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LIÇÕES DE

HIDRÁULICA
GERAL

Gilberto Queiroz da Silva


5. EQUAÇÕES GERAIS DO MOVIMENTO DE UM FLUIDO

O estudo do movimento dos fluidos pode ser feito de diferentes formas,


segundo proposições de diversos autores. Todas as formas de estudos levam às
principais conclusões sobre as leis que regem o movimento desses fluidos.

5.1. MOVIMENTO DE UM FLUIDO IDEAL NO ESPAÇO

Seja um paralelepípedo, de volume dVol, escolhido no interior de um


fluido de massa específica ρ, que se encontra em escoamento num dado
instante, t. Suponhamos, inicialmente, que o escoamento seja de um fluido
ideal. A figura seguinte mostra o volume de fluido escolhido para estudo, de
faces paralelas aos planos coordenados de um referencial cartesiano tri-
213
ortogonal, xOy, yOx e xOz, cujas arestas valem, respectivamente, dx, dy e dz.
Admite-se que o eixo Oz seja vertical.

Fig. xx – Volume elementar de um fluido em escoamento.

Elemento de volume: dVol = dx.dy.dz

Elemento de massa: dm =ρ.dVol

Elemento de peso: dP =dm.g = ρ.g.dVol


214
Forças de campo e forças de contato:
r r r r
Forças de campo: Fc = Fx i + Fy j + Fz k
r r
Fc r r
por unidade de massa: = Xi + Yj + Zk aceleração
m
r r
Forças de superfície: Fs = p. Area devidas à pressão
r r
Fcis = τ . Area devidas à tensão cisalhante.

Supondo, inicialmente, que se trata de escoamento de fluido ideal


r r
( Fcis = τ . Area = 0 ), as forças de superfície na direção de cada um dos eixos

coordenados são dadas por:

Em Ox:  p −  p + ∂p dx  dydz = − ∂p dxdydz


 
  ∂x  ∂x

 
Em Oy:  p −  p + ∂p dy   dxdz = − ∂p dxdydz
  ∂y   ∂y

Em Oz:  p −  p + ∂p dz  dydx = − ∂p dxdydz


 
  ∂z  ∂z

A segunda lei de Newton permite dizer que: F = ma:


215
∂p
Forças segundo o eixo Ox dmax = dmX − dxdydz ou
∂x
∂p
ρdVol.ax = ρdVol. X − dxdydz
∂x

1 ∂p
logo ρax = ρX − ∂p ou ax = X −
∂x ρ ∂x

Nas outras direções, o raciocínio é análogo, de maneira que:

1 ∂p
ay = Y −
ρ ∂y

1 ∂p
az = Z −
ρ ∂z

d 2x 1 ∂p
Assim, as equações: / =X−
dt 2
ρ ∂x

d2y 1 ∂p
do movimento <| =Y −
dt 2
ρ ∂y

\ d 2z = Z − 1 ∂p
2
de um fluido perfeito:
dt ρ ∂z
216
Substituindo as componentes da aceleração, temos as equações de Euler para o
escoamento de um fluido ideal:

1 ∂p  ∂u ∂u ∂u ∂u 
= X −  u + v + w + 
ρ ∂x  ∂x ∂y ∂z ∂t 

1 ∂p  ∂v ∂v ∂v ∂v 
=Y −  u + v + w + 
ρ ∂y  ∂x ∂y ∂z ∂t 

1 ∂p  ∂w ∂w ∂w ∂w 
= Z −  u +v +w + 
ρ ∂z  ∂x ∂y ∂z ∂t 

As três equações acima, são denominadas de equações de Euler para o


escoamento de um fluido ideal (viscosidade desprezível).
Acrescentando as forças viscosas, para contemplar o escoamento de um
fluido real, tem-se as correspondentes equações de Navier-Stokes.

5.2. CASO DO MOVIMENTO PERMANENTE E FLUIDO IDEAL

∂u ∂v ∂w
Se o escoamento é permanente: = =
∂t ∂t ∂t
Logo:
217
1 ∂p du
=X−
ρ ∂x dt

1 ∂p dv
=Y −
ρ ∂y dt

1 ∂p dw
=Z−
ρ ∂z dz

Multiplicando cada uma das equações acima por dx, dy e dz, respectivamente e
somando membro a membro, tem-se:

1  ∂p ∂p ∂p  du dv dw
 dx + dy + dz  = Xdx + Ydy + Zdz − dx − dy − dz
ρ  ∂x ∂y ∂z  dt dt dt

∂p ∂p ∂p
Como dp = dx + dy + dz e p = f(x,y,z), escreve-se:
∂x ∂y ∂z

1
dp = Xdx + Ydy + Zdz − udu − vdv − wdw
ρ

Mas udu = d u( 2 ), vdv = d (v 2 ) e wdw = d (w 2 ), logo


2 2 2

1  u 2 v 2 w2 
dp = Xdx + Ydy + Zdz − d  + +  .
ρ  2 2 2 

Como V = u + v + w , finalmente pode-se escrever que:


2 2 2

218
1 V 2 
dp = Xdx + Ydy + Zdz − d  
ρ  2 

A equação acima é denominada de equação de Euler para escoamento


permanente de um fluido ideal.
Quando o escoamento de um fluido se dá ao longo de uma linha de
corrente, sendo o escoamento permanente e de fluido ideal, a equação acima
fica simplificada. A figura seguinte mostra o esquema de tal escoamento.

Fig. xx – Trajetória de uma partícula do fluido em movimento.

219
Supondo que o eixo Oz seja vertical, as equações anteriores reduzem-se a:
r r r
Fc r r r r
= Xi + Yj + Zk = g xi + g y j + g z k
m
Sendo X = Y = 0 e Z = -g
Logo:

1 V 2 
dp + gdz + d   = 0
ρ  2 

O conteúdo acima é denominado de equação de Euler em uma direção.

Observação 1: Teorema de Bernoulli:


Se o escoamento além de ocorrer ao longo de uma direção, for de fluido
ideal, incompressível e ocorrer no regime permanente, deduz-se a equação de
Bernoulli para fluido ideal.

Assim, sendo ρ e g constantes, a equação de Euler fica sendo:

 p V 2 
d   + d ( gz) + d   = 0
ρ  2 

Dividindo ambos os membros por g:

ou d  z + p + V  = 0
2
 p  V 2 
dz + d   + d   = 0 
 ρg   2g   ρg 2 g  
220
Se a diferencial de uma função é nula, então a função é constante. Assim,

V2
p
z+ + = C te
γ 2g
A equação acima é conhecida como equação de Bernoulli para o escoamento de
um fluido ideal, incompressível, escoando em regime permanente, sendo z é a
cota do ponto, p a pressão, V a velocidade, γ o peso específico do fluido e g a
aceleração da gravidade.

Observação 2: Equação fundamental da Hidrostática


Quando o fluido estiver em repouso (V=0), a equação deve fornecer a
equação fundamental da hidrostática, vista anteriormente.

1
dp = Xdx + Ydy + Zdz
ρ

Se Oz é vertical X = 0, Y = 0 e Z = -g, logo:


dp = − ρ gdz

equação fundamental da hidrostática.

221
6. EQUAÇÃO DO MOVIMENTO DE UM FLUIDO REAL

Seja uma massa de fluido, dm, que ocupa um volume elementar dV,
deslocando-se no espaço, sujeita a ação de forças de campo, com uma
velocidade V, no instante t, nas proximidades da superfície terrestre, onde a
aceleração da gravidade vale g, conforme mostra a figura. Consideremos o
volume elementar de fluido, dVol, como um paralelepípedo retangular com o
centro de gravidade coincidente com o ponto P. A área da base do
paralelepípedo é dA e sua altura ds. Na figura seguinte foram traçadas a
tangente à trajetória s, (t), e a normal, (n), no ponto P. As direções (t) e (n) são
ortogonais.
O elemento de fluido considerado fica sujeito às forças decorrentes da
pressão e do atrito (de contato) e à força gravitacional (de campo). Na ausência
de processos termodinâmicos e desconsiderando eventuais variações de energia
em decorrência da realização de trabalho (presença de bombas ou turbinas), a
equação do movimento pode ser estabelecida à partir da aplicação da segunda
222
lei de Newton para a massa fluida dm, que, num instante genérico, t, ocupa uma
dada posição P no espaço, possuindo uma velocidade V.
Considere uma massa, dm, em torno de um ponto P, contida em um
volume elementar, dVol nas proximidades da superfície terrestre, conforme
esquema mostrado na figura seguinte.

Fig. xx – Volume elementar de um fluido em escoamento

Seja s a trajetória descrita pela massa fluida, C o centro de curvatura da


trajetória, r o raio de curvatura e z a cota do ponto P, centro de gravidade do
volume elementar de fluido considerado.
223
Com tais considerações, no ponto P a cota é z, a massa específica é ρ, pressão p,
velocidade na direção da tangente é V e tensão cisalhante τ.

A direção horizontal, a da tangente à linha de corrente no ponto P e a


vertical, formam um triângulo retângulo com o ângulo α entre a tangente e a
horizontal, mesmo ângulo formado pela direção vertical e pela normal.
Considerar o ângulo θ entre a direção da tangente e a da vertical, conforme
ilustrado na figura. Assim também, fica definido outro triângulo formado pelas
direções horizontal, vertical e da normal à linha de corrente, semelhante ao
primeiro triângulo.

Fig. Xx – Elementos geométricos envolvidos no escoamento.

Dos dois triângulos da figura anterior, é possível obter as seguintes relações


trigonométricas:
dz e dz
cosθ = cos α =
ds dn
224
A massa de fluido contida no volume dVol, num intervalo de tempo, dt,
será:

dm = ρ.dVol, onde dVol = dA.ds = dA*.dn.

A figura seguinte mostra, com maiores detalhes, o volume dVol que


contém uma massa dm, centrado no ponto P e os demais elementos
infinitesimais envolvidos no problema. Ao lado da representação das forças que
atuam sobre o volume elementar colocou-se a pressão ou a tensão cisalhante
que as originaram.

Fig. xx – Paralelepípedo elementar de fluido com as forças que estão agindo sobre a
massa nele contida.

225
A equação do movimento do fluido será estabelecida considerando-se
que a resultante de todas as forças que agem sobre a massa dm é igual ao
produto dessa massa pela aceleração (segunda Lei de Newton). Nesse caso
serão consideradas apenas as forças contidas no plano definido pela tangente à
trajetória e a normal a ela, traçadas pelo ponto P. Essas forças serão
denominadas de forças segundo a direção da tangente e forças segundo a
direção da normal ao escoamento.
Componentes das forças segundo a tangente à trajetória:
Considere-se as forças segundo a direção da tangente à trajetória do movimento,
(t).
Forças de pressão:

 ∂p  ∂p
pdA −  p + ds dA = − dsdA .............1
 ∂s  ∂s

Forças cisalhantes:

 ∂τ  * ∂τ
τdA* − τ − dn dA = dndA* ...........2
 ∂n  ∂n

Força peso (de campo):

∂z
dPs = − ρgdVol cosθ = − ρgdVol ...........3
∂s
226
Supondo que o vetor velocidade tangencial seja uma função de s e de t:
r r r
r r r dV 1  ∂V ∂V 
V = V ( s, t ) ⇒ a = =  ds + dt  ou
dt dt  ∂s ∂t 
r r r r r
dV ∂V ds ∂V dt ∂V ∂V
= + =V +
dt ∂s dt ∂t dt ∂s ∂t

No segundo membro da equação acima, a primeira parcela é a


aceleração convectiva e a segunda a aceleração local. O vetor velocidade tem a
direção da tangente à linha de corrente, logo a equação anterior pode seer escrita
em termos dos módulos dos vetores:

dV ∂V ∂V
=V +
dt ∂s ∂t

Como a segunda Lei de Newton afirma que, na direção da tangente ao


escoamento dFt = dm.at, a substituição das forças encontradas nessa equação
permite escrever:

∂p ∂τ ∂z  ∂V ds ∂V  ou
− dsdA + dndA* − ρgdVol = ρdVol  +
∂s ∂n ∂s  ∂s dt ∂t 
227
 ∂p ∂τ ∂z   ∂V ∂V 
− + − ρg dVol = ρdVol V + 
 ∂s ∂n ∂s   ∂s ∂t 

A equação acima relaciona as forças que atuam sobre a massa contida

no volume dVol com a força de inércia. Lembrando que V ∂V = ∂ V


∂s ∂s
2

2
e ( )
substituindo na equação acima, após dividir ambos os membros por ρdVol, tem-
se uma equação que expressa o equilíbrio entre as forças por unidade de massa
que atuam no volume considerado e a força de inércia por unidade de massa:

1 ∂p 1 ∂τ ∂z ∂  V 2  ∂V
− + − g =   +
ρ ∂s ρ ∂n ∂s ∂s  2  ∂t

Essa é a equação diferencial do movimento da massa dm, num instante


genérico, t, simplesmente denominada de equação diferencial do movimento do
fluido. Notar que cada parcela da equação anterior representa força por unidade
de massa ou simplesmente aceleração devida às forças de pressão, cisalhantes,
gravitacional e de inércia.

228
Observações:
Se o escoamento for de um fluido ideal e incompressível, a equação pode ser
simplificada já que as forças devidas à tensão cisalhante são nulas, de forma
que:

∂  p  ∂ ( gz ) ∂  V 2  ∂V ou
  + +   = −
∂s  ρ  ∂s ∂s  2  ∂t

∂p  p V2  ∂V
 gz + +  = −
∂s  ρ 2  ∂t

Se o escoamento for de um fluido ideal, incompressível e em regime


permanente, a equação diferencial do movimento pode ser mais simples, ainda:

∂  p  ∂ ( gz ) ∂  V 2 
 + +   = 0 ,
∂s  ρ  ∂s ∂s  2 

Já que a soma das derivadas em relação a uma variável é a derivada da soma, a


equação anterior pode ser escrita como:

∂ p V2 
 gz + +  = 0.
∂s  ρ 2 

A equação anterior é denominada de equação de Euler, para os


escoamentos unidimensionais.

229
Se o escoamento for de um fluido ideal, incompressível, permanente e ocorrer
ao longo da trajetória descrita pela partícula, quando se considera o escoamento
entre dois pontos P1 e P2, a integração da equação anterior fornecerá:

P2 ∂ p V2 

P1
 gz + +
∂s 
ds = 0
ρ 2 

O que pode ser escrito da seguinte forma:

P2 ∂( gz) P2 ∂  p  P2 ∂  V 
2


P1 ∂s
ds + ∫  ds + ∫

P1 ∂s ρ
  P1 ∂s
 ds = 0
 2 

Logo:

p2 p1 V22 V12
gz2 − gz1 + − + − = 0 ou
ρ ρ 2 2

p1 V12 p V2
gz1 + + = gz2 + 2 + 2 = C te
ρ 2 ρ 2

Dividindo-se ambos os membros da equação acima por g, encontra-se o


clássico resultado que expressa a equação de Bernoulli para o escoamento de
um fluido ideal, incompressível, em regime permanente e que ocorre entre dois
pontos P1 e P2 de uma linha de corrente, no interior de um fluido em
230
escoamento. A nova constante obtida, Cte/g agora é chamada de H, constante de
Bernoulli ou carga total do escoamento. Assim, tem-se:

p1 V12 p V2
z1 + + = z2 + 2 + 2 = H
γ 2g γ 2g
Na equação acima cada parcela significa energia por unidade de peso do
fluido, assim como H que significa a energia total por unidade de peso de
fluido.
Componentes das forças segundo a normal à trajetória:
Considere-se, agora, as forças segundo a direção da normal à trajetória
do movimento, (n).
Forças de pressão:

 ∂p  ∂p
pdA* −  p + dn dA* = − dndA* .............1
 ∂n  ∂n

Forças cisalhantes: São forças apenas na direção da tangente, portanto


naturalmente têm componente nula segundo a normal.
Força peso (de campo):

∂z ...........2
dPn = − ρgdVol cos α = − ρgdVol
∂n
231
Como a segunda Lei de Newton afirma que, na direção da normal ao
escoamento dFn = dm.an, e que a aceleração normal vale an = ρ.V2/r, onde r é o
raio de curvatura no ponto P, escreve-se:

∂p ∂z V2
− dndA* + 0 − ρ .g .dVol. = − ρ .dVol. .
∂n ∂n r
Dividindo-se ambos os membros por dVol, vem:

∂p ∂z V2
+ ρ .g . = ρ .
∂n ∂n r
A equação acima é denominada de equação diferencial da distribuição da
pressão ao longo da direção normal a um escoamento. Ela expressa a
distribuição de pressões nos escoamentos em que a trajetória não é retilínea,
desde que se conheça a velocidade e o raio de curvatura da curva descrita pela
massa no seu movimento.
Observação: se a trajetória for retilínea, o raio de curvatura é infinito, de
maneira que:

∂p ∂z ∂
+ ρ .g . = ( p + ρgz ) = 0
∂n ∂n ∂n

Logo, pelo fato de p só variar com z, ter-se-á:

dp = − ρ .g.dz
232
O resultado obtido acima é a equação fundamental da hidrostática, já
demonstrada quando se estudou a hidrostática e que levou ao estabelecimento
da equação de Stevin para a variação da pressão nos fluidos.

6.1. EQUAÇÃO INTEGRAL DO ESCOAMENTO SEGUNDO UMA


LINHA DE CORRENTE
Supondo que o escoamento ocorre segundo linhas de corrente e que
para a linha de corrente mostrada na figura seguinte tenha-se dois pontos, P1 e
P2, em um mesmo instante, t, a equação diferencial do movimento vista
anteriormente pode ser escrita como:

1 ∂p ∂  V 2  ∂z 1 ∂τ ∂V
− −   − g + =
ρ ∂s ∂s  2  ∂s ρ ∂n ∂t

233
Fig. xx – Coordenadas de pontos em um escoamento segundo uma linha de
corrente.

Dividindo a equação acima, membro a membro, por g e desprezando-se as


variações de ρ e g, resulta que:

∂  p  ∂  V 2  ∂z ∂  τ  1 ∂V
−  −  − +  =
∂s  ρg  ∂s  2 g  ∂s ∂n  ρg  g ∂t

Como a soma das derivadas é igual à derivada da soma das parcelas, pode-se
escrever a equação acima na forma:
234
∂ p V 2  ∂ τ  1 ∂V
−  z + + +   =
∂s  γ 2 g  ∂n  γ  g ∂t

Nas duas equações anteriores deve ser observado que cada parcela tem o
significado de força por unidade de peso de fluido, sendo, portanto, grandezas
adimensionais. Agora, multiplicando a última equação por ds, tem-se:

∂ p V2  ∂ τ  1 ∂V
−  z + + ds +  ds = ds
∂s  γ 2g  ∂n  γ  g ∂t

Nesse caso, os produtos que representam o trabalho que cada uma das
forças envolvidas desenvolveu ao longo da linha de corrente, por unidade de
peso de fluido, para efetuar um deslocamento infinitesimal de comprimento ds.
Para somar todos os trabalhos realizados para que o ponto P percorra a
linha de corrente desde P1 até P2, basta realizar a integração em ambos os
membros da equação anterior, o que fica sendo:

2 ∂  p V2  2 ∂ τ  2 1 ∂V
∫1
 z + +
∂s 
ds − ∫
γ 2g 

1 ∂n  γ

 ds = − ∫
 1 g ∂t
ds

Calculando cada uma das integrais que forma a equação anterior:


2
2 ∂ p V2   p V2  p V2 p V2
∫ 1
 z + +
∂s 
ds =  z + +
γ 2g  
 = z 2 + 2 + 2 − z1 − 1 − 1
γ 2 g 1 γ 2g γ 2g

235
2 ∂ τ 
−∫   ds = h p
1 ∂n  γ 

A integral acima deve ser calculada caso a caso. Ela representa o


trabalho devido às forças cisalhantes, por unidade de peso de fluido, para que o
ponto seja deslocado desde P1 até P2, através da linha (s). Ela corresponde à
energia perdida por atrito, por unidade de peso e, de agora em diante, será
denominada perda de carga entre os pontos P1 e P2.
A integral presente no segundo membro da equação será:

1 ∂V 1 ∂V 1 ∂V 2 1 ∂V
s ]1 = − (s2 − s1 ) = − 1 ∂V ∆s
2 2
−∫ ds = − ∫ ds = −
1 g ∂t g ∂t 1 g ∂t g ∂t g ∂t

Nessa equação, g não varia com s, assim como a aceleração local não varia com
s, pois estamos calculando a integral em um instante t. ∆s é o espaço desde o
ponto P1 até o ponto P2, medido sobre a linha de corrente. Substituindo os
valores calculados de cada parcela na equação original, tem-se:

p2 V22 p V2 ∆s ∂V
z2 + + − z1 − 1 − 1 + hp = −
γ 2g γ 2g g ∂t

Reordenando os termos convenientemente, finalmente, tem-se a equação da


energia, em termos finitos, para o escoamento de um fluido real que acontece
segundo uma linha de corrente.
236
p1 V12 p V2 ∆s ∂V
z1 + + = z2 + 2 + 2 + hp +
γ 2g γ 2g g ∂t

Se o escoamento, além das características discutidas nesse item for permanente,


a equação terá a forma que será discutida no próximo item.

6.2. EQUAÇÃO DE BERNOULLI PARA O ESCOAMENTO DE UM


FLUIDO REAL

Quando se tratar de escoamento permanente, de um fluido real e


incompressível, que acontece segundo uma linha de corrente, a última parcela
da equação mostrada no item anterior torna-se nula (não existe aceleração
local), de maneira que a equação pode ser escrita da seguinte forma:

p1 V12 p V2
z1 + + = z 2 + 2 + 2 + hp
γ 2g γ 2g
A equação anterior expressa o conteúdo da equação de Bernoulli,
quando aplicada para o escoamento de um fluido real, incompressível e em
regime permanente, que se dá ao longo de uma linha de corrente.

237
Observações:
Quando se tratar de escoamento de fluido ideal, isto é, de fluidos em que a
viscosidade é desprezível, a equação anterior pode ser simplificada para:
p1 V12 p V2
z1 + + = z2 + 2 + 2 = C te = H
γ 2g γ 2g

A equação acima é denominada de equação de Bernoulli para o escoamento de


um fluido ideal, incompressível, unidimensional, em regime permanente, ao
longo de uma linha de corrente. A constante, H, é denominada de constante de
Bernoulli e as três parcelas somadas são denominadas de energia mecânica do
escoamento por unidade de peso de fluido, que devem permanecer constante no
escoamento.

Na equação de Bernoulli, cada parcela tem um significado físico próprio,


conforme relacionado a seguir:

z = cota ou carga de posição, denotando a energia potencial gravitacional


(dm.g.z) por unidade de peso de fluido. É medida em m, N.m/N ou J/N.

p/γ = carga de pressão, carga efetiva ou carga piezométrica, significando a


energia de pressão por unidade de peso de fluido. É medida em N.m/N =
m.
238
V2
= carga de velocidade, carga cinética ou taquicarga, significando a energia
2g
cinética (m.V2/2) por unidade de peso do fluido. É medida em N.m/N =
m.
hp = energia perdida por unidade de peso de fluido ou simplesmente perda de
carga. É medida em N.m/N = m.

z + p/γ = cota piezométrica ou altura piezométrica. Esse valor define o lugar


geométrico dos pontos do espaço denominado de linha piezométrica ou
linha de carga efetiva.

p V 2 = é denominada de carga total, H, representando toda a energia


z+ +
γ 2g

mecânica por unidade de peso de fluido que o escoamento possui em uma


dada posição. Esse valor, quando computado para todos os pontos da
linha de corrente, define uma linha denominada de linha de energia ou
linha do gradiente hidráulico.

Denomina-se de plano de carga efetivo (PCE), ao plano horizontal traçado a


partir da energia total correspondente ao ponto de maior energia no domínio do
fluido m estudo.

239
As parcelas presentes na equação de Bernoulli podem, também, ser entendidas
geometricamente como alturas, conforme esquematizado na figura seguinte.

Fig. xx – Parcelas da equação de Bernoulli, entendidos como alturas em um escoamento


permanente, de fluido incompressível, ao longo de uma linha de corrente.

No desenho esquematizado na figura anterior os elementos têm o


seguinte significado:
(s) = linha de corrente do escoamento
LP = linha piezométrica
LE linha de energia do escoamento
PCE plano de carga efetivo
PHR plano horizontal de referência
240
Quando se usa as pressões relativas, a LP pode estar acima, abaixo ou
coincidir com a linha de corrente. Nos dois primeiros casos, têm-se os
escoamentos em condutos forçados. No terceiro caso têm-se os escoamentos
livres ou em canais.
Nos fluidos reais, devido a existência da perda de energia por atrito (causada
pela viscosidade), a linha de energia sempre decresce no sentido do escoamento,
há menos que em algum ponto do escoamento haja uma introdução ou retirada
de energia, como é o caso dos escoamentos que possuem bombas ou turbinas.
No caso de se ter escoamentos em tubos, admitindo que a velocidade em cada
seção transversal ao escoamento seja constante (velocidade média na seção
transversal), facilmente pode-se estender os conceitos envolvidos na equação de
Bernoulli para escoamento de fluido real, conforme esquematizado na figura
seguinte, mostrando uma tubulação de seção transversal decrescente.

241
Fig. xx – Escoamento de um fluido em um tubo de corrente.

No caso da velocidade ser constante ao longo de todo o escoamento, a linha de


energia é sempre paralela à linha piezométrica. A figura seguinte ilustra essa
característica, para as tubulações de seção transversal constante.

242
Fig, xx – Escoamento em uma tubulação de diâmetro constante, com a linha de
energia paralela à linha piezométrica.

Na prática, a linha piezométrica pode ser visualizada com a instalação


de piezômetros abertos para a atmosfera. O líquido irá subir no piezômetro até
que a coluna piezométrica se equilibre com a pressão no ponto, conforme
mostrado nos casos dos pontos 1 e 2 na figura anterior, comumente denominada
de pressão estática. O resultado obtido com a instalação de piezômetros em
todos os pontos do eixo do escoamento é uma linha contínua passando pela
243
extremidade da coluna de líquido formada, denominada de linha piezométrica.
Ressalta-se que no caso de pressões negativas no eixo da tubulação, haverá um
abaixamento da coluna piezométrica, de uma altura correspondente à pressão
negativa reinante. Nesse caso instala-se um tubo em U abaixo do eixo do
escoamento.
Quando se instala um tubo de pequeno diâmetro, com a
extremidade inicial alinhada com a direção do escoamento e, logo em seguida,
tendo a direção da vertical, o líquido subirá no tubo até que a nova coluna
piezométrica se iguale com a nova pressão, agora é dita pressão dinâmica ou
pressão total. A pressão total é maior que a pressão estática do escoamento em
decorrência da velocidade ter se tornada nula bem próximo à boca do tubo, em
decorrência da formação de um ponto de estagnação. O resultado é que a coluna
piezométrica é maior que no caso da pressão estática. A extremidade superior
da coluna, quando estendida para tosos os pontos ao longo do eixo do
escoamento, materializará a linha de energia do escoamento. Nos casos em que
a pressão for negativa, observar-se-á um abaixamento da coluna piezométrica
da altura correspondente.
No caso de escoamentos de fluido ideal, a linha de energia é sempre horizontal.

244
6.3. EXEMPLOS DE APLICAÇÃO DA EQUAÇÃO DE BERNOULLI

EXEMPLO 1:
Seja um escoamento de água através de uma seqüência de três tubulações de
diâmetros diferentes, partindo de um reservatório de nível constante, conforme
lustrado na figura seguinte. Nessa figura, o escoamento inicia-se em uma
tubulação 1, de um dado diâmetro, unida a uma outra tubulação 2, de menor
diâmetro. Esta segunda tubulação está unida a uma terceira tubulação 3, de
diâmetro superior ao da primeira tubulação. Na figura não está mostrado o final
da terceira tubulação, que se estende além do domínio da figura. Também não
se discutirá o caráter da união, nesse momento.

245
Fig. xx – Escoamento de água através de três tubulações unidas
sequencialmente, partindo de um reservatório de nível constante.

O traçado da linha de energia pode ser feito de duas maneiras distintas.


A primeira maneira de se traçar a linha de energia é computar a soma das três
parcelas correspondentes aas energias de posição, de pressão e cinética, para os
pontos chaves do escoamento. A partir do PHR, marcar alturas obtidas e unir os
246
pontos, traçando a linha de energia (LE). Uma segunda maneira de se traçar a
LE é através do conhecimento do PCE, que no caso coincide com a superfície
livre da água no reservatório de nível constante. Nos pontos característicos do
escoamento, calcular a perda de carga, hp, subtraindo essa parcela do PCE. Em
qualquer dos casos resulta a linha marcada como LE na figura anterior. Na
entrada da tubulação 1, a linha coincide, aproximadamente, com a superfície
livre da água no reservatório. À partir daí, ela será decrescente, linearmente,
com uma certa declividade, até atingir a união das tubulações 1 e 2. No trecho
correspondente à tubulação 2, a linha de energia continuará decrescente, agora
com uma declividade maior, já que a velocidade na tubulação 2 é maior que na
tubulação 1, até atingir a união com a tubulação 3. À partir daí a LE continua
decrescente, agora com uma declividade muito menor, menor até que a
declividade na tubulação 1, visto ser o diâmetro da tubulação 3 o maior deles.
O traçado da linha piezométrica será feito calculando-se as pressões em certos
pontos de interesse e computando a soma da cota com a carga piezométrica (z +
p/γ). Outra maneira de construir a LP, quando se conhece a LE, é marcar uma
linha paralela à LE, abaixo da mesma, com altura correspondente à parcela da
energia cinética por unidade de peso de fluido, nos trechos de diâmetro
constante. No caso em questão, a LP coincide com a superfície livre da água no
reservatório de nível constante. A seguir ela cai bruscamente, para entrar na
247
tubulação 1, ficando, então, abaixo da LE, a uma distância correspondente a
V2/(2g), paralela a esta, até a união com a tubulação 2. No início da tubulação 2,
a LP cai bruscamente, para se adequar ao novo nível de velocidade maior que
na tubulação 1. Após a queda, ela continua decrescente, com mesma inclinação
da LE, até atingir a união com a tubulação 3. No início da tubulação 3, a LP se
eleva, bruscamente, para ficar novamente paralela à LE, agora a uma distância
bem menor, já que a velocidade na tubulação 3 é a menor de todas. Assim a LP
segue paralela à LE até que nova variação de velocidade imponha uma nova
posição. É comum dizer que na tubulação 3 houve uma recuperação da pressão,
visto que essa pressão se elevou em decorrência da baixa velocidade nessa
tubulação.

A perda de carga, correspondente à energia perdida por atrito devida à


tensão cisalhante presente nos escoamentos de fluido real, impõe a condição de
que a LE será sempre decrescente no sentido do escoamento. Ela corresponderá
à diferença entre o PCE e a LE. Mais à frente será discutido com profundidade
as diversas perdas de carga, bem como as diferentes maneiras de se calcular as
mesmas.

248
EXEMPLO 2:
Em um escoamento de água, em uma tubulação de diâmetro constante,
D, instalou-se um piezômetro e um tubo de pequeno diâmetro, d, em formato de
L, com uma das partes retas alinhadas com a direção do escoamento, conforme
mostra a figura seguinte. Esse dispositivo é conhecido como tubo de Pitot,
sendo utilizado para medir a velocidade dos escoamentos. No presente caso ele
está ligado a um manômetro diferencial de tubo em U, que será usado para a
obtenção da diferença de pressão entre a pressão total (dinâmica) e a pressão
estática. Esse arranjo, sem o medidor de pressão diferencial, é denominado
apenas de tubo de Pitot, para diferenciar de um modelo mais aperfeiçoado
denominado de tubo de Prandtl ou tubo de Pitot estático.

Fig. xx – Esquema de um escoamento com um tubo de Pitot.


249
SOLUÇÃO
A introdução do tubo de Pitot no escoamento, dever ser feita de modo a
produzir a menor perturbação possível. Para tanto, o diâmetro do tubo de Pitot
deve ser bem menor que o diâmetro do tubo onde está confinado o escoamento.
No ponto 1 a velocidade é V1 = V e a pressão é p1. No ponto 2 a velocidade V2 é
nula e a pressão é p2. Bem na extremidade do tubo de Pitot, na condição de
equilíbrio, forma-se um ponto de estagnação com a água parada. Ela não mais
entrará no tubo já o fluido dentro do tubo de Pitot não permite. Pode até haver
um escoamento momentâneo (transiente) até que haja equilíbrio das diversas
forças envolvidas. Após esse equilíbrio tem-se a situação mostrada na figura
anterior. Assim podemos dizer que:
No ponto 1: z = z1, p = p1 e V1 = V
No ponto 2 (estagnação): z = z2; p = p2 e V2 = 0.
Se o ponto 1 for próximo do ponto 2, podemos admitir que p1 = pest,
p2 = pdin e hp = 0.
A aplicação da equação de Bernoulli entre os pontos 1 e 2 permite escrever:

p1 V12 p V2 p V2 p
z1 + + = z2 + 2 + 2 ∴ z1 + 1 + = z2 + 2 + 0 + 0
γ 2g γ 2g γ 2g γ
250
Admitindo que z1 = z2, tem-se:

V 2 p2 p1 p − p1
= − ∴V 2 = 2 g 2
2g γ γ γ

Sendo γ = ρ.g e ∆p = p2 – p1:

∆p
V= 2
ρ

A expressão acima é utilizada universalmente para determinar a velocidade de


um escoamento de um fluido de massa específica ρ, conhecendo-se a diferença
entre a pressão dinâmica no tubo de Pitot e a estática no escoamento.
No caso ilustrado, a diferença de pressão pode ser obtida com o
manômetro diferencial de tubo em U acoplado ao tubo de Pitot. Assim, segundo
a lei de Stevin:

p1 + ρm gh + ρgy = p2 + ρg (h + y) , sendo y a distância vertical entre o topo da


coluna do líquido manométrico e o eixo do tubo de Pitot. Dessa equação,
podemos calcular:

p2 − p1 = ρm gh + ρgy − ρgh − ρgy ∴ ∆p = ( ρm − ρ ) gh

No caso específico a velocidade do escoamento seria:

( ρ m − ρ ) gh ou ρ 
V= 2 V= 2 m − 1 gh
ρ  ρ 
251
Para fins de se ter uma idéia prática dos números envolvidos, suponha que se
deseje calcular a velocidade de um escoamento de água(ρ = 998,2 kg/m3), que o
líquido manométrico seja o mercúrio (ρm = 13.545,8 kg/m3) em um local onde g
= 9,8 m/s2 e que h seja igual a 60 mm. Nesse caso:

 13.545,8  m
V = 2 − 19,8 2 0,060m . Logo V = 3,845 m/s.
 998,2  s

Observação: O tubo de Prandtl, também denominado de tubo de Pitot estático,


é uma variação do tubo de Pitot em que se toma a pressão dinâmica e a pressão
estática aproximadamente na mesma posição, com o uso de dois tubos
concêntricos dobrados em forma de L, conforme mostra a figura seguinte.

