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PROCURADORIA-GERAL DA FAZENDA NACIONAL

PROCURADORIA DA FAZENDA NACIONAL EM PERNAMBUCO

EXCELENTÍSSIMO SR(A) JUIZ(A) FEDERAL DA 91ª VARA DA SEÇÃO


JUDICIÁRIA DE PERNAMBUCO.

Processo nº 0807561-47.2018.4.05.8300

A UNIÃO (FAZENDA NACIONAL), por seu procurador, vem, à presença de V. Exª,


expor e requerer o que segue.

Trata-se de mandado de segurança em que a impetrante pretende afastar o ICMS


substituição da base de cálculo do PIS e da COFINS, invocando, em defesa de sua
pretensão, o entendimento firmado pelo Colendo STF nos autos do RE 574706, ainda
não transitado em julgado, no sentido de que o ICMS não se inclui na base de cálculo
das aludidas contribuições.

Em apertada síntese alega que o ICMS-ST integra o custo das mercadorias que adquire
para fins de execução de seu objeto social, tornando-se tributo irrecuperável e que
montante pago ao Substituto tributário não compõe o seu faturamento.

No entanto, como restará demonstrado, sem qualquer razão a impetrante, devendo ser
indeferida a liminar e denegada a segurança.

DAS RAZÕES PARA DENEGAÇÃO DA SEGURANÇA.

DISTINGUISHING PRELIMINAR - IMPOSSIBILIDADE DE


TRANSPOSIÇÃO DO QUANTO DECIDIDO NO TEMA 69 AO ICMS-ST:
EXCLUSÃO DO ICMS-ST DA RECEITA BRUTA DO SUBSTITUTO –
AUSÊNCIA DE ICMS NA NOTA OU DESTACADO PELO SUBSTITUÍDO

Inicialmente, cumpre questionar se há distinção ou similitude entre o ICMS


ordinariamente incidente nas operações comerciais e aquele submetido ao regime
peculiar da substituição tributária e, assim, se a peculiaridade é relevante ao quanto
decidido pelo Supremo Tribunal Federal, inclusive para afirmar ou infirmar a
pretensão de aplicação, por arrastamento, do quanto decidido no Tema 69 do STF, sob
o regime da repercussão geral, no sentido de que “o ICMS não compõe a base de
cálculo para incidência do PIS e da Cofins”.

De saída, pode-se cravar a substancial distinção no trato do ICMS-ST, seja por


comportar a exclusão por expressa disposição legal do conceito de receita
bruta/faturamento do substituto, seja porque na hipótese do substituído tal tributo

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acaba ostentando contornos de tributo direto, atribuindo ao substituído a feição


de mero contribuinte de fato. Efetivamente, ao substituído não há destaque para
repasse ao consumidor final, diferentemente do ICMS e IPI nas suas concepções
clássicas (tributos indiretos), havendo absorção do ICMS que seria devido em toda a
cadeia na operação anterior, passando a integrar o custo do produto.

Com efeito, o entendimento do Supremo Tribunal Federal, seja sob a égide da


sinalização jurisprudencial inaugurada pelo RExt 240.785-MG, seja sob o manto da
repercussão geral e tese fixada no RExt 574.706/PR, no sentido da existência de que “o
ICMS não compõe a base de cálculo para incidência do PIS e da Cofins”, teve como
premissa “o regime da não cumulatividade [...], conquanto se tenha a escrituração
da parcela ainda a se compensar do ICMS, não se incluir todo ele na definição de
faturamento aproveitado por este Supremo Tribunal Federal”.

Não por outra razão, consta expressamente do voto da Relatora, Min. CÁRMEN
LÚCIA, naquele paradigma que culminou com a fixação da tese no TEMA 69 que se
pretende aplicar por extensão, que:

Contudo, é inegável que o ICMS respeita a todo o processo e o


contribuinte não inclui como receita ou faturamento o que ele haverá de
repassar à Fazenda Pública.

10. Com esses fundamentos, concluo que o valor correspondente ao


ICMS não pode ser validamente incluído na base de cálculo da
contribuição ao PIS e da COFINS.

