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DISCIPLINA: Movimentos Sociais e Educação

DOCENTE: Eduardo Gomes Machado


DISCENTE: Talyta Lopes Santos Lucena

Instituto de Humanidades – IH
Curso Sociologia

Acarape, CE.
27 de março de 2019
O tema da roda de conversa escolhida foi “Ocupações Criativas
Urbanas – Experiências, Aprendizagens e Desafios”, mediada pela professora
Annie Sophie. O elemento central na discussão da roda de conversa foi à
necessidade de políticas públicas votadas para a juventude, tanto em Acarape
e Redenção como em Guiné-Bissau e no território do grande Bom Jardim.
A primeira pessoa da mesa a relatar sua experiência foi a Lívia
Bonfim, a mesma iniciou falando sobre a chegada da Universidade da
Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB). E com isto
trouxe um público bastante numeroso vindo de várias partes do estado do
Ceará e de outros países para as cidades da região do Maciço de Baturité e
em especial de Acarape e Redenção, nas quais essas cidades não estavam
acostumadas com um público numeroso, muito menos jovem, e por esses
jovens estarem ocupando alguns espaços públicos dentro dessas cidades a
população ficou bastante incomodada gerando conflitos. Neste sentido da
maneira de ocupar e o fazer-cidade “[...] deve ser entendido como um processo
sem fim, contínuo e sem finalidade. Ele faz sentido no contexto de uma
expansão contínua dos universos sociais e urbanos.” (AGIER, 2015, p. 491).
A ausência de políticas que pudessem garantir um dos direitos
básicos da juventude das cidades de Acarape e Redenção contribuiu para que
um grupo de jovens se organizasse a fim de garantir o direito ao lazer, e
fundaram a JARA – Juventudes Autônomas de Redenção e Acarape, na qual
Lívia Bonfim é uma das fundadoras. Diante desse relato é possível perceber
que eles fazem parte do novo movimento social, no qual consiste em uma
organização buscando seus direitos perante o Estado, não como forma de
conquistar o poder, mas apenas para pressioná-lo (ALONSO, 2009).
Na fala da segunda jovem componente da mesa, Caroline Viana,
relatou a busca de apoio das prefeituras de Redenção e Acarape em um
evento na qual a JARA estava organizando. O evento era um Pré-Carnaval, a
JARA conseguiu o apoio da prefeitura de Acarape, e o evento conforme as
palavras de Caroline Viana foi um sucesso, ocorreu de maneira pacífica, à
população reconheceu o evento como legitimo, não gerou burburinhos e
fofocas pela cidade e finalizou de maneira que todos saíram satisfeitos. O que
não ocorreu da mesma forma com a cidade vizinha Redenção, no qual a JARA
procurou apoio e não encontraram, tendo que recorrer a vários órgãos públicos
a fim de obter os alvarás de funcionamento, gerando muito desconforto. O
evento ocorreu, porém não como gostariam os organizadores, houve muita
interrupção por parte da polícia e os jovens sentiram-se como se estivessem
sendo roubados os seus direitos. Tendo em vista a experiência vivenciada por
esses jovens, vale destacar que:

Essas experiências revelaram como os agentes urbanos de


cariz popular são continuamente desafiados por condicionantes
materiais e imateriais de várias ordens e escalas, em contextos
perpassados por correlações de forças adversas e onde
derrotas, perdas, violências múltiplas, injustiças e violações de
direitos são comuns, e deixam suas marcas. (MACHADO,
2018, p. 78).

