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A SENHORA DEFÁTIMA
www.semeadoresdapalavra.net
A
SENHORA
DE
FÁTIMA
Outro "Conto do Vigário"
Edições Caminho de Damasco
São Paulo
1991
APRESENTAÇÃO
SUMÁRIO
NOTA DO EDITOR
Esta reedição acontece alguns meses após a morte do seu autor, ocorrida
em 30 de maio deste ano.
Tivemos a preocupação de mantê-la exatamente igual à edição original,
sendo necessário, portanto, nos reportar ao fim dos anos 60, começo dos 70
para entender o contexto em que foi escrita.
Todavia, tal fato não impede o claro entendimento da obra, que não visa
outra coisa senão esclarecer as pessoas acerca de outro "Conto do Vigário".
"A Senhora de Fátima", continua a ser uma obra atualíssima, sobretudo
quando vemos nosso Brasil passando por problemas tão graves, causados não
por outra razão, senão, pela idolatria e pela recusa do nosso povo de se render a
Jesus, e tão somente a Jesus como Salvador e Senhor.
Visitou-nos mais uma vez o Papa João Paulo II, que nas suas andanças
pelo Brasil, não fez senão espargir maldição sobre a nação brasileira. E nosso
pobre presidente, pediu ao Papa ajuda para sairmos da crise. Verifique os
acontecimentos que se seguiram à partida do Papa para se concluir o quão
eficiente foi essa ajuda.
O Brasil é um reino de feitiçarias e crendices. Nosso povo precisa ser
esclarecido e esse trabalho deve ser feito por todos nós. Divulgar a verdade, é
cortar este mal pela raiz.
Quem teve o privilégio de privar da amizade do Pr. Aníbal, pôde por certo
compreender porque ele foi sempre tão duro em contraposição ao estilo soft de
nossa liderança evangélica.
Em má hora partiu o Pr. Aníbal; ficaram poucos como ele.
São Paulo, 25 outubro de 1991.
O CLERO EM APUROS
ESTUDOS PRÉVIOS
*
A chamada primeira comunhão.
Dr. Aníbal Pereira Reis
Outro "Conto do Vigário":
A SENHORA DEFÁTIMA
Não podemos nos esquecer de suas idades em 1916, o período do
condicionamento psicológico dos três - da lavagem cerebral! Lúcia com 9 anos,
Francisco com 8 e Jacinta com 6.
Facílima a tarefa clandestina de imbecilizar os três videntes!
Percebia o sacerdote, com gáudio íntimo, os resultados das apavorantes
leituras por ele indicadas sobre o inferno "O inferno é um lugar no centro da terra;
é uma caverna profundíssima, cheia de escuridão, de tristeza e horror; caverna
cheia de labaredas de fogo e de nuvens de espesso fumo", descrevia-lhes Maria
Rosa lendo a "Missão Abreviada".
E prosseguia: "Lá são atormentados os pecadores, na companhia dos
demônios, lá estão bramindo e uivando como cães danados, proferindo terríveis
blasfêmias contra Deus. Os demônios, que são os executores da justiça divina,
lançarão suas garras aos pecadores reprovados e atirarão com eles a esse poço
de incêndios devoradores, onde ficarão sepultados em camas de fogo por toda a
eternidade, não respirando senão fogo, não tocando senão fogo, não sentindo
senão fogo, não comendo nem bebendo senão fogo! De todo ficarão convertidos
em fogo, nos olhos, nos ouvidos, na língua, na garganta, no peito, no coração,
nas entranhas, nos pés, nas mãos; finalmente, em tudo fogo; e então um fogo,
não como este que na terra vemos, mas sim um fogo escuro, fétido e abrasador;
ainda mais horroroso que o do metal derretido... E tudo isto é uma fraca pintura,
uma ligeira sombra, um sonho, nada em comparação da verdade" (6).
Aterradas, de olhinhos arregalados de pavor, as crianças ouviam
repetidamente essa leitura, entrecortada com seus próprios suspiros e áis.
E, entre os biombos, na penumbra do confessionário, onde ia
freqüentemente a Lúcia a fim de poder comungar a hóstia, o vigário Marques
Ferreira completava sua obra sublinhando a necessidade da prática de
penitências, máxime, a sujeição à autoridade eclesiástica.
Da. Maria Rosa lia-lhes, outrossim, em "Santuário Mariano" relatos sobre
aparições de "Nossa Senhora".
Apavorados com aquelas descrições do inferno passaram a ter sonhos
horripilantes.
Atualmente há vários livros sobre a Senhora de Fátima e sobre os
"videntes". Qualquer pessoa de espírito observador que os lê pode constatar as
chocantes contradições de seus relatos e sua impossibilidade de encobrir a
impostura.
