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RGSA – Revista de Gestão Social e Ambiental

ISSN: 1981-982X
DOI:
Organização: Comitê Científico Interinstitucional
Editor Científico: Jacques Demajorovic
Avaliação: Double Blind Review pelo SEER/OJS
Revisão: Gramatical, normativa e de formatação

UNIDADES DE CONSERVAÇÃO PROMOVEM POBREZA E ESTIMULAM AGRESSÃO


À NATUREZA NA AMAZÔNIA

Josimar Silva Freitas


Doutorando em Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido - Universidade Federal do Pará
josimar-freitas@hotmail.com
Alexandre Ferreira Rivas
Pós-doutor em Economia Ambiental pela Washington and Lee University
Professor titular do Departamento de Economia e Análise da Universidade Federal do Amazonas
alex.rivas@piatam.org.br

RESUMO
Este estudo avalia os resultados das intervenções públicas de duas décadas na Reserva Extrativista
do Alto Juruá, no período de 1990 a 2010, de modo a considerar o modelo implementado pelo
Estado no gerenciamento das unidades de conservação na Amazônia. A pesquisa, de natureza
qualitativa, foi realizada por meio de aplicação de formulários e entrevista em áudio com sessenta e
um (61) chefes de família, quatorze (14) representantes comunitários, e seis (06) gestores públicos
em quatorze (14) das oitenta (80) comunidades registradas na Resex. Os resultados mostraram que a
ausência de políticas públicas de desenvolvimento social atingiu fortemente a principal meta do
Estado, a preservação ambiental. As decisões arbitrárias de abandono pressionaram os seringueiros,
pequenos agricultores, coletores extrativistas de óleos e castanhas a priorizar a expansão bovina
pelo significativo mercado local, bem como confirma Allegretti (2008), os moradores das Resex
estão sem opção econômica e optam pela liquidez e bom preço do boi.
Palavras-chave: Intervenção governamental e Amazônia; Reserva Extrativista do Alto Juruá

STORAGE UNITS PROMOTE POVERTY AND STIMULATE THE NATURE OF


AGGRESSION IN THE AMAZON

ABSTRACT
This study analyzes the socio-environmental relations and/or livelihoods of traditional peoples from
the effects of government intervention in two decades (1990-2010) in the Reserva Extrativista do
Alto Juruá - REAJ. The qualitative research was carried out by means of application forms and
audio interview with sixty-one (61) head of household, fourteen (14) community representatives,
six (06) public managers in fourteen (14) of eighty (80) registered communities in Resex. The
results showed that the absence of social development policies has hit the state's core aim,
environmental preservation. Arbitrary decisions of abandonment pressured rubber tappers, small
farmers, collectors extractive oils and nuts prioritize bovine expansion by significant local market
and confirms Allegretti (2008), residents of Resex are no economic option and opt for liquidity and
good price the ox.
Key words: Extractive Reserve of High Jurua; Government Intervention and Amazon.

1 INTRODUÇÃO

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Revista de Gestão Social e Ambiental - RGSA, São Paulo, v. 8, n. 3, p. 18-34, set./dez., 2014.
Unidades se Conservação Promovem Pobreza e Estimulam Agressão à Natureza na Amazônia

O processo de criação de Unidades de Conservação (UCs) no Brasil foi considerado a saída


