Curso intensivo aptidões sociais

Curso Intensivo de Promoção de
Competências Sociais em Crianças e

Jovens (E-Learning)
Módulo II
Formador: Drª Joana Fernandes

Índice
Módulo II
Aptidões Sociais
2.1. Consciência pessoal

2.2. Regulação
2.3. Consciência social
2.4. Competências interpessoais
2.5. Tomada de decisão e resolução de problemas
2
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Reconstrua o seu futuro!
Módulo II
Aptidões sociais
3
Aptidões sociais
• A competência social é fruto do desenvolvimento normativo de diversas aptidões sociais,

consideradas elementos-chave;
• O tipo de elementos chave que contribuem para o desenvolvimento da competência

social variam de autor para autor;
• De seguida são estruturadas algumas das aptidões sociais mais mencionadas na

literatura.
4
Aptidões sociais
• As aptidões sociais mais comumente estudadas consistem em:
1. Consciência
pessoal
5. Tomada de
decisão e
2. Regulação
resolução de
problemas
4. 3.
Competências Consciência
interpessoais social
5
2.1. Consciência pessoal
6
Consciência pessoal
• Consiste na capacidade de reconhecer as suas próprias emoções, pensamentos e valores e,

como estes podem influenciar o comportamento.
• Ser capaz de reconhecer as qualidades e limitações individuais com confiança e otimismo.
1.
Consciência
pessoal
b)
a) Emoções
Autoestima
7
a) Emoções
8
a) Emoções
• Tendo em conta que todas as emoções têm um significado e que, por sua vez, estão
associadas a uma determinada situação ou contexto específico, elas cumprem uma função
adaptativa.
• Possíveis dificuldades na vivência e expressão de emoções podem ser explicadas por

diversos fatores:
• enviesamentos no processamento de informação;
• restrição do leque de emoções experimentadas que pode gerar distorções sistemáticas;
• negação ou evitamento de estados emocionais (voluntária ou involuntária).
.
9
• As emoções ocorrem num contexto social decorrente da

interação com o meio e com as pessoas circundantes;
Emoção Social
• O progresso do desenvolvimento emocional encontra-se
assim, entrelaçado aos avanços do desenvolvimento
social;
• É nesta relação interdependente que surge a

popularização do conceito de desenvolvimento
socioemocional.
10
• O primeiro contexto onde as emoções começam a desenvolver-se é no seio familiar

junto dos cuidadores, tal como já foi referido no Módulo I;
• A interação com o cuidador é crucial na moldagem do desenvolvimento emocional na

infância;
• O cuidador proporciona rotinas estáveis e padrões de cuidados seguros que

permitem a criação das primeiras relações emocionais da criança.
11
Concretamente os cuidadores:
• Inconscientemente salientam o significado emocional dos eventos através das suas

próprias reações;
• Modelam a demonstração verbal, facial e comportamental das emoções;
• Demonstram comportamentos comuns ou tendências de ação associados à forma

como lidar com as emoções;
• Expõem as crianças a um ambiente afetivo que proporciona à criança uma história

emocional única;
• Modelam o comportamento emocional futuro, através do reforço ou punição.

12
• A relação estabelecida desde cedo com os cuidadores tem como base o conceito de
vinculação:
• Estudos têm demonstrado que o desenvolvimento de uma relação de vinculação

organizada e segura a um cuidador é um fator protetor no ajustamento social e
emocional.
• Uma vinculação insegura (evitante ou resistente) tem sido considerada um fator

de risco para o desenvolvimento de comportamentos desajustados e
psicopatologia em crianças.
13
O quadro que se segue mostra os diferentes tipos de vinculação aos cuidadores, a forma
como a criança lida com o stress perante cada tipo e, como pode ser caraterizada a
relação com o cuidador:
14
Os links que se seguem demonstram uma experiência concetualizada por Ainsworth denominada
“Situação Estranha”. Esta experiência foi elaborada de forma a compreender os diferentes estilos de
vinculação à figura materna. São organizados diferentes momentos: a mãe brinca com a criança; de
seguida entra uma pessoa estranha que fala com a mãe; depois a mãe sai e fica a estranha;
posteriormente a mãe volta e a estranha sai; a mãe sai e a criança fica sozinha retornando minutos
depois. O momento mais importante da experiência é quando a mãe retorna. A reação da criança
demonstra o tipo de relação existente. Seguem dois exemplos, o primeiro de um estilo seguro e o
segundo de um estilo evitante.
Estilo seguro
Estilo evitante
15
O treino das aptidões sociais relacionadas com as emoções deverá abordar:
1. Reconhecimento de emoções em si próprio;
2. Reconhecimento de expressões faciais de emoção;
3. Relacionar uma emoção a uma ação comportamental (e.g. quando estou zangado grito com
os outros).
16
b) Autoestima
17
b) Reconhecimento das capacidades (autoestima)
• Autoestima reflete uma avaliação emocional subjetiva de um indivíduo sobre o seu

