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Avivamento no Brasil?

Russell Philip Shedd, radicado no Brasil desde 1963, é doutor em divindade, conferencista
e escritor

Enquanto passava os olhos pelos títulos dos livros da biblioteca especializada da Wheaton
Graduate School of Theology, na década de 80, notei um tomo de Edwin Orr, autoridade
máxima sobre avivamentos. Ao folhear o livro, descobri sua afirmação de que irrompera-se
um avivamento no Brasil em 1954. Nessa ocasião, Orr estava pregando, quando houve um
derramamento especial do Espírito sobre o povo, convencendo-o de que tal fato superava
uma ação comum de Deus.

O avivamento é uma obra extraordinária de Deus. Muitos concordam que o movimento


evangélico brasileiro, cada vez mais expressivo, exemplifica um avivamento, enquanto
outros discordam.

Em artigo na revista financeira Forbes (outubro de 1990), John Marcom Jr. escreveu que,
no Brasil, o protestantismo evangélico, como fé praticada, vem aos poucos substituindo a fé
católica romana nominal. Marcom Jr. Acalentava esperanças de que as transformações
ocorridas na Inglaterra quando do avivamento liderado por Whitefield, John e Charles
Wesley no século XVIII aconteceriam também na América Latina nos dias atuais.

O antropólogo Ruben César Fernandes mostra-se cético quanto a mudanças mais


profundas, mas vê no cristianismo dos evangélicos a opção de autocontrole. Os crentes são
seguros, disciplinados e éticos. Entretanto, depois dos tropeços de políticos e líderes
evangélicos, questiona-se a profundidade da transformação espiritual que se professa.

E que dizer do compromisso dos evangélicos com Deus no cumprimento do mandato de


Jesus para discipular as nações (Mt 28.19)? Uma visitação inesperada tomou os alunos de
Wheaton College (faculdade evangélica a 40 quilômetros de Chicago, EUA) na noite de 7
de fevereiro de 1950. A série de conferências progredia normalmente, até o momento em
que o Pr. Edwin Johnson abriu a reunião oferecendo aos alunos a oportunidade para falar.
Veio um e outro, até que cinqüenta ou mais universitários ficaram em pé, aguardando sua
vez para testemunhar e confessar pecados. Por mais de 48 horas, o culto singular continuou
com breves testemunhos, confissões, conversões, orações e consagrações de vidas à obra
missionária. Centenas de alunos da escola deixaram seu país como missionários ao redor do
mundo. Entre eles citam-se Jim Elliot e Ed McCully, que foram traspassados pelas lanças
dos índios Auca, no Equador, seis anos depois. Seria um avivamento genuíno o caso do
Brasil, que não levanta mais que um obreiro transcultural em cada 10 mil crentes?

O avivamento que sacudiu Barvas, nas ilhas Hébridas, nos anos 50, veio em resposta à
oração. Duas irmãs de mais de 80 anos de idade insistiram que Deus usaria o ministério de
Duncan Campbell. Depois de horas de oração, muitos buscaram o Senhor com a certeza
absoluta de que Ele responderia. Vencido pelo amor aos incrédulos, um jovem gritou numa
oração agonizante antes de cair inconsciente no chão. Houve grande tristeza pelo pecado e
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arrependimento. Assim começou o avivamento das Hébridas. A essa altura, eu estudava na


Universidade de Edinburgo e pastoreava igrejas “mortas” na costa oeste da Escócia. Fiquei
intrigado com a notícia que corria sobre um avivamento nas ilhas de Lewis e Harris, que se
avistavam no horizonte. Um avivamento que não cria quebrantamento e grande aversão ao
pecado é espúrio.

O Dr. Martyn Lloyd-Jones afirma que, sem exceção alguma, a redescoberta das doutrinas
centrais abre o caminho para o avivamento. Sempre há os antecedentes, e a pregação
poderosa da Palavra é o principal deles. Então pergunta-se: Quais são as doutrinas bíblicas
que têm formado as mentes dos crentes brasileiros? A pregação que milhões de brasileiros
ouvem nos cultos se caracteriza por conteúdo bíblico e preocupação pela obediência a esses
ensinamentos?

