Sie sind auf Seite 1von 11

Fundamentos da linguagem visual na composição de infográficos

Fundamentos da linguagem visual na


composição de infográficos
Bases of the visual language in the composition of infographics

Adorno, Luciano; Mestrando; Universidade Federal de Santa Catarina


adorno@vetorial.net

Sousa, Richard Perassi Luiz de; Dr; Universidade Federal de Santa Catarina
perassi@cce.ufsc.br

Reginato, Bruna Rovere; Pós-graduanda; Universidade do Vale do Itajaí


brunareginato@gmail.com

Resumo
O objetivo deste artigo é defender e justificar a relevância dos fundamentos da linguagem
visual para a composição de infográficos. Consideram-se como elementos básicos de
infográficos: pontos, linhas, planos e manchas, sendo os mesmos elementos que caracterizam
a composição e a comunicação visual desde a pré-história. Esses elementos compõem a
expressividade dos projetos e produtos de Design. No texto, são apresentadas reflexões sobre
Teoria da Forma e Linguagem Visual, com base nas idéias de Lupton e Phillips, Wong,
Dondis e Perassi. Além da apresentação de conceitos, dados históricos e discussões sobre
Infografia, com base no pensamento de Ribeiro, Rossi e outros autores.

Palavras-chave: Composição visual. Comunicação Visual. Infografia Jornalística.

Abstract
The objective of this paper is to defend and to justify the relevance of the bases of the visual
language to composition of infographics. It is considered as basic elements of infographic:
points, lines, planes and spots, and they are the same ones that characterize the composition
and visual communication from prehistory. These same elements make up the expressiveness
of designs and Design products. In the text, reflections are presented about Form’s Theory
and Visual Language, based on Lupton and Phillips, Dondis and Perassi. Besides the
presentation of concepts, historical datas and discussions on infographics, based on Ribeiro,
Rossi and others authors.

Keywords: Visual Composition. Visual Comunication. News Infographic.

9º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design


Fundamentos da linguagem visual na composição de infográficos

1. Introdução: Infografia Jornalística e Design Gráfico


A palavra “infografia” é proveniente do termo inglês infographic, que é muito utilizado no
contexto editorial norte-americano. Em língua espanhola e portuguesa são utilizados os
termos “infográfico” e “infografia (RIBEIRO, 2008).
Essas palavras, “infográfico” e “infografia”, designam sistemas de informações mais
elaborados do que as tradicionais ilustrações figurativas, porque são gráficos informativos que
comportam e fazem interagir textos lingüísticos, gráficos, tabelas e figuras, entre outros
elementos, para compor textos auto-explicativos e de tipologias diferentes, que atendem a
diversas finalidades (fig. 1).

Figura 1: Língua (Fonte: KANNO, 2010)

A própria composição das palavras indica as funções dos objetos que essas designam. Em
português, o termo “grafia” refere-se aos traçados de diagramas, de gráficos e da própria
escrita. O termo “info” remete à informação, sendo ainda comumente associado às
tecnologias digitais.
A informação gráfica é pertinente aos textos escritos, mas é igualmente relacionado às
imagens gráficas que, também, apresentam-se como linguagens atuantes no campo semântico-
cultural. Assim, o termo infográfico é associado ao campo jornalístico e editorial como um
todo, envolvendo ainda a área de Design Gráfico.
Seja nos formatos impressos, eletrônicos ou digitais, a atividade de Jornalismo se utiliza
constantemente da infografia. Por isso, seus veículos compõem um campo privilegiado para o
estudo da infografia, a qual é denominada “infografia jornalística”, cujo foco é a informação
noticiosa, que é relacionada aos eventos da atualidade (WURMAN, 1991).
As áreas de Jornalismo, Infografia e Design Gráfico desenvolvem características
multidisciplinares, relacionando-se entre si e também com outras áreas do conhecimento.
Como produtos da área de Infografia, os infográficos são objetos multidisciplinares,
apresentando-se, algumas vezes, como campos de interdisciplinaridade e, outras vezes, como
campos de transdiciplinaridade.
O primeiro trabalho gráfico que, atualmente, é considerado como a primeira infografia
jornalística, foi publicado em 1702, no primeiro jornal diário da Europa chamado Daily
Courant (SND-E, 2002). Desde o início, portanto, a infografia participou da comunicação

