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ISSN: 1981-982X
DOI:
Organização: Comitê Científico Interinstitucional
Editor Científico: Jacques Demajorovic
Avaliação: Double Blind Review pelo SEER/OJS
Revisão: Gramatical, normativa e de formatação
RESUMO
Este estudo avalia os resultados das intervenções públicas de duas décadas na Reserva Extrativista
do Alto Juruá, no período de 1990 a 2010, de modo a considerar o modelo implementado pelo
Estado no gerenciamento das unidades de conservação na Amazônia. A pesquisa, de natureza
qualitativa, foi realizada por meio de aplicação de formulários e entrevista em áudio com sessenta e
um (61) chefes de família, quatorze (14) representantes comunitários, e seis (06) gestores públicos
em quatorze (14) das oitenta (80) comunidades registradas na Resex. Os resultados mostraram que a
ausência de políticas públicas de desenvolvimento social atingiu fortemente a principal meta do
Estado, a preservação ambiental. As decisões arbitrárias de abandono pressionaram os seringueiros,
pequenos agricultores, coletores extrativistas de óleos e castanhas a priorizar a expansão bovina
pelo significativo mercado local, bem como confirma Allegretti (2008), os moradores das Resex
estão sem opção econômica e optam pela liquidez e bom preço do boi.
Palavras-chave: Intervenção governamental e Amazônia; Reserva Extrativista do Alto Juruá
ABSTRACT
This study analyzes the socio-environmental relations and/or livelihoods of traditional peoples from
the effects of government intervention in two decades (1990-2010) in the Reserva Extrativista do
Alto Juruá - REAJ. The qualitative research was carried out by means of application forms and
audio interview with sixty-one (61) head of household, fourteen (14) community representatives,
six (06) public managers in fourteen (14) of eighty (80) registered communities in Resex. The
results showed that the absence of social development policies has hit the state's core aim,
environmental preservation. Arbitrary decisions of abandonment pressured rubber tappers, small
farmers, collectors extractive oils and nuts prioritize bovine expansion by significant local market
and confirms Allegretti (2008), residents of Resex are no economic option and opt for liquidity and
good price the ox.
Key words: Extractive Reserve of High Jurua; Government Intervention and Amazon.
1 INTRODUÇÃO
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Revista de Gestão Social e Ambiental - RGSA, São Paulo, v. 8, n. 3, p. 18-34, set./dez., 2014.
Unidades se Conservação Promovem Pobreza e Estimulam Agressão à Natureza na Amazônia
Nestes termos, os desafios que se inscrevem na Reserva Extrativista do Alto Juruá são
comprometidos por fenômenos vinculados aos efeitos das intervenções governamentais e pelas
vulneráveis relações entre Estado e comunitários. A rigor, o objetivo deste trabalho foi avaliar os
resultados das intervenções públicas de duas décadas na Reserva Extrativista do Alto Juruá no
período de 1990 a 2010, de modo a considerar o modelo implementado pelo Estado no
gerenciamento das unidades de conservação na Amazônia.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Esta seção considera aspectos teóricos sobre políticas públicas socioambientais e
ecossistêmicas relativas às unidades de conservação.
A história das primeiras unidades de conservação (UC) no mundo foi notada a mais de dois
mil anos, quando Platão escreveu com insatisfação o desmatamento da cobertura nas colinas de
Attica, na Grécia (Page, 1935 e Wright, 1996), e na República da Índia (Ásia Meridional). No
século XIX (1872), o Primeiro Parque Nacional criado nos Estados Unidos, em Yellowstone, se
baseou na noção de wilderness (vida natural/selvagem) e/ou grandes áreas não habitadas após o
extermínio dos índios, da expansão da fronteira para o oeste, e do então consolidado capitalismo
americano (Nash, 1982).
As vantagens de criação de unidades de conservação em todo o mundo são importantes
instrumentos de conservação in situ da biodiversidade, fundamentais para a manutenção da
integridade de espécies, populações e dos ecossistemas. Inclui-se também nesse processo os
sistemas e meios tradicionais de sobrevivência de populações humanas (Ervin, 2003; Rylands, &
Brandon, 2005 & Lovejoy, 2006). Em contraponto, Morsello e Brito (1999) abordam que
governos, como acontece no Brasil, têm promovido a criação de unidades de conservação, mas não
se pode dizer o mesmo em relação ao gerenciamento, porque estas não ultrapassam as fronteiras
burocráticas.
