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2.

A Queda

Até então, Deus, os seres humanos e o cosmo estavam “no nível mais alto

de comunhão espiritual” (VOS, 2010:35).

Vimos que o homem foi feito à imagem de Deus e considerado “muito

bom”, isto é, capaz de imitar e refletir Deus com excelência. Apesar disso, quando

o princípio da tentação e do pecado foi revelado (simbolizados na serpente), ele

caiu. Com a Queda, a comunhão entre Deus, o homem e o cosmo foi quebrada

(embora não irreparavelmente).

Quebra da comunhão entre o homem e Deus. Esse distanciamento foi

progressivo (Gn 3, 7-10). Primeiro, houve o abrir dos olhos e a percepção da

nudez. Se a nudez tem a ver com vergonha (VOS, 2010:58), então o abrir dos

olhos pode ter relação com o reconhecimento do erro cometido. Em seguida, o

sentimento de medo diante da voz de Deus. Finalmente a fuga: “Esconderam-se

da presença do Senhor Deus”.

Quebra da comunhão entre o homem e o cosmo. A terra se torna maldita

por causa do homem (Gn 3, 17). “Com a entrada do pecado, a estrutura de

revelação natural em si é perturbada” (VOS, 2010:34). O homem deixa de

conseguir ver, com a antiga clareza, a assinatura de Deus na natureza.

Em 1955, C. S. Lewis publicou O Sobrinho do Mago, primeiro livro das

Crônicas de Nárnia. Um dos personagens, o tio André, retrata o homem após a

Queda, alheio a Deus e ao cosmo:

Assim que o Leão começou a cantar, ainda em meio à escuridão, tio


André percebeu que o barulho era uma canção, e não gostou nada [...].
Quando o sol nasceu e viu que o cantor era um leão (“um mero leão”,
como disse para si mesmo), fez tudo para convencer-se de que não havia
canto algum, mas apenas rugidos, como fazem os leões em nosso
mundo. “Devo ter imaginado que o Leão cantava; é porque estou com
os nervos descontrolados. Alguém já ouviu um leão cantar?” Quanto
mais belo o canto, mais tio André imaginava ouvir rugidos [...]. Quando
afinal o Leão falou e disse “Nárnia, desperte”, o tio não ouviu palavras;
ouviu somente um rosnado. Quando os bichos responderam, ouviu
latidos, uivos, zurros, miados (LEWIS, Cr. Nár., I, p. 69).

3. O pacto da redenção

Quebrada a antiga comunhão por causa do homem, Deus passa a agir para

restabelecê-la. Essa reaproximação salvífica de Deus acrescenta ao pacto da

criação uma nova dimensão: o pacto da redenção (do homem e do cosmo) (VAN

GRONINGEN, 2006:31). Ele é revelado na promessa de que a “semente da

mulher” haverá de ferir a cabeça da serpente e sofrer desta uma ferida no

calcanhar (Gn 3, 15).

Com essa promessa, Deus revelava a essência do pacto da redenção: a

libertação do pecado (Satanás golpeado mortalmente) pelo Filho do Homem

(Jesus crucificado e ressurreto). Mas esses detalhes só seriam revelados mais

tarde. Na revelação especial do Antigo Testamento, mais especificamente na

revelação especial do Gênesis, mais especificamente na revelação dada a Adão e

Eva, essa promessa ainda está muito pouco definida.

Não estamos autorizados a buscar uma referência exclusiva ao Messias


aqui, como se somente ele estivesse sendo indicado pela expressão
“semente da mulher”. A revelação do Antigo Testamento trata do
conceito de um Messias pessoal de modo bem gradual. Era suficiente
para o homem caído saber que, por meio do poder e graça divinos, Deus
traria vitória contra a serpente do meio da raça humana. A fé poderia
descansar nisso. O objeto da fé deles era muito menos definido do que
o nosso, uma vez que conhecemos o Messias pessoal (VOS, 2010:62).
Além disso, ao se dirigir a Adão e Eva após a Queda, Deus lhes revelou mais

de suas virtudes, além daquelas que revelara na sua atividade criadora (i.e.,

ordem e sabedoria) (VAN GRONINGEN, 2006:30).

Deus revelou sua onisciência. Deus sabia o que os seres humanos haviam

feito antes que eles o confessassem (Gn 3, 11).

Deus revelou sua justiça por meio das maldições dirigidas à serpente, à

mulher, ao homem e à terra (Gn 3, 14-19).

Deus revelou sua graça. Os seres humanos não foram punidos com morte

física e castigo eterno (Gn 2, 17), a terra não foi consumida. Ao contrário, a

continuidade da vida foi assegurada e a terra continuou a produzir fruto.

O pacto da redenção, que começa a ser revelado, vem assegurar (e não

substituir) o pacto da criação já revelado (VAN GRONINGEN, 2006:31-32).

Vimos que, no princípio, Deus, os seres humanos e o cosmo estavam em

comunhão. A Queda introduziu uma discórdia invencível. O pacto de redenção é

o agir de Deus para restaurar a antiga comunhão entre si e sua Criação. Pela

redenção, Deus torna possível ao homem e ao cosmo, de novo (“eis que tudo se

fez novo...” 2 Co 5, 17) cumprirem com excelência os propósitos que lhe foram

designados desde a criação do mundo. Essa renovação do pacto da criação se

concluirá no esmagamento do calcanhar da serpente pela semente da mulher.

Nós, hoje, sabemos o que isso significa:

[...] porque aprouve a Deus que, nele [Cristo], residisse toda a plenitude
e que, havendo feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele,
reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, quer sobre a terra, quer
nos céus (Cl 1, 9-20)

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