ÚLTIMOS PREPARATIVOS
A PRIMEIRA APARIÇÃO
AS OUTRAS APARIÇÕES
*
De agosto.
**
Nem podia ser diferente: Transformara-se como autômata naquele embuste.
Dr. Aníbal Pereira Reis
Outro "Conto do Vigário":
A SENHORA DEFÁTIMA
Manuel Alegre e Manuel Branco, respectivamente, e era minha opinião que as
crianças fossem inspecionadas por uma junta médica e internadas numa casa de
educação, subtraindo-as deste modo, aos clericais, de maneira firme e precisa,
para que lhes não servissem de instrumento de exploração. Compartilhava desta
opinião o segundo daqueles cidadãos, sendo de parecer contrário o primeiro,
convencido de que, deixando-se os clericais à vontade, a mistificação, com todos
os seus elementos, cairia pelo ridículo (23).
Sendo do próprio espírito republicano a livre manifestação de pensamento,
deixou-se o clero conluiado com os monarquistas e a mistificação da Fátima se
alastrou livremente por todo Portugal levada pelos jornais católicos.
Não podendo acontecer a "aparição" na Cova porque os videntes lá não
estavam no dia 13 de Agosto (talvez a Santa não conhecia o caminho de Vila
Nova de Ourem, ou se perdeu!), no domingo, 19, a Lúcia disse tê-la visto e lhe
falara:
- No último mês (13 de Outubro) farei o milagre para que todos acreditem.
Se não vos tivessem levado para Vila Nova de Ourém o milagre seria mais
grandioso.
Mas que tolice dessa virgem aparecida! pois se iria fazer um milagre para
que todos acreditassem, deveria logicamente fazê-lo mais estrondoso
exatamente para que as autoridades incrédulas fossem as primeiras a lhe darem
crédito.
Nessa informação da "vidente", contudo, se revela o receio dos
empresários... Já estavam preparando o espírito do povo para o caso de um
fracasso.
Ainda nessa "aparição" a Senhora determinara que se confeccionassem
com os dinheiros depositados ao tronco da azinheira, dois andores a serem
transportados em procissão numa festa da Senhora do Rosário a ser promovida
pelo vigário sob cuja tutela deveriam ser guardadas todas as esmolas.
Abria-se agora diante dos olhos dos padres trapaceiros uma outra
perspectiva. Como instrumentos do cardeal Mendes Belo, objetivavam deflagrar
uma onda de mistificação em toda Nação para sublevar o povo contra o regime
republicano e prestigiar o catolicismo deprimido. O sucesso superava todas as
previsões porque a Cova se lhes tornara fabulosa mina de dinheiro. Os papalvos
de bolsos minguados lá despejavam os seus parcos recursos para o sustento da
boa vida dos clérigos pançudos e encharcados de vinho.
Esfurancando os dentes com um palito, esfregando com o calcanhar
direito a canela esquerda, num tique nervoso, o pe. Benevenuto de Souza,
Dr. Aníbal Pereira Reis
Outro "Conto do Vigário":
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saltimbanco de primeira categoria, congratulava-se com os companheiros pelo
triunfo:
- Eu sabia que essa chusma lá iria cair na maroteira. Em honra à virgem -
e a classificava com um palavrão - vamos a um pagode regado a vinho e
aquecido pelos braços tenros de mulheres bonitas.
A previsão de grandes lucros naquele investimento de exploração da
credulidade pública, além do incremento do prestígio popular da seita papal tão
desacreditada, moveu o clero a intensificar a propaganda. Os vigários de
paróquias distantes mobilizavam as suas irmandades para romarias. Os próprios
seminários e conventos de freiras enviavam seus alunos e suas noviças a
engrossar os contingentes dos embatinados.
E no dia 13 de Setembro uma multidão de pessoas provenientes dos mais
remotos pontos do País, tangidas pela propaganda, se aglomerava na Cova da
Iria, cantando "Aves", rezando cediças fórmulas e pisando as couves e os
repolhos do Abóbora, que curtia no álcool os despeitos por ver a filha
mancomunada com os embusteiros.
Nesta "aparição" a virgem tornou a referir-se ao dinheiro porque agora os
padres prelibavam do produto de inesgotável fonte de receita a lhes engordar os
patrimônios.
- Com uma cajadada matam-se dois coelhos! Ora sebo! interjetivava a
língua solta do Benevenuto.
Falando em dinheiro - dinheiro e política são as máximas preocupações do
clero! - a "visão", no mês de Setembro, afora os dois andores, recomendou que
se devia construir na Cova uma capela em honra da Senhora do Rosário. E que
não faltassem os cofres com suas bocas sorridentes a recolher as esmolas...