A motivação de criação de UCs ocorreu também em áreas baseadas em fitogeográficas por
Ducke e Black (1953), mais tarde metamorfoseada por Prance (1973). De acordo com Redclift
(1984), o ambientalismo nos países do Norte surge com a rejeição ao industrialismo e aos seus
valores consumistas. A linguagem das instituições ambientalistas é observado por Ehrlich (1982),
quanto mais áreas forem colocadas como unidades de conservação melhor. Godelier (1984) refuga
o determinismo ecológico, ao ponto de perceber as limitações materiais postas pelos os efeitos
combinados, hierarquizados e, simultaneamente, oriundos da cultura e natureza.
Pelo aspecto dos objetivos estratégicos, estas áreas foram legalizadas tanto para a
preservação terrestre, aquática, beleza, grandiosidade, raridade, quanto caracterizaram iniciativas
para proteger exemplares carismáticos da flora e da fauna, a exemplo de árvores de grande porte e
animais com forte apelo estético, baleias, herbívoros da África e diversas aves da América do Norte
(Dorst, 1973 & Nash, 1982). Ellen (1989) não está de acordo com esse discurso, ao pronunciar que
a natureza em estado puro não existe, e as regiões naturais apontadas pelos biogeógrafos
usualmente correspondem a áreas extensivamente manipuladas pelos homens.
Mais, ainda, alguns ambientalistas preferem apostar nos recursos ecossistêmicos e esquecem
e/ou ignoram a existência dos povos tradicionais. Nesta dimensão, conservar a biodiversidade
significa proteger a multiplicidade de formas de vida que se manifestam entre a crosta terrestre e a
fina camada de gases que a reveste, a chamada biosfera (Wilson, 1997). Ao contrário do que alguns
setores da sociedade imaginam, as unidades de conservação não constituem espaços protegidos
intocáveis, apartados de qualquer atividade humana, elas fornecem, direta e indiretamente, bens e
serviços que satisfazem várias necessidades produtivas (Young, 2007).
Apesar disso, os estudos de Medeiros e Young (2011) atribuem importância para as UCs,
em razão dos benefícios delas resultantes, isto é, a qualidade e a quantidade da água que compõe os
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reservatórios de usinas hidrelétricas, o turismo que dinamiza a economia de muitos dos municípios,
o desenvolvimento de fármacos e cosméticos que contribuem para a saúde pública, ao mesmo
tempo em que impedem o aumento da concentração de gases efeito estufa na atmosfera. Para Utting
(1993), os governos não avaliam com precisão os custos ambientais e sociais da expansão das
unidades de conservação, e os efeitos não são tão positivos como os esperados, uma vez que
beneficiaram principalmente os bancos internacionais.
As iniciativas de conservação no mundo demonstram evolução nas últimas três décadas, a
análise de Jenkins e Joppa (2009) enuncia que, em 1985, apenas 3,5% do território mundial estava
protegido, hoje já são 12,8%, sendo o Brasil responsável por 74% (703.864 km²) das áreas mundiais
criadas de 2003 a 2008. O questionamento de Rylands (1993) rompe com esse mote ao enfatizar
que as áreas estabelecidas como unidades de conservação na Amazônia talvez não sejam as mais
adequadas para proteger a biodiversidade.
As diversas externalidades negativas causadas ao meio ambiente imprimiram ritmo
acelerado de criação de UCs, em distintas partes do mundo, a partir de meados do século passado,
ocasião em que os debates se acentuaram em razão da preservação ambiental e do desenvolvimento
social das atuais e futuras gerações (Guha, 2000; Griffiths, & Robin, 2001; Hughes, 2001 & Nash,
2001). O clássico exemplo do Brasil em áreas terrestres sob proteção é de 1.423.821 km², que, por
sua vez, perde para os Estados Unidos (2.607.132 km²), Rússia (1.543.466 km²) e China (1.452.693
km²). Dado o contexto histórico, Pádua (2003) admite que as UCs representam a tipologia mais
antiga, cuja militância data do final do século XIX.
As unidades de conservação brasileira estão ancoradas na Lei nº 9.985, de 18 de julho de
2000, do Sistema de Unidade de Conservação (SNUC). Drummond (1998) critica as UCs
subsidiadas por essa lei ao apontar que estas tiveram outra utilidade, pois apareceram para
providenciar lazer à classe de funcionários públicos que se instalavam na capital do país. Pádua
(2002) completa, ao afirmar que os interesses políticos locais ou pessoais têm levado a práticas de
inauguração de unidades de conservação sem estudos prévios, sem planejamento, sem consulta
pública, sem recursos e projetos de manejo.
