Sie sind auf Seite 1von 12

PROJETO DE LEI Nº 516, DE 2019

Veda a compra, venda, fornecimento e


consumo de bebidas alcoólicas nas
instituições de ensino, públicas e
privadas, incluindo aquelas voltadas ao
Ensino Superior, e proíbe, expressamente,
as chamadas festas "open bar", nestas
mesmas instituições, em todo o Estado de
São Paulo.

A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DE SÃO PAULO DECRETA:

Artigo 1º - Ficam vedados a compra, venda, fornecimento e consumo de bebidas alcoólicas em


toda e qualquer instituição de ensino, pública ou privada, no Estado de São Paulo.

§1º - Consideram-se instituições de ensino, para os efeitos desta lei, aquelas voltadas ao
Ensino Infantil, ao Ensino Fundamental, ao Ensino Médio e ao Ensino Superior.

§2º - O disposto neste artigo se aplica às áreas destinadas às moradias estudantis, aos centros
acadêmicos, aos diretórios acadêmicos, às organizações atléticas, aos grêmios estudantis, aos
clubes de professores, aos clubes de funcionários e a quaisquer associações ou agremiações
congêneres.

Artigo 2º - Ao aluno, professor ou funcionário que infringir o disposto nesta lei aplicar-se-ão as
penalidades previstas nos regulamentos internos das respectivas instituições de ensino a que
estão vinculados.

Artigo 3º - O disposto nesta lei aplicar-se-á, inclusive, aos eventos promovidos pela instituição
de ensino fora de suas dependências e em datas estranhas ao período letivo.

Artigo 4º - Fica vedada a realização de festas open bar nas dependências de instituição de
ensino, pública ou privada, no Estado de São Paulo.

§1º- O disposto neste artigo se aplica às áreas destinadas às moradias estudantis, aos centros
acadêmicos, aos diretórios acadêmicos, às organizações atléticas, aos grêmios estudantis, aos
clubes de professores, aos clubes de funcionários e a quaisquer associações ou agremiações
congêneres.
§2 º - Quem fornecer bebida alcoólica a instituição de ensino, centro acadêmico, diretório
acadêmico, organização atlética, grêmio estudantil, clube de professores, clube de funcionários
ou qualquer associação ou agremiação congênere, ficará sujeito à multa de dez salários
mínimos.

§3º- Aplica-se a multa em dobro, quando o fornecimento for feito por pessoa jurídica e no triplo,
quando o fornecimento ocorrer a título gratuito, ou por valor inferior àquele praticado no
mercado.

Artigo 5º - A multa prevista no artigo anterior será utilizada em ações voltadas à prevenção do
uso e abuso de álcool e outras drogas, no âmbito escolar.

§1º- Relativamente às instituições de Ensino Infantil, Fundamental e Médio, compete aos


Conselhos Tutelares zelar pelo cumprimento da presente lei, aplicar a multa e desenvolver
ações preventivas com os valores amealhados.

§2 º- Relativamente às instituições de ensino superior, compete ao Conselho Estadual da


Educação zelar pelo cumprimento da presente lei, aplicar a multa e desenvolver ações
preventivas com os valores amealhados.

§3º- Concorrentemente à competência dos Conselhos Tutelares e do Conselho Estadual de


Educação, qualquer cidadão poderá noticiar o descumprimento da presente lei ao Ministério
Público.

Artigo 6º - Esta lei entra em vigor na data de sua publicação, ficando revogada a Lei nº 13.545,
de 20 de maio de 2009.

JUSTIFICATIVA

O co n su mo de b eb ida s alco ó lica s po r ad o le scen t e s e jo ve n s a du lto s,


esp e cia lme n te a qu e le s q ue cu rsa m o En sino Su pe rio r, é u ma in con t e st á ve l
rea lid a de no B ra sil.
Se gu nd o o “I Le van t a me n to Na cion a l sob re o Uso de Ta b a co , Á lco o l e
Ou t ra s Drog a s en t re Un ive rsit á rio s da s 27 Ca p it a is B ra sile ira s” – est ud o
p ro du zid o e re fe re nd ad o p e la Se cret a ria Na cio na l de P o lí t ica s sob re Drog a s,
SE NA D – , “a lit e rat u ra su ge re qu e o uso de álco o l ne sta po pu la ção é
p re o cu p an t e ” 1 , e m e spe cia l po rqu e é nota do um a ume nto na s tax as de
cons umo des ta droga com o pas sa r dos anos :
“P o r e xe mp lo , e m e stu da n te s d a Un ive rsida de de S ão
Pa u lo , ho u ve u m au men t o sig n if icat ivo , en t re o s an os d e
19 96 e 2 00 1, no con su mo de b eb ida s a lco ó lica s (8 8, 5 %
pa ra 91 ,9 %), co m re la ção a o u so d e á lco o l n a vid a
(An d rad e et a l. , 19 97 ; St e mp liu k e t a l. , 2 00 5 )” 2 .
De f o rma a in da ma is a la rma n t e, o le van t a men t o a po nt a qu e 6 7% d os
ho men s n est a f a se d a vida e 56 % d a s mu lh e re s in ge rira m be b id a s a lco ó lica s
nos úl ti mos 30 (tri nta ) dia s , in d ican do qu e o u so do á lcoo l é nã o ap en as
int e n so , ma s t a mbé m b ast an t e f re qu en t e 3 .
Est ima - se , a in da , qu e u m e m ca da q ua t ro e stu da n te s t en ha rea liza d o,
pe lo me n o s, u ma ve z no s 30 (t rin ta ) d ia s a nt e rio re s à e nt re vista u m cons umo
pe s a do epi s ódi c o ( bi nge dri nk i ng ) de á lc ool , en qu an t o u m e m ca da t rê s
re lat ou te r fe it o uso d est a d ro g a ne ste pa d rã o n os ú lt imo s 12 (d o ze ) me se s 4 ,
da do s qu e co nf irma m a in da ma is o q uã o in t e rna liza do e stá esse há b ito na
vida un ive rsit á ria do s jo ve n s b ra sile iro s.
O s ma lef í cio s d e ta l p a ra d ig ma co mpo rt a men t a l, na tu ra lme n te , sã o
mu ito s. O P ro fe sso r A rt hu r G ue rra , sup e rviso r ge ra l d o G rup o In te rd iscip lin a r
de E stu do s de Á lcoo l e Dro g a s d o I n st itu to de P siqu ia t ria d a Fa cu lda de de
Med icin a da USP, a po nt a co mo con seq uê n cia s n eg at iva s do co n su mo
exa ce rb a do de á lco o l nã o a pe na s a qu e le s de sdo b ra men t o s ma is ó bvio s d e
cu rt o p ra zo , co mo pos sí v ei s i ntox ic aç õe s e a suj ei ç ã o a si tua ç õe s de ris c o
imi ne nte (co mo a cide nt e s de t râ n sit o o u vu lne ra b ilid ad e a p rá t ica s se xua is