9º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design


Fundamentos da linguagem visual na composição de infográficos

jornalística. Nos anos 1970 e 1980, as camadas mais abastadas ou “cultas” da população
consideraram a infografia como recurso para analfabetos, com a utilização de imagens e
esquemas visuais para socializar a informação. Mais tarde, a partir dos anos 1990, a infografia
predominou na comunicação noticiosa, especialmente, durante a cobertura jornalística da
“Guerra do Golfo”. As informações sobre essa guerra eram escassas e faltavam fotografias
sobre os acontecimentos. Assim, foram necessários recursos informativos e ilustrativos
alternativos, como a infografia, para informar os leitores (RIBEIRO, 2008:90).
A infografia continua cumprindo o papel de explicar uma notícia de modo mais didático e
informativo, complementando os textos escritos na comunicação jornalística, em diversos
meios, sejam impressos, eletrônicos ou digitais. Há uma dinâmica plural e hipertextual na
composição da infografia. Isso aumenta a redundância da mensagem, por meio de recursos
diversificados, ilustrando, reforçando e esclarecendo as mensagens escritas, com imagens e
esquemas gráficos. Pois, muitas vezes, apenas o texto escrito não possibilita o entendimento
eficiente da mensagem. Considerando mais especificamente a mídia impressa, o presidente da
Society for News Design da Espanha (SND-E) afirma que a infografia salvará o jornal
impresso da extinção (ERREA, 2008), sendo que essa idéia é referendada por outros
profissionais. A infografia é um meio que melhora a qualidade comunicativa dos jornais
impressos, contribuindo para o aumento das vendas e permitindo sua concorrência com meios
eletrônico-digitais, como a televisão e a Internet (KALKO, 2008).
Atendendo parte dos objetivos deste texto, fica indicado que a área de Infografia Jornalística
produz infográficos para publicações editoriais divulgadas em diversos meios. A infografia
participa da área de Jornalismo, representando notícias de acordo com pautas e com linhas
editoriais pré-determinadas. Além disso, a infografia jornalística é muito antiga, porque é
encontrada já na origem dos jornais diários. Até hoje, a infografia agrega valor à publicação
jornalística, apesar de ter sido alvo de críticas em alguns momentos de sua história. Contudo,
outra parte dos objetivos deste texto aborda a estrutura expressivo-comunicativa dos
infográficos, sendo estruturada a partir da interação compositora dos elementos gráficos mais
básicos, que são compostos com base nos fundamentos da linguagem visual.

2. A composição visual na estruturação de infográficos


Os recursos gráfico-informativos utilizados em um infográfico são compostos com os
mesmos elementos básicos de toda composição visual: ponto, linha, mancha e plano. Pois, até
mesmo os textos escritos são visualmente compostos por esses elementos. Na estruturação
dos textos lingüísticos e dos textos figurativos ou esquemáticos de uma infografia, esse
conjunto de quatro elementos visuais é multiplicado e organizado para resultar em uma
comunicação atrativa, significante e didática.
Os pontos, as linhas, os planos e as manchas, compõem os alicerces do design. Partindo
destes elementos, os designers criam imagens, ícones, texturas, padrões, diagramas,
animações e sistemas tipográficos (LUPTON e PHILLIPS, 2008:13).
As dificuldades no planejamento e na execução de uma infografia requerem justamente a
capacidade do designer de assimilar informações e gerar associações abstratas e figurativas,
que possibilitem construir uma composição diferenciada e, portanto, distintiva e atrativa.
Entretanto, ao mesmo tempo, essa composição deve ser didática e comunicativa, de acordo
com o objetivo informativo do processo editorial-noticioso.
O designer que se dedica à infografia noticiosa busca atrair e informar o leitor, porque na
atuação geral do infográfico a comunicação predominantemente estética e a comunicação
predominantemente semântica são igualmente necessárias para a eficiência atrativa e
comunicativa da mensagem.