valor, crenças pessoais (e.g., eu sou competente), e estados emocionais (e.g., orgulho).
• Ser capaz de reconhecer caraterísticas individuais permite ao indivíduo saber o seu

valor pessoal e demonstrar segurança e confiança no estabelecimento de relações
com os outros e nas interações sociais.
18
O treino das aptidões sociais relacionadas com a autoestima deverá abordar:
1. Reconhecimento de caraterísticas individuais;

2. Reconhecimento de qualidades que o distinguem dos demais;
3. Reconhecimento de aspetos a melhorar.
19
2.2. Regulação
20
Regulação
• Capacidade de regular com sucesso as próprias emoções, pensamentos e comportamentos

perante situações diferentes.
• Capacidade em gerar e elaborar estratégias para atingir objetivos pessoais e académicos.
2. Regulação
Regulação
Autocontrolo
emocional
21
Regulação emocional e Autocontrolo
22
Regulação
Regulação emocional e Autocontrolo
• Capacidade de adaptar emocionalmente situações desafiadoras;
• Inibir comportamentos percebidos como inapropriados num determinado contexto

privilegiando outro considerados socialmente esperados, mesmo quando não
correspondem às intenções do indivíduo.
23
Regulação
• Estudos têm demonstrado que o desenvolvimento de competências de

autorregulação no ensino pré-escolar predizem uma adaptação positiva à escola.
• A aprendizagem de competências de regulação emocional tem sido associada a uma

maior capacidade por parte das crianças no seguimento de instruções, focar a
atenção e cooperar com os professores e pares.
24
Regulação
Os primeiros anos de vida são considerados fundamentais para o desenvolvimento de

competências de autorregulação:
Até 11 meses 12-24 meses 24-36 meses 3-6 anos
• Regulação fisiológica dos • Recorre a objetos para se • Começa a falar sobre • Regulação da agressão
períodos de alimentação e distrair quando está sob emoções e situações que as através da compreensão do
sono, stress; despoletam; impacto das suas ações nos
• Autorregulação através da • Utiliza objetos de transição • O faz de conta é utilizado outros;
sucção (dedo ou chupeta). (cobertor, animais). para exprimir emoções • Aprende a lidar com a
• Recorre à referenciação frustração;
social. • Apresenta emoções
mascaradas.
25
Regulação
Existem diversas estratégias de autorregulação e autocontrolo, todavia os autores

identificam algumas estratégias consideradas fundamentais:
26
Regulação
Para aprofundar o conceito de autorregulação na infância, consultar o

documento:
Doc5_Eisenberg e Sulik (2012) Emotion self regulation in children
27
Regulação
O treino das aptidões sociais relacionadas com a autorregulação e o autocontrolo deverá

abordar:
1. Reconhecimento de situações consideradas problemáticas;

2. Conhecimento de estratégias de autorregulação e autocontrolo;
3. Desenvolvimento de estratégias adequadas para gerir as emoções.
28
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2.3. Consciência social
29
Consciência social
• Capacidade em colocar-se no lugar do outro ou empatizar, compreender as normas

éticas e sociais nos comportamentos.
3. Consciência social
a) Empatia b) Tomada de perspetiva
30
a) Empatia
31
Consciência social
Empatia
• Capacidade de sentir ou imaginar a experiência emocional de outra pessoa;
• É um elemento importante no desenvolvimento social e emocional que pode afetar o