1
Brasil. Presidência da República. Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas. I Levantamento
Nacional sobre o Uso de Álcool, Tabaco e Outras Drogas entre Universitários das 27 Capitais
Brasileiras/Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas; GREA/IPQ-HCFMUSP. Org.: Andrade AG,
Duarte PCAV, Oliveira LG. Brasília: SENAD; 2010, p. 84.
2
Brasil. Presidência da República. Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas. I Levantamento
Nacional sobre o Uso de Álcool, Tabaco e Outras Drogas entre Universitários das 27 Capitais
Brasileiras/Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas; GREA/IPQ-HCFMUSP. Org.: Andrade AG,
Duarte PCAV, Oliveira LG. Brasília: SENAD; 2010, p. 84.
3
Isso sem mencionar que, de acordo com o referido estudo, apesar de a legislação nacional autorizar o
consumo de álcool apenas depois dos 18 (dezoito) anos de idade, 79,2% dos universitários em idades
inferiores já consumiram a droga. Vide: Brasil. Presidência da República. Secretaria Nacional de
Políticas sobre Drogas. I Levantamento Nacional sobre o Uso de Álcool, Tabaco e Outras Drogas entre
Universitários das 27 Capitais Brasileiras/Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas; GREA/IPQ-
HCFMUSP. Org.: Andrade AG, Duarte PCAV, Oliveira LG. Brasília: SENAD; 2010, p. 87.
4
Brasil. Presidência da República. Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas. I Levantamento
Nacional sobre o Uso de Álcool, Tabaco e Outras Drogas entre Universitários das 27 Capitais
Brasileiras/Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas; GREA/IPQ-HCFMUSP. Org.: Andrade AG,
Duarte PCAV, Oliveira LG. Brasília: SENAD; 2010, p. 89.
nã o con se nt id a s), ma s t a mbé m ce rto s p re juí zo s qu e d e mo ra m ma is p a ra
se re m se nt id o s p e lo s u su á rio s, mu ito s do s qu a is sã o in t ima me nt e co n e ct ad o s
co m o p ró p rio de se mp e nh o acad ê mico do s est ud an t e s.
Se gu nd o o p rof e sso r, “a mé d io e lon go p ra zo s e xiste u ma sit ua ção na
qu a l o univ e rs i tá ri o nã o c ons e gue ma nte r a a te nç ã o e o foc o nos es tudos ,
esp e cia lme n te p o rq ue , co m o u so co n sta n te , to do mu nd o a cab a te nd o
d if icu ld ad e s de co n ce n t ra çã o, a lte ra çõe s d e me mó ria (a me mó ria d e le co me ça
a f a lh a r), e a te n çã o ” 5 .
De f at o , mu it a s pe squ isa s ref e ren d a m as a sse rt iva s do p ro f e sso r. E m
t ra b a lh o rea liza d o n a cid ad e de S ão P au lo co m e st u da n te s da á re a da s
ciên cia s b io lóg ica s, po r exe mp lo, at e st ou - se qu e uma proporç ã o ma i or de
al unos te nde a fa l tar aul as se m moti v os qua ndo cons ome m de modo
re c orre nte be bi da s al c oól i ca s : e nq ua n to 44 ,8 % d os a lu n o s q ue nã o b eb e m
d ize m d e ixa r d e ir às au la s ap en a s q ua nd o est ão do en t e s, e sse pe rce nt u a l ca i
pa ra qua se a me ta de – 2 8, 8 % – no ca so de e st u da n te s q ue co n so me m a
ref e rid a dro ga 6 .
E m o ut ra p esqu isa , a te st ou -se , a in d a, qu e há um ris c o dua s ve zes
ma i or d e e st ud a nt e s qu e b eb e m f re qu e nt e e in te n sa me n te e st a re m fora do
pe rí odo ide al de se us curs os de gra dua çã o 7 , re ve lan do qu e o co n su mo d e
be b id a s a lco ó lica s dif icu lt a, se n ão imp ed e , a fo rma ção u n ive rsit á ria
ad eq ua da d os e st u da n te s b ra sile iro s.
O co mp o rt a me n to vio le n to t a mbé m é um do s g ra ve s p ro b le ma s
de riva do s do con su mo de b eb ida s a lcoó lica s, se n do ce rt o qu e, “e nt re
un ive rsit á rio s, o co mp o rta me n to a g re ssivo nã o é id e nt if ica do so men te e nt re os
de pe nd en t e s, e le t a mbé m p od e se r e ncon t ra do e m co n su mid o re s oca sion a is
de b eb ida s alco ó lica s. Se gu nd o os da do s de mon st rad o s, 1 6, 5% do s
est ud an t e s já b riga ra m po r est a re m sob ef e it o de a lg u ma su b stâ n cia
psico a t iva e 2 1 % já a me a ça ra m pe sso a s co m a rma s de fo go ” 8 , o q ue ref o rça
a in da ma is as p reo cu pa çõe s e xiste n te s co m os ca minh o s qu e o u so
de sen f rea d o d est e en to rp e ce nt e vê m t o man do n as u n ive rsid ad e s b ra sile ira s.