252
EXEMPLO 3:
O escoamento de um fluido de massa específica ρ ocorre em uma tubulação de
diâmetro D, com uma vazão Q, conforme ilustra a figura seguinte. Num dado
ponto do escoamento é feita uma redução brusca de área, de forma que o
diâmetro passa a ser d. Logo após a redução de área, o escoamento volta a
acontecer numa tubulação cujo diâmetro é o inicial. Assim, a velocidade que
antes do estrangulamento era V, aumenta bruscamente até passar pelo
estrangulamento, num movimento acelerado. Após passar pelo estrangulamento,
a velocidade vai sendo reduzida gradualmente até que seja novamente igual a
velocidade do escoamento não perturbado. Determinar a vazão do escoamento
suposto permanente, de fluido incompressível, através da diferença de pressão
antes do estrangulamento e no estrangulamento. Tal dispositivo constitui um
medidor de vazão muito útil, denominado de medidor de vazão de placa de
orifício.

Fig. xx – Esquema de medidor de vazão tipo placa de orifício com manômetro


diferencial.
253
SOLUÇÃO
Adotar-se-á dois pontos no escoamento. Um ponto1, antes da placa de orifício,
onde a pressão seja p1 e a velocidade seja V1 = V. O outro ponto 2 após a placa
de orifício, onde a pressão é p2 e a velocidade é V2.
Como o fluido é a água, considerada incompressível, a vazão na tubulação será
constante e igual a Q. Nesse caso, a equação da conservação da massa (equação
da continuidade) poderá ser escrita assim:

Q = A1V1 = A2V2 ou Q = A1V = A2V2 , onde A1 = πD e A2 = πd


2 2

4 4

A1 D2
Logo, V2 = V1 ∴V2 = 2 V1 .
A2 d

Como A1 > A2, conclui-se que V2 > V1, daí o escoamento ser acelerado entre os
pontos 1 e 2.
Podemos aplicar a equação de Bernoulli para o escoamento permanente e
incompressível que ocorre entre os prontos 1 e 2, de forma que:

p1 V12 p V2
z1 + + = z2 + 2 + 2 + hp
γ 2g γ 2g
Como V1 = V:
254
p1 V2 p V2
z1 + + = z 2 + 2 + 2 + hp
γ 2g γ 2g
Mas

Q Q
V2 = e V =
A2 A1

p1 Q2p2 Q2
z1 + − z2 − − hp = −
γ γ 2 gA22 2 gA12

Q2 Q2  p  p  
− 2 = 2 g  z1 + 1 −  z2 + 2  − hp 
2
A2 A1  γ  γ  

 1 1   p  p  
 2 − 2 Q 2 = 2 g  z1 + 1 −  z2 + 2  − hp 
 A2 A1   γ  γ  

 p  p    p1  p  
2 g  z1 + 1 −  z2 + 2  − h p  2 g  z1 + −  z2 + 2  − hp 
 γ  γ   e Q 2 = A2  γ  γ  
Q2 =
 A1 − A2 
2 2 2
 A1 − A2 
2 2
 2 2   2

 A1 . A2   A 1 

 p  p  
2 g  z1 + 1 −  z2 + 2  − hp 
γ  γ 
Q 2 = A22  
 A2  2
1 − 2 
 A1 
255
A2
Chamando de m a relação de áreas, tem-se: m =
A1

 p  p  
2 g  z1 + 1 −  z2 + 2  − hp 
γ  γ 
Q 2 = m 2 A12  
(
1− m 2
)
 p  p  
2 g  z1 + 1 −  z2 + 2  − hp 
 γ  γ  
Q = mA1
1− m( 2
)
mA1  p  p  
Q= 2 g  z1 + 1 −  z 2 + 2  − h p 
1 − m2  γ  γ  

1
Denominando de E o fator: E = e supondo que o medidor esteja na
1 − m2
horizontal (z1 = z2):

p p 
Q = EmA1 2 g  1 − 2 − hp 
γ γ 

Devido à dificuldade de se calcular hp no momento, suporemos esta parcela


desprezível. Nesse caso observe a equação resultante superestima a vazão, razão
pela qual vamos denominá-la de vazão teórica, Qt. Logo:
256
p p 
Qt = EmA1 2 g  1 − 2  e, se ∆p = p1 – p2 e γ = ρg temos:
γ γ 

∆p
Qt = EmA1 2 g .
ρg
Finalmente,

2∆p
Qt = EmA1 .
ρ
A equação acima permite calcular a vazão teórica do escoamento de um fluido
incompressível, em regime permanente, através de um medidor de vazão tipo
placa de orifício.
Para o caso de escoamentos em tubulações de seção circular e considerando que
a relação de diâmetros será β = d / D, teremos:

d2
π 2
A
m = 2 ∴m = 4 ∴ m =  d  ou m = β 2 , o que permite escrever:
A1 D2 D
π
4

2∆p
Qt = Eβ 2 A1
ρ
257
Na realidade, pelo fato de se ter desprezado a perda de carga ocorrida entre os
pontos envolvidos, a vazão real, Q, será menor que a vazão teórica, Qt, de
maneira que denomina-se coeficiente de descarga ou coeficiente de vazão ao

valor. Cd = Q Nesse caso tem-se que a vazão real através de uma tubulação de
Qt

área A será:

2∆p
Qt = C d Eβ 2 A
ρ

Como exemplo numérico, calcular a vazão de um escoamento de água (ρ =


998,2 kg/m3) que escoa através de uma tubulação de PVC de 26 mm de
diâmetro, sabendo que medidor de vazão tem β = 0,800 e que a diferença de
pressão observada corresponde a 0,60 metros de coluna de mercúrio (ρ =
13.545,2 kg/m3), obtida com o manômetro diferencial instalado nos pontos 1 e 2
indicados na figura anterior. Considerar o coeficiente de descarga do medidor
igual a 0,650.

D2 0,0262 m 2
Cálculo da área: A = π = 3,142. = 2,124.10− 3 m 2
4 4

Diferença de pressão:

∆p = ( ρ m − ρ ) gh = (13.545,2 − 998,2) kg / m3.9,807m / s 2 .0,60m = 73.829Pa

258
Como Q = C d Eβ 2 A 2∆p
ρ

1 2 * 73829
Q = 0,650 . .0,800 2 2,124 .10 −3
1 − 0,800 4 998,2

Logo Q = 13,986.10-3 m3/s ou Q = 13,986 l/s

EXEMPLO 4:

O escoamento de um fluido de massa específica ρ ocorre em uma tubulação de


diâmetro D, com uma vazão Q, conforme ilustra a figura seguinte. Num dado
ponto do escoamento é feita uma redução gradual da área, de forma que o
diâmetro passa a ser d, durante um pequeno comprimento. Logo após a redução
de área, a tubulação é ampliada gradualmente, até que o diâmetro retorne ao seu
valor inicial, D. Neste dispositivo, a velocidade que antes da contração era V,
aumenta gradualmente até atingir a região de diâmetro d, onde o seu valor é V2,
num movimento acelerado. Após passar pelo estrangulamento, a velocidade vai
sendo reduzida gradualmente até atingir o seu valor original, V, do escoamento
não perturbado. Determinar a vazão do escoamento suposto permanente, de
fluido incompressível, através da diferença de pressão antes da redução e na
redução. Tal dispositivo foi idealizado por Venturi, sendo denominado de
259
medidor de vazão de Venturi ou simplesmente de tubo de Venturi. Na figura
seguinte, pode-se ver que foi instalado um manômetro diferencial de mercúrio
entre a seção transversal de diâmetro D e a região de diâmetro d, denominada de
garganta, observando-se uma deflexão h na coluna de mercúrio do tubo U.

Fig. xx – Esquema de tubo de Venturi com manômetro diferencial.

SOLUÇÃO
Adotar-se-á dois pontos no escoamento: um ponto1, antes da placa de orifício,
onde a pressão seja p1 e a velocidade seja V1 = V e o outro ponto 2 após a placa
de orifício, onde a pressão é p2 e a velocidade é V2.
260
Como o fluido é a água, considerada incompressível, a vazão na tubulação será
constante e igual a Q. Nesse caso, as mesmas equações válidas para o medidor
de vazão tipo placa de orifício valem para o tubo de Venturi, já que se trata de
uma contração no escoamento. A diferença está justamente no coeficiente de
descarga, Cd. O coeficiente de descarga é maior para o tubo de Venturi, vez que
as mudanças de direção do escoamento são mais suaves levando a uma menor
perda de carga e fazendo com que a equação da vazão teórica forneça um valor
mais próximo da vazão real.
Nesse caso a equação da continuidade continua sendo:

πD 2 πd 2
Q = A1V1 = A2V2 ou Q = A1V = A2V2 , onde A1 = e A2 = ,
4 4
2
com V2 = A1 V1 ∴V2 = D2 V1 .
A2 d

A equação de Bernoulli resultante é:

p1 V12 p V2
z1 + + = z2 + 2 + 2 + hp , o que resulta:
γ 2g γ 2g

2∆p
Qt = Eβ 2 A1
ρ
261
Q
Como Cd = , a vazão real através de uma tubulação de área A será:
Qt

2∆p
Qt = Cd Eβ 2 A
ρ

Como exemplo, calcular a vazão de um escoamento de água (ρ = 998,2 kg/m3)


que escoa através de uma tubulação de PVC de 26 mm de diâmetro, sabendo
que medidor de vazão tem β = 0,800 e que a diferença de pressão observada
corresponde a 0,60 metros de coluna de mercúrio (ρ = 13.545,2 kg/m3), obtida
com o manômetro diferencial instalado conforme ilustrado na figura anterior.
Considerar o coeficiente de descarga do tubo de Venturi igual a 0,920.

D2 0,0262 m 2
Cálculo da área: A = π = 3,142. = 2,124.10− 3 m 2
4 4

Diferença de pressão:

∆p = ( ρ m − ρ ) gh = (13.545,2 − 998,2) kg / m 3 .9,807 m / s 2 .0,60 m = 73.829 Pa

2∆p
Como Q = Cd Eβ 2 A
ρ

1 2 * 73.829
Q = 0,920. .0,8002.2,124.10− 3
1 − 0,800 4 998,2

Logo Q = 19,796.10-3 m3/s ou Q = 19,796 l/s


262
EXEMPLO 5:

Um escoamento de água, de massa específica (ρ = 1.00,0 kg/m3),


permanente, ocorre em um redutor conforme ilustrado na figura seguinte.
Na seção 1, a cota é 100,0 m, a área
é 100 cm2 e a pressão é 0,50 kgf/cm2. Na
seção 2, a cota é 70,0 m, a área é 50 cm2 e a
pressão é 3,38 kgf/cm2. Calcular a vazão que
escoa no redutor. Considerando a água
como um fluido ideal

SOLUÇÃO
Adotar-se-á dois pontos no escoamento. Um
ponto 1, no centro da seção 1, onde a
pressão seja p1 e a velocidade seja V1. O
outro ponto 2 será o centro da seção 2, onde
a pressão é p2 e a velocidade é V2.
263
Como o fluido é a água, considerada incompressível, a vazão na tubulação será
constante e igual a Q. Nesse caso, a equação da conservação da massa (equação
da continuidade) poderá ser escrita assim:

Q Q
Q = A1V1 = A2V2 ou Q = A1V = A2V2 , tal que V1 = e V2 =
A1 A2

Como A1 > A2, conclui-se que V2 > V1, daí o escoamento ser acelerado entre os
pontos 1 e 2.
Podemos aplicar a equação de Bernoulli para o escoamento permanente e
incompressível que ocorre entre os prontos 1 e 2, de forma que:

p1 V12 p V2
z1 + + = z2 + 2 + 2 + h p
γ 2g γ 2g
Como o fluido é ideal, consideraremos hp = 0:

p1 V12 p V2
z1 + + = z2 + 2 + 2
γ 2g γ 2g
Substituindo as velocidades na equação acima, tem-se:

p1 p2 Q2 Q2 Q2 Q2  p p 
z1 + − z2 − = − − 2 = 2 g  z1 − z2 + 1 − 2 
γ γ 2 gA2 2 gA12
2 2
A2 A1  γ γ 

 1 1   p − p2 
 2 − 2 Q 2 = 2 g  z1 − z2 + 1
 A2 A1   γ 
264
Fazendo ∆p = p1 – p2:

 A12 − A22  2  ∆p 
 2 2 Q = 2 g  z1 − z2 +
 A1 . A2   γ 

 ∆p   ∆p 
2 g  z1 − z 2 +  2 g  z1 − z2 +
γ  γ 
Q2 =  2 ou Q 2 = A2 
 A1 − A2   A2 
2 2

 2 2  1 − 22 
 A1 . A2   A1 

Chamando de m a relação de áreas, com: m = A2


A1

 ∆p 
2 g  z1 − z2 +
γ 
Q 2 = m2 A12 
(
1− m 2
)
mA1  ∆p 
Q= 2 g  z1 − z2 + 
1− m 2
 γ 

Fazendo E = 1 , tem-se, finalmente a equação que permite calcular a


1 − m2
vazão de fluido ideal no redutor:

 ∆p 
Q = EmA1 2 g  z1 − z2 + 
 γ 
265
Observar que se trata de uma equação muito parecida com o escoamento nos
orifícios e no tubo de Venturi. A principal diferença está na diferença de cotas
existente no caso atual.

Realizando uma mudança de unidades para o Sistema Internacional de


Unidades e substituindo os valores numéricos , tem-se:
p1 = 0,50 kgf/cm2 = 0,50*9,80665 N/cm2 = 0,50*9,80665.104 N/m2 =49.033 Pa
p2 = 3,38 kgf/cm2 = 3,38*9,80665 N/cm2 = 3,38*9,80665.104 N/m2 =331.465 Pa
A1 = 100 cm2 =100.10-4 m2 e A2 = 50 cm2 = 50. 10-4 m2.
m = A2/A1 = 50/100 = 0,50

1 1
E= = = 1,1547
1− m 2
1 − 0,502

 49.033Pa − 331.465 Pa 
Q = 1,1547 * 0,50 * 0,01m 2 2 * 9,807 100,0m − 70,0m + 
 1000 * 9,807 

Q = 1,1547 * 0,005 19,614[30,0 − 28,799] = 0,0280m3 / s

Assim, Q = 28,0 l/s.

266
EXEMPLO 6:
A água escoa a partir de um reservatório de grandes dimensões através
de uma tubulação de 250 mm de diâmetro que é reduzida para 125 mm de
diâmetro, descarregando-se livremente na atmosfera, conforme mostra a figura
seguinte. Sendo o reservatório de grandes dimensões, considerar o nível, H,
constante. Para uma vazão de 105,0 l/s e considerando-se o escoamento de
fluido ideal, calcular o nível H, as velocidades da água em cada tubulação e a
pressão na entrada da primeira tubulação.

SOLUÇÃO
267
Cálculo das velocidades e das cargas cinéticas:

Tubulação 1: tal que V1 = Q = Q2 = 4Q2


A1 πD / 4 πD
2 2
4 * 0,105 V 2,139
V1 = = 2,139m / s e 1 = = 0,233m
π 0,2502 2 g 2 * 9,807

Q Q 4Q
Tubulação 2: V2 = = 2 = 2
A2 πd / 4 πd

4 * 0,105 V22 8,5562


V2 = = 8,556 m / s e = = 3,732m
π * 0,1252 2 g 2 * 9,807

Aplicando a equação de Bernoulli ao escoamento entre um ponto 0 na


superfície livre do reservatório e o ponto 2, tem-se:

p0 V02 p V2
z0 + + = z2 + 2 + 2 + h p
γ 2g γ 2g

Como o fluido é ideal, consideraremos hp = 0. Na superfície livre de


reservatórios de grandes dimensões é comum considerar V0 = 0,0 m/s. Como, na
escala relativa p0 = patm = 0, assim como p2 = patm = 0, a equação de Bernoulli
acima reduz-se a:

V22 V22
z0 + 0 + 0 = z 2 + 0 + = z0 − z 2 = H
2g 2g
268
V22 8,5562
Então: H = = = 3,732m
2 g 2 * 9,807

Para calcular a pressão no ponto 1, entrada da tubulação 1, basta aplicar


a equação de Bernoulli para o escoamento que ocorre entre o ponto 0 (na
superfície livre do reservatório e o ponto 1, de maneira que:

p0 V02 p V2
z0 + + = z1 + 1 + 1 + hp
γ 2g γ 2g

Como o fluido é ideal, consideraremos hp = 0. Como visto anteriormente, V0 =


0,0 m/s e p0 = patm = 0, assim a equação de Bernoulli acima reduz-se a:

p1 V12 p1 V12
z0 + 0 + 0 = z1 + + = z0 − z1 −
γ 2g γ 2g

Mas z0 – z1 = H =3,732 m e a carga cinética no ponto 1 é 0,233 m. A equação


anterior fica sendo:

p1
= 3,732 − 0,233 = 3,499m
γ

Como γ = ρ.g, a pressão no ponto 1 será:

p1 = γ * 3,499m = ρ * g * 3,499m = 1000 * 9,807 * 3,499

Logo p1 = 34.314,7 Pa .
269
Observar que ela é inferior ao valor de H, pois o ponto foi considerado numa
posição para a qual parte da energia potencial por unidade de peso de fluido já
foi transformada em energia cinética por unidade de peso de fluido.

EXEMPLO 7:
A água escoa através de um canal, descendo um desnível y, conforme
ilustrado na figura seguinte. Na seção 1 a velocidade medida é V1 = 2,40 m/s e
na seção 2 é V2 = 12,00 m/s. Considerando um escoamento permanente de
fluido ideal, pede-se o valor do desnível, y, sabendo-se as profundidades da
água na seção 1 e na seção 2, respectivamente iguais a 1,20 m e 0,60 m.

270
SOLUÇÃO

Considerando o escoamento entre as seções 1 e 2 como permanente,


incompressível e de fluido ideal, a equação de Bernoulli pode ser aplicada ao
escoamento entre um ponto 1 na superfície da água na seção 1 e um ponto 2 na
superfície da água na seção 2. A equação será:

p1 V12 p V2
z'1 + + = z2 + 2 + 2
γ 2g γ 2g

As pressões nas seções 1 e 2 correspondem à pressão atmosférica, que na escala


relativa será nula: p1 = p2 = patm = 0. Adotando um plano horizontal de
referência passando pelo fundo do canal na seção 2, as cotas serão:
z1 = y + 1,20 e z2 = 0,60 m.

2,402 12,002
y + 1,20 + 0 + = 0,60 + 0 +
2 * 9,807 2 * 9,807

y + 1,20 + 0,294 = 0,60 + 7,342

Logo, y = 6,448 m.

271
6.4 - EQUAÇÃO DA ENERGIA SEGUNDO UM TUBO DE
CORRENTE

Na dedução da equação da energia entre dois pontos de uma linha de


corrente não se considerou a variação da velocidade que ocorre
perpendicularmente à direção do escoamento. No caso dos escoamentos que
ocorrem em relação a um contorno sólido, é sabido que a velocidade é nula do
contorno sólido e aumenta de valor gradualmente na direção perpendicular a
esse contorno sólido até atingir a velocidade de equilíbrio longe deste contorno
sólido, onde a tensão cisalhante é nula. Tal condição ocorre no eixo de tubos ou
a meia distância do escoamento entre placas paralelas. Assim é preciso tratar o
escoamento em termos do valor médio das grandezas envolvidas nos
escoamentos em tubos de fluxo, como é o caso da velocidade média definida
anteriormente.
Nos escoamentos em tubulações os valores da pressão, massa específica e carga
piezométrica podem variar pouco, permitindo o uso de valores médios. A rigor
existe uma variação dos valores das grandezas para cada linha de corrente que
se considere. Então, pode ser interessante definir uma linha de corrente que
propicie a consideração de uma linha de energia que corresponda ao
272
escoamento da totalidade da seção, fazendo-se uso do valor médio da
velocidade.

Figura representativa do escoamento de fluido real em tubulação de diâmetro D.

Perfil de velocidades do escoamento de um fluido real em uma tubulação:


v = f(r) perfil de velocidades.
r = 0 (centro do tubo) v = Vc.
r = R (parede do tubo) v = 0.
r (posição genérica em relação ao centro da tubulação) v
y (posição genérica em relação à parede da tubulação) v
y=R–r dy = -dr

273
Para o escoamento onde v = f(r) tem-se:

Vazão: Q = ∫ v.dA
A

Q 1
Velocidade média: V= ou V = ∫ v.dA
A AA

Representa a velocidade de um escoamento médio (idealizado)


de valor constante, V, sobre toda a seção transversal da tubulação.
Energia cinética para o escoamento real:
Energia cinética das partículas que atravessam uma área elementar, dA,
onde a velocidade é v e a posição é r será dada por:

1
dEc = dm.v 2
2
Taxa de variação da energia cinética das partículas que atravessam a
área elementar da seção transversal ao escoamento na unidade de tempo é dada
por

dEc 1 dm 2 1
= v ou dE& c = dm& .v 2
dt 2 dt 2

dm 1 3
Como dm& = = ρ .v.dA dE& c = ρ .v .dA
dt 2
274
A taxa de variação com o tempo da energia cinética das partículas que
atravessam toda a seção transversal do escoamento real será:

1 
E& c = ∫  ρ .v 3 .dA (1) - variação da energia cinética com o tempo

A 2

Energia cinética para o escoamento médio: v = V = cte.

Figura representativa do escoamento médio de fluido real em tubulação de


diâmetro D.

Taxa de variação com o tempo da energia cinética das partículas de


fluido que atravessam toda a seção transversal ao escoamento médio é dada por

dEc 1 dm 2 1
= V ou E&c = m& .V 2
dt 2 dt 2
275
dm
Como m& = = ρ .V . A
dt

tem-se que
1
E& c = ρ .V 3 . A (2) - variação da energia cinética com o tempo em termos do
2
escoamento médio.
Para que a taxa de variação da energia cinética do escoamento real,
calculada pela equação (1) seja igual à taxa de variação da energia cinética do
escoamento médio, calculada pela equação (2), é necessário o uso de um
coeficiente α tal que:

1  1
∫  2 ρ.v .dA = α . ρ .V . A
3 3
A
 2

Assim,

∫ v .dA
3

α= A
V 3.A
α é denominado fator de correção de energia cinética ou coeficiente de Coriolis.
Gustaqve-Gaspard Coriolis, engenheiro francês, 1792-1843.

Obs: 1. Em geral α ≥ 1 para os escoamentos de fluidos reais.

2. Para escoamentos em que a velocidade v é constante: α = 1,0


276
3. Para escoamento laminar: α = 2,0

4. Para escoamento turbulento α = 1,05 a 1,10


r
Em termos da quantidade de movimento, p
r r r
Para uma massa m que estiver animada de uma velocidade v : p = mv .

Considerando apenas o módulo da quantidade de movimento das partículas que


atravessam uma área dA do escoamento real, tem-se:
dp = dm.v

Taxa de variação da quantidade de movimento das partículas que


atravessam a área elementar da seção transversal ao escoamento na unidade de
tempo é dada por

dp dm
= v ou dp& = dm& .v
dt dt
dm
Como dm& = = ρ .v.dA dp& = ρ .v.dA.v = ρ .v 2 .dA
dt
A taxa de variação com o tempo da quantidade de movimento das
partículas que atravessam toda a seção transversal do escoamento real será:

p& = ∫ ρ .v 2 .dA (3) - variação da quantidade de movimento com o tempo


A

277
Taxa de variação com o tempo da quantidade de movimento das
partículas de fluido que atravessam toda a seção transversal ao escoamento
médio é dada por

dp dm
= V ou p& = m& .V
dt dt

Como m& = dm = ρ .V . A tem-se que:


dt

p& = ρ .V 2 . A (4) - variação da quantidade de movimento com o tempo em


termos do escoamento médio.
Para que a taxa de variação da quantidade de movimento do escoamento real,
calculada pela equação (3) seja igual à taxa de variação da quantidade de
movimento do escoamento médio, calculada pela equação (4), é necessário o
uso de um coeficiente β tal que:

∫ ρ.v .dA = β .ρ.V


2 2
.A
A

Assim,

∫ v .dA
2

β= A
V 2.A
β é denominado fator de correção de quantidade de movimento ou coeficiente
de Boussinesq. Jouseph Boussinesq, matemático francês, 1842-1929.
278
Obs: 1. Em geral β ≥ 1 para os escoamentos de fluidos reais.

2. Para escoamentos em que a velocidade v é constante: β = 1,0

3. Para escoamento laminar: β = 4/3

4. Para escoamento turbulento β = 1,02 a 1,04

5. Para escoamentos laminar ou turbulento em tubulações de seções


circulares, pode-se demonstrar que α = 3.β – 2.

Desta forma, finalmente, pode-se escrever a equação geral da energia, na forma


integral, para o escoamento médio que ocorre ao longo de um tubo de corrente:

V12 V2 ∆s d
z1 +
p1
+ α1
p
= z2 + 2 + α 2 2 + hp12 + (β V )
γ 2g γ 2g g dt

279
6.5 -. ESCOAMENTOS COM BOMBAS E TURBINAS
Nos escoamentos dos fluidos podem ocorrer situações nas quais a
energia está sendo introduzida ou retirada em pontos específicos. Isso é possível
graças a máquinas hidráulicas que têm a capacidade de alterar a linha de
energia.
As bombas são máquinas hidráulicas com capacidade de introduzir
energia nos escoamentos dos fluidos. As turbinas são máquinas hidráulicas
capazes de retirar energia dos escoamentos dos fluidos.

6.5.1 - BOMBAS HIDRÁULICAS


Seja um escoamento de líquido num sistema composto por duas
tubulações de diâmetros D e D´, entre as quais existe uma bomba hidráulica,
conforme ilustrado na figura seguinte. Seja dois pontos do escoamento, um na
entrada da bomba e outro na sua saída. Como há introdução de energia no
escoamento pela bomba, a energia por unidade de peso do líquido na saída é
maior que energia por unidade de peso do líquido na entrada, caracterizando
uma elevação da linha de energia, LE. A tubulação que antecede a bomba é,
geralmente, denominada de tubulação de sucção e a que vem depois da bomba é
280
denominada de tubulação de recalque. As velocidades nas tubulações de sucção
e de recalque são, respectivamente, V e V´. Na ilustração, observa-se que D´ é
menor que D, de forma que a velocidade na linha de recalque é superior à
velocidade na linha de sucção, o que torna as linhas piezométricas e de energia
mais distantes na tubulação de recalque. A energia introduzida é utilizada na
elevação da pressão e na elevação de velocidade do escoamento do líquido.

281
VE2
Entrada: Velocidade: VE = V Carga cinética:
2g

pE
Pressão: pE Carga piezométrica:
γ
Cota: zE Diâmetro: D= DE Vazão: Q

VS2
Saída: VS = V´ Carga cinética:
2g

pS
Pressão: pS Carga piezométrica:
γ
Cota: zS Diâmetro: D´= DE Vazão: Q

A equação de Bernoulli aplicada entre a entrada, E, e a saída, S, da bomba:

pE VE2 p V2
zE + + + EB = z S + S + S
γ 2g γ 2g
EB é a energia que a bomba introduz no escoamento por unidade de peso de
fluido.
282
VE2
pE
A carga total na entrada da bomba é: H E = z E + + .
γ 2g

pS VS2
A carga total na saída da bomba é: H S = z S + + .
γ 2g

O balanço de energia permite escrever: H E + EB = H S .


Logo a energia introduzida pela bomba para cada unidade de peso de líquido
que está escoando será:

EB = H S − H E

Em termos de unidades das grandezas:

U(γ) = N/m3; U(Q) = m3/s, U(EB) = N.m/N = m.

Considerando a unidade: U(γ.Q.EB) =N.m-3.m3.s-1.m = N.m/s = J/s =watt= W.

Assim, define-se a potência útil ou potência efetiva de uma bomba, Pu, como
sendo a energia introduzida pela bomba no escoamento por unidade de tempo.
Então:

Pu = γQEB
283
Como há perdas de energia no processo, constata-se que a potência que a bomba
absorve do sistema, PB, denominada simplesmente de potência da bomba, deve
ser maior que a potência introduzida no escoamento: PB > Pu

Logo define-se o rendimento, η, de uma bomba como sendo a relação


entre a potência útil e a potência da bomba. Matematicamente escreve-se:

Pu
η=
PB

O rendimento às vezes é expresso em termos percentuais, de forma que:

Pu
η (%) = .100 = 100η
PB

Assim, a potência de uma bomba será dada por PB = Pu / η ou, finalmente,

γQEB
PB =
η
Observações:

Bomba com 100% de eficiência: η = 1 e PB = Pu.

Unidade de PB no Sistema Internacional de Unidades: U(PB) = J/s = watt = W.


284
É usual fornecer a potência em kW. Sendo 1 kW = 1.000W, de maneira que:
γQEB
PB = . Todas as unidades no SI e PB em kW.
1000η

No Sistema Técnico, com γ medido em kgf/m3 e Q em m3/s a potência será


γQE B
calculada por PB = , sendo expressa em kgf.m/s.
η
Lembrando da relação com o cavalo vapor e que 1 cv = 736 W ou 1 cv = 75
kgf.m/s e se γ for medido em kgf/m3 e Q em m3/s, a potência será calculada por
γQEB
PB = , sendo expressa em cv.
75η
Às vezes os fabricantes expressam a potência de suas bombas em hp (horse
power). Como 1 hp = 744 W ou 1 hp = 75,9 kgf.m/s e se γ for medido em kgf/m3
γQEB
e Q em m3/s, a potência será calculada por PB = , sendo expressa em hp.
75,9η

285
6.5.2 - TURBINAS HIDRÁULICAS

Quando um escoamento ocorre na presença de uma turbina hidráulica,


observa-se uma retirada de energia do escoamento, de forma que a energia na
entrada da turbina é maior que a energia na sua saída. Assim, observa-se uma
queda na linha de energia, devida à energia retirada pela turbina. A energia
retirada é usada para realização de trabalho mecânico, disponível no eixo da
turbina. A figura seguinte ilustra os elementos envolvidos no problema.

286
VE2
Entrada: Velocidade: VE = V Carga cinética:
2g

pE
Pressão: pE Carga piezométrica:
γ
Cota: zE Diâmetro: D= DE Vazão: Q
2
Saída: VS = V´ Carga cinética: VS
2g

Pressão: pS Carga piezométrica: pS


γ

Cota: zS Diâmetro: D´= DE Vazão: Q

A equação de Bernoulli aplicada ao escoamento entre a entrada, E, e a saída, S,


da bomba:

pE VE2 p V2
zE + + − ET = zS + S + S
γ 2g γ 2g
ET é a energia retirada do escoamento pela turbina, por unidade de peso de
fluido.
287
As cargas totais na entrada da turbina e na sua saída continuam sendo definidas
da mesma forma que na bomba, de forma que:

pE VE2
Carga total na entrada: H E = z E + + .
γ 2g

pS VS2
Carga total na saída: H S = zS + + .
γ 2g

Nesse caso, o balanço de energia permite escrever: H E − ET = H S .

Logo a energia retirada pela turbina, por cada unidade de peso de líquido que
está escoando, será:

ET = H E − H S

As unidades das grandezas envolvidas são análogas às da bomba, de forma que


define-se a potência útil ou efetiva de uma turbina como sendo a energia
retirada do escoamento pela turbina, na unidade de tempo:

Pu = γQET

No processo de retirada de energia do escoamento certamente ocorrerão perdas


de energia, de forma que a energia fornecida pela turbina, medida disponível no
seu eixo será menor que a energia retirada do escoamento: PT < Pu.
PT = potência fornecida pela turbina ou simplesmente potência da turbina
288
O rendimento para as turbinas é definido de maneira ligeiramente
diferente do rendimento definido para as bombas. Assim define-se o rendimento
de uma turbina como sendo a energia fornecida no seu eixo pela energia retirada
do escoamento, ambas por unidade de tempo, escrita matematicamente como:

PT
η=
Pu

O rendimento também pode ser expresso em termos percentuais, de forma que:

PT
η (%) = .100 = 100η
Pu

Assim, a potência de uma turbina será dada por PT = Pu * η ou, finalmente,

PT = γQETη

Observações:

Turbinas com 100% de eficiência: η = 1 e PT = Pu.

Unidade de PT no Sistema Internacional de Unidades: U(PT) = J/s = watt = W.


É usual fornecer a potência em kW. Sendo 1 kW = 1.000W, de maneira que:
γQET
PT = η . Todas as unidades no SI e PT em kW.
1000

No Sistema Técnico, com γ medido em kgf/m3 e Q em m3/s a potência será


calculada por PT = γQETη , sendo expressa em kgf.m/s.
289
Assim como nas bombas, lembrando da relação com o cavalo vapor e que 1 cv
= 736 W ou 1 cv = 75 kgf.m/s e se γ for medido em kgf/m3 e Q em m3/s, a
γQET
potência será calculada por PT = η , sendo expressa em cv.
75

Quando a potência das turbinas for expressa em hp (horse power), se γ for


γQET
medido em kgf/m3 e Q em m3/s, a potência será calculada por PT = η.
75,9

APLICAÇÕES:
Nos escoamentos uniformes e permanentes, a equação geral para o
escoamento entre dois pontos 1 e 2 será:

p1 v12 p v2
z1 + + + EB − ET = z2 + 2 + 2 + hp12
γ 2g γ 2g

Observações:
Sem bomba: EB = 0; Sem turbina: ET = 0;
Escoamento de fluido ideal: hp = 0.
Na solução dos problemas elaborar desenho claro com traçado das LE e LP.
Não se esquecer de aplicar a equação de Bernoulli sempre no sentido do
escoamento.
290
6.5.3 - EXERCÍCIOS:
1. Uma bomba é utilizada para elevar 15 l/s de água de um reservatório de
sucção para um reservatório de recalque, com rendimento de 75%, conforme
ilustrado na figura seguinte. Os níveis da água nos reservatórios de sucção e de
recalque são 150,0 m e 200,0 m, respectivamente. O diâmetro da tubulação de
sucção é de 0,15 m e o de recalque é de 0,10 m. A bomba está na cota 151,50 m.
A perda de carga na tubulação de sucção é de 0,56 m e na de recalque é 17,92
m.

