Sie sind auf Seite 1von 131

“Perícia em Doenças Ocupacionais

e Relacionadas ao Trabalho”
Curso de Extensão de Perícia em Saúde
COSTSA/PRAD/Reitoria UNESP
Prof. René Mendes
Estrutura e Conteúdo
1. Adoecimento dos Trabalhadores: Evolução
dos Conceitos e Abordagens
2. Critérios de Classificação e Taxonomia
3. Requisitos e Competências de Quem Lida
com o Adoecimento dos Trabalhadores
4. Incapacidade Laboral: Algumas Semelhanças
e Diferenças dos Atos Médicos Básicos e dos
Erros (Medicina do Trabalho x Perícia)
5. Comentários Finais
1. Adoecimento dos Trabalhadores:
Evolução dos Conceitos e Abordagens
Contribuições de
Bernardino Ramazzini
(1633-1714), livro De
Morbis Artificum
Diatriba (“As Doenças
dos Trabalhadores”)
Evolução dos Conceitos:
“Qual sua Profissão?”
“Um médico que atende um doente deve informar-se
de muita coisa a seu respeito pelo próprio e por seus
acompanhantes (...). A estas interrogações devia
acrescentar-se outra: ‘e que arte exerce?’. Tal
pergunta considero oportuno e mesmo necessário
lembrar ao médico que trata um homem do povo,
que dela se vale chegar às causas ocasionais do mal,
a qual quase nunca é posta em prática, ainda que o
médico a conheça. Entretanto, se a houvesse
observado, poderia obter uma cura mais feliz.”
Evolução dos Conceitos: Conhecer os Locais e o
Processo de Trabalho
“Eu, quanto pude, fiz o que estava ao meu alcance, e
não me considerei diminuído visitando, de quando
em quando, sujas oficinas a fim de observar segredos
da arte mecânica. (...) Das oficinas dos artífices,
portanto, que são antes escolas de onde saí mais
instruído, tudo fiz para descobrir o que melhor
poderia satisfazer o paladar dos curiosos, mas,
sobretudo, o que é mais importante, saber aquilo que
se pode sugerir de prescrições médicas preventivas
ou curativas, contra as doenças dos operários.”
Conhecer os Locais e o Processo de
Trabalho: NR-7 & PCMSO

“médico familiarizado com os princípios da


patologia ocupacional e suas causas,
bem como com o ambiente, as condições
de trabalho e os riscos a que está exposto
ou será exposto cada trabalhador da
empresa a ser examinado”
Evolução dos Conceitos: da “Profissão Atual” à
“História Profissional”
Contribuições de
Percival Pott (1713-1788):
câncer de escroto em ex-
limpadores de chaminés
(importância da anamnese
ocupacional; importância do
tempo de latência
Evolução dos Conceitos: “Atividade” x
“Local de Trabalho”
Contribuições de
Louis René Villermé (1782-
1863): “... descrição
comparativa das similaridades
e diferenças entre
trabalhadores da mesma
atividade mas que trabalham
em diferentes locais, e
trabalhadores do mesmo
estabelecimento, mas em
atividades diferentes...”
Evolução dos Conceitos: Comparação de
“Riscos” (de morrer, por exemplo)
Contribuições de
William Farr
(1807-1883):
estudos de mortalidade
geral e específica (doenças
respiratórias) em áreas de
mineração; idéia de
“risco relativo”
e “risco atribuível”
Média Anual do Número Mortos (por 1.000) por Todas as
Causas em Mineiros e Não-mineiros (Cornwall, 1849-1853)

IDADES MINEIROS NÃO-


MINEIROS
15 - 25 8,90 7,12

25 - 35 8,96 8,84
35 - 45 14,30 9,99
45 - 55 33,51 14,76
55 - 65 63,17 24,12
65 - 75 111,23 58,61
Média Anual do Número Mortos (por 1.000) por Doenças
Pulmonares em Mineiros e Não-mineiros (Cornwall, 1849-1853)

