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PREFEITURA MUNICIPAL DE MATOZINHOS

SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE


CAPS – Cidadi

PORTFÓLIO
CURSO DE MATRICIAMENTO EM
SAÚDE MENTAL

Por:
Sarah Paes Rodrigues
Psicóloga
Ambulatório Infanto-juvenil de Saúde Mental

Matozinhos
Agosto de 2018
INTRODUÇÃO

Em 08 de março de 2018 iniciou-se com a equipe do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS)


de Matozinhos-MG um Curso de Matriciamento em Saúde Mental, ministrado pela Terapeuta
Ocupacional da unidade, Carolina Goretti. O curso ocorreu em quatro encontros, e contou
com a participação da maioria dos funcionários, de variadas funções. O intuito era
instrumentalizar todos para que pudessem atuar em ações de matriciamento, principalmente
junto à Atenção Primária, de forma que todos pudessem compartilhar seus saberes específicos
e a responsabilidade dessa tarefa.

Neste Portfólio, solicitado como trabalho de conclusão do referido curso, busco expor minha
participação, minhas impressões dos encontros e tarefas e reflexões desenvolvidas durante o
processo.
IMPRESSÕES SOBRE AS AULAS

PRIMEIRA AULA

No dia 08 de março de 2018 foi realizada a primeira aula do Curso de Matriciamento em


Saúde Mental, ministrada por Carolina Goretti. Nesse encontro foi apresentada uma
introdução sobre o que é o matriciamento, como ele deveria ocorrer e como de fato ocorre.
Foi estimulada a participação de todos os profissionais na discussão, explorando-se os
conhecimentos que o mesmos já tinham sobre o tema e os aprofundando à partir daí. Também
fomos estimulados a expor nossas percepções sobre a comunicação entre os serviços de saúde
(e outros serviços da rede) e dentro do próprio CAPS.

Percebo como o principal aspecto que permeou a discussão a dificuldade de comunicação


dentro e fora do serviço, além das diferentes expectativas sobre como essa comunicação
deveria ocorrer. Os canais de comunicação são considerados insuficientes e a resistência do
ouvinte é um problema apontado. Aparentemente, protocolos, regras e pactuações não têm
sido suficientes para mudar essa realidade no município. Sobre a
horizontalização/hierarquização, discutiu-se que a hierarquização é importante com relação a
representação política dos grupos, mas a horizontalização é importante no funcionamento do
serviço, uma vez que todos são especialistas em seu trabalho e seus conhecimentos são
igualmente necessários em diferentes momentos. Alguns participantes, entretanto, parecem
não reconhecer a importância de seus saberes e do seu compartilhamento.

SEGUNDA AULA

Nesta aula, ocorrida em 27 de março de 2018, foram abordados instrumentos do processo de


matriciamento, a saber: Projeto Terapêutico Singular (PTS), Interconsulta, Consulta e visita
conjunta, Contato à distância, Genograma e Ecomapa. Entre essas, as ferramentas já utilizadas
pela equipe são o PTS, a Interconsulta e o contato à distância. O PTS, entretanto, é muito
simplificado na instituição, além de ser pouco atualizado pela equipe.

Também identificou-se que ele nem sempre advém de uma discussão em equipe, o que é
difícil de ocorrer devido à carga horária dos profissionais, que muitas vezes não se encontram.
No Infanto-juvenil, observo que essa ferramenta não é formalmente utilizada, embora
algumas discussões em equipe sejam feitas em casos mais graves, que demandam interface
com os profissionais do CAPS adulto. A Interconsulta enfrenta problemas de falta de
informações da fonte e de falta de retorno das duas partes. Já o contato à distância carece de
canais oficiais. É bastante realizado no infanto-juvenil, especialmente via telefone, mas com
pouca troca, servindo principalmente de canal de demanda.

Acredito que as ferramentas seriam muito úteis para melhorar o cuidado prestado aos
usuários, porém para que seja efetivo é necessário comprometimento das equipes envolvidas
na implantação e manutenção dos procedimentos. Acredito que um acompanhamento em
saúde mental eficiente depende do estabelecimento de uma rede de cuidado que envolve
diversos setores, e portanto é importante o uso de ferramentas.

TERCEIRA AULA

Em 27 de junho de 2018 ocorreu a primeira aula, na qual foi abordada a saúde mental na
atenção primária e como os profissionais do CAPS podem ajudar a instrumentalizar as
Equipes de Saúde da Família.

