrupadas em

cinco comunidades: Comunidade Renascença- situada na área de encontro entre os Rios

Guaporé e Cautário; Comunidade Jatobá- forma uma grande comunidade na RESEX


Estadual, situada na porção sudoeste dessa Unidade; Comunidade Canindé- principal centro

comunitário e de intercâmbio entre as reservas, comunitários e agentes do governo e; por fim,

Comunidade Laranjal (BISAGGIO, 2008).

As principais atividades produtivas na RESEX estão relacionadas à: retirada da

castanha-do-pará para o comércio, produção de farinha de mandioca, arroz, feijão e milho.

Além da produção em pequena escala de óleos, existe a atividade de pesca para subsistência.

Como fonte de renda alternativa, a UC estadual possui um Plano de Manejo Florestal de

escala comunitária (BISAGGIO, 2008).

PROCEDIMENTOS

As informações relacionadas às interações entre os moradores e a fauna local foram

coletadas entre 29 de agosto e 03 de setembro de 2008. Foram realizadas entrevistas semi-

estruturadas com 10 moradores das comunidades de Renascença e Jatobá. Para a execução da

pesquisa foi solicitado e atendido um pedido de licença (Anexo I) a SEDAM (Secretaria de

Estado do Meio Ambiente), órgão gestor da Unidade Estadual.

A condução das entrevistas foi baseada em questionário padrão (Anexo II),

previamente elaborado, contendo oito questões dividas em dois tópicos: aspectos sociais e

potenciais conflitos entre os comunitários e os animais que se aproximam de suas moradias.

Esta técnica, segundo VIERTLER (2002), está entre aquelas em que ocorre uma relação de

comunicação mais equilibrada entre a visão êmica (do pesquisado) e a visão ética (do

pesquisador).

Durante as coletas estivemos acompanhados de um técnico do ICMBio, por razões

logísticas. Apesar de conhecido dos moradores das comunidades, as respostas dadas frente às

circunstâncias refletem aquilo que os entrevistados desejam mostrar, não só aos


pesquisadores, mas aos próprios técnicos, corroborando diretamente o modo como o manejo

da área pode ser conduzido.

Procuramos entrevistar os chefes de família sendo que, quando estes não se

encontravam em casa, a pesquisa seguia com a entrevista da mulher de cada representante

familiar. Para a amostragem dos seringueiros foi utilizada a metodologia da bola-de-neve, que

consiste na identificação pelo pesquisador de um ou mais indivíduos que possam ser

entrevistados e que estes nomeiem outras pessoas da localidade de estudo que possam ser

entrevistadas, seguindo os critérios estabelecidos pelo pesquisador (BERNARD, 1995).

O perfil dos entrevistados foi traçado apurando-se idade, sexo, escolaridade e período

de moradia na comunidade. Quanto às interações, foram perguntados a respeito da existência

ou não de espécies causadoras de danos, sobre interferências nas criações e/ou plantações,

freqüência ou ausência de ataques, período de ocorrência e atitudes tomadas contra os

ataques, quando houvesse.

Para análise dos dados foram criadas as seguintes subdivisões:

a) Ausência de conflito - quando foi relatada a não ocorrência de perdas de animais nem

de alimentos produzidos;

b) Existência de conflito - quando as respostas apontavam danos ou prejuízos causados

pela presença de animais no entorno das moradias. Estes conflitos foram apurados

quanto ao grau de intensidade;

a. Graus de conflitos: onde se estabelece níveis de intensidade para tais

interações, de acordo com a importância dada às perdas, segundo os

entrevistados. As perdas foram categorizadas entre “pequenas” (para ataques

as criações ou plantações) e “grandes” (cujos ataques foram em ambas as

produções). Portanto, os níveis de conflito variaram entre:

i. Baixo, quando as perdas foram pequenas;


ii. Alto, para perdas grandes;

c) Freqüência de aparecimento das espécies:

a. “rara”: para animais que apareciam menos de uma vez por semana;

b. “freqüente”: para aparecimentos entre duas ou quatro vezes na semana;

c. “muito freqüente”: para aquelas espécies que apareciam entre cinco vezes a

todos os dias da semana;

d) O período de ocorrência das espécies:

a. “sem época”: quando foi dito que o animal aparecia o ano todo;

b. “inverno”: outubro a março, quando chove;

c. “verão”: abril a setembro, quando não chove;

