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Guia prático de divórcio

judicial, guarda e pensão


alimentícia
Marcello Benevides

Muitos de nossos clientes chegam até o escritório perdidos,


procurando soluções jurídicas para o fim de seus
relacionamentos, proteção dos filhos e divisão dos bens. Antes
de tudo, orientamos sempre pela mediação, essa é a melhor
forma de resolver conflitos de um casal, sejam que de natureza
for.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017



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Esse é sempre um momento delicado e ao mesmo tempo de muitas dúvidas


jurídicas, por isso criamos o GUIA PRÁTICO DE DIVÓRCIO JUDICIAL,
GUARDA E PENSÃO ALIMENTÍCIA. Muitos de nossos clientes chegam até o
escritório perdidos, procurando soluções jurídicas para o fim de seus
relacionamentos, proteção dos filhos e divisão dos bens.

Antes de tudo, orientamos sempre pela mediação, essa é a melhor forma de


resolver conflitos de um casal, sejam que de natureza for.

É preciso agir com cautela, por isso previamente agimos de forma a conciliar,
contudo, se mesmo após as tratativas, nada for resolvido, aí sim iremos
apresentar as possíveis soluções. Enfim, diante de tantas dúvidas resolvemos
criar esse guia.

Guia prático de divórcio judicial, guarda e pensão alimentícia

Abaixo iremos falar tópico a tópico sobre cada um dos temas acima, dando
também uma atenção a questão da visitação, lembrando sempre, que a
visitação não é uma disputa entre os ex-cônjuges, mas sim a garantia de que
o menor terá o convívio com ambas as famílias de seus genitores, o que será
vital para sua formação emocional e psicológica.

A – DIVÓRCIO JUDICIAL:

Recentemente, publicamos uma matéria referente ao Divórcio/Separação,


dando ênfase à modalidade extrajudicial, (feita em cartório).

Entretanto, algumas vezes, a via judicial é obrigatória. Essa obrigatoriedade


surge toda vez que o divórcio envolver menores, incapazes, ou nascituro
(criança ainda por nascer).

Como o próprio nome já diz, o divórcio judicial é processado perante a


Justiça, junto a uma das Varas de Família, sendo necessária a realização de
audiência com as partes, advogados e o juiz.

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A.1 – DAS MODALIDES DE DIVÓRCIO JUDICIAL:

Alguns clientes acabam se confundindo com a questão do divórcio, pois se


baseiam na antiga lei, hoje em dia, tudo ficou muito mais ágil e rápido,
podendo inclusive ser feito no cartório extrajudicial, como dito acima. A
imagem abaixo ilustra bem essa questão:
Atualmente o divórcio judicial pode ser tanto consensual quanto litigioso. O
consensual ocorre quando há concordância entre as partes. O litigioso, por
óbvio, é quando uma das partes não concorda com o divórcio.

A.2 – DAS MEDIDAS CABÍVEIS NO DIVÓRCIO:

Quando o assunto é o divórcio, muitas dúvidas surgem:

• Como irá ocorrer?

• O que pode ser pedido?

• Quanto tempo leva?

Normalmente, as ações de divórcio envolvem o divórcio, a mudança do nome


dos cônjuges após o feito, a guarda dos filhos, a visitação e a pensão
alimentícia.

A regra geral manda que o divórcio corra separado da ação de guarda e


alimentos.
No nosso humilde entender uma desnecessidade ritualística já que o TJ/RJ já
admitiu a cumulação de todas essas ações, conforme se vê:

"DIVÓRCIO DIRETO LITIGIOSO. PROCEDIMENTO ORDINÁRIO.