Uma forma bem eficiente e abrangente de tratar questões de saúde mental na Atenção
Primária é através de grupos, e a equipe do CAPS pode auxiliar através do matriciamento,
seja orientando a equipe local, seja atuando em conjunto na condução desses grupos. Essas
ações coletivas podem também ser realizadas com foco em outras questões que não
explicitamente as de saúde mental, promovendo inclusive a inclusão dos pacientes na
comunidade local. O trabalho na APS permite aproximações com o público que não ocorrem
se o trabalho se concentra apenas no CAPS.

Além dessas ações coletivas, outras práticas, passíveis de ser realizadas por qualquer
profissional, podem ser terapêuticas. Para isso, é preciso que seja realizado um acolhimento
cuidadoso e humanizado, com uma escuta atenta e ampla das queixas de quem procura o
serviço e de suas condições de vida, história familiar, etc. A equipe, assim, pode oferecer
suporte em questões relacionadas ao ciclo de vida, familiares e a momentos específicos. A
ESF pode, inclusive, oferecer suporte medicamentoso em casos de menor gravidade ou que já
estejam estabilizados. O conhecimento sobre as questões psiquiátricas também permitem a
identificação precoce de fatores de risco que podem ser cuidados.

No município de Matozinhos, infelizmente, ainda são poucas as intervenções em saúde


mental nas ESFs, e os usuários do CAPS são pouco incluídos nas ações voltadas para o
público geral. A falta de entendimento sobre as questões psiquiátricas e o estigma que esse
público carrega prejudicam o vínculo com os outros serviços de saúde, que transferem o
cuidado exclusivamente para o serviço de saúde mental. Entendemos, assim, serem
necessárias práticas de educação permanente e a inclusão de ações voltadas para a família e a
comunidade.

QUARTA AULA

No último encontro nos aprofundamos em um assunto que já havia perpassado as discussões


anteriores: “Desafios do matriciamento”. Entre essas dificuldades encontram-se o estigma e o
preconceito das sociedade com os pacientes da saúde mental, a dificuldade de adesão ao
tratamento e o estabelecimento de uma rede entre os organismos municipais.

Discutimos como é necessário que nós, trabalhadores do CAPS sejamos difusores de


informações reais sobre as condições de saúde mental no nosso trabalho e no contato com as
redes sociais envolvidas no trato direto com os usuários. Também é importante que nós,
pessoalmente, como conhecedores dessa realidade, possamos desmistificar conceitos
equivocados junto aos nossos grupos sociais e ao restante da sociedade.

Quando à adesão, apesar das diversas causas possíveis, somos mais capazes de agir se, ao
invés de julgar, buscarmos escutar e acolher as necessidades e dificuldades do usuário para se
manter em tratamento. Lembramos que também temos nossas próprias dificuldades quando
cuidamos da nossa saúde, e que de nada adianta estabelecer um plano de cuidado que não é
adequado a realidade do paciente. Esse plano deve ser feito de forma conjunta com o usuário.

Por fim, com relação ao trabalho em rede, em especial junto à APS, discutimos a fragilidade
dos vínculos atuais e as dificuldades em tornar o cuidado compartilhado, ao invés de
fragmentado ou concentrado em um único serviço. Da nossa parte, precisamos estreitar os
vínculos com a rede e podemos orientá-los, dentro da nossa capacidade, para que possam
ampliar seu escopo de participação no cuidado.

Observamos que no município de Matozinhos ainda pouco é feito, inclusive por nós, para a
superação dessas dificuldades. O estigma da saúde mental dificulta o tratamento, uma vez que
muitas vezes esse público é ignorado no acompanhamento da atenção primária e algumas
pessoas se recusam a buscar o CAPS por temer o julgamento social. Atuando com o público
infanto-juvenil, observo o temor dos pacientes de serem feitos de piada por colegas, além de
serem tratados de forma diferente e prejudicial no ambiente escolar e doméstico. As tentativas
de mudar essa realidade ainda são de pouco alcance e exclusivas dos profissionais do CAPS.

Com relação ao CAPS, discutimos como o serviço prejudica a adesão ao tratamento, seja por
questões sob seu controle ou não. Faltas e saídas de funcionários e falta de antecedência nas
notificações de não funcionamento (por feriados, reuniões, problemas estruturais, etc.)
provocam necessidade de reagendamentos frequentes das consultas. Já na permanência-dia
discutiu-se a necessidade ampliação da variedade das atividades, inclusive com a participação
dos técnicos, e de melhorias nas instalações, tornando-as menos suscetíveis a alterações
climáticas e permitindo maior autonomia dos usuários.

