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2 MATEMATICA

ENCARTE ESPECIAL

+ =
RECORTE E COLECIONE

TEORIA

Conta de cabeça ➁

O cálculo mental nas séries


iniciais ajuda a garotada E xistem quatro maneiras de resol-
ver as contas que diariamente apa-
recem na nossa frente: usando a calcu-
Durante muito tempo, se acreditou
que a economia de etapas e a rapidez
na resolução de problemas fossem os
a compreender o sistema ladora, estimando o resultado com ba- objetivos máximos a serem alcançados
de numeração e as se em referências e em experiências an- na disciplina de Matemática. Nesse sen-
propriedades das operações teriores, fazendo o cálculo escrito ou tido, ensinar algoritmos para fazer con-
PAOLA GENTILE pagentile@abril.com.br usando o cálculo mental. Em ativida- tas parecia ser o mais indicado. Se por
e THAÍS GURGEL des profissionais, geralmente os adul- um lado o uso de fórmulas permite or-
tos usam a calculadora ou outras má- ganizar o raciocínio, registrá-lo, lê-lo
quinas afins. No dia-a-dia, porém, o e chegar à resposta exata, por outro fi-
mais comum é chegar mentalmente ao xa o aprendizado somente nessa estra-
➀ LEO DRUMOND ➁ CÉLLUS

resultado ou estimar um valor aproxi- tégia e leva o aluno a conhecer apenas


mado. Mas na escola essas estratégias uma prática cada vez menos usada e,
não são valorizadas e a atenção ainda pior, a realizá-la automaticamente, sem
está no ensino da conta armada. entender o que está fazendo.

CÁLCULO MENTAL
Já fazer contas de cabeça sempre foi
considerada uma prática inadequada. Mais fácil com o dobro e a metade
Porém, para saber quanto vai gastar Os primeiros cálculos realizados pelo homem certamente envolveram
na cantina ou somar os pontos dos estratégias relacionadas ao dobro e à metade. Isso pode ser explicado pela
campeonatos esportivos, o estudante simetria do corpo humano, que nos permitiu realizar tarefas como agrupar
não usa o algoritmo: sem lápis nem ou separar elementos com ambas as mãos ao mesmo tempo. Tanto nossos
papel, ele faz aproximações, decom- povos indígenas como os egípcios (há mais de 4 mil anos) usavam esse
procedimento para resolver problemas
põe e aproxima números e alcança o Plantamos 5 fileiras
cotidianos, como o da agricultura
resultado com bastante segurança. descrito pelos índios xavantes. de cebola.E m cada fileira, fizemos
Além de ser um procedimento ágil, ele 9 covas para as sementes. Quantas
permite à criança ser ativa e criativa covas fizemos ao todo?
na escolha dos caminhos para chegar
ao valor final.
“Os primeiros contatos com o cál-
culo mental costumam acontecer no
9 + 9 = 18
convívio com outros adultos, quando
as crianças incorporam certas técni- 1 8 + 1 8 = 36
cas usadas por eles. Na escola, ele pre-
cisa ser sistematizado e valorizado co- 3 6+ 9 = 4 5
mo uma estratégia eficiente para fa- 45 covas!
zer contas”, explica Maria Cecília Fan-
RECORTE E COLECIONE

tinato, formadora de professores em


Educação Matemática na Universida-
de Federal Fluminense.
Para garantir o sucesso dessa forma
de calcular, é imprescindível que a tur-
ma saiba de memória alguns resulta-
dos de contas simples – como o dobro,
o triplo, metade e outras adições, sub- Já os egípcios usavam um engenhoso método para multiplicar dois
trações, multiplicações e divisões (leia números baseado na compensação de dobros e metades. Para multiplicar
no quadro ao lado como os xavantes e 16 por 13, por exemplo, eles compensavam o fato de multiplicar a metade
os egípcios utilizavam essa estratégia). de um número pelo dobro do outro:
16x13
É isso!
De cabeça, mas com base Quanto será que 8 x26 1 6 x 1 3 = 208
Em sala de aula, é preciso mostrar consegui guardar de dinheiro moedas!
nestes 13 montes, sendo que em 4 x52
aos estudantes que aquele racio- cada um deles tenho 2 x 104
cínio que parece desorganizado, na 16 moedas?
verdade, está apoiado nas proprieda- 1 x 208
des das operações e do sistema de nu-
meração. Exemplos: para resolver 99
+ 26, é possível pensar da seguinte ma-
neira: 100 + 26 = 126 – 1 = 125 (pro-
priedade associativa da adição); para
calcular 9 x 4, um caminho é partir de
9 x 2 x 2 = 18 x 2 = 36 ou de 4 x 10
= 40 – 4 = 36 (propriedades associa-
tiva e distributiva da adição e da sub-
tração em relação à multiplicação). As-
sim, a molecada sistematiza um con-
junto de procedimentos, constrói um
pessoal e consegue decidir, em outras
situações, pelo mais eficaz. ➁