IDADES MINEIROS NÃO-


MINEIROS
15 - 25 3,77 3,30

25 - 35 4,15 3,83
35 - 45 7,89 4,24
45 - 55 19,75 4,34
55 - 65 43,29 5,19
65 - 75 45,04 10,48
Das “Doenças dos Trabalhadores” às
“Doenças Profissionais” (1)
• Sob a óptica da “Medicina Social”, a Patologia
do Trabalho é observada como “doenças dos
trabalhadores”, detectável através de perfís de
morbidade e mortalidade de trabalhadores de
diferentes categorias profissionais) análise
“estrutural”, de “determinantes sociais”, de
intervenção social
Evolução dos Conceitos: Pasteur, Koch e a
Busca das “Causas”
Com a “era bacteriológica”
(Pasteur, 1822-1895;
Koch, 1843-1910),
ganha corpo a idéia de
que para cada doença
existe um agente
etiológico! A prevenção
ou erradicação seria,
em princípio, possível,
com a eliminação da
“causa”.
Das “Doenças dos Trabalhadores” às
“Doenças Profissionais” (2)

• Com a “era bacteriológica” (Pasteur, 1822-


1895; Koch, 1843-1910), ganha corpo a idéia
de que para cada doença existe um agente
etiológico! A prevenção ou erradicação seria,
em princípio, possível, com a eliminação da
“causa”, quer por medidas “higiênicas”, quer
por imunização  “causas específicas” =
“agentes etiológicos específicos” (químicos,
físicos, biológicos...)
Das “Doenças dos Trabalhadores” às
“Doenças Profissionais” (3)

• “Doenças respiratórias dos mineiros” =


“pneumoconioses” (Zenker, 1866)
• “Pneumoconiose dos expostos à sílica” = “silicose”
(Visconti, 1876)
• Chumbo = “saturnismo”
• Mercúrio = “hidrargirismo”
• “oses”, “ismos” e “ites”
• As doenças têm nomes e causas, e podem/devem ser
combatidas pela eliminação das causas!
2. Critérios de Classificação e
Taxonomia
Classificações de Doenças
Relacionadas ao Trabalho
• Classificação de Ramazzini (1700)
• Classificação Médico-Legal Clássica
• Classificação Legal (Lei 8.213/91)
• Classificação de Ivar Oddone (1977)
• Classificação de Schilling (1984)
• Sistemas “abertos”, sistemas “fechados” ou de
“listas”, e sistemas “mistos” (fechados com
cláusula aberta)
Classificação de Ramazzini (1700)
• Grupo 1: Doenças diretamente causadas pela
“nocividade da matéria manipulada”, de
natureza relativamente específica;
• Grupo 2: Doenças produzidas pelas condições
de trabalho: “posições forçadas e
inadequadas”, “operários que passam o dia de
pé, sentados, inclinados, encurvados, etc”.
Classificação Médico-Legal Clássica

• Grupo 1: “Doença Profissional” típica, clássica


ou “Tecnopatia”;
• Grupo 2: “Doença do Trabalho”, ou “Doença
Adquirida pelas Condições Especiais em que o
Trabalho é Realizado”, ou “Mesopatia”.
Classificação de Ivar Oddone (1977)

4 grupos de “causas da nocividade ambiental”

3 grupos de “efeitos sobre a saúde”


Classificação de Ivar Oddone (1977)

• Grupo 1: “Fatores presentes também no


ambiente em que o homem vive fora do
trabalho” (luz, barulho, temperatura,
ventilação e umidade) => acidentes e
doenças inespecíficas
• Grupo 2: “Fatores característicos do
ambiente de trabalho” (poeiras, gases,
vapores e fumos) => doenças inespecíficas
e doenças profissionais
Classificação de Ivar Oddone (1977)