9º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design


Fundamentos da linguagem visual na composição de infográficos

De acordo com os objetivos da infografia, o aspecto gráfico-formal, primeiramente, pode ser


mais importante que o lingüístico-textual. Há uma pesquisa do Poynter Institute (1991), que
foi citada por Rossi (2007: 02), indicando que, em um jornal ou revista, as ilustrações e os
infográficos são percebidos por 80% dos leitores. O segundo lugar é ocupado pelas
fotografias, que são percebidas por 75% dos leitores. Os títulos são percebidos por 56% dos
leitores. Entretanto, os textos escritos ocupam apenas o sétimo lugar na prioridade de
percepção dos leitores.
A palavra “composição” indica o modo como são organizados os elementos no espaço ou no
tempo. Por exemplo, as artes da decoração, da pintura, do desenho, entre outras, distribuem
elementos no espaço. As artes musicais distribuem elementos no tempo. As artes teatrais ou
cinematográficas distribuem elementos no espaço e no tempo. Dondis (2007:29) afirma que o
processo de composição é o passo mais importante da resolução de problemas visuais. Os
resultados dessas decisões de composição destacam o significado da declaração visual e têm
fortes implicações sobre o que o espectador vivencia e compreende.
A infografia é um exercício de composição visual e as soluções desse processo ocorrem de
modo intencional e, às vezes, de modo casual. Munari (2001) descreve tipos de comunicação
visual proposital e, também, outros tipos de composição ou comunicação não-intencional.
Portanto, ambas acabam sendo utilizadas na construção de um infográfico. Depois que foram
adotados e incorporados ao processo, a intencionalidade já atuou sobre todos os tipos de
soluções propostas. Assim, o que separa as soluções compositoras intencionais das casuais,
não é necessariamente a intencionalidade, mas o momento em que a solução foi
intencionalmente incorporada ao projeto. As soluções intencionais são incorporadas
anteriormente e as casuais posteriormente à sua realização. Por exemplo, um borrão, um
rabisco ou um esboço pode ser incorporado intencionalmente à composição, depois de ter
acontecido de modo não premeditado ou não intencional. Na visão de Lupton e Philips
(2008:233), existem as regras e acasos, podendo-se utilizar processos baseados em regras para
gerar resultados visuais inesperados.

3. Descrições e funções dos recursos gráfico-


informativos
Baseado nas possibilidades expressivo-compositoras dos elementos básicos da linguagem
visual, o designer de infografia projeta uma sintaxe visual, compondo formas, figuras e
relacionando várias figuras com outros elementos. Essa sintaxe é constituída para expressar
um conteúdo semântico, que é proposto pelo texto jornalístico, anteriormente escolhido e
encaminhado pelo editor.
A sintaxe visual, entretanto, define um conteúdo próprio, uma mensagem que é constituída na
mesma estrutura expressiva que foi criada para suportar ou mediar a mensagem jornalística.
Sobre isso, McLuhan (1974) assinala que “o meio é a mensagem”, considerando que “as
sociedades sempre foram moldadas mais pela natureza dos meios pelos quais os homens se
comunicavam do que pelo conteúdo da comunicação”.
Ao definir as funções da linguagem, Jakobson (1977) relaciona a “função poética” à forma
como é estruturada a mensagem, “o pendor para a mensagem como tal, o enfoque da
mensagem por ela própria, eis a função poética da linguagem”. No livro “Estrutura Ausente”
(ECO, 2007), que foi traduzido para a língua portuguesa, o mesmo conceito aparece como
“função estética”. Portanto, segundo esses autores, função poética ou estética da linguagem é
diretamente relacionada à forma de estruturação expressiva da mensagem.
A sintaxe visual do infográfico, estrutura o suporte ou o meio expressivo da mensagem
jornalística, compondo um conteúdo significativo, que é próprio do meio de expressão. Esse