comportamento do indivíduo em relação às outras pessoas e a qualidade das
relações.
32
Consciência social
Empatia
Em termos desenvolvimentais, podem ser concetualizadas as seguintes fases:
Nascimento – 12 meses
• Sensível às emoções e atividades dos outros;
• Responde de forma diferenciada a faces familiares e não familiares;
• Chora quando outras pessoas choram (especialmente outros bebés);
• Oferece objetos e comida a outras pessoas.
33
Empatia
12 – 24 meses
• Usa com maior frequência a referenciação social, responde ou recorre às emoções
das pessoas para guiar o seu comportamento;
• Tenta confortar outra pessoa que esteja zangada;
• Partilha cada vez mais as suas coisas com os outros, ajuda os outros.
34
Empatia
2 – 3 anos
• Começa a preocupar-se com os padrões do comportamento social (e.g.,
brinquedos partidos; botões que faltam);
• Tenta diversas estratégias para confortar os outros;
• Compreende que os outros têm estados internos, pensamentos e perceções.
35
Empatia
3 – 4 anos
• Reações de simpatia com outras crianças são comuns;
• Aumenta a capacidade de ouvir os outros;
• A teoria da mente é estabelecida apresentando capacidade para compreender a

perspetiva e os sentimentos dos outros;
• Maior capacidade de responder aos sentimentos dos outros através do conforto.
36
Empatia
4 – 6 anos
• Integra emoções diversas;
• É capaz de se preocupar com o bem estar futuro dos outros.
37
Consciência social
A empatia é constituída pelos seguintes componentes:
1. Empatia emocional
•Capacidade para responder com a emoção adequada perante o estado
emocional de outra pessoa;
•Tem como base o contágio emocional, ou seja, ser afetado pelo estado ou
ativação emocional de outra pessoa.
2. Empatia cognitiva
•Capacidade para entender a perspetiva ou o estado mental de
outra pessoa;
•Teoria da mente ou tomada de perspetiva
38
Consciência social
1. Empatia emocional:
• É o primeiro componente da empatia a surgir em termos desenvolvimentais;
• Após 18 a 72 horas após o nascimento, a criança que é exposta ao som de uma

criança a chorar, normalmente revelam reações de stress, ou seja, choro reflexivo
ou reativo, ou contágio emocional.
39
Consciência social
2. Empatia cognitiva:
• Teoria da Mente – consiste na capacidade para atribuir estados mentais (crenças,

intenções, desejos) a si próprio e aos outros e, compreender as crenças,
intenções e desejos que são diferentes dos seus.
• Tomada de perspetiva – ser capaz de se colocar no lugar do outro.
40
Consciência social
Para aprofundar o conceito de empatia, consultar o documento:

Doc6_The development of empathy
41
b) Tomada de perspetiva
42
Consciência social
Tomada de perspetiva
• A tomada de perspetiva social foi essencialmente concetualizada por Selman
(1971);
• Segundo a autora existem 5 estádios no desenvolvimento da tomada de perspetiva.
43
Consciência social
- Nível 0: Egocêntrico (3 - 6 anos)
• As crianças ainda não são capazes de diferenciar claramente as características físicas e

psicológicas das pessoas. A criança reconhece os seus sentimentos, mas a confusão
entre o psicológico, que é subjetivo e o físico que é objetivo, é geradora de confusão
entre ação e sentimento, impossibilitando a criança de distinguir comportamentos
intencionais de não-intencionais.
44
Consciência social
- Nível 1: Subjetivo (6 - 8 anos)
• As crianças já são capazes de diferenciar as caraterísticas físicas das psicológicas,

passando deste modo a distinguir ações intencionais de não-intencionais. A criança
ganha consciência que cada pessoa tem uma subjetividade única, passando a
reconhecer o outro e não apenas o eu.
45
Consciência social
- Nível 2: Autoreflexivo (8 - 10 anos)
• A criança já consegue refletir acerca dos seus sentimentos e pensamentos. As crianças

passam a ter a capacidade de compreender as motivações e sentimentos do outro.
46
Consciência social
- Nível 3: Mútuo (10-12 anos)
• A criança descobre que tanto o eu quanto o outro podem considerar o ponto de vista de
cada parte simultânea e mutuamente;
• Assim, cada um pode colocar-se no lugar do outro, e, dessa forma, ver-se a si mesmo
antes de decidir como reagir, tal como a Regra de Ouro (fazer ao outro o que gostaria
que fosse feito para si).
47
Consciência social
- Nível 4: Social (a partir dos 12 anos)
• A tomada de perspetiva não mais se limita ao nível das relações interpessoais e passa
para o âmbito do sistema social em geral, envolvendo um grupo ou perspetivas sociais.
48
Consciência social
Os investigadores elaboraram uma experiência que permite visualizar a forma como o

desenvolvimento da tomada de perspetiva social ocorre em crianças. Pode ver como tudo
acontece através do link:
False Belief Task
49
Consciência social
O treino das aptidões sociais relacionadas com a empatia e a tomada de perspetiva

deverá abordar:
1. Reconhecimento do estado emocional dos outros;