A equipe, em geral, conhece e interage pouco com a rede de apoio municipal. O ambulatório
infanto-juvenil tem relação com um maior número de serviços e instituições, passando pela
educação, serviço social e saúde. Entretanto, é uma comunicação ainda falha, de demanda e
resposta, bastante permeada por uma transferência de cuidado.
MICROINTERVENÇÕES CONTEXTUALIZADAS

PRIMEIRA AÇÃO

A primeira ação propunha o agendamento da microintervenção contextualizada, uma reunião


de matriciamento com a participação de todos os membros do grupo. Apesar de simples, não
foi efetuada pelo grupo. Nenhum dos membros teve a iniciativa de fazer o agendamento, que
acabou não ocorrendo no prazo. Pessoalmente, identifiquei como um complicador da
comunicação o fato de estar distante fisicamente dos outros membros do grupo. Não sei
informar se houveram discussões entre os outros profissionais.

Busquei iniciar uma comunicação através do Whatsapp para que pudéssemos nos organizar,
mas não fui respondida por nenhum dos outros membros. Discuti a situação pessoalmente
com César, mas nenhuma mudança ocorreu. Após o segundo dia do curso, já com atraso,
decidi contactar e agendar sozinha o matriciamento com a ESF Centro, informando
posteriormente ao grupo novamente via Whatsapp.

Percebo que os outros profissionais esperam que as decisões e a organização das atividades
venham dos técnicos de nível superior. O relatório da ação foi elaborado apenas por mim, e
não tive retorno do restante do grupo após enviá-lo (ANEXO 1).

SEGUNDA AÇÃO

A segunda ação propunha a realização dos matriciamentos agendados na primeira ação, com o
uso de ferramentas aprendidas na segunda aula. Novamente, a tarefa não foi realizada pelo
grupo. Embora eu tenha feito o agendamento em uma das ESFs, na data acordada a outra
técnica de nível superior do grupo, Rejane, não estava disponível. A enfermeira da unidade,
na véspera da visita, também informou que não sabia do matriciamento, mesmo o
agendamento tendo sido realizado com a referida profissional. Particularmente, não fui
informada por Rejane de sua impossibilidade em nenhum momento, partindo da coordenadora
do CAPS, Evelin, a iniciativa de me avisar que o matriciamento não aconteceria.
Para mim foi frustrante perder essa oportunidade de aprendizado na prática, bem como
perceber que o grupo, além de desinteressado na tarefa, não teve uma postura honesta de
comunicar isso, o que talvez teria permitido que eu participasse de alguma outra forma. Além
disso, novamente elaborei o relatório individualmente (ANEXO 2).

TERCEIRA AÇÃO

Nesta tarefa a equipe foi dividida em grupos, e cada grupo deveria fazer uma proposta de
atividade intersetorial que poderia ser realizada pela atenção básica e que beneficiaria a saúde
mental da população adscrita. Este foi o trabalho realizado pelo meu grupo:

Grupo: André, Daniele, Joana e Sarah

Título: Oficinas de saúde mental na atenção básica

Descrição: Realização de oficinas diversificadas realizadas na ESF.

Profissionais envolvidos: profissionais da atenção básica (ESF e NASF) e profissionais do CAPS,


atuando em conjunto e revezando a cada encontro.

Metodologia:

 Objetivos:
o Estreitar os vínculos entre pacientes, familiares/rede social e serviço de saúde.
o Incluir os pacientes da saúde mental nas ações da ESF.
o Difundir conhecimento e promover qualidade de vida.
 Público-alvo: pacientes da saúde mental e suas famílias.
 Frequência: quinzenal
 Funcionamento: em cada encontro seria proposta uma atividade diferente (artesanato, roda de
conversa, orientações sobre saúde e qualidade de vida, etc.)

Foi uma tarefa muito produtiva e com bom envolvimento de todos, gerando discussões e
propostas interessantes, muitas passíveis de serem instauradas.

QUARTA AÇÃO

Em outra atividade em grupo, deveríamos discutir casos que foram distribuídos e


apresentarmos propostas que poderiam ser realizadas pela atenção básica, pela equipe de
saúde mental e possíveis articulações. Foi interessante fazer essa tarefa e pensar nas ações
possíveis considerando aspectos discutidos durante a aula, como o vínculo com a equipe local,
o trabalho em rede, questões sociais e familiares. Por outro lado, previmos desafios em propor
uma maior participação de outros serviços.

QUINTA AÇÃO

Em grupos, deveríamos apresentar uma proposta de mudança no CAPS que favoreça a adesão
dos usuários ao tratamento e uma proposta de fortalecimento e aproximação da rede de
serviços que tenham relação com a saúde mental.

Essa foi, para mim, a melhor discussão da equipe durante o curso, e os profissionais pareciam
estimulados em propor ações para melhorar o serviço, muitas delas passíveis de serem
implantadas. Surgiram ideias como o acesso de porta aberta, a diminuição da burocracia, a
intensificação das assembleias dos usuários, a realização de seminários com a rede e a
discussão de casos em matriciamento.

