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FASSIN, Didier. 2012. Introduduction: Humanitarian Government. In.

Humanitarian reason: a
moral history of the present. University of California Press, pp. 1-20.

Os sentimentos morais”, emoções que voltam nossa atenção ao sofrimento alheio,


tornaram-se uma força essencial na política contemporânea. O autor utiliza a expressão Commented [u1]: Cap 1

“governo humanitário” para designar esse desenvolvimento dos sentimentos morais


especificamente no seio da política.
O sentimento paradigmático da moralidade ocidental contemporânea é a
“compaixão”. Esse sentimento, que muitos autores procuraram analisar com enfoque Commented [u2]: Esta com pena, leva pra casa

psicológico ou ético; para o autor é estritamente sociológico. “A condição social da compaixão


é a não possibilidade de reciprocidade” (p. 3) Isso acontece por exemplo quando os pobres,
beneficiários da ajuda não podem lançar mão de uma contra-dádiva. Ou só podem mostrar
gratidão – o que mesmo assim remete a uma condição de troca desiqual. Logo, frisa-se que é a
“dominação” que está por trás da condição geral da compaixão.
A compaixão exercida no espaço público se dá verticalmente àqueles que são
oprimidos pelo poder – sobre “vidas precárias”. Nesse conceito é cara a etmologia latina de
“precárias”, que denota uma intervenção divina(superior) em algo que não é por si mesmo
garantido. E é por isso que o autor escreve que o “governo humanitário” é uma política de
vidas precárias. Tal tendência emerge em duas temporalidades: Uma de longo prazo, que
remonta à reflexão filosófica do século XVIII, define uma identidade moderna indissociável das
condutas e emoções para com os outros. O movimento abolicionista é exemplar desse
sentimento na política. Numa temporalidade mais recentemente, particularmente constitutiva
do “governo humanitário” emerge no fim do século XX como um imperativo de intervenção, Commented [u3]: Caps cap. 1
Commented [u4]:
como é exemplo as organizações humanitárias de toda espécie.
Assinala-se como as ciências humanas e sociais estão excluídas desse fenômeno. As
pesquisas sobre “sofrimento”; “exclusão”; “trauma”, legitimaram esse tipo de representação Commented [u5]: Como essa palavra remete aos sentimentos
morais e com o que esse léxico está comprometido
endereçada aos sentimentos morais, na análise do autor, vieram a substituir o léxico da crítica Commented [u6]: Crscimento do campo da vitimologia como
observou Leze, instrumentalização da psicologia
social – que versa sobre “violência”, “dominação”, “injustiça”. Esse processo semântico
promove um mascaramento epistemológico. E temos até a impressão que o mundo ficou mais
generoso! Mas o que ocorre é que a violência e a injustiça passar a ter um significado
diferente. E também justificamos nossos atos de modo diferente. Sob o rótulo de intervenção
humanitária pode-se até justificar uma interferência militar em outro país para protejer civis
(como no caso do Afeganistão). Essa transformação antropológica da nova economia moral
foca a atenção no sofrimento e na desgraça.
As abordagens sociológicas sobre o assunto até então ficaram presas num dilema que
ora se debruçava no realismo da expressão dos afetos, ora na historicidade dos sentimento
morais. Tal como os estudos de Bourdieu e Boltanski, respectivamente. O que escapa a ambos
autores é “uma abordagem que analise os efeitos da dominação expressos pelo sofrimento (o
que Bourdieu faz) ao mesmo tempo que se constrói o processo no qual o sofrimento é objeto
(que Boltanski expõe)” (p.9). Para considerar a política do sofrimento na sua complexidade e
ambiguidade propõe-se uma questão metodológica que mescle proximidade e distância.
Assim, as entrevistas conduzem à significação de sentimentos de modo próximo. Já a
etnografia permite descrever e construir contextos mais amplos, que permitem isolar a
retórica sociológica.

FASSIN, Didier. 2012. Cap.6: Massacre of Innocents: Representing Childhood in the Age of
AIDS. In. Humanitarian reason: a moral history of the present. University of California Press,
pp. 161-180.