291
a) Cálculo das velocidades e cargas de velocidades na entrada e saída da bomba:

4Q 4 * 0,015 VE2 0,852


VE = = = 0,85m / s = = 0,037m
πD 2
3,142 * 0,152 2 g 2 * 9,807

VS2 1,912
4Q
VS = 2 =
4 * 0,015
= 1,91m / s = = 0,186m
πd 3,142 * 0,10 2 2 g 2 * 9,807

b) Cálculo das energias na entrada e na saída da bomba:

pE VE2
H E = zE + + = z1 − hp1 = 150 − 0,56 = 149,44m
γ 2g

pS VS2
H S = zS + + = z2 + hp 2 = 200 + 17,92 = 217,92m
γ 2g

c) Cálculo das cargas piezométricas na entrada e na saída da bomba:


Entrada da bomba:

p1 V12 p V2
z1 + + = z E + E + E + hp1 , onde p1/γ = 0 e V1 = 0.
γ 2g γ 2g

pE pE
150 + 0 + 0 = 151,5 + + 0,037+,056 = −2,097m
γ γ

Saída da bomba:
292
pS VS2 p V2
zS + + = z2 + 2 + 2 + hp 2 , onde p2/γ = 0 e V2 = 0.
γ 2g γ 2g

pS pS
151,5 + + 0,186 = 200 + 0 + 0 + 17,92 = 66,234m
γ γ

d) Cálculo da energia da bomba, EB:


O cálculo pode ser efetuado aplicando-se a equação de Bernoulli para o
escoamento entre a superfície da água no reservatório de sucção e a superfície
da água no reservatório de recalque:

p1 V12 p V2
z1 + + + EB = z2 + 2 + 2 + hp1 + hp 2
γ 2g γ 2g

150 + 0 + 0 + EB = 200 + 0 + 0 + 0,56 + 17,92 . Logo EB = 68,480m

Este mesmo resultado também poderia ser obtido, aplicando-se a equação de


Bernoulli entre o escoamento na entrada da bomba e na saída da bomba, de
forma que:

pE VE2 p V2 ou H E + E B = H S ou
zE + + + EB = z S + S + S
γ 2g γ 2g

EB = H S − H E = 217,92 − 149,44 = 68,48m

Notar que a unidade de EB na verdade representa m = N.m/N.

293
e) Cálculo da potência da bomba:

γQEB
A potência da bomba será dada por: PB =
η

9.807 N .m −3 * 0,015.m3 .s −1.68,48m


PB = = 13.430W
0,75

Ou PB = 13,43 kW ou, ainda, PB =18,25 cv.

Exercício 2:
Uma bomba centrífuga apresenta 68% de rendimento e está sendo utilizada para
elevar 3,0 L/s de água de um reservatório inferior para um reservatório superior
conforme ilustrado na figura. A tubulação de sucção tem 20,0 m de
comprimento, tem 50 mm de diâmetro e a água escoa de forma que o fator de
atrito seja 0,0256. A tubulação de recalque tem 100,0 m de comprimento, tem
32 mm de diâmetro e o escoamento possui um fator de atrito igual a 0,0175.
Coma as cotas indicadas na figura, pede-se:
a) as perdas de carga na tubulação de sucção e de recalque;
b) a pressão na entrada da bomba em kPa;
c) dimensionar um manômetro para medir a pressão na saída da bomba;
d) a potência da bomba;
e) esboçar as linhas de energia e piezométrica para o escoamento.

294
295
7. ESCOAMENTO DE FLUIDO REAL EM TUBULAÇÕES SOB
PRESSÃO

Os fluidos escoam em tubulações que estão submetidas a pressões


maiores ou menores que a pressão atmosférica, estando confinados pelas
paredes que formam as tubulações. Assim o escoamento pode ser descrito pelas
equações do movimento real ao longo de linhas de corrente, em termos do
escoamento médio.

7.1. ANÁLISE DIMENSIONAL NO ESCOAMENTO SOB


PRESSÃO

Nos escoamentos sob pressão as principais forças presentes são as


forças devido à pressão, as forças devido à viscosidade e as forças de inércia.

Diferenças de pressão
Viscosidade e atrito externo: Forças viscosas perda de energia (calor)
Forças de inércia
296
Quando um líquido está escoando com velocidade média V, em uma
tubulação de diâmetro D, comprimento L e coeficiente de rugosidade ε, a queda
de pressão, ∆p, ao longo do comprimento L da tubulação depende de ρ, V, D, µ,
L e e. µ é a viscosidade absoluta do líquido. Genericamente se escreve que:
∆p = F ( ρ ,V , D, µ , L, e)
Os recursos da análise dimensional (teorema de Buckingham) mostram
que existem quatro grupos adimensionais importantes, relacionados com o
escoamento, a saber:
∆p
1. Número de Euler: Eu = Fp/Fi (forças de pressão/forças
ρV 2
de inércia)
ρVD VD
2. Número de Reynolds: Re = = Fi/Fvis (forças de
µ υ
inércia/forças viscosas)
e
3. Rugosidade relativa: RR =
D
L
4. Comprimento relativo: CR =
D

297
Pelo teorema de Buckingham, pode-se escrever uma nova relação do tipo:
∆p  e L
Eu = = φ  Re , , 
ρV 2
 D D
∆p L
Experimentalmente é possível concluir que α
ρV 2
D
∆p L  e ∆p 1 L  e
Então = ϕ  Re ,  ou = ϕ  2 Re , 
ρV 2
D  D ρV 2
2D  D
Observar que o fator 2 foi introduzido no denominador para representar a

expressar a carga cinética. A função ϕ  2 Re , e  é denominada de fator de atrito


 D
para os escoamentos nas tubulações, sendo representado pela letra f e será
estudado com ajuda da experimentação, conforme será visto no capítulo
seguinte.
Logo:

L V2
∆p = f ρ
D 2
Dividindo ambos os membros por γ = ρ.g, tem-se:

∆p ∆p L V2
= = f
ρg γ D 2g
298
∆p
Mas = hp perda de carga contínua nas tubulações e γ = ρ.g é o peso
γ
específico do líquido que está escoando com velocidade é constante ao longo do
tubo, visto que o diâmetro da tubulação também é constante, escreve-se que:
L V2
hp = f
D 2g
A equação acima é denominada de fórmula universal da perda de carga
ou equação de Darcy-Weisbach. Henri-Philibert-Gaspard Darcy, engenheiro
francês, 1805-1858 e Ludwig-Julius Weisbach, engenheiro e professor alemão,
1806-1871.
Muitos estudos foram feitos para a determinação do fator de atrito, f,
nas mais diversas situações, conforme será visto posteriormente.

--------------------------------------------------------------------------
Breve história
A equação de Darcy-Weisbach na forma anterior teve um longo período de
desenvolvimento. Darcy e Weisbach foram dois grandes engenheiros hidráulicos que
trabalharam em meados do século XIV e a fórmula foi um aperfeiçoamento de trabalhos de
outros cientistas. Ludwig-Julius Weisbach, natural da Saxônia, por volta de 1845 fez a
proposição da equação referida. Inicialmente não foram apresentados dados para a variação de
f com a rugosidade relativa e com a velocidade do escoamento, o que motivou pouca aceitação
299
da equação e permitiu que os engenheiros continuassem a utilizar a equação empírica de Prony
(Gaspard Clair Francois Marie Riche de Prony, 1775-1839), escrita na forma:
L
hp = (aV + bV 2 )
D
onde a e b são coeficientes empíricos para cada tipo de rugosidade.
Apesar de Weisbach estar à frente de muitos pesquisadores da sua época, ele
certamente se apoiou nos trabalhos desenvolvidos por Prony à partir das observações de Antoine
Chézy (1718-1798), autor de uma equação usada para descrever os escoamentos em canais
livres. Prony desenvolveu sua equação para previsão da perda de carga nas tubulações
apresentada anteriormente, modificação da equação de Chézy.
Em 1857 Darcy, um aluno de Prony, publicou novas relações para o coeficiente de
Prony, à partir de um grande número de dados provenientes de experimentos, o que resultou em
uma equação mais eficiente, escrita na forma:
L  d 1  e  2
hp =  c + 2  +  d +  V
D  D V  D 
onde c, d e e são coeficientes empíricos válidos para cada tipo de tubulação de diâmetro D.
Pela primeira vez apareceu a rugosidade relativa, e/D, na equação de previsão da
perda de carga para os escoamentos nas tubulações de seção circular, confirmando a
dependência da rugosidade e do tipo de movimento desenvolvido pelos líquidos. Nessa época
Darcy acabou introduzindo um coeficiente para a perda de carga, que deu origem ao fator de
atrito, f.
A equação de Darcy-Weisbach não foi muito utilizada até o aparecimento do diagrama
de Moody, por volta de 1944, quando os valores do fator de atrito foram colocados em um
gráfico juntamente com o número de Reynolds e a rugosidade relativa. Moody modificou o
diagrama de Stanton na sua forma, partindo dos trabalhos de Poiseuille, Reynolds, Blausius, von
300
Kárman, Prandtl, Colebrook, White, Rouse e Nikuradse. Esse gráfico de Moody foi o grande
responsável pela popularização da fórmula de Darcy-Weisbach, visto facilitar muito os cálculos
numa época em que não se tinha calculadoras á disposição. Foi em meados do século XX que os
autores começaram a denominar a equação da perda de carga em homenagem a Darcy e
Weisbach. Parece ter sido Rouse, em 1946, quem primeiro cunhou o nome equação de Darcy-
Weisbach para a previsão da perda de carga na tubulações. A equação se tornou universal à
partir de 1980, com os cálculos envolvidos facilitados com a popularização dos computadores
pessoais e devido à boa precisão entre os resultados previstos e os realmente observados.
-----------------------------------------------------------------

7.2. VELOCIDADE DE ATRITO NO ESCOAMENTO UNIFORME

Quando um fluido real (µ ≠ 0), incompressível, escoa em regime


permanente em uma tubulação de seção transversal, A, constante, é possível
escrever equações relacionando as grandezas envolvidas. Conforme ilustrado na
figura seguinte, os elementos envolvidos são:
301
Fig. xx - Forças no escoamento uniforme.

Velocidades: V1 = V2 = V; Pressões p1 e p2; Cotas z1 e z2;


Tensão cisalhante nas paredes da tubulação, τo;
Áreas: A1 = A2 = A;
senθ = (z2 – z1)/L
Volume: Vol = A.L;
Peso do fluido no volume: P = γ.Vol;
Para que o volume de fluido considerado esteja em equilíbrio, a
resultante de todas as forças deve ser nula. Assim, na direção do eixo x, teremos
forças de pressão, devido à tensão cisalhante na parede do tubo e componente
da força peso.
302
Assim, ∑F x =0 e

p1 A1 − p2 A2 − τ o Pe L − Psenθ = 0
τo = tensão cisalhante na parede da tubulação;
Pe = π.D = perímetro da tubulação
P = peso do fluido no volume Vol;
Então:
z2 − z1
( p1 − p2 ) A − τ o Pe L − γAL =0 dividindo por A:
L
Pe L
p1 − p2 − τ o − γ ( z2 − z1 ) = 0 dividindo por γ:
A
p1 p2 τ o Pe L
z1 + − z2 − =
γ γ γ A
Como as velocidades são V1 = V2 = V são constantes, podemos somar e
subtrair a carga cinética no primeiro membro da equação anterior, encontrando:

 p V2   p V2  τ PL
 z1 + 1 + 1  −  z2 + 2 + 2  = o e
 γ 2g   γ 2g  γ A
O primeiro membro é igual à perda de carga entre os pontos 1 e 2, denotado por
hp. Então a equação fica reduzida a:
τ o Pe L
hp =
γ A
303
Mas considerando-se que A/Pe = Rh e substituindo na equação anterior, vem:

τo L
hp =
γ Rh
Essa equação permite determinar a perda de carga que acontece no trecho do
escoamento na tubulação de comprimento L, os pontos 1 e 2, na presença de
uma tensão cisalhante na parede.
Definindo a perda de carga unitária como sendo J = hp/L:, a equação
anterior pode ser reescrita da seguinte forma:
τo 1
J=
γ Rh
Dessa equação pode-se explicitar a tensão cisalhante na parede:

τ o = γ Rh J
A expressão anterior é válida para se avaliar a tensão cisalhante na parede para
o escoamento permanente e uniforme em uma tubulação.

Quando a tubulação tiver seção circular, as equações da perda de carga


e da tensão cisalhante podem ser escritas de uma nova forma:
304
π D2
π D2 A D
A= e Pe = π D Rh = = 4 Rh =
4 Pe π D 4
Logo a perda de carga será:
4τ o L
hp =
γ D
A tensão cisalhante na parede será:

γ hp γ hp
τo = D ou τ o = R
4L 2L
Onde R é o raio da tubulação onde ocorre o escoamento.
O resultado obtido para as tubulações de seção circular pode ser
comparado com a fórmula universal da perda de carga vista anteriormente:

4τ o L L V2 τo V2 ρ fV 2
hp = = f =f τo =
γ D D 2g ρ 8 8

Velocidade de atrito:

τo V2 τo f
Como =f =V
ρ 8 ρ 8

305
Sendo f um fator adimensional, cada lado da igualdade acima tem
dimensão de velocidade. Por isso define-se a velocidade de atrito ou velocidade
de cisalhamento, u*, como sendo:

τo
u* =
ρ
A velocidade de atrito assume papel importante no estudo dos
escoamentos turbulentos em condutos forçados e em canais. É usual
adimensionalizar a velocidade média do escoamento através da velocidade de
atrito, de forma que:

τo f
u* = =V
ρ 8
Em muitos textos de hidráulica, usa-se um adimensional obtido pela
relação entre a velocidade média de um escoamento com a velocidade de atrito,
de forma que a expressão seguinte é de grande importância:

V 8
=
u* f
Essa é uma forma de comparar a velocidade média de escoamento com
a velocidade de atrito, o que equivale a obter a raiz quadrada de oito dividido
pelo fator de atrito do escoamento, o qual está relacionado com a rugosidade das
306
paredes confinantes do escoamento e as condições hidrodinâmicas em que tal
escoamento acontece.

7.3. EXPERIMENTO DE REYNOLDS

Quando um fluido escoa em uma tubulação de diâmetro D, com uma


dada vazão Q, sabe-se que a velocidade, v, varia ao longo de uma seção
transversal da tubulação. Ela é nula na parede, devido à condição de não
deslizamento entre o fluido e a parede do recipiente que o encerra e, em geral,
atinge o seu valor máximo no centro do tubo. Nesse caso é possível estabelecer
uma velocidade média, V, definida pela relação entre a vazão e a área da seção
transversal do tubo.
v = f(r)
Se r = R v=0
Se r = 0 v = Vmax = Vc.

Q = ∫ vdA e V = Q = 1 ∫ vdA
A A
A A

Quando a velocidade V for pequena, pode-se observar que as partículas


fluidas descrevem trajetórias suaves e bem definidas. Nesse caso diz-se que o
escoamento é LAMINAR ou VISCOSO. Em 1883 Osborne Reynolds já observou
307
tal tipo de escoamento nos fluidos. O fluido se move com as partículas
definindo camadas paralelas entre si, perfeitamente definidas, de espessura
muito fina, sendo que cada camada tem velocidade ligeiramente diferente da
camada adjacente. Essas camadas não se misturam umas com as outras, sendo
perfeitamente individualizadas no escoamento. No escoamento laminar
predominam forças cisalhantes e forças de pressão. As forças cisalhantes são
devidas à viscosidade do fluido, portanto forças de oposição ao movimento,
como as forças de atrito em geral. Essas forças de atrito, que tendem a inibir o
movimento, definem o tipo de movimento que irá ocorrer.

• fluido se movimenta em filetes paralelos e bem definidos


dv dv
• predominam esforços viscosos: τ = µ ou τ = − µ
dy dr
forças de inércia forças viscosas

Quando a velocidade V assumir valores mais elevados as partículas do


fluido passam a descrever trajetórias complexas, quase aleatórias, deixando de
se movimentar em camadas, caracterizando um movimento complexo, com o
aparecimento de vórtices e turbilhões. Nesse caso diz-se que o escoamento é
turbulento. No escoamento turbulento as forças de inércia predominam sobre as
forças viscosas de forma que a tensão cisalhante na forma mostrada
308
anteriormente passa a ter pouca influência sobre o escoamento. Outros efeitos
característicos da turbulência predominam no escoamento.
Numa tentativa de definir os limites até onde os escoamentos são
laminares, Osborn Reynolds realizou uma série de experimentos que se
tornaram clássicos. Ele criou um escoamento em uma tubulação de vidro
transparente, partindo de um reservatório de nível constante, para que o
escoamento pudesse ser visualizado. No interior do escoamento Reynolds
injetava um filete de corante, com mesma velocidade do escoamento. Assim, ele
poderia ver como o filete de corante se movimentava no fluido. A figura
seguinte ilustra o esquema de uma das experiências de Reynolds.

Fig. xx - Esquema do experimento de Reynolds.


309
Abrindo ou fechando o registro de vazão, Reynolds controlava o valor
da velocidade no tubo de vidro. Atuando no registro de corante a velocidade do
filete poderia ser regulada para coincidir com a velocidade no tubo.

• Q pequeno V baixa filete de corante presente e nítido Laminar.


• Q médio V média filete intermitente ou difuso Transição.
• Q alta V elevada filete inexistente com mistura total Turbulento.

O regime de transição de laminar para turbulento depende de V, D e ν.


Re = Fin/Fvisc
Re = V.D/ν
Em outro experimento, Reynolds media a perda de carga em um trecho
do escoamento, para correlacionar com as velocidades médias, em uma
tubulação de vidro de diâmetro constante.
310
Fig. xx – Perda de carga em um escoamento em tubulação de diâmetro D.

D = diâmetro do tubo
L = comprimento do trecho no qual a perda de carga era medida
V = velocidade média no tubo, sendo V1 = V2 = V
z1 = z2
A equação de Bernoulli pode ser aplicada ao escoamento entre os
pontos 1 e 2 mostrados na figura, pertencentes a uma mesma reta horizontal,
obtendo-se:
p1 V12 p V2
z1 + + = z2 + 2 + 2 + h p
γ 2g γ 2g
Como as velocidades nos pontos 1 e 2 são iguais, assim como as cotas,
a equação fica sendo apenas:
311
p1 p2 ∆p
hp = − =
γ γ γ
A equação acima permite determinar a perda de carga do escoamento,
apenas medindo-se a diferença de pressão que se verifica entre os pontos 1 e 2.
Lembrete:
1. No caso de se usar um manômetro diferencial de mercúrio, a
diferença de pressão seria: ∆p = ( ρ m − ρ ) g∆h

2. Caso se utilize piezômetros pressurizados de água,


∆p = ρ a g∆h
Na prática constata-se que a perda de carga no trecho L não depende da
pressão. Ela proporcional ao comprimento L, é inversamente proporcional ao
diâmetro D, depende da velocidade elevada a um expoente n, além de depender
da rugosidade relativa do material da tubulação e do número de Reynolds.
A perda de carga hp:
• não depende de p,
• proporcional a L,
• inversamente proporcional a D,
• proporcional à velocidade elevada a um expoente n,
• depende de uma função de e/D e Re.
312
Fig. xx – Perda de carga em função da velocidade para escoamentos em tubulações sob
pressão.

• Aumentando V: 0 – 1 – 2 – 3 - 5
• Diminuindo V: 5 – 3 – 4 – 1 - 0
• Define-se Vi e Vs
• Aumentando V: 0 – Vi – Vs laminar
• Diminuindo V: Vs – Vi turbulento

Sempre que V < Vi laminar: Re < 2.100


Sempre que V > Vs turbulento: Re > 4.000
Vi < V < Vs transição: 2.100 < Re < 4.000

313
Distribuições de velocidade
Nos escoamentos em tubulações, a velocidade é nula na parede e
máxima no centro. Entre a parede e o eixo a velocidade varia, dependendo do
tipo do escoamento. Quando o escoamento for laminar, a lei de variação será
parabólica. Quando o escoamento se tornar turbulento, a parábola se torna
achatada, ficando com maior variação junto às paredes e mais plana no centro.
Esse achatamento é tanto maior quanto maior for a turbulência do escoamento,
expressa pelo número de Reynolds. A figura seguinte ilustra os perfis de
velocidade para os dois tipos de escoamentos e mostra a velocidade média,
calculada com a relação entre a vazão e a área transversal ao escoamento.

Fig. xx – Perfis de velocidade nos escoamentos laminar e turbulento.


314
Laminar:
parábola
Tubos concêntricos de velocidade variável

Turbulento:
parábola achatada.
Quanto maior o Re mais achatada será a curva
Camadas mais lentas próximas à parede se misturam
com as camadas mais rápidas próximo ao centro
turbilhões.
Perda de energia devida ao atrito nas parede e à
dissipação viscosa devida às ações internas das
partículas nos redemoinhos.

7.4. ESCOAMENTO LAMINAR EM DUTOS SOB PRESSÃO:

Nesse escoamento o fluido se movimenta em filetes paralelos e bem


definidos, predominam os esforços cisalhantes devidos à viscosidade do fluido.
Esses esforços cisalhantes podem ser previstas pela lei de Newton da
viscosidade, dada abaixo:
dv ou dv
τ =µ τ = −µ
dy dr
315
τ = tensão cisalhante
µ = coeficiente de viscosidade dinâmica
dv/dy = gradiente de velocidade
y=R–r dy = -dr.

7.4.1. Perfil de velocidades


v = f(r)
r=0 v = Vc = Vmax velocidade no eixo do tubo
dv
= 0 no eixo do tubo.
dr
τ = 0 no eixo do tubo
r=R v = 0 velocidade na parede do tubo
dv é máximo junto às paredes do tubo
dr
τ = τ o é máximo junto às paredes do tubo.

Para estabelecer a equação de variação da velocidade de um escoamento


em uma tubulação de raio R, lembrar que, na parede, onde r = 0:
∆p ∆p
τo = D= R
4L 2L
316
Como na linha central τ é nula, verifica-se que em uma posição radial, r,
distante do centro da tubulação, a tensão cisalhante vale:
∆p .
τ= r
2L
Mas a lei de Newton da viscosidade permite calcular, também, essa
tensão cisalhante, de maneira que:
∆p dv ∆p
τ= r = − µ ∴ dv = − rdr
2L dr 2 Lµ
Integrando a equação com a velocidade entre 0 e v e o raio entre R e r,
ter-se-á:
v R ∆p
∫ 0
dv = − ∫
R 2 Lµ
rdr

∆p
v=
4 Lµ
(
R2 − r 2 )
A equação acima mostra que para uma dada diferença de pressão e um
comprimento L de tubo, a velocidade varia com a posição radial segundo uma
parábola. Daí dizer que o perfil de velocidades nos escoamentos em tubulações
de seção circular é parabólico.

317
Observações:
1. Se r = R a equação prevê v = 0 parede
∆p 2
2. Se r = 0 a equação prevê v = Vc = R velocidade na linha
4 Lµ
central da tubulação, ou valor máximo da velocidade.
3. O perfil de velocidades para escoamento laminar nas tubulações é
escrito como:

 r2 
v = Vc 1 − 2 

 R 
Perfil de velocidades:
Para um dado valor de Vc ou de V e de R, pode-se traçar a curva v = f(r),
obtendo-se o perfil de velocidades conforme ilustrado na figura xx para um
escoamento hipotético. Nota-se que se trata de uma parábola que não passa pela
origem e que tem um eixo de simetria coincidente com o eixo da tubulação.
318
Fig. xx – Perfil de velocidades no escoamento laminar.

Deve ser salientado que na região de entradas de tubos de seção


circular, o perfil de velocidades acima não tem a forma parabólica apresentada
anteriormente. Exatamente na seção de entrada, o perfil é plano, com todas as
velocidades de mesmo valor, qualquer que seja a posição radial. Na medida em
que o escoamento vai acontecendo, as forças cisalhantes vão atuando e o perfil
vai se modificando, com uma variação bem acentuada nas proximidades da
parede e uma forma plana na parte central da tubulação, caracterizando o
aparecimento de uma camada, denominada de camada limite laminar. A
distância para que o escoamento fique com um perfil parabólico em geral supera
50.D. Tal distância pode ser avaliada por X, dado por:
X = 0,58.Re.D
319
7.4.2. Cálculo da vazão, Q
A vazão total, Q, pode ser calculada à partir da vazão elementar dQ, que
atravessa uma área também elementar, dA:

R
Q = ∫ dQ = ∫ vdA = ∫ v.2πrdr
A A 0

R  r2  π
Q = 2π ∫ Vc 1 − 2 rdr Q= Vc R 2
0
 R  2

Observação:

Como Q = AV = π R V
2

π Vc
π R 2V = Vc R 2 V =
2 2
É possível determinar a posição onde ocorre a velocidade média no
perfil de velocidades. Para tanto, é só fazer v = V , na equação do perfil de
velocidades para se ter r = r .

 r2  Vc  r2  r2
V = Vc 1 − 2  = Vc 1 − 2  1− = 0,5 r = 0,7071R ou
 R  2  R  R2
y = 0,2929 R .
320
Conclui-se que a velocidade média no escoamento laminar ocorre a uma
distância do eixo da tubulação igual a 0,7071.R ou a 0,2929.R da parede do
tubo.

7.4.3. Perda de Carga no regime laminar:

No escoamento laminar pode-se estabelecer uma equação simples para


se calcular a perda de carga, quer em função da velocidade, quer em função da
vazão. Para tal, lembrar que:
Vc ∆p 2
V = e que Vc = R .
2 4 Lµ
Então,
∆p 2
V = R
8µ L
Expressando em função do diâmetro da tubulação, D, já que R = D/2 e
∆p
lembrando que h p = :
γ
γ hp ∆p 2
V = D .
32µ L
Explicitando o valor da perda de carga:
32 µ L
hp = V
γ D2
321
A equação acima é denominada de equação de Hagen-Poiseuille da
perda de carga no escoamento laminar, expressa em função da velocidade média
do escoamento.
Q 4Q
Em termos de vazão, visto que Q = AV , V = e V = a equação
A π D2
anterior pode ser posta na forma:
128µL
hp = Q
π γ D4

Essa equação acima é denominada de equação de Hagen-Poiseuille da


perda de carga no escoamento laminar, sendo usualmente utilizada nos cálculos
da perda de carga nos escoamentos em tubulações de diâmetro D.

Observações:
1. A perda de carga é diretamente proporcional à velocidade: h pα V .
2. A perda de carga é diretamente proporcional à vazão: hpα Q .
3. A perda de carga é inversamente proporcional à quarta potência do
1
diâmetro: h pα
D4
4. A equação de Hagen-Poiseuille é válida para escoamentos com número
de Reynolds no máximo igual a 2.100.

322
Comparando o resultado encontrado para a perda de carga com fórmula
Universal, teremos:

L V 2 32µ L 64 µ g
hp = f = V f =
D 2 g γ D2 γ DV
64 µ 64
Então: f = =
ρVD ρVD
µ
vD ρVD
Mas Re = = , de forma que:
ν µ
64
f =
Re
Expressão muito útil para se calcular o fator de átrio para o escoamento laminar
em tubulações de seção circular.

Observações:
• f não depende de e/D;
• f só depende de Re;
• logf = log64 – logRe

O lançamento dos pares de ponto (f, Re) em num gráfico cartesiano com
as escalas das abscissas e das ordenadas construídos em escala logarítmica
resulta em uma linha reta, de inclinação -1, conforme ilustra a figura xx. O
mesmo resultado seria obtido se os pares de ponto (log(f), log(Re)) fossem
323
lançados em um gráfico cartesiano com escalas lineares. Todavia isso não é
usual, por questões práticas.

Fig. xx – Variação do fator de atrito, f, com o número de Reynolds no escoamento


laminar.

EXEMPLO:
Um escoamento laminar de água ocorre em uma tubulação de 100 mm de
diâmetro de forma que o fator de atrito seja igual a 0,051. Se o comprimento da
tubulação for igual a 1 200 m, pede-se:
a) O número de Reynolds para o escoamento;
b) a vazão;
c) a perda de carga na tubulação.

324
SOLUÇÃO
a) Escoamento Laminar: f = 64/Re Re = 64/f = 64/0,051
Re = 1 254,9
b) Q = A.V com A = π.D2/4
Mas Re = V.D/υ ou V = Re. υ/D Q = π.D. υ.Re/4
Q = πx0,100x1,0x10-6x1254,9/4 = 9,86x10-5 m3/s
Ou Q = 0,0986 L/s ou Q = 5,91 L/min
c) hp = ?
hp = 8f/(π2.g).L.Q2/D5 = 8x0,051/( π2.9,807).1200.(9,86x10-5)2/0,1005
hp =4,05x10-6 m

7.5. ESCOAMENTO TURBULENTO EM DUTOS SOB PRESSÃO

Fluido se movimenta de maneira desordenada;


Agrupamentos de moléculas animados de velocidades que se deslocam,
de forma caótica, para porções adjacentes de fluido, produzindo forças
cisalhantes de intensidades elevadas.
Predominam esforços cisalhantes devido à turbulência.

325
7.5.1. Escoamento na região de entrada dos tubos

Quando um fluido em movimento alcança a região de entrada de uma


tubulação, o escoamento passa por diferentes estágios até que o perfil de
velocidades não mais se altere.
Na seção de entrada da tubulação, não existe influência das tensões
cisalhantes devido à parede, de maneira eu o perfil de velocidades é formado
por uma figura plana, mantendo-se a velocidade constante em qualquer posição
desta seção transversal de entrada. Todavia, à medida que o escoamento vai
ocorrendo, a tensão cisalhante nas paredes da tubulação começa a agir,
provocando uma diminuição da velocidade junto à parede. Exatamente na
parede, a velocidade é nula. Deste ponto, a velocidade vai crescendo em direção
eixo do tubo, atingindo um valor constante antes do eixo, formando uma
camada de velocidade variável com a coordenada radial, r, denominada de
camada limite laminar. Entre a camada limite laminar e o eixo do tubo,
continua a existir uma camada de velocidade constante, com as características
do escoamento de entrada, denominada de núcleo potencial. À medida que o
escoamento avança à partir da seção de entrada da tubulação, a espessura da
camada limite laminar vai aumentando até que ocorre uma instabilidade que
quebra esta camada, fazendo aparecer uma camada muito fina junto à parede, de
espessura δ, denominada de sub-camada laminar. Nesta subcamada laminar
326
predominam os efeitos viscosos característicos do escoamento laminar, com a
velocidade variando aproximadamente de forma linear em direção ao eixo.

Fig. xx – Escoamento na região de entrada das tubulações.

A região formada entre a sub-camada laminar e o núcleo potencial


torna-se bastante turbulenta sendo denominada de camada limite turbulenta.
Nesta camada predominam esforços característicos do escoamento turbulento,
com a velocidade ainda variável e com intensas variações temporais. Essa
camada limite turbulenta vai aumentando de espessura enquanto o escoamento
continua se afastando da entrada da tubulação, até que o núcleo potencial deixe
de existir. À partir desse ponto, caracterizado por um comprimento X, medido à
partir da seção de entrada, o perfil de velocidades não mais se altera e o
escoamento é denominado de completamente desenvolvido. Da seção de
entrada até o escoamento ficar completamente desenvolvido denomina-se o
327
escoamento de escoamento em desenvolvimento. As duas figuras seguintes
ilustram o escoamento que ocorre até que ele fique desenvolvido.

Observar o desenho esquemático do perfil de velocidades traçado a


algumas distâncias da entrada do tubo na figura xx, mostrando claramente a sua
evolução.

Fig. xx – Perfis de velocidade na região de entrada das tubulações.

• Camada limite laminar


• Camada limite turbulenta
• Núcleo potencial
• Sub-camada laminar espessura δ

328
Na prática constata-se que o comprimento para que o escoamento se
torne completamente desenvolvido fica entre 6D < X < 50D. Experimentos de
laboratório permitiram estabelecer o valor de X:
X = 0,8 Re 0,25 D

Exemplo:
Tubulação de 55 mm de diâmetro escoando água, com número de Reynolds igual a
100.000. O comprimento do escoamento em desenvolvimento será X = 782 mm.

Como foi dito, mesmo sendo o escoamento turbulento, existem efeitos


laminares ocorrendo na subcamada laminar, que possui uma espessura δ.
Observações simples de escoamentos na região de entrada reproduzidos em
laboratório mostram que a espessura da sub-camada laminar é inversamente
proporcional ao número de Reynolds do escoamento.
1
δ α
Re
Depois de inúmeras pesquisas em laboratório, foi possível estabelecer
uma expressão para a espessura da sub-camada laminar, para escoamentos em
tubos de diâmetro D:
32 ,8D
δ =
Re f
329
A título de exemplo, para demonstrar quão fina é a sub-camada laminar,
supor um escoamento com número de Reynolds igual a 100.000, em um tubo de
55 mm de diâmetro, de forma que o fator de atrito seja 0,020. Nesse caso a
espessura da sub-camada laminar será δ = 0,13 mm.

f
Lembrando que a velocidade de atrito é dada por u* = V pode-se
8
demonstrar que
11,6ν
δ = .
u*
IMPORTANTE: Notar que se Re cresce δ diminui

7.5.2. Rugosidade das Tubulações


As paredes que confinam os escoamentos, paredes das tubulações, não
são absolutamente lisas. Elas possuem uma rugosidade que é denominada de
rugosidade absoluta e que representa a altura média das asperezas do tubo,
conforme mostra a figura seguinte. Esse parâmetro é de difícil determinação na
prática, razão pela qual costuma-se determinar a rugosidade absoluta
equivalente para os tubos comerciais existentes, conforme será visto mais à
frente, nesse curso.

330
Rugosidade absoluta: e
Altura média das asperezas do tubo
Tubo comercial: e = rugosidade absoluta equivalente.
equivalente

Fig. xx – Rugosidade das tubulações.

Rugosidade relativa: e/D


Como as tubulações podem ser construídas de um mesmo material,
porém com diversos diâmetros, é prática corrente definir a rugosidade relativa,
e/D,, como sendo a relação entre a rugosidade absoluta e o diâmetro.
Se Re > 2100 f = f(Re,e/D)

e/D é tabelado para diversos tubos comerciais

331
Muitos autores apresentam tabelas que permitem obter a rugosidade
absoluta equivalente para os tubos comerciais existentes. Observa-se que
existem pequenas discrepâncias entre os valores fornecidos, em decorrência da
dificuldade em se medir a rugosidade. A tabela seguinte foi obtida do livro
Hidráulica Básica, do prof. Rodrigo de Melo Porto.