9º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design


Fundamentos da linguagem visual na composição de infográficos

conteúdo interfere decisivamente no processo geral de significação ou na semântica geral do


infográfico noticioso, reforçando ou contradizendo os sentidos propostos na mensagem
jornalística.
O modo de apresentação dos elementos gráficos na composição de textos escritos, de imagens
ou de outros esquemas gráficos, também, determina o processo de percepção e interpretação
da mensagem, definindo seu potencial de comunicação. A expressão dos elementos e a
configuração geral da imagem influenciam diretamente no seu valor de atração.
Depois que o olhar do leitor foi atraído e agradado, esse se sente estimulado a desenvolver
uma percepção mais detalhada. Aproveitando essa disposição, um design eficiente de
infográfico deve ser suficientemente auto-explicativo, para que o leitor possa se inteirar
rapidamente do sentido geral da notícia. Assim, haverá ainda disposição do leitor para
concentrar-se na leitura da parte escrita mais extensa que caracteriza o texto jornalístico.
O “ponto” é o elemento considerado como a “menor unidade visual” (PERASSI, 2008) e, nos
processos gráficos, é a matriz de todas as expressões e representações. O ponto pode ser
percebido como a pressão da ponta de uma caneta sobre um suporte de papel. Mas, de modo
geral, nos processos de expressão e representação artesanais, industriais e digitais, são os
conjuntos de pontos que determinam imagens, como nas pinturas impressionistas compostas
pela técnica denominada de “pontilhismo”. Nas retículas de uma impressão off-set ou no
conjunto de pixels, que constitui a substância visual da tela do vídeo de um computador, os
pontos praticamente invisíveis são reunidos e organizados ou codificados para representarem
linhas, manchas e planos que, por sua vez, representam figuras, objetos, gráficos e escrituras,
entre outras possibilidades.
Como é conceitualmente definido como unidade mínima, o ponto é representado de diversas
maneiras sem ter que apresentar uma configuração definida. Assim, não é necessariamente
percebido como um pequeno círculo e pode ser expresso por um pequeno quadrado ou por
uma forma irregular. O ponto é conceitualmente considerado um mínimo indivisível e como o
menor sinal visível. Portanto, não é considerado prioritariamente por suas dimensões ou por
sua configuração, mas por sua função visual (Idem, 2008).
A precedência do ponto nos processos gráficos é decorrente da descoberta de que sua
organização em conjuntos pode configurar ou representar os outros elementos visuais básicos,
como as linhas, as manchas, os planos e, a partir desses, as figuras e todas as outras imagens.
Na história das artes gráficas, a mancha é tradicionalmente representada por conjunto de
pontos, que compõe retículas (fig. 2) para sugerir os tons de cinza ou meios-tons e compor a
mescla física das cores impressas. Na história da pintura, entretanto, a mancha pictórica é
tradicionalmente o elemento básico de expressão e representação. Durante muito tempo, o
desafio clássico para os procedimentos gráficos foi representar com competência os
resultados pictóricos ou fotográficos que, primeiramente, eram obtidos com a pintura e,
posteriormente, com a fotografia

Figura 2: retícula gráfica (Fonte: PERASSI, 2008)

9º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design


Fundamentos da linguagem visual na composição de infográficos

Pontos próximos, alinhados em uma mesma direção, direcionam o olhar do espectador


compondo, por exemplo, linhas e setas (fig. 3). Pontos percebidos muito próximos entre si
perdem sua individualidade, passando a integrar outro elemento visual, que é
preferencialmente percebido (DONDIS, 2007:55).

Figura 3: Direção setas (Fonte: DONDIS, 2007)

Segundo Wong (2008:42), as linhas são elementos conceituais ou abstratos que, no plano,
caracterizam-se como formas bidimensionais em que a dimensão de comprimento e a
sugestão de movimento predominam sobre outras características. Assim, apesar de se fazer
referência a linhas espessas ou finas, considera-se principalmente o cumprimento e o
movimento da linha. Pois, uma linha é, basicamente, a conexão entre dois pontos ou o trajeto
de um ponto em movimento (LUPTON e PHILLIPS, 2008:16).
As linhas são representadas por formas compridas, cujas funções são demarcar e configurar,
indicando percursos e direções ou representando figuras (fig. 4). Devido à sua funcionalidade,
a linha é considerada um elemento abstrato e um recurso tipicamente gráfico, porque este
recurso não é encontrado na natureza e tão pouco na configuração dos objetos
tridimensionais. Existem fios, hastes flexíveis e outros elementos físicos cuja aparência se
assemelha a linhas, todavia, um fio só pode ser considerado uma linha se for percebido como
recurso de demarcação de espaços ou de configuração de formas ou figuras.