OBSERVÂNCIA. CUMULAÇÃO DE PEDIDOS. POSSIBILIDADE.
PRINCÍPIOS DA CELERIDADE E ECONOMIA PROCESSUAL. CIVIL E
PROCESSUAL CIVIL. DIVÓRCIO. PRETENSÃO DE CUMULAÇÃO DE
PEDIDOS DE AFASTAMENTO DO LAR, ALIMENTOS PROVISÓRIOS E
REGULAMENTAÇÃO DE VISITAS. POSSIBILIDADE. PRESTÍGIO AOS
PRÍNCIPIOS DA ECONOMIA E CELERIDADE PROCESSUAIS. RECURSO
PROVIDO. O divórcio no caso em exame é litigioso, donde deve ser
observado o procedimento ordinário (art. 292 CPC e 40, § 3º da lei 6.515/77).
Diante disso, não percebo qualquer óbice à cumulação de pedidos na forma
do art. 292, § 1º do CPC, eis que o réu é sempre o mesmo.
Demais, cumprir-se-á o princípio da celeridade do processo além da
economia processual sem prejuízo para qualquer das partes e para o
desenvolvimento do processo. Recurso provido. (grifei)
(TJ-RJ – AGRAVO DE INSTRUMENTO N° 0049902-
97.2012.8.19.0000 – Relator: DES. LINDOLPHO MORAIS
MARINHO – Julgamento: 15/01/2013 – DÉCIMA SEXTA CAMARA
CÍVEL)"

"Agravo de instrumento. Divórcio litigioso proposto por cônjuge varão,


cumulado com pedido de partilha, guarda e regulamentação de visitas, além
de fixação de alimentos. Decisão de 1º grau que determina a emenda da
inicial, sob o fundamento de que os demais pedidos deveriam vir por via
própria. Inconformismo do autor ora agravante. Cumulação de pedidos
permitida na forma do art. 292 CPC. Adoção do procedimento ordinário.
Direito material em função do qual se criou o rito especial compatível com o
rito comum. Medida de economia processual que representa para as partes
uma resposta imediata à prestação jurisdicional que se espera.
Desnecessidade de ajuizamento de novas ações. Autor que, na qualidade de
devedor de alimentos, vem requerer a fixação os mesmos. Fato que não
impede, contudo, o ajuizamento de ação pelo rito especial pelo credor, em
caso de inadimplemento. Precedentes. Decisão que se reforma. Recurso a
que se dá provimento, na forma do art. 557 § 1º-A CPC. (grifei)

(TJ-RJ – AGRAVO DE INSTRUMENTO N° 0034310-


13.2012.8.19.0000 – Relator: DES. CRISTINA TEREZA GAULIA –
Julgamento: 03/07/2012 – QUINTA CAMARA CÍVEL)."
Obviamente, cada juiz tem seu entendimento sobre o tema, e pela praticidade
e economia de tempo, convém propor ações separadas, que caso o juiz
queira, poderão ser unificadas.

Uma dúvida muito comum de nossos clientes é se em sede de divórcio, pode


uma das partes recusar a se separar.

Obviamente, a resposta é não. A lei jamais imporia a alguém a


obrigatoriedade de viver com alguém contra sua vontade.

Assim, por mais que a outra parte resista, em sede de divórcio, a sentença do
juiz sempre será a separação do casal.

A resistência de uma das partes será somente para atrasar o feito.

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A.3 – DAS AUDIÊNCIAS:

Ao contrário do divórcio extrajudicial (realizado em cartório de notas), no caso


do divórcio judicial, será necessário comparecimento nas audiências.

Normalmente em ações dessa natureza são feitas 02 audiências: 01 de


conciliação e 01 de instrução e julgamento.

Na primeira, conciliatória, é perguntado ao casal se realmente desejam o


divórcio, se não tem qualquer interesse em continuar juntos.

Não havendo tal interesse, e sendo o divórcio litigioso, busca-se, ao menos, o


acordo sobre os temas controvertidos que possam haver, como a guarda dos
filhos, a partilha de bens, a pensão etc.

A conciliação sempre será buscada, tentando unir novamente o casal, ou pelo


menos, chegar a um consenso. Essa é a exigência do NCPC, que em
seu artigo 694 e 696 do NCPC:
"Art. 694. Nas ações de família, todos os esforços serão
empreendidos para a solução consensual da controvérsia,
devendo o juiz dispor do auxílio de profissionais de outras
áreas de conhecimento para a mediação e conciliação."
"Art. 696. A audiência de mediação e conciliação poderá
dividir-se em tantas sessões quantas sejam necessárias para
viabilizar a solução consensual, sem prejuízo de providências
jurisdicionais para evitar o perecimento do direito."

Mas também vale dizer que sendo óbvio que jamais haverá acordo entre as
partes, o juiz irá decretar o divórcio, para depois julgar as demais questões.

E dependendo das demais questões, serão necessários pareceres de peritos,


psicólogos e afins.

Por isso, para maior celeridade, a conciliação é sempre um caso a ser


pensado com carinho.