Já das outras "aparições" solicitavam à Lúcia apresentasse pedidos à
Senhora. Em geral pedidos de cura. Invariavelmente a "madame", conforme
informações da visionária, deferiria todos eles, contanto que os doentes tivessem
paciência porque suas curas se dariam no "ano que vem". Nesse mês de
Setembro os pedidos dessa ordem se avolumaram consideravelmente para
maior desapontamento dos enfermos devotos.
Nesta "aparição" também ninguém viu nada... nem a Jacinta e nem o
Francisco viram mais a linda Senhora de branco depois de 13 de Maio. A Rosa
Correia da Silva Bacelar, no seguimento de instruções dos empresários da
tragicomédia, não apareceu mais. Somente Lúcia, no meio da multidão, dizia vê-
la e com ela conversava, como atora, cumprindo o seu papel de vidente. Aquele
povo a tantos séculos explorado pelo clero, contudo, na ansiedade de paz - a tão
Dr. Aníbal Pereira Reis
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almejada paz procurada longe das normas evangélicas decidia conformar-se,
abafar os seus protestos e dar mais uma vez um crédito de confiança ao
"sobrenatural"
.
A ÚLTIMA "APARIÇÃO"
E A SARABANDA NO CÉU?
Nas procissões quem carrega a andor deve ter muito cuidado. Porque se o
deixar cair, espatifa-se o santo...
Quando padre, certa feita, sucedeu-me um fato desagradável. Organizei
uma série de procissões, levando a imagem da Senhora das Graças às casas de
diversos devotos, onde rezávamos o terço. Numa delas, os carregadores do
andor se descuidaram e a santa bateu com a cara no batente da porta, partindo o
nariz e esfolando a testa, em que foram de embrulho as sobrancelhas.
*
Sobre este assunto da vinculação do Vaticano com o movimento totalitário do segundo quartel deste
século, é útil a leitura do capítulo. "Manhas e Artimanhas do Catolicismo Romano", em meu livro: UM
PADRE LIBERTO DA ESCRAVIDÃO DO PAPA.
Dr. Aníbal Pereira Reis
Outro "Conto do Vigário":
A SENHORA DEFÁTIMA
Cerejeira e Salazar muito tiveram que lutar para subjugar as forças
democráticas. Dinheiro, porém, não lhes faltava porque, entre outras fontes, a
Cova da Iria, que já consumava o seu papel de imbecilizar o povo, se constituía
na mais abundante.
Enquanto, porém, a hierarquia eclesiástica cevava Salazar a fim de
guindá-lo a chefe civil da Ditadura Clerical, o bispo de Leiria, livre do Bicanca e
do Rito, passou aos empreendimentos de vulto no sentido de projetar a Senhora
de Fátima no meio popular com o objetivo de dar lastro religioso ao Estado Novo
Português. E já com a ascensão do salazarismo, a Senhora de Fátima
representava o interesse de todo episcopado português. Quanto mais prestigiada
e enriquecida, tanto mais prestigiada e enriquecida a hierarquia dos ordinários.
Graças a esta situação reinstalaram-se no País todas as ordens religiosas,
enchendo-o de frades, freiras, de hábitos de todas as cores, que passaram a
dirigir os colégios, as escolas, as enfermarias dos hospitais, os asilos, as
creches, os patronatos... Todas as nomeações para cargos simpáticos ao
público, ligados à saúde popular, às obras sociais e à educação dependem do
beneplácito dos vigários que indicam capachildos seus, ainda que incompetentes
e desonestos. Concomitantemente metem as mãos nos Orçamentos públicos
sugando-lhes largas dotações para as igrejas, conventos, seminários e
confrarias.
Mancomunado com a política da Ditadura Salazar-cerjeirista, o catolicismo
monopoliza a tribuna, a cátedra, a imprensa e apóia a censura do próprio
noticiário e a coerção da liberdade de reunião.
Prestamos neste ínterim a nossa homenagem e manifestamos nossa
palavra de lenitivo ao jornalista e escritor Raul Rego que a estas horas, conforme
informações da imprensa deste 15 de Maio de 1968, encontra-se preso na
penitenciária política de Caxias. Qual o seu crime? É o de haver enfeixado em
livro suas cartas ao cardeal Cerejeira nas quais vergasta a Ditadura Clerical
responsável pela desgraça dos heróicos patrícios de Camões.
Raul Rego! És mais um herói a sofrer nas masmorras inquisitórias do
catolicismo romano! Deves gloriar-te por estares precedido de uma esteira
imensa de heróis do passado e do presente.