para muitos problemas de natureza socioambiental, por se tornarem modelos de desenvolvimento e
equilíbrio ecossistêmico na visão de ambientalistas e do próprio Estado. Com a intervenção do
Estado Nacional, novos paradigmas se disseminaram com o propósito de reduzir os impactos
causados pela ação do homem no ambiente, a exemplo do desflorestamento e organização
territorial.
As reservas extrativistas1 (Resex) prometiam ser o modelo mais eficiente de UC do ponto de
vista do conservacionismo e preservacionismo, sonho de seringueiros que lutaram pela preservação
das florestas e pelo bem-estar de suas famílias. Feito positivo foi o fato de ter sido discutida pelo
movimento da época, uma vez que buscavam um tipo de reforma agrária diferente da que existia.
Na realidade, somente após uma década de clamor e lutas a categoria foi atendida com a criação da
primeira Reserva Extrativista do Alto Juruá - REAJ (Decreto Lei 98.863 de 23 de janeiro em 1990).
Os desafios da gestão pública federal não se restringiam a implementação de programas e
projetos que mudassem as condições precárias de vida das populações inseridas nas UCs, mas
também promover a gestão compartilhada de recursos naturais na perspectiva de desenvolvimento e
conservação. Para Allegretti (2002), a bandeira de Reservas Extrativistas representou uma
redefinição de duas tradições teóricas que até então caminhavam paralelamente, e, muitas vezes, em
conflito uma com a outra, tal como o desenvolvimento social e a proteção do meio ambiente.
As reservas extrativistas ainda estão longe de alcançar efetivamente desenvolvimento e
sustentabilidade, porque se comportam em desequilíbrio quando não apresentam resultados
consistentes a curto, médio e longo prazo. Allegretti, uma das militantes das Reservas Extrativistas
ao lado do líder sindical Chico Mendes, abre o debate afirmando que os moradores estão sem opção
econômica e optam pela liquidez e bom preço do boi, certamente por faltar políticas públicas e
dinheiro para as Resex no curto prazo (Allegretti, 2008).
Homma (1989) acrescenta que a atividade extrativista vegetal não é um modelo de
desenvolvimento viável para a Amazônia. Este modelo para Cavalcante (2002) é incapaz de
incorporar progresso técnico de uma inadaptabilidade natural a um sistema de alta escala de
produção ou com impossibilidade de gerar uma rentabilidade média compatível com os padrões
estabelecidos na região.
Do ponto de vista social, a atenção a estes povos deveria romper com as fronteiras da
pobreza instalada nesses ambientes, sobretudo pelo alto valor que seus precursores pagaram com
suas vidas. A dinâmica dos povos tradicionais com os recursos ambientais torna-se delicada pela
miséria instalada nestes ambientes, aos quais são obrigados a desflorestar e queimar centenas de
hectares de floresta para garantir sustento de suas famílias.
A REAJ2, a partir do Plano de Utilização, construiu parceria com o órgão gestor ambiental
Federal (Ministério do Meio Ambiente) na perspectiva de comungar a mesma ideia: a de
conservação ambiental e desenvolvimento social. Esta teoria seria formulada e inscrita no plano,
entretanto, as famílias tornaram-se verdadeiras reféns do Estado por não alcançarem o mínimo de
bem-estar. Eringhaus e Gomes (2009) confirmam e manifestam preocupação com o cálculo
econômico familiar da Reserva Extrativista do Alto Juruá, factualmente pelo aumento do peso da
pecuária como fonte de rendimentos monetários.
A ideia se dissemina por Salisbury e Schmink (2007), uma vez que conduz o debate
emergindo que a diminuição da produção gomífera não pode ser vitimada pela pecuária extensiva.
Com base na definição do modelo extrativista, Homma (1993) declara que sua matriz operacional é
de vulto bastante frágil, e tanto a pobreza quanto o mercado de mão-de-obra marginal afetam o
bem-estar dos habitantes.
1
Reservas Extrativistas são áreas de domínio público, cuja ideia se apoia no extrativismo da borracha, castanha,
madeira, na caça, pesca, agricultura de subsistência, criação de animais de pequeno porte, assim como as atividades de
políticas públicas gerenciadas pelo o Estado.
2
Primeira unidade de conservação estabelecida legalmente pela organização de seringueiros (Decreto 98.863, de 23 de
janeiro de 1990).
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Nestes termos, os desafios que se inscrevem na Reserva Extrativista do Alto Juruá são
comprometidos por fenômenos vinculados aos efeitos das intervenções governamentais e pelas
vulneráveis relações entre Estado e comunitários. A rigor, o objetivo deste trabalho foi avaliar os
resultados das intervenções públicas de duas décadas na Reserva Extrativista do Alto Juruá no
período de 1990 a 2010, de modo a considerar o modelo implementado pelo Estado no
gerenciamento das unidades de conservação na Amazônia.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Esta seção considera aspectos teóricos sobre políticas públicas socioambientais e
ecossistêmicas relativas às unidades de conservação.

2.1 Pontos e contrapontos das unidades de conservação

A história das primeiras unidades de conservação (UC) no mundo foi notada a mais de dois
mil anos, quando Platão escreveu com insatisfação o desmatamento da cobertura nas colinas de
Attica, na Grécia (Page, 1935 e Wright, 1996), e na República da Índia (Ásia Meridional). No
século XIX (1872), o Primeiro Parque Nacional criado nos Estados Unidos, em Yellowstone, se
baseou na noção de wilderness (vida natural/selvagem) e/ou grandes áreas não habitadas após o
extermínio dos índios, da expansão da fronteira para o oeste, e do então consolidado capitalismo
americano (Nash, 1982).
As vantagens de criação de unidades de conservação em todo o mundo são importantes
instrumentos de conservação in situ da biodiversidade, fundamentais para a manutenção da
integridade de espécies, populações e dos ecossistemas. Inclui-se também nesse processo os
sistemas e meios tradicionais de sobrevivência de populações humanas (Ervin, 2003; Rylands, &
Brandon, 2005 & Lovejoy, 2006). Em contraponto, Morsello e Brito (1999) abordam que
governos, como acontece no Brasil, têm promovido a criação de unidades de conservação, mas não
se pode dizer o mesmo em relação ao gerenciamento, porque estas não ultrapassam as fronteiras
burocráticas.
A motivação de criação de UCs ocorreu também em áreas baseadas em fitogeográficas por
Ducke e Black (1953), mais tarde metamorfoseada por Prance (1973). De acordo com Redclift
(1984), o ambientalismo nos países do Norte surge com a rejeição ao industrialismo e aos seus
valores consumistas. A linguagem das instituições ambientalistas é observado por Ehrlich (1982),
quanto mais áreas forem colocadas como unidades de conservação melhor. Godelier (1984) refuga
o determinismo ecológico, ao ponto de perceber as limitações materiais postas pelos os efeitos
combinados, hierarquizados e, simultaneamente, oriundos da cultura e natureza.
Pelo aspecto dos objetivos estratégicos, estas áreas foram legalizadas tanto para a
preservação terrestre, aquática, beleza, grandiosidade, raridade, quanto caracterizaram iniciativas
para proteger exemplares carismáticos da flora e da fauna, a exemplo de árvores de grande porte e
animais com forte apelo estético, baleias, herbívoros da África e diversas aves da América do Norte
(Dorst, 1973 & Nash, 1982). Ellen (1989) não está de acordo com esse discurso, ao pronunciar que
a natureza em estado puro não existe, e as regiões naturais apontadas pelos biogeógrafos
usualmente correspondem a áreas extensivamente manipuladas pelos homens.
Mais, ainda, alguns ambientalistas preferem apostar nos recursos ecossistêmicos e esquecem
e/ou ignoram a existência dos povos tradicionais. Nesta dimensão, conservar a biodiversidade
significa proteger a multiplicidade de formas de vida que se manifestam entre a crosta terrestre e a
fina camada de gases que a reveste, a chamada biosfera (Wilson, 1997). Ao contrário do que alguns
setores da sociedade imaginam, as unidades de conservação não constituem espaços protegidos
intocáveis, apartados de qualquer atividade humana, elas fornecem, direta e indiretamente, bens e
serviços que satisfazem várias necessidades produtivas (Young, 2007).
Apesar disso, os estudos de Medeiros e Young (2011) atribuem importância para as UCs,
em razão dos benefícios delas resultantes, isto é, a qualidade e a quantidade da água que compõe os
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Unidades se Conservação Promovem Pobreza e Estimulam Agressão à Natureza na Amazônia