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B – DA VISITAÇÃO E DA GUARDA DOS MENORES:

Talvez a maior questão nessas ações, a visitação e guarda dos filhos, é o que
merece maior atenção e preocupa muitos pais e mães.

Em primeiro lugar, vale dizer que questões pessoais, mágoas e


ressentimentos devem ser deixados de lado porque o princípio que rege tais
questões é o melhor interesse do menor, a busca por seu bem-estar,
crescimento e desenvolvimento saudáveis.

B. 1 – DA GUARDA COMPARTILHADA

Foi-se o tempo da regra base que os filhos deveriam sempre ficar com mãe e
que o pai os veria somente uma vez ao mês ou a cada 15 dias.

Hoje, o Judiciário busca uma convivência mais plena, com guarda


compartilhada, ou pelo menos a possibilidade do menor ser visitado pelo
genitor(a), quando este quiser.
Evidente que nem tudo são flores, e a guarda compartilhada, vale dizer, pode
ser um martírio tanto para o casal quanto para criança, se não houver bom
senso e parcimônia.

Anteriormente o STJ já havia se posicionado no sentido de que a falta de


diálogo dos cônjuges não inviabilizaria a guarda compartilhada.

Mais uma vez, em nosso humilde entendimento, uma verdadeira violência


com o menor e com toda a família.

Afinal, se tratando de direito de família, guarda e o melhor interesse do


menor, princípio que deve reger tais ações, caso os pais estejam em
desacordo, a guarda compartilhada não trará benefícios e sim instabilidade.

E se a base para ações dessa natureza é justamente a proteção integral à


criança e adolescente, na forma do artigo 227 da CF/88 , como também
no artigo 3.º do ECA – lei 8.069/90.
Não obstante, o artigo 6.º do ECA ainda diz:
Art. 6º Na interpretação desta Lei levar-se-ão em conta os
fins sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum,
os direitos e deveres individuais e coletivos, e a condição
peculiar da criança e do adolescente como pessoas em
desenvolvimento.

E justamente tendo em vista essa parte final destacada, "a condição peculiar
da criança e adolescente como pessoas em desenvolvimento, é que
entraremos em um tema que além de bastante pertinente, tem sido o pilar das
discussões acerca da guarda e visitação: a alienação parental.
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B. 2 – DA ALIENAÇÃO PARENTAL:

Como já falado no texto acima, a alienação parental é um fenômeno que


ocorre quando genitores, avós, familiares ou qualquer adulto sob poder de
guarda ou gerência sobre o menor, por meio de conduta, ameaça, direta ou
indireta, busca minar a relação da criança ou adolescente, com familiar,
fazendo com que os laços afetivos sejam rompidos.
Uma questão delicada, que infelizmente tornou-se tão frequente, que foi
preciso legislar para tentar impedir o avanço do mal da alienação parental.

A lei 12.318/10, dispõe de vários "meios de combate" para quando os atos de


alienação são praticados.

Todavia, como falamos no título anterior, o artigo 6.º do Eca aduz que deve
ser considerada a condição peculiar da criança e do adolescente.

Assim, as medidas de combate dispostas no artigo 6.º da lei


12.318/10, devem ser tomadas com máxima cautela, por serem por demais
agressivas à alguns casos em concreto:
Art. 6o Caracterizados atos típicos de alienação parental ou
qualquer conduta que dificulte a convivência de criança ou
adolescente com genitor, em ação autônoma ou incidental, o
juiz poderá, cumulativamente ou não, sem prejuízo da
decorrente responsabilidade civil ou criminal e da ampla
utilização de instrumentos processuais aptos a inibir ou
atenuar seus efeitos, segundo a gravidade do caso:
I – declarar a ocorrência de alienação parental e advertir o
alienador;
II – ampliar o regime de convivência familiar em favor do
genitor alienado;
III – estipular multa ao alienador;
IV – determinar acompanhamento psicológico e/ou
biopsicossocial;
V – determinar a alteração da guarda para guarda
compartilhada ou sua inversão;
VI – determinar a fixação cautelar do domicílio da criança ou
adolescente;
VII – declarar a suspensão da autoridade parental.
Sobre as medidas acima elencadas, é que incide nossa crítica ao fato de que
embora algumas vezes necessárias, as medidas em questão, em especial as
dos incisos II, V, VI e VII, devem ser ao máximo evitadas, sob pena de causar
ainda mais danos ao menor/adolescente, infringindo de forma grave o artigo
6.º do ECA.
Porque se o princípio da Proteção Integral à Criança e adolescente está
previsto em nossa Carta Política, no artigo 227, assim como o melhor
interesse, não se pode permitir que ao menor sinal de alienação, ou ainda,
que pais ou mães, fazendo-se de preocupados, mas na verdade, somente
intencionados em ferir a outra parte, venham usar a guarda da
criança/adolescente, ou a visitação como meio de atacar o outro.
Ademais, nossa boa norma, muito mais que a relação de sangue, prestigia o
bem-estar psíquico, social e emocional do menor/adolescente.