A política para as unidades de conservação obteve êxito por se tratar de uma proposta com
base nos seringueiros, entretanto, não se confirma o mesmo do ponto de vista de responsabilidade
do Estado, certamente pelo modo como tratam as populações tradicionais. As estratégias de
interrelação se constroem entre acordos governamentais e povos tradicionais (Ganem, 2007). A
afirmativa de Gomez-Pompa e Kaus (1992) reproduz um enunciado em tom de preocupação, de
que, apesar de todas as experiências, ainda estamos discutindo e estabelecendo políticas sobre um
tema que conhecemos pouco, e aquelas populações que conhecem melhor raramente participam dos
debates e decisões.
Para tanto, os discursos em defesa dos recursos ambientais são confrontados com a
importância relativa aos guardiões da floresta. De um lado, alguns ambientalistas exagerados
defendem as unidades de conservação como sendo a solução para os problemas ambientais. De
outro, os cientistas sociais enunciando que os povos da floresta precisam do apoio que merecem,
senão os objetivos legais das UCs tampouco serão alcançados.
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Josimar Silva Freitas, Alexandre Ferreira Rivas
Friedman (1979) destaca que essa história foi configurada em torno dos aspectos
institucional, econômico e organizacional para responder estratégias aos desafios da globalização.
Sachs (1993) critica este modelo de desenvolvimento alternativo pelas temáticas emergentes do
ecodesenvolvimento, desenvolvimento sustentável, local e territorial, ora pela centralidade dos
temas de gestão e participação da sociedade, ora pelas populações ou territorialidades sociais quanto
ao acesso, manejo e a utilização dos recursos naturais em bases sustentáveis.
Até o recente cenário macroeconômico, se desenvolvia, por meio de demandas locais, o
avanço da exploração madeireira (Nepstad et al., 2001); da pecuária (Mertens et al., 2002); o
boom do agronegócio e dos investimentos em infraestrutura (Nepstad et al., 2000). No
entendimento de Sachs (1986) a degradação ambiental ocasionada por este campo macroeconômico
agrava as condições de vida dos mais pobres e a pobreza destes conduz a uma exploração predatória
dos recursos naturais, e os resultados acabam sendo prejuízos socioambientais. Hall (1991)
complementa ao considerar que a extração predominante das riquezas naturais reflete-se no local
em pobreza econômica, exclusão social e degradação ambiental.
A dinâmica das relações socioambientais torna-se vulnerável diante da insatisfação dos
guardiões da floresta, principalmente com a não representação institucional. Conforme Milano
(2001), as unidades continuam em estado precário, sem gerência, plano de manejo e infraestrutura.
Mais ainda, o menosprezo político-econômico é a principal origem desses problemas
(Dourojeanni, 2001). Com efeito, Viveiros (2003) julga o modelo fraco ao identificar falta de
infraestrutura, manutenção, fiscalização, usos inadequados, invasões, moradias irregulares,
atividades econômicas ilegais e degradação ambiental.
Isto prova que as políticas para as UCs nasceram da preocupação primogênita de demarcar
territórios e resguardar as espécies animais em seus habitats, tampouco os povos tradicionais. A
contundente avaliação de Medeiros, Irving e Garay (2006) vai de encontro com a inexistência de
uma estratégia clara do Estado com os diferentes segmentos das unidades de conservação. O fato de
os países megabiodiversos estarem apostando seu patrimônio em estratégias equivocadas de
conservação, fez com que o surgimento do mito antropocêntrico do bom selvagem, ecologicamente
correto, de Olmos (2002), não se sustentasse diante da realidade objetiva.
As famílias das UCs chegaram ao ponto de responder aos efeitos do Estado causados pelo
fiasco das políticas públicas, ora pelo desflorestamento para ampliar as pastagens e a criação
bovina, ora pela retirada de madeira para comercialização. Os conflitos sociais e econômicos que
resultam da disputa pelo uso dos recursos naturais são problemas extremamente complexos, não
podendo ser encarados apenas pela ótica dos negócios (Allegretti, 2001). Conforme Ferreira (2002),
a arena pública produziu duas ordens de relações de natureza política e subpolítica em tensão
permanente. Portanto, a harmonia do governo com os povos pode e deve garantir o bem-estar atual
e das próximas gerações.