Meu grupo trouxe como propostas para o favorecimento da adesão melhorias do espaço
físico, principalmente da área das oficinas. Com relação ao infanto-juvenil, propomos um
bom matriciamento, com os vários serviços que encaminham pacientes, esclarecendo sobre o
tipo de público atendido e orientando sobre possíveis intervenções locais, visando diminuir o
tempo de espera para o acolhimento e garantindo o pronto atendimento de quem realmente
precisa.

Com relação à aproximação da rede, propomos que as reuniões de matriciamento fossem uma
rotina, com frequência e cronograma pré-estabelecidos. Acreditamos que uma maior
organização permitiria um melhor vínculo entre os elos da rede, uma melhor satisfação de
demandas e um maior compartilhamento do cuidado. Somando-se a isso, acreditamos ser
necessário o envolvimento de instâncias superiores, como as Secretarias, garantindo que essa
rotina de reuniões seja estabelecida como política.
CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Curso de Matriciamento em Saúde Mental foi uma boa iniciativa, importante para a
capacitação dos profissionais e para a melhoria da rede de saúde mental do município como
um todo. Pessoalmente, me percebo mais capacitada a realizar matriciamentos, tanto no
aspecto do conteúdo que deve ser transmitido quanto da forma que o processo deve ser
conduzido.

Considerei produtiva a forma como os encontros e tarefas foram conduzidas, sempre de forma
dialogada e permitindo o compartilhamento de experiências, além da proposição de ações que
podem melhorar os processos de trabalho e o atendimento ao público. De certa forma, as
próprias aulas proporcionaram vivências práticas úteis para a aplicação dos matriciamentos.

Observei, como citado anteriormente, certa falta de envolvimento de alguns colegas, algo já
esperado. Porém, da parte de boa parte dos funcionários de nível médio/fundamental, é mais
marcante a demonstração de falta de iniciativa e autonomia, além da expectativa de que os
profissionais de nível superior conduzam as ações.

Longe de ser uma crítica pessoal a essas pessoas, essa observação me faz pensar que há uma
hierarquização implícita dos funcionários do CAPS, ainda que não seja algo intencional.
Embora não tenha contato permanente com a equipe, é algo que também aparece em nossas
reuniões de equipe. Por vezes esses profissionais se abstêm de suas opiniões e sugestões ou
buscam resoluções junto aos técnicos para questões com as quais poderiam lidar de forma
autônoma. Se discutimos a hierarquização na rede de saúde e buscamos trabalhar para que as
questões de saúde mental possam ser solucionadas de forma independente no território,
precisamos pensar se isso acontece na nossa unidade

Acredito que haja certa abertura para que esses profissionais sejam ouvidos, e as reuniões de
equipe são uma boa alternativa, porém não tem resolvido a dificuldade de engajamento e
autonomia no trabalho. Talvez isso se deva a uma visão do trabalho fragmentada, com baixa
compreensão do que o outro oferece e do que se possa oferecer.
Lembro-me que em uma reunião neste ano de 2018 diversos funcionários questionaram por
que os psicólogos não iam observar seus pacientes na oficina e por que uma das psicólogas
parecia não considerar informações que eles ofereciam sobre o comportamento dos pacientes
fora das sessões de psicoterapia. Fiz alguns esclarecimentos nesse sentido e recebi
manifestações muito positivas da equipe.

Acredito que envolver todos os funcionários diretamente envolvidos com os pacientes em


cada caso em discussões sobre o mesmo e definições de condutas seria uma forma de gerar
mais envolvimento e autonomia nas ações. Inspirada pelo ocorrido na reunião citada, também
poderia se tornar uma prática o compartilhamento de saberes relativos a área de domínio de
cada um de nós, como um matriciamento interno. A tentativa de lidar com essas questões
poderia trazer ganhos para o próprio serviço, além de ser uma forma de também
instrumentalizar a todos para matriciamentos externos.

Fico muito grata por ter tido a oportunidade de participar desse curso, pelo aprendizado e pelo
maior envolvimento com a equipe que foi proporcionado. Espero que todos nós possamos, de
fato, espalhar nosso conhecimento e que isso reverbere em um melhor cuidado dos nossos
pacientes e também dos trabalhadores da rede do município de Matozinhos, e que levemos
também as conquistas da Reforma Psiquiátrica.

Em rede temos elos;


compartilhamos saberes e condutas;
dividimos o peso do trabalho e das
responsabilidades;
suportamos mais e compensamos nossas
faltas individuais.
ANEXO 1
ANEXO 2

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