Figura 4: Linhas (Fonte: LUPTON e PHILLIPS, 2008)

Como elementos de representação, as linhas expressivas irregulares e desordenadas


propiciaram representações mais naturalistas e artístico-emocionais, esse tipo de
representação predominou na maior parte da história da arte. As linhas geométricas curvas ou
retas, organizadas como horizontais, verticais, diagonais, paralelas, ortogonais, circulares e
semicirculares, entre outras, assumiram um caráter mais abstrato e regular, permitindo o
desenvolvimento de linguagens técnico-projetivas, cujas representações são mais simbólicas e
idealistas (PERASSI, 2008).

9º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design


Fundamentos da linguagem visual na composição de infográficos

A percepção direta de elementos da natureza e de representações pictóricas ou fotográficas é


decorrente do contraste entre as manchas de múltiplas cores e tonalidades. Por isso, as linhas
não são percebidas contornando objetos ou elementos da paisagem.
Os planos, no âmbito da comunicação visual, são distintos das manchas por critérios de
uniformidade (fig. 5).

Figura 5: Plano e mancha (Fonte: LUPTON e PHILLIPS, 2008)

Por definição, as manchas são visualmente menos uniformes, apresentando variações de


tonalidade, de cor e de textura, em sua superfície, enquanto os planos se mostram uniformes,
expressando uma única tonalidade ou cor, que é regular, sólida ou “chapada”.
Tradicionalmente, o plano é reconhecido na expressão do fundo do suporte, que serve de base
para as composições gráficas, com pontos e linhas, ou pictóricas com manchas diversificadas.

4. Linguagens e técnicas de expressão dos recursos


gráficos.
As imagens compostas por contraste entre manchas, sem apresentar contornos lineares, são
composições que expressam o modo fotográfico de representação. Por outro lado, as imagens
compostas por linhas e pontos explícitos, com figuras que, geralmente, resultam do
fechamento de linhas sobre o plano, são composições que expressam o modo gráfico de
representação. A história das artes gráficas mostra o desenvolvimento de linguagens e
técnicas de expressão visual, que permitiram ao modo gráfico sugerir ou representar o modo
fotográfico de representação (Idem, 2008).
Atualmente, por meio dos recursos digitais da computação gráfica e devido ao alto grau de
desenvolvimento dos processos de impressão, o modo gráfico domina quase que totalmente
nos processos de representação. A própria fotografia digital é graficamente estruturada.
Todavia, o processo gráfico-digital está plenamente habilitado para sugerir ou representar o
modo fotográfico de representação. Na prática, isso superou definitivamente as diferenças
visuais entre o modo gráfico e o modo pictórico ou fotográfico que, desta forma, coexistem
indistintamente na infografia composta por processos digitais (fig. 6).

9º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design


Fundamentos da linguagem visual na composição de infográficos

Figura 6: Info ponte (Fonte: NIENOW, 2010)

As imagens gráficas e fotográficas são digitalmente representadas por conjuntos de pixels,


que se expressam como pontos na composição de linhas, planos e manchas, possibilitando a
geração de formas complexas como as “imagens síntese”, que aparentam ser índices
fotográficos, mas que nunca existiram fora da realidade virtual. A manipulação digital de
pixels permite uma infinidade de possibilidades capazes de atender aos mais espetaculares
objetivos estéticos ou semânticos (fig. 7).