• Grupo 3: “Trabalho físico” => acidentes,


doenças inespecíficas e doenças
profissionais;
• Grupo 4: “...cada condição de trabalho,
além do trabalho físico, capaz de provocar
estresse, por exemplo: monotonia, ritmos
excessivos, repetitividade, ansiedade, etc.”
=> acidentes e doenças inespecíficas.
Classificação de Ivar Oddone (1977)

“Por doença específica ou profissional


entende-se uma doença denifida, cuja causa é
diretamente identificável num dos fatores do
ambiente de trabalho. Tomamos como
exemplos a silicose e o saturnismo...”
Classificação de Ivar Oddone (1977)

“Por doença inespecífica entendemos um


conjunto de doenças físicas e psíquicas não
diretamente associável a uma causa
determinada, mas atribuíveis, ao menos em
parte, a um ou mais fatores do ambiente de
trabalho....”

(continua)
Classificação de Ivar Oddone (1977)

“Estas compreendem um grupo


heterogêneo que vai do cansaço e da
insônia persistente, aos distúrbios
digestivos, à úlcera gastro-duodenal, às
colites, às neuroses, às artroses e à asma
brônquica, para talvez chegar até a
hipertensão e a outras doenças, sempre
mais freqüentes nas sociedades industriais,
das quais não se conhece a origem.”
Classificação de Richard Schilling (1984)
CATEGORIA EXEMPLOS
I-Trabalho como causa · Intoxicação por chumbo
· Silicose
necessária · “Doenças profissionais”
legalmente prescritas
· Outras
II-Trabalho como fator · Doença coronariana
· Doenças do aparelho locomotor
contributivo, mas não · Câncer
necessário · Varizes dos membros inferiores
· Outras
III-Trabalho como provocador · Bronquite crônica
· Dermatite de contato alérgica
de um distúrbio latente, ou · Asma
agravador de doença já · Doenças mentais
estabelecida · Outras
Legislação Brasileira Atual
• Previdência Social: Lei 8.213/91 e
“Regulamento da Previdência Social” (Decreto
3.048, de 6/5/99 e 6.042, de 12/2/07)
• Saúde: Portaria No. 1339, de 18/11/99, do
Ministro da Saúde, que institui a “Lista de
Doenças Relacionadas ao Trabalho”
Classificação Legal Brasileira
(Art. 20 da Lei 8.213/91)

• Grupo 1: Doença Profissional, “assim


entendida a produzida ou desencadeada pelo
exercício do trabalho peculiar a determinada
atividade e constante da respectiva relação
elaborada pelo Ministério do Trabalho e da
Previdência Social;”
Classificação Legal Brasileira
(Art. 20 da Lei 8.213/91)

• Grupo 2: Doença do Trabalho, “assim


entendida a adquirida ou desencadeada em
função de condições especiais em que o
trabalho é realizado e com ele se relacione
diretamente, constante da relação
mencionada no inciso I.”
Como Era Antes de Maio de 1999?
• Conceituação legal de “doença profissional” e
de “doença do trabalho” estabelecidas na Lei
8.213/91 (Art. 20)
• Referidas à “relação elaborada pelo MPAS”
• Relação do MPAS = Anexo II do Decreto
2.172/97
• Relação de “Agentes Patogênicos”
O Que Mudou? (1)
• O Decreto 3.048, de 6/5/99 (“Regulamento da
Previdência Social”), entre muitas medidas,
revogou o Decreto 2.172/97, com seus
anexos...
• Agregou, contudo, um “novo” Anexo II,
referido não ao texto do Decreto, mas ao Art.
20 da Lei 8.213/91
O Que Mudou? (2)
• O “novo” Anexo II mantem a Lista original de
“Agentes Patogênicos Causadores de Doenças
Profissionais ou do Trabalho”, com 27
“agentes” ou grupos de “agentes patogênicos”
(= ao Anexo II do Decreto 2.172/97)
O Que Mudou? (3)
• Porém agrega a Lista A: “Agentes ou Fatores
de Risco de Natureza Ocupacional
Relacionados com a Etiologia de Doenças
Profissionais e de Outras Doenças
Relacionadas com o Trabalho”