11. Não desconsidero o disposto no art. 3º, § 2º, inc. I, in fine, da Lei n.
9.718/1998, segundo o qual:

“Art. 3º, § 2º Para fins de determinação da base de cálculo das


contribuições a que se refere o art. 2º, excluem-se da receita bruta:

I – (…) e o Imposto sobre Operações relativas à Circulação de


Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual
e Intermunicipal e de Comunicação – ICMS, quando cobrado pelo
vendedor dos bens ou prestador dos serviços na condição de substituto
tributário”.

O recolhimento do ICMS na condição de substituto tributário


importa na transferência integral às Fazendas Públicas estaduais,
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sem a necessidade de compensação e, portanto, identificação de


saldo a pagar, pois não há recolhimentos posteriores pelos demais
contribuintes substituídos.”

A distinção, já apresentada quando da definição do TEMA 69 está alinhada com as


razões de decidir: reputa-se indevida a inclusão do ICMS na base de cálculo do PIS e
da COFINS porquanto seriam os valores mero ingresso, montante em trânsito pelas
contas da empresa cuja titularidade seria do ente. Na substituição tributária, não há
ingressos ou recolhimentos posteriores, razão pela qual não se cogita de exclusão de
grandeza que compõe a operação.

Nesse sentido, voto da lavra do Min. RICARDO LEWANDOWSKI:

E está-se diante de um fenômeno que o grande, eminente tributarista


Roque Carrazza denomina de "mero trânsito contábil". É um simples
trânsito contábil, não ingressa no patrimônio da empresa, do
contribuinte.

Não me impressiona, com o devido acatamento, o argumento que foi


manejado aqui hoje nesta Sessão de que o contribuinte teria uma
disponibilidade momentânea, transitória, do valor a ser repassado pelo
Estado, inclusive passível de aplicação no mercado financeiro. É que
essa verba correspondente ao ICM é do Estado, sempre será do Estado
e terá que um dia ser devolvida ao Estado; não ingressa jamais,
insisto, no patrimônio do contribuinte.

Vê-se, na espécie, que no ICMS-ST, não há o mero trânsito contábil do valor do ICMS,
seja porque ele é excluído do conceito de receita bruta/faturamento para o substituto –
portanto até pode-se reconhecer que por ser mero trânsito, como definido pelo STF,
acertadamente o legislador já havia excluído -, seja porque não há recolhimento nas
operações subsequentes, pelo substituído.

Portanto, com facilidade, pode-se depreender que o julgamento do RExt 574.706/PR,


ao qual se pretende atribuir a pecha de tábua de salvação para a tese, ele próprio, traz
expressamente ou extraído da ratio decidendi, a absoluta impossibilidade de extensão
ou inaplicabilidade à hipótese do ICMS-ST.

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Inegável, pois, a absoluta impertinência na tentativa de ampliar o escopo do quanto


decidido no RExt 574.706/PR (TEMA 69) à hipótese ICMS sujeito ao regime de
substituição tributária (ICMS-ST), questão textualmente ressaltada de todos os votos
vencidos (cite-se o Min. GILMAR MENDES – pág. 134), como também naqueles que
definiram a tese fixada no sentido da “exclusão do ICMS da base de cálculo do
PIS/COFINS” (Min. Carmem Lúcia, expressamente, ou decorrente da ratio, como Min.
LUIZ FUX e RICARDO LEWANDOWSKI).

DO REGIME DE SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA NO ICMS – o ICMS-ST

Feitas as ponderações preliminares acerca do necessário distinguishing da matéria em


relação ao quanto debatido e decidido no TEMA 69 (REXT 574.706/PR), há que se
reconhecer que o regime de substituição tributária, no ICMS, acarreta consequências de
ordem jurídica, contábil e financeira que não comportam a extensão do paradigma
como pretendido, ensejando a improcedência da pretensão.