Figura 7: Pixel (Fonte: LUPTON e PHILLIPS, 2008)

Além de habilidades discursivas e técnicas, os designers de infográficos devem conhecer os


recursos tecnológicos disponíveis para seu trabalho e entender a linha estético-editorial da
publicação e o público para o qual é destinada a informação. Isso propõe um trabalho de
gestão de design, que é estruturado em gestão do processo tecnológico de produção, gestão do
ambiente ideológico de criação e gestão dos recursos discursivos de significação e
comunicação, aplicados na criação, na produção e na comunicação da infografia.
Uma vez que foram superadas as dificuldades técnicas da informação, é necessário
estabelecer uma visão estratégica, a partir do ambiente cultural e do imaginário dos leitores.
Assim, potencializados pela tecnologia digital, os antigos elementos e os modos básicos de

9º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design


Fundamentos da linguagem visual na composição de infográficos

composição visual, como pontos, linhas, manchas, planos, compostos no modo gráfico ou
fotográfico, além de suficientes são agora mais flexíveis.
O desenvolvimento da computação gráfico-digital elevou praticamente ao infinito as
possibilidades criativas e comunicativas da infografia porque permite, quase que
instantaneamente, a composição de formas muito complexas, considerando-se as variações de
configuração, os efeitos de textura, as sugestões de volumes, as variações cromáticas e tonais
que, tradicionalmente, correspondem aos valores expressivo-visuais das formas.
A evolução e a difusão da informação gráfico-digital, também, influenciam diretamente no
modo de percepção e de relação dos leitores com o mundo. A produção gráfica, cujo resultado
impresso ainda depende dos processos analógicos, é cada vez mais facilitada pelo uso
eficiente de softwares, que atuam em máquinas de precisão com alta capacidade de
reprodução e fidelidade. Tudo isso impõe a transformação estético-perceptiva dos leitores
inseridos na etapa contemporânea da cultura da mídia.
A cultura da mídia é muito antiga, remontando a milhares de anos antes da era cristã, porque
os processos de composição visual têm suas raízes na pré-história, como as pinturas e
gravuras rupestres das cavernas de Lascaux, que datam de 15.000 anos a.C. As representações
pré-históricas já apresentam os elementos básicos da comunicação visual, ponto, linha,
mancha e plano. Todavia, os processos de reprodução gráfica desenvolveram um longo
percurso até a impressão off-set, que é o meio mais comum de impressão na atualidade. Como
foi dito, os processos de impressão, ainda hoje, dependem de relações mecânico-analógicas,
todavia, a tecnologia digital suprimiu muitas etapas, agilizando e potencializando os
processos de criação e de transferência do projeto gráfico, da instância de criação para a
instância de impressão.

5. Considerações finais sobre linguagem visual e


tecnologia gráfico-digital.
Desde a pré-história até os dias atuais, os elementos básicos da composição visual, ponto,
linha, mancha e plano, garantiram o desenvolvimento da linguagem visual e da linguagem
gráfico-visual. Em integração com o desenvolvimento discursivo, foram evoluindo também as
técnicas compositoras das imagens e das escrituras e as tecnologias de representação e
reprodução das figuras e de outros textos.
É importante dizer que, apesar de antiga no tempo, a infografia jornalística ainda é um dos
formatos mais completos e avançados de comunicação, devido as suas potencialidades
discursivas, que reúnem imagens, gráficos e textos escritos, entre outros recursos de
comunicação. Isso é evidente porque os infográficos organizam os elementos básicos da
composição visual, tanto para compor imagens quanto escrituras e, ainda, propõe outros
esquemas gráficos. Oferecidos em diferentes linguagens e possibilitando diversos percursos
de leitura, esses recursos informativos e comunicativos configuram o caráter de multitextual e
hipertextual da infografia.
Além de oferecer aos leitores múltiplos textos, a infografia permite aos leitores coordenar
livremente sua leitura, porque não há necessariamente uma ordem fixa de interpretação. Por
exemplo, pode-se ler primeiramente a escritura e posteriormente observar as imagens ou
decodificar os esquemas gráficos. Os roteiros são livres e mesmo que seja prevista uma
ordenação, é possível a composição de novos percursos e a produção de leituras
diferenciadas, a partir da individualidade dos leitores.
A aplicação eficiente dos fundamentos compositores da linguagem visual, a partir de seus
recursos e técnicas, é fator determinante para a construção de um infográfico noticioso
eficiente, independente dos recursos tecnológicos usados. Isso porque os elementos gráficos,