Diante disso, os desafios na busca pelo reconhecimento e de


garantia dos direitos são grandes e requer um esforço maior por parte dos
militantes. Tentando levar a população o entendimento do fazer-cidade como
um processo de continuidade, uma extensão das relações sociais e com o
ambiente urbano, sabendo que esse processo não terá um final (AGIER, 2015).
André Lopes o terceiro componente da mesa, é um guineense que
nos relatou sua experiência de luta por direitos no seu país, diferentemente dos
relatos acima na Guiné-Bissau não há nenhum direito para os jovens, eles nem
sequer tem auxílio do governo. André relatou que ser jovem em seu país é não
ter oportunidades, o único espaço pertencente é o residencial, ficando
confinando dentro de casa e eles gostariam de poder ocupar a cidade e os
espaços urbanos como seres sociais “[...] o movimento do direito à cidade
enquanto direito de estar ali e de ali levar uma vida urbana” (AGIER, 2015, p.
493), devido a ausência de políticas públicas se torna necessário lutar em
busca de direitos para a juventude. Nesse sentido Alonso (2009) relata como
os novos movimentos sociais atuam, agem com suas próprias formas de
resistências e a busca por reapropriação de espaços, relações cotidianas e
tempo, isso ainda precisa ser incorporado na Guiné-Bissau, os jovens ainda
precisam ter suas reinvindicações ouvidas e lhes sejam garantidos os direitos.
A última pessoa a relatar sua experiência foi Caroline Ximenes,
moradora do grande Bom Jardim. A mesma relatou que o território é bastante
populoso e cresceu em meio a resistências, devido ao fato do bairro ser
esquecido, no início a população teve que lutar por escolas e educação de
qualidade e de um espaço adequado, pois antes as escolas eram improvisadas
nas casas dos moradores, o ambiente educacional deve ser entendido como o
lugar onde ocorre a problematização das percepções do mundo e sobre o
mundo (MACHADO, 2018). As repreensões por parte da polícia fazem parte do
cotidiano e do histórico dessa localidade toda a sociedade de um modo geral
sofre com isso e uma das lutas diárias é como reduzir os danos causados aos
jovens que são oprimidos e/ou presenciam algum tipo de repressão, como
reduzir os danos psicológicos sofridos por tudo que está ao seu redor. Os
diversos movimentos sociais presente no bairro tem o poder de ajudar os
jovens a construir o seu lugar de fala, na busca por espaços dentro da
sociedade. Com isso

[...] os militantes dos movimentos são agentes ativamente


envolvidos na produção e manutenção de significados e
símbolos que dão suporte à mobilização dos membros e os
legitima perante seus protagonistas, adversários e o público em
geral. (CARLOS, 2011, p. 161).

Por fim, a busca por políticas públicas que assegurem os direitos


dos jovens se torna necessária embora não seja uma tarefa fácil. O direito a
cidade também faz parte das reinvindicações “[...] as práticas do fazer-cidade
revelam assim uma certa universalidade da cidade, no sentido de que deixam
entrever inícios, gêneses, processos e lógicas da cidade, cujo final não
conhecemos.” (AGIER, 2015, p. 494). Os movimentos sociais são responsáveis
por desenvolverem narrativas próprias, mas também de dar a possibilidade dos
ativistas construírem uma consciência crítica a cerca do mundo a sua volta e
poder lutar por um local de fala, sendo possível fortalecer as relações sociais
com os que estão ao seu redor dentro e fora do movimento.
REFERÊNCIAS

AGIER, Michel. Do direito à cidade ao fazer-cidade. O antropólogo, a margem e


o centro. MANA. Rio de Janeiro, v. 21, n.3, p. 483-498, 2015.
http://dx.doi.org/10.1590/0104-93132015v21n3p483

ALONSO, Angela. As teorias dos movimentos sociais: um balanço do debate.


Lua Nova. São Paulo, n. 76, p. 49-86, 2009.

CARLOS, Euzeneia. Contribuições da análise de redes sociais às teorias de


movimentos sociais. Revista de Sociologia Política, Curitiba, v. 19, n. 39, p.
153-166, 2011.

MACHADO, Eduardo Gomes. Desafios da intervenção acadêmica no


planejamento urbano: diálogos sociológicos com a educação popular em Paulo
Freire. In: OLIVEIRA, Elaine Ferreira Rezende de; GABARRA, Larissa Oliveira
e; PROENÇA, Leandro. Construindo Pontes: Paulo Freire entre saberes,
projetos e continentes. Fortaleza: UECE, 2018, Cap. 3, p. 77-100.

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