R. O Roberts colecionou e publicou uma bibliografia de 9 mil livros e artigos sobre


avivamento. Ele declara que o verdadeiro avivamento é uma realidade tão distante de nós
que não sentimos sua falta. Mas foi diferente no leste da África nas décadas de 40 e 50. As
características desse notável despertamento foram: 1) abertura, confissão e arrependimento
do pecado; 2) restituição e reconciliação com as pessoas lesadas e ofendidas; 3)
quebrantamento (abrindo mão dos direitos) e prontidão para admitir erros e pecados, assim
que uma falha fosse apontada por um irmão; 4) reuniões de testemunho e comunhão,
“andando na luz” (sendo completamente honesto acerca de motivos, intenções e ações); 5)
envolvimento na responsabilidade evangelística.

O rápido crescimento da igreja brasileira (cerca de 5% ao ano) nem sempre resulta de


avivamento. As estatísticas batistas revelam alguns buracos negros. Esperava-se um milhão
de membros até o centenário da denominação (1982), mas em 1991 havia somente 800 mil.
O missionário Dennis Blackmun fez um estudo com dez igrejas no centro de São Paulo, de
1976 a 1986, e obteve os seguintes resultados: haviam-se realizado 3.114 batismos, 1.628
exclusões e 189 reconciliações. Para cada 100 batismos, havia uma média de 60 exclusões e
15 reconciliações. Era necessário marcar 500 decisões para 100 pessoas batizadas e
integradas.

Jonathan Edwards, líder do primeiro grande avivamento nas colônias americanas,


reconheceu que quando Deus quer fazer uma grande obra Ele derrama o espírito de súplica
sobre o seu povo. Há muita oração no Brasil, principalmente para Deus melhorar as
condições de vida física dos suplicantes. Mesmo assim, não acompanhamos o ritmo dos
coreanos, que diariamente enchem suas igrejas de intercessores às 5 horas e novamente às 6
horas. O renomado avivalista Andrew Murray, da África do Sul, disse: “Gaste tempo. Dê
tempo para Deus para que Ele possa se revelar a você. Dê tempo para ficar em silêncio e
quieto diante dele, aguardando o recebimento de sua presença pelo Espírito, o seu poder
operando em você”. Quanto tempo investimos para nos deleitarmos na presença de Deus?
Martyn Lloyd-Jones comparou o avivamento à caminhada de um pai junto com seu filho.
De repente, o pai pega o pequenino, levanta-o e abraça-o, demonstrando com beijos e
palavras carinhosas o quanto ele o ama. Para este pregador londrino, ser tratado assim foi o
cerne do avivamento.
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O pastor Erlo Stegen relatou o que aconteceu em Mapumulo, África do Sul, na década de
60. Ele estava desolado por não poder expulsar o demônio de uma menina pateticamente
amarrada com um arame dentro de casa. Além da falta de poder, os membros da igreja dos
zulus, que Stegen pastoreava, não aparentavam convicção de pecado nem paixão pelo
Senhor. Demonstravam pouco amor por Deus e menos ainda pela família dele. Stegen
atribuiu a superficialidade aos negros, mas, quando Deus tratou de mostrar a iniqüidade do
seu próprio coração, o quebrantamento veio. Com muitas lágrimas, o avivamento
transformou tanto o missionário como a sua congregação. Um templo para 10 mil pessoas
foi erguido. O amor, a paz e a alegria do Senhor invadiram a igreja. Os poderes malignos
dos demônios acabaram por completo, inclusive os que se manifestavam na menina
endemoninhada.

Em seu livro Reavivamento na África do Sul (Editora Clássicos Evangélicos, 1991), Stegen
escreveu: “Estou absolutamente convencido de que é desnecessário orar por avivamento.
Avivamento é o transbordar natural de uma vida de acordo com as Escrituras. Se nós
cremos como a Bíblia diz [...] os rios fluirão se orarmos: ‘Senhor, que eu creia como a
Bíblia diz’ — então o avivamento irromperá.”

O Brasil tem uma das marcas do avivamento, que é a evangelização, e, conseqüentemente,


o crescimento da igreja. Outras marcas dos avivamentos do passado estão bem mais
despercebidas e escassas. Aguardamos o dia em que a profundidade na Palavra, o
compromisso com a Grande Comissão e o amor à santidade marquem a vida da maioria dos
crentes brasileiros — sinais evidentes do avivamento genuíno!

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