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Disseminando o ódio
Na célebre obra “1984”, escrita por George Orwell, nos deparamos com um
futuro distópico onde o Estado controla cada passo de uma sociedade e, por
meio disso, impõe sua ideologia. Aqueles que não se submetem a ela são
considerados inimigos. Nessa atmosfera, os inimigos do Estado são
agredidos violentamente não apenas de forma física, sendo presos, mortos ou
exilados, mas também de forma simbólica. A ficção nos mostra o seguinte:
em um determinado momento do dia, parte da população gerida pelo
chamado Grande Irmão interrompe todas as suas atividades e se volta a uma
tela, na qual o rosto de algum inimigo nacional é exposto por um par de
minutos. Nesse tempo, os indivíduos apoiadores da ditadura instaurada ou
os que desejam não sofrer as sanções por ela empreendidas devem xingar o
inimigo ininterruptamente, inclusive proferindo ofensas proibidas. São os
“Dois Minutos de Ódio”.
Esses são poucos exemplos perto dos quais podem ser encontrados na
Internet. Trata-se de um ritual baseado na premissa de que os praticantes
estão protegidos pela tela do computador ou smartphone, confortáveis em
seus lares e longe de qualquer possibilidade de punição. Se fizermos uma
analogia com a obra de Orwell, os indivíduos responsáveis por esses
discursos têm os seus “Dois Minutos de Ódio” particulares, ofendendo sem
restrições a quem se destinam a sua fúria descontrolada. Normalmente, os
que assim se comportam são indivíduos ressentidos com grupos sociais ou
movimentos políticos progressistas cujos esforços arrefeceram (menos do
que o ideal) o politicamente incorreto e abriram espaço, com muita luta, para
os excluídos falarem.
[3] Ver “O fascismo nosso de cada dia… ou quem será comido primeiro? –
Disponível em < http://jornalggn.com.br/blog/blogfernando/o-fascismo-
nosso-de-cada-dia-ou-quem-sera-comido-primeiro-por-fernando-horta>.
Acesso em 16/08/2017, às 14h30.
PORLARIZAÇÃO DA LINGUAGEM
Por outro lado, o politicamente correto também impõe o seu valor, que é a
não predominância de nenhum valor. Contudo, embora tenha produzido
lindos discursos, permaneceu alheio à “construção sociocultural objetiva dos
desclassificados sociais entre nós”.[4] Uma mera dominação linguística que,
por algum tempo, foi conivente aos interesses das classes dominantes, que
não viu nas lutas identitárias algo que pusesse em xeque o seu poder. Houve,
de certa forma, um consenso em substituir a sociedade de classe por uma
sociedade de risco, onde todos se unem para reparar os problemas
existenciais criados pela industrialização.[5]
[3] https://br.sputniknews.com/brasil/201704208204445-bolsonaro-
doria-juntos-2018-video/
[5] BECK, Ulrich. Sociedade de risco: rumo a uma outra modernidade. Trad:
Sebastião Nascimento. São Paulo: Editora 34, 2011. p. 11.
[9] http://diplomatique.org.br/um-caminho-para-o-odio-ciberespaco-e-o-
crescimento-da-extrema-direita/
[10] http://www.infomoney.com.br/mercados/politica/noticia/6396965/d
oria-diferencia-por-nao-ficar-geleia-geral-politicamente-correto-diz
[11] ESCOBAR, Arturo. El lugar de la naturaleza Del lugar: globalización o
postdesarrollo? In: LANDER, Edgardo. La colonialidad del saber:
eurocentrismo y ciências sociales. Perspectivas latinoamericanas. Buenos
Aires: CLASCO, 2000. p. 74
EDUCAÇÃO E POLÍTICA
O desmonte da universidade
pública e branqueamento cultural:
outra estratégia do genocídio
O branqueamento cultural como complemento do genocídio é um
ponto de partida interessante para compreender os ataques ao
direito à educação materializados pela operação de desmonte das
universidades públicas estaduais e federais em curso e cujas
consequências já são sentidas com maior intensidade pelos setores
mais excluídos
Por: Andréia Moassab, Marcos de Jesus e Vico Melo
15 de agosto de 2017