reservatórios de usinas hidrelétricas, o turismo que dinamiza a economia de muitos dos municípios,
o desenvolvimento de fármacos e cosméticos que contribuem para a saúde pública, ao mesmo
tempo em que impedem o aumento da concentração de gases efeito estufa na atmosfera. Para Utting
(1993), os governos não avaliam com precisão os custos ambientais e sociais da expansão das
unidades de conservação, e os efeitos não são tão positivos como os esperados, uma vez que
beneficiaram principalmente os bancos internacionais.
As iniciativas de conservação no mundo demonstram evolução nas últimas três décadas, a
análise de Jenkins e Joppa (2009) enuncia que, em 1985, apenas 3,5% do território mundial estava
protegido, hoje já são 12,8%, sendo o Brasil responsável por 74% (703.864 km²) das áreas mundiais
criadas de 2003 a 2008. O questionamento de Rylands (1993) rompe com esse mote ao enfatizar
que as áreas estabelecidas como unidades de conservação na Amazônia talvez não sejam as mais
adequadas para proteger a biodiversidade.
As diversas externalidades negativas causadas ao meio ambiente imprimiram ritmo
acelerado de criação de UCs, em distintas partes do mundo, a partir de meados do século passado,
ocasião em que os debates se acentuaram em razão da preservação ambiental e do desenvolvimento
social das atuais e futuras gerações (Guha, 2000; Griffiths, & Robin, 2001; Hughes, 2001 & Nash,
2001). O clássico exemplo do Brasil em áreas terrestres sob proteção é de 1.423.821 km², que, por
sua vez, perde para os Estados Unidos (2.607.132 km²), Rússia (1.543.466 km²) e China (1.452.693
km²). Dado o contexto histórico, Pádua (2003) admite que as UCs representam a tipologia mais
antiga, cuja militância data do final do século XIX.
As unidades de conservação brasileira estão ancoradas na Lei nº 9.985, de 18 de julho de
2000, do Sistema de Unidade de Conservação (SNUC). Drummond (1998) critica as UCs
subsidiadas por essa lei ao apontar que estas tiveram outra utilidade, pois apareceram para
providenciar lazer à classe de funcionários públicos que se instalavam na capital do país. Pádua
(2002) completa, ao afirmar que os interesses políticos locais ou pessoais têm levado a práticas de
inauguração de unidades de conservação sem estudos prévios, sem planejamento, sem consulta
pública, sem recursos e projetos de manejo.
A política para as unidades de conservação obteve êxito por se tratar de uma proposta com
base nos seringueiros, entretanto, não se confirma o mesmo do ponto de vista de responsabilidade
do Estado, certamente pelo modo como tratam as populações tradicionais. As estratégias de
interrelação se constroem entre acordos governamentais e povos tradicionais (Ganem, 2007). A
afirmativa de Gomez-Pompa e Kaus (1992) reproduz um enunciado em tom de preocupação, de
que, apesar de todas as experiências, ainda estamos discutindo e estabelecendo políticas sobre um
tema que conhecemos pouco, e aquelas populações que conhecem melhor raramente participam dos
debates e decisões.
Para tanto, os discursos em defesa dos recursos ambientais são confrontados com a
importância relativa aos guardiões da floresta. De um lado, alguns ambientalistas exagerados
defendem as unidades de conservação como sendo a solução para os problemas ambientais. De
outro, os cientistas sociais enunciando que os povos da floresta precisam do apoio que merecem,
senão os objetivos legais das UCs tampouco serão alcançados.