Via de regra, o sujeito passivo da obrigação tributária principal é o contribuinte, isto é,


aquele que tem relação pessoal e direta com a situação que constitui o fato gerador. A
lei, no entanto, pode atribuir a responsabilidade a terceiro vinculado ao fato gerador da
obrigação, hipótese em que poderá excluir a responsabilidade do contribuinte ou
atribuí-la em caráter supletivo. Nesse sentido, dispõe o artigo 128 do Código Tributário
Nacional:

Art. 128. Sem prejuízo do disposto neste capítulo, a lei pode atribuir de
modo expresso a responsabilidade pelo crédito tributário a terceira
pessoa, vinculada ao fato gerador da respectiva obrigação, excluindo a
responsabilidade do contribuinte ou atribuindo-a a este em caráter
supletivo do cumprimento total ou parcial da referida obrigação

Tal mecanismo é implementado como maneira de otimizar a arrecadação tributária e de


diminuir as possibilidades de inadimplemento, facilitando sobretudo a fiscalização dos
tributos polifásicos, ou seja, daqueles que incidem mais de uma vez no decorrer da
cadeia de circulação de uma determinada mercadoria ou serviço, como é o caso do
ICMS. A lei pode atribuir a responsabilidade a terceiro por fato gerador concomitante à
operação, mas também pode atribuir-lhe a responsabilidade por fato gerador relativo a
operações antecedentes e subsequentes. No primeiro caso, estar-se-á diante da
substituição tributária para trás ou regressiva; no último, fala-se em substituição
tributária para frente ou progressiva.

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A técnica de arrecadação é comumente verificada no trato do ICMS, e nesse particular,


no ICMS-ST, fundada no art. 150, § 7º, da CRFB/1988 e no art. 9º e art. 10 da LC
87/1996 (Lei Kandir), sendo esse regime jurídico relevante à solução da controvérsia.

Na substituição para trás, a responsabilidade pelo recolhimento do tributo devido nas


operações anteriores é atribuída a terceiro localizado no final da cadeia produtiva.
Nesse caso, a base de cálculo do tributo, para fins de substituição tributária, será o valor
da operação ou prestação praticada pelo contribuinte substituído (art. 8º, I, da Lei
Complementar nº 87, de 13 de setembro de 1996):

Art. 8º A base de cálculo, para fins de substituição tributária, será:

I - em relação às operações ou prestações antecedentes ou


concomitantes, o valor da operação ou prestação praticado pelo
contribuinte substituído;

....

A simplicidade da substituição para trás ou regressiva torna a sistemática quase


intuitiva. Não se pode dizer o mesmo, porém, da substituição tributária para a frente ou
progressiva. Com efeito, a certeza do valor das operações anteriores (isto é, da base de
cálculo do tributo) é elemento simplificador da sistemática de diferimento da
tributação.

Na medida em que na substituição tributária progressiva não se sabe qual o valor das
operações subsequentes, a base de cálculo é definida pelo mesmo artigo 8º, II e §§ 2º a
6º, da Lei Complementar nº 87, de 1999:

Art. 8º A base de cálculo, para fins de substituição tributária, será:

...

II - em relação às operações ou prestações subseqüentes, obtida pelo


somatório das parcelas seguintes:

a) o valor da operação ou prestação própria realizada pelo substituto


tributário ou pelo substituído intermediário;

b) o montante dos valores de seguro, de frete e de outros encargos


cobrados ou transferíveis aos adquirentes ou tomadores de serviço;
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c) a margem de valor agregado, inclusive lucro, relativa às operações


ou prestações subseqüentes.

...

§ 2º Tratando-se de mercadoria ou serviço cujo preço final a


consumidor, único ou máximo, seja fixado por órgão público
competente, a base de cálculo do imposto, para fins de substituição
tributária, é o referido preço por ele estabelecido.

§ 3º Existindo preço final a consumidor sugerido pelo fabricante ou


importador, poderá a lei estabelecer como base de cálculo este preço.

§ 4º A margem a que se refere a alínea c do inciso II do caput será


estabelecida com base em preços usualmente praticados no mercado
considerado, obtidos por levantamento, ainda que por amostragem ou
através de informações e outros elementos fornecidos por entidades
representativas dos respectivos setores, adotando-se a média
ponderada dos preços coletados, devendo os critérios para sua fixação
ser previstos em lei.