Tabela de Rugosidade Absoluta, e, para tubos, em milímetros.


e (equivalente) e (equivalente)
Material Tubos Novos Tubos velhos
(mm) (mm)
Aço comercial 0,045
Aço galvanizado com costura 0,15 a 0,20
Aço galvanizado sem costura 0,06 a 0,15
Aço laminado 0,04 a 0,10
Aço laminado revestido com asfalto 0,05
Aço Rebitado 1,0 a 3,0
Aço Revestido*** 0,4 0,5 a 1,2
Aço Soldado 0,05 a 0,10
Aço Soldado, limpo 0,15 a 0,20
Aço soldado, moderadamente oxidado 0,40
Aço soldado revestido com cimento centrifugado 0,10
Ferro Fundido 0,25 a 0,50 3,0 a 5,0
Cobre ou latão, vidro, PVC, plástico 0,0015 a 0,010
Tubos estrudados em geral 0,0015 a 0,010
(Segundo Hidráulica Básica de Rodrigo Melo Porto)

332
A tabela seguinte foi retirada do tradicional livro Manual de Hidráulica,
do prof. Azevedo Neto.

TABELA DE RUGOSIDADE ABSOLUTA, e, PARA TUBOS, EM


MILÍMETROS (SEGUNDO AZEVEDO NETO)
Material Tubos Novos Tubos velhos
Aço galvanizado 0,15 a 0,20 4,6
Aço Rebitado 1,0 a 3,0 6,0
Aço Revestido 0,4 0,5 a 1,2
Aço Soldado 0,04 a 0,06 2,4
Cimento Amianto 0,025
Concreto bem Acabado 0,3 a 1,0
Concreto Ordinário 1,0 a 2,0
Ferro Forjado 0,04 a 0,06 2,4
Ferro Fundido 0,25 a 0,5 3a5
Ferro Fundido com revest. asfáltico 0,12 2,1
Madeira em Aduelas 0,2 a 1,0
Manilhas Cerâmicas 0,6 3,0
Chumbo <0,01 (lisos) <0,01 (lisos)
Cobre ou latão <0,01 (lisos) <0,01 (lisos)
Vidro <0,01 (lisos) <0,01 (lisos)
PVC
Plásticos <0,01 (lisos) <0,01 (lisos)

A ABNT, na NB – 591/77, especifica os valores da rugosidade absoluta


equivalente para diversos materiais.
333
RUGOSIDADE ABSOLUTA EQUIVALENTE PARA TUBOS
SEGUNDO ABNT P-NB - 591/77, em milímetros
Item Descrição do Tubo e (mm)
I. TUBO DE AÇO: juntas soldadas e interior contínuo
I.1 Grandes incrustrações ou tuberculizações 2,4 a 12,0
I.2 Tuberculização geral de 1 a 3mm 0,9 a 2,4
I.3 Pintura a brocha, com asfalto, esmalte ou betume em 0,6
camada espessa
I.4 Leve enferrujamento 0,25
I.5 Revestimento obtido por imersão em asfalto quente 0,1
I.6 Revestimento com argamassa de cimento obtida por 0,1
centrifugação
I.7 Tubo novo previamente alisado internamente e 0,06
posteriormente revestido de esmalte, vinil ou epóxi obtido
por centrifugação

RUGOSIDADE ABSOLUTA EQUIVALENTE PARA TUBOS


SEGUNDO ABNT P-NB - 591/77, em milímetros
Item Descrição do Tubo e (mm)
II. TUBO DE CONCRETO
Acabamento bastante rugoso: executado com formas de
II.1 madeira muito rugosas, concreto pobre com desgastes por 2,0
erosão, juntas mal alinhadas
II.2 Acabamento rugoso: marcas visíveis de forma 0,5
Superfície interna alisada a desempenadeira, juntas bem
II.3 0,3
feitas

II.4 Superfície obtida por centrifugação 0,33


Tubo de superfície lisa, executado com formas metálicas,
II.5 0,12
acabamento médio com juntas bem cuidadas
334
RUGOSIDADE ABSOLUTA EQUIVALENTE PARA TUBOS
SEGUNDO ABNT P-NB - 591/77, em milímetros
Item Descrição do Tubo e (mm)
Tubo de superfície interna bastante lisa, executado com
II.6 formas metálicas, acabamento esmerado e juntas bem 0,06
cuidadas

III. TUBO DE CIMENTO AMIANTO 0,1

IV. TUBO DE FERRO FUNDIDO (NOVO)


Revestimento interno com argamassa de cimento e areia
IV.1 obtida por centrifugação com ou sem proteção de tinta a 0,1
base de betume
IV.2 Não revestido 0,15 a 0,6
IV.3 Leve enferrujamento 0,30

V. TUBO DE PLÁSTICO 0,06

VI. TUBOS USADOS


VI.1 Com camada de logo inferior a 5 mm 0,6 a 3,0
Com incrustrações de lodo ou de gorduras inferiores a
VI.2 6,0 a 30,0
25mm
VI.3 Com material sólido arenoso depositado de forma irregular 60,0 a 300

Nota: Valores mínimos a adotar com tubos novos:


a) para adutoras medindo mais de 1000m de comprimento adotar 2
vezes o valor encontrado acima para o tubo e o acabamento
escolhidos;
b) para adutoras medindo menos de 1000m de comprimento,
adotar 1,4 vezes o valor encontrado na tabela para o tubo e
acabamentos escolhidos.

335
Fatores que influenciam na rugosidade das paredes dos tubos:
• Material empregado na fabricação;
• Processo de fabricação;
• Comprimento do tubo e número de juntas;
• Técnica de assentamento;
• Estado de conservação das paredes internas;
• Existência de revestimentos especiais;
• Emprego de medidas protetoras durante o funcionamento;
• Tempo de uso do tubo.

Na literatura encontram-se muitos valores para a rugosidade equivalente


dos tubos, não havendo uma concordância entre os autores, em decorrência da
grande variabilidade nos fatores que influenciam a rugosidade absoluta.

336
Tabela das rugosidades absolutas, e, para as tubulações em serviço, em milímetros
(Segundo J.M. Azevedo Neto – Modificada)
TIPO DE TUBULAÇÃO Aço com Ferro Fundido e F. Dútil Ferro Chumbo,
revestimento Tubos de Sem Com Revest. Cimento Galvaniza Cobre, La- PVC Tubos
AUTORES especial ou Concreto Revestim. de Cimento Amianto do tão, Cerâmico
esmalte s
SCNHP – França 0,1 -- -- 0,1
Degremont, (1978) 0,1 0,2 a 0,5 0,2 0,1 0,1 0,01 0,03 a 0,1 1,0
Lamont, (1955) 0,06 0,25 a 0,50 0,25 0,125 0,025 0,125
Manual, BWEP, IWE, (1961) 0,125 0,04 -- 0,125 0,03
Chemical Engineers Handbook, (1963) 0,05 0,3 0,26 -- 0,15
Internal Flow, BHRA 0,025 a 0,50 0,10 -- --
Piping Handbook, King/Crocker (1967) 0,05 -- -- 0,12
Fair, Geyer e Okun (1966) 0,03 a 0,09 0,3 a 3,0 0,06 a 0,12 -- 0,06-0,24 <0,03
R.W.Powell (1951) 0,5 a 1,2 0,3 a 1,0 2,1 -- 3,0
Hydraulic Institute (1979) 0,05 -- 0,14 -- 0,17
Armando Lencastre 0,06 a 0,15 0,06 a 0,50 -- --
Loinsley e Franzini (1978) -- 0,3 a 3,0 0,26 0,12 0,15 0,02
PNB 591 0,08 a 0,12 0,08 a 0,66 -- 0,14-0,20 0,14-0,20 0,08-0,12
Valores sugeridos 0,125 0,30 0,25 0,125 0,05 0,15 0,02 0,10 1,5
OBS: SCNHP = Câmara Sindical Nacional; Degremon = M. Technique de l’eau; Lamont = Peter, IWSA, 3º Congresso; BWEP = British Water Engineering Practice;
Chemical Engineers Handbook, R.H.Perry, 4ª ed. (1963); BHRA = British Hydromechanics Research Association

337
Princípios de Hidráulica Básica

No escoamento turbulento, verifica-se a existência de grandes massas se


movimentando em turbilhões ou em vórtices, provocando flutuações na
velocidade em relação ao tempo. Assim a velocidade instantânea num
escoamento turbulento, V, pode ser considerada como sendo a soma de duas
parcelas: a velocidade média temporal V e a flutuação de velocidade, v´.
Assim, em um intervalo de tempo, T, considerado, V = constante e v' variável
no tempo, de forma que:
1 T T
V =
T ∫
0
Vdt e ∫
0
v´dt = 0

As velocidades acima consideradas podem ser computadas em cada


uma das direções dos eixos coordenados no espaço, para se obter Vx, Vy e Vz, em
função de U, V e W e de u´, v´ e w´, respectivamente.

Fig. xx - Perfil de velocidades turbulentas e suas flutuações em torno


de um valor médio

No escoamento turbulento, segundo proposta de Boussinesq, a tensão


cisalhante turbulenta é dada por:
dV
τt =η
dy

338
Princípios de Hidráulica Básica

Onde η é denominada de viscosidade turbulenta ou viscosidade de redemoinho,


sendo uma propriedade do escoamento, dependendo do fluido e da intensidade
da turbulência. Os valores da viscosidade turbulenta são mais elevados que a
viscosidade dinâmica definida no escoamento laminar. Em estudos menos
complexos de turbulência a equação anterior pode ser muito útil.

7.5.3. Comprimento de mistura e perfil de velocidades

Seja u´ e v´ as flutuações de velocidades nas direções Ox e Oy,


respectivamente, devidas à turbulência na direção do escoamento médio e
perpendicular à esta direção, para duas camadas próximas. Se houver um fluxo
de massa perpendicular ao escoamento médio, através de uma área elementar,
dA, o teorema da quantidade de movimento permite escrever:

Fluxo de massa: ρ.v´.dA


Força cisalhante entre as camadas: dFcis = (ρ.v´.dA).u´
dFcis
τt = = ρ .u´.v´
dA
Os termos ρ.v´..u´ são denominados de tensões de Reynolds para o escoamento
turbulento.
Estudando a turbulência, Prandtl propôs que pequenas massas de
partículas são transportadas pelo escoamento turbulento até uma distância
média l, entre regiões com velocidades diferentes, quando as flutuações de
velocidades forem de mesma ordem de grandeza. Por analogia com o conceito
de caminho médio da tória molecular dos gases, Prandtl denominou a distância l
de comprimento de mistura. Além disso Prandtl propôs qual a variação de
velocidade de uma partícula que se desloca pelo comprimento de mistura é
proporcional a l.dv/dy, onde v é a velocidade média no ponto e y uma

339
Princípios de Hidráulica Básica

coordenada norma a v, medida à partir do contorno sólido que encerra o


escoamento. Assim, se
dv
u´≈ v´≈ l
dy
Substituindo na equação da tensão cisalhante turbulenta dada acima, tem-se:
2
 dv 
τ t = ρ .l  
2

 dy 
Nessa equação, l é uma função de y e, assim como η, função da posição.
Com base na teoria da semelhança entre perfis de velocidades na
turbulência, von Kármán estabeleceu que o comprimento de mistura poderia ser
dado por:

 dv 
l = −κ 
dy 
 d 2v 
 2
 dy 
Em que κ é uma constante universal (adimensional), denominada de constante
de von Kármán, característica de todo movimento turbulento, cujo valor
experimental é o,38 para água limpa e, em geral, assumida como sendo 0,40.

7.5.4. Perfil de velocidades


A obtenção do perfil de velocidades para o escoamento turbulento, que
expresse a variação da velocidade ao longo da posição transversal ao
escoamento, denominada genericamente de v = f(r), tradicionalmente decorre
do conceito de comprimento de mistura introduzido por Prandtl. Para a dedução
do perfil de velocidades, é comum fazer as seguintes hipóteses:
1. Os esforços que ocorrem na região turbulenta são equivalentes aos que
se desenvolvem junto à parede da tubulação.

340
Princípios de Hidráulica Básica

2. Os esforços que ocorrem são previstos pela equação da tensão


cisalhante turbulenta vista anteriormente.
3. Variação linear do comprimento de mistura com a distância à parede, y,
já que nessa região as flutuações de velocidades se anulam: l = κy

2
 dv  τo  dv  dv
Assim, τ t = τ o = ρ .κ . y  
2 2
= κ . y  u* = κ . y
 dy  ρ  dy  dy
Separando as variáveis:
u* dy
dv =
κ y
Sabe-se que para y = R v = Vc, a equação acima pode ser integrada entre os
limites dados, tendo-se:

 u* dy  v − Vc 1
ln y ]R = (ln y − ln R )
v y u*
∫ dv = ∫  κ  v − Vc =
y
Vc R y  κ u* κ
Finalmente, tem-se:

Vc − v 1  R 
= ln 
u* κ  y
Nesta equação, é comum substituir a constante de von Kármán, κ, por
0,40, o que fornece a lei universal da distribuição de velocidades para o
escoamento turbulento:

Vc − v R
= 2,5 ln 
u*  y
A equação acima, apesar de bastante utilizada, leva a algumas
imprecisões quando y fica muito pequeno (junto à parede).
Derivando a equação com relação a y, tem-se:
dv u
= 2,5 *
dy y

341
Princípios de Hidráulica Básica

Por esta equação, no centro da tubulação, onde y = R, o gradiente de


velocidade é finito (diferente de zero), contrariando as observações
experimentais que indicam um gradiente nulo. Também, para y = 0, o gradiente
de velocidade deveria ser máximo, todavia a equação prevê um gradiente de
velocidade infinito.
Apesar das inconsistências apontadas, a teoria de Prandtl não invalida a
aplicação prática do perfil de velocidades, que tem demonstrado ser bom.
A figura seguinte ilustra o perfil de velocidades para um escoamento em
tubulação de diâmetro D.

Fig. xx - Perfil de velocidades no escoamento turbulento.

A lei universal da distribuição de velocidades no escoamento turbulento


pode ser escrita de outra maneira, denominada de lei da raiz enésima:
1
 r n
v = Vc 1 − 
 R
Nesta lei, o valor de n varia conforme as condições do escoamento,
conforme se segue:

Tubo liso e 104 < Re < 105 n=7


Tubo Rugoso e Re > 4000 n=6
Tubo liso ou rugoso e Re > 3,2.106 n = 10

Nesses casos ocorre uma variação da relação entre a velocidade média e a


velocidade na linha central, cuja variação vai de V = 0,80Vc até V = 0,85Vc .

342
Princípios de Hidráulica Básica

Em geral, para os escoamentos comuns nas tubulações, no âmbito da


engenharia, considera-se o perfil de velocidades dado por:
1
 r 7
v = Vc 1 −  lei da raiz sétima para a distribuição de velocidades no
 R
escoamento turbulento em tubos de raio R.

Para n = 7 V = 0,8167Vc

7.5.5. Perda de carga no Escoamento Turbulento:

Utilizada para tubulações de comprimento no mínimo igual a 100D.

L V2 8 f Q2
equação universal da perda de carga: h p = f ou h p = 2 L 5
D 2g π g D

e 
rugosidade relativa e absoluta: f = ϕ  , Re 
D 

7.5.5.1. ESCOAMENTO TURBULENTO HIDRAULICAMENTE LISO:


ETHL

Efeito da rugosidade do tubo é muito pequeno, podendo ser desprezado.

Fig. xx - Desenho esquemático da espessura da sub-camada laminar e


a rugosidade absoluta para um ETHL.

343
Princípios de Hidráulica Básica

e 〈 δ pode-se considerar que f independe da rug. Relativa


e < δ / 1,7 efeito da rugosidade fica bastante reduzido
Alguns autores usam o limite e < δ / 6
Na prática considera-se:
e ue
e ≤ δ / 3 ou Re f < 14,14 ou * < 5 E.T.H.L.
D υ
u* e
= número de Reynolds da rugosidade.
υ
Obs: Em laboratório pode-se ter até e < δ / 6

Nesse caso f = f(Re), portanto independente de e/D.

Blasius propôs que no caso de escoamento turbulento com 3000<Re<105:


f = 0,316 Re −0, 25

Observações: 1) Essa equação é válida para escoamentos com tubos muito lisos;
2) Nesse caso: u = u max (y / R )
1
7 , com y = R – r lei da raiz
sétima

Segundo Von Karman, se 4000 < Re < ∞:


1  2,51 
= −2 log 
f  Re f 
 

Tal equação ainda pode ser escrita de outras formas:


1
f
 Re f
= 2 log
 2,51



ou
1
f
= 2 log Re ( )
f − 0,8
 

EXEMPLO:
Um escoamento de água, considerado desenvolvido, ocorre em uma tubulação
de 50 mm de diâmetro de forma que a velocidade na linha central seja de 1,800
m/s. Sabendo que a velocidade média do escoamento ocorre em uma posição
igual a 75,77 % do raio do tubo em relação ao eixo do mesmo e adotando a lei
da raiz sétima para representar o perfil de velocidades, calcular a vazão do
escoamento.
SOLUÇÃO
Escoamento desenvolvido, turbulento, hidraulicamente liso: D = 50 mm e Vc =
1,800 m/s.
Dado: v = V r = 75,77/100R ou r = 0,7577R
344
Princípios de Hidráulica Básica

1
 r 7
A lei da raiz sétima informa que: v = Vc 1 −  , de maneira que
 R
V = 1,800(1 − 0,7577 ) = V = 1,800(0,2423) 7
1 1
7 V = 8,817 m/s
Vazão: Q = A.V = π.D .V/4 = πx0,0502x0,817/4 = 0,0016 m3/s
2

ou Q = 1,6 L/s.

7.5.5.2. ESCOAMENTO TURBULENTO HIDRAULICAMENTE


RUGOSO: ETHR

Para valores elevados de turbulência: δ torna-se muito pequeno


Se Re é elevado δ torna-se muito pequeno

Fig. xx - Desenho esquemático da espessura da sub-camada laminar e


a rugosidade absoluta para um ETHR.

Se: e ≥ 12,5δ o efeito da rugosidade torna-se muito importante.

como f só depende de e/D, o escoamento no tubo é considerado


hidraulicamente rugoso.

Na prática utiliza-se:
e ue
e ≥ 8δ ou Re f > 198 ou * > 70 considera-se o E.T.H.R.
D υ
Obs: Alguns autores consideram e ≥ 3δ para se ter E.T.H.R.

Segundo Von Karman e Nikuradse:

345
Princípios de Hidráulica Básica

1  e 
= −2 log 
f  3,71D 

A equação acima ainda pode ser escrita nas formas:


1 D 1 D
= 1,74 + 2 log  ou = 1,14 + 2 log  .
f  2e  f e

Explicitando o valor de f, tem-se:

−2
 e
f =  0,138 − 2 log 
 D

7.5.5.3. ESCOAMENTO TURBULENTO DE TRANSIÇÃO: ETT

Re não é muito elevado \


| influência da rugosidade e do Re.
δ não é muito pequeno /

Se o nível de turbulência não é elevado:


e ue e 
δ/3 ≤ e ≤ 8δ ou 14,14 < Re f < 198 ou 5 < * < 70 f = f  , Re 
D υ D 

1  e 2,51 
Proposta de Colebrook e White: = −2 log + 
 
f  3,71D Re f 

A equação acima também é encontrada nas seguintes formas:


1 e 9,35  1  e 18,7 
= 1,14 − 2 log +  ou = 1,74 − 2 log 2 + 
f  D Re f  f  D Re f 
   
Observar que o valor de f não pode ser explicitado. O seu cálculo envolve
conhecimento de cálculo numérico.

Observações:

346
Princípios de Hidráulica Básica

1. A equação de Colebrook e White é particularmente indicada para a faixa


de transição que se observa entre os escoamentos turbulentos
hidraulicamente liso e hidraulicamente rugoso.
2. A equação de Colebrook e White se reduz à equação de von Kárman para
ETHL quando a rugosidade relativa se aproxima de zero. Da mesma forma
ela se aproxima da equação de von Kárman para ETHR, quando o número
de Reynolds cresce muito, tendendo para infinito.
3. Fórmula explícita aproximada para 4000 < Re < 1.107:
 6 3
1
 e 10  
f = 0.00551 +  2000 + 
  D Re  
 
4. Separação das regiões no ábaco de Moody: Ve f / 8 = 100ν

7.5.5.4. DIAGRAMA OU ÁBACO DE MOODY:


Moody (1944), afim de evitar longos cálculos propôs um gráfico que
permite calcular o fator de atrito, com f no eixo das ordenadas e Re no eixo das
abscissas, ambos em escala logarítmica.
Diagrama de Moody:
• Região de escoamento laminar
• Região crítica
• Região de escoamento hidráulicamente liso (ETHL)
• Região de escoamento de transição (ETT)
• Região de turbulência completa (ETHR)

347
Princípios de Hidráulica Básica

348
Princípios de Hidráulica Básica

RESUMO:

ESCOAMENTO LAMINAR: f = 64/Re Re < 2.300

ESCOAMENTO TURBULENTO HIDRAULICAMENTE LISO:

Blasius: f = 0,316 Re −0, 25 3.000 < Re < 105:


1  2,51 
Von Karman: = −2 log  4.000 < Re> ∞:
f  Re f 
 

ESCOAMENTO TURBULENTO HIDRAULICAMENTE RUGOSO:


1  e 
Von Karman e Nikuradse: = −2 log 
f  3,71D 

ESCOAMENTO TURBULENTO DE TRANSIÇÃO:


1  e 2,51 
Colebrook e White: = −2 log + 
 
f  3,71D Re f 

349
Princípios de Hidráulica Básica

7.5.5.5. FÓRMULAS EXPLÍCITAS PARA O CÁLCULO

Da equação universal da perda de carga, pode-se explicitar o valor da


velocidade:

L V2 hp f V2 2 gDJ
hp = f =J= fV 2 = 2 gDJ V2 =
D 2g L D 2g f

2 gDJ
V=
f
Com a equação de Colebrook-White, a simples substituição de f leva a:
 e 2,51 
V = −2 2 gDJ log + 
 3,71D Re f 
 
VD
e com Re = :
υ
 e 2,51υ 
V = −2 2 gDJ log + 
 3,71D D 2 gDJ 
 

Equação que permite calcular a velocidade média do escoamento em


uma tubulação de diâmetro D, rugosidade relativa e/D, quando imposta uma
perda de carga unitária, J.
Para o cálculo da vazão em um escoamento em conduto forçado,
usando-se a equação de Colebrroke-White:

π  e 2,51 
Q=− 2 gD 5 J . log + 
2  
 3,71D Re f 

Fórmula aproximada de Swamee-Jain(1976), para 10-6 ≤ e/D ≤ 10-2 e


5.103 ≤ Re ≤ 108:
350
Princípios de Hidráulica Básica

0,25 1  e 5,74 
f = 2
ou = −2 log + 0,9 
  e 5,74  f  3,71D Re 
log 3,71D − Re 0 ,9 
  

Mais recentemente, Swamee-Jain(1993), apresentou uma nova fórmula


para o cálculo do fator de atrito, válida para escoamento laminar e turbulento,
quer seja liso, rugoso ou de transição:

1
 6 −16  8
 64 
8
  e 5,74   2500   
f =   + 9 ,5ln + 0 ,9  −    
R
 e  
 
3 ,71D R e   e   
R

Sousa-Cunha-Marques, 1999 (erro = 0,123% em relação a Colebrook-White):

1  e 5,16  e 5,09 
= −2 log  − log + 0,87 
f  3,71D Re  3,71D Re 

Haaland, 1983 (erro = 0,220% em relação a Colebrook-White):

1  e 1,11 6,9 
= −1,8 log   + 
f  3,71D  Re 

Barr, 1972 (erro = 0,375% em relação a Colebrook-White):

1  e 5,15 
= −2 log − 0,892 
f  3,71D Re 

351
Princípios de Hidráulica Básica

Churchill, 1973 (erro = 0,393% em relação a Colebrook-White):

1  e  7  
0, 9

= −2 log  +  
f  3,71D  Re  

Camargo-Barr-Colebrook-White (2001):

1  e 5,02  e 5,15 
= −2 log  − log + 0,892 
f  3,71D Re  3,71D Re 

Camargo-Swamee-Jain-Colebrook-White (2001):

1  e 5,02  e 5,74 
= −2 log  − log + 0 ,9 
f  3,71D Re  3,71D Re 

Outras expressões de Swamee-Jain(1993) para o cálculo explícito de J,


Q e D:
0 ,203 Q 2
gD 5
J= 2
  e 5 ,74 
 log  + 0 ,9 

  3 ,71 D R e  

Para o cálculo da vazão no escoamento:

πD 2 gDJ  e 1 ,78 ν 
Q = − log  + 
2  3 ,71 D D gDJ 
 

Para o cálculo do diâmetro da tubulação:


0 ,04
− 0 ,2  0 ,2 1,25
 0 ,2 
 gJ    gJ   1  
D = 0,66 2  e 2   + ν 
3  
Q    Q    gJQ  
352
Princípios de Hidráulica Básica

Em geral, nos projetos que envolvem a condução de água através de


tubulações, as velocidades médias ficam na faixa de 0,50 m/s a 3,00 m/s. Se
considerarmos que essas tubulações têm diâmetros variando entre 50 mm e 800
mm, o número de Reynolds ficará entre 104 e 3.106. Nesses casos o diagrama de
Moody indica que o regime de escoamento é turbulento de transição (ETT) e as
equações de previsão do fator de atrito levam a resultados parecidos, isto é, com
erros inferiores a 2%.
As rugosidades absolutas dos diversos materiais empregados na
fabricação dos tubos é um parâmetro difícil de ser obtido com precisão. Essa
rugosidade varia muito com o tipo de acabamento da superfície interna do tubo,
do processo de fabricação e até mesmo do tempo de uso da tubulação. Assim, a
literatura técnica e os fabricantes tentam especificar valores para essa
rugosidade, que são às vezes discrepantes entre si. É comum especificar faixas
de variação da rugosidade absoluta, cabendo ao projetista escolher o valor
correto em função da sua experiência prática e do bom senso. Testes de
laboratório normalmente levam a rugosidades algo menor que as encontradas
nas tubulações industriais, visto que geralmente elas são menores e montadas
com mais cuidado.

RUGOSIDADE EQUIVALENTE
É definida como a rugosidade de uma tubulação que gera a mesma
perda de carga prevista pela fórmula universal da perda de carga e com a
utilização das equações para o Escoamento Turbulento Hidraulicamente Liso
(equação de von Kárman), Hidráulicamente Rugoso (Von Karman e Nikuradse)
e de Transição (Colebrook-White). A tabela seguinte apresenta valores da
rugosidade equivalente para os materiais usualmente empregados na fabricação
de tubos. Estes valores são os que se utilizam da equação de Colebrook-White

353
Princípios de Hidráulica Básica

ou do diagrama de Moody. A tabela seguinte, ilustra valores da rugosidade


equivalente para alguns materiais.

Rugosidade Equivalente
Material do tubo
(mm)
Aço comercial 0,06
Aço galvanizado 0,16
Aço com ferrugem leve 0,25
Aço com grandes incrustações 7
Aço com cimento centrifugado 0,1
Aço revestido com asfalto 0,6
Aço revestido c/ esmalte, vinil, epóxi 0,06
Alumínio 0,004
Concreto muito rugoso 2
Concreto rugoso 0,5
Concreto liso 0,1
Concreto muito liso 0,06
Concreto alisado centrifugado 0,3
Concreto liso formas metálicas 0,12
Ferro fundido asfaltado 0,122
Ferro galvanizado 0,15
Ferro fundido não revestido, novo 0,5
Ferro fundido com ferrugem leve 1,5
Ferro fundido com cimento centrifugado 0,1
Fibrocimento 0,1
Manilha cerâmica 0,3
Latão, cobre 0,007
Plásticos 0,06
Rocha (galeria) não revestida 0,35

Valores extraídos de Assy, Jardim, Lencastre, Quintela, Simon, Tullis.

354
Princípios de Hidráulica Básica

7.6. CÁLCULO AUTOMÁTICO

Método de Newton-Raphson: raiz de F(x) = 0

........................fazer figura................................

x1 − x0 1 F ( x0 )
= ∴ x1 = x0 −
F ( x0 ) − 0 − dF
dx
( )x0
( dF
dx x0
) Generalizando:

F ( xm )
x m +1 = x m −
dF (
dx xm
)
Se
1 e 9,35 
F( f ) = − 1,14 + 2 log + =0
f  D Re f 
 
Então:
dF −1 9,35 log e
= −
df 2f f e 9,35 
f + Re f
 D Re f 
 

Partindo de um valor f0 iteramos até encontrar f com a precisão desejada:


F( fm )
f m +1 = f m −
 dF 
 df 
  xm

355
Princípios de Hidráulica Básica

7.7. EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO

1. Calcular a perda de pressão devida ao atrito no escoamento em uma


tubulação de PVC (e=0,0015mm), de 50 mm de diâmetro e 500 m de
comprimento, horizontal, escoando 4 l/s de água a 20ºC (ρ = 998,2
kg/m3 e ν = 1,05.10-6 m2/s).

∆p = γ.hp = 379.052,1 Pa

356
Princípios de Hidráulica Básica

2. Uma tubulação de aço soldado novo (e = 0,10 mm) tem 4” de diâmetro e


conduz 11 l/s de água a 25ºC (ρ = 998,0 kg/m3 e ν = 0,98.10-6 m2/s).
Considerar dois pontos A e B dessa tubulação, distantes 500 m um do outro.
Sabe-se que a cota piezométrica de B é igual à cota geométrica de A.
Sabendo que o escoamento se dá de A para B, calcular a pressão disponível
em A, em mca.

zB + pB/γ = zA
pA/γ = 9,934 m e pA = 97 224 Pa

357
Princípios de Hidráulica Básica

3. Num ensaio de campo para determinação da rugosidade da parede de uma


adutora de 6” de diâmetro, mediu-se a pressão em dois pontos A e B,
distantes 1.017m um do outro. A vazão de água na tubulação era de 26,5 l/s
e a diferença de nível entre A e B era de 30 m, sendo a cota de A menor que
a cota de B. A pressão medida em A foi de 68,6 N/cm2 e em B foi de 20,6
N/cm2. Determinar a rugosidade absoluta média, e, da adutora.

e = 0,43 mm
358
Princípios de Hidráulica Básica

4. A água flui em uma tubulação de 50 mm de diâmetro e 100 m de


comprimento, horizontal, de rugosidade absoluta e = 0,05mm. Sabendo que
a queda de pressão ao longo do comprimento não pode exceder 50 kPa,
calcular a velocidade média da água no escoamento e a vazão.

V = 1,478 m/s e Q = 2,90 l/s.

359
Princípios de Hidráulica Básica

5. A água a 10ºC (ρ = 999,8 kg/m3 e ν = 1,31.10-6 m2/s) escoa por uma


tubulação de concreto com superfície interna alisada a desempenadeira e
com juntas bem feitas (e = 0,3 mm segundo a ABNT) de 3,00 m de
diâmetro, de maneiras que a perda de carga seja de 2m/km. Calcular a vazão
escoada.

Q = 20,35 m3/s
360
Princípios de Hidráulica Básica

6. Uma tubulação horizontal de aço soldado (e = 1,2 mm) deve conduzir 500 l/s
de água a 10ºC (ρ = 999,8 kg/m3 e ν = 1,31.10-6 m2/s). Supondo que a
perda de carga unitária é igual a 5 m/km, dimensionar a tubulação
necessária.

D = 0,628 m.

361
Princípios de Hidráulica Básica

7. Um conduto de PVC (e=0,0015mm), com 50mm de diâmetro e 450 m de


comprimento deve conduzir uma vazão de 4,0 l/s de água a 20ºC (ρ = 998,2
kg/m3 e ν = 1,0.10-6 m2/s). Determinar:
a) o fator de atrito e o regime de escoamento no conduto;
b) a perda de carga e a espessura da subcamada laminar no conduto;
c) a mínima vazão para que o escoamento nesse conduto fosse
turbulento hidraulicamente rugoso;
d) Discutir o valor encontrado no item anterior.

a) f = 0,0182; b) hp = 34,658 m e δ = 0,12 mm; c) f = 0,0096, V = 1.347,2 m/s e


Q = 2,645 m3/s, valores muito elevado e fora da realidade; d) f muito baixo, Re
elevado, velocidade e vazão elevadas e impossíveis de ocorrer numa tubulação
de 50 mm de diâmetro.
362
Princípios de Hidráulica Básica

8. Uma tubulação de aço rebitado (e=3,0mm), com 0,30m de diâmetro e 300 m


de comprimento, conduz 130 l/s de água a 15,5ºC (ρ = 998,5 kg/m3 e ν =
1,13.10-6 m2/s). Determinar a velocidade média e a perda de carga do
escoamento na tubulação.

V = 1,84 m/s
hp = 6,55 m

363
Princípios de Hidráulica Básica

9. Dois reservatórios estão interligados por uma canalização de ferro fundido (e


= 0,26mm) com 0,15m de diâmetro e 360 m de extensão. Determinar a
velocidade e a vazão de água no momento em que a diferença de nível entre
os reservatórios igualar-se a 9,30m. A temperatura da água é de 16,5ºC (ρ =
998,4 kg/m3 e ν = 1,31.10-6 m2/s).

V = 1,806 m/s
Q = 0,0319 m3/s

364
Princípios de Hidráulica Básica

10. Determinar o diâmetro necessário para que um encanamento de aço (e =


0,046mm) conduza 19 l/s de querosene a 10ºC (ρ = 799,8 kg/m3 e ν =
2,78.10-6 m2/s), com uma perda de carga que não exceda 6m em 1.200m de
extensão do encanamento.

D = 0,167 m

365
Princípios de Hidráulica Básica

11. Uma canalização de aço, nova (e = 0,046m), com 150m de comprimento,


transporta gasolina a 10ºC (ρ = 719,0 kg/m3 e ν = 7,1.10-7 m2/s), de um
tanque para outro, com velocidade média de 1,44 m/s. Determinar o
diâmetro e a vazão da canalização, conhecida a diferença de nível entre os
dois reservatórios, que é de 1,86m.

D = 0,146 m
Q = 0,0240 m3/s.
366
Princípios de Hidráulica Básica

12. Qual a vazão de água que passa através de uma tubulação horizontal de aço
comercial de 150 mm de diâmetro (e=0,05mm), sabendo que a carga
piezométrica em um ponto da tubulação vale 1,5 mca e que 90 metros após
a carga piezométrica somente vale 0,3m?

Q = 0,0265m3/s.

367
Princípios de Hidráulica Básica

13. Em um ensaio de laboratório com uma tubulação de aço galvanizado de 50


mm de diâmetro, instalou-se duas tomadas de pressão situadas a 15,0 m
uma da outra. A diferença de nível entre as duas tomadas de pressão é de
1,0 m. As tomadas de pressão foram ligadas a um manômetro diferencial
de mercúrio (massa específica 13 560 kg/m3) que indicou uma diferença de
nível de 150 mm na coluna de mercúrio, quando a velocidade da água
escoando no sentido ascendente vale 2,1 m/s, conforme indicado na figura.
Nesse caso pede-se:

a) a vazão e o número de Reynolds para o escoamento;


b) a diferença de pressão entre as duas tomadas de pressão e a perda de
carga no trecho considerado;
c) o fator de atrito do escoamento através da tubulação;
d) a tensão cisalhante na parede da tubulação e a velocidade de atrito;
e) traçar, esquematicamente, as linhas piezométrica e de energia, supondo
que a pressão na primeira tomada de pressão seja 49 kPa.

368
Princípios de Hidráulica Básica

a) Q = 4,12 l/s e Re = 100 000


b) ∆p = 28 263 Pa e hp = 1,882 m
c) f = 0,0279
d) τo = 15,38 N/m2 e u* = 0,124 m/s
e) z1 = 0 m; p1/γ = 5,00 m e V2/(2g) = 0,225 m; z2 = 1,0 m; p2/γ = 2,11 m.
369
Princípios de Hidráulica Básica

7.8. FÓRMULAS EMPÍRICAS PARA A PERDA DE CARGA EM


TUBULAÇÕES CIRCULARES

Durante muitos anos, diversas fórmulas empíricas foram propostas,


todas elas sem uma base científica forte e com validade muito específica,
estabelecidas com a ajuda da análise experimental de um conjunto de dados
obtidos sob determinadas condições. As fórmulas empíricas comumente
encontradas na literatura podem, via de regra, ser colocadas na forma geral:

Qn
J =K
Dm
Onde Q é a vazão do escoamento, D o diâmetro da tubulação e K uma constante
a ser determinada em cada caso.