5
GUERRA, Arthur. “Precisamos falar sobre álcool e drogas nas universidades”. In: Revista Cultura e
Extensão da Universidade de São Paulo, n.º 13, maio/2015, São Paulo, p. 11 – g.n.
6
RUEDA SILVA, Leonardo V. E. et alli. “Fatores associados ao consumo de álcool e drogas entre
estudantes universitários”. In: Revista de Saúde Pública, n.º 02, vol. 40, abr./2006, São Paulo, pp.
284/285.
7
NEMER, Aline Silva de Aguiar et alli. “Pattern of alcoholic beverage consumption and academic
performance among college students”. In: Rev. Psiquiatria Clínica, n.º 02, vol. 40, 2013, São Paulo, p. 67.
8
WAGNER, Gabriela Arantes; ANDRADE, Arthur Guerra de. “Uso de álcool, tabaco e outras drogas entre
estudantes universitários brasileiros”. In: Ver. Psiquiatria Clínica, vol. 35, suppl. 1, 2008, São Paulo, p. 52.
To d o esse cen á rio , já p rob le má t ico po r si só, to rn a -se a in da ma is
co mp lica d o co m a oco rrê n cia ca d a ve z ma is co mu m d as ch a mad a s f est a s
op en ba r (f e st a s na s qu a is se pa ga u m va lo r f ixo d e e nt ra da e o co n su mo d e
be b id a s é in te g ra lmen t e libe ra do ). Ne la s, a poss i bi l i da de do us o des me di do
do á lc ool a cre sc e c ons i de ra ve l me nte , o qu e in t en sif ica a ind a ma is os risco s
de oco rrê n cia d os d esd ob ra me nt o s ne ga t ivo s sup ra me n cion ad o s.
Zila van de r Me e r S an che z Dut en h ef n e r, p ro fe sso ra do De pa rt a men t o
de Me d icina P re ven t iva da Esco la Pa u list a de Me d icina (EP M), da
Un ive rsid a de Fe de ra l de S ão P au lo (Un if e sp ), rea lizo u , e m con ju n to co m
ou t ro s p e sq u isad o re s, imp o rt an te p esq u isa n o e st a do de Sã o P au lo , na q ua l
fo ra m e nt re vist ad o s jo ven s q ue sa í a m de “ba la da s” re a lizad a s na ca p ita l, n o
bo jo da s q ua is o co n su mo de á lco o l mo st ra va -se e le vad o .
Se gu nd o o s p esqu isa do re s, u m d o s imp o rta n te s re su lt ad o s ob t ido s co m
o t ra ba lh o ca minh o u ju st a me nt e n o se nt id o d e a te s ta r que a ve nda de
be bi da s no s is te ma ope n bar foi o pri nc i pal fa tor a mbi e nta l as soc ia do à
i ntoxi c aç ã o por c ons umo ex ce ss iv o de ál c ool 9 .
A ló g ica é ba sta n te simp le s: “o f at o de os e st ab e le cime nt o s qu e a do ta m
o sist e ma d e op en ba r cob ra re m u ma q ua nt ia f ixa (e m g e ra l, b a ixa ) e
pe rmit ire m q ue se b eb a e m qu an t ida d e ilimit a d a, po r t od a a n oit e , fa z co m qu e
se u s f req u en t ad o re s se sint a m co mp e lido s a b eb e r o má ximo q ue p od e m,
fa zen do ju s a se u g ast o co mp ro me t ido ” 1 0 . P a ra f in s de co mp a ra ção , p od e r-se -
ia re co rre r a d in â mica d o s rod í zio s d e ca rn e. Po r ma is qu e a pe ssoa se
po licie , f in d a co men d o ma is e m rod í zio s, e m virt u de de u ma q ua nt ia f ixa
pe rmit ir co me r se m limit a çõ e s.
De aco rd o co m Zila S an che z, a de ma is, e sse t ip o d e fe sta “a u men t ou
nã o ap en a s o co n su mo de á lcoo l, co mo já e ra e sp e rad o , ma s ta mb é m o d e
d ro ga s ilí cit a s. Na s f est a s o pe n bar, che g a a se r 12 ve ze s ma io r a
p ro ba b ilid a de de ha ve r co n su mo d e e cst a sy [ me t ile no d io xime ta n fe ta min a ] ,
ma co nh a , co ca í na e a té q ue ta min a , u m a ne sté sico pa ra ca va lo s co m e fe it o