• PARA CADA “AGENTE” AS DOENÇAS


CORRESPONDENTES...
EXEMPLO DA “LISTA A”:
ASBESTO/AMIANTO:
• Neoplasia Maligna do Estômago (C16.-)
• Neoplasia Maligna da Laringe (C32.-)
• Neoplasia Maligna dos Brônquios e do Pulmão (C34.-)
• Mesotelioma da Pleura (C45.0), do Peritônio (C45.1),
do Pericárdio (C45.2)
• Placas Epicárdicas ou Pericárdicas (I34.8)
• Asbestose (J60.-)
• Derrame Pleural (J90.-)
• Placas Pleurais (J92.-)
“Nexo Causal” (Schilling I)

“CAUSA” “EFEITO”
“Nexo Causal” (Schilling I e III)

“EFEITO” 1

“EFEITO” 2
“CAUSA”
“EFEITO” 3

“EFEITO” 4
O Que Mudou? (4)
• Também agrega a Lista B:” “DOENÇAS
RELACIONADAS COM O TRABALHO: Lista
Elaborada pelo Ministério da Saúde, a Partir
da Relação de Agentes Etiológicos ou
Fatores de Risco de Natureza Ocupacional,
Ampliada e Atualizada, e Disposta Segundo
a Taxonomia, Nomeclatura e Codificação da
CID-10”
• PARA CADA DOENÇA OS “AGENTES”
CORRESPONDENTES...
EXEMPLO DA “LISTA B”:
NEOPLASIA DA CAVIDADE NASAL E DOS SEIOS
PARANASAIS (C30-C31):
• Radiações ionizantes
• Níquel e seus compostos
• Poeiras de madeira e outras poeiras orgânicas
da indústria do mobiliário
• Poeiras da indústria do couro
• Poeiras orgânicas (na indústria têxtil e em
padarias)
• Trabalhadores da indústria do petróleo
O Que é Novo?

• “Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário”


– Resolução do Conselho Nacional de Previdência
Social (Res. 1269/2006)
– Lei no. 11.430, 26/12/2006.
– Decreto no. 6.042, 13/2/2007.
– Instruções Normativas do INSS no. 16 (27/3/2007)
e no. 31 (10/8/2008)
– Outros...
“Nexo Causal” (SchiIIing II)

“CAUSA” 1

“CAUSA” 2 “EFEITO”

“CAUSA” 3

“CAUSA” 4
“Nexo Causal” (Consolidado do mundo
real...)