7.8.1. Fórmula Universal:

A fórmula universal ou fórmula de Darcy-Weisbach foi obtida à partir


de estudos científicos sobre dados de escoamentos apresentados por diversos
autores, considerando o estado das paredes da tubulação e as condições
hidrodinâmicas do escoamento. Tal fórmula tem sido aplicada com sucesso ao
longo dos últimos 160 anos, tanto para tubulações novas quanto para tubulações
com alguns anos de uso. Ela tem sido cada vez mais aperfeiçoada pelos
pesquisadores e tem sido aplicada tanto para a água quanto para outros líquidos.

A própria fórmula universal pode ser posta na seguinte forma, em


função da velocidade média do escoamento na tubulação:

L V2
hp = f
D 2g
e, se for definida a perda de carga unitária, J, tal que:
hp
J= ,
L
tem-se

370
Princípios de Hidráulica Básica

f V2
J=
D 2g
Uma vez que a velocidade média pode ser colocada em função da vazão, de
forma que
Q 4Q
V= =
A πD 2
A fórmula universal pode ser escrita em função da vazão da seguinte forma:

8 f Q2
J=
π 2 g D5
8f
Nesta fórmula, adotando-se K = , tem-se:
π 2g

Q2
J =K
D5
Observações:
1. nesse caso n = 2 e m = 5;
2. a soma dos expoentes é m+n = 7;
3. nesse caso K tem unidades e varia conforme o regime de escoamento (já
que depende de f que varia com a rugosidade relativa e com o número
de Reynolds do escoamento).

7.8.2. Fórmula de Hazen-Williams:

É uma fórmula empírica muito usada na prática da Engenharia Sanitária


dos Estados Unidos, estabelecida por Allen Hazen (engenheiro civil e
sanitarista) e Gardner S. Williams (professor de hidráulica) por volta de 1903.
Muito aplicada para cálculos de redes de distribuição de água, adutoras
e sistemas de recalque e fornece resultados excelentes nos seguintes casos:.
• Água a 20ºC com tratamento estatístico dos dados
• 50mm ≤ D ≤ 3500mm
371
Princípios de Hidráulica Básica

• V ≤ 3 m/s
• ETT

A fórmula proposta é escrita como sendo:


1,85
10,643  Q 
J=   ou V = 0,355CD 0 , 63 J 0 ,54
D 4,87  C 
Onde:
• J = perda de carga unitária (m/m);
• Q = vazão (m3/s);
• V = velocidade média na tubulação (m/s);
• D = diâmetro da tubulação (m) e
• C = constante de Hazen-Williams.

10,643
Observar, que na fórmula de Hazen-Williams, K = , n = 1,85 e
C 1,85
m = 4,87. Assim a forma geral da equação da perda de carga é satisfeita.
Observações:
1. a soma dos expoentes m e n é 6,72 (próxima de 7);
2. a constante C possui unidades (m0,367.s-1);
3. C varia com a natureza dos materiais e com o estado das paredes do
tubo;
4. C é tabelado para diversos materiais;
5. C é grande para tubo liso e pequeno para tubo rugoso.

Na literatura podem ser encontrados tabelas ou ábacos que facilitam a


utilização desta equação, todavia hoje, com o advento das calculadoras
científicas e dos computadores, tais ábacos estão em desuso, razão pela qual não
serão apresentados nesse texto.
Em condições de laboratório ou em instalações executadas com bastante
capricho, tem sido determinado experimentalmente valores ligeiramente
maiores dos que estão apresentados na literatura para o coeficiente C. Em

372
Princípios de Hidráulica Básica

projetos é preciso cuidado ao se avaliar o valor de C tendo-se em vista que


fatores práticos que tendem a diminuir o seu valor. Concorre para isso o efeito
das juntas, das rebarbas na montagem, da falta de alinhamento dos tubos, de
irregularidades eventuais no assentamento dos tubos, dentre outros.
Na tabela seguinte, são fornecidos os valores do coeficiente C para as
diversas situações,

PERDAS DE CARGA
VALORES COEFICIENTE C DE HAZEN-WILLIAMS
MATERIAL C MATERIAL C
Aço corrugado (chapa ondulada) 60 Concreto, bom acabamento 130
Aço galvanizado roscado (novos) 125 Concreto, acabamento comum 120
Aço galvanizado roscado (em uso, 110 Ferro fundido c/ revestimento em 140
com 10 anos) epóxy, novo
Aço rebitado, novo 110 Ferro fundido c/ revestimento em 120
epóxy, com 20 anos de uso
Aço rebitado, com 10 anos de uso 90 Ferro fundido (FoFo), revestido com 130
cimento, novo
Aço soldado comum, com 125 Ferro fundido (FoFo), revestido com 103
revestimento betuminoso cimento, após 20 anos
Aço soldado comum, com 140 Grés cerâmico vitrificado 110
revestimento epoxy, novo (manilhas), novas
Aço soldado comum, com 130 Latão, novo ou usado 130
revestimento epoxy, 10 anos uso
Aço soldado comum, com 115 Madeira em aduelas, novo 120
revestimento epoxy, 20 anos uso
Chumbo, novo 130 Tijolos, condutos bem executados 100
Cimento-amianto novo 140 Vidro, novo ou usado 140
Cobre, novo 140 PVC ou plásticos, novo 140
Cobre, 10 anos uso 135 PVC ou plásticos, 10 anos de uso 135
Cobre, 20 anos uso 130 PVC ou plásticos, 20 anos de uso 130
Obs: * Manual de hidráulica – Azevedo Neto e G.ª Alvares

Segundo Rodrigo de Melo Porto:


Aço Corrugado (chapa ondulada) 60 Ferro Fundido, usado 90
Aço galvanizado 125 Aço c/ juntas lock-bar, novo 130
Aço c/ juntas lock-bar, em serviço 90 Ferro fundido revestido de cimento 130
Ferro Fundido, novo 130 Tubos extrudados, PVC 150
Ferro Fundido, após 15-20 anos 100
de uso

373
Princípios de Hidráulica Básica

A fórmula de Hazen-Williams pode ser comparada com a fórmula


universal, igualando-se a perda de carga prevista em ambas. Nesse caso, para
água pura a 20ºC (ρ = 998,2 kg/m3 e ν = 1,0.10-6 m2/s) conclui-se que:
43
C= 0 , 54 0 , 081
f R e D 0, 011
A equação acima mostra que C não é exatamente constante, dependendo do
diâmetro, da rugosidade e das condições do escoamento. Tal fórmula deve ser
vista com reservas, pois somente fornece bons resultados em alguns casos
especiais. Quando for necessária uma avaliação rigorosa da perda de carga ela
não deve ser utilizada, devido às suas incertezas.

VANTAGENS DA FÓRMULA DE HAZEN-WILLIAMS


É uma fórmula resultante de um estudo estatístico sobre um grande
número de dados experimentais obtidos por diversos pesquisadores e de
observações práticas dos autores.
Para determinação do coeficiente C os expoentes de Q e D foram
determinados de forma a minimizar a variações de C para o mesmo grau de
rugosidade de um tubo, independentemente do seu diâmetro. Assim C fica
sendo função apenas da natureza das paredes que formam a tubulação.
Por ter sido muito utilizada, a fórmula permitiu que fossem obtidos
valores de C para muitas situações práticas encontrada na engenharia,
permitindo, inclusive, considerar o efeito do envelhecimento das tubulações.
Os limites de aplicação da fórmula são mais amplos que os de outras
fórmulas que possua o mesmo objetivo.

EFEITO DO ENVELHECIMENTO DAS TUBULAÇÕES


O engenheiro ao projetar uma instalação hidráulica precisa levar em
conta o efeito do envelhecimento das tubulações, adotando coeficiente C
menores que o indicado pelos fabricantes, prevendo que o aumento da
374
Princípios de Hidráulica Básica

rugosidade das paredes leva a uma diminuição do valor de C e,


consequentemente, a uma diminuição da vazão nas condições do escoamento.

Tabela com o valor do coeficiente de Hazen-Williams para diversos


materiais das tubulações, quando novos, com 10 anos de uso e com 20 anos de
uso, segundo o Prof. Azevedo Neto, apresentada no seu Manual de Hidráulica.

PERDAS DE CARGA
VALORES COEFICIENTE C DE HAZEN-WILLIAMS
C C C
MATERIAL
(novo) (10 anos) (10 anos)
Aço corrugado (chapa ondulada) 60 --- ---
Aço galvanizado (roscado) 125 100 ---
Aço rebitado 110 90 80
Aço soldado comum (c/ revestim. betuminoso) 125 110 90
Aço soldado com revestimento em epóxi 140 130 115
Chumbo 140 130 115
Cimento-amianto 140 130 120
Cobre 140 135 130
Concreto, com bom acabamento 130 --- ---
Concreto, com acabamento comum 130 120 110
Ferro fundido, com revestimento em epóxi 140 130 120
Ferro fundido, revestido com argamassa de
130 120 105
cimento
Grés cerâmico vitrificado (manilhas) 110 110 110
Latão 130 130 130
Madeira em aduelas 120 120 110
Tijolos, condutos bem executados 100 95 90
Vidro 140 --- ---
Plásticos (PVC) 140 135 130
Obs: * Manual de hidráulica – Azevedo Neto e G.ª Alvares

Existem numerosos estudos para se determinar o efeito do


envelhecimento em tubulações de ferro fundido e aço. Um dos principais fatores
que afetam a corrosão é o pH do líquido em escoamento.

375
Princípios de Hidráulica Básica

VER ITEM 8.2.9, PG 151 DO MANUAL DE HIDRÁULICA DO


AZEVEDO NETO.

Gráficos de C pelo tempo de uso, para diversos tipos de águas mostram


uma grande variabilidade, porém sempre tem-se C decrescente com o
tempo de uso.

7.8.3. Fórmula de Fair-Whipple-Hsiao:

É uma fórmula mais recente (1930), muito usada em projetos de


instalações prediais de água fria ou quente. O escoamento é caracterizado por
trechos curtos de tubos de pequeno diâmetro intercalados com diversas
conexões ou mesmo com redução de diâmetro.
• Recomendada pela ABNT
• Usada para D ≤ 50mm
Q 1,88
Aço galvanizado novo com água fria: J = 0,002021
D 4,88
Q1, 75
Cobre ou latão com água fria: J = 0,000874
D 4, 75
Q 1,75
Cobre ou Latão e água quente: J = 0,0007040
D 4, 75
Q 1, 75
PVC rígido e água fria: J = 0,0008695 4,75
D
A forma geral da perda de carga é obtida, com n = 1,75 e m = 4,75 se a
tubulação for lisa e n = 1,88 e m = 4,88 se a tubulação for rugosa. Nesses casos
o K assume valores distintos, dependendo se a tubulação é lisa ou rugosa e se
está sendo usada para conduzir água fria, água quente ou um outro líquido.

376
Princípios de Hidráulica Básica

7.8.4. Fórmula de Flamant:

É uma fórmula que tem sido mais utilizada para tubulações de pequeno
diâmetro de ferro, aço ou aço galvanizado comuns em instalações prediais,
mesmo sendo de 1892.
Para PVC Rígido e água fria e para 16 mm ≤ D ≤ 160 mm e 0,1 ≤ V ≤ 4

Q1, 75
m/s: J = 0,000824 .
D 4,75
De uma maneira geral, a fórmula de Flamant pode ser posta sob a
forma:

4b V 7 Q1,75
J= ou J = 6,1045b 4, 75
D D D
Para PVC rígido e água fria, com diâmetros entre 10 e 1000 mm, tem-
se, segundo a TIGRE fabricante desses tubos: b = 0,000135.

Para diâmetros variando entre 10 e 1000 mm, tem-se:


Ferro ou aço novo e tubulação de concreto liso: b = 0,000185.
Ferro ou aço usado: b = 0,000230.
Canos de chumbo: b = 0,000140.
Cobre: b = 0,000130
PVC e plásticos: b = 0,000120

7.8.5. Fórmula de Manning:

Ao estudar os escoamentos em condutos livres (canais), Manning


afirmou que a velocidade média do escoamento e a vazão variam com a área A,
o raio hidráulico Rh e a declividade do fundo segundo as relações:
377
Princípios de Hidráulica Básica

1 23 1 2
V = Rh I o ou Q = ARh 3 I o
n n
Nessas equações n é o coeficiente de rugosidade de Manning, determinado para
cada tipo de superfície que reveste as paredes e o fundo dos canais.
Substituindo Io por J e lembrando que para os condutos de seção
circular Q = πD2/4 e que Rh = A/Pe = D/4, pode-se demonstrar que:

V2 2 Q
2
J = 6,3496n 1,333 e J = 10,2936n 5,333
2

D D

Nessas equações a dificuldade adicional fica por conta de se determinar


o valor da constante de Manning para os tubos. Daí constatar-se o pouco uso
das equações na previsão dos escoamentos em tubulações de seção circular.

Observações:
1. Observar que 6,3496 = 44/3 e 10,2936 = 410/3/π2;
2. O expoente do diâmetro na equação da velocidade é 1,333 = 4/3 e na
equação da vazão é 5,333 = 16/3.

7.8.6. Outras Fórmulas:

Fórmula de Scobey: para tubulações circulares em concreto.

Fórmula de Glauker-Strickler: para tubulações de concreto, ferro


fundido e aço soldado de maiores diâmetros.

378
Princípios de Hidráulica Básica

7.8.7. Gráficos e Tabelas:

Muitos fabricantes de tubos fornecem tabelas ou gráficos destinados a


calcular a perda de carga nos escoamentos em seus condutos. É o caso da Tigre,
Amanco ou Cia Metalúrgica Barbará.

Tabela de Perda de Carga para tubulações de PVC, fornecida pela EBARA Bombas
Submersas (Fabricante de bombas)
Perda de carga em 100 metros (m/100m) de tubulação retilínea
Vazão Diâmetro nominal
1" 1 1/4" 1 1/2" 2" 2 1/2" 3" 4" 5" 6"
(m3/h) Diâmetro Interno (mm)
26,6 34,8 40,0 50,6 65,6 78,4 103 128 148
1,0 1,49 0,42 0,22 0,07 0,02 --- --- --- ---
1,5 3,04 0,85 0,44 0,15 0,04 0,02 --- --- ---
2,0 5,02 1,40 0,72 0,25 0,07 0,03 --- --- ---
2,5 7,42 2,07 1,07 0,37 0,11 0,04 --- --- ---
3,0 10,21 2,85 1,47 0,53 0,15 0,06 0,02 --- ---
3,5 13,38 3,73 1,93 0,70 0,20 0,08 0,02 --- ---
4,0 16,90 4,72 2,43 0,90 0,25 0,11 0,03 --- ---
4,5 20,77 5,80 2,99 1,11 0,31 0,13 0,03 --- ---
5,0 24,97 6,97 3,60 1,35 0,38 0,16 0,04 --- ---
6,0 34,36 9,59 4,95 1,90 0,54 0,22 0,06 0,02 ---
7,0 45,00 12,56 6,48 2,52 0,71 0,30 0,08 0,03 ---
8,0 56,84 15,86 8,19 3,23 0,91 0,38 0,10 0,04 0,02
9,0 69,85 19,49 10,06 4,02 1,14 0,48 0,13 0,04 0,02
10,0 84,00 23,44 12,10 4,89 1,38 0,58 0,15 0,05 0,03
12,0 --- 32,25 16,64 6,85 1,93 0,81 0,21 0,07 0,04
14,0 --- 42,24 21,80 9,11 2,57 1,08 0,29 0,10 0,05
16,0 --- 53,35 27,53 11,67 3,30 1,38 0,37 0,13 0,06
18,0 --- 65,67 33,84 14,51 4,10 1,72 0,46 0,16 0,08
20,0 --- 78,84 40,69 17,64 4,98 2,09 0,55 0,19 0,09
Observações:
1. Para 1" e 1 1/2" perda de carga em tubos de PVC Akros/Fortilit e para tubos acima de 1
1/2" perda de carga em tubos de PVC Tigre;
2. As perdas de cargas foram calculadas pela fórmula de Flamant nas tubulações até 1
1/2" e pela fórmula de Hazen-Williams (com C = 130) para diâmetros acima de 1 1/2"

379
Princípios de Hidráulica Básica

Tabela de perda de carga em 100 metros de tubulação retilínea, de aço galvanizado,


baseada no Manual de Tubulações da empresa Tupy Tubos e Conexões, com
modificações e adapatações.
PERDA DE CARGA EM 100 METROS DE TUBULAÇÃO DE AÇO GALVANIZADO
J (m/100m)
Vazão Diâmetro Nominal (polegadas) Vazão

Diâmetro Interno (mm)


(L/s) 1/2" 3/4" 1" 1 1/4" 1 1/2" 2" 2 1/2" 3" 4" 5" 6" (L/s)

15,8 20,9 26,6 35 40,9 50,8 63,5 76,2 101,6 127 152,4
0,00 0,00 --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- 0,00
0,05 1,36 --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- 0,05
0,10 4,88 1,25 --- --- --- --- --- --- --- --- --- 0,10
0,15 10,33 2,65 --- --- --- --- --- --- --- --- --- 0,15
0,20 17,58 4,52 1,40 --- --- --- --- --- --- --- --- 0,20
0,25 26,55 6,83 2,11 --- --- --- --- --- --- --- --- 0,25
0,30 37,19 9,57 2,96 0,77 0,36 --- --- --- --- --- --- 0,30
0,35 49,45 12,73 3,94 1,03 0,48 --- --- --- --- --- --- 0,35
0,40 63,30 16,30 5,04 1,32 0,62 --- --- --- --- --- --- 0,40
0,45 78,69 20,27 6,27 1,64 0,77 --- --- --- --- --- --- 0,45
0,50 95,61 24,64 7,62 2,00 0,93 --- --- --- --- --- --- 0,50
0,55 114,03 29,39 9,09 2,38 1,11 --- --- --- --- --- --- 0,55
0,60 133,93 34,53 10,67 2,80 1,31 0,46 --- --- --- --- --- 0,60
0,65 155,28 40,05 12,38 3,24 1,51 0,53 --- --- --- --- --- 0,65
0,70 --- 45,94 14,20 3,72 1,74 0,61 0,21 --- --- --- --- 0,70
0,75 --- 52,20 16,13 4,23 1,97 0,69 0,23 --- --- --- --- 0,75
0,80 --- 58,82 18,18 4,76 2,23 0,78 0,26 0,11 --- --- --- 0,80
0,85 --- 65,81 20,34 5,33 2,49 0,87 0,29 0,12 --- --- --- 0,85
0,90 --- 73,15 22,61 5,93 2,77 0,97 0,33 0,14 --- --- --- 0,90
0,95 --- 80,86 24,98 6,55 3,06 1,07 0,36 0,15 --- --- --- 0,95
1,00 --- 88,91 27,47 7,20 3,37 1,18 0,40 0,17 0,04 --- --- 1,00
1,10 --- 106,07 32,77 8,59 4,02 1,41 0,47 0,20 0,05 --- --- 1,10
1,20 --- 124,61 38,50 10,09 4,72 1,66 0,56 0,23 0,06 --- --- 1,20
1,30 --- --- 44,64 11,71 5,48 1,92 0,65 0,27 0,07 --- --- 1,30
1,40 --- --- 51,21 13,43 6,28 2,20 0,74 0,31 0,08 --- --- 1,40
1,50 --- --- 58,18 15,26 7,14 2,50 0,84 0,35 0,09 --- --- 1,50
1,60 --- --- 65,56 17,20 8,05 2,82 0,95 0,39 0,10 --- --- 1,60

380
Princípios de Hidráulica Básica

PERDA DE CARGA EM 100 METROS DE TUBULAÇÃO DE AÇO GALVANIZADO


J (m/100m)
Vazão Diâmetro Nominal (polegadas) Vazão

Diâmetro Interno (mm)


(L/s) 1/2" 3/4" 1" 1 1/4" 1 1/2" 2" 2 1/2" 3" 4" 5" 6" (L/s)

15,8 20,9 26,6 35 40,9 50,8 63,5 76,2 101,6 127 152,4
1,70 --- --- 73,35 19,24 9,00 3,16 1,06 0,44 0,11 --- --- 1,70
1,80 --- --- 81,53 21,39 10,01 3,51 1,18 0,49 0,12 --- --- 1,80
1,90 --- --- 90,11 23,64 11,07 3,88 1,31 0,54 0,13 --- --- 1,90
2,00 --- --- 99,09 26,00 12,17 4,27 1,44 0,60 0,15 --- --- 2,00
2,10 --- --- 108,45 28,45 13,32 4,67 1,57 0,65 0,16 --- --- 2,10
2,20 --- --- 118,20 31,01 14,52 5,09 1,71 0,71 0,17 --- --- 2,20
2,30 --- --- 128,33 33,68 15,77 5,53 1,86 0,77 0,19 --- --- 2,30
2,40 --- --- 138,85 36,44 17,07 5,98 2,01 0,83 0,20 --- --- 2,40
2,50 --- --- 149,75 39,30 18,41 6,45 2,17 0,90 0,22 --- --- 2,50
2,60 --- --- --- 42,26 19,80 6,94 2,34 0,97 0,24 --- --- 2,60
2,70 --- --- --- 45,32 21,23 7,44 2,51 1,04 0,25 --- --- 2,70
2,80 --- --- --- 48,47 22,71 7,96 2,68 1,11 0,27 --- --- 2,80
2,90 --- --- --- 51,73 24,24 8,49 2,86 1,18 0,29 --- --- 2,90
3,00 --- --- --- 55,08 25,81 9,04 3,05 1,26 0,31 0,10 --- 3,00
3,20 --- --- --- 62,07 29,10 10,19 3,43 1,42 0,35 0,12 --- 3,20
3,40 --- --- --- 69,45 32,56 11,40 3,84 1,59 0,39 0,13 --- 3,40
3,60 --- --- --- --- 36,20 12,68 4,27 1,77 0,43 0,15 --- 3,60
3,80 --- --- --- --- 40,01 14,01 4,72 1,95 0,48 0,16 --- 3,80
4,00 --- --- --- --- 44,01 15,41 5,19 2,15 0,52 0,18 --- 4,00
4,50 --- --- --- --- 54,75 19,17 6,46 2,67 0,65 0,22 --- 4,50
5,00 --- --- --- --- 66,56 23,30 7,85 3,25 0,79 0,27 0,11 5,00
5,50 --- --- --- --- 79,43 27,79 9,36 3,87 0,94 0,32 0,13 5,50
6,00 --- --- --- --- 93,33 32,65 11,00 4,55 1,11 0,38 0,15 6,00
6,50 --- --- --- --- 108,27 37,87 12,76 5,28 1,29 0,44 0,18 6,50
7,00 --- --- --- --- 124,21 43,44 14,64 6,05 1,48 0,50 0,20 7,00
7,50 --- --- --- --- 141,16 49,37 16,64 6,88 1,68 0,57 0,23 7,50
8,00 --- --- --- --- 159,11 55,64 18,75 7,75 1,89 0,64 0,26 8,00
8,50 --- --- --- --- --- 62,25 20,98 8,67 2,11 0,72 0,29 8,50
9,00 --- --- --- --- --- 69,20 23,32 9,64 2,35 0,80 0,33 9,00

381
Princípios de Hidráulica Básica

PERDA DE CARGA EM 100 METROS DE TUBULAÇÃO DE AÇO GALVANIZADO


J (m/100m)
Vazão Diâmetro Nominal (polegadas) Vazão

Diâmetro Interno (mm)


(L/s) 1/2" 3/4" 1" 1 1/4" 1 1/2" 2" 2 1/2" 3" 4" 5" 6" (L/s)

15,8 20,9 26,6 35 40,9 50,8 63,5 76,2 101,6 127 152,4
9,50 --- --- --- --- --- 76,49 25,78 10,65 2,60 0,88 0,36 9,50
10,00 --- --- --- --- --- 84,11 28,35 11,71 2,85 0,97 0,40 10,00
10,50 --- --- --- --- --- 92,07 31,03 12,82 3,12 1,06 0,43 10,50
11,00 --- --- --- --- --- 100,35 33,83 13,97 3,40 1,16 0,47 11,00
11,50 --- --- --- --- --- 108,97 36,73 15,17 3,70 1,26 0,51 11,50
12,00 --- --- --- --- --- 117,90 39,75 16,41 4,00 1,36 0,56 12,00
12,50 --- --- --- --- --- 127,16 42,87 17,70 4,31 1,47 0,60 12,50
13,00 --- --- --- --- --- --- 46,10 19,03 4,64 1,58 0,64 13,00
13,50 --- --- --- --- --- --- 49,44 20,41 4,97 1,69 0,69 13,50
14,00 --- --- --- --- --- --- 52,89 21,83 5,32 1,81 0,74 14,00
14,50 --- --- --- --- --- --- 56,44 23,30 5,68 1,93 0,79 14,50
15,00 --- --- --- --- --- --- 60,10 24,80 6,04 2,05 0,84 15,00
16,00 --- --- --- --- --- --- 67,73 27,95 6,81 2,31 0,95 16,00
17,00 --- --- --- --- --- --- 75,79 31,27 7,62 2,59 1,06 17,00
18,00 --- --- --- --- --- --- 84,25 34,76 8,47 2,88 1,18 18,00
19,00 --- --- --- --- --- --- 93,13 38,42 9,36 3,18 1,30 19,00
20,00 --- --- --- --- --- --- 102,42 42,25 10,29 3,50 1,43 20,00
21,00 --- --- --- --- --- --- --- 46,24 11,26 3,83 1,56 21,00
22,00 --- --- --- --- --- --- --- 50,40 12,27 4,17 1,70 22,00
23,00 --- --- --- --- --- --- --- 54,72 13,33 4,53 1,85 23,00
24,00 --- --- --- --- --- --- --- 59,21 14,42 4,90 2,00 24,00
25,00 --- --- --- --- --- --- --- 63,85 15,55 5,29 2,16 25,00
26,00 --- --- --- --- --- --- --- 68,66 16,72 5,69 2,32 26,00
27,00 --- --- --- --- --- --- --- 73,63 17,93 6,10 2,49 27,00
28,00 --- --- --- --- --- --- --- 78,76 19,18 6,52 2,59 28,00
29,00 --- --- --- --- --- --- --- 84,04 20,46 6,96 2,78 29,00
30,00 --- --- --- --- --- --- --- 89,49 21,79 7,41 3,01 30,00
31,00 --- --- --- --- --- --- --- --- 23,15 7,87 3,20 31,00
32,00 --- --- --- --- --- --- --- --- 24,55 8,35 3,40 32,00

382
Princípios de Hidráulica Básica

PERDA DE CARGA EM 100 METROS DE TUBULAÇÃO DE AÇO GALVANIZADO


J (m/100m)
Vazão Diâmetro Nominal (polegadas) Vazão

Diâmetro Interno (mm)


(L/s) 1/2" 3/4" 1" 1 1/4" 1 1/2" 2" 2 1/2" 3" 4" 5" 6" (L/s)

15,8 20,9 26,6 35 40,9 50,8 63,5 76,2 101,6 127 152,4
33,00 --- --- --- --- --- --- --- --- 25,99 8,84 3,59 33,00
34,00 --- --- --- --- --- --- --- --- 27,46 9,34 3,80 34,00
35,00 --- --- --- --- --- --- --- --- 28,97 9,86 4,06 35,00
36,00 --- --- --- --- --- --- --- --- 30,53 10,38 4,28 36,00
37,00 --- --- --- --- --- --- --- --- 32,11 10,92 4,47 37,00
38,00 --- --- --- --- --- --- --- --- 33,74 11,48 4,69 38,00
39,00 --- --- --- --- --- --- --- --- 35,40 12,04 4,92 39,00
40,00 --- --- --- --- --- --- --- --- 37,09 12,62 5,16 40,00
42,00 --- --- --- --- --- --- --- --- --- 13,81 5,65 42,00
44,00 --- --- --- --- --- --- --- --- --- 15,06 6,15 44,00
46,00 --- --- --- --- --- --- --- --- --- 16,35 6,67 46,00
48,00 --- --- --- --- --- --- --- --- --- 17,69 7,21 48,00
50,00 --- --- --- --- --- --- --- --- --- 19,07 7,85 50,00
52,00 --- --- --- --- --- --- --- --- --- 20,51 8,44 52,00
54,00 --- --- --- --- --- --- --- --- --- 21,99 9,05 54,00
56,00 --- --- --- --- --- --- --- --- --- 23,53 9,68 56,00
58,00 --- --- --- --- --- --- --- --- --- 25,11 10,33 58,00
60,00 --- --- --- --- --- --- --- --- --- 26,73 11,00 60,00
62,00 --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- 11,69 62,00
64,00 --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- 12,40 64,00
66,00 --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- 13,12 66,00
68,00 --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- 13,87 68,00
70,00 --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- 14,63 70,00
72,00 --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- 15,42 72,00
74,00 --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- 16,22 74,00
75,00 --- --- --- --- --- --- --- --- --- --- 16,63 75,00

383
Princípios de Hidráulica Básica

Cia Metalúrgica Bárbara


Perda de Carga para tubos de ferro fundido com revestimento interno em argamassa de
cimento centrifugada ou com proteção por tinta a base de betume.
Perda de carga (m/km)
Velocidade
Diâmetro nominal (mm)
(m/s)
50 75 100 150 200
0,30 2,87 1,71 1,19 0,72 0,50
0,50 7,35 4,40 3,06 1,85 1,30
0,80 17,72 10,62 7,41 4,48 3,14
1,00 27,05 16,21 11,31 6,84 4,80
1,20 38,30 22,96 16,03 9,69 6,80
1,50 58,77 35,25 24,61 14,89 10,45
1,70 74,82 44,88 31,33 18,96 13,31
2,00 102,48 61,48 42,93 25,98 18,24
2,20 123,31 73,99 51,66 31,26 21,95
2,50 158,15 94,89 66,26 40,10 28,16
2,70 183,76 110,27 77,00 46,61 32,73
3,00 225,77 135,48 94,61 57,27 40,21
2
Áreas (m )
0,001963 0,004418 0,00790 0,0177 0,0314
Observação:
1. Reprodução apenas de parte da tabela, para efeitos
didáticos;
2. As perdas de cargas para outros diâmetros existem na
tabela original da Bárbara;
3. Valores correspondem aos cálculos pela fórmula
universal com uma rugosidade absoluta equivalente igual
a 0,1 mm.

7.9. CONDUTOS DE SEÇÃO DE FORMA QUALQUER

Quando o conduto tem uma seção geométrica que difere da forma


circular, a distribuição das tensões cisalhantes pode não ter simetria e o efeito da
forma na seção transversal passa a influir bastante nos parâmetros do
escoamento, afetando o fator de atrito, principalmente. Isso é explicado pelo
desenvolvimento de escoamentos secundários que levam a uma distribuição de
velocidades que não possui simetria, com as tensões cisalhantes na parede sendo
menores nos cantos que na média do perímetro.

384
Princípios de Hidráulica Básica

Para tratar analiticamente os escoamentos de seções não circulares é


admitido que a tensão cisalhante média que se desenvolve ao longo do
perímetro molhado seja do tipo:
τ o = γ .Rh .J
Se adotarmos τ o = γ .Rh .J , o valor do fator de atrito, f, diferirá do que

foi estabelecido para condutos de seção circular, dependendo da forma da seção


transversal do escoamento.
Da comparação das equações anteriores, tem-se:

ρ . f .V 2 ρ . f .V 2
γ .Rh .J = , de forma que J =
8 8γ .Rh
Como γ = ρ.g, a expressão de J fica sendo:

f .V 2
J=
4.Rh .2.g
Finalmente, tem-se:

1 V2
J= f
4 Rh 2 g
A equação anterior é semelhante à da fórmula universal da perda de
carga, diferindo apenas pelo fato de aparecer o fator 4Rh no lugar do diâmetro,
D, no denominador da equação. Devido a tal fato, define-se o diâmetro
hidráulico, Dh como sendo:
Dh = 4.Rh.

O diâmetro hidráulico é o diâmetro equivalente ao de uma seção


circular que tenha a mesma perda de carga da seção não circular. Lembre-se que
para a seção circular, Dh = 4.A/Pe = 4.(π.D2/4)/(πD) = D, ou seja o diâmetro
hidráulico é o próprio diâmetro da seção circular.
Com tal raciocínio, a fórmula universal da perda de carga em tubos de
seção circular pode ser empregada para cálculos com a seção não circular. Para
385
Princípios de Hidráulica Básica

tanto, basta determinar o diâmetro hidráulico da seção não circular, de forma


que a perda de carga unitária seja:

1 V2
J= f .
Dh 2 g
A perda de carga total no comprimento L de tubo será:

L V2
hp = f
Dh 2 g
No caso discutido, o fator de atrito pode ser determinado pelo diagrama
de Moody ou pelas fórmulas já apresentadas para a perda de carga em condutos
de seção circular. Nesse caso basta considerar que o número de Reynolds seja
dado por:
VDh V .4 Rh
Re = =
ν ν
ε ε
A rugosidade relativa, por sua vez, será dada por: = .
D Dh

EXEMPLO 1:
Calcular a perda de carga esperada para o escoamento uniforme em um
tubo de aço soldado, de seção semicircular, de diâmetro 1,0 m e comprimento
de 100 m, quando a vazão for decorrente do estabelecimento de uma velocidade
média igual a 2,20 m/s. O conduto tem fundo plano.

386
Princípios de Hidráulica Básica

SOLUÇÃO
Consultando as tabelas da rugosidade relativa encontra-se ε = 0,08 mm.
Dados: D = 1,00 m; L = 100,0 m; V = 2,20 m/s
Área: A = π.D2/4/2 = π.1,02/8 = 0,3927 m2.
Perímetro: Pe = D + π.D/2 = 2,5708 m.
Raio hidráulico: Rh = A/Pe = 0,3927/2,5708 = 0,1528 m.
Cálculo do diâmetro hidráulico: Dh = 4.Rh = 4. 0,1528 = 0,611 m.
Número de Reynolds: Re = V.Dh/ν = 2,2x0,611/(1x10-6) = 1,34x106.
Rugosidade relativa: ε/Dh = 0,08/611 = 0,000 13.
Pelo ábaco de Moody, com o número de Reynolds calculado, encontra-se o
fator de atrito: f = 0,0136.

L V2 100 2,202
A perda de carga será: hp = f = 0,0136. .
Dh 2 g 0,611 2 x9,807
Logo: hp = 0,5935 m ou J = 0,005935 m / 100m.

EXEMPLO 2:
A água escoa por uma tubulação de aço com costura (e = 0,2 mm), de
seção retangular medindo 20 mm de largura por 30 mm de altura, de 24,0 m de
comprimento, a uma vazão de 1,2 l/s. Pede-se: a) a perda de carga esperada na
tubulação; b) Supondo que a tubulação seja horizontal e termine em uma
descarga livre, qual a pressão 24 m antes dessa descarga?
SOLUÇÃO
Dados: e = 0,2 mm; b = 20 mm e h = 30 mm
Q = 1,2 l/s = 0,0012 m3/s e L = 24,0 m
a) Área: A = 0,020m x 0,030m = 0,000 6 m2.
Perímetro: Pe = 2x0,02 + 2x0,03 = 0,100 m.
Raio hidráulico: Rh = A/Pe = 0,000 6/0,10 = 0,006 m.
Diâmetro hidráulico: Dh = 4xRh = 4x0,006 = 0,0240 m.
387
Princípios de Hidráulica Básica

Velocidade média: V = Q/A = 0,0012/0,0006 = 2,000 m/s.