a lu cin óg en o ” 11 , o q ue re ve rbe ra a ne ce s si da de de es pec i al a te nç ã o a e ss a
9
“As entrevistas indicaram que o open bar é a prática mais nociva de promoção do consumo de
álcool. Os baixos preços destes serviços facilitam o consumo pesado de álcool” (CARLINI, Claudia;
SANCHEZ, Zila M; et alli. “Environmental Factors Associated with Psychotropic Drug Use in Brazilian
Nightclubs”. In: JOURNAL OF URBAN HEALTH-BULLETIN OF THE NEW YORK ACADEMY OF
MEDICINE, v. 94, 2017, pp. 549/562 – tradução livre, g.n.).
10
SANCHEZ, Zila M. “A prática de binge drinking entre jovens e o papel das promoções de bebidas
alcoólicas: uma questão de saúde pública”. In: Epidemiol. Serv. Saúde, n.º 26, jan./mar./2017, Brasília, p.
196.
11
http://agencia.fapesp.br/consumo-excessivo-de-alcool-na-balada-expoe-homens-e-mulheres-a-riscos-
diferentes/25291/ (acesso em 03/04/2019).
moda l i da de das prá tic as fe s tiv a s .
A f im de e vita r a a mp lia ção ep idê mica do s ca so s de in to xica ção p o r
á lco o l e nt re jo ven s, a p rof e sso ra é ca t eg ó rica a o af irma r qu e o me lho r
ca min h o é a ad oçã o de p o lí t ica s p úb lica s q ue vise m impe d ir a rea liza ção de
eve nt o s no s qu a is a of e rta de be b id a s se ja vu lto sa e fa cilit a da . Ne sse sen t ido ,
pa ra ela , uma propos ta c onv i nce nte s eri a c omba ter a ve nda de ál c ool no
mode l o ope n bar e a s de mai s promoç ões que torne m a be bi da mui to
ba ra ta 1 2 .
De ve - se n ot a r, a e sse p ro p ó sito , q ue mui tos es tudos re la ta m e xi s ti r
uma e s tre i ta cone xã o e ntre as fe s tas ope n ba r e as “ba l a da s
univ e rs i tá ria s ” .
De a co rd o co m An a Re g ina No to , p ro f e sso ra do Dep a rta me n to de
Psico b io log ia da Un ive rsid a de Fed e ra l de Sã o P au lo , “n o B ra sil, u m p ro je t o d e
pe squ isa e m a nd a men t o e nvo lven d o 6 0 o rga n iza çõ e s at lé t ica s u n ive rsit á ria s
ide n t if ico u q ue 5 8 de la s ce le b ra ra m con t ra to s fo rma is co m a ind ú st ria do
á lco o l. Esse s co nt ra t o s in clu e m d ire ito s de pu b licida d e e de exclu sivid ad e de
ima ge m e m t ro ca d e u ma re d u çã o d o p re ço da s b eb ida s co me rcia liza d a s” 1 3 , o
qu e, de a co rd o co m a p ro fe sso ra, “p e rmit e a o rga n iza çã o de f e st a s
un ive rsit á ria s o pe n ba r , n as qu a is o s est ud an t e s t ê m a ce sso ilimit a d o a o
á lco o l pa ga nd o u m p re ço u n it á rio de en t rad a ” 1 4 .
A in da de a co rd o co m a p esqu isa do ra , “5 2 d as 6 0 o rg a n iza çõ e s at lé t ica s
rep o rt a ra m qu e o rga n iza m esse t ip o d e f e st a s” 1 5 , f at o esse qu e ju st if ica a
no ssa p reo cu pa ção em in se rir no p re sen t e p ro je to de le i e spec í fi ca
dis pos iç ã o s obre a re fe ri da moda l i da de de c ome rc ia l i za çã o de be bi das
al c oóli c as .
Pa ra a lé m d as p esqu isa s me n cio n ad a s, e sta Pa rla me n ta r, P ro fe sso ra
un ive rsit á ria h á vin t e an o s, co n st itu i ve rd ad e ira t e st e mu nh a do s p rob le ma s
qu e o álco o l ca u sa no a mb ie n te u nive rsit á rio , se nd o ce rt o qu e,
pa u la t in a me n te , ga nh a m fo rça essa s co n t rat a çõe s (de é t ica b ast an te
qu e st io ná ve l) f irma d a s e nt re a I nd ú st ria d o á lcoo l e as vá ria s asso cia çõ e s
un ive rsit á ria s.