Assim, em casos em que os laços afetivos entre pais, mães, avós de sangue
estejam rompidos, é preciso cautela para não se confundir a questão com
alienação parental.

Assim, explicamos: a alienação ocorre na forma do artigo 2.º da lei


12.318/10:
Art. 2º Considera-se ato de alienação parental a interferência
na formação psicológica da criança ou do adolescente
promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou
pelos que tenham a criança ou adolescente sob a sua
autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou
que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de
vínculos com este.

Mas e quando os laços afetivos entre o genitor e o menor/adolescente não


existem por culpa exclusiva do genitor que é ausente, relapso ou ainda
deixou-se substituir por um avô, tio, tia, avó?

É justo crer que ocorre a alienação parental e retirar o menor/adolescente do


lar afetivo já plenamente estabelecido, com o qual ele já está perfeitamente
habituado?

Uma inversão de guarda em um caso como este não seria muito mais danosa
que benéfica?

O que dizer então quando o cônjuge que busca a inversão só o faz em


palavras mas não em atitudes? Quando embora diga desejar, não faz questão
nem se esforça para manifestar qualquer condição saudável de convívio.

Nas imortais palavras de Antoine de Saint-Exupéry:

"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que


cativas"
Nesse espírito, por mais que sejam necessárias regras para evitar a
alienação parental, e por mais que tenhamos um judiciário atento a esse
tema, devemos evitar ao máximo o ativismo e quando o assunto for a
alienação, inversão ou modificação de guarda, a visitação, o amor, o convívio,
a segurança, não podem ser forçados. A guarda não deve ser abruptamente
invertida.

Até porque o afeto não veio abrupto mas veio da convivência diária, que
muitos pais por anos renegaram e não pode de um mês para o outro ser
buscado por ordem judicial.

O laço afetivo, construído de forma leve, gradativa e duradoura é que deve


imperar, porque é no afeto que irá residir a segurança que o
menor/adolescente necessita.

Daí, nossa eterna busca pela conciliação, que caso impossível num primeiro
momento, deve sempre ser buscada para o bem estar do menor, que em
nosso humilde entender, não pode ter sua segurança arriscada ou seu amor
forçado pela norma, que não pode ser interpretada em prol do direito do pai
ou da mãe, mas sim sob a ótica da melhor segurança, saúde, e estabilidade
emocional do menor.

C – DA PENSÃO ALIMENTÍCIA:

Por último, mas não menos importante, a pensão alimentícia, normalmente o


centro das discussões em divórcio ainda gera muitas dúvidas, que aqui
visamos esclarecer.

O artigo 1.696 do CC estipula quem pode prestar e receber alimentos:


Art. 1.696. O direito à prestação de alimentos é recíproco
entre pais e filhos, e extensivo a todos os ascendentes,
recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em
falta de outros.

________________________________________

C. 1 – Pensão entre cônjuges


O pagamento de pensão alimentícia também poderá ser realizado entre os
cônjuges, ou seja, um dos ex-companheiros deverá pagar pensão para o
outro, conforme determina o artigo 1694 do CC:
Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns
aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo
compatível com a sua condição social, inclusive para atender às
necessidades de sua educação.
§ 1º Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do
reclamante e dos recursos da pessoa obrigada.
§ 2º Os alimentos serão apenas os indispensáveis à subsistência,
quando a situação de necessidade resultar de culpa de quem os pleiteia.

Contudo, isso vai depender de uma série de fatores que deverão ser
avaliados caso a caso. Um dos principais fatores levado em consideração
pelos Juízes ocorre quando o cônjuge abre mão de sua vida pessoal ou por
livre escolha decide dedicar-se exclusivamente ao companheiro(a), casa e
filhos, nesses casos, na maioria das vezes é fixado valor de pensão em favor
daquele que abriu mão do trabalho externo e dedicou anos de sua vida a
família.

