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Vê-se que o fisco exige o uso do Custeio por Absorção, fazendo com que se
incorporem ao produto todos os custos ligados à produção, quer os diretos quer os
indiretos. Estes itens são os que a legislação determina sejam “obrigatoriamente”
agregados, o que não significa uma listagem exaustiva e completa. Todavia, nota-se
que o fisco está abrindo mão de certos gastos que, conforme já comentado, são de
difícil apropriação, tais como os relativos à administração da produção geral, ao
departamento de compras etc. Estes, pelos princípios contábeis que regem o Custeio
por Absorção, deveriam estar incluídos como custos. Assim, com a sua não obrigatória
inclusão para efeito fiscal, fica a empresa com mais flexibilidade para definição dos
critérios a serem usados para a separação entre custos e despesas. Não deve ser
entendido, por outro lado, que tais gastos não enumerados devam ser tratados como
despesas de exercício, pois, acima dos critérios fiscais, devem estar sempre os
princípios gerais de contabilidade, dos quais a própria auditoria independente deve ser
fiel observadora.
A maior inovação fiscal, porém, foi a necessidade de, para poder avaliar os
estoques de produtos acabados ou em processamento com base nos dados apurados
pela Contabilidade de Custos, precisar estar o “sistema de contabilidade de custo
integrado e coordenado com o restante da escrituração”. Inovação não em termos de
necessidade de interligação entre as duas Contabilidades, mas em termos de estar
sendo exigida formalmente pela primeira vez.
Nada mais lógico do que essa colocação fiscal, pois, conforme amplamente
comentado nos primeiros capítulos deste livro, há uma necessidade dessa
compatibilização para que a Contabilidade Financeira possa fazer uso dos valores
obtidos pela Contabilidade de Custos. A situação anterior, em que essa integração não
era explicitamente exigida fiscalmente, é que estava incorreta, fazendo com que
muitas vezes valores calculados à parte, sem a mínima consistência com os valores
contábeis, fossem utilizados para avaliação de estoques finais nas demonstrações
contábeis.
Mas o que significa “custo integrado e coordenado” com a Contabilidade?
Significa que todos os cálculos e passos de Custos sejam compatibilizados no Diário e
no Razão da empresa? Não.
Existem a coordenação e a integração quando:
a) Os valores apropriados por Custos estão também inseridos na Contabilidade
Geral.
Isto significa que não se aceitam materiais apropriados, a não ser pelos seus
valores contábeis, dentro dos critérios de avaliação amplamente comentados. Não são
aceitos valores de reposição atuais ou futuros, preços de mercado etc.
Não se admite também a introdução no custo contábil do produto de valores
atribuídos, tais como juro sobre capital próprio, aluguel de imóvel de propriedade da
empresa etc.
Se forem (como devem ser) alocados valores por regime de competência
relativos a desembolsos futuros, devem esses itens também estar devidamente
provisionados na Contabilidade Geral.
Em resumo, a Contabilidade de Custos apropria aos produtos valores
registrados pela Contabilidade Financeira (ou Geral).
b) A apropriação é feita à base dos princípios contábeis geralmente aceitos. É
obrigatório o uso do Custeio por Absorção, por mais inócuo que ele possa parecer sob
o aspecto gerencial. Devem ser separadas as Despesas dos Custos, e somente estes
devem ser apropriados aos produtos (ou também serviços, se for o caso).
Devem ser respeitados todos os demais princípios.
c) Os valores de custo de cada produto estão apoiados em registros, cálculos,
arquivos e mapas que evidenciam claramente a transposição de sua origem
(Contabilidade Geral) a seu fim (produtos acabados ou em transformação). Não há
necessidade de se usar o esquema completo de contabilização de custos, (podendo-
se trabalhar com o simples, com lançamentos sintéticos mensais. Basta que sejam
mantidos em boa guarda todos os documentos que consubstanciam as alocações, tais
como os registros de apontamento de mão-de-obra direta, as requisições ao
almoxarifado de materiais, os mapas de rateio dos custos indiretos etc. Desde que
todos os documentos, mapas, critérios de rateio, cálculos etc. que a Contabilidade de
Custos utilizou sejam elaborados em boa ordem, devidamente arquivados, para
perfeito entendimento e, se necessário, para que possam sofrer uma auditoria, os
custos alocados são então totalmente aceitos para avaliação dos estoques e do Custo
dos Produtos Vendidos.