12
http://agencia.fapesp.br/consumo-excessivo-de-alcool-na-balada-expoe-homens-e-mulheres-a-riscos-
diferentes/25291/ (acesso em 03/04/2019).
13
NOTO, Ana Regina et alli. “The Hidden Role of the Alcohol Industry in Youth Drinking in Brazil”. In:
Journal of Studies on Alcohol and Drugs, vol. 76, n.º 06, 2015, p. 981.
14
NOTO, Ana Regina et alli. “The Hidden Role of the Alcohol Industry in Youth Drinking in Brazil”. In:
Journal of Studies on Alcohol and Drugs, vol. 76, n.º 06, 2015, p. 981.
15
NOTO, Ana Regina et alli. “The Hidden Role of the Alcohol Industry in Youth Drinking in Brazil”. In:
Journal of Studies on Alcohol and Drugs, vol. 76, n.º 06, 2015, p. 981.
Não há ne nh u ma b on da d e, p o r p a rte do s p ro du t o re s e fo rn e ce do re s d e
be b id a s a lcoó lica s, e m e nt re ga r seu s p ro du to s ao s e st u da n te s p o r va lo re s
mód ico s, qu an do nã o g ra tu it a men t e. Ao assim p ro ced e r, a lé m d o in t e re sse
pu b licit á rio , essa s e mp re sa s t ê m t a mbé m o in t u ito de f ide liza r clie nt e s e
in icia r o s jo ven s n o mau há b it o d a be b id a, d ro ga u mb ilica lme n t e re la cio n ad a a
to do t ip o de vio lê n cia . A sit ua çã o se asse me lha à d e t ra f ican t e s, qu an do
bu sca m in t ro du zir u ma d ro g a n ova no me rcad o.
As mo ça s, á vida s p o r se igu a la re m a o s ho men s ta mb é m n o qu e há de
mau , b eb e m n essa s f e st a s a té o p on to d e pe rd e re m a co n sciên cia so b re os
p ró p rio s co rpo s, vin do a so f re r a bu so s do s q ua is se re co rda m ap en a s n o dia
se g u in t e.
Pa ra q ue e sta P a rla men t a r n ão se ja at a ca d a in ju st a men t e, impe rio so
co n sign a r q ue o fa t o d e a ví t ima do ab u so se xu a l est a r a lco o lizad a nã o a fa sta
o crime . No en ta n to , so b a pe rsp e ct iva da p re ven çã o, me lho r evit a r be be r n os
ní ve is q ue vê m se nd o ob se rvad o s n a a tu a lid ad e . Não se nd o e xce ssivo le mb ra r
qu e os rap a ze s ta mbé m po de m se r ví t ima s de crime s se xu a is, mu it o e mb o ra
as mo ça s se ja m as p rin cipa is ví t ima s.
Te n do e m vista to da s e ssa s con sid e ra çõ e s p re limin a re s, é imp e rat ivo
de sta ca r q ue o in tu it o q ue n os aco me te co m a a p re se nt a ção d e st a p rop o situ ra
é o d e po ssib ilit a r, se nã o uma co mp let a e xt in çã o de t od o s o s ma lef í cio s já
e le n ca d o s, ao men o s u ma s i gni fic a tiv a di mi nuiç ã o de todos el es ,
no ta da me n te a sse gu ra nd o qu e o s espa ço s de st in a do s à e du ca çã o do s jo ven s
e ad o le scen t e s pa u list a s nã o so f ra m co m o de svio de f ina lid a de qu e,
at ua lme n te , pa re ce lh e s a co met e r.
Dit o de o ut ro mo do , se e stu do s da ma is a lt a qu a lida de cien t íf ica
ind ica m nã o só q ue o con su mo d e álco o l p o r se g me nt o s d est a s fa ixa s e tá ria s
é a bu sivo n o s t e mpo s at ua is, ma s ta mb é m qu e oc orre de forma rec orre nte
em ambie nte s c uja re al de s ti naç ã o é a formaç ã o e ca pac i ta çã o de nos s os
j ov e ns , é imp e rio so q ue se t en te re ve rte r o qu ad ro , ve da nd o -se o con t at o de
est ud an t e s co m b eb ida s a lcoó lica s ao men o s a li on de de ve m e sta r
p re o cu p ad o s co m a t ivida de s d e o ut ra na tu re za.
Não se d esco nh e ce , to da via , qu e mu it a s u n ive rsid a de s já po ssu e m, e m
se u s reg u la men to s in te rn o s, n o rma s alin ha d a s co m o p rop o sto n o p ro je t o d e
le i e m t e la .
As u n ive rsid a de s ad min ist ra da s p elo Est ad o de Sã o P au lo , por
exe mp lo, sã o u ní sson a s a o p ro ib ire m em se u s ca mp i o co n su mo e a ven da de
be b id a s a lco ó lica s.
Na Un ive rsid ad e de Sã o P au lo exist e m Re so lu çõe s d est ina d a s a
d iscip lin a r a re a liza ção de e ve nt o s f e st ivo s e m su a s d ive rsa s se de s (ca mp u s
da cap it a l 1 6 , Qu ad rilá t e ro saú d e/ d ire it o 1 7 , ca mpu s de Rib e irão P re t o 1 8 e
ca mp u s “Fe rn an do Co st a ” 1 9 ), no b ojo d as qu a is se de te rmin a , e xp re ssa me nt e ,
qu e f ica “ proi bi da a compra , a ve nda, o forne ci me nto e o cons umo de
be bi da s a lc o ó l ic a s em q ua lqu e r e ve n to rea liza d o n o in te rio r do Ca mpu s ”.
Há, ad e ma is, ou t ra Re so lu çã o q ue a bo rd a a mat é ria 2 0 , a q ua l b u sca
reg u la men t a r o fo rn e cime nt o d e alime n to s na mo da lid ad e “ co mid a d e rua ” no
Ca mpu s da Cap it a l e q ue in st it u i qu e “p a ra q ua lq ue r mo da lid a de de TP USP
(TP USP - C ou TP USP - E ) f ica proi bi do o fornec i me nto e c ons umo de
be bi da s a lc o ó l ic a s de q ua lq ue r t ipo e em q ua lqu e r q ue se ja a sua fo rma o u
ap re se n ta çã o n as á rea s d a Un ive rsida d e d e S ão Pa u lo ”.
Na Un ive rsid ad e Est ad ua l d e Ca mp in a s, d e ou t ro la d o, a De lib e ra çã o
CO NS U-A -0 09 /2 0 09 2 1 , ta mb é m o rie nt ad a à d iscip lina da s f est a s re a lizad a s e m
su a s de pe nd ên cia s, in st it u i qu e
“A rt igo 2º - Os do ce n te s, d iscen t e s reg u la rme nt e
mat ricu la d o s, o s se rvid o re s t é cn ico - ad min ist ra t ivo s e a s
en t ida de s re p re se nt a t iva s p od e r ã o so licit a r a re a liza çã o
de fe sta s o u e ve n to s, at ra v é s de f o rmu l ário p r ó p rio, q ue
de ve r á o b rig a to ria me n te con t e r:
[. . . ]X . de cla ra çã o de qu e nã o ir ã o promov e r com é rc i o
de be bi da s al c o óli ca s no ev e nto ”.
E m se u p ró p rio E sta t u to há , ig u a lmen t e, e xp re ssa pre visão n o sen t ido
de qu e o cons umo de be bi da s al c oóli ca s cons ti tui i nfraç ã o dis c i pl i na r ,
co n fo rme se de p re en d e d o a rt igo 1 42 , in ciso V. Con f ira -se :
“S e m p re ju í zo d as d isp o siçõe s le ga is e d a s q ue ca d a
Un id a de e sta b e le ce r em se u Re g imen t o so b re o
re sp e ct ivo reg ime discip lin a r, co n st itu e m in f ra çõ e s à

