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Usar o tempo

«Aqueles que empregam mal o tempo, são os primeiros a lamentar-se que passa
demasiado depressa.» A agenda que tenho à minha frente diz que, se Deus quiser, tenho
ainda 262 dias para viver em 2019, mas que 103 já desapareceram.

Sobre a realidade do tempo deteve-se ao longo dos séculos a acuidade dos lósofos, mais
do que a dos cientistas, até porque se trata de uma das dimensões capitais da nossa
existência, muito mais relevante do que a do espaço. Cada hora que goteja não é, com
efeito, apenas um salto no relógio cósmico, é sobretudo uma porção da nossa vida que se
consuma.

É Jean La Bruyère, escritor moralista do século XVII, que hoje nos oferece uma das muitas
considerações sobre o uso do tempo.

Podemos transcrevê-la com uma experiência que todos fazem: quando se tem um favor a
pedir a alguém, nunca se deve ir ter com quem tem pouco que fazer, porque dir-te-á
sempre que está demasiado ocupado. É preferível, antes, dirigir-se àquela pessoas das mil
e uma atividades, e verás que arranjará tempo para te ajudar.

E isto nem sempre porque o primeiro é preguiçoso, mas sobretudo porque emprega mal o
tempo e, portanto, apesar de ter diante de si um arco de dias amplo, lamentar-se-á sempre
de que «o tempo passa demasiado depressa». Saber usar bem o tempo é uma arte, e não
apenas uma virtude.

Gostaria de concluir com uma variação sobre o tema, extraindo-a da “Arte de amar”, de
Erich Fromm: «O homem moderno faz as coisas à pressa para não perder tempo, mas
depois não sabe o que fazer do tempo ganho, a não ser matá-lo».

P. (Card.) Gianfranco Ravasi


In Avvenire
Trad.: ui Jorge Martins
Imagem: Ilya.K/Bigstock.com
Publicado em 13.04.2019
 

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