2.2 Desenvolvimento de políticas socioambientais

As unidades de conservação se estabeleciam por pressão dos movimentos sindicais e


cientistas sociais, que, por sua vez, reivindicavam resposta dos chefes de Estados sobre as questões
socioambientais. No entanto, sem os instrumentos adequados de planejamento e gestão, as
finalidades para as quais elas foram implementadas ficam comprometidas (Ervin, 2003). A
contradição entre o crescimento econômico e a conservação ambiental estimulou debates sobre os
limites do crescimento econômico, impactos da pobreza na degradação dos recursos naturais e as
possibilidades do ecodesenvolvimento (Nobre, 2002).

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Friedman (1979) destaca que essa história foi configurada em torno dos aspectos
institucional, econômico e organizacional para responder estratégias aos desafios da globalização.
Sachs (1993) critica este modelo de desenvolvimento alternativo pelas temáticas emergentes do
ecodesenvolvimento, desenvolvimento sustentável, local e territorial, ora pela centralidade dos
temas de gestão e participação da sociedade, ora pelas populações ou territorialidades sociais quanto
ao acesso, manejo e a utilização dos recursos naturais em bases sustentáveis.
Até o recente cenário macroeconômico, se desenvolvia, por meio de demandas locais, o
avanço da exploração madeireira (Nepstad et al., 2001); da pecuária (Mertens et al., 2002); o
boom do agronegócio e dos investimentos em infraestrutura (Nepstad et al., 2000). No
entendimento de Sachs (1986) a degradação ambiental ocasionada por este campo macroeconômico
agrava as condições de vida dos mais pobres e a pobreza destes conduz a uma exploração predatória
dos recursos naturais, e os resultados acabam sendo prejuízos socioambientais. Hall (1991)
complementa ao considerar que a extração predominante das riquezas naturais reflete-se no local
em pobreza econômica, exclusão social e degradação ambiental.
A dinâmica das relações socioambientais torna-se vulnerável diante da insatisfação dos
guardiões da floresta, principalmente com a não representação institucional. Conforme Milano
(2001), as unidades continuam em estado precário, sem gerência, plano de manejo e infraestrutura.
Mais ainda, o menosprezo político-econômico é a principal origem desses problemas
(Dourojeanni, 2001). Com efeito, Viveiros (2003) julga o modelo fraco ao identificar falta de
infraestrutura, manutenção, fiscalização, usos inadequados, invasões, moradias irregulares,
atividades econômicas ilegais e degradação ambiental.
Isto prova que as políticas para as UCs nasceram da preocupação primogênita de demarcar
territórios e resguardar as espécies animais em seus habitats, tampouco os povos tradicionais. A
contundente avaliação de Medeiros, Irving e Garay (2006) vai de encontro com a inexistência de
uma estratégia clara do Estado com os diferentes segmentos das unidades de conservação. O fato de
os países megabiodiversos estarem apostando seu patrimônio em estratégias equivocadas de
conservação, fez com que o surgimento do mito antropocêntrico do bom selvagem, ecologicamente
correto, de Olmos (2002), não se sustentasse diante da realidade objetiva.
As famílias das UCs chegaram ao ponto de responder aos efeitos do Estado causados pelo
fiasco das políticas públicas, ora pelo desflorestamento para ampliar as pastagens e a criação
bovina, ora pela retirada de madeira para comercialização. Os conflitos sociais e econômicos que
resultam da disputa pelo uso dos recursos naturais são problemas extremamente complexos, não
podendo ser encarados apenas pela ótica dos negócios (Allegretti, 2001). Conforme Ferreira (2002),
a arena pública produziu duas ordens de relações de natureza política e subpolítica em tensão
permanente. Portanto, a harmonia do governo com os povos pode e deve garantir o bem-estar atual
e das próximas gerações.

3 MATERIAIS E MÉTODOS
Esta seção apresenta a área de estudo e as principais questões que compuseram as categorias
e estratégias de análise.

3.1 Área de estudo


A Reserva Extrativista do Alto Juruá (REAJ), localizada no município de Marechal
Thaumaturgo, estende-se por uma área de 506.186 hectares no extremo oeste do Estado do Acre e
faz divisa com o Peru e as tribos indígenas Ashaninka do rio Amônia, Ashaninka-Kaxinawá do rio
Breu, Jaminawa-Arara do rio Bagé e Apolima-Arara do rio Amônia (figura 1).

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Figura 1: Localização da Reserva Extrativista do Alto Juruá


Fonte: CNPT/IBAMA – Cruzeiro do Sul-AC

No polígono da REAJ, moram, aproximadamente, seis mil pessoas, entre elas, 2.300
crianças de 5 a 15 anos (Ibge, 2010). Em sua maioria, são famílias situadas às margens dos
principais rios Juruá, Tejo, Amônia, Breu e Manteiga, que ocupam as colocações dos seringais há
mais de 20 anos.