“CAUSA” 1 “EFEITO” 1

“CAUSA” 2 “EFEITO” 2

“CAUSA” 3 “EFEITO” 3

“CAUSA” 4 “EFEITO” 4
Ministério da Saúde:
Portaria no. 1.339, de 18/11/99, publicada no
DOU de 19/11/99 (Seção I, págs. 21 a 29),
institui a “Lista de Doenças Relacionadas ao
Trabalho”, que é a mesma proposta pela
Comissão, e já adotada pelo MPAS (Anexo II
do Decreto 3.048, de 6/5/99)
http://dtr2001.saude.gov.br/sas/PORTARIAS/Port99/GM/GM-1339.html
• No seu conteúdo é semelhante à Lista da
Previdência Social (Decreto 3.048/99), mas
tem finalidades distintas:
• A Portaria estabelece que a Lista deve ser
“adotada como referência (...) no Sistema
Único de Saúde...”
• “...para uso clínico e epidemiolólgico.”
Estabelecimento de “Nexo Causal”
“Para o estabelecimento do nexo causal entre os transtornos de saúde e
as atividades do trabalhador, além do exame clínico (físico e mental)
e os exames complementares, quando necessários, deve o médico
considerar:
 A história clínica e ocupacional, decisiva em qualquer diagnóstico
e/ou investigação de nexo causal;
 O estudo do local de trabalho;
 O estudo da organização do trabalho;
 Os dados epidemiológicos;
 A literatura atualizada;
 A ocorrência de quadro clínico ou sub-clínico em trabalhador exposto
a condições agressivas;
 A identificação de riscos físicos, químicos, biológicos, mecânicos,
estressantes, e outros;
 O depoimento e a experiência dos trabalhadores;
 Os conhecimentos e as práticas de outras disciplinas e de seus
profissionais, sejam ou não da área de saúde.” (Artigo 2o da Resolução
CFM 1488/98).
Estabelecimento de “Nexo Causal” (na
Perícia do INSS) (1)
“Recomenda-se, ademais, incluir nos procedimentos e no
raciocínio médico-pericial, a resposta a dez questões
essenciais, a saber:
• Natureza da exposição: o “agente patogênico” é claramente
identificável pela história ocupacional e/ou pelas informações
colhidas no local de trabalho e/ou de fontes idôneas
familiarizadas com o ambiente ou local de trabalho do
Segurado?
• “Especificidade” da relação causal e “força” da associação
causal: o “agente patogênico” ou o “fator de risco” podem
estar pesando de forma importante entre os fatores causais
da doença?
• Tipo de relação causal com o trabalho: o trabalho é causa
necessária (Tipo I)? Fator de risco contributivo de doença de
etiologia multicausal (Tipo II)? Fator desencadeante ou
agravante de doença pré-existente (Tipo III)?
• No caso de doenças relacionadas com o trabalho, do tipo II,
foram as outras causas gerais, não ocupacionais,
devidamente analisadas e, no caso concreto, excluídas ou
colocadas em hierarquia inferior às causas de natureza
ocupacional?
• Grau ou intensidade da exposição: é ele compatível com a
produção da doença?
• Tempo de exposição: é ele suficiente para produzir a doença?
• Tempo de latência: é ele suficiente para que a doença se
desenvolva e apareça?
• Há o registro do “estado anterior” do trabalhador?
• O conhecimento do “estado anterior” favorece o
estabelecimento do nexo causal entre o “estado atual” e o
trabalho?
• Existem outras evidências epidemiológicas que reforçam a
hipótese de relação causal entre a doença e o trabalho
presente ou pregresso do segurado?
A resposta positiva à maioria destas questões irá conduzir o
raciocínio na direção do reconhecimento técnico da relação
causal entre a doença e o trabalho.”

Fonte: “Protocolos de Procedimentos Médico-Periciais” elaborados por


René Mendes, para utilização da Perícia Médica do INSS, 1999.
Critérios de Inclusão e Nexo (Anexo II do
Decreto 3.048/99 e NTEP)