2. Reconhecimento da perspetiva social do outro (e.g., colocar-se nos “sapatos” do outro);
3. Reconhecimento de estratégias para minimizar o impacto das nossas emoções e
ações nos outros.
50
2.4. Competências interpessoais
51
Competências interpessoais
• Capacidade de estabelecer e manter relações saudáveis e compensatórias com

diferentes pessoas e grupos;
• Capacidade de comunicar, ouvir, cooperar, resistir à pressão social, negociar conflitos

de forma construtiva e, procurar e oferecer ajuda sempre que necessária.
4. Competências
interpessoais
b) Trabalhar em c) Resolução de
a) Comunicação
equipa conflitos
52
a) Comunicação
53
a) Comunicação
• A comunicação consiste na troca de informação;
• Esta troca pode ocorrer:
• Verbalmente;
• Não verbalmente;
• Ou através de diferentes estilos de comunicação.
54
a) Comunicação
Verbal
• Consiste em todo o tipo de troca de informações de forma falada ou escrita;
• Para que ocorra é necessário um emissor (aquele que emite a mensagem) e um recetor
(aquele que recebe a mensagem);
• Esta troca deve ocorrer num determinado contexto e a descodificação da mensagem

deve ter este elemento em consideração.
55
a) Comunicação
Não-Verbal
• Consiste em toda a troca de informação que ocorre sem recorrer a uma mensagem
falada ou escrita.
• Ocorre, por exemplo, através:
Postura Expressão Contato

corporal facial ocular
56
a) Comunicação
Estilos de comunicação
• São concetualizadas quatro categorias de estilos de comunicação:
Agressivo Passivo Manipulador
Assertivo
57
Agressivo
• Quem recorre a este estilo tende a agir como alguém que coloca os seus desejos,
necessidades e direitos acima dos outros;
• Age como se fosse intocável, não tivesse falhas nem cometesse erros;
• Fala alto;
• Interrompe os outros;
• Faz barulho quando os outros se exprimem;
• Manifesta, por mímica, o seu desprezo ou a sua desaprovação.

58
Passivo
• Quem utiliza este estilo é, quase sempre considerado, um “explorado” ou uma “vítima”;
• Raramente está em desacordo e fala como se nada pudesse fazer por si próprio e
pelos outros;
• Tende a ignorar os seus direitos e os seus sentimentos;
• Raramente diz que “não”;
• Deixa que os outros abusem dele;
• Apresenta um riso nervoso.

59
Manipulador
• Considera-se hábil nas relações interpessoais, apresenta e estuda discursos

diferentes consoante os interlocutores a quem se dirige;
• Raramente se assume como responsável;
• Fala por meias palavras;
• Tira partido do sistema adaptando-o aos seus interesses;
• Emprega frequentemente o “nós” e não o “eu”;
• Apresenta-se sempre cheio de boas intenções.

60
Assertivo
• A atitude de assertividade leva a que o indivíduo evidencie os seus direitos e a sua

legitimidade, sem ir contra os direitos dos outros;
• Trata-se de uma pessoa que se pronuncia de forma serena e construtiva;
• Está à vontade nas relações face a face;
• É verdadeiro consigo e com os outros;
• É objetivo e claro;
• Não deixa que o pisem.

61
Pedir
desculpa
Assertivo Defender
os seus
Fazer
pedidos
direitos
Ser
capaz
Saber de… Dar um
recusar
elogio
pedidos
Aceitar Dar
críticas opinião
62
b) Trabalho em equipa
63
b) Trabalho de equipa
• Capacidade socioemocional que as crianças desenvolvem ainda pequenas e, desse

trabalho, é esperado que desenvolvam o respeito pelos colegas de grupo, a empatia e a
compaixão pelas outras pessoas, ficando aberta a outras opiniões e novas ideias.
64
c) Resolução de conflitos
65
• Conflito é uma oportunidade para a criança refletir e reforçar o seu conhecimento,

fomentando o seu desenvolvimento, moral e intelectual, através da descoberta de
soluções satisfatórias para o bem comum;
• É através do conflito, e na posse das estratégias/ instrumentos necessários, que

poderão emergir crianças capazes de resolver as suas disputas quotidianas de forma
autónoma, ou seja, agindo como atores na resolução dos conflitos.
66
• Considerando as etapas do desenvolvimento da tomada de perspetiva social, Selman