Segundo MING (2007), os seringueiros chamam de “verão” o período da seca

e de “inverno”, o período das chuvas.

e) As atitudes tomadas contra os ataques foram organizadas entre:

a. “N”: não faz nada contra o animal;

b. “E1”: espanta com foguetes, espantalhos ou barulho;

c. “E2”: espanta com cachorros;

d. “M”: quando a atitude é matar o animal;

f) Espécies Ameaçadas: na qual foram analisadas as ações dos entrevistados

direcionadas as espécies listadas no Livro Vermelho da fauna brasileira ameaçadas de

extinção (2008).

Foram anotadas também algumas sugestões de mitigação desses ataques, quando havia

o que comentar. Além disto, foram considerados alguns eventos relevantes através da

observação participante (BERNARD, 1995; VIERTLER, 2002). Para PETERSON (2005),

este método prevê que o pesquisador esteja atento a todos os eventos (vistos e/ou ouvidos)

que possam ocorrer no campo e trazer informações qualitativas.


Para análise dos dados, assim como em PETERSON (2005) as questões que permitiam

ao entrevistado apenas uma resposta foram analisadas através de cálculos percentuais. As

questões em que os informantes pudessem fornecer mais de uma resposta, listando vários

itens, foram analisadas através da freqüência das citações, considerando o número de vezes

que estes itens apareceram no total de respostas. As informações obtidas foram ainda

confrontadas com os dados encontrados na literatura científica.


RESULTADOS

PERFIL DOS ENTREVISTADOS

Foram entrevistados 10 seringueiros residentes de duas comunidades distintas,

Renascença e Jatobá, ambas localizadas às margens do Rio Cautário. Dentre os entrevistados,

três pertencem a comunidade Renascença e sete a comunidade de Jatobá. A amostragem de 10

entrevistas representa 20% (N=50) de todas as famílias presentes na reserva. Do total, nove

entrevistados eram homens e apenas uma era mulher. Entre os mesmos 90% (n=9) são nativos

da região, sendo que três (30%) nasceram na reserva. Apenas um entrevistado (10%) é natural

de outro Estado brasileiro, este mesmo é o que reside a menos tempo na RESEX (tabela 1). O

tempo médio de moradia na região foi de 16,5 anos, com mínimo de três e máximo de 28

anos.

A idade dos moradores variou entre 18 a 47 anos (tabela I), sendo a média de 28,3

anos. Quanto a escolaridade, um entrevistado possui ensino fundamental completo, oito são

apenas alfabetizados e um é analfabeto. 100% (N=10) são extrativistas.


Tabela I: Tempo de residência na comunidade, nível de escolaridade e naturalidade de cada
entrevistado.
Entrevistado Idade Tempo na Reserva Escolaridade Naturalidade
1 42 3 Alfabetizado Paraná
2 47 20 Alfabetizado Guajará-Mirim-RO
3 18 18 Alfabetizado Costa Marques-RO
4 26 20 Alfabetizado RESEX Rio Cautário
5 24 16 Alfabetizado Guajará-Mirim-RO
6 32 16 Alfabetizado RESEX Rio Cautário
7 24 6 Alfabetizado Guajará-Mirim-RO
8 18 18 Ensino Fundamental RESEX Rio Cautário
9 28 28 Analfabeto Costa Marques-RO
10 24 20 Alfabetizado Costa Marques-RO

SOBRE AS INTERAÇÕES

Apenas um entrevistado (10%) relatou a não existência de conflitos com animais,

segundo o mesmo, nunca houve danos a sua roça ou predação de criações por animais

silvestres, portanto, nunca teve perda alguma por conseqüência de tais interações. Em

contrapartida, nove informantes (90%) tiveram interações negativas com animais, definidas

como conflitos, ou seja, tiveram perdas em suas plantações e criações domésticas (figura 2).