16
Resolução n.º 7.088 de 2015, disponível em: http://www.leginf.usp.br/?resolucao=resolucao-7088-de-
26-de-agosto-de-2015 (acesso em 10/04/2019).
17
Resolução n.º 7.165 de 2016, disponível em: http://www.leginf.usp.br/?resolucao=resolucao-no-7165-
de-20-de-janeiro-de-2016 (acesso em 10/04/2019).
18
Resolução n.º 7.168 de 2016, disponível em: http://www.leginf.usp.br/?resolucao=resolucao-no-7168-
de-24-de-fevereiro-de-2016 (acesso em 10/04/2019).
19
Resolução n.º 7.191 de 2016, disponível em: http://www.leginf.usp.br/?resolucao=resolucao-no-7191-
de-15-de-abril-2016 (acesso em 10/04/2019).
20
Resolução nº 7.351 de 2017, disponível em: http://www.leginf.usp.br/?resolucao=resolucao-no-7351-de-
07-de-junho-de-2017 (acesso em 10/04/2019).
21
Disponível em: https://www.pg.unicamp.br/deliberacoes_consu.php?ano=2009 (acesso em 10/04/2019).
d iscip lin a , p a ra t od o s os q ue e st ive re m su je it o s às
au to rid a de s un ive rsit á ria s:
[. . . ] V. f a ze r u so de sub st ân cia s en to rp e cen te s ou
22
psico t róp ica s, ou de be bi da s al c oól i ca s ” .
Po r f im, a Un ive rsid ad e Est ad ua l P au list a “Jú lio de Me sq u ita Filh o ”
ed it ou a P o rta ria n. º 52 5 de 2 00 5, e m qu e, n o a rt ig o 2 º, § 3º , co n sta de
man e ira crist a lina q ue “É ve ta do o us o de be bi das al c oól ic as nas
de pe ndê nci as dos Campi Uni ve rs i tá ri os ” 2 3 .
O co rre qu e, e mbo ra lo u vá ve is, e ssa s med id a s n ão t ê m se mo st ra d o
su f icie n te s. Ad e ma is, co mo são no rma t iva s de in icia t iva d iscricio n á ria da s
re sp e ct iva s In st itu içõ e s de E n sino S up e rio r (IE S ), pode m a qua l que r
mome nto s er rev oga das por nové i s dis pos iç õe s em se nti do c ontrá ri o , o
qu e as to rna po uco e f ica ze s n a ta re fa de imp ed ir, co m o vig o r n ece ssá rio à
mat é ria , a ven da , o con su mo e o f o rne cime n to de be b id a s a lco ó lica s no
int e rio r d as in st itu içõ e s e m q ue stã o .
I mp o rt an t e, po rta n to , q ue h a ja um exp re sso ma nda me nto l e ga l
in st it u ind o a obri ga torie da de d e q ue t od a s a s u nive rsid ad e s d o Est ad o d e
Sã o Pa u lo – e, a qu i, d e ixa - se cla ro : n ão só a s un ive rsid ad e s pú b lica s, ma s
ta mb é m as p rivad a s! – co í ba m p rá t ica s d esse t ip o e m sua s d ep en dê n cia s.
Te n do tu do isso e m me n te , de ve - se e scla re ce r, a ind a , o mot ivo qu e
ju st if ica a o pçã o p e la re vog a çã o da Le i Est ad u a l nº 1 3. 54 5 /2 0 09 , at ua lme n te
e m vig o r no E st ad o de Sã o P au lo , p ro mu lga nd o -se , p o r co n se g u in t e , u m no vo
te xto le ga l t ra ta nd o da mat é ria .
P rime iro , a le i a tu a l só d iscip lina as in st it u içõe s d e en sino ge rid a s pe lo
est ad o , d e ixa n do de sp rot eg id o s os e st ud a nt e s da red e p riva da . E m se gu n do
lug a r, a n o rma t iva vig e nt e d e ixa ma rg e m a d úvid a s, ao n ão f a la r
exp re ssa me n te d o en sin o sup e rio r, â mb it o e m qu e o co rre m o s ma is g ra ve s
p ro b le ma s. Alé m d isso, n ão há q ua lq ue r re f e rê n cia a no ve l f ig u ra da s “f e sta s
op en ba r”, q ue ga nh a m espa ço en t re o s un ive rsit á rio s, a u me n ta nd o os risco s
de acid en t e s d e t râ n sito , be m co mo d o co met ime n to d e crime s vio le nt o s – e
de se r ví t ima de sse me smo t ip o de crime .
Só po r e sse s fa t o re s, já re st a ria ju st if ica da a e d içã o de u ma no va le i.
No en ta n to , o p ro je t o o ra p ro po st o ino va a ind a ma is, p re ve n do mu lt a a qu e m