A razão para que exista um pedido dessa natureza ocorre devido a clara
impossibilidade de inserção no mercado de trabalho.

Um caso emblemático de pagamento de pensão alimentícia entre cônjuges,


ocorreu entre o jogador de futebol e sua ex-esposa, uma jovem atriz global.
Em primeira instância a pensão alimentícia foi fixada em R$ 50.000,00
(cinquenta mil reais).

A argumentação da juíza, foi a de que a jovem atriz abriu mão de contratos de


alta monta e de todo o trabalho para viver com o atleta no exterior.

Por cautela, aconselhamos que esse valor de pensão seja sempre oferecido
de forma judicial, através de uma ação de oferecimento de alimentos, pelo
cônjuge que detinha o poder econômico. Os juízes tendem a ver com bons
olhos aqueles que se predispõem a efetuar o pagamento da pensão.

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C. 2 – Avós podem ter que arcar com o pagamento dos
alimentos?

Sim é a nossa resposta, na falta dos pais ou da capacidade destes, a pensão


necessária pode ser dada ou complementada por outros, como os avós,
conforme determina o artigo 1698 também do CC, veja abaixo:

Art. 1.698. Se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, não


estiver em condições de suportar totalmente o encargo, serão chamados
a concorrer os de grau imediato; sendo várias as pessoas obrigadas a
prestar alimentos, todas devem concorrer na proporção dos respectivos
recursos, e, intentada ação contra uma delas, poderão as demais ser
chamadas a integrar a lide.

Entretanto, a obrigação avoenga (obrigação dos avós) só surge quando


esgotados todos os meios de receber alimentos de quem realmente os deve:
os pais.

Admite-se ainda que os avós prestem alimentos à título de complementação,


mas para tanto, preciso antes que se comprove a real necessidade do
alimentado, que deve sempre ser comprovada.

Os alimentos via de regra destinam-se a suprir as necessidades básicas:


alimentação, saúde, educação.

Evidente que atualmente os juízes se atém a diversos fatores até porque o


binômio necessidade do alimentado e possibilidade do alimentante, deu lugar
ao trinômio necessidade, possibilidade e razoabilidade, de forma que não se
permita também que o padrão de vida do alimentado decaia de forma
absurda, como também o alimentante não seja colocado em miserabilidade
para arcar com um padrão que ele não pode sustentar.

Aí reside a proporcionalidade, que deve sempre ser buscada pelo Julgador.

Outro questionamento não menos importante, se refere ao cálculo para


estipulação do valor da pensão.

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C. 3 – Como é calculado o valor da pensão alimentícia?

Normalmente os pensionamentos giram em torno de 10% a 30% dos


rendimentos brutos do alimentante. Evidente que existem fatores que influem
nesse percentual, como: existência de outros filhos, despesas com
ascendentes, saúde etc.

Quando genitor que faz o pagamento da pensão não tem emprego fixo, sendo
empresário ou autônomo, caberá o juiz analisar os fatos apresentados sobre
tudo o modo de vida do Alimentante. Por exemplo, se realiza muitas viagens,
se mora em bairro de luxo ou de classe média alta, se tem um padrão de vida
sofisticado, com carros de alto monta, frequenta restaurantes badalados ou
ainda casas de show.

Os juízes tendem a tomar como base essas informações para quantificar o


valor da pensão, que normalmente é fixada em salários mínimos.

Obviamente, que tais questões devem sempre ser provadas para que o juízo
altere o percentual em eventual pedido de redução.

Abaixo listamos algumas decisões judiciais de genitores que apresentaram


Imposto de Renda e comprovantes não condizentes com sua realidade numa
tentativa de burlar a lei.