Em 100% dos casos, não há cercados para as criações e plantações, ou seja, são mantidas

soltas, de forma extensiva (figura 3).


Figura 2: Número de moradores que relataram existência ou ausência de conflitos com a fauna da RESEX
Estadual Rio Cautário.

Figura 3: Foto mostrando as criações soltas (à esquerda) e ausência de cercados nas plantações
(à direita). FOTO: Verônica Belchior.

Foram citadas 16 espécies causadoras de conflitos (figura 4), sendo 13 mamíferos

distribuídos em nove famílias e seis ordens (tabela II), e três espécies de aves. Dentre os

mamíferos (N=13) mais apontados nas entrevistas (N=9) estão o cateto (44,4%, n=4),
queixada (44,4%, n=4), gato-do-mato (44,4%, n=4) e anta (33,3%, n=3). O gavião (22,2%,

n=2) foi a ave mais citada. Dentre as espécies citadas como causadoras de conflitos (N=16),

43% (n=7) são onívoras, 25% (n=4) herbívoras e 31% (n=5) carnívoras.

9
8
7
Frequência

6
5
4
3
2
1
0

Espécies citadas

Figura 4: Frequência de citações pelos entrevistados das espécies causadoras de danos às comunidades.
Tabela II: Lista, número de citações e nomes populares das espécies de mamíferos (N=13) causadoras
de conflitos, com base nas entrevistas realizadas com os seringueiros (N=9).
Classificação Taxonômica Nome Popular (Nome dado por eles) Número de
citações
Ordem Didelphimorphia
Família Didelphidae
Subfamília Didelphinae Mucura 1
Gênero Didelphis Linnaeus, 1758
D. marsupialis Linnaeus, 1758
Ordem Primates
Família Cebidae Macaco-prego 3
Gênero Cebus Erxleben, 1777
Cebus apella (Linnaeus, 1758)
Ordem Carnivora
Família Felidae
Gênero Leopardus Gray, 1842
Leopardus pardalis (Linnaeus, 1758) Jaguatirica
Leopardus tigrinus (Schreber, 1775) Gato-do-mato pequeno (Gato-do- 4
Leopardus wiedii (Schinz, 1821) Gato-maracajá mato) *

Gênero Panthera Oken, 1816


Panthera onca (Linnaeus, 1758) Onça 2

Família Canidae
Gênero Atelocynus Cabrera, 1940
Atelocynus microtis (Sclater, 1883) Cachorro-do-mato-de-orelha-curta 2
Gênero Lycalopex Burmeister, 1854 (cachorro-do-mato)
Lycalopex vetulus (Lund, 1842) Raposa-do-campo (raposa) 1

Família Mustelidae
Gênero Eira C. E. H. Smith, 1842
Eira barbara (Linnaeus, 1758) Irara 2
Ordem Perissodactyla
Família Tapiridae
Gênero Tapirus Brünnich, 1771
Tapirus terrestris Linnaeus, 1758 Anta 3
Ordem Artiodactyla
Família Tayassuidae
Gênero Pecari Reichenbach, 1835
Pecari tajacu Cateto (porquinho) 4
Gênero Tayassu G. Fischer, 1814
Tajacu pecari (Link, 1795) Queixada (porco) 4

Família Cervidae
Gênero Mazama Rafinesque, 1817
Mazama americana (Erxleben, 1777) Veado-mateiro
Mazama gouazoubira (Fischer, 1814) Veado-catingueiro
Gênero Odoicoleus Rafinesque, 1832 2
(veado)**
Odoicoleus virginianus (Zimmermann, 1780) Veado-da-cauda-branca
Gênero Ozotocerus Ameghino, 1891
Ozotocerus bezoarticus (Linnaeus, 1758) Veado-campeiro
Ordem Rodentia
Família Caviidae
Gênero Cuniculus Wagler, 1830
Cuniculus paca (Linnaeus, 1758) Paca 2
Gênero Dasyprocta Illiger, 1811
Dasyprocta azarae Lichtenstein, 1823
Dasyprocta fuliginosa Wagler, 1832 Cutias*** 2
Dasyprocta leporina (Linnaeus, 1758)
*Gato-do-mato pode estar relacionando as três espécies de Leopardus acima citadas que ocorrem na região; **a designação
veado, assim como o gato-do-mato, pode significar uma das quatro espécies acima citadas que ocorrem na região; ***cutia
também pode fazer referência as três espécies acima. (FONTE: REIS, N. R. et al. 2006.Mamíferos do Brasil).
Quanto ao grau de intensidade desses conflitos, 66,7% (n=6) dos casos foram