22
Disponível em: http://www.unicamp.br/unicamp/informacao/estatutos-da-unicamp (acesso em
10/04/2019).
23
Disponível em: https://sistemas.unesp.br/legislacao-web/?
base=R&numero=68&ano=2018&dataDocumento=08/11/2018 (acesso em 10/04/2019).
fo rn e ce b eb id a a in st it u içõe s de en sin o e às a sso cia çõ e s de e stu da n te s,
med id a q ue , co m t od a ce rt e za , to rn a rá a no rma ma is ef e t iva . Da f o rma co mo a
mat é ria e st á discip lin a da , as e mp re sa s f ica m a b so lu ta me n te imp un e s, me smo
qu an do re a liza m as con t ra ta çõe s a nt ié t ica s a cima men cio na da s.
Co m ef e ito , os con t ra to s fe it o s pe la I nd ú st ria de b eb id a s co m cen t ro s
aca dê mico s, d iret ó rio s aca dê mico s, g rê mio s e stu da n t is e at lé t ica s n ão tê m
qu a lq u e r visib ilid a de . Ap en a s aq ue le s q ue vive n cia m a Un ive rsida d e (ca so
de sta P a rla me n ta r) tê m con he cime n t o d a g ra vida de d a sit ua ção . O p re se n te
p ro je to e a p re visão de mu lta ao s f o rn e ced o re s t ra rã o a p ub licid ad e
ne ce ssá ria p a ra qu e e sse s f o rne ced o re s so f ra m o ju sto con st ra ng ime n to
pú b lico, p e lo ma l qu e e stã o ca u sa nd o à ju ven tu d e d e st e pa í s.
An a lisan do sist e mat ica me n te a le g isla çã o vig e nt e , ch eg a -se à
co n clu sã o d e qu e os Co n se lh o s Tu t e la re s e o Co n se lh o E st ad u a l d e Ed uca ção
tê m co mpe t ên cia pa ra f isca liza r o cu mp rime n t o d a p re se n te le i e, po r
co n seg u int e , a p lica r a mu lt a n e la p re vista , ut iliza nd o os mo nt a nt e s
a me a lha do s e m açõ e s p re ve n t iva s, n o p róp rio a mb ie n te e sco la r.
O P od e r Le g islat ivo , ma is qu e a p re rro ga t iva , t e m o d eve r d e ze la r p e la
vida e p e la saú de f í sica , men t a l e e mo cio n a l de crian ça s, a do le scen te s e
jo ve n s a du lto s. Co m re la çã o a est e s ú lt imo s, escla re ça -se, nã o há qu a lqu e r
int e rven çã o e m sua lib e rda de ind ivid u a l, p o is a ved a çã o nã o o co rre d e
man e ira ge ra l e irre st rit a , ma s ap en as n o a mb ie n te e sco la r e na qu e le s
d iret a men t e re la cio na do s a o a mb ie n te e sco la r.
Est a P a rla me n ta r p re sid iu o Co n se lh o Est ad u a l d e E nt o rp e ce nt e s p o r
qu a se cin co a no s. Ne st a rica expe riê n cia d e vid a , p od e co n sta ta r o ma l q ue a
be b id a fa z, em e sp e cia l no cé re b ro e m f o rma çã o .
Ta mb é m e m fu n çã o d e sse ca rg o ho no rí f ico , e sta Pa rla me n ta r min ist ro u
vá ria s p a le st ra s so b re o te ma , alg u ma s p a ra f un cion á rio s da Un ive rsida de d e
Sã o P au lo .
Se mp re q ue o rien t a va ace rca do s p re juí zo s d a be b id a p a ra a lun o s e
fu n cion á rio s, a su b scrit o ra d e st e p ro je to e ra co nf ro n ta da co m a seg u int e
pe rgu n ta : “Ma s po r qu e nó s n ão p od e mo s be be r n o t rab a lho e o s p rof e sso re s
po de m”. S eg un do o re la t o d e sse s fu n cion á rio s, e m a lgu ma s un ida d e s d a
Un ive rsid a de de S ão Pa u lo , na sa la do s P ro f e sso re s, ha ve ria b eb id a
a lco ó lica .
Est a Dep u ta d a Est ad u a l é p ro f e sso ra co n cu rsa da (a g o ra licen cia da ) d a
Fa cu lda d e de Dire it o da Un ive rsida d e de S ão P au lo , de sde 20 03 . Ne sse
te mp o, ja ma is se de pa ro u co m be b ida n a sa la d o s p ro f e sso re s. Nã o ob sta n te ,
pa ra qu e n ão ha ja d ú vid a s, o p re sen t e pro je to ved a o co n su mo d e b eb ida s,
no s a mb ien te s esco la re s, de f o rma ge ra l. O u se ja , a p ro ib içã o n ão é ap en a s
pa ra a lun o s, ma s ta mb é m p a ra fu n cio n á rio s e p ro f e sso re s. Af ina l, álco o l n ão
co mb in a co m t rab a lho , e m espe cia l co m a con cen t ra ção n ece ssá ria p a ra
en sina e p a ra a p re n de r.
De a co rd o co m o a rt ig o 24 , in ciso s IX e X V, da Con st itu içã o da
Rep úb lica , Un iã o e Est ad o s d a Fe de ra çã o est ão au to riza do s a le g isla r, de
fo rma co n co rre n t e, so b re assu nt o s re la cion a do s à ed u ca ção e à p ro te ção da
inf â n cia e ju ven t ud e , ambos os tópi c os c ons ti tui ndo o pre ci s o obj e to de
a te nç ã o des te proj e to de l ei , mo t ivo p elo q ua l nã o há qu e se r q ue st io n ad a a
su a co n st itu cio na lid ad e so b esse aspe ct o.
De f at o , em se t ra t an do d e no rma e sp e cíf ica – é dize r, q ue nã o se
co n f igu ra co mo n o rma g e ra l 2 4 – , d ad o q ue in st it u i u ma condi ç ã o pa rti c ul a r
qu e de ve se r in co rp o rad a à o rga n iza çã o do S ist e ma de E du ca çã o d o E sta d o,
el a é pe rfe i ta me nte a ti ne nte à compe tê nc i a le gis l a tiv a le gí ti ma des ta
Ass e mble ia Le gis l a tiv a .
Ta mp ou co o a rgu me nt o de qu e à s un ive rsida de s n ão se a plica m in
co n t ine nt i a s no rma s ema na da s pe lo leg isla t ivo e sta du a l, e m d eco rrê n cia da
su a autonomi a a dmi ni s tra tiv a pre vist a n o a rt igo 2 07 da Co n st itu içã o Fe de ra l,
po de in f irma r a co mp e tê n cia de sta Ca sa p a ra p ro mu lg a r u ma le i n o se n t id o
ave nt ad o pe la pro po sit u ra e m t e la .
I sso po rq ue o S up re mo Trib u na l Fed e ra l já se p ro nu n ciou in ú me ra s
ve ze s n o se n t id o d e qu e o c onc e i to de a utonomi a uni ve rsi tá ri a nã o se
confunde c om aque le de s obe ra ni a , o qu e sig n if ica d ize r qu e, mu ito e mbo ra
d isp on h a m e la s de e sp a ço s de le gí t ima at ua ção d iscricio n á ria , e s tã o
i nv a ri a ve l me nte suj ei ta s à s norma s j urí di c as e ma na das de le is fe de rai s e
es ta duai s promul ga da s pe la s res pec ti v as a utori da des c ompe te ntes .
Con f ira -se :
“Em suma, a autonomia não é irrestrita, mas limitada, mesmo porque
não se trata de soberania nem de independência, exigindo-se
submissão às normas gerais relativas aos controles e