(1980) define ainda níveis de estratégias de negociação interpessoal que permitem
identificar os diferentes modos de agir no relacionamento interpessoal e na resolução
de conflitos.
67
Estratégias de Negociação Interpessoal
- Nível 0: Impulsiva (3 aos 6 anos)

• A criança utiliza estratégias físicas para a resolução do conflito de forma a
proteger-se, agindo impulsivamente.
68
- Nível 1: Unilateral (6 aos 9 anos)

• A criança relega para segundo plano as vontades/ necessidades do outro;
• Dá primazia à sua vontade em detrimento da vontade do outro.
69
- Nível 2: Recíproca (7 aos 12 anos)

• A criança reconhece e compreende a vontade do outro as suas motivações e
sentimentos;
• Procura negociar de modo a encontrar soluções que favoreça ambas as partes.
70
O treino das aptidões sociais relacionadas com a comunicação, o trabalho em equipa e a

resolução de conflitos deverá abordar:
1. Reconhecimento de estratégias adequadas para transmitir uma mensagem;

2. Reconhecimento dos estilos de comunicação;
3. Reconhecimento de estratégias adequadas para ter um estilo de comunicação
assertivo;
4. Reconhecimento prévio de possíveis situações de conflito;
5. Reconhecimento de estratégias adequadas para lidar com as situações de conflito.
71
2.5. Tomada de decisão e resolução de problemas
72
Tomada de decisão e resolução de problemas
• Ser capaz de efetuar escolhas sobre o comportamento pessoal e nas interações sociais.
• Saber avaliar as consequências das suas ações.
5. Tomada de
decisão e resolução
de problemas
a) Tomada de b) Resolução de
decisão problemas
73
a) Tomada de decisão
74
a) Tomada de decisão
• Ser capaz de tomar decisões funciona como fator protetor, contribuindo o seu
desenvolvimento para a redução da impulsividade e para a promoção de outras
competências de vida, nomeadamente a autoestima, as crenças de autoeficácia,
locus de controlo interno, perceção de controlo sobre a própria vida e expectativas
de sucesso mais realistas.
75
b) Resolução de problemas
76
• Ocorre quando a criança tem um objetivo em mente mas encontra um obstáculo e

não sabe como ultrapassá-lo;
• Uma parte do desafio consiste em compreender as causas da situação e escolher a

solução adequada conforme o contexto.
77
O processo de resolução de problemas ocorre nas seguintes fases:
1. Identificar o problema;
2. Pensar em soluções;
3. Pensar nos prós e contras de cada opção;
4. Desenvolver um plano e implementá-lo;
5. Avaliar a eficácia da solução escolhida.
78
• A resolução de problemas consiste num processo transversal ao desenvolvimento

da criança;
• De facto, a maturação ocorre conforme a criança seja capaz ou não de resolver e
solucionar os problemas e os obstáculos com que se vai deparando ao longo do
crescimento. Os primeiros anos de vida são cruciais para esta aprendizagem.
79
Nascimento – 6 meses
• Aprende que se tiver um determinado comportamento existe uma reação

externa (e.g., chora e alguém aparece para confortar);
• Resolução de problemas é efetuada por tentativa e erro.
80
6 -12 meses
• É estabelecida a permanência do objeto (entendimento de que os objetos

continuam a existir mesmo quando não possam ser vistos, ouvidos ou tocados);
• A resolução consiste na exploração e tentativa e erro aprendida diretamente

com os objetos.
81
12 -24 meses
• A criança estabelece padrões para si própria e trabalha nos problemas de

modo a alcançar esses padrões;
• Procura a ajuda dos adultos na resolução de problemas.
82
O link que se segue demonstra como uma criança de 12 meses recorre à tentativa e
erro para resolver problemas.
Resolução de problemas_12 meses
83
2 - 3 anos
• Recorre ao discurso pessoal para controlar e ajudar na resolução de

problemas;
• É capaz de memorizar e integrar informação de diferentes fontes para a

resolução de problemas.
84
3 - 4 anos
• Identifica as regras da resolução de problemas ou recorre ao raciocínio

analógico;
• Aumenta a tolerância à frustração e o controlo dos impulsos.
85
O treino das aptidões sociais relacionadas com a tomada de decisão e a resolução de

conflitos deverá abordar:
1. Recurso ao discurso interno para a resolução de problemas;