9º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design


Fundamentos da linguagem visual na composição de infográficos

que são articulados na composição de uma imagem, permanecem sendo os pontos, as linhas,
as mancham e os planos, reunidos e organizados para configurar imagens, gráficos e
escrituras.
Os materiais, as técnicas e as tecnologias, entretanto, são responsáveis pela expressão da
linguagem visual. Sendo assim, é necessário o domínio técnico para expressar o domínio
discursivo. Por exemplo, com o uso de um software que simula a representação em três
dimensões (3D), a composição poderá ser pensada e apresentada, sugerindo diversos ângulos
de visão e permitindo até mesmo a projeção de um holograma animado em ambiente digital.
Neste artigo, não houve uma diferenciação sistemática da infografia noticiosa nos meios
eletrônicos e na mídia impressa, considerou-se suas possibilidades de comunicação gráfica,
que é inerente à área de Design Gráfico, seja essa prevista para a mídia impressa, para a mídia
eletrônica ou para mídia eletrônico-digital.
No caso de mídia impressa, considera-se na gestão de design o processo de impressão, com
suas possibilidades e limitações de tecnologia e de informação. Os infográficos impressos são
determinantemente planos e estáticos.
Por sua vez, os suportes planos eletrônicos, como os vídeos eletrônicos tradicionais ou vídeos
eletrônico-digitais, permitem o uso de recursos de animação de imagens e ilusões espaciais
muito convincentes. Nesses casos, os elementos básicos de composição e comunicação visual,
ponto, linha, plano e mancha, são ordenados para propor configurações, tonalidades, cores,
texturas e volumes dinâmicos de figuras que se movimentam, sugerindo deslocamento
espacial em diversos sentidos das três direções básicas, largura, altura e profundidade.
Os recursos digitais oferecem agilidade e versatilidade à composição visual, permitindo a
criação e interação de efeitos expressivos muito diferenciados na informação gráfica
jornalística. Isso surpreende cada vez mais o público leitor, confirmando e ampliando as
melhores expectativas de designers de infografia, com relação às possibilidades estéticas e
discursivas dos infográficos.

7. Referências

DONDIS, D. Sintaxe da linguagem visual. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

ECO, U. A Estrutura Ausente. São Paulo: Perspectiva, 2007.

ERREA, J. Por qué la infografia salvará el periodismo, in:


<http://visualmente.blogspot.com/2008/02/exclusivo-por-qu-la-infografa-salvar-al.html>.
02/08/2008.

JAKOBSON, R. Linguística e Comunicação. São Paulo: Cultrix, 1977.

KALKO, A. A infografia vai salvar o jornalismo, in: <http://www.notasd.com/especial-


infografia-vai-salvar-o-jornalismo>, 06/07/2008.

KANNO, M. Mostra nacional de infografia 2009, in:


<http://www.scribd.com/doc/13444370/Mostrainfografia3>, 11/09/2010.

LUPTON, E.; PHILLIPS, J. Novos fundamentos do design. São Paulo: Cosac Naify, 2008.

MCLUHAN, M. Os meios de comunicação como extensões do homem. São Paulo: Cultrix,


1974.

9º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design


Fundamentos da linguagem visual na composição de infográficos

MUNARI, B. Design e comunicação visual. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

NIENOW, F. Info ponte, in: <http://nienow.blogspot.com/>, 03/09/2010.

PERASSI, R. Fundamentos da Linguagem visual. Florianópolis: UFSC, 2008.

RIBEIRO, S. Infografia de imprensa: história e análise ibérica comparada. Coimbra:


Minerva Coimbra, 2008.

ROSSI, G. Gestão de design: operacional e estratégico na mídia jornalística impressa. 4º


Congresso Internacional de Pesquisa em Design. Rio de Janeiro, 2007.

SND-E. Infografia: I exposición de gráficos periodísticos. Pamplona: Indexbook, 2002.

WONG, W. Princípios de desenho e forma. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

WURMAN, R. Ansiedade de informação. São Paulo: Cultura, 1991.

9º Congresso Brasileiro de Pesquisa e Desenvolvimento em Design

Das könnte Ihnen auch gefallen