Número de Rynolds; Re = VDh/ν = 2,000x0,0240/1x10-6 = 4,80x104.
Rugosidade relativa: ε/Dh = 0,2/24 = 0,0083
Fator de atrito pelo Ábaco de Moody: f = 0,0370

L V2 24 2,0002
Perda de carga: hp = f = 0,0370. ou hp = 7,554 m
Dh 2g 0,024 2.9,807

V12
p1 p2 V22
b) equação de Bernoulli: z1 + + = z2 + + +h
γ 2g γ 2g p
Como a seção transversal do escoamento é constante, V1 = V2.
Tubulação horizontal: z1 = z2 = 0 se o plano horizontal de referência passa pelo
eixo da tubulação.
Saída livre: p2 = patm = 0.
p1
0+ = 0 + 0 + hp . Assim, p1 = γ.hp = 1000x9,807x7,554 = 74 082 Pa.
γ

388
Princípios de Hidráulica Básica

7.10. PROBLEMAS HIDRAULICAMENTE DETERMINADOS NO


ESC. TURBULENTO

Sabe-se que:
Q = A V e J = ϕ (Q, D, material )

Sendo:
J = declividade da linha de energia ou a perda de carga unitária (m/m);
Q = vazão na tubulação;
V = velocidade média de escoamento da água;
D = diâmetro da tubulação e
Material = material da tubulação.

O problema é dito hidraulicamente determinado quando possui uma


solução única quando consideradas as equações da continuidade e do
movimento. Caso contrário é dito hidraulicamente indeterminado.
As equações empregadas na sua solução serão:
1,85
8 f Q2 10,643  Q 
Q = A V, J = 2 e J=  
π gD 5
D 4,87  C 
ou outra equação da resistência.

Os seguintes casos podem ser encontrados:

I. Problema direto: dados Q e D calcular J e V


ou dados V e D calcular J e Q.

Exemplo 1:
Seja dado: Q = 800 l/s, D = 500 mm e material de C = 100.
389
Princípios de Hidráulica Básica

Calcular V e J.
Resposta: V = 4,074 m/s e J = 0,0411 m/m
======================

Exemplo 2:
Dados: material de C = 120, D = 450 mm e V = 2,5 m/s
Calcular Q e J.
Resposta: Q = 397,6 l/s e J = 0,0134 m/m

II. Dados J e D calcular Q e V

Exemplo 3:
Dado J = 0,020 m/m, D = 200 mm e material de C = 90.
Calcular Q e V.
Resposta: Q = 0,0437 m3/s e V = 1,392 m/s

III. Dados J e Q (ou V) calcular D e V (ou Q)

Exemplo 4:
Dados material de C = 90, Q = 350 l/s e J = 0,020 m/m
Calcular D e V.
Resposta: D = 0,4407 m e V = 2,294 m/s
=========================

Exemplo 5:
Dados material de C = 120, V = 3,00 m/s e J = 0,050 m/m
Calcular D e Q.
1,85
6,807  V 
Escrever J em função de V: J = 1,17  
D C 
Resposta: D = 0,1953m e Q = 0,0899 m3/s.

390
Princípios de Hidráulica Básica

IV. Dados Q e V calcular D e J


Exemplo 6:
Dados o material de C = 100, Q = 1200 l/s e V = 1,00 m/s
Calcular D e J.
Resposta: D = 1,236 m e J = 0,0011 m/m

Exercício de aplicação:
Dimensionar uma tubulação de ferro fundido novo (C = 125), de 1 450
m de comprimento, destinada a escoar uma vazão de 25 m3/h, quando sujeita a
uma perda de carga de 70 m de coluna de água.
Solução
Considerando o diâmetro D constante: hp = 70 m.

hp 70
A perda de carga unitária deverá ser: J = = = 0,0483 m/m.
L 1450
1,85
10,643  Q 
Pela fórmula de Hazen-williams: J =  
D 4,87  C 
Então:
1
10,643  25 / 3600 
1,85
 10,643  Q 1,85  4 ,87

0,0483 = 4,87   , o que dá D =    


D  125   0,0483  C  
logo
D = 0,0732 m ou D cerca de 73,2 mm.
Como tal diâmetro não existe no comércio, deve-se usar um tubo comercial de
diâmetro mais próximo, no caso de 76,2 mm (3”). Nesse caso, como o diâmetro
é ligeiramente maior que o calculado, nota-se que a vazão será maior.
Refazendo os cálculos para a nova vazão, encontra-se 27,8 m3/h, sob a mesma
perda de carga.

391
Princípios de Hidráulica Básica

8. PERDA DE CARGA LOCALIZADA

8.1. INTRODUÇÃO

Na maioria dos casos, o transporte de líquidos se dá através de


tubulações sob pressão, formadas pela união de tubos de eixo retilíneo e de
acessórios de diversas naturezas, tais como:
• Válvulas e registros
• curvas e cotovelos
• derivações
• ampliações e reduções
• conexões diversas

Esses acessórios provocam alteração na direção ou no módulo da


velocidade média do escoamento, com consequente alterações locais da pressão
localmente e maior dissipação de energia por atrito. Esse fato gera um
acréscimo de turbulência que, por sua vez, gera uma perda de energia localizada
em trechos curtos e que difere da perda de energia que ocorre nos trechos
retilíneos e longos da tubulação. Essas perdas de energia em pequenos trechos
dos escoamentos em tubulações são denominadas de perdas de carga
localizadas, menores, acidentais ou singulares.
Não existe um tratamento analítico para determinação das perdas de
cargas localizadas na maioria dos acessórios instalados nas tubulações o que
obriga a busca de auxílio nas investigações experimentais para a determinação
da perda de carga.
Deve ser observado que a presença do acessório na tubulação altera as
condições do escoamento não apenas em um ponto, porém em uma região que
considera-se muito pequena quando comparada com o comprimento total da
tubulação. A influência do acessório sobre a linha de energia se faz sentir tanto
392
Princípios de Hidráulica Básica

a montante quanto a jusante do ponto onde está instalado o mesmo. A figura 01


mostra, a título de exemplo, um caso particular de escoamento em um
estrangulamento da seção do escoamento em um tubo, com as linhas de corrente
e a linha de energia.

Fig. 01 - Perda de carga localizada em um estreitamento de seção.

Quando as perdas de carga localizadas são analisadas


experimentalmente, para cada geometria de escoamento, verifica-se que elas são
proporcionais à carga de velocidade, o que pode ser visto no gráfico da Figura
02.

Fig. 02 – Variação do coeficiente de perda de carga localizada


com a carga cinética.

393
Princípios de Hidráulica Básica

Dessa forma, como a variação é linear, as perdas de carga localizadas,


hl, podem ser calculadas através da expressão geral

V2
hl = K
2g
onde K é um coeficiente experimental denominado coeficiente de perda de
carga localizada, sendo dependente da mudança de velocidade, da geometria do
escoamento, do diâmetro da tubulação, da rugosidade absoluta do material, do
número de Reynolds, dentre outros parâmetros. A influência da rugosidade do
material e do número de Reynolds podem ser desprezadas em alguns casos
práticos. O valor de K é determinado experimentalmente e tabelado para os
diversos casos.
Observa-se que apesar de K variar com o número de Reynolds, ele
tende para um valor constante quando esse número se torna elevado,
principalmente quando o número de Reynolds fica maior que 50.000. A figura
seguinte ilustra, genericamente, tal variação.

Fig. XX – Variação do coeficiente de perda de carga localizada com o


número de Reynolds

Para condutos circulares, a equação da perda de carga localizada pode


ser expressa em função da vazão, da seguinte maneira:

394
Princípios de Hidráulica Básica

8 Q2
hl = K
π 2g D4

Nos próximos itens, será visto em detalhes, alguns casos de cálculo da


perda de carga localizada em alguns tipos de escoamentos comuns na prática.

8.2. PERDA DE CARGA LOCALIZADA EM ALARGAMENTO BRUSCO

Os alargamentos ou expansão ocorrem no caso da união entre


tubulações de diâmetros diferentes, sendo que o diâmetro da tubulação seguinte
maior que o da anterior. Se a mudança da área do escoamento ocorre
abruptamente, denomina-se de alargamento brusco ou expansão brusca. Nesse
caso a velocidade V1 na tubulação de área A1 irá diminuir até atingir o valor V2
da velocidade na tubulação de área A2. O escoamento é desacelerado, fazendo
aparecer um gradiente de pressão positivo com separação do escoamento,
formando grandes regiões de recirculação, turbulentas, nas proximidades do
alargamento, conforme ilustrado na figura xx.

Fig. xx - Escoamento através de uma expansão brusca.

395
Princípios de Hidráulica Básica

No tubo 1 o escoamento é desenvolvido de velocidade V1 > V2;


AB – linhas de corrente são divergentes com a velocidade diminuindo até atingir
o valor V2 do escoamento desenvolvido na tubulação de área A2.
BC – escoamento desenvolvido de velocidade V2.
Observar a recuperação da pressão entre A e B,em decorrência da diminuição
velocidade média.
A dedução de uma equação para o cálculo da perde de carga localizada
nos alargamentos bruscos, nos escoamentos turbulentos, é devida a Borda
(1733-1799), considerando-se que o líquido está estagnado na região de
recirculação e que não haja perde de energia por atrito nas paredes. É possível
equacionar o escoamento, pela aplicação do teorema da quantidade de
movimento, a equação da energia e a equação da conservação da massa entre as
seções que definem o alargamento brusco.

Fig. xx - Esquema do volume de controle na expansão brusca.

Considerando a segunda lei de Newton, tem-se:

∑F x = ma ==> p1 A1 + p1 ( A2 − A1 ) − p2 A2 = ρQ (V2 − V1 ) ou

396
Princípios de Hidráulica Básica

( p1 − p2 )A1 = ρQ(V2 − V1 ) ................. 1

A equação de Bernoulli entre os dois pontos pode ser escrita como:

V12
p1 p2 V22
z1 + + = z2 + + + hl
γ 2g γ 2g
p1 − p2 V22 − V12
Se z1 = z2 ==> = + hl então
γ 2g

p1 − p2 V22 − V12
hl = − ....................... 2
γ 2g
Eliminando p1 - p2 das equações 1 e 2 e aplicando a equação da continuidade tal
que A1.V1 = A2.V2, tem-se que a perda de carga resultante será:
2
V2  A 
hl = 1 1 − 1  .
2 g  A2 
essa equação é denominada de equação de Borda-Carnot para a perda de carga
localizada em expansões.
Fazendo-se, nesse caso,
2
 A 
K a = 1 − 1  .
 A2 
Observar que, nesse caso, o coeficiente de perda de carga localizada
pode ser determinado analiticamente à partir das áreas da seção transversal das
duas tubulações que formam a expansão brusca, tornando-se muito próximo dos
valores encontrados experimentalmente, principalmente para escoamentos com
número de Reynolds superiores a 3500. Alguns pesquisadores têm propostos
coeficientes de correção para o valor de Ka determinado pela equação de Borda-
Carnot, tendo-se em vista que determinações experimentais têm resultado em
valores ligeiramente maiores que os previstos pela equação anterior, razão pela
qual muitos autores preferem utilizar tais valores experimentais.

397
Princípios de Hidráulica Básica

Finalmente tem-se a seguinte equação para se calcular a perda de carga


localizada em uma expansão brusca:

V12
hl = K a
2g
Quando os coeficientes de Coriolis, α, e de Boussinesq, β, forem
diferentes de 1, Ka pode ser calculado por:
2
A  A
K a =  1  + α − 2 β 1
 A2  A2

26
No escoamento laminar, para Re < 10: K a = .
Re
Se 10 < Re < 3500: ver tabela seguinte, proposta por A. Lencastre em
seu livro Hidráulica Geral.

Tabela do coeficiente de perda de carga localizada para expansão brusca.


Valores do número de Reynolds
A1/A2
10 15 20 30 40 50 100 200 500 1000 2000 3000 3500
0,1 3,10 3,20 3,00 2,40 2,15 1,95 1,70 1,65 1,70 2,00 1,60 1,00 0,81
0,2 3,10 3,20 2,80 2,20 1,85 1,65 1,40 1,30 1,30 1,60 1,25 0,70 0,64
0,3 3,10 3,10 2,60 2,00 1,60 1,40 1,20 1,10 1,10 1,30 0,95 0,60 0,50
0,4 3,10 3,00 2,40 1,80 1,50 1,30 1,10 1,00 0,85 1,05 0,80 0,40 0,36
0,5 3,10 2,50 2,30 1,65 1,35 1,15 0,90 0,75 0,65 0,90 0,65 0,30 0,25
0,6 3,10 2,70 2,15 1,55 1,25 1,05 0,80 0,60 0,40 0,60 0,50 0,20 0,16

8.2.1. Perda de Carga Localizada em um Difusor


Um caso particular das expansões ocorre quando a mudança de área é
gradual ou suave. Nesse caso tem-se o que se denomina de difusor,
caracterizado pelo ângulo α. Tal peça é muito comum nas saídas das bombas
centrífugas, para recuperação de pressão. Para os difusores, a perda de carga
localizada é calculada pela equação:

398
Princípios de Hidráulica Básica

V12 − V22
hl = K d
2g

Fig. XX – Difusor de ângulo α.

O valor de Kd é tabelado em função do ângulo do difusor, para seções


circulares, conforme tabela xx.

α 10º 20º 30º 40º


Kd 0,39 0,80 1,00 1,06

8.2.2. Perda de Carga Localizada na Saída de uma Tubulação

Quando uma tubulação descarrega um líquido em um reservatório,


ficando submersa, diz-se que temos uma saída de tubulação afogada. Nesse caso
o escoamento da água, ao encontrar a massa de água do reservatório, será
expandido, ocorrendo uma consequente perda de carga. Considera-se que a área
da tubulação é A1 = A e que a área do reservatório é muito grande, A2 =∞,
portanto trata-se de um caso especial de expansão brusca, com A1/A2 = 0, V2 = 0
e V1 =V. Nesse caso a perda de carga localizada na saída da canalização será
dada por:

V2
hl = K s , onde Ks = 1,0.
2g

399
Princípios de Hidráulica Básica

Quando a tubulação descarrega a sua vazão para a atmosfera, diz-se que


a saída é livre. Nesse caso a perda de carga localizada torna-se desprezível,
restando computar nas equações a carga cinética, ver figura xx.

Figura xx - Coeficiente usual de perda de carga na saída de tubulações


afogadas e livres.

8.3. PERDA DE CARGA LOCALIZADA EM CONTRAÇÃO BRUSCA

Quando as tubulações de diferentes diâmetros são unidas entre si, pode


ocorrer o caso da redução brusca, fazendo com que a tubulação tenha,
repentinamente, a sua seção transversal reduzida, o que provoca um aumento da
velocidade, tornando o escoamento acelerado em um pequeno trecho. Nesse
trecho aparece uma perda de energia extra, devido às alterações no valor da
velocidade do escoamento, denominada de perda de carga localizada na
contração brusca.

Fig. XX – Perda de carga localizada em contração brusca.


400
Princípios de Hidráulica Básica

AB – escoamento desenvolvido de velocidade média V1.


BC – escoamento acelerado (aumento da velocidade média). Velocidade
aumenta até a veia contraída, ficando maior que V2. Formação de zona
morta. Formação de região de recirculação.
CD – escoamento desacelera até atingir a velocidade V2 do escoamento
desenvolvido no trecho de área A2.
DE – escoamento desenvolvido de velocidade média V2.

As perdas ocorrem, principalmente, na passagem entre o início da seção


contraída que se forma logo em seguida à entrada da tubulação, de área Ac e a
seção de área A2, seguinte, após haver a expansão da veia fluida. Para a
contração brusca, a perda de carga será dada por:

V2
hl = K c
2g
Uma das formas de se fornecer o valor de Kc é em função das
velocidades ou do número de Reynolds e da relação A2/A1 ou D2/D1, conforme a
tabela xx:

Tabela xx – Coeficientes de perda de carga localizada para contração


brusca em função da relação de diâmetros da tubulação.
V2 (m/s) D2/D1
0,0 0,1 ... 0,9
1,0 0,49 0,49 ... 0,03
2,0 0,48 0,48 ... 0,04
3,0 0,47 0,46 ... 0,04
6,0 0,44 0,43 ... 0,05
... ... ... ... ...
12,0 0,38 0,36 ... 0,06

O Prof. Rodrigo Porto no seu livro de Hidráulica Básica apresenta uma


tabela que permite obter o valor de Kc em função da relação das áreas, tabela xx.

401
Princípios de Hidráulica Básica

Tabela xx - Coeficiente de perda de carga localizada para contração brusca no


escoamento turbulento.
A2/A1 0 0,1 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0
Ks 0,50 0,46 0,41 0,36 0,30 0,24 0,18 0,12 0,06 0,02 0,0

Segundo A. Lencastre, se 1< Re < 8, tem-se Kc = 27/Re. Se 10 ≤ Re ≤


10.000, Kc será dado pela tabela:

Tabela do coeficiente de perda de carga localizada, Kc, para contração brusca, com
Re ≥ 10.
Valores do número de Reynolds
A 1/
A2 10 20 30 40 50 100 200 500 1000 2000 4000 5000 104 >104
0,1 5,0 3,20 2,40 2,00 1,80 1,30 1,04 0,82 0,64 0,50 0,80 0,75 0,50 0,45
0,2 5,0 3,10 2,30 1,84 1,62 1,20 0,95 0,70 0,50 0,40 0,60 0,60 0,40 0,40
0,3 5,0 2,95 2,15 1,70 1,50 1,10 0,85 0,60 0,44 0,30 0,55 0,55 0,35 0,35
0,4 5,0 2,80 2,00 1,60 1,40 1,00 0,78 0,50 0,35 0,25 0,45 0,50 0,30 0,30
0,5 5,0 2,70 1,80 1,46 1,30 0,90 0,65 0,42 0,30 0,20 0,40 0,42 0,25 0,25
0,6 5,0 2,60 1,70 1,35 1,20 0,80 0,56 0,35 0,24 0,15 0,35 0,35 0,20 0,25

As perdas de cargas localizadas em contrações que não sejam bruscas


dependem da forma da transição entre as áreas A1 e A2. Em transições suaves, o
valor de Kc pode ser tão baixo quanto 0,01 ou até mesmo 0,005, proporcionando
perda de carga localizada desprezível. Assim diversos casos podem ser
estudados. Ver detalhes em A. Lencastre.

8.3.1. Perda de Carga Localizada em um Redutor

Quando a peça que une as duas tubulações de diferentes diâmetros


forma uma gradual desde a área A1 até a área A2, tem-se um redutor. Um caso de
aplicação dos redutores é na entrada das bombas hidráulicas centrífugas.

402
Princípios de Hidráulica Básica

Fig. XX – redutor de área de ângulo α.

Nesse caso, o coeficiente de perda de carga localizada no redutor é fornecido


em função do ângulo do redutor e a perda de carga é calculada pela equação
geral colocada na forma:

V22 − V12
hl = K r
2g
Tabela xx - Kc para um redutor.
α 10º 20º 30º 40º
Kr 0,20 0,28 0,32 0,35

8.3.2. Perda de Carga Localizada na Entrada das Tubulações

É um caso especial de perda de carga localizada devida a uma


contração, quando o escoamento passa de um reservatório para uma tubulação
de área bem menor. Denomina-se perda de carga na entrada de tubulações.
Nesse caso a razão de contração A2/A1 ou (D2/D1) nos casos de condutos
circulares é nula, visto que A1 é muito maior que A2,conforme ilustrado na
figura xx.
Aqui a perda de carga localizada é dada por:

V2
hl = K e
2g
Nesse caso o Ke depende do tipo da entrada da tubulação no reservatório
e do ângulo do seu eixo com a parede do reservatório, sendo classificada em

403
Princípios de Hidráulica Básica

entrada com aresta viva ou entrada normal, entrada saliente ou reentrante ou


entrada com borda arredonda. No caso da tubulação ser perpendicular à parede
do reservatório, a figura xx ilustra os valores do coeficiente de perda de carga.

Figura xx - Coeficiente de perda de carga na entrada das tubulações.

O caso da entrada normal é o mais comum e o valor do coeficiente de


perda de carga pode variar desde 0,38 até 0,50, dependendo da forma da união
da tubulação com o reservatório e dependendo dos valores da velocidade. É
usual adotar-se o valor Ke = 0,50 para tal caso, na falta de maiores informações.
Quando o eixo da tubulação, de entrada normal, faz um ângulo θ com a
parede do reservatório, a fórmula de Weibach, permite uma boa estimativa de
Kc, de forma que:
K c = 0,50 + 0,30 cos θ + 0,20 cos 2 θ

No caso do eixo da tubulação ser normal à parede do reservatório e com


entrada saliente, o valor de Ke irá depender da espessura da parede do tubo, e, e
do comprimento da parte que adentra-se ao reservatório, l, conforme ilustrado
na Fig. xx. É usual adotar-se Ke = 1,0. A. Lencastre apresenta uma tabela para
esse caso, para tubulações com aresta viva, reproduzida na tabela xx.

404
Princípios de Hidráulica Básica

Fig. xx - Tubulação reentrante, de espessura e e saliência de comprimento l.

Tabela xx - Coeficiente de perda de carga localizada para entrada de


tubulação reentrante, Kc.
l/D
e/D
0,000 0,005 0,010 0,050 0,020 0,30 >0,30
0,000 0,50 0,63 0,68 0,80 0,92 0,97 1,00
0,004 0,50 0,58 0,63 0,74 0,86 0,90 0,94
0,008 0,50 0,55 0,58 0,68 0,81 0,85 0,88
0,012 0,50 0,53 0,55 0,63 0,75 0,79 0,83
0,016 0,50 0,51 0,53 0,58 0,70 0,74 0,77
0,020 0,50 0,51 0,52 0,55 0,66 0,69 0,72
0,024 0,50 0,50 0,51 0,53 0,62 0,65 0,68
0,030 0,50 0,50 0,51 0,52 0,57 0,59 0,61
0,040 0,50 0,50 0,51 0,51 0,52 0,52 0,54
0,050 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50
>0,050 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50 0,50

No caso de condutos de seção não circular, é comum substituir o


diâmetro D das tabelas por 4Rh e prosseguir com os cálculos normalmente.

405
Princípios de Hidráulica Básica

8.4. PERDA DE CARGA LOCALIZADA EM CURVAS

Nas curvas, o valor da velocidade média não muda, quer na entrada,


quer na saída. O que muda é a direção do escoamento formado e a forma do
perfil de velocidades. De qualquer forma aparecerá uma perda de carga
localizada devida à alteração na direção do escoamento, que será tanto maior
quanto mais brusca for a mudança de direção. As curvas são caracterizadas pelo
diâmetro da tubulação que originou a curva e pelo raio de curvatura do eixo da
tubulação, r, conforme ilustrado na figura xx.

Fig. xx - Perda de carga localizada em uma curva de raio r e diâmetro D.

Uma curva causa uma perturbação significativa no escoamento com


aumento da pressão e da velocidade na sua parte externa e diminuição da
pressão e da velocidade na sua parte interna. Tais diferenças de pressão causam
uma alteração na forma do escoamento, fazendo aparecer dois grandes vórtices
no plano da seção transversal da curva, que causa influência a uma distância
significativa a jusante da curva. Dependendo do caso, a influência pode ser
observada a até 50D do final da curva. Esses efeitos manifestam-se claramente
na perda de carga nas curvas.

Parte interna da curva: v' e p'.


Parte externa da curva: v'' > v' e p'' > p'.
406
Princípios de Hidráulica Básica

A perda de carga é função de r, de D e do ângulo da curva, podendo ser


posta na forma:

V2
hl = K c
2g
O valor de Kc é tabelado para o ângulo de curvatura, para o material da
curva e para o raio de curvatura, conforme pode ser visto na tabela xx.

Tabela xx - Coeficiente de perda de carga localizada para curva 90º e aço


galvanizado.
r/D 1,0 2,0 4,0 6,0 10 16 20
Kc 0,35 0,19 0,17 0,22 0,32 0,38 0,42

Um engano bastante comum é achar-se que se o raio da curva aumenta,


também aumenta o coeficiente de perda de carga. Verificar que se o raio
aumenta Kc pode diminuir até um valor de r/D próximo de 5,0. Se o raio de
curvatura continuar crescendo, Kc irá aumentar.
A. Lencastre apresenta uma tabela para Kc para curvas a 90º, com tubos
de seção circular, em função do raio da curva medido no eixo do conduto e da
velocidade média do escoamento. Parte da tabela está apresentada na tabela xx.

Tabela xx - Valores do coeficiente de perda de carga para curvas 90º, de seção circular
r V (m/s)
(m) 0,60 0,90 1,20 1,50 1,80 2,10 2,40 3,00
0,00 1,03 1,14 1,23 1,30 1,36 1,42 1,46 1,54
0,08 0,46 0,51 0,55 0,58 0,60 0,63 0,65 0,69
0,15 0,31 0,34 0,36 0,38 0,40 0,42 0,43 0,46
0,30 0,21 0,23 0,25 0,26 0,28 0,29 0,30 0,31
0,60 0,19 0,21 0,22 0,23 0,24 0,25 0,26 0,28
0,90 0,18 0,20 0,22 0,23 0,24 0,25 0,26 0,27
1,20 0,18 0,20 0,21 0,23 0,23 0,25 0,26 0,27
1,50 0,18 0,20 0,21 0,22 0,23 0,24 0,25 0,27
1,80 0,18 0,19 0,21 0,22 0,23 0,24 0,25 0,26
407
Princípios de Hidráulica Básica

Lançados em gráfico, apresentado na figura xx, fica clara a grande


variação do Kc para curvas de raio muito curto.

Curvas 90°, seção circular


2,5
Coeficiente de perda de Carga, Kc r=0,0 m

2,0 r=0,0
r=0,08
1,5 r=0,15
r=0,30
1,0
r=0,08 m r=0,60
0,5 r=0,15 m r=0,90
r=0,30 m r=1,50
0,0 r=0,60-1,2 m
0 5 10 15 r=1,20
Velocidade Média (m/s)

Figura xx - Gráfico de Kc com a velociade média dos escoamentos, para diferentes raios
de curvatura de tubulações de seção circular.

Observar que as curvas vão se tornando muito próximas à partir do raio


0,30m. Os valores de Kc para curvas de seção não circular podem ser
encontrados na bibliografia especializada.
Quando a curva tem ângulo diferente de 90°, o coeficiente de perda de
carga deve ser avaliado em função desse ângulo.

408
Princípios de Hidráulica Básica

Fig. xx - Esquema de curva com ângulo α.


No caso de curvas contínuas, Rodrigo Porto propõe a seguinte equação
para avaliação do coeficiente de perda de carga, Kc, para a curva:
−3, 5
 r  α
K c = 0,13 + 0,16  
  D   180°

8.5. PERDA DE CARGA LOCALIZADA EM VÁLVULAS

As válvulas são peças instaladas para controlar ou bloquear a passagem


de um fluido, através da introdução de uma perda de carga localizada. Nesse
caso, a perda de carga localizada é calculada pela fórmula tradicional:

V2
hl = K v
2g
O valor de Kv é tabelado para os diversos tipos de válvulas existentes,
conforme tabela seguinte.

Tabela xx - Coeficiente de perda de carga localizada para diversos tipos de válvulas.


Gaveta Globo Retenção (aberta) rotativa
Tipo
(aberta) (aberta) portinhola esfera pistão (aberta)
Kv 0,15 10,0 2,5 70 12,0 10,0

8.5.1. Caso do Registro de Gaveta


Especialmente no caso dos registros de gaveta, é possível determinar
um valor do coeficiente de perda de carga localizada para cada grau de
fechamento da gaveta que forma o registro. A Fig. xx ilustra os elementos
envolvidos.

409
Princípios de Hidráulica Básica

Fig. xx - Esquema de registro de gaveta.

A perda de carga é calculada pela equação geral, com os coeficientes de


perda de carga localizada determinados experimentalmente para os diferentes
graus de fechamento, conforme mostrado na tabela xx.

Tabela xx - Coeficiente de perda de carga localizada para registro de gaveta


para diversos graus de fechamento.
0 0,250 0,375 0,50 0,625 0,750 0,875 1,00
a/D
0 1/4 3/8 1/2 5/8 3/4 7/8 1/1
Krg 0,15 0,26 0,81 2,06 5,52 17,0 97,8 ∞

8.5.2. Caso da Válvula Borboleta


A válvula borboleta tem uma peça móvel que pode ser alinhada com a
direção do escoamento ou colocada perpendicularmente ao escoamento,
bloqueando a passagem do fluido. Nesse caso a perda de carga também é
calculada pela equação geral, sendo o coeficiente de perda de carga tabelado em
função do ângulo de abertura.

Fig. xx - Esquema de uma válvula tipo borboleta.


410
Princípios de Hidráulica Básica

Tabela xx - Coeficiente de perda de carga localizada para válvula tipo borboleta


para diversos ângulos de fechamento.
α 0º 5º 10º 15º 20º 25º 30º 35º 40º 45º 50º
Kvb 0,15 0,24 0,52 0,90 1,54 2,51 3,91 6,22 10,8 18,7 32,6

α 55º 60º 65º 70º 90º


Kvb 58,8 118 256 750 ∞

Caso de válvulas cilíndricas pode ser calculado com o valor de Kvb dado
na tabela xx, compilada de A. Lencastre.

Tabela xx - Coeficiente de perda de carga localizada para válvula cilíndrica


para diversos ângulos de fechamento.
α 0º 5º 10º 15º 20º 25º 30º 35º 40º 45º 50º
Kvc 0 0,05 0,29 0,75 1,56 3,10 5,47 9,68 17,3 31,2 52,6

α 55º 60º 65º 82º


Kvc 106 206 486 ∞

8.6. PERDA DE CARGA LOCALIZADA EM OUTROS ACESSÓRIOS

Em geral a perda de carga nos demais acessórios instalados nas


tubulações serão dadas pela equação geral, sendo os coeficientes de perda de
carga dados na tabela xx.

411
Princípios de Hidráulica Básica

Tabela xx - Coeficientes de perda de carga para diversos acessórios instalados nas


tubulações.
Acessório K Acessório K
Ampliação gradual 0,30 Medidor Venturi 2,50
Bocais 2,75 Redução gradual 0,15
Comporta aberta 1,00 Saída de canalização 1,00
Controlador de vazão 2,50 Tê 90º passagem direta 0,90
Crivo 0,75 Tê 90º passagem lateral 2,00
Joelho 90º raio curto 0,90 Válvula de ângulo aberta 5,0
Joelho 90º raio longo 0,60 Válvula de gaveta aberta 0,15
Joelho 45º 0,40 Válvula borboleta aberta 0,30
Curva 90º (r/D = 1) 0,40 Válvula globo aberta 10,0
Curva 45º 0,20 Válvula de pé com crivo 10,0
Curva 22,5º 0,10 Vál. retenção tipo portinhola 3,0
Entrada normal de canalização 0,50 Curva de retorno 180º 2,2
Entrada em borda de canalização 1,00 Válvula com bóia 6,0
Junção (45º) 0,40
Fonte: Manual de Hidráulica - Azevedo Neto - Modificada

412
Princípios de Hidráulica Básica

8.7. EXEMPLO:
Escoamento à partir de um reservatório de nível constante, com
tubulação de 8" de diâmetro, de pvc, existente no Laboratório de Hidráulica do
DECIV/EM. os elementos envolvidos são:
Desnível: ∆z = 8,40 m Tubos de pvc: D = 203 mm (8")
fator de atrito: f = 0,012 entrada normal: K = 0,50
Curva 90º: K = 0,40 Registro de gaveta: K = 0,20
Tê passagem direta: K = 0,90 Tê passagem lateral: K = 2,0
Calcular a vazão e a velocidade média do escoamento.
Desenho esquemático:

Solução
Dados: f = 0,012
L = 1,5 + 1,0 + 2,0 + 2,0 + 1,5 + 3,0 + 0,5 + 6,0 = 17,5 m
D = 0,203 m ∆z = 8,40 m
A equação de Bernoulli entre a superfície da água no reservatório e a saída:

413
Princípios de Hidráulica Básica

p1 V12 p V2
z1 + + = z 2 + 2 + 2 + h p + hl ==>
γ 2g γ 2g

V2 L V2  V2 
8,40 + 0 + 0 = 0 + 0 + +f + ∑  K 
2g D 2g  2g 

 V
2
L
1 + f + 0,50 + 4 x0,40 + 0,20 + 0,92 + 2,0  = 8,40
 D  2g
V2 8,40 2 x9,8 x8,40
= ==> V 2 = = 22,758
2 g 0,012 17,5 + 6,20 1,03 + 6,20
0,203
Assim, V = 4,771 m/s e Q = A.V = π.D2/4.V ==> Q = πx0,2032/4x4,771
Q = 0,1544 m3/s ou Q = 154,4 l/s.

8.8. MÉTODO DOS COMPRIMENTOS EQUIVALENTES

Um método conveniente para cálculo das perdas de carga localizadas


nos acessórios instalados em uma tubulação, também denominado de método
dos comprimentos equivalentes, método dos comprimentos virtuais ou método
dos comprimentos fictícios.

Foi estudado que a perda de carga contínua em uma tubulação de


comprimento L e diâmetro D, quando percorrida por um escoamento de
velocidade média V, será:

L V2
hp = f
D 2g
Também foi demonstrado que a perda de carga localizada em uma
estrutura instalada em uma tubulação, quando percorrida por um escoamento de
velocidade média V, será dada por:
414
Princípios de Hidráulica Básica

V2
hL = K
2g
O método dos comprimentos equivalentes consiste em determinar qual
o comprimento de tubulação que, para a mesma vazão e velocidade, gera uma
perda de carga contínua igual à perda de carga localizada. Tal comprimento é
denominado de comprimento equivalente, comprimento fictício ou comprimento
virtual.
Para uma mesma vazão, se hp = hL L = Leq, logo:

L V2 V2 Leq K K
f =K = ou Leq = D
D 2g 2g D f f

Os valores de Leq são determinados e tabelados para os diversos


equipamentos que geram perda de carga localizada quando instalados em
tubulações lisas ou rugosas, em função do diâmetro das tubulações.
Para efeito de cálculos da perda de carga total:
• Determinar o Leq de cada acessório existente no escoamento;
• Incluir o Leq no comprimento real da tubulação para efeitos de
cálculo da perda de carga total;

• Ltotal = L + ∑ L eq ;
• Na equação da perda de carga usar Ltotal.
• A perda de carga calculada já inclui a perda de carga localizada.

Tubos metálicos, de aço galvanizado e ferro fundido com ¾” < D < 14”:
O Prof. Azevedo neto, em seu Manual de Hidráulica apresenta uma
tabela para os comprimentos equivalentes das diversas peças que se instalam
nas tubulações, para tubulações de ferro ou aço, conforme a tabela xx.