3.2 Coleta e análise dos dados

Com o propósito de atender ao objetivo proposto neste artigo, se desenvolveu uma pesquisa
de natureza qualitativa em algumas comunidades da REAJ. Por esse caminho, Bauer (2002)
assegura que a pesquisa qualitativa é uma forma de pesquisa mais crítica e potencialmente
emancipatória. Adquiriu-se informações por meio de mapas, arquivos, conversas informais,
manuais, livros, aplicação de formulários e entrevistas em áudio no Instituto Chico Mendes de
Conservação e Biodiversidade, Instituto de Colonização e Reforma Agrária, e Associação de
Seringueiros da Reserva Extrativista do Alto Juruá. Esse conjunto de informações, para Ludke e
André (1989), tornam-se estratégicas, na medida em que contribuem para a construção de novos
paradigmas.
Observações e vivências visaram compreender o modo de vida das famílias, o nível de
exploração dos recursos ambientais (desflorestamento), o resultado da intervenção governamental
(políticas públicas) informado pelos moradores que residiam no local pelo menos duas décadas,
certamente por conhecerem precisamente o modelo de gerenciamento do Estado. Por esta razão, a
pesquisa contemplou 81 entrevistados, dos quais 61 foram comunitários chefes de famílias; 14,
representantes de comunidades e seis gestores públicos sugeridos por Marconi e Lakatos (1996).
Alguns entrevistados citados neste trabalho constam após as referências.
Nestes termos, os grupos socioeconômico, ambiental, perceptivo e complementar foram
subdivididos em variáveis estratégicas para melhor entender as realidades das famílias residentes
nas comunidades Alegria, Foz do Bajé, Foz do Tejo, Iracema, Maranguape Novo, Maranguape
Velho, Nova Vida, Novo Horizonte I, Novo Horizonte II, Prainha, Pedra Alta, Porto das Pedras,
Restauração e São Francisco as margens dos rios Juruá e os afluentes: Tejo e Bajé. (Almeida &
Cunha, 2002).
As categorias de análise (figura 2) se fundamentaram na matriz de Strengths Weaknesses
Opportunities Threats (SWOT) para responder a situação da REAJ por dois extremos. O primeiro,
os pontos fortes (potencialidades a serem exploradas) e fracos (vulnerabilidades identificadas), por
conseguinte, as oportunidades (perspectivas a alcançá-las) e ameaças (situações de emergência e/ou

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risco). Pela sistematização e classificação das variáveis, o julgamento na matriz ocorreu conforme
comprovação in loco, ou seja, abaixo de 30% definiu o fraco; 31% a 49%, o ameaçado; 50% a 69%,
o oportuno, e a partir de 70%, o forte (figura 2). Essas categorias são identificadas por Morin
(2001), ao demonstrar que as totalidades integradoras são inerentes à singularidade, localidade e
temporalidade.

Ambiental Cultural Econômico Social


Matriz de SWOT
Pontos fortes Plano de uso Religião — —
Pontos fracos Aumento de Metade da Inexistência de política Poucos atendimentos em
desflorestamento, população de crédito, baixa saúde, ruins condições de
queimadas e analfabeta e produção agrícola, moradia, falta de
pastagens. escolaridade faturamento da assistência técnica e
baixa. produção anual menor transporte, e nenhuma
que 5 mil. organização comunitária.
Oportunidades Implementação de Valorização da Política de planos de Doação de barco, casas
políticas história local manejos. para aviamento, projeto
extrativistas. couro vegetal e saúde sem
limites.
Ameaças Retirada ilegal de Desrespeito as Ausência de incentivos Migração, e péssima
madeira, crenças, produtivos pelo Estado. comunicação dos gestores
desaparecimento de costumes e do ICMBIO com os
caça e pesca de etnias. moradores da REAJ.
forma predatória.
Figura 2: Categorias e subcategorias de análise
Fonte: Elaboração dos autores

Em termos gerais, essa pesquisa, de natureza qualitativa, valorizou no momento de coleta,


tanto a interação, o conhecimento da realidade, quanto a construção de novos conceitos e
paradigmas amenizadores de conflitos entre comunitários da REAJ e gestores do Icmbio. Este
estudo faz valer a epistemologia de Morin (1998), uma vez que estes conceitos se renovam a cada
período, e as articulações entre as esferas fechadas foram analisadas no sentido de compreender a
multidimensionalidade. Após a coleta e o tratamento, os dados foram revisados e processados pelo
programa Statistical Packagefor the Social Science (SPSS), com o intuito de assemelhar os
símbolos, as tabelas, a descrição e a análise de Oliveira (1997).

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Esta seção apresenta uma análise do grupo social, cultural, econômico e ambiental, de modo
a oferecer um diálogo entre os principais resultados do estudo e a literatura.

4.1 Realidade social com base nos moradores

Na década de 1990, a Reserva Extrativista do Alto Juruá vivenciou diversos momentos em


sua constituição histórica, a exemplo do projeto de couro vegetal, o de saúde sem limites, casas de
aviamento, engenhos, peladeiras, armazéns e doações de barcos. Estes significaram parceria da
Fundação Marcapasso e Programa Piloto para a Proteção das Florestas Tropicais do Brasil (PPG-7).
Tais benefícios constituíram oportunidades de desenvolvimento socioeconômico em várias
comunidades da Resex, apenas na primeira década. No entanto, já na segunda década, muitos
problemas agravaram a vida dos moradores (Amaj, 2011).
Apesar disso, o processo migratório, que mobilizou este espaço territorial após sua criação,
simbolizou crescimento considerável populacional de mais de 100% em duas décadas, isto é, em