considerados conflitos de nível “alto”, em casos nos quais as perdas relatadas pelos

seringueiros foram grandes. Em contrapartida, 33,3% (n=3) apresentaram conflitos de nível

“baixo” com pequenas perdas (figura 5).

Figura 5: Níveis de intensidade dos conflitos, variando entre baixo (cinza) e alto (preto), de acordo com as
perdas. Categorias das perdas: Grandes (plantações e criações); Pequenas C (criações); Pequenas P (plantações).

Foi também relatada a frequencia de aparecimento das espécies (figura 6). Para 22,2%

(n=2) dos entrevistados, o aparecimento de espécies é “raro”, 55,5% (n=5) disseram que são

“frequentes” e para 22,2% (n=2) é “muito frequente”, sendo o aparecimento praticamente

diário. Um entrevistado inclusive afirmou: “Quando começa a atacar é quase todo dia”.
Figura 6: Frequencia de aparecimento das espécies por semana, de acordo com os entrevistados.

Para 33,3% (n=3) dos informantes não existe uma época definida para o aparecimento

dos animais, segundo um deles: “Num tem época não, é direto, quando tem, vem”. Em

contrapartida, 33,3% (n=3) relataram que a época que mais aparecem é no “inverno”,

principalmente o “porquinho” (cateto), porque “no inverno é que a terra fica mole”. Quando o

período das chuvas começa, a terra amolece e facilita a retirada da mandioca pelos catetos,

segundo os entrevistados. Porém, 11,1% (n=1) dizem que o “verão” é o período que os

animais mais aparecem: “agora mesmo no verão, eles ficam mais na beira do rio”. Entretanto,

22,2% (n=2) disseram ainda que animais que atacam plantação aparecem mais no “inverno”,

mas que para criação não existe época (figura 7).


Figura 7: Porcentagem de ocorrência das espécies de acordo com o período do ano .

Em relação as atitudes tomadas contra os conflitos, houve sobreposição entre as

medidas para análise que foram pré-estabelecidas na metodologia. Portanto, a sobreposição

E2 e M apareceu em três respostas (33,3%), apenas a categoria E2 apareceu em uma resposta

(11,1%), E1 e M em 22,2% (n=2) das entrevistas, apenas M em 11,1% (n=1), N e M também

em 11,1% (n=1), e uma citação também para a sobreposição N, E1 e M (11,1%) (figura 8).

Como pode-se observar, no total de 10 entrevistas, analisando cada categoria separadamente,

atitudes como matar (M) apareceu em oito delas, E2 em quatro, E1 em três, e N em duas

entrevistas (Tabela III).


Figura 8: Porcentagem de diferentes atitudes tomadas contra os animais em relação ao conflito .

Tabela III: Freqüência de citação para cada categoria da subdivisão atitude, separadamente, em
relação a um total de 10 entrevistas (M: matar o animal; E2: espantar com cachorros; E1: espantar com
foguetes; N: não fazer nada contra o animal.)
Entrevistado M E2 E1 N
1 1 1 _ _
2 1 _ _
3 1 _ 1 _
4 1 _ _ _
5 1 _ _ 1
6 1 1 _ _
7 1 1 _ _
8 1 _ 1 _
9 1 _ 1 1
10 _ _ _ _
Total 8 4 3 2
Freqüência 80% 40% 30% 20%

Dentre aqueles cuja atitude é também matar o animal, 77,8% (n=7) consomem o

mesmo na alimentação, contra 22,2% (n=2) que afirmam não se alimentar destes animais

(figura 9).
Figura 9: Número de entrevistados que faz uso de animais abatidos, por conseqüência do conflito, como
alimento.