3 MATERIAIS E MÉTODOS
Esta seção apresenta a área de estudo e as principais questões que compuseram as categorias
e estratégias de análise.
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No polígono da REAJ, moram, aproximadamente, seis mil pessoas, entre elas, 2.300
crianças de 5 a 15 anos (Ibge, 2010). Em sua maioria, são famílias situadas às margens dos
principais rios Juruá, Tejo, Amônia, Breu e Manteiga, que ocupam as colocações dos seringais há
mais de 20 anos.
Com o propósito de atender ao objetivo proposto neste artigo, se desenvolveu uma pesquisa
de natureza qualitativa em algumas comunidades da REAJ. Por esse caminho, Bauer (2002)
assegura que a pesquisa qualitativa é uma forma de pesquisa mais crítica e potencialmente
emancipatória. Adquiriu-se informações por meio de mapas, arquivos, conversas informais,
manuais, livros, aplicação de formulários e entrevistas em áudio no Instituto Chico Mendes de
Conservação e Biodiversidade, Instituto de Colonização e Reforma Agrária, e Associação de
Seringueiros da Reserva Extrativista do Alto Juruá. Esse conjunto de informações, para Ludke e
André (1989), tornam-se estratégicas, na medida em que contribuem para a construção de novos
paradigmas.
Observações e vivências visaram compreender o modo de vida das famílias, o nível de
exploração dos recursos ambientais (desflorestamento), o resultado da intervenção governamental
(políticas públicas) informado pelos moradores que residiam no local pelo menos duas décadas,
certamente por conhecerem precisamente o modelo de gerenciamento do Estado. Por esta razão, a
pesquisa contemplou 81 entrevistados, dos quais 61 foram comunitários chefes de famílias; 14,
representantes de comunidades e seis gestores públicos sugeridos por Marconi e Lakatos (1996).
Alguns entrevistados citados neste trabalho constam após as referências.
Nestes termos, os grupos socioeconômico, ambiental, perceptivo e complementar foram
subdivididos em variáveis estratégicas para melhor entender as realidades das famílias residentes
nas comunidades Alegria, Foz do Bajé, Foz do Tejo, Iracema, Maranguape Novo, Maranguape
Velho, Nova Vida, Novo Horizonte I, Novo Horizonte II, Prainha, Pedra Alta, Porto das Pedras,
Restauração e São Francisco as margens dos rios Juruá e os afluentes: Tejo e Bajé. (Almeida &
Cunha, 2002).
As categorias de análise (figura 2) se fundamentaram na matriz de Strengths Weaknesses
Opportunities Threats (SWOT) para responder a situação da REAJ por dois extremos. O primeiro,
os pontos fortes (potencialidades a serem exploradas) e fracos (vulnerabilidades identificadas), por
conseguinte, as oportunidades (perspectivas a alcançá-las) e ameaças (situações de emergência e/ou
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risco). Pela sistematização e classificação das variáveis, o julgamento na matriz ocorreu conforme
comprovação in loco, ou seja, abaixo de 30% definiu o fraco; 31% a 49%, o ameaçado; 50% a 69%,
o oportuno, e a partir de 70%, o forte (figura 2). Essas categorias são identificadas por Morin
(2001), ao demonstrar que as totalidades integradoras são inerentes à singularidade, localidade e
temporalidade.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Esta seção apresenta uma análise do grupo social, cultural, econômico e ambiental, de modo
a oferecer um diálogo entre os principais resultados do estudo e a literatura.
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1990 a Reaj contava com 700 famílias cadastradas em sua fundação (7,3 km²/família), dez anos
depois (2000) esse número atingiu 1532 (3,3 km²/família) famílias (Ibge, 2010).
O Icmbio, órgão gestor da Reserva Extrativista do Alto Juruá, não proporcionou condições
mínimas para que viabilizasse qualidade de vida aos residentes das comunidades da Resex Alto
Juruá. Por isso que Godelier (1984) refuga o determinismo ecológico ao perceber as limitações
materiais postas pelos efeitos combinados, hierarquizados pela cultura atribuída à natureza. Pela
ótica da análise a seguir, as ações políticas do Icmbio são comprovadas com doações de barcos em
apenas duas comunidades, sendo a primeira, na comunidade Maranguape Velho e a segunda, na
comunidade Novo Horizonte II (figura 3).