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1990 a Reaj contava com 700 famílias cadastradas em sua fundação (7,3 km²/família), dez anos
depois (2000) esse número atingiu 1532 (3,3 km²/família) famílias (Ibge, 2010).
O Icmbio, órgão gestor da Reserva Extrativista do Alto Juruá, não proporcionou condições
mínimas para que viabilizasse qualidade de vida aos residentes das comunidades da Resex Alto
Juruá. Por isso que Godelier (1984) refuga o determinismo ecológico ao perceber as limitações
materiais postas pelos efeitos combinados, hierarquizados pela cultura atribuída à natureza. Pela
ótica da análise a seguir, as ações políticas do Icmbio são comprovadas com doações de barcos em
apenas duas comunidades, sendo a primeira, na comunidade Maranguape Velho e a segunda, na
comunidade Novo Horizonte II (figura 3).

Figura 3: Ações do Instituto Chico Mendes de Conservação e Biodiversidade


Fonte: Elaboração dos autores

É importante destacar que problemas de transporte e assistência técnica afetam as condições


de sobrevivência dos moradores, preocupação de Eringhaus e Gomes (2009) a respeito do cálculo
econômico das famílias. Assim, o primeiro relata que pouco foi feito para amenizar o problema de
escoamento da produção agrícola, porque quase 50% dos entrevistados afirmaram que não possuem
quaisquer meio de transporte contra 40% que dependem de barcos comunitários e/ou são
proprietários de canoas motorizada, além do reduzido apoio técnico. Estas situações problemas
revigoram a limitada e fraca sustentabilidade posta por Jatoba, Cidade e Vargas (2009).
Apesar do ex-presidente (Paula, 2011) apresentar os benefícios na primeira década e a
intransigência do Estado na segunda, os chefes de famílias que participaram da pesquisa
enumerarem que, além das externalidades negativas mencionadas acima, a homologia de saúde,
moradia, transporte e organização comunitária constituem a anomalia da fome, do desprezo e
desrespeito pelo modus operandi. A este respeito, Ervin (2003) complementa que sem os
instrumentos adequados de planejamento e gestão as finalidades de implementação ficam
comprometidas e, para Milano (2001), as unidades continuam em estado precário, sem gerência,
plano de manejo e infraestrutura.

4.2 Perfil cultural dado aos informes dos comunitários

Educação de qualidade (Hanushek, & Woessmann, 2008) é o principal meio capaz de


transformar realidades sociais, econômicas, culturais, ambientais e políticas, principalmente quando
se considera as diversidades regionais e as experiências desenvolvimentistas. Neste campo,
Contreras (2002) constata que a autonomia suporia um processo contínuo de descobertas e de
transformações das diferenças entre a prática cotidiana e as aspirações sociais e educativas de um
ensino guiado pelos valores de igualdade, justiça e democracia.

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A Reserva Extrativista do Alto Juruá insere-se legalmente no âmbito municipal de Marechal


Thaumaturgo (figura 4), e, conforme o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb,
2011), a educação municipal não ultrapassou 3,5, enquanto as Escolas Municipais Carmelia Dramis
Malaguti (Itau de Minas) e Santa Rita de Cássia (Foz do Iguaçu) obtiveram 8,6. Conforme Arroyo
(1999), a educação cresceu, por sua vez, Caldart et al. (2002) falam que a educação do campo surge
necessariamente como instrumento de luta pela emancipação das populações campesinas, de forma
a construir o novo projeto educativo.

Figura 4: Avaliação da educação consoante aos moradores das comunidades


Fonte: Elaboração dos autores

Observa-se a veracidade da avaliação do Ideb, uma vez que os entrevistados apontaram a


avaliação entre ruim e boa, assim como o público da Reaj está dividida com média aproximada de
55% de alfabetizados e 45% de analfabetos. Esse número é ameaçador para Caldart, Kolling e
Cerioli (2002), porque, para eles, é necessário e possível se contrapor à lógica de que a escola do
campo é pobre, ignorada e marginalizada, tanto quanto milhões de camponeses analfabetos de
crianças e jovens condenados a um círculo vicioso.
De modo geral, a valorização da cultural dos povos tradicionais, por meio de políticas
educacionais, não está na pauta de prioridade dos gestores públicos, ora por não respeitar o direito
destes, ora pela prepotência em deixá-los ignorantes para medidas clientelistas. Se voltarmos aos
tópicos de Santos (1998), verificaremos que o poder regulatório de origem liberal torna obsoletas as
teorias do Estado que até agora dominaram. Portanto, a forma de tratamento dado às famílias da
Reaj é de ignorar a história local, as crenças, os costumes e as etnias. Pela óptica positivista, o apoio
à diversidade cultural representa solução ao problema de sobrevivência de indivíduos em
determinados ambientes (Wri, 1998).

4.3 Base econômica na percepção dos moradores

Hoje, apesar da importância do extrativismo na Amazônia, as famílias nos seringais e


comunidades se desenvolvem por meio da agricultura de subsistência insuficiente para
sobreviverem de forma digna. O relato de Homma (1989) confirma que o extrativismo vegetal é um
modelo inviável de desenvolvimento para a Amazônia. Ademais, os compromissos do Estado, após
duas décadas, lamentavelmente não foram bem-sucedidos, pois apenas o crédito moradia teve
destaque na maioria das comunidades. Segundo Rodrigues, gestor do Incra, não foram beneficiados
tanto os moradores que possuíam pendências de algumas documentações quanto os que chegaram
após o cadastramento.