2 MATEMATICA
ENCARTE ESPECIAL

Escrevo, logo penso


A escrita também faz parte do
Entender que 342 é formado por lo mental deve ser um objetivo peda- trabalho com cálculo mental, mas
300 + 40 + 2, que 300 = 100 + 100 gógico e ser realizado com bastante devem ser usadas formas diferentes
+ 100, e assim por diante, ajuda a ra- freqüência na classe”. do algoritmo. O aluno pode fazer
ciocinar matematicamente e a enten- notas para apoiar o raciocínio.
der o sentido da conta armada.“A crian- Buscando o resultado Vale marcar com traços, bolinhas
ou qualquer outro elemento visual
ça passa a captar o que significa o ‘vai No dia-a-dia, nem sempre é impres-
(no caso de crianças pequenas)
1’ ou o ‘vai 2’ do algoritmo, pois com- cindível chegar ao valor exato no fim ou ainda algarismos, desde
preende que o 1 é uma dezena”, expli- das contas. Na maioria das vezes, bas- que sejam utilizados para registrar
ca Tereza Perez, coordenadora execu- ta uma aproximação para tomar uma resultados parciais das etapas
tiva do Centro de Educação e Docu- decisão: o dinheiro vai dar para com- percorridas mentalmente. Ou até
mentação para a Ação Comunitária prar tudo o que preciso na cantina da mesmo o texto: dessa forma,
(Cedac), em São Paulo. escola? A quantidade de pacotes de ca- o estudante desenvolve o raciocínio
matemático em outra linguagem.
Assim, para solucionar o cálculo 52 dernos vai ser suficiente para toda a
O registro, porém, não deve
– 38, por exemplo, é possível optar pe- turma? Arredondar pode ser útil em acontecer sempre, pois o incentivo
la busca do complemento – fazendo 38 situações como essas e também para ao uso da memória é outro ponto
+ 2 = 40, 40 + 10 = 50 e 50 + 2 = 52 antecipar e checar contas feitas na cal- importante do cálculo mental.
e depois somar os números que foram culadora e com algoritmo.
acrescentados a 38 (2 + 10 + 2 = 14). Reservar um tempo
Da mesma maneira, pode-se usar a para o confronto das matemática’”, diz Te-
decomposição. Para resolver 15 + 14, diferentes estratégias reza Perez. “E só o fa-
uma opção pode ser somar as deze- faz com que a crian- to de adquirir essa

RECORTE E COLECIONE
nas e as unidades separadamente (10 ça analise outras ma- confiança já é uma
+ 10 = 20 e 5 + 4 = 9) e juntar os re- neiras de resolver as grande conquista.”
sultados parciais (20 + 9 = 29). Em contas e se aproprie das Mas, afinal, com as

sala de aula, o importante é divulgar que lhe parecem mais efica- vantagens apresentadas pelo
as várias formas de resolução para que zes. Conforme os estudantes vão con- uso do cálculo mental, será que ele vai
cada um tenha a possibilidade de es- tando o raciocínio desenvolvido, vo- tomar o espaço do algoritmo nas sé-
colher em seu repertório a que me- cê pode registrar as etapas no quadro ries iniciais? A resposta é não. Os dois
lhor lhe convém, adquirindo autono- para que o resto do grupo acompa- procedimentos são importantes e de-
mia. Antonio José Lopes Bigode, con- nhe. Diferentemente do que pode pa- vem ser desenvolvidos paralelamente,
sultor na área de Matemática e autor recer, a escrita não é proibida no cál- como já se faz em algumas escolas bra-
de livros didáticos, aconselha a reser- culo mental (leia o quadro acima). “O sileiras e em outros países (leia o qua-
var pelo menos cinco minutos por dia aluno que é rápido e eficaz no cálcu- dro abaixo). A idéia é que a criança te-
para atividades desse tipo: “O cálcu- lo mental se considera ‘bom de nha cada vez mais recursos para che-
gar ao resultado das operações com se-
gurança, de maneira progressivamen-
O cálculo mental mundo afora te econômica e, acima de tudo, com-
Holanda e Inglaterra têm experiências paradigmáticas – e muito diversas preendendo a resolução.
– no trabalho com cálculo mental em sala de aula. Os educadores holandeses
adotaram nos anos 1980 a Educação Matemática Realística, uma linha
pedagógica que privilegia a criação de situações cotidianas para
o desenvolvimento do cálculo. O método – desenvolvido pelo Instituto
Freudenthal da Universidade de Utrecht – aposta tanto no cálculo mental
QUER
SABER
CONTATOS
+?
 Maria Cecília Fantinato,
que o algoritmo só é introduzido no 3o ano do ensino primário. Já na Inglaterra mcfantinato@hotmail.com
 Tereza Perez, tereza@cedac.org.br
o trabalho começou mais tarde, no fim da década de 1990. Segundo Terezinha
BIBLIOGRAFIA
Nunes, especialista no ensino de Matemática da Oxford Brookes University,  Aprender com Jogos e Situações-
a National Numeracy Strategy levou às escolas desse país um método Problema, Lino de Macedo e outros, 120 págs.,
de ensino de operações mentais muito próximo do desenvolvido com Ed. Artmed, tel. 0800-703-3444, 32 reais
 Didática da Matemática – Reflexões
os algoritmos. Ou seja: os alunos continuaram a decorar regras para resolver
Psicopedagógicas, Cecília Parra e Irma Saiz
problemas, mudando apenas o “suporte” do cálculo. É fácil imaginar que (orgs.), 258 págs., Ed. Artmed, 42 reais
a experiência holandesa apresente resultados mais bem-sucedidos. As escolas  Na Vida Dez, na Escola Zero, Terezinha

brasileiras que trabalham com cálculo mental costumam seguir essa linha, Nunes Carraher, David William Carraher e
Annalucia Schliemman, 184 págs., Ed. Cortez,
que teve pesquisas análogas em países como a França e a Argentina. tel. (11) 3085-7933, 24 reais

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