24
Vale, nesse sentido, lembrar que “normas gerais são declarações principiológicas que cabe à União
editar, no uso de sua competência concorrente limitada, restrita ao estabelecimento de diretrizes
nacionais sobre certos assuntos, que deverão ser respeitadas pelos Estados-Membros na feitura das
suas legislações, através de normas específicas e particularizantes que as detalharão” (MOREIRA NETO,
Diogo de Figueiredo apud ALMEIDA, Fernanda Dias Menezes de. Competências na Constituição de
1988. 5ª Ed. São Paulo: Editora Atlas, 2010, p. 133).
fiscalizações a que estão sujeitos todos os serviços públicos,
diretos e descentralizados” (STF, ADI n.º 1.599, Rel. Min. Maurício
Corrêa, Tribunal Pleno, DJe 18/05/2001);
“A Suprema Corte já assentou, em diversas oportunidades, que o
princípio da autonomia universitária não se confunde com
soberania, devendo as Universidades se submeter às leis e aos
demais atos normativos” (STF, Ag. Rg. no RE n.º 1.036.076/SE,
Rel. Min. Dias Toffoli, Segunda Turma, DJe 29/06/2018).
Ad e ma is, d eve -se po nd e ra r qu e a g a ran t ia da a ut on o mia e st á
re la cio n ad a à p ro t e çã o d a lib e rd ad e d e p en sa men t o f ren te ao a rbí t rio . Ta l
ga ran t ia exist e pa ra qu e a s a ut o rid ad e s co n st it u íd a s nã o q ue ira m d et e rmin a r o
qu e o s alu no s e st ud a rã o, o u nã o e stu d a rã o .
O ra , se a a ut on o mia ve rsa sob re a lib e rda de de p en sa me n to , p o r ó bvio ,
n in gu é m p od e rá a le g a r qu e a pro ib ição d o á lco o l, na s Un ive rsid a de s, fe riria
est a me sma lib e rda de , po is o á lcoo l sim co mp ro me te a co n sciê n cia da qu e le
qu e se disp õe a a p re n de r.
In d iscut í ve l, po r co n se g u in t e, qu e o pro je to d e le i o ra ap re sen t ad o é
leg í t imo e fu nd a me nt a l pa ra ga ran t ir o me lho r f un cio na me nt o da s
un ive rsid ad e s d o E sta d o d e S ão Pa u lo , be m co mo a p ro t e çã o de jo ven s e
ad o le sce nt e s qu e n e la s ing re ssa m e e stu da m.
A L e i vige n te já é b oa , a Le i qu e ora se p rop õe é a ind a me lh o r, d aí a
imp o rtâ n cia d e se r ap ro vad a po r est a Ca sa , co mo o ra se re qu e r.

Sala das Sessões, em 22/4/2019.

a) Janaina Paschoal - PSL

Das könnte Ihnen auch gefallen