415
Princípios de Hidráulica Básica

Tabela xx - Comprimentos equivalentes (em metros de canalização retilínea) para o cálculo da perda de carga localizada
para tubulações de ferro ou aço.
Diâm. Nominal (mm) 13 19 25 32 38 50 63 75 100 125 150 200 250 300
Diâm. Nominal (pol.) 1/2 3/4 1 1 1/4 1 1/2 2 2 1/2 3 4 5 6 8 10 12
Cotovelo 90º RL 0,3 0,4 0,5 0,7 0,9 1,1 1,3 1,6 2,1 2,7 3,4 4,3 5,5 6,1
Cotovelo 90º RM 0,4 0,6 0,7 0,9 1,1 1,4 1,7 2,1 2,8 3,7 4,3 5,5 6,7 7,9
Cotovelo 90º RC 0,5 0,7 0,8 1,1 1,3 1,7 2,0 2,5 3,4 4,2 4,9 6,4 7,9 9,5
Cotovelo 45º 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,8 0,9 1,2 1,5 1,9 2,3 3,0 3,8 4,6
Curva 90º r/D=1,5 0,2 0,3 0,3 0,4 0,5 0,6 0,8 1,0 1,3 1,6 1,9 2,4 3,0 3,6
Curva 90º r/D=1,0 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,9 1,0 1,3 1,6 2,1 2,5 3,3 4,1 4,8
Curva 45º 0,2 0,2 0,2 0,3 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,9 1,1 1,5 1,8 2,2
Entrada normal 0,2 0,2 0,3 0,4 0,5 0,7 0,9 1,1 1,6 2,0 2,5 3,5 4,5 5,5
Entrada em borda 0,4 0,5 0,7 0,9 1,0 1,5 1,9 2,2 3,2 4,0 5,0 60, 7,5 9,0
Valv. gaveta (aberta) 0,1 0,1 0,2 0,2 0,3 0,4 0,4 0,5 0,7 0,9 1,1 1,4 1,7 2,1
Valv. globo (aberta) 4,9 6,7 8,2 11,3 13,4 17,4 21 26 34 43 51 67 85 102
Valv. Ângulo (aberta) 2,6 3,6 4,6 5,6 6,7 8,5 10 13 17 21 26 34 43 51
Tê pass. direta 0,3 0,4 0,5 0,7 0,9 1,1 1,3 1,6 2,1 2,7 3,4 4,3 5,5 6,1
Tê pass. lateral 1,0 1,4 1,7 2,3 2,8 3,5 4,3 5,2 6,7 8,4 10 13 16 19
Valv. pé com crivo 3,6 5,6 7,3 10,0 11,6 14 17 20 23 30 39 52 65 78
Saída de canalização 0,4 0,5 0,7 0,9 1,0 1,5 1,9 2,2 3,2 4,0 5,0 6,0 7,5 9,0
Válv. retenção leve 1,1 1,6 2,1 2,7 3,2 4,2 5,2 6,3 8,4 10,4 12,5 16 20 24
Valv. retenção pesada 1,6 2,4 3,2 4,0 4,8 6,4 8,1 9,7 12,9 16,1 19,3 25 32 38

416
Princípios de Hidráulica Básica

Quando se analisa a tabela xx comparando-se o comprimento


equivalente relativo ao diâmetro para cada acessório das tubulações, verifica-se
uma pequena variação. Nesse caso, desprezando-se tais variações, a tabela xx
pode ser simplificada para resultar na tabela xx que fornece o resultado do
comprimento equivalente para o cálculo da perda de carga localizada nos
diversos acessórios, em função do comprimento equivalente relativo ao
diâmetro.

Tabela xx - Comprimentos equivalentes relativos ao diâmetro


(Leq/D) para o cálculo da perda de carga localizada para
tubulações de ferro ou aço.
Acessório Leq/D
Ampliação gradual 12,0
Cotovelo 90º RL 21,3
Cotovelo 90º RM 27,2
Cotovelo 90º RC 32,1
Cotovelo 45º 15,2
Curva 90º r/D=1,5 12,2
Curva 90º r/D=1,0 16,4
Curva 45º 7,4
Entrada normal 17,5
Entrada em borda 30,4
Valv. gaveta (aberta) 7,0
Valv. globo (aberta) 340
Valv. Ângulo (aberta) 171
Tê pass. direta 21,3
Tê pass. lateral 64,8
Valv. pé com crivo 258,7
Saída de canalização 30,4
Válv. retenção leve 81,0
Valv. retenção pesada 127,2

417
Princípios de Hidráulica Básica

Leq α
Leq = α + β d ou = +β tabelado para cada acessório.
D D

Ver tabela 3.6 da página 86, do livro Hidráulica Básica.

Para tubos lisos de PVC, plástico ou cobre com ¾” < D < 14”:

Os fabricantes de tubulações de PVC ou plástico informam a perda de


carga em seus acessórios através do comprimento equivalente de tubulação
retilínea, para cada diâmetro, conforme tabela xx.

418
Princípios de Hidráulica Básica

Tabela xx - Comprimentos equivalentes (em metros de canalização retilínea) para o cálculo da perda de carga localizada para tubulações de PCV
ou plástico (tubos lisos). TABELA A SER COMPLETADA
Diâm. Nom. (mm) 15 20 25 32 40 50 60 75 100 125 150 200 250 300
Diâm. Nom. (pol.) 1/2 3/4 1 1 1/4 1 1/2 2 2 1/2 3 4 5 6 8 10 12
Diâm. Interno (mm) 15,8 20,2 26,0 34,6 39,2 50,6 65,6 78,4 103 128 154
Joelho 90º RL
Joelho 90º RM
Joelho 90º RC 1,1 1,2 1,5 2,0 3,2 3,4 3,7 3,9 4,3 4,9 5,6
Joelho 45º 0,4 0,5 0,7 1,0 1,3 1,5 1,7 1,8 1,9 2,4 2,6
Curva 90º r/D=1,5
Curva 90º r/D=1,0 0,4 0,5 0,6 0,7 1,2 1,3 1,4 1,5 1,6 1,9 2,1
Curva 45º 0,2 0,3 0,4 0,5 0,6 0,7 0,8 0,9 1,0 1,1 1,2
Entrada normal 0,3 0,4 0,5 0,6 1,0 1,5 1,6 2,0 2,2 2,5 2,8
Entrada em borda 0,9 1,0 1,2 1,8 2,3 2,8 3,3 3,7 4,0 5,0 5,6
Valv. gaveta (aberta) 0,1 0,2 0,3 0,4 0,7 0,8 0,9 0,9 1,0 1,1 1,2
Valv. globo (aberta) 11,1 11,4 15,0 22,0 35,8 37,9 38,0 40,0 42,3 50,9 56,7
Valv. Ângulo (aberta) 5,9 6,1 8,4 10,5 17,0 18,5 19,0 20,0 22,1 26,2 28,9
Tê 90 pass. direta 0,7 0,8 0,9 1,5 2,2 2,3 2,4 2,5 2,6 3,3 3,8
Tê 90 pass. lateral 2,3 2,4 3,1 4,6 7,3 7,6 7,8 8,0 8,3 10,0 11,1

419
Princípios de Hidráulica Básica

Tê 90 pas. bilateral 2,3 2,4 3,1 4,6 7,3 7,6 7,8 8,0 8,3 10,0 11,1
Saída canalização 0,8 0,9 1,3 1,4 3,2 3,3 3,5 3,7 3,9 4,9 5,5
Valv. pé com crivo 8,1 9,5 13,3 15,5 18,3 23,7 25,0 26,8 28,6 37,4 43,4
Válv. retenção leve 2,5 2,7 3,8 4,9 6,8 7,1 8,2 9,3 10,4 12,5 13,9
Valv. reten. pesada 3,6 4,1 5,8 7,4 9,1 10,8 12,5 14,2 16,0 19,2 21,4
Conforme Manual de Tubos e Conexões da TIGRE

420
Princípios de Hidráulica Básica

Exemplos:

421
Princípios de Hidráulica Básica

9. ANÁLISE DE ESCOAMENTO EM TUBULAÇÕES

9.1. Generalidades

Ao analisar os escoamentos que ocorre nas tubulações, verifica-se que


os problemas se resumem nos cálculos envolvendo:
V, Q D ou hp.
A perda de carga é composta de duas parcelas:
• Perda de carga contínua ou distribuída num comprimento L
• Perda de carga localizada nas pequenas regiões com mudança de V

Perda de carga total: hpt = hp + hL

Em muitos casos a perda de carga relaciona-se com o desnível.

Escoamento entre dois reservatórios com superfície livre e com vários trechos
diferentes:

p1 V12 p V2
Equação de Bernoulli: z1 + + + Eb = z2 + 2 + 2 + h pt
γ 2g γ 2g

h pt = ∑ h p + ∑ hL

Quando V1 = V2 = 0 e p1 = p2 = patm:

z1 − z 2 = ∆z = ∑ h p + ∑ hL − Eb

Nesse caso o desnível geométrico impõe a perda de carga total, tornando-se a


fonte de energia para que haja o escoamento de uma vazão Q.

422
Princípios de Hidráulica Básica

Observações:
n 2
1. Perda de carga contínua: h p = ∑ f i Li Vi
i =1 Di 2 g
n
Vi 2
2. Perda de carga localizada: hL = ∑ K i
i =1 2g

9.2. INFLUÊNCIA RELATIVA DA PERDA DE CARGA LOCALIZADA

Usualmente se encontra três problemas envolvendo escoamento em


tubulações:
• Determinação da perda de carga total e da variação da pressão
• Cálculo da vazão e da velocidade média
• Dimensionamento das tubulações

A existência da perda de carga localizada pode se tornar um novo complicador.


Portanto é conveniente saber quando desprezar as perdas localizadas, para
facilidade dos cálculos, sem prejuízo nos resultados.

Tubulações curtas:
• Usadas em instalações hidráulicas prediais
• P. C. Localizada é muito importante

Tubulações longas:
• Usadas em instalações de recalque, adutoras e redes de
distribuição de água
• P. C. Localizada é desprezível

Regra geral: se hL < 5% de hp hL ≈ 0 (desprezível).


Regra básica: se L entre acessórios ≥ 100D hL pode ser desprezado.
423
Princípios de Hidráulica Básica

Exemplo de escoamento à partir de um reservatório com o líquido chegando a


outro reservatório.

Desnível: ∆z
Comprimento do tubo 1: L1 Comprimento do tubo 2: L2
Diâmetro do tubo 1: D1 Diâmetro do tubo 2: D2 = D1 = D
Registro de gaveta na tubulação: KRG = 0,2
Entrada da tubulação: Ke = 0,50
Saída da tubulação: Ks = 1,0
Fator de atrito: f1 = f2 = f = 0,025
Comprimento total da tubulação: L = L1 + L2

Nesse caso a equação de Bernoulli leva a:


L1 V12 L V2 V2 V2 V2
∆z = ∑ hp + ∑ hL ∆z = f1 + f 2 2 2 + K e 1 + K RG 1 + K s 2
D1 2 g D2 2 g 2g 2g 2g
Como D1 = D2 = D V1 = V2 = V e f1 = f2 = f;
L1 V 2 L V2 V2 V2 V2
∆z = f + f 2 + Ke + K RG + Ks
D 2g D 2g 2g 2g 2g

L1 + L2 V 2 V2
∆z = f + (K e + K RG + K s )
D 2g 2g

 L V
2
∆z =  f + K e + K RG + K s 
 D  2g
424
Princípios de Hidráulica Básica

Finalmente: ∆z =  0,25 + 1,7 


L V2
 D  2g
• Se L/D for grande hL é desprezível;
• L/D = 500 erro na velocidade é de 6,5%;
• L/D = 1000 erro na velocidade é de 3,3%;
• L/D = 1500 erro na velocidade é de 2,3%.

9.3. TUBULAÇÕES UNINDO RESERVATÓRIOS

As tubulações são utilizadas para transportar fluidos entre reservatórios


diferentes. Assim o estudo dos casos existentes entre as diferentes situações é
importante para o entendimento de escoamentos análogos.
Conforme a configuração utilizada no escoamento, os sistemas ganham
nomes diferentes.

ESCOAMENTO EM TUBULAÇÕES:
1. Adutoras
2. Ramificações
3. Redes malhadas
4. Bombas e sifões.

PROBLEMAS ENVOLVENDO CÁLCULO DE Q, D OU hp.

1. Dado Q e D determinar hp.


2. Dado D e hp determinar Q.
3. Dado Q e hp determinar D.

425
Princípios de Hidráulica Básica

Os problemas envolvendo o escoamento nas tubulações podem ser


resolvidos através da aplicação das equações da conservação da massa, da
quantidade de movimento e da energia.

Os problemas mais simples são resolvidos facilmente, como pode ser


visto nos exemplos seguintes.

Exemplo 1:
Dado Q = 0,150 m3/s
D1 = 0,50 m e L1 = 500 m;
D2 = 0,30 m e L2 = 700 m;
Viscosidade da água: ν = 1,1 . 10-6 m2/s;
Tubulação de ferro fundido: e = 0,26 mm;
Perda de carga localizada na entrada da tubulação 1, na contração
brusca e na saída da tubulação 2;
Cota de 1: z1 = 101,00 m. Calcular a cota de 2: z2 = ?

Fig. Xx – Escoamento entre dois reservatórios através de tubulações de dois diâmetros


diferentes.

426
Princípios de Hidráulica Básica

SOLUÇÃO
2 2
Equação de Bernoulli: z1 + p1 + V1 = z 2 + p2 + V2 + h p
γ 2g γ 2g
Como p1 = p2 = patm, V1 = V2 = 0 e z1 – z2 = ∆z=hp:

h p = hl entrada + h ptubo 1 + hl contr .brusca + h p tubo 2 + hl saída

perda de carga localizada na entrada = 0,5.V12/(2g)


perda de carga na tubulação 1 = f1.L1/D.V12/(2g)
perda de carga na contração brusca = 0,32 V22/(2g)
perda de carga na tubulação 2 = f2.L2/D.V22/(2g)
perda de carga na saída da tubulação 2 = 1,0 V22/(2g)

Velocidade tubulação 1: V1 = 4Q 2 = 4 * 0,15 2 = 0,764 m / s


π .D1 3,142 * 0,5
Velocidade tubulação 2: V2 = 4Q 2 = 4 * 0,15 2 = 2,122 m / s
π .D2 3,142 * 0,3

e1 e2
Rugosidades relativas: = 0,0005 e = 0,0009
D1 D2
Número Reynolds na tubulação 1: Re1 = VD1 = 0,764 * 0−6,50 = 3,47.105
ν 1,1.10
VD2 2,122 * 0,30
Número Reynolds na tubulação 2: Re 2 = = = 5,79.105
ν 1,1.10 −6

Fator de atrito na tubulação 1: f1 = 0,0183 pelo ábaco de Moody.


Fator de atrito na tubulação 2: f2 = 0,0196 pelo ábaco de Moody.

Equação de Bernoulli fica:


V2 L V2 V2 L V2 V2
∆z = 0,5 1 + f1 1 1 + 0,32 2 + f 2 2 2 + 1,0 2
2g D1 2 g 2g D2 2 g 2g
0,7642 500 0,7642 2,1222 700 2,1222 2,1222
∆z = 0,5 + 0,0183 + 0,32 + 0,0196 +
2.9,807 0,50 2.9,807 2.9,807 0,30 2.9,807 2.9,807

∆ z = 9,015 + 0,543 + 0,073 + 10 ,526 + 0,023 = 11,387 m


Como foi visto que z1 – z2 = ∆z

z2 = z1 –∆z = 89,613 m.
Logo a cota do nível da água no reservatório B é 89,613 m.

427
Princípios de Hidráulica Básica

Exemplo 2:
Dado D1 = 700 mm e L1 = 1 500 m;
D2 = 400 mm e L2 = 1 000 m;
Viscosidade da água: ν = 1,3 . 10-6 m2/s;
Tubulação de aço rebitado: e = 0,9 mm;
Perda de carga localizada na entrada da tubulação 1 e na contração
brusca;
Saída livre para a atmosfera;
Desnível entre a superfície da água e a saída: ∆z = 20,0 m.
Calcular a vazão e a velocidade da água no escoamento: Q = ? e V = ?

Fig. Xx – Adutora com tubulações de dois diâmetros diferentes, saindo de um


reservatório e descarregando na atmosfera.

Re1 = f1.V1/ν
Re2 = f2.V2/ν
Equação da continuidade: A1.V1 = A2.V2 V2 = (D1/D2)2.V1 = 3,063.V1
p1 V12 p V2
Equação de Bernoulli: z1 + + = z2 + 2 + 2 + h p
γ 2g γ 2g
Como p1 = p2 = patm, V1 = 0, V2 = V e z1 – z2 = 20:

h p = hl entrada + h ptubo 1 + hl contr .brusca + h ptubo 2


perda de carga localizada na entrada = 0,5.V12/(2g)
perda de carga na tubulação 1 = f1.L1/D.V12/(2g)
perda de carga na contração brusca = 0,32 V22/(2g)
perda de carga na tubulação 2 = f2.L2/D.V22/(2g)

392,28
V12 =
12,88 + 2142,86 f1 + 23447 ,27 f 2 .......................................01

428
Princípios de Hidráulica Básica

e1 e2
= 0,0013 e = 0,0023
D1 D2

Resolvendo iterativamente:
1. f1 = 0,020 e f2 = 0,020
V1 = 0,865 m/s e Re1 = 4,66.105.
V2= 2,648 m/s e Re2 = 8,15.105.
f´1 = 0,0215 e f´2 = 0,0244 diferentes das estimativas
iniciais.

2. f1 = 0,0215 e f2 = 0,0244
V1 = 0,788 m/s e Re1 = 4,25.105.
V2= 2,415 m/s e Re2 = 7,43.105.
f´1 = 0,0216 e f´2 = 0,0245 diferentes das estimativas
iniciais.

3. f1 = 0,0216 e f2 = 0,0245
V1 = 0,787 m/s e Re1 = 4,24.105.
V2= 2,410 m/s e Re2 = 7,42.105.
f´1 = 0,0216 e f´2 = 0,0245 iguais às estimativas iniciais.

Como o sistema de equações convergiu: f´1 = f1 = 0,216 e f´2 = f2


=0,0245.
V1 = 0,787 m/s e V2 = 2,410 ficam determinados.
Q = A1.V1 ou Q = A2.V2 Q = 0,3028 m3/s ou Q = 302,8 l/s.

Exemplo 3:

429
Princípios de Hidráulica Básica

9.4. SISTEMAS HIDRÁULICOS DE TUBULAÇÕES

9.4.1. Perda de Carga e desnível topográfico:

Seja o escoamento entre dois reservatórios 1 e 2 conforme mostra a


figura, feito apenas por gravidade. Tal sistema é denominado adutora.

L = comprimento da adutora
D = diâmetro da adutora
V = velocidade de escoamento da água na adutora
e1 = rugosidade equivalente do material dos tubos
∆z = desnível topográfico entre os níveis dos dois reservatórios (supostos
constantes).

V2
p p
Linha de carga ou LE: z+ + Linha piezométrica: z+
γ 2g γ
p1 = p2 = patm e V1 = V2 = 0
Eq. de Bernoulli entre 2 pontos nas superfícies dos reservatórios:
p1V12 p 2 V22
z1 + + = z2 + + + h p + hL z1 − z 2 = ∆ z = h p + h L
γ 2g γ 2g
Eq. 1
hp = soma das perdas de cargas distribuídas na tubulação;
hL = soma das perdas de carga localizada nos trechos da tubulação.

Observar: 1. o desnível impõe a perda de carga total: equação 1


2. equação da continuidade: Q = A V.

430
Princípios de Hidráulica Básica

8f Q2
3. equação da resistência: h p = L
π 2 g D5
V2
4. perda de carga localizada: hL = K
2g

9.4.2. Relação entre a perda de carga unitária e a declividade da linha de


energia:

H = distância horizontal; L = comprimento da tubulação; d = desnível.


d
Declividade : I = I = 10% ou 1:10 v:h
H
hp hp J
Inclinação da LE: tgα = ∴ tgα = ∴ tgα = = J 1 + tg 2 β
H L cos β cos β
Se β for pequeno: tgα ≈ J
Se β for grande: tgα ≠ J

L = H2 +d2
Em geral: d << H L≅H

Exemplo: H = 10,0m e d = 1,0m I = 10% ou 1 : 10 L = 10,05m ou


L≅10,0m
Em geral pode-se admitir a aproximação de L ≅ H.
Assim a declividade da linha de energia é igual à declividade da
tubulação.

431
Princípios de Hidráulica Básica

9.4.3. Influência relativa do traçado da tubulação e da linha de carga:

Seja uma adutora ligando dois reservatórios de nível constante,


conforme mostra a figura abaixo.
Supor o comprimento L grande e que hL pode ser desprezada.
Nas tubulações a velocidade fica entre 1 e 2 m/s por questões de
econômicas. Então a carga cinética, V2/(2g) ficará entre 0,05m e
0,20m, podendo ser desprezada. Nesse caso a LE ≅ LP.
É comum, por simplicidade representar a LE coincidente com a LP,
entretanto é preciso ter em mente que a distância entre elas é
V2/(2g).
Nos escoamentos nas tubulações podem ser considerados os planos de
carga efetivo (PCE) e o de carga absoluto (PCA). No primeiro caso são
computadas as pressões relativas, ao passo que no segundo caso são computadas
as pressões absolutas na linha. Dessa forma a distância entre eles corresponde a
patm/γ. Tais planos estão esboçados nas figuras seguintes.

1º Caso: Tubulação abaixo da LE : situação normal ou ideal


Toda a tubulação se encontra abaixo da LE. Situação desejada. Vazão
na tubulação será igual à vazão calculada, dependendo do desnível ∆z e das
perdas de carga existentes.

432
Princípios de Hidráulica Básica

R1 = reg.controle de entrada reservatório 1;


R2 = reg. controle de saída reservatório 2;
R3 = registro de esvaziamento ou limpeza da tubulação ponto mais baixo da
tubulação;
V = válvula ventosa para expulsar ar da tubulação ponto mais elevado;

- todos os pontos estão sob pressão positiva (maior que patm);


- hpT = ∆z = hp + hL
- em D: a carga de pressão vale p/γ = DE carga dinâmica efetiva
- a carga de pressão absoluta vale pabs/γ = DG
- a carga de pressão hidrostática vale DF carga estática efetiva
- Se R2 é fechado pmax/γ = DF dimensionará a classe dos tubos
OBS: se houver golpe de aríete, considerar a sobre-pressão.
lembre-se que DF > DE.
- Bolhas de ar pode se formar nos pontos mais elevados, diminuindo a
área de passagem da água, aumentando a perda de carga e diminuindo a
vazão instalar ventosas: válvulas de expulsão de bolhas de ar
- o ar se movimenta se I ≥ 1/(2 000D);
- trechos baixos com pressões elevadas são denominados de sifão
invertido (trecho correspondente ao ponto B);
- canalização deve ficar no mínimo 4m abaixo da LP

433
Princípios de Hidráulica Básica

2º Caso: Tubulação coincide com a LE : escoamento em canal


É o caso dos escoamentos nos condutos livres, muito importante na
Hidráulica, sendo estudado a parte.

3º Caso: Tubulação acima da LE e abaixo da LEabs (LCA) e do PCE:


situação que inspira cuidados

1. Se a linha estiver previamente cheia, abrindo R2 haverá escoamento em


condições normais com uma carga ∆z = H;
2. Nos pontos B e D a pressão na tubulação fica nula
3. No ponto C o escoamento estará sob pressão negativa (p < patm): carga de
pressão é CO (negativa);
4. O mesmo ocorre no trecho BCD: o escoamento pode se tornar irregular pois
o ar dissolvido na água vai se desprendendo e pode acumular-se nos pontos
mais altos. Também pode haver entrada de ar nas juntas, prejudicando o
escoamento;

434
Princípios de Hidráulica Básica

5. Não é possível instalar ventosas pois entraria mais ar. Deve-se usar bombas
ou outros recursos para aumentar a pressão no trecho de pressão negativa,
encher a tubulação e expulsar o ar.
6. Se entra tanto ar que pC = patm a LP será dada por GC, ao invés de GO.
Após C a água não enche o tubo completamente, havendo escoamento livre
(canal). Só haverá pressão diferente de zero novamente em X, com XK //
GC.
7. Deve-se calcular a adutora para dar uma vazão Q sob a carga H, com a LP
assumindo o traçado GK: hpT = hp + hL e se hL = 0
8f Q2
h pT = hp = 2 L 5
π g D
π 2 g hp π 2g
Q= D 5 ou Q = JD 5
8f L 8f
π 2 g h p1
8. Caso a LP passe por GC a vazão será Q1 dada por: Q1 = D 5 ou
8 f 1 L1

π 2g
Q1 = J 1 D 5 . Nesse caso J1 = H1/L1 e J = H/L e, J1 < J Q1 < Q
8 f1
a vazão diminui. O trecho CX fica mal aproveitado pois o escoamento é
livre e não ocorre a seção plena (parte da seção é preenchida pela água e
parte pelo ar), fazendo com que o escoamento não seja regular, podendo
ficar pulsante.

9. Se o projeto exigir o traçado ABCDXE e a vazão Q, proceder da seguinte


forma:
- dividir a adutora em dois trechos ABC e CDXE;
- instalar caixa de passagem (reservatório aberto para a atmosfera) em C;
- Dimensionar D1 para o primeiro trecho com vazão Q sob carga H1;
- Dimensionar D2 para o segundo trecho para vazão Q sob carga H – H1.
- Prover a caixa de passagem com registros de entrada e de saída para
compatibilizar as vazões em ambos os trechos. Os diâmetros instalados
são os comerciais e não os calculados.
435
Princípios de Hidráulica Básica

4º Caso: Tubulação corta a LE e o PCE mas fica abaixo da LEabs (LCA):


situação não é muito boa.

Posição inconveniente;
Devido à própria pressão a água chega até B;
Escorvando-se a tubulação poderá haver escoamento, entretanto o
escoamento será interrompido sempre que houver entrada de ar no
trecho BCD;
Tubulação funcionará como sifão pois ocorrem pressões negativas no
trecho acima da LE;
Se entrar ar no trecho BCD o escoamento cessa nova escorva;
Não adianta usar caixa de passagem.

436
Princípios de Hidráulica Básica

5º Caso: Tubulação corta a LEabs (LCA) mas fica abaixo do PCE: situação é
muito ruim.

Haverá escoamento, mas a vazão será bem menor que nos casos
anteriores;
A LP efetiva será GC e XK, com XK // GC;
No trecho CDX a água estará escoando sem encher completamente
o tubo, como em conduto livre;
A pressão começa a tornar-se positiva em X;
Instalar caixa de passagem em C e dimensionar como no 3º caso.

437
Princípios de Hidráulica Básica

6º Caso: Tubulação corta a LE, a LEabs (LCA) e o PCE, porém fica abaixo
do PCA: situação pouco comum e que requer cuidados.

Caso houvesse escoamento de vazão Q:


Em F e E as pressões se anulariam;
Nos trechos FB e DE as pressões tornam-se negativas;
No trecho BCD as pressões absolutas seriam nulas, o que não ocorre na
prática.
O escoamento deverá ser feito por meio de bomba, de forma que a LE
seja adequada ao escoamento que se pretender.

7º Caso: Tubulação corta a LE, a LEabs (LCA) e o PCA:


O escoamento é impossível, por gravidade.
Deve-se usar recalque no trecho que se encontrar acima da LEabs.

438
Princípios de Hidráulica Básica

9.5. CONDUTOS EQUIVALENTES:

Interesse prático:
Cálculo da tubulação equivalente a outra ou a um sistema de tubulações.
Definição:
Um conduto é equivalente a outro ou a um sistema de
condutos se a perda de carga total for a mesma em ambos,
para uma mesma vazão transportada.

Condutos equivalentes: mesmo hp para uma mesma vazão Q.

Objetivos:
Determinar D ou L do conduto equivalente, para fins de
substituição ou apenas para efeito de cálculo.

9.5.1. Conduto equivalente a outro:


Sejam dois condutos que serão percorridos pela mesma vazão, Q:
Conduto 1: L1, D1, e1 ou C1
Conduto 2: L2, D2, e2 ou C2

Fig. Xx – Esquema de dois condutos equivalentes.

2 2
Para o conduto 1, pode-se escrever: h p1 = f1 L1 V1 ou h p1 = 8 2f1 L1 Q 5
D1 2 g π g D1
439
Princípios de Hidráulica Básica

2 2
Para o conduto 2, pode-se escrever: hp 2 = f 2 L2 V2 ou h p 2 = 8 f 2 L2 Q
D2 2 g 2
π g
5
D2

Como hp1 = hp2 e Q é a mesma em ambos os condutos:

8 f1 Q2 8 f2 Q2 f1 L1 f 2 L2
L = L = 5
π 2 g 1 D15 π 2 g 2 D25 D15 D2
Finalmente, se o objetivo é determinar o comprimento do conduto 2 equivalente
ao conduto 1, tem-se:
5
f1  D2 
L2 =   L1
f2  D1 
Por outro lado, se o objetivo é determinar o diâmetro do conduto 2 equivalente
ao conduto 1, tem-se:
1
 f L 5
D2 =  2 2  D1
 f1 L1 
Observações:
1. Nos casos em que se puder considerar f1 = f2:
5 1
D 
L2 =  2  L1 ou D2 =  L2  D1
5

 D1   L1 
2. Se a equação da resistência utilizada for a de Hazen-Williams:
0 , 38 0 , 205
ou D2 =  C1   L2 
1,85 4 ,87
C   D2 
L2 =  2    L1 C    D1
 C1   D1   2  L1 

9.5.2. Conduto equivalente a um sistema:

Os sistemas de tubulações são constituídos por tubulações associadas


entre si. A associação de tubulações pode ser:

em série
em paralelo

440
Princípios de Hidráulica Básica

mista
ramificada
em rede

a) Condutos associados em série:

Nesse caso, os condutos estão associados de forma que a vazão que


percorre cada conduto é a mesma.

Fig. Xx – esquema de dois condutos em série equivalentes a um único conduto.

A perda de carga total para o escoamento será: h p = h p1 + h p 2 + .... + h pn


n
ou, de outra forma: h p = ∑ h pi .
i =1
Mas, para cada conduto de ordem i, tem-se:

Li Vi 2 8f Q2
h pi = f i ou h pi = 2 i Li 5
Di 2 g π g Di

Já para um único de conduto de comprimento L e diâmetro D, tem-se:


2
L V2 8f Q
hp = f ou h p = 2 L 5
D 2g π g D

Logo, os sistemas serão equivalentes quando:


441
Princípios de Hidráulica Básica

8 f Q2 n
 8 fi Q2  fL n
 f i Li 
L = ∑  L 
π 2 g D5 i=1  π 2 g i Di5  D 5
= ∑  5 
i =1  Di 

Observações:
1. Um conduto equivalente a um sistema de três tubos em série:

fL fL f L f L
5
= 1 51 + 2 5 2 + 3 53
D D1 D2 D3

2. Se f1= f2 = f3 = f:
L L L L
= 1 + 2 + 3
D 5 D15 D25 D35

3. Para um sistema de n condutos em série, considerando-se os coeficientes


de atritos iguais (f1= f2 = ... = fn = f):

L L L L
5
= 15 + 25 + ... + n5
D D1 D2 Dn

Esta equação é denominada de regra de Dupuit para determinação de


um conduto equivalente a um sistema de n condutos conectados em série.

4. Se for utilizada a equação da perda de carga de Hazen-Williams:

L L1 L2 L3
= + +
C 1,85 D 4 ,87 C11,85 D14,87 C21,85 D24,87 C31,85 D34 ,87

5. No caso do sistema de tubulações ser constituído do mesmo material:

L L L L
C = C1 = C2 = C3 e 4 ,87
= 41,87 + 42,87 + 43,87
D D1 D2 D3

b) Associação de condutos em paralelo:

Nesse caso, os condutos estão associados de forma que a vazão seja


dividida entre todos os condutos, segundo uma proporção a ser calculada.

442
Princípios de Hidráulica Básica

Assim, a perda de carga em cada um dos condutos da associação será a mesma,


bem como no conduto equivalente, de forma que:
h p = h p1 = h p 2 = ... = h pn

Fig. Xx – Desenho esquemático de uma associação com três condutos em paralelo,


instalados entre os pontos 1 e 2 de um sistema.

A vazão total, a mesma do conduto equivalente, será:


n
Q = Q1 + Q2 + ... + Qn ou Q = ∑ Qi
i =1

Para o conduto equivalente, de diâmetro D e comprimento L, a perda de


carga será:

8 f Q2
hp = L
π 2 g D5
Dessa equação é possível explicitar a vazão ao quadrado, para dar:

π 2 g D5
Q2 = hp
8 fL
Calculando a vazão, Q, tem-se:

443
Princípios de Hidráulica Básica

π 2 g D5
Q= hp
8 fL
De maneira análoga, para um dado conduto de ordem i, tem-se:

π 2 g Di5
Qi = h pi
8 f i Li
Substituindo na equação da vazão total:

π 2 g D5 π 2 g D15 π 2 g D25 π 2 g Dn5


hp = h p1 + h p 2 + ... + h pn ou
8 fL 8 f1 L1 8 f 2 L2 8 f n Ln

π 2g D5 π 2g D15 π 2g D25 π 2g Dn5


hp = h p1 + hp2 + ... + h pn
8 fL 8 f1 L1 8 f 2 L2 8 f n Ln

Simplificando as parcelas iguais:

D 2,5 D 2,5 D 2,5 D 2,5


= 1 + 2 + ... + n
fL f1 L1 f 2 L2 f n Ln

Essa equação pode ser escrita da seguinte forma:


n 
D 2,5 D 2,5 
= ∑ i 
fL i=1  f i Li 

Observações:
1. caso f = f1 = f2 = ... = fn, tem-se:
n 
D 2,5 Di2,5 
=∑ 
L  L 
i =1  i 

2. Se for utilizada a equação de Hazen-Williams:

CD 2, 63 n
 CDi2, 63 
L0,54
= ∑  0, 54 
i =1  Li 
444
Princípios de Hidráulica Básica

Exemplo:
Seja um escoamento entre dois reservatórios, R1 e R2, conforme mostrado na
figura. Considerando desprezíveis as perdas de carga localizadas e supondo que
o fator de atrito possa ser considerado constante e igual a 0,020, determinar a
vazão total que escoa entre os reservatórios, a cota piezométrica do ponto B e a
vazão em cada um dos condutos. As cotas, diâmetros e comprimentos dos
condutos estão indicados no desenho.

Fig. Xx – Desenho esquemático do escoamento entre dois reservatórios de


níveis constantes, interligados por um sistema de tubulação mista.