Enquanto nós exaltamos a tua valentia, o clero em tua pátria martirizada
prossegue na sustentação da Ditadura manejando a arma do medo espalhado no
seio das famílias pela atuação dos confessionários, segredando às suas
confessandas, mães e filhas, que os chefes de família só alcançam a
subsistência dos seus se dobrarem às injunções dessa política eclesiástica.
*
Trezentos mil cruzeiros novos em nossa moeda.
Dr. Aníbal Pereira Reis
Outro "Conto do Vigário":
A SENHORA DEFÁTIMA
Referimo-nos acima às 15 torneiras. É certo que lá não estão de enfeite.
Em tempos normais, agora, derramam água, pois para isso se instalam esses
instrumentos .
E donde lhes procede a água?
Realmente em 1921, o Bispo de Leiria mandou construir no fundo da Cova
da Iria, que é uma depressão de terreno, um enorme poço para recolher as
águas pluviais que desciam em enxurrada.
Aquela água barrenta acumulada no fosso sem tratamentos especiais,
deteriorava-se tomando-se causa de muitas moléstias, incontáveis romeiros
saíram da Cova com enorme carga de sezões.
Posteriormente utilizou-se de um encanamento para trazer de longa
distância a água para a Cova. Em 1950, decidiu o bispo apelar para os cofres
públicos a fim de melhorar e ampliar o serviço de abastecimento desse líquido.
Em 4 de Julho de 1950, os jornais do Pais noticiaram: "na Direção Geral dos
Monumentos Nacionais foram ontem recebidas propostas para a execução da
primeira fase das obras de abastecimento de água ao Santuário de Fátima,
orçamentada oficialmente em 1.400 contos. Na presente fase, prevê-se o
abastecimento exclusive do Santuário, mas criam-se as bases da futura
expansão deste melhoramento nos aglomerados populacionais interessados.
Todos os trabalhos deverão ficar concluídos até 30 de Abril do ano próximo".
Essa Direção Geral dos Monumentos Nacionais, que é um dos
departamentos de obras públicas, em Portugal, aprovou a verba necessária aos
12 de Julho de 1950.
Eis a verdade sobre a origem da água prodigiosa de Fátima! A verdade
livre das fanfarronadas dos velhacos mobilizados pelo Ali-Babá do Vaticano!
***
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1 - Afonso Lopes Vieira - in "Novidades" de 13 de Maio de 1929.
2 - pe. Luis Gonzaga Ayres Fonseca, s. j. - "Nossa Senhora de Fátima" - Editora "Vozes"
Ltda. - Petrópolis - Brasil – 5ª edição -p.20.
3 - Leopoldo Nunes - "Fátima" - p.17.
4 - pe. Luis Gonzaga A. Fonseca - obra cit. - p. 112
5 - Idem - obra cit. - p. 112
6 - Missão Abreviada - p. 74
7 - Visconde de Montelo - "As Grandes Maravilhas de Fátima" - p. 71
8 - Frei Rolim - "Francisco - Florinhas de Fátima" - p.176
9 - pe. Luis Gonzaga A. Fonseca - obra cit. - p.22
10 - Idem -obra cit. -p.22
11 - Idem - obra cit. - p. 77
12 - Estes diálogos se encontram em "Nossa Senhora de Fátima", do pe. Luis Gonzaga A.
Fonseca - páginas 24-27.
13 - Fátima em 65 vistas - Álbum do Santuário, com autorização eclesiástica, 1936.
14 - pe. Luis Gonzaga A. Fonseca - obra cit. - p. 28
15 - Este diálogo também se encontra na obra do pe.Luis Gonzaga A. Fonseca - p. 28
16- Idem -obra cit. - p.29
17 - Idem - obra cit. - p.29
18 - Idem -obra cit. - p.32
19 - Idem - obra cit. - p.38
20 - Idem - obra cit. - p.40
21 - Idem - obra cit. - p.40
22 - pe. Castro del Rio - "Aparições da Santíssima Virgem" - p.47
23 - Relatório de Artur de Oliveira Santos, Administrador do Conselho de Ourem.
24 - pe. Luis Gonzaga A. Fonseca - obra cit. - páginas 91-92.
25 - Frei Rolim - obra cit. - p.170.
â
26 - pe. Luis Gonzaga A. Fonseca - obra cit. - 3 edição - páginas 59-61.
27 - Idem - obra cit. – 5ª edição - p.83
28 - Idem - obra cit. - p.84
29 - Idem - obra cit. - p.42
30 - Visconde de Montelo - "Grandes Maravilhas de Fátima" - p. 101
***
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