A expansão do HIV na África do Sul se dá precisamente num momento de abertura


democrática, após um longo período de opressão e segregação racial. Os olhos se voltavam
para a “nova Africa do Sul” e à nova luta, que agora não era mais contra o apartheid, mas
contra a AIDS. Uma luta política é justaposta a uma luta biológica... À ocasião da XIII
Conferência Internacional da AIDS, em julho de 2000, o presidente Thabo Mbeki, sucessor de
Mandela é ostensivamente confrontado por ser ligado a circulos científicos heterodoxos na
Califórnia, divergentes . No evento destacou-se uma criança que deu um depoimento
autobiográfico: Ele era um menino de onze anos, que havia nascido com o vírus , transmitido
pela mãe biológica. À partir daquele momento o menino acabou virando um símbolo da luta
contra a discriminação da AIDS. Sua morte, alguns meses depois foi amplamente divulgada na
mídia e “(...)assinalam a entrada da infância na arena pública” (p. 163).
As crianças que simbolizavam o futuro do país, passam a ser vistas como vítimas das
decisões do governo e do contágio pela mãe. As campanhas de prevenção contra a AIDS que
até então tinham um cunho moralizante ( focadas no tema da promiscuidade e Commented [u7]: Idem com as políticas da infância, mudança
de acento sujeito punível ao sujeito penível
responsabilidade), se voltam a esses novos ícones, que são representados pela inocência e
vulnerabilidade. Essas características compõem os três casos narrados no textos: “a criança
em sofrimento” (representada por aquelas que herdam o vírus da AIDS dos pais no
nascimento); “a criança abusada” (aquelas que sofreram violência sexual na infância) e as
“órfans” (que perderam os pais em função da doença). O autor procura confrontar a
simplificação moral dos debates em torno desses assuntos, confrontando-os com os a
complexidade social que testemunhou em seus dados de trabalho de campo em outras
províncias da África do Sul. Nestes o que sobressai é uma rotina de violência
Sem querer questionar a pertinência do debate em torno das crianças, o objetivo do
autor é iluminar as questões que a “economia do sofrimento” (p.165), acaba deixando de
fora. Observa que uma “interpretação reduzida a aspectos psicológicos que essencializa
comportamentos e culpabiliza as vítimas” (p.168); ou ainda, que essencializa a cultura de
modo racista; obscurece as condições sociais e políticas que suportam os comportamentos
em questão. Em suma a preocupação humanitária em torno das crianças, que ressalta todos Commented [u8]: Quando falo em ‘VITIMAS DE BULLYNG E
FOCO nos comportamentos reproduzo o acento das profissionais.
os aspectos emocionais das inegáveis tragédias em questão, tira o foco do contexto da
exploração, da pobreza e dos modos de solidariedade familiar das comunidades africanas no
momento de difusão do vírus. Donde o autor conclui que a emoção compassiva,
paradoxicalmente acaba tornando as soluções mais fragmentadas e portanto, menos
assertivas.

FASSIN, Didier. 1994. O domínio privado da saúde pública. Poder, política e AIDS no Congo.
In. Annales. Histoire, Sciences Sociales. Ano 44, N.4, pp. 745-775.
A epidemia da SIDA, que se inicia na África na década de 80 é o terreno eleito pelo
autor para entender o funcionamento do aparelho sanitário no Congo, o país estudado. A
doença da SIDA, portanto, é a mote que relaciona três termos onde o poder da biopolítica
(Foucault) é instaurado: saúde, sexo e política. Mesmo assim, observa-se também a reação da
sociedade frente a esse poder, o que nem sempre é considerado.
A questão paradoxal que o autor indaga no texto, é o porquê que no Congo, o país
onde há o maior número de casos de SIDA, e onde esta é objeto de políticas públicas, a
epidemia não é tratada como uma questão política (do espaço público)- não obstante o
contexto de democratização do país? Por que os discursos sociais e éticos são deixados para o
plano privado? E sendo assim, em que termos aparecem?
A SIDA como qualquer epidemia mobiliza medos e outras representações coletivas que
demandam por um sentido. Mas historicamente observa-se um enorme zelo para tratar do
assunto na mídia, o que de fato só ocorre na década de noventa. Nesse contexto também fica
saliente o fato da África ser o palco mundial do desenvolvimento da epidemia, o que dá
margem a “tentação” da explicação culturalista, que costuma enfocar sobretudo um
imaginário exotizante- as práticas rituais e sexuais africanas. Soma-se a isso um debate de tom
moralista, que de pronto desperta a reação a um possível racismo adormecido, desde o
período colonial. Esse tom moralista é aos poucos substituído na mídia pelo discurso técnico
sobre a doença. Nestes predomina o tom neutro, onde a ênfase recai na mera apresentação
das estatísticas e indicadores.
Esse modo como a AIDS aparece no espaço público é revelador de um aparelho sanitário
medicalizado, hierárquico, vertical e dependente de ajuda externa. Aqui lembramos do texto
de Minayo, pois o hiato da questão (se entendi direito) se traduz justamente por uma questão
de pesquisa qualitativa, ou seja, indagar na base, os fundamentos e respostas coletivas ao
problema. Mas o que acontece é que história da Aids no Congo de desenrola num grande
desencontro: onde as políticas publicas são implementadas num modelo standart
internacional que opera com pouca eficácia, e a mídia e o meio político se abstém de qualquer
debate moral.
A razão da abstenção do debate público sobre a AIDS é a noção de perigo (tanto no
plano privado quanto público) – que só existe quando enunciado -e a ameaça que isso traria à
esfera de poder – tanto do poder “negro” da feitiçaria; como o “branco” da administração
(seguindo a distinção de Marc Augè). O silêncio não é portanto uma ausência de saber, mas
uma recusa de dizer.n Esse apartamento da saúde em relação às questões sociais e políticas
Clima de instabilidade polítca
O silencio é porque a epidemia ilumina as relações de poder faz manifestas as tensões da
política pública, as

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