Sie sind auf Seite 1von 2

Disciplina: História

Professor: Luciana Brum


Estudante: _____________________________________________________
Data: _____/_____/ 2019 Turma: 7º___

A Idade Média presente em nosso dia-a-dia

Se numa conversa com homens medievais utilizássemos a expressão “Idade Média”, eles não
teriam ideia do que estaríamos falando. Como todos os homens de todos os períodos históricos, eles
viam-se na época contemporânea. De fato, falarmos em Idade Antiga ou Média representa uma
rotulação a posteriori, uma satisfação da necessidade de se dar nome aos momentos passados. No
caso do que chamamos de Idade Média, foi o século XVI que elaborou tal conceito. Ou melhor, tal
preconceito, pois o termo expressava um desprezo
indisfarçado em relação aos séculos localizados entre a
Antiguidade Clássica e o próprio século XVI. Este se via
como o renascimento da civilização greco-latina.
Pensemos num dia comum de uma pessoa
comum. Tudo começa com algumas invenções
medievais: ela põe sua roupa de baixo (que os romanos
conheciam mas não usavam), veste calças compridas
(antes, gregos e romanos usavam túnica, peça inteiriça,
longa, que cobria todo o corpo), passa um cinto fechado
com fivela (antes ele era amarrado). A seguir, põe uma
camisa e faz um gesto simples, automático, tocando
pequenos objetos que também relembram a Idade
Média, quando foram inventados, por volta de 1204: os botões. Então ela põe os óculos (criados em
torno de 1285, provavelmente na Itália) e vai verificar sua aparência num espelho de vidro (concepção
do século XIII). Por fim, antes de sair olha para fora através da janela de vidro (outra invenção
medieval, de fins do século XIV) para ver como está o tempo.
Ao chegar na escola ou no trabalho, ela consulta um calendário e verifica quando será, digamos,
a Páscoa este ano: 21 de abril de 2019.. Assim fazendo, ela pratica sem perceber alguns ensinamentos
medievais. Foi um monge do século VI que estabeleceu o sistema de contar os anos a partir do
nascimento de Cristo. Essa data (25 de dezembro) e o dia de Páscoa (variável) também foram
estabelecidos pelos homens da Idade Média. Mais ainda, ao escrever a data, usamos os chamados
algarismos arábicos, inventados na Índia e levados pelos árabes para a Europa, onde foram
aperfeiçoados e difundidos desde o começo do século XIII. O uso desses algarismos permitiu
progressos tanto nos cálculos cotidianos quanto na matemática, por serem bem mais flexíveis que os
algarismos romanos anteriormente utilizados.
Para começar a trabalhar, a pessoa possivelmente abrirá um livro para procurar alguma
informação, e assim homenageará de novo a Idade Média, época em que surgiu a ideia de substituir
o incômodo rolo no qual os romanos escreviam. Com este, quando se queria localizar certa passagem
do texto, era preciso desenrolar metros de folhas coladas umas nas outras. Além disso, o rolo
desperdiçava material e espaço, pois nele se escrevia apenas de um lado das folhas. O formato bem
mais interessante do livro ficou ainda melhor com a invenção da imprensa, em meados do século XV,
que permitiu multiplicar os exemplares e assim barateá-los. Tendo encontrado o que queria, a pessoa
talvez pegue uma folha em branco para anotar e, outra vez, faz isso graças aos medievais. Deles
recebemos o papel, inventado anteriormente na China, mas popularizado na Europa a partir do século
XII. Mesmo ao passar suas ideias para o computador, a pessoa não abandona a herança medieval.
O formato das letras que ali aparecem, assim como em jornais, revistas, livros e na nossa caligrafia,
foi criado por monges da época de Carlos Magno.
Sentindo fome, a pessoa levanta os olhos e consulta o relógio na parede da sala, imitando gesto
inaugurado pelos medievais. Foram eles que criaram, em fins do século XIII, um mecanismo para
medir o passar do tempo, independentemente da época do ano e das condições climáticas. Sendo
hora do almoço, a pessoa vai para casa ou para o restaurante e senta-se à mesa. Eis aí outra novidade
medieval! Na Antiguidade, as pessoas comiam recostadas numa espécie de sofá, apoiadas sobre o
antebraço. Da mesma forma que os medievais, pegamos os alimentos com colher (criada
aproximadamente em 1285) e garfo (século XI, de uso difundido no XIV). Terminada a refeição, a
pessoa passa no banco, que, como atividade laica, nasceu na Idade Média. Depois, para autenticar
documentos, dirige-se ao cartório, instituição que desde a Alta Idade Média preservava a memória de
certos atos jurídicos (“escritura”), fato importante numa época em que pouca gente sabia escrever.
À noite, enfim, a pessoa vai à universidade, instituição que em pleno século XXI ainda guarda
as características básicas do século XII, quando surgiu. As aulas, com frequência, são dadas a partir
de um texto que é explicado pelo professor e depois debatido pelos alunos. Alguns deles recebem um
auxílio financeiro para poderem estudar, como no colégio fundado pelo cônego Roberto de Sorbon
(1201-1274) e que se tornaria o centro da Universidade de Paris. Depois de mais um dia de trabalho
e estudo, algumas pessoas querem relaxar um pouco e passam na casa de amigos para jogar cartas,
divertimento criado em fins do século XIV, como lembram os desenhos dos naipes e a existência de
reis, rainhas e valetes. Outros preferem manter a mente bem ativa e vão praticar xadrez, jogo muito
apreciado pela nobreza feudal, daí a presença de peças como os bispos, as torres e as rainhas.
Durante todas essas atividades, pensamos, falamos, lemos e escrevemos em português, sem,
na maioria das vezes, nos darmos conta de que esse elemento central do patrimônio cultural brasileiro
vem da Idade Média. E não só porque a nossa língua nasceu em Portugal medieval. Como qualquer
língua, com o passar do tempo o português falado na sua terra de origem foi se alterando bastante.
Mas no Brasil aquele idioma foi introduzido no século XVI por colonos que falavam da mesma forma
que cem ou duzentos anos antes, isto é, como em Portugal medieval.
Para os homens e mulheres medievais, o referencial de todas as coisas era sagrado. Isso
gerava, compreensivelmente, um sentimento generalizado de insegurança. Temia-se pelo resultado,
quase sempre pobre, das colheitas. Temia-se a presença frequente das epidemias, que não se sabia
combater. Desamparado diante de uma
natureza frequentemente hostil, o homem
encontrava as origens disso, e as possíveis
escapatórias, num mundo do Além.
Acreditava-se que toda doença fosse
causada por um agente externo ao
organismo, daí a necessidade de amuletos,
filtros ou exorcismos para obtenção da cura.
Noutros termos, a magia que causa a
doença deve ser combatida por outra
magia.O clero, naturalmente,
desempenhava o papel central, pois, sendo
o grande intermediador entre a humanidade
e a Divindade, atribuía a si mesmo o poder
de indicar os elementos a ser combatidos.
Era comum o fenômeno de demonização dos opositores da Igreja, justificando-se assim a destruição
dos hereges.
Autor: Hilário Franco Júnior é professor da Universidade de São Paulo.

Das könnte Ihnen auch gefallen