2. Reconhecimento de estratégias adequadas para resolver problemas;
3. Reconhecimento que existem várias opções;
4. Capacidade de refletir sobre os prós e contras de cada opção;
5. Capacidade para desenvolver um plano e implementá-lo;
6. Capacidade para avaliar a eficácia do plano implementado.
86

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Competências Sociais em Crianças e

Formador: Drª Joana Fernandes

2.1. Consciência pessoal

• A competência social é fruto do desenvolvimento normativo de diversas aptidões sociais,

• O tipo de elementos chave que contribuem para o desenvolvimento da competência

• De seguida são estruturadas algumas das aptidões sociais mais mencionadas na

• As aptidões sociais mais comumente estudadas consistem em:

• Consiste na capacidade de reconhecer as suas próprias emoções, pensamentos e valores e,

• Ser capaz de reconhecer as qualidades e limitações individuais com confiança e otimismo.

• Possíveis dificuldades na vivência e expressão de emoções podem ser explicadas por

• As emoções ocorrem num contexto social decorrente da

• É nesta relação interdependente que surge a

• O primeiro contexto onde as emoções começam a desenvolver-se é no seio familiar

• A interação com o cuidador é crucial na moldagem do desenvolvimento emocional na

• O cuidador proporciona rotinas estáveis e padrões de cuidados seguros que

• Inconscientemente salientam o significado emocional dos eventos através das suas

• Modelam a demonstração verbal, facial e comportamental das emoções;

• Demonstram comportamentos comuns ou tendências de ação associados à forma

• Expõem as crianças a um ambiente afetivo que proporciona à criança uma história

• Modelam o comportamento emocional futuro, através do reforço ou punição.

• Estudos têm demonstrado que o desenvolvimento de uma relação de vinculação

• Uma vinculação insegura (evitante ou resistente) tem sido considerada um fator

O treino das aptidões sociais relacionadas com as emoções deverá abordar:

1. Reconhecimento de emoções em si próprio;

2. Reconhecimento de expressões faciais de emoção;

b) Reconhecimento das capacidades (autoestima)

• Autoestima reflete uma avaliação emocional subjetiva de um indivíduo sobre o seu

• Ser capaz de reconhecer caraterísticas individuais permite ao indivíduo saber o seu

O treino das aptidões sociais relacionadas com a autoestima deverá abordar:

1. Reconhecimento de caraterísticas individuais;

• Capacidade de regular com sucesso as próprias emoções, pensamentos e comportamentos

• Capacidade em gerar e elaborar estratégias para atingir objetivos pessoais e académicos.

Regulação emocional e Autocontrolo

• Capacidade de adaptar emocionalmente situações desafiadoras;

• Inibir comportamentos percebidos como inapropriados num determinado contexto

• Estudos têm demonstrado que o desenvolvimento de competências de

• A aprendizagem de competências de regulação emocional tem sido associada a uma

Os primeiros anos de vida são considerados fundamentais para o desenvolvimento de

Até 11 meses 12-24 meses 24-36 meses 3-6 anos

Existem diversas estratégias de autorregulação e autocontrolo, todavia os autores

Para aprofundar o conceito de autorregulação na infância, consultar o

O treino das aptidões sociais relacionadas com a autorregulação e o autocontrolo deverá

1. Reconhecimento de situações consideradas problemáticas;

• Capacidade em colocar-se no lugar do outro ou empatizar, compreender as normas

a) Empatia b) Tomada de perspetiva

• Capacidade de sentir ou imaginar a experiência emocional de outra pessoa;

• É um elemento importante no desenvolvimento social e emocional que pode afetar o

Em termos desenvolvimentais, podem ser concetualizadas as seguintes fases:

• Responde de forma diferenciada a faces familiares e não familiares;

• Chora quando outras pessoas choram (especialmente outros bebés);

• Oferece objetos e comida a outras pessoas.

• Tenta confortar outra pessoa que esteja zangada;

• Tenta diversas estratégias para confortar os outros;

• Compreende que os outros têm estados internos, pensamentos e perceções.

• Aumenta a capacidade de ouvir os outros;

• A teoria da mente é estabelecida apresentando capacidade para compreender a

• Maior capacidade de responder aos sentimentos dos outros através do conforto.

• É capaz de se preocupar com o bem estar futuro dos outros.

A empatia é constituída pelos seguintes componentes:

• É o primeiro componente da empatia a surgir em termos desenvolvimentais;

• Após 18 a 72 horas após o nascimento, a criança que é exposta ao som de uma

• Teoria da Mente – consiste na capacidade para atribuir estados mentais (crenças,