Lista A Fatores de
Doenças
(1999) Risco

Lista B Fatores de
Doenças
(1999) Risco

LISTA C - NTEP
CNAE Doenças
(2009)
3. Requisitos e Competências de Quem
Lida com o Adoecimento dos
Trabalhadores
Competências Requeridas dos
Médicos do Trabalho (ANAMT)
“Para elaborar um programa de prevenção da doença relacionada
ao trabalho, para estabelecer nexo entre doença e trabalho e
para avaliar capacidade laborativa, o médico do trabalho deve
ter identificados os fatores de risco e as exigências físicas e
psíquicas no processo e ambiente de trabalho. Significa saber o
que o trabalhador faz, como faz e onde faz. Esse conhecimento
é obtido através das descrições das atividades quando
disponíveis, das informações da gerência, do PPRA, da avaliação
ergonômica quando disponível e, necessariamente, através do
estudo do trabalhador durante suas atividades e das
informações por ele fornecidas.”
Princípios Gerais: Como?
“O PCMSO deverá considerar as
questões incidentes...”
“...sobre o indivíduo...”
“...e a coletividade de trabalhadores...”
“...privilegiando o instrumental clínico-
epidemiológico na abordagem da
relação entre a saúde e o trabalho.”
(NR 7.2.2)
Princípios Gerais: Como?
“O PCMSO deverá ser planejado...”
“...e implementado...”
“...com base nos riscos à saúde dos
trabalhadores...”
“...especialmente os identificados nas
avaliações previstas nas demais NRs.”
(NR 7.2.4)
Pressupostos
1 - CONHECIMENTO DAS CONDIÇÕES DE
RISCO OU DOS “RISCOS”
Orientação segundo “riscos à saúde dos
trabalhadores, especialmente os
identificados nas avaliações previstas nas
demais NRs.” (NR 7.2.4)
Competências Requeridas dos
Médicos do Trabalho (ANAMT)
“...saber reconhecer a presença de fatores de risco para
a saúde presentes nas situações de trabalho e
operação de equipamentos, utilizando metodologias
simplificadas, como por exemplo, realizar inquéritos
preliminares, utilizar check lists básicos de Segurança
do Trabalho, elaborar árvore de causas de acidentes
do trabalho, e selecionar os meios e recursos
adequados para sua avaliação.”
Competências Requeridas dos
Médicos do Trabalho (ANAMT)

“...acompanhar e analisar os resultados de auditorias


ambientais e de saúde e segurança; estudos
ergonômicos e psicossociais; avaliações toxicológicas;
levantamentos ambientais de Higiene do Trabalho
realizados nos ambientes de trabalho.”
Pressupostos

“médico familiarizado com os princípios da


patologia ocupacional e suas causas,
bem como com o ambiente, as condições
de trabalho e os riscos a que está exposto
ou será exposto cada trabalhador da
empresa a ser examinado”
COMPETÊNCIAS BÁSICAS - Conhecimentos,
habilidades e atitudes: saber ser e fazer

• 1 - Estudo do trabalho  cerca de 20


competências específicas
Competências Requeridas dos
Médicos do Trabalho (ANAMT)
“...compreender a contribuição dos fatores de risco
presentes nos ambientes de trabalho, em seus
aspectos físico, social e organizacional, sobre a saúde
humana.” Deve, também, “valorizar o saber do
trabalhador sobre as condições de trabalho e suas
conseqüências sobre a saúde.”
Pressupostos
2 - CONHECIMENTO DO PERFIL INDIVIDUAL E
COLETIVO DE MORBIDADE
“Considerar as questões incidentes sobre o
indivíduo e a coletividade de trabalhadores,
privilegiando o instrumental clínico-
epidemiológico...” (NR 7.2.2)
Competências Requeridas dos
Médicos do Trabalho (ANAMT)
 “Saber utilizar sistemas de gerenciamento da
informação para a programação e execução das
ações de vigilância da saúde, documentação clínica,
acompanhamento de programas de saúde, controle
de custos, com a análise e divulgação dos resultados,
respeitados os preceitos éticos.”
 “Organizar o sistema de registro e análise das
informações de saúde, de modo a conhecer as
condições de saúde e o perfil epidemiológico dos
trabalhadores.”
Epidemiologia “Descritiva”
“Parte da Epidemiologia que se ocupa da
distribuição de um agravo à saúde da
população, aplicando a esta, certo número de
indicadores (mortalidade, morbidade,
invalidez, etc.) de modo global e em função de
determinados parâmetros, como indivíduos,
tempo e lugar.” (Luís Rey, Dicionário de Termos Técnicos de
Medicina e Saúde, 1999)
“Epidemiologia Descritiva”: Responde
às perguntas
Quem? (Pessoas) Quando? (Tempo)
Onde? (Lugar)
Distribuição dos Empregados segundo a IDADE

N = 567
Distribuição dos Empregados Segundo TEMPO DE SERVIÇO

N = 567
Pessoas com Exames Audiométricos Alterados, Segundo
TEMPO DE SERVIÇO (2000 a 2007)