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Em outros termos, a revolta dos moradores vai de encontro com a criação bovina, seja pelo o
status e/ou pela comercialização rápida local, dado o valor econômico. A falta de opção econômica
e políticas públicas (Allegretti, 2008) condiciona os povos tradicionais a desmitificar o plano de uso
e optar pela liquidez e bom preço do boi. O setor primário da Resex Alto Juruá não pode ser um
modelo sem alternativa, porque, para Dourojeanni (2001), o menosprezo político-econômico é a
principal origem dos problemas. A prova dos tímidos investimentos no setor produtivo torna o
sistema extremamente vulnerável quando visto em sua essência (figura 5).

Figura 5: Produção e seu faturamento em salários mensal


Fonte: Elaboração dos autores

Apesar de o extrativismo não funcionar, a produção agrícola e renda deste sistema mostram
o fracasso das políticas públicas, uma vez que a produção não rompeu a fronteira das 100 sacas de
50 quilos com grãos durante o ano, e o faturamento não alcançou 5 mil reais. Esse modelo é
caracterizado fraco por Viveiros (2003) ao identificar falta de infraestrutura, manutenção,
fiscalização, usos inadequados, invasões, moradias irregulares e atividades econômicas ilegais. Essa
análise enquadrou os produtores numa média mensal de ½ a 2 salários mês para cada família. A
fortiori de Homma (1993) diz respeito a matriz operacional de vulto bastante frágil, e tanto a
pobreza quanto o mercado de mão-de-obra marginal afetam o bem- estar dos habitantes.
Por tudo, o discurso de unidade de conservação de uso sustentável perde validade, uma vez
que envolve a exploração madeireira (Nepstad et al., 2001); a pecuária (Mertens el al., 2002); o
boom do agronegócio e investimentos em infraestrutura (Nepstad et al., 2000). Somando-se a isso,
Cavalcante (2002) avalia a incapacidade de o modelo incorporar progresso técnico a um sistema de
escala de produção e gerar rentabilidade média compatível com os padrões da região. Os resultados
deste grupo foram poucos significativos, dado a pobreza econômica, exclusão social e degradação
ambiental (Hall, 1991).

4.4 Panorama ambiental no entendimento dos entrevistados

A preocupação com a questão ambiental foi um dos principais motivos da criação das
Reservas Extrativista da Amazônia, porém, Rylands (1993) compreende que as áreas estabelecidas
como unidades de conservação na Amazônia talvez não sejam as mais adequadas para proteger a
biodiversidade. O desabafo de Dean (1996) explica a intervenção e/ou o modelo que não assegurou
as fronteiras de recursos naturais porque foram ocupadas, devastadas e exploradas. A arena pública
produziu duas ordens de relações de natureza política e subpolítica em tensão permanente (Ferreira,
2002).
Além disso, desapropriação precisa ser resolvida na Reaj, pois o Estado se comprometeu em
quitar as indenizações e se esquiva em pagar as áreas territoriais (atual Resex) dos antigos donos,

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decisão que causa conflito pela permanência dos proprietários e/ou herdeiros. A arrogância e a
prepotência do Estado em ignorar o reconhecimento em cartório das escrituras descredenciou a
validade dos documentos das áreas dos seringais e de todas as demais alegações feitas pelos
proprietários (Icmbio, 2011).
Outra grave situação foi a perda da sustentabilidade biológica e ecológica, factualmente
ensejada por Acselrad (2004), os conflitos ambientais envolvem grupos sociais com modos
diferenciados de apropriação, uso e significação do território decorrentes das práticas de outros
grupos. Para Ellen (1989), a natureza em estado puro não existe, e as regiões naturais apontadas
pelos biogeógrafos usualmente correspondem a áreas extensivamente manipuladas pelos os
homens.
Os problemas ambientais, do ponto de vista de pressão humana, são pautados na
sobrevivência, e na falta de políticas públicas do Estado. Na fala de J. Domingos, Presidente/Reaj
(2011), a maioria das atitudes ilegais é para suprir necessidades básicas de se alimentar, comprar
vestimentas, material escolar, combustível e munição. Os governos não avaliam com precisão os
custos ambientais e sociais da expansão das unidades de conservação, e os efeitos não são positivos
como os esperados (Utting, 1993).
Nesse contexto, há relevante preocupação com a retirada ilegal de madeira, desaparecimento
de caça, redução de peixes e ausência de manejo madeireiro (figura 6). A primeira aparece com
maior número de reclamações, aproximadamente 50% dos entrevistados indicam ilegalidade na
retirada madeira, as variáveis seguintes apresentam denúncias, porém, em menor frequência. Outros
afirmaram não existir qualquer tipo de manejo madeireiro, salvo os casos descritos no plano de uso,
apenas para construção local.