Em 100% dos casos, não houve invasão de residência por animais. Quando perguntados sobre

soluções para diminuir ou evitar os danos causados pelos animais, 66,6% (n=6) responderam não saber

o que fazer para diminuir. E entre os outros três (33,3%) encontramos as seguintes afirmações: “tem

que controlar o equilíbrio ambiental”; “só se correr atrás”; “queria comprar tela pra fazê um cercado

grande prás galinha”.

ESPÉCIES CITADAS – GRAUS DE AMEAÇA

Das espécies citadas, três (18,75%; N=16) se enquadram entre espécies ameaçadas do

Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção (2008), a saber, gato-do-mato

(Leopardus sp., Gray, 1842), onça (Panthera onca, Linnaeus, 1758), macaco-prego (Cebus

sp., Erxleben, 1777) (tabela IV). Dentre estas apenas o macaco-prego, segundo MARTINS

(1993), é de interesse cinegético para populações extrativistas da Amazônia.


Tabela IV: Espécies ameaçadas do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção
(2008) que possivelmente se enquadram entre aquelas citadas pelos seringueiros como causadoras de
danos.
Ordem Família Espécie Vernáculo Categoria
Primates Cebidae Cebus robustus macaco-prego VU
Carnivora Felidae Leopardus tigrinus gato-do-mato VU
Carnivora Felidae Leopardus wiedii gato-maracajá VU
Carnivora Felidae Panthera onça onça-pintada VU
FONTE: Machado, A. B. M. Drummond, G. M. Paglia, A. P. 2008. Livro vermelho da fauna brasileira ameaçada de
extinção.
DISCUSSÃO

INTERAÇÕES E CONFLITOS

Quase todas as famílias da área de estudo sobrevivem da atividade extrativista,

extraem látex da seringa, castanhas (castanha-do-pará) e óleos vegetais. Sobrevivem também

da agricultura de subsistência, sendo as culturas mais comuns o arroz, o feijão, o milho e a

mandioca. A criação de animais domésticos também é de pequena escala e voltada para a

subsistência. As criações mais comuns entre as comunidades estudadas são de galinhas e

patos. Possuem também cachorros e gatos domésticos.

A ausência de conflito para apenas um morador pode ter ocorrido por sentimentos de
insegurança ou medo por parte do mesmo, pois muitas perguntas estavam intimamente
relacionadas a práticas limitadas, como a caça. A Lei 9.985 de 18 de Julho de 2000, em seu
parágrafo 6º do artigo 18, diz “são proibidas a exploração de recursos minerais e a caça
amadorística ou profissional”. Em contrapartida, o Plano de Utilização da Reserva Extrativista
Federal do Rio Cautário (2009) diz que no caso de um animal estar prejudicando a roça, os
animais domésticos ou a segurança do morador, este deverá comunicar ao ICMBio, para as
devidas providências (OLIVEIRA, 2009).
Isto corrobora outra discussão, a de que as respostas tenham o objetivo de expressar

aquilo que o entrevistado quer mostrar para o pesquisador e também para os representantes
das instituições gestoras, o que pode influenciar e servir de ponto de apoio para o

desenvolvimento de políticas efetivas de manejo a serem realizadas pelos órgãos gestores das

unidades, sempre ouvindo estas populações. Segundo DOUROJEANNI & PÁDUA (2007), a

maior parte dos planos de manejo é feita com escasso conhecimento da área, sem escutarem

os interessados ou afetados locais e, em particular, sem aplicar o senso comum.

A existência de conflito entre a maioria dos entrevistados pode ser explicado pela

forma como são manejadas as criações, ou seja, em todos os casos são mantidas soltas, uma

forma de criação extensiva. A ausência de cercados e galinheiros permite o livre acesso dos

animais às presas. Além disto, a proximidade das casas com a mata facilita ainda mais o

aparecimento de espécies oportunistas. Assim como as criações, as plantações são mantidas

abertas, sem tipo algum de cercado.