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Em outros termos, a revolta dos moradores vai de encontro com a criação bovina, seja pelo o
status e/ou pela comercialização rápida local, dado o valor econômico. A falta de opção econômica
e políticas públicas (Allegretti, 2008) condiciona os povos tradicionais a desmitificar o plano de uso
e optar pela liquidez e bom preço do boi. O setor primário da Resex Alto Juruá não pode ser um
modelo sem alternativa, porque, para Dourojeanni (2001), o menosprezo político-econômico é a
principal origem dos problemas. A prova dos tímidos investimentos no setor produtivo torna o
sistema extremamente vulnerável quando visto em sua essência (figura 5).
Apesar de o extrativismo não funcionar, a produção agrícola e renda deste sistema mostram
o fracasso das políticas públicas, uma vez que a produção não rompeu a fronteira das 100 sacas de
50 quilos com grãos durante o ano, e o faturamento não alcançou 5 mil reais. Esse modelo é
caracterizado fraco por Viveiros (2003) ao identificar falta de infraestrutura, manutenção,
fiscalização, usos inadequados, invasões, moradias irregulares e atividades econômicas ilegais. Essa
análise enquadrou os produtores numa média mensal de ½ a 2 salários mês para cada família. A
fortiori de Homma (1993) diz respeito a matriz operacional de vulto bastante frágil, e tanto a
pobreza quanto o mercado de mão-de-obra marginal afetam o bem- estar dos habitantes.
Por tudo, o discurso de unidade de conservação de uso sustentável perde validade, uma vez
que envolve a exploração madeireira (Nepstad et al., 2001); a pecuária (Mertens el al., 2002); o
boom do agronegócio e investimentos em infraestrutura (Nepstad et al., 2000). Somando-se a isso,
Cavalcante (2002) avalia a incapacidade de o modelo incorporar progresso técnico a um sistema de
escala de produção e gerar rentabilidade média compatível com os padrões da região. Os resultados
deste grupo foram poucos significativos, dado a pobreza econômica, exclusão social e degradação
ambiental (Hall, 1991).
A preocupação com a questão ambiental foi um dos principais motivos da criação das
Reservas Extrativista da Amazônia, porém, Rylands (1993) compreende que as áreas estabelecidas
como unidades de conservação na Amazônia talvez não sejam as mais adequadas para proteger a
biodiversidade. O desabafo de Dean (1996) explica a intervenção e/ou o modelo que não assegurou
as fronteiras de recursos naturais porque foram ocupadas, devastadas e exploradas. A arena pública
produziu duas ordens de relações de natureza política e subpolítica em tensão permanente (Ferreira,
2002).
Além disso, desapropriação precisa ser resolvida na Reaj, pois o Estado se comprometeu em
quitar as indenizações e se esquiva em pagar as áreas territoriais (atual Resex) dos antigos donos,
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decisão que causa conflito pela permanência dos proprietários e/ou herdeiros. A arrogância e a
prepotência do Estado em ignorar o reconhecimento em cartório das escrituras descredenciou a
validade dos documentos das áreas dos seringais e de todas as demais alegações feitas pelos
proprietários (Icmbio, 2011).
Outra grave situação foi a perda da sustentabilidade biológica e ecológica, factualmente
ensejada por Acselrad (2004), os conflitos ambientais envolvem grupos sociais com modos
diferenciados de apropriação, uso e significação do território decorrentes das práticas de outros
grupos. Para Ellen (1989), a natureza em estado puro não existe, e as regiões naturais apontadas
pelos biogeógrafos usualmente correspondem a áreas extensivamente manipuladas pelos os
homens.
Os problemas ambientais, do ponto de vista de pressão humana, são pautados na
sobrevivência, e na falta de políticas públicas do Estado. Na fala de J. Domingos, Presidente/Reaj
(2011), a maioria das atitudes ilegais é para suprir necessidades básicas de se alimentar, comprar
vestimentas, material escolar, combustível e munição. Os governos não avaliam com precisão os
custos ambientais e sociais da expansão das unidades de conservação, e os efeitos não são positivos
como os esperados (Utting, 1993).