Dados:
D1 = 4” = 101,6 mm, D2 = 6” = 152,4 mm e D3 = 8” = 203,2 mm
L1 = 600 m, L2 = 750 m e L3 = 900 mm
f = 0,020
z1 = 593,00 m; z2 = 573,00 m e zB = 544,20 m

445
Princípios de Hidráulica Básica

Solução
Os condutos 1 e 2 estão associados em paralelo. Essa associação em paralelo
está associada em série com o conduto 3. Tal associação é denominada de
associação mista de condutos.

a) cálculo da vazão total, Q, que sai do reservatório 1 e chega ao reservatório


B:
Determinação do conduto de diâmetro D’ = 8” equivalente à associação de 1 e
2:

D 2,5 D 2,5 D 2, 5
= 1 + 2
fL f1L1 f 2 L2
Com f1 = f2 = f:
0,2032 2,5 0,1016 2,5 0,1524 2,5 1,861.10 −2
= + = 1,343.10 −4 + 3,311.10 −4
L 600 750 L
1,861.10 −2
L= = 39,992 L = 1599,40 m.
4,654.10 −4
Entre R1 e R2 agora pode-se imaginar uma tubulação de comprimento LT,
equivalente a duas tubulações em série, tal que:
LT = L + L3 = 1 599,40 + 900,00 = 2 499,40 m
Aplicando a equação de Bernoulli, entre os níveis da água nos reservatórios R1 e
R2, tem-se:

p1 V12 p V2
z1 + + = z2 + 2 + 2 + hp + hl
γ 2g γ 2g
Mas, V1 = V2 = 0, p1 = p2 = patm e hl = 0,
logo: h p = z1 − z 2 = 20m

Como,
8f Q2
hp = L , onde D = D3 = 0,2032 m.
π 2 g T D5
446
Princípios de Hidráulica Básica

8.0,020 Q2
20 = 2 .499 , 40 , o que dá Q2 = 1,67698.10-3.
π 2 9,807 0,2032 5
Finalmente,
Q = 0,04095 m3/s ou Q = 40,95 l/s.

b) determinação da cota piezométrica do ponto B:


Aplicando-se a equação de Bernoulli entre o ponto B e a superfície de R2:

pB VB2 p V2
zB + + = z 2 + 2 + 2 + hpB 2 + hlB 2
γ 2g γ 2g
Mas, VB = V, V2 = 0, p2 = patm e hlB2 = 0, logo:

pB VB2 pB VB2 8 f Q2
zB + = z2 − + h pB 2 zB + = 573 − + 2 L3 5
γ 2g γ 2 g π g D3
Supondo, para simplificar, que B está no tubo 3, de diâmetro igual a 8”:
4Q 4.0,04095
VB = = = 1,263 m / s .
πD32 3,142 .0,2032 2

pB 8f Q2 8 Q2  fL3 1  8.Q 2
zB + = 573 + L − = 573 +  −
 D 5 D 4  π 2 g
γ π 2 g D35 π 2 g D34
3
 3 3 

pB  0,020.900 1  8.0,040952
zB + = 573 +  −  = 573 + 7,120
γ  0,2032
5
0,20324  π 2 9,807
Logo,
pB
zB + = 580,12 m
γ

c) determinação das vazões nos condutos 1 e 2:


Aplicando-se a equação de Bernoulli entre a superfície de R1 e o ponto B,
supondo que o escoamento se dá pelo tubo 1:

p1 V12 p V2
z1 + + = z B + B + B + h p1B + hl1B
γ 2g γ 2g

447
Princípios de Hidráulica Básica

Mas, VB = V, V1 = 0, p1 = patm e hl1B = 0, logo:


VB2 8 f1 Q2
593 + 0 + 0 = 580,12 + + 2 L1 15
2 g π g D1

4Q
Sendo, agora, VB =
πD12

8.Q12 8 f1 Q12  1 f1.L1  8.Q12


593 − 580,12 = + L =  + 
π 2 g .D14 π 2 g D15  D14 D15  π 2 g
1

12,88.π 2 g
Q12 = , o que fornece Q1 = 0,01181 m3/s ou Q1 = 11,81 l/s.
 1 f .L 
8. 4 + 1 5 1 
 D1 D1 
De maneira análoga, aplicando-se a equação de Bernoulli entre a superfície de
R1 e o ponto B, porém supondo que o escoamento se dá pelo tubo 2:
p1 V12 p V2
z1 + + = z B + B + B + h p1B + hl1B
γ 2g γ 2g
A perda de carga agora, ocorre apenas no tubo 2, decorrente da vazão Q2.
No entanto, VB = V, V1 = 0, p1 = patm e hl1B = 0, logo:
VB2 8 f 2 Q2
593 + 0 + 0 = 580,12 + + 2 L2 25
2g π g D2
4Q
Sendo, agora, VB =
πD22

8.Q22 8 f2 Q22  1 f 2 .L2  8.Q22


593 − 580,12 = + L =  + 
π 2 g.D24 π 2 g 2 D25  D24 D25  π 2 g

12,88.π 2 g , o que fornece Q = 0,02908 m3/s ou Q = 29,08 l/s.


Q22 = 2 2
 1 f 2 .L2 
8. 4 + 
 D2 D25 

448
Princípios de Hidráulica Básica

Uma outra forma pode ser utilizada para calcular Q2, já conhecidos Q e Q1.
Através da equação da continuidade, aplicada na junção das tubulações 1 e 2
com a tubulação 3, tem-se:
Q = Q1 + Q2 ou Q2 = Q – Q1.

Assim,
Q2 = 40,95 – 11,81 Q2 = 29,14 l/s.
Obs: a diferença é devida a erros de arredondamento nos cálculos.

9.5.3. Condutos ramificados:

Em alguns problemas práticos observa-se que um reservatório pode


alimentar algumas tubulações ou mesmo outros reservatórios. Esse é o caso de
se ter condutos ramificados. Cada configuração dever ser estudada
separadamente. A título de exemplo, serão vistos dois casos clássicos.

a) Problema dos dois reservatórios com uma derivação:

Supor o caso simples de um reservatório R1 estar abastecendo outro


reservatório R2 e uma derivação instalada no ponto B. A tubulação que sai do
reservatório 1 e chega ao ponto B (junção), será denominada de tubulação 1, ao
passo que a tubulação que vai do ponto B ao reservatório 2 será denominada de
tubulação 2. Na junção B, existe uma derivação, cuja vazão, QB, pode ser
regulada através de um registro, conforme ilustrado na figura.

449
Princípios de Hidráulica Básica

Fig. xx – Esquema da interligação entre dois reservatórios com uma derivação.

Observações:
O reservatório R1 possui o nível da água na cota z1 (a maior
cota), sendo denominado de reservatório abastecedor ou
reservatório superior.
O reservatório R2 possui o nível da água na cota z2 (inferior
a z1), sendo denominado de reservatório inferior,
reservatório de reservação ou reservatório de
compensação.
A derivação está instalada em B, cuja cota é zB, por onde
pode sair uma vazão QB.

1º caso: Supor QB = 0.

Sendo QB = 0 Q1 = Q2 = Q e a linha piezométrica será MDN, de


forma que a cota piezométrica em B seja y = zB + pB/γ. Esse caso representa
dois condutos em série, sujeitos a uma perda de carga total hp = hp1 + hp2.

450
Princípios de Hidráulica Básica

Fig. xx – Esquema da interligação entre dois reservatórios com vazão nula na derivação.

A equação de Bernoulli, aplicada entre as superfícies dos dois


reservatórios, desprezando-se as cargas cinéticas e as perdas de cargas
localizadas será:

p1 V12 p V2
z1 + + = z 2 + 2 + 2 + h p , sendo h p = z1 − z 2 = ∆z
γ 2g γ 2g
8 f1 Q2 8 f2 Q 2  f1 L1 f 2 L2  8.Q 2
hp = L + L = + 5  2
π 2 g D15 π 2 g D25  D15 D2  π g
1 2

Dessa equação: a vazão é explicitada:

π 2 g .h p π 2 g .∆z
Q= ou Q =
fL f L  fL f L 
8 1 51 + 2 52  8 1 51 + 2 52 
 D1 D2   D1 D2 

Lembrar que Q = Q1 = Q2.

451
Princípios de Hidráulica Básica

2º caso: Supor QB > 0 e que a cota piezométrica de B seja igual à cota


piezométrica da água no reservatório R2.

Quando QB aumenta, tornando-se maior que zero, a linha piezométrica


cairá e a cota piezométrica em B atingirá os pontos E, F ou G, dependendo do
valor de QB.

Fig. xx – Esquema da interligação entre dois reservatórios com vazão nula no


escoamento para o reservatório R2.

Enquanto a cota piezométrica em B for maior que a cota da superfície


da água em R2, haverá vazão entrando nesse reservatório. Entretanto, se QB
aumentar de forma que a cota piezométrica de B fica igual à cota geométrica do
nível da água no reservatório 2, não haverá vazão entrando ou saindo do
reservatório 2. Nesse caso, tem-se que y = zB + pB/γ = z2, e Q2 = 0. A LP será
MFN e Q1 = QB. Toda a vazão que deixa R1 sai pela derivação.
A aplicação da equação de Bernoulli, entre o nível da água no
reservatório 1 e o ponto B, garante que:
h p1B = z1 − z 2 = ∆z

452
Princípios de Hidráulica Básica

8 f1 QB2 π 2 g .∆z
h p1 = ∆z = L QB =
π 2 g 1 D15 8 f1 L1
D15

3º caso: Supor QB > 0 e que a cota piezométrica de B seja menor que a cota
piezométrica da água no reservatório R2.

Quando QB aumenta ainda mais, a linha piezométrica cairá ainda mais e


poderá atingir o ponto G, ficando menor que a cota do nível da água no
reservatório R2. Nesse caso o reservatório R2 também irá abastecer a derivação,
já que a LP será MGN.

Fig. xx – Esquema da interligação entre dois reservatórios com vazão Q2 saindo


do reservatório R2.

Agora, QB = Q1 + Q2 e haverá perda de carga nas duas tubulações,


enquanto a cota piezométrica em B for y = zB + pB/γ < z2.
Como a vazão na derivação será a soma da vazão que deixa R1 com a
vazão que sai de R2, tem-se:
453
Princípios de Hidráulica Básica

π 2 g .h p1 π 2 g .h p 2
QB = + .
8 f1 L1 8 f 2 L2
D15 D25
Nesse caso:

 p   p 
h p1 = z1 −  z B + B  e h p 2 = z2 −  z B + B 
 γ   γ 

Observação:
Se o consumo em B for elevado, R2 é abastecedor.
Se o consumo for pequeno, R2 é abastecido por R1.
Cuidado especial deve ser adotado, para que a pressão em B não
seja negativa, pois poderia haver entrada de ar na tubulação,
impedindo o crescimento desmedido de QB.

Exemplo:

454
Princípios de Hidráulica Básica

b) Problema dos três reservatórios:

Supor o caso de se ter três reservatórios interligados entre si por


tubulações que se unem em uma única junção B. A tubulação que sai do
reservatório 1 e chega ao ponto B (junção), será denominada de tubulação 1, a
que sai do reservatório 2 e vai até a junção B será denominada de tubulação 2 e
a que vai da junção B ao reservatório 3 será denominada de tubulação 3.
Quando o sistema entrar em equilíbrio haverá uma vazão em cada tubulação e o
objetivo é determinar os valores dessas vazões, bem como a cota piezométrica
no ponto B.

Fig. xx – Esquema da interligação de três reservatórios através de uma única junção, em


B.

O reservatório R1 possui o nível da água na cota z1 (a maior cota), sendo


denominado de reservatório superior ou abastecedor.
O reservatório R2 possui o nível da água na cota z2 (a cota intermediária),
sendo denominado de reservatório de compensação. Dependendo da

455
Princípios de Hidráulica Básica

configuração ele pode estar recebendo água de R1 ou fornecendo água para


R3.
O reservatório R3 possui a água na cota z3 (a menor delas), sendo
denominado de reservatório armazenador.
Nas tubulações estabelecem-se vazões de equilíbrio, sendo que Q1 é a
vazão que deixa R1 e Q3 a vazão que chega a R3. Na tubulação 2 existirá
uma vazão que pode estar saindo ou entrando em R2, dependendo da
configuração dos reservatórios.

Quando o equilíbrio se estabelecer, deseja-se conhecer a cota


piezométrica da junção B, as vazões nas tubulações e o sentido da vazão na
tubulação 2.
Seja, por questões de simplicidade, y = zB + pB/γ.

Três situações são possíveis de ocorrer:

1º caso: y > z2.


Nesse caso o reservatório R1 cederá uma vazão Q1, que se distribuirá
entre o reservatório R2 e R3, de forma que a linha piezométrica será LE para o
escoamento no tubo 1, Em para o escoamento no tubo 2 e EN para o
escoamento no tubo 3.
Q1 = Q2 + Q3

456
Princípios de Hidráulica Básica

Fig. xx – Esquema da interligação de três reservatórios através de uma única


junção, em B.

No trecho 1, a vazão que deixa R1 será tal que a perda de carga na tubulação 1
8f Q2
será dada por: h p1 = z1 − y = 2 1 L1 15
π g D1
8 f1 Q12
Fazer K1 = , tem-se: z − y = K L
π 2g
1 1 1
D15
D15 .( z1 − y ) D15
Então Q1 = = (z1 − y ) .
K1 L1 K1 L1

Q1 = a ( z1 − y )
D15
Se a =
K 1 L1
No trecho 2, a vazão que entra em R2 será imporá uma perda de carga no tubo
8 f2 Q22
dada por: h p 2 = y − z 2 = L
π 2 g 2 D25
8 f2 Q22
Fazer K 2 = , tem-se: y − z = K L
π 2g
1 2 2
D25
D25 .( y − z2 ) D25
Então Q2 = = ( y − z2 ) .
K1 L1 K 2 L2
D25
Se b = Q2 = b ( y − z2 )
K 2 L2

457
Princípios de Hidráulica Básica

No trecho 3, a vazão que chega R3 fará com que a perda de carga no tubo 3 seja:
8 f3 Q32
h p 3 = y − z3 = 2 L3 5
π g D3
D35
Fazendo K 3 =
8 f3
e c= tem-se: Q3 = c ( y − z3 )
π 2g K 3 L3

2º caso: y = z2.
Nesse caso o reservatório R1 cederá uma vazão Q1, que será enviada
diretamente para R3, já que a vazão para o reservatório R2 torna-se nula. As
linhas piezométricas serão LF para o escoamento no tubo 1, FM para o
escoamento no tubo 2 e FN para o escoamento no tubo 3.
Como Q2 = 0 Q1 = Q3

Fig. xx – Esquema da interligação de três reservatórios através de uma única junção, em


B.

No trecho 1, a vazão que deixa R1 irá gera uma perda de carga dada por:

8 f1 Q12
h p1 = z1 − z 2 = L
π 2 g D15
1

D15
Considerando K1 =
8 f1
e a= Q1 = a (z1 − y )
π 2g K 1 L1
458
Princípios de Hidráulica Básica

Lembrete: no trecho 2, Q2 = 0 e y = z2.

No trecho 3, a vazão que chega R3 imporá a seguinte perda de carga:

8 f3 Q32
h p 3 = y − z3 = L
π 2 g 3 D35

D35
8f
Se K 3 = 2 3 e c = tem-se: Q3 = c ( z 2 − z3 )
π g K 3 L3

3º caso: y < z2.


Nesse caso o reservatório R1 cederá uma vazão Q1, que será enviada
para R3, juntamente coma a vazão Q2 que sai do reservatório R2. As linhas
piezométricas serão LG para o escoamento no tubo 1, MG para o escoamento no
tubo 2 e GN para o escoamento no tubo 3.
Como o reservatório R2 tornou-se abastecedor:

Q1 + Q2 = Q3 ou Q1 = -Q2 + Q3

Fig. xx – Esquema da interligação de três reservatórios através de uma única junção, em


B.
459
Princípios de Hidráulica Básica

No trecho 1, a perda de carga se ajustará à vazão que deixa R1 sendo:


8 f1 Q12
h p1 = z1 − y = 2 L1 5
π g D1
D15
Com K1 =
8 f1
e a= , tem-se: Q1 = a (z1 − y )
π 2g K 1 L1
No trecho 2, a vazão sairá de R2 imponto uma perda de carga dada por:
8 f2 Q22
hp 2 = z2 − y = L
π 2 g 2 D25

D25
Se K 2 =
8 f2
eb= , tem-se: Q2 = b (z2 − y )
π 2g K 2 L2

No trecho 3, tudo fica como antes, de forma que a vazão que chega R3 originará
8 f3 Q32
uma perda de carga dada por: h p 3 = y − z3 = L .
π 2 g 3 D35
D35
Logo, se K 3 =
8 f3
e c= tem-se: Q3 = c ( y − z3 )
π 2g K 3 L3

Resumindo:
Q1 = a (z1 − y ) ...........................10

Q2 = b ( y − z2 ) ..............................11
se Q1 = Q2 + Q3 ou seja y > z2 ......12
------------------------------------------------------------
Q2 = b (z2 − y ) ..................................11A
Caso de Q1 = -Q2 + Q3 ou seja y < z2 .........12B
------------------------------------------------------------
Q3 = c ( y − z3 ) .............................13

460
Princípios de Hidráulica Básica

De uma outra forma, pode ser visto que Q1 – Q2 – Q3 = 0 se y > z2 e Q1


+ Q2 – Q3 = 0, se y < z2. Em geral escreve-se que Q1 ± Q2 – Q3 = 0, lembrando
que o sinal negativo deverá ser usado para y > z2 e o sinal positivo para y < z2.

A solução do problema será encontrada resolvendo-se o sistema de


equações não lineares de 4 equações e 4 incógnitas. A solução analítica pode
ficar complicada, já que o sistema de equações é não linear. Assim impõe-se
uma solução prática.

Solução Prática:
Na prática, para simplificar a solução do sistema de equações, é comum
adotar um procedimento que fornece bons resultados.

1. Supor, inicialmente, que y = z2, de forma que dever-se-ia ter Q2 = 0.


2. Determinar Q1 e Q3 através das equações 10 e 13, observando que:
a) se Q1 = Q3 a solução já está encontrada
b) se Q1 > Q3 y deve ser maior que z2, de forma a diminuir Q1
c) se Q1 < Q3 y deve ser menor que z2, de forma a aumentar Q1

3. Conforme o caso aumentar ou diminuir y, iterativamente, calculando Q1,


Q2 e Q3 até que a equação da continuidade (12 ou 12B) seja satisfeita.

Quando se estiver próximo da solução é conveniente adotar-se um erro


na equação da continuidade, dado por:
ε = Q1 ± Q2 – Q3,
o sinal positivo ou negativo para Q2 dependerá de se ter a equação da
continuidade na forma 12 ou na forma 12B.
Quando os cálculos resultarem em 3 valores para a função erro,
próximos de zero, tal que pelo menos um seja deles negativo, construir um
461
Princípios de Hidráulica Básica

gráfico para representar y em função de ε. O ponto do gráfico correspondente a


ε = 0, certamente será o valor de y que é a solução do problema. Uma vez
determinado esse valor por interpolação linear, calcular, novamente, os valores
de Q1, Q2 e Q3, que devem satisfazer à equação da continuidade. Quanto menor
for o intervalo entre os erros, mais próximo da solução será o valor de y. Com
esse procedimento, encontram-se os valores de y, Q1, Q2 e Q3 procurados.

A figura seguinte ilustra o gráfico de y x ε para um escoamento entre


três reservatórios. Pelo gráfico pode-se determinar o valor y para o qual o erro é
nulo. No caso específico, tem-se y = 34,7 m.

38
Cota piezométrica (m) x erro (l/s)
y = Cota piezométrica em B

37

36
(m)

35

34

33
-0,20 -0,10 0,00 0,10 0,20
ε = Erro (l/s)
Fig. Xx – Gráfico da função erro para cálculo da cota piezométrica da junção, y, em um
caso hipotético.

Exemplo:

462
Princípios de Hidráulica Básica

463
Princípios de Hidráulica Básica

9.6. DISTRIBUIÇÃO DE VAZÃO EM MARCHA

Até neste momento dos estudos da Hidráulica, temos


considerado escoamentos em tubulações em que a vazão é constante ao longo
dessa tubulação. Tais escoamentos foram ditos uniformes.
Existe um tipo de escoamento em que a vazão vai diminuindo
ao longo do percurso, de forma que o escoamento passa a ser chamado de
escoamento variado. Se a vazão não varia abruptamente no trecho, ele é
denominado de escoamento gradualmente variado. Tais escoamentos ocorrem
em sistemas de abastecimento de água, em redes de distribuição de água ou em
sistemas de irrigação, quando a água é distribuída através de várias derivações.
Em princípio, a equação da continuidade poderia ser aplicada
em cada trecho para calcular a vazão que segue para o trecho seguinte e a
equação de Bernoulli poderia ser aplicada em cada trecho, para calcular a perda
de carga no trecho. Entretanto, quando o número de derivações se torna grande,
é impraticável proceder com os cálculos desta forma, o que requer uma
metodologia mais simples.
Admitindo-se que a vazão que deixa a tubulação seja distribuída
no percurso, de maneira uniforme, como se houvesse uma fenda longitudinal de
comprimento igual ao do trecho, o problema podes ser equacionado com
facilidade.
Quando a água escoa por um tubo de comprimento L e diâmetro
constante, D, com vazão Q, já sabemos que a vazão que entra no tubo é igual à
vazão que deixa o mesmo e que a perda de carga é calculada pela equação:

8 f Q2
hp = L
π 2 g D5
A figura xx ilustra o caso em consideração.

464
Princípios de Hidráulica Básica

Fig. xx – Perda de carga em um trecho de comprimento L


quando a vazão na tubulação é constante.

A perda de carga unitária é J = hp/L., de forma que:

8 f Q2
J= 2
π g D5
Denominando de K o coeficiente de Q2, tem-se:
8f
K=
π gD 5
2

Logo, pode-se escrever que a perda de carga unitária será:

J = KQ2
No caso da vazão Q1 ser diferente de Q2, haverá uma vazão
deixando a tubulação, ao longo do comprimento L, denominada de vazão
distribuída, Qd. Nos termos do problema, a vazão que entra no trecho com vazão
distribuída é denominada de vazão de montante, Qm, e a vazão que deixa o
trecho é denominada de vazão de jusante, Qj. Nesse caso, Q1 = Qm e Q2 = Qj. e
Qd = Qm - Qj.

Fig. xx – Perda de carga em um trecho de comprimento L com distribuição


em marcha (vazão na tubulação não é constante).
465
Princípios de Hidráulica Básica

Supondo que a vazão Qd seja distribuída uniformemente ao longo do


comprimento L, define-se a vazão unitária de distribuição, q, como sendo:

Qd
q=
L

As unidades de q serão m3/s/m = m2/s ou l/s/m, conforme o caso.

Também se pode escrever que Qm = Q j + Qd ou que Qm = Q j + qL ,

equação válida para a distribuição em marcha no comprimento L.

Adotando-se um referencial Ox coincidente com o eixo da tubulação e


com a origem O onde se inicia a distribuição em marcha, podemos escrever as
equações para as vazões em uma posição genérica x, medida à partir da origem,
conforme mostra a figura xx.

Fig. xx – Vazão distribuída em um trecho de comprimento x.

Sendo a vazão que entra no trecho de comprimento x igual a Qm e a que


deixa o comprimento x igual a Qx e sendo a vazão unitária de distribuição igual
a q, escreve-se, por analogia com a vazão distribuída no comprimento x, dada
acima:
Qm = Q x + qx ou Qx = Qm − qx

466
Princípios de Hidráulica Básica

Supondo que em um comprimento infinitesimal, dx, a vazão seja Qx, a


perda de carga unitária, J, será dada por:
J = KQx2

A perda de carga no trecho de comprimento dx será hp = J.dx. Logo,


pode-se escrever que para o comprimento dx, tem-se:

J .dx = KQ x2 .dx ou que J .dx = K (Qm − qx ) .dx


2

A perda de carga no comprimento L, evidentemente, será dada por:


L
hp = ∫ J .dx .
0

Assim,

0
2 L

0
( )
h p = ∫ K (Qm − qx) .dx ou h p = ∫ K Qm2 − 2.Qm .qx + q 2 x 2 .dx
L

Resolvendo a integral anterior, em x, supondo K, Qm e q constantes,


tem-se:

 q 2 .L2 
h p = KL Qm2 − Qm .q.L + 
 3 

A equação anterior mostra que a perda de carga é uma função cúbica do


comprimento do trecho onde está ocorrendo a distribuição em marcha.

A perda de carga unitária, J, será dada por:

 q 2 .L2 
J = K  Qm2 − Qm .q.L + 
 3 

A equação acima, mostra que a perda de carga unitária varia com L


segundo uma função quadrática. Disto se pode concluir que a linha de energia
(LE) em uma distribuição em marcha é representada por uma parábola cujas
tangentes iniciais e finais têm inclinações correspondentes ao escoamento

467
Princípios de Hidráulica Básica

uniforme de vazão Qm, no início, e ao escoamento uniforme de vazão Qj, no


final, respectivamente. A figura xx seguinte, ilustra esta conclusão.

Fig. xx – Linha de energia na distribuição em marcha, em um comprimento L.

A equação da perda de carga, do terceiro grau em L, às vezes não é


cômoda de ser utilizada. Assim, ela pode ser aproximada por outra, de forma a
facilitar os cálculos. Como a vazão distribuída é Qd = q.L, a perda de carga
poderá ser escrita como sendo:

 Q2 
h p = KL Qm2 − Qm .Qd + d 
 3 
Esta função pode ser aproximada por uma equação do tipo:

h p = KL (Qm − aQd ) , com a variando entre 0,500 e 0,577.


2

Se adotarmos Qf = Qm – a.Qd, denominada de vazão fictícia, a perda de


carga poderá ser calculada como de costume por:
hp = KLQ2f ,

8f
lembrando que K = .
π gD 5
2

468
Princípios de Hidráulica Básica

Assim, o cálculo da perda de carga no escoamento com distribuição em


marcha pode ser calculada à partir da vazão fictícia. A vazão fictícia é um valor
de vazão, que suposta constante, produz a mesma perda de carga do escoamento
com distribuição em marcha, no comprimento L de tubulação. Na literatura
existe divergências sobre o melhor valor a ser utilizado para a vazão fictícia.
Alguns autores propõem que a seja igual a 0,577, outros que seja igual a 0,55 e
a maioria, usam a igual a 0,50, por uma questão de simplicidade dos cálculos.
Logo, para alguns, Q f = Qm − 0,577Qd e para outros,

Q f = Qm − 0,55Qd . Como se trata de se aceitar uma aproximação da função

exata, torna-se conveniente adotar Q f = Qm − 0,50Qd , o que facilita o cálculo

de Qf e de hp, pois:
Qm + Q j
Q f = Qm − 0,50Qd ∴ Q f = Qm − 0,50(Qm − Q j ) ∴ Q f =
2
Nesse caso a vazão fictícia é a média entre a vazão de montante e a
vazão de jusante no trecho de comprimento L, com a perda de carga sendo
calculada pela equação convencional da resistência: h p = KLQ 2f .

Um caso particular que pode ocorrer é quando Qj = 0. Se utilizarmos o


conceito acima de vazão fictícia, teremos Qm = Qd e Qf = 0,50.Qm. Assim a
perda de cálculo seria:
Qm2
h p = KLQ 2f h p = KL(0,50Qm ) h p = KL
2
.
4
O valor acima não se ajusta bem com as observações experimentais. Nesse caso,
é preciso utilizar a equação correta para o cálculo da perda de carga, de forma
que:
 2 Qd2 
h p = KL  Qm − Qm .Qd +
  , com Qm = Qd = q.L.
 3 

469
Princípios de Hidráulica Básica

 Q2   Q2  Qd2
h p = KL Qd2 − Qd .Qd + d  = KL Qd2 − Qd .Qd + d  h p = KL
 3   3  3
Esse resultado ajusta-se melhor aos resultados experimentais e mostra que,
Qm
nesse caso a vazão fictícia deixa de ser 0,50.Qm e passa a ser Q f = ou
3
Q f = 0,577Qm . A conclusão é de que a expressão de Qf = 0,50.(Qm + Qj) é
tanto melhor quanto mais a vazão de jusante seja diferente de zero.

EXEMPLO:
Considerar um escoamento de água em uma tubulação de 6" (152,4 mm),
desenhada esquematicamente, conforme figura abaixo, contida em um plano
vertical. No trecho AB, a vazão é de 20 l/s. No trecho BC ocorre uma
distribuição em marcha, de modo que as pressões em A e em D são iguais a
166,6 kPa e 130,3 kPa, respectivamente. Considerar um fator de atrito médio
igual a 0,036 e desprezar as perdas de cargas localizadas. Calcular a vazão
unitária distribuída no trecho BC e a perda de carga na distribuição em marcha.

Fig. xx - Trecho de um escoamento com distribuição em marcha

SOLUÇÃO

No trecho AB a vazão será de 20 l/s, denominada de vazão de montante, Qm.

470
Princípios de Hidráulica Básica

No trecho BC haverá uma distribuição em marcha de vazão unitária igual a q,


ainda desconhecida.
No trecho CD haverá uma vazão denominada Qj.
Velocidade no trecho AB: VA = Q/A = 4.Q/(πD2) = 4x0,020/π/0,15242
VA= 1,096 m/s.
Carga cinética no trecho AB: VA2/(2g) = 1,0962/2/9,807 = 0,061 m.
pA VA2 166600
Energia total em A: H A = z A + + = 1+ + 0,061 = 18,049m
γ 2g 9807

pD VD2 130300 VD2 V2


Energia total em D: H D = z D + + = 2+ + = 15,286 + D
γ 2g 9807 2 g 2g
A perda de carga entre A e D será:
VD2 V2
h pAD = H A − H D = 18,049 − 15,286 − = 2,763 − D
2g 2g
Por outro lado, a perda de carga entre A e D poderá ser calculada por:
h pAD = h pAB + h pBC + h pCD = J .L AB + h pBC + J .h pCD
No trecho BC ocorre uma distribuição em marcha com vazão fictícia, Qf dada
por: Qf = 0,5.(Qm + Qj). A perda de carga nesse trecho será dada por:

8f Q 2f
h pBC = 2 LBC 5
π g D
VD2 V2
Assim. hpAD = H A − H D = 18,049 − 15,286 − = 2,763 − D
2g 2g

VD2 8 f 0,020 2 8 f Q 2f 8f Q 2j
2,763 − = 2 40 + 120 + 84
2g π g D5 π 2g D5 π 2 g D5

2,763 −
16Q 2j
2 gπ D
2 4
=
8f
π gD
2 5
(
40 x0,020 2 + 120.Q 2f + 84.Q 2j )
(
2,763 = 153,2196.Q 2j + 36,1936 0,016 + 120.Q 2f + 84.Q 2j )
2,763 = 153,2196.Q 2j + 0,5791 + 4343,23.Q 2f + 3040,26.Q 2j

471
Princípios de Hidráulica Básica

4343,23.Q 2f + 3193,48.Q 2j = 2,1839

Sendo Qf = 0,5.(Qm + Qj) = 0,010+0,5.Qj:


4343,23.(0,010 + 0,5.Q j ) 2 + 3193,48.Q 2j = 2,1839

4279,288.Q 2j + 43,43.Q j − 1,7496 = 0

A solução da equação acima fornece duas raízes, das quais apenas uma tem
significado físico:

Qj = 0,01577 m3/s ou Qj = 15,77 l/s.

A vazão distribuída será: Qd = Qm - Qj = 0,020 - 0,01577.

==> Qd = 0,004227 m3/s.

A vazão unitária de distribuição será: q = Qd / L ou q = 0,004277 / 120

Logo: q = 3,5228x10-5 m3/s/m ou q = 0,035228 l/s/m.

A vazão de jusante será: Qj = Qm - Qd = 0,020 - 0,004227 = 0,0158 m3/s;

A vazão fictícia será: Qf = 0,5.(Qm + Qj) = 0,010+0,5.0,0158 = 0,0179 m3/s;

A perda de carga na distribuição em marcha será:

8f Q 2f 8 x0,036 0,01792
h pBC = L ou h = 120 = 1,392m .
π 2 g BC D 5 pBC
π 2g 0,15245

472
Princípios de Hidráulica Básica

9.7. REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA

Também denominadas de redes malhadas.


Sistemas de distribuição:
• Anéis
• Ramais

Deve satisfazer a:
1. em um nó: ∑Q i = 0;
2. entre duas junções quaisquer a perda de carga total independe do
percurso seguido (equação do anel).

1º Problema:
dados D e L, calcular Q e hp.
m = número de anéis
n = número de nós
formam-se m + n - 1 equações independentes.

Se o número de equações é grande recomenda-se o uso de computador e deve


ser usado o método de hardy-cross.
Hardy-cross: aproximações sucessivas com base nas equações do nó e do anel.

473
Princípios de Hidráulica Básica

fig. xx - Exemplo de rede de distribuição de água.

No anel A as setas indicam o sentido da vazão.

1. em cada nó: ∑Q i = 0.
2. hp = h´p.

Procedimento:
1º) Estimar um Qi que satisfaça a condição 1;
2º) A condição 2 não deverá ser satisfeita. Assim, deve-se corrigir as vazões
estimadas para que se tenha hp = h´p.
L V2 8f L 2
Lembrete: hp = f ou h p = 2 Q ou h p = KQ 2 , onde
D 2g π gD 5

8f L
K=
π 2 g D5

Em um anel:
no sentido horário tem-se: ∑h p = ∑ KQ 2

∑h = ∑ K Q'
' ' 2
no sentido anti-horário tem-se: p

474
Princípios de Hidráulica Básica

∑ KQ − ∑ K Q '2
'
Mas 2
≠ 0 ==> erro de fechamento

Procurar o ∆Q a ser subtraído de Q e somado a Q', de forma que ∑h = ∑h


p
'
p

∑ K (Q − ∆Q ) = ∑ K (Q ' + ∆Q ) 2
2 '
Logo:

∑ K (Q − 2Q.∆Q + ∆Q 2 ) = ∑ K (Q '2 + 2Q ' .∆Q + ∆Q 2 )


2 '

Considerando: ∆Q 2 = 0

∑ K (Q − 2Q.∆Q ) = ∑ K (Q ' 2 + 2Q ' .∆Q )


2 '

∑ KQ −∑ K Q ) 2 ' '2

2(∑ KQ + ∑ K Q )
∆Q = ' '

hp
fazendo-se KQ = , tem-se:
Q

∆Q =
∑ h −∑ h
p
'
p

 hp h p' 
2 ∑ + ∑ ' 
 Q Q 

Na segunda aproximação, corrigir Qi para cada anel. Nesse caso os erros em

∑h p e ∑h '
p devem ser menores.

Repetir o processo até que se tenha ∑h − ∑h


p
'
p =0

Ver detalhes na bibliografia especializada.

475
Princípios de Hidráulica Básica

EXEMPLO

476
Princípios de Hidráulica Básica

9.8. SIFÕES

Escrever

477
Princípios de Hidráulica Básica

9.9. ESCOAMENTOS QUASE PERMANENTES

Escrever

9.9.1. ESVAZIAMENTO DE RESERVATÓRIOS

Escrever

478
Princípios de Hidráulica Básica

9.9.2. VARIAÇÃO DOS NÍVEIS ENTRE DOIS RESERVATÓRIOS

Escrever

479

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