O conflito considerado Alto na maioria dos casos gera um sentimento negativo nas

comunidades, pois as criações e roças são pequenas e voltadas para subsistência. Segundo

OIL et al. (1994) e NOWELL & JACKSON (1996), por exemplo, quando as criações são

mantidas para subsistência e têm uma baixa produtividade, os prejuízos causados por

predadores são maiores para estes criadores do que para produtores de grande escala.

Os conflitos de baixa intensidade demonstraram perdas pouco representativas para os

informantes. Destes, apenas em uma propriedade houve perda unicamente de criação, e em

outras duas a perda foi na plantação. A menor intensidade deste conflito pode ser explicada

pelo fato de ter ocorrido mais ataques em roças. KRÜGER (1999) apud GEHARA (2009)

encontrou em seu estudo que os animais que danificam as plantações eram muitas vezes

caçados. Nesse sentido, estas plantações serviriam como forma de atrair espécies cinegéticas.

GEHARA (2009) cita ainda que segundo declarações dos informantes, em sua

pesquisa, as plantações de feijão, milho, mandioca e batata, serviriam como atrativo para

cervídeos. Tais afirmações podem ser sustentadas pelo fato de que, dentre as 16 espécies
citadas pelos seringueiros neste estudo, sete são comumente utilizadas na alimentação e

obtidas através de caça em comunidades extrativistas da Amazônia, de acordo com

MARTINS (1993). A saber, porco, porquinho, anta, veado, macaco-prego, paca e cutia.

A maioria dos seringueiros identificou as espécies como freqüentes aos arredores de

suas moradias. A freqüência, neste caso, pode estar intimamente relacionada com o período

de ocorrência das espécies, no qual há informações de aparecimento de espécies em todos os

períodos do ano e, em mais da metade dos casos, ou a espécie não tem época para aparecer,

ou seja, está presente o ano todo, ou aparece muito no inverno. Em contrapartida, parece

haver uma relação com o tipo de dieta e o período de ocorrência. Este fato fica evidente nos

casos em que foi dito que os carnívoros não têm época para aparecer, e que os herbívoros

aparecem com maior freqüência no inverno, por causa das chuvas que amolecem a terra e

facilitam a retirada do alimento.

Dentre as atitudes tomadas contra os ataques, observou-se que matar o animal foi a

mais praticada, o que reforça a intensidade do conflito. Segundo INSKIP & ZIMMERMANN

(2009) conflitos humano-animais silvestres ocorrem tipicamente quando carnívoros selvagens

predam criações ou atacam pessoas, e as pessoas afetadas respondem aos ataques matando ou

ferindo o animal, como uma medida de retaliação ou prevenção. OLIVEIRA &

CAVALCANTI (2002) apud MENDES et. al. (2005) dizem que a falta de uma política

regional para o manejo das criações, que vise a diminuição da freqüência da predação por

carnívoros, faz com que os proprietários rurais resolvam o problema, muitas vezes eliminando

os predadores, diminuindo suas populações, muitas delas já ameaçadas. As outras medidas

como espantar com foguetes, espantalhos ou não fazer nada chegam a ser inofensivas às

espécies em questão. Apesar de a utilização de cachorros domésticos ser considerada uma

prática eficaz pelos moradores, eles podem, muitas vezes acabar por matar os carnívoros

silvestres em tentativas de predação ou quando perseguidos (MENDES et. al., 2005).


O uso de animais abatidos na alimentação foi comum entre a maioria dos

entrevistados. O resultado pode ser explicado pelo fato de que pelo menos sete espécies

causadoras de conflitos neste caso são de interesse cinegético e comumente utilizadas como

alimento.

Enquanto a maioria dos entrevistados não soube dar soluções para evitar o conflito,

um morador disse que gostaria de fazer um cercado para sua criação. Isto mostra que o

manejo extensivo das criações é um dos motivos dos ataques e que medidas como cercados

podem diminuir os mesmos. MENDES et. al. (2005) dizem que mesmo a população local

estando ciente de que seus animais domésticos estão sendo predados principalmente pela

forma (extensiva) como são criados, é necessária a realização de trabalhos mais intensivos de

educação ambiental e de orientação dos moradores a fim de evitar novos casos de ataques.