Nesse contexto, há relevante preocupação com a retirada ilegal de madeira, desaparecimento
de caça, redução de peixes e ausência de manejo madeireiro (figura 6). A primeira aparece com
maior número de reclamações, aproximadamente 50% dos entrevistados indicam ilegalidade na
retirada madeira, as variáveis seguintes apresentam denúncias, porém, em menor frequência. Outros
afirmaram não existir qualquer tipo de manejo madeireiro, salvo os casos descritos no plano de uso,
apenas para construção local.
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local e territorial influenciam a sociedade neste debate. Contanto, este estudo comprovou
externalidades negativas que não permitem considerá-las de uso sustentável.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio deste estudo, objetivou-se avaliar os resultados das intervenções públicas de duas
décadas na Reserva Extrativista do Alto Juruá, no período de 1990 a 2010, de modo a considerar o
modelo implementado pelo Estado no gerenciamento das unidades de conservação na Amazônia. A
metodologia qualitativa foi realizada por meio de aplicação de formulários e entrevista em áudio.
Os resultados mostraram que a ausência de políticas públicas de desenvolvimento social atingiu a
preservação ambiental.
Para tanto, duas razões justificam a desconfiança dos comunitários inseridos no âmbito da
Reaj, a primeira, diz respeito a qualidade de vida, efetivamente pouco foi feito para reduzir a fome
(pouco investimento no setor primário), as doenças (programas de assistência familiar e médicos
não foram identificados), os problemas na educação (pouca estrutura física e humana), o
saneamento básico (nenhum sistema de poço artesiano e fossa séptica), a moradia (a estrutura da
casas populares construídas não atende qualitativa e quantitativamente), e a credibilidade
(desconfiança generalizada).
A segunda razão reside no objetivo estratégico do Estado Nacional, a de preservação
ambiental e desenvolvimento social, as duas não constituíram aliança porque o desgaste
socioambiental promovido pela intervenção governamental não respeitou os principais
protagonistas e/ou precursores das Reservas Extrativista da Amazônia, os guardiões da floresta.
Enquanto o Estado não valorizar as populações tradicionais na medida em que merecem, tampouco
garantirá o controle dos recursos ambientais. Notavelmente, todo o esforço do Estado visou garantir
financiamento do Banco Mundial, vendas de créditos de carbono pregando proteção e ampliação
dessas áreas, assim como divulgando inverdades sobre um modelo sofisticado que respeita os seres
humanos e os recursos ecossistêmicos.
A verdade é que os discursos não revelam as mazelas socioambientais, e as famílias que
moram nas unidades de conservação estão enfrentando a promoção da pobreza e o estímulo a
agressão à natureza. O clássico exemplo do crescimento de desflorestamento provocado pela
construção de pastagens, retirada ilegal de madeira, aumento de dióxido de carbono (CO2) na
atmosfera pelas queimadas, diminuição da caça e pesca, em conjunto, demonstra o despreparo e a
irresponsabilidade de quem prometeu legalmente honrar os compromissos destes povos.
Passadas duas décadas, o movimento reservista rende as florestas e as práticas extrativistas
com o abandono do Estado. Afinal, esta unidade de conservação é denominada de uso sustentável,
entretanto, onde se encontra essa sustentabilidade? Notavelmente o contraponto é pertinente entre
teoria e prática, por vezes caminhando em direções opostas. Os resultados alcançados neste estudo
fornecem a premissa de que a falta de políticas públicas para o campo ambiental, cultural,
econômico e cultural compromete a vida das 1532 famílias moradoras da Reserva Extrativista do
Alto Juruá. Do mesmo modo, o distanciamento dos gestores do Instituto de Chico Mendes de
Conservação e Biodiversidade (Icmbio) com políticas de fiscalização, acompanhamento e controle,
em seu turno, negativou os resultados.
Esta pesquisa se limitou a análise de artigos, livros, aplicação de formulários e entrevistas
em áudio, bem como o banco de dados se completou com alguns dados primários do Icmbio, e
Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite – Prodes/Inpe. Recomenda-se
expansão desta pesquisa, em razão de poucos estudos relacionados aos efeitos da intervenção
governamental nas unidades de conservação da Amazônia, que uma vez aprofundada contribuirá
com o desenvolvimento local. Por essa razão, novos estudos com abordagem semelhante serão
realizados em 2015 e 2016 na Resex Médio Juruá (AM), Rio Cajari (AP), Ouro Preto (RO) e
Tapajós Arapiuns (PA).
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Josimar Silva Freitas, Alexandre Ferreira Rivas
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