N = 1231
DISTRIBUIÇÃO DOS “DESENCADEAMENTOS” DE PERDAS
AUDITIVAS, POR CARGO (2008)

N = 72
DISTRIBUIÇÃO DOS AFASTAMENTOS DE CURTO PRAZO
As 10 Principais Ocorrências (2000 a 2007)

N = 1154
AFASTAMENTOS DE LONGO PRAZO (> 15 dias)
(Empresa do Ramo do Zinco, 2000 a 2007)

N = 65
APOSENTADORIA POR INVALIDEZ ENTRE EMPREGADOS DE
EMPRESA NO RAMO DO PETRÓLEO PERÍODO DE 2003 - 2006.

23,7%

30,8% 20,8%

11,2%

34,1%

Transtorno mental Osteomuscular


DCV Neoplasia
Outros
MORTALIDADE PROPORCIONAL ENTRE EMPREGADOS DE
EMPRESA DO RAMO DO PETRÓLEO NO PERÍODO DE 1996 - 2006
6,6%

24,4%
30,1%

17,2%
14,6%
3,3%
3,7%
Causas externas Acidentes do trabalho
DCV Neoplasia
AIDS Aparelho digestivo
Outros
4. Incapacidade Laboral: Algumas
Semelhanças e Diferenças dos Atos
Médicos Básicos e dos Erros
(Medicina do Trabalho x Perícia)
Algumas Semelhanças e Diferenças dos
Erros Mais Comuns (1)
• Médico do trabalho supostamente rigoroso na
admissão > cria “inaptidão” (falsa positiva) que
não tem base em evidências científicas, e que
leva à rejeição/exclusão injusta do candidato a
emprego, cargo ou função!
• Perito médico ou Médico Perito supostamente
rigoroso para conceder benefício por
incapacidade > desqualifica a “incapacidade”
(falso negativo) que – de fato - existe, o que leva
à injusta exclusão ao direito de benefício!
Algumas Semelhanças e Diferenças dos
Erros Mais Comuns (2)
• Médico do trabalho displicente e relaxado na
demissão > cria “aptidão” (falsa positiva) que, na
verdade, não existe, abrindo as portas para a
demissão e fechando as portas para a admissão
em outra empresa...
• Perito médico apressado em conceder a cessação
do benefício por incapacidade, em segurado que,
na verdade, não tem “capacidade laborativa”
para trabalhar (falso positivo)!
Algumas Semelhanças e Diferenças dos
Erros Mais Comuns (3)
• Médico do trabalho displicente na admissão >
cria “aptidão” (falsa negativa) que, na verdade,
não existe, abrindo as portas para a admissão
indevida, com risco para a saúde do trabalhador
e/ou para outros...
• Perito médico apressado em conceder benefício
por incapacidade, a segurado que, na verdade,
não tem “incapacidade laborativa”
total...privando-o da possibilidade de trabalhar...
Incapacidade Laboral: Principais Causas
dos Erros Cometidos na Medicina do
Trabalho e na Perícia Médica
Falta de Conhecimento do Local e Posto de
Trabalho
“Eu, quanto pude, fiz o que estava ao meu alcance, e
não me considerei diminuído visitando, de quando em
quando, sujas oficinas a fim de observar segredos da
arte mecânica. (...) Das oficinas dos artífices, portanto,
que são antes escolas de onde saí mais instruído, tudo
fiz para descobrir o que melhor poderia satisfazer o
paladar dos curiosos, mas, sobretudo, o que é mais
importante, saber aquilo que se pode sugerir de
prescrições médicas preventivas ou curativas, contra as
doenças dos operários.”
Contribuições de
Bernardino Ramazzini
(1633-1714), livro De
Morbis Artificum
Diatriba (“As Doenças
dos Trabalhadores”)
Condutas Movidas por Ideologia de
“Defesa” das Instituições
• Na Medicina do Trabalho: querer “proteger” o
empregador dos supostos riscos de admitir
pessoas que não são “super-homens” perfeitos
(ou “supermulheres”) ou “astronautas” ou
“atletas” (agravado em tempos de NTEP...)
• Na Perícia Médica: colocar-se na defesa da
Instituição, acima das obrigações de ver-se como