Apesar disso, em PALMEIRA & BARRELA (2007) todos os entrevistados acreditaram ser

necessário haver algum controle da predação (por onças) e aceitariam sugestões de terceiros

para reduzirem os ataques.

ESPÉCIES AMEAÇADAS

Ataques por carnívoros normalmente são a causa de sentimentos negativos pela

população em relação aos animais. A predação é considerada mais importante

economicamente para os pequenos produtores que podem vir a perder seu único animal

(PALMEIRA & BARRELA, 2007). Isto intensifica medidas de retaliação contra estes

animais que já estão ameaçados, como é o caso da onça-pintada e gato-do-mato.

Dentre as espécies ameaçadas, a única com interesse cinegético é o macaco-prego.

Apesar de ter sido citado por apenas um morador, este resultado pode vir a ser maior quando
se comparar com toda a população residente da reserva, intensificando o conflito quando se

relaciona com a conservação da espécie.

O fato de algumas das espécies citadas como causadoras de danos estarem na lista

vermelha da fauna nacional ameaçada de extinção, mesmo que não estejam especificamente

ameaçadas para o Estado de Rondônia, demonstra a necessidade e a importância do

envolvimento de instituições ambientais no entorno das unidades de conservação,

principalmente as gestoras de tais unidades, com a finalidade de incentivar mudanças nas

práticas da população local que possam reduzir tanto os impactos humanos sobre a vida

silvestre, como os danos da fauna silvestre sobre a produção agropecuária (PALMEIRA &

BARRELA, 2007), no caso, a criação doméstica.


CONCLUSÕES

 Observou-se a existência de conflito entre os entrevistados e animais de médio e grande

porte da Reserva Extrativista Estadual Rio Cautário.

 O conflito apesar de ter se mostrado variável, entre baixo e alto, foi de intensidade

considerável, pois a maioria dos seringueiros afirmou matar o animal causador de dano.

 Os animais foram considerados freqüentes e com aparecimento em todas as épocas do

ano.

 Viu-se que dentre estes animais abatidos muitos são consumidos na alimentação e

comumente caçados.

 Uma política de auxílio no controle e manejo de criações e de plantações deve ser

estabelecida, pois pelo menos três espécies, dentre as mencionadas como causadoras de

conflitos, estão na lista nacional de espécies ameaçadas de extinção. Aliado a isso há o

uso de cachorros como “ferramenta” de prevenção dos ataques, o que muitas vezes

também se torna prejudicial à fauna silvestre.

 A participação da comunidade neste controle é de suma importância e essencial para que

qualquer medida conservacionista seja efetiva.


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ANEXOS

Anexo I
Anexo II

Questionário Conflito
Data:
Comunidade:
Colocação:
Nome do Entrevistado: Escolaridade:
Idade: Sexo:
Tempo que reside na reserva:
Natural de:
1- Existem espécies de animais silvestres causando danos aos animais domésticos ou plantações na sua
colocação? Quais espécies?
__________________________________________________________________________________
________________________________________________________
2- Qual a freqüência com que estas espécies aparecem?
__________________________________________________________________________________
________________________________________________________
3- Qual(is) espécie(s) é(são) mais freqüente(s)?
__________________________________________________________________________________
________________________________________________________
4- Existe um período do ano em que estes danos são maiores?
( ) Sim ( ) Não
Se sim, especificar o período para cada espécie: ______________________________
_____________________________________________________________________
5- Qual atitude é tomada para evitar o conflito?
__________________________________________________________________________________
________________________________________________________
6- Se matam, estes animais são usados na alimentação posteriormente?
( ) Sim ( ) Não
7- Além de plantações e criações, existem outros conflitos, como invasão de residências?
__________________________________________________________________________________
________________________________________________________
8- Que atitudes você acha que seriam melhores e que deveriam ser tomadas para evitar estes conflitos?
__________________________________________________________________________________
________________________________________________________

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