Figura 6: Situações que prejudicam os moradores


Fonte: Elaboração dos autores

As políticas ambientais da Reaj estão fortemente descompromissadas com as do resultado


das relações socioambientais. O desmatamento projetado pode eliminar até meados deste século
40% dos atuais 5,4 milhões de km² de florestas da Amazônia (Soares-Filho et al., 2004). O estudo
de Batistella e Moran (2005) comprova que 43% dos projetos têm uma taxa de desmatamento
superior a 75%, no entanto, fora dos padrões exigidos pelo Código Florestal.
Em linhas gerais, a Resex Alto Juruá está classificada teoricamente na categoria de uso
sustentável pelo discurso de desenvolvimento social e preservação ambiental, em contraponto,
Olmos (2002) justifica que o mito antropocêntrico do bom selvagem, ecologicamente correto, não
se sustenta na realidade objetiva, e os países megabiodiversos estão apostando seu patrimônio em
estratégias equivocadas de conservação. Os interesses de organismos internacionais e/ou
dominantes prevalecem com projetos que visam exclusivamente preservação ecossistêmica. Sachs
(1993) explica que as temáticas emergentes do ecodesenvolvimento, desenvolvimento sustentável,

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local e territorial influenciam a sociedade neste debate. Contanto, este estudo comprovou
externalidades negativas que não permitem considerá-las de uso sustentável.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por meio deste estudo, objetivou-se avaliar os resultados das intervenções públicas de duas
décadas na Reserva Extrativista do Alto Juruá, no período de 1990 a 2010, de modo a considerar o
modelo implementado pelo Estado no gerenciamento das unidades de conservação na Amazônia. A
metodologia qualitativa foi realizada por meio de aplicação de formulários e entrevista em áudio.
Os resultados mostraram que a ausência de políticas públicas de desenvolvimento social atingiu a
preservação ambiental.
Para tanto, duas razões justificam a desconfiança dos comunitários inseridos no âmbito da
Reaj, a primeira, diz respeito a qualidade de vida, efetivamente pouco foi feito para reduzir a fome
(pouco investimento no setor primário), as doenças (programas de assistência familiar e médicos
não foram identificados), os problemas na educação (pouca estrutura física e humana), o
saneamento básico (nenhum sistema de poço artesiano e fossa séptica), a moradia (a estrutura da
casas populares construídas não atende qualitativa e quantitativamente), e a credibilidade
(desconfiança generalizada).
A segunda razão reside no objetivo estratégico do Estado Nacional, a de preservação
ambiental e desenvolvimento social, as duas não constituíram aliança porque o desgaste
socioambiental promovido pela intervenção governamental não respeitou os principais
protagonistas e/ou precursores das Reservas Extrativista da Amazônia, os guardiões da floresta.
Enquanto o Estado não valorizar as populações tradicionais na medida em que merecem, tampouco
garantirá o controle dos recursos ambientais. Notavelmente, todo o esforço do Estado visou garantir
financiamento do Banco Mundial, vendas de créditos de carbono pregando proteção e ampliação
dessas áreas, assim como divulgando inverdades sobre um modelo sofisticado que respeita os seres
humanos e os recursos ecossistêmicos.
A verdade é que os discursos não revelam as mazelas socioambientais, e as famílias que
moram nas unidades de conservação estão enfrentando a promoção da pobreza e o estímulo a
agressão à natureza. O clássico exemplo do crescimento de desflorestamento provocado pela
construção de pastagens, retirada ilegal de madeira, aumento de dióxido de carbono (CO2) na
atmosfera pelas queimadas, diminuição da caça e pesca, em conjunto, demonstra o despreparo e a
irresponsabilidade de quem prometeu legalmente honrar os compromissos destes povos.
Passadas duas décadas, o movimento reservista rende as florestas e as práticas extrativistas
com o abandono do Estado. Afinal, esta unidade de conservação é denominada de uso sustentável,
entretanto, onde se encontra essa sustentabilidade? Notavelmente o contraponto é pertinente entre
teoria e prática, por vezes caminhando em direções opostas. Os resultados alcançados neste estudo
fornecem a premissa de que a falta de políticas públicas para o campo ambiental, cultural,
econômico e cultural compromete a vida das 1532 famílias moradoras da Reserva Extrativista do
Alto Juruá. Do mesmo modo, o distanciamento dos gestores do Instituto de Chico Mendes de
Conservação e Biodiversidade (Icmbio) com políticas de fiscalização, acompanhamento e controle,
em seu turno, negativou os resultados.
Esta pesquisa se limitou a análise de artigos, livros, aplicação de formulários e entrevistas
em áudio, bem como o banco de dados se completou com alguns dados primários do Icmbio, e
Monitoramento da Floresta Amazônica Brasileira por Satélite – Prodes/Inpe. Recomenda-se
expansão desta pesquisa, em razão de poucos estudos relacionados aos efeitos da intervenção
governamental nas unidades de conservação da Amazônia, que uma vez aprofundada contribuirá
com o desenvolvimento local. Por essa razão, novos estudos com abordagem semelhante serão
realizados em 2015 e 2016 na Resex Médio Juruá (AM), Rio Cajari (AP), Ouro Preto (RO) e
Tapajós Arapiuns (PA).

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Josimar Silva Freitas, Alexandre Ferreira Rivas

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Recebido em: 20/10/2014

Publicado em: 19/12/2014

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