agente de execução de direitos sociais (e não
“concessões”, “benesses” ou “dádivas”...)
“Simulação” e “fraude” como primeira
hipótese!
Conceitos e Práticas Binários e
Reducionistas do “Tudo” ou “Nada”
• Na Medicina do Trabalho:
– “apto” x “inapto”, “normal” x “patológico”
– confusão entre afastamento da “função”, do
“cargo”, da “tarefa” e afastamento do “trabalho”
• Na Perícia Médica:
– “capaz” x “incapaz”
– A (atual) inexistência de “graus de capacidade
laborativa” ou “graus de incapacidade laborativa”
– A (atual) fragilidade dos programas de
Reabilitação Profissional
(In)capacidade Laboral: Perspectivas
Movidas pela Busca da Inclusão Social
Do Enfoque de “Aptidão” para o Enfoque
de “Adaptação” (1)
“A mudança do enfoque de “aptidão” a um enfoque de
“adaptação” supõe que os resultados da avaliação de saúde
podem também ser utilizados para informar ao trabalhador e
ao empregador sobre as medidas que deveriam ser adotadas
para superar o problema (...) e também para informar ao
empregador, à direção da empresa, a todos os representantes
dos trabalhadores e ao comitê de saúde e segurança, acerca
das medidas (coletivas, individuais ou dos dois tipos) que
deveriam ser tomadas para adaptar o meio ambiente de
trabalho ou a organização do trabalho às necessidades
fisiológicas e psicológicas dos trabalhadores.” (OIT, 1998)
Inter-relações entre “Aptidão”, “Ergonomia”,
“Reabilitação Profissional”
“Do ponto de vista da Saúde no Trabalho, não existe
uma aptidão geral para o emprego; a aptidão
somente pode ser definida em relação a um
emprego particular ou um determinado tipo de
tarefa; do mesmo modo, não existe uma “inaptidão”
absoluta para o emprego.”
“A aptidão para o emprego deveria considerar-se à luz
das inter-relações entre a aptidão, a ergonomia, e a
reabilitação física e profissional.”
(Princípios Diretivos e Éticos Relativos à Vigilância da Saúde dos
Trabalhadores, OIT, 1998)
Valorização e Promoção da “Capacidade de
Trabalho” (“Workability”)
“... o conceito de capacidade para o trabalho, enfatizando que
ela é uma condição resultante da combinação entre recursos
humanos em relação às demandas físicas, mentais e sociais
do trabalho, gerenciamento, cultura organizacional,
comunidade e ambiente de trabalho. O conceito é expresso
como “quão bem está, ou estará, um(a) trabalhador(a)
presentemente ou num futuro próximo, e quão capaz ele ou
ela pode executar seu trabalho em função das exigências, de
seu estado de saúde e capacidades físicas e mentais”
(Martinez, Latorre e Fischer, 2010)
Valorização e Uso do Conceito de
“Funcionalidade”: da CID à CIF!
“... na CIF a incapacidade e a funcionalidade são vistas
como resultados de interações entre estados de saúde
(doenças, distúrbios e lesões) e fatores contextuais. Entre os
fatores contextuais estão fatores ambientais externos (por
exemplo, atitudes sociais, características arquitetônicas,
estruturas legais e sociais, bem como clima, terreno, e assim
por diante); e fatores pessoais internos, que incluem gênero,
idade, estilo de vida, condição social, educação, profissão,
experiências passadas e presentes, padrão de comportamento
geral, caráter e outros fatores que influenciam a maneira
como a incapacidade é experimentada pelo indivíduo.”
5. Comentários Finais
rene.mendes@uol.com.br

renemendes@renemendes.com.br

Das könnte Ihnen auch gefallen