DIREITO DE FAMÍLIA. AÇÕES DE OFERTA DE ALIMENTOS. JULGAMENTO


CONJUNTO. SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA. GENITOR
(ALIMENTANTE) QUE É EMPRESÁRIO NO RAMO FINANCEIRO,
SENDO SÓCIO DE MAIS DE UMA EMPRESA DO RAMO.
NECESSIDADE DOS ALIMENTANDOS DEMONSTRADA NOS
AUTOS. SENTENÇA DE PARCIAL PROCEDÊNCIA QUE FIXA OS
ALIMENTOS EM 3,5 SALÁRIOS MÍNIMOS, BEM COMO AO
PAGAMENTO DO PLANO DE SAÚDE DOS RÉUS/FILHOS E DE
METADE DO MATERIAL ESCOLAR, MEDIANTE COMPROVAÇÃO
DAS DESPESAS.In casu, restou comprovada a necessidade dos réus que
contam, respectivamente, com vinte e dezoito anos de idade e, que são
estudantes universitários, bem como pelas despesas mensais. Por outro lado,
o autor, além de aposentado, é empresário que atua no ramo financeiro,
possuindo condições de arcar com os alimentos acima do percentual
oferecido. Presença do binômio necessidade-possibilidade. Percentual fixado
com razoabilidade e proporcionalidade. Manutenção da sentença.
DESPROVIMENTO DOS RECURSOS.
(TJ-RJ – APL: 39208920108190207 RJ 0003920-89.2010.8.19.0207,
Relator: DES. SEBASTIAO BOLELLI, Data de Julgamento: 26/04/2011,
DECIMA SEXTA CAMARA CIVEL, Data de Publicação: 13/05/2011)
AGRAVO REGIMENTAL EM AGRAVO DE INSTRUMENTO CONTRA
DECISÃO MONOCRÁTICA DO RELATOR QUE CONHECEU DO RECURSO,
NEGANDO PROVIMENTO AO MESMO. AGRAVO DE INSTRUMENTO.
DECISÃO INTERLOCUTÓRIA DEFERINDO A QUEBRA DO SIGILO
BANCÁRIO DA SOCIEDADE EMPRESÁRIA DA QUAL O RÉU ERA SÓCIO
COTISTA ATÉ O AJUIZAMENTO DA PRESENTE AÇÃO DE ALIMENTOS.
ALTERAÇÃO CONTRATUAL QUE RETIROU O RÉU DA SOCIEDADE, NO
ENTANTO O MESMO CONTINUAVA CONSTANDO COMO
SÓCIO/PROPRIETÁRIO DA EMPRESA ATÉ 17/08/2012, OU SEJA, ATÉ
PELO MENOS 2 ANOS DE SUA RETIRADA DA
SOCIEDADE. DEFERIMENTO QUE SE TORNA LEGITIMO TENDO
EM VISTA QUE APARENTEMENTE O ALIMENTANTE TENTA SE
DESONERAR DA PRESTAÇÃO DE ALIMENTOS UTILIZANDO-SE
DE ARTIFÍCIOS DOS QUAIS SE INCLUEM A SOCIEDADE
EMPRESARIA DA QUAL ERA SÓCIO. NEGA-SE PROVIMENTO AO
RECURSO. – ARGUMENTO TRAZIDO PELO AGRAVANTE QUE NÃO
JUSTIFICA A REVISÃO DO JULGADO. NEGA-SE PROVIMENTO AO
RECURSO.
(TJ-RJ – AI: 00112220920138190000 RJ 0011222-09.2013.8.19.0000,
Relator: DES. EDSON QUEIROZ SCISINIO DIAS, Data de Julgamento:
21/08/2013, DÉCIMA QUARTA CAMARA CIVEL, Data de Publicação:
24/10/2013 14:13)

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C. 4 – Por quanto tempo dura a obrigatoriedade ao pagamento de pensão?


Quando falamos em pensão para o ex-cônjuge, pode ser
arbitrada por tempo determinado, na média de 01 a 02 anos ,
até que o mesmo se reinsira no mercado profissional, tendo sido este o
recente entendimento do Superior Tribunal de Justiça.

No entanto, quando falamos de pensionamento para os filhos, existem 03


correntes:

– Até a maioridade, 18 anos, (MAIS UTILIZADA);


– Até a conclusão dos estudos em nível superior, em média 24 anos;
– Até a completa inserção no mercado de trabalho (sem tempo definido).

Evidente também que esse prazos não são fixos, variando de caso a caso,
dependendo das circunstâncias concretas de cada caso.

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*Marcello Benevides é diretor executivo do Marcello Benevides –


Assessoria Jurídica.
Fonte: https://www.migalhas.com.br/dePeso/16,MI251865,81042-
Guia+pratico+de+divorcio+judicial+guarda+e+pensao+alimenticia

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