§ 5º O imposto a ser pago por substituição tributária, na hipótese do


inciso II do caput, corresponderá à diferença entre o valor resultante
da aplicação da alíquota prevista para as operações ou prestações
internas do Estado de destino sobre a respectiva base de cálculo e o
valor do imposto devido pela operação ou prestação própria do
substituto.

§ 6º Em substituição ao disposto no inciso II do caput, a base de


cálculo em relação às operações ou prestações subseqüentes poderá
ser o preço a consumidor final usualmente praticado no mercado
considerado, relativamente ao serviço, à mercadoria ou sua similar,
em condições de livre concorrência, adotando-se para sua apuração as
regras estabelecidas no § 4º deste artigo.

Em suma, a Lei Complementar nº 87, de 1993, estipula os parâmetros para obtenção da


base de cálculo. Tratando-se de mercadoria ou serviço cujo preço final a consumidor,

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único ou máximo, seja fixado por órgão público competente, este deve ser a base de
cálculo do imposto, para fins de substituição tributária (art. 8º, §2º).

Na ausência de preço fixado por autoridade e existindo preço final a consumidor


sugerido pelo fabricante ou importador, pode a lei estabelecê-lo como base de cálculo
(art. 8º, §3º). Em não sendo adotados os critérios anteriores, a base de cálculo será o
somatório a) do valor da operação ou prestação própria do substituto, b) do montante
dos valores de seguro, de frete e de outros encargos cobrados ou transferíveis aos
adquirentes ou tomadores de serviço e c) da margem de valor agregado, inclusive lucro,
relativa às operações subsequentes (art. 8º, II).

A tal margem de valor agregado deve ser estabelecida com base em preços usualmente
praticados no mercado considerado, obtidos por levantamento, ainda que por
amostragem ou através de informações e outros elementos fornecidos por entidades
representativas dos respectivos setores, adotando-se a média ponderada dos preços
coletados, devendo os critérios para sua fixação ser previstos em lei.

Pois bem, fato evidente, nessas hipóteses, é que a técnica de cobrança do tributo altera
substancialmente sua natureza, afastando as razões de decidir no TEMA 69 (REXT
574.706/PR) para o ICMS-ST, substancialmente porque aqui não há mero trânsito de
recursos destinados ao ente, que os receberá à integralidade na primeira operação ou na
última, inclusive superando a não cumulatividade porquanto não há o que compensar
em operações antecedentes ou subsequentes.

DOS REFLEXOS DA SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA AO SUBSTITUTO


TRIBUTÁRIO – INAPLICABILIDADE DO TEMA 69 – EXCLUSÃO DO ICMS
POR EXPRESSA DISPOSIÇÃO LEGAL

Feitas breves considerações acerca do regime de substituição tributária, há que se


averiguar quais são os efeitos em relação aos contribuintes, de fato ou de direito,
substituído ou substituto, no trato do PIS/COFINS e à tese fixada pelo Supremo
Tribunal Federal, no sentido de que “o ICMS não compõe a base de cálculo para
incidência do PIS e da Cofins”.

Pois bem, o substituto tributário, em virtude da operação de saída de mercadoria ou de


serviço sujeito à substituição tributária, aufere receita; logo, está sujeito à contribuição
para o PIS e à COFINS.

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Nesse cenário, o valor relativo ao ICMS-ST, se se considerasse “receita” de algum dos


contribuintes, de fato ou de direito, seria “receita” ou mero ingresso contábil do
substituto, e não do substituído.

Fato é, inclusive, que independentemente do regime das contribuições, se


cumulativo ou não cumulativo, o montante relativo ao ICMS-ST não integra a
base de cálculo do PIS e da COFINS, por expressa previsão legal. É o que se extrai
dos seguintes dispositivos:

Lei nº 9.718, de 27 de novembro de 1998:

Art. 2° As contribuições para o PIS/PASEP e a COFINS, devidas pelas


pessoas jurídicas de direito privado, serão calculadas com base no seu
faturamento, observadas a legislação vigente e as alterações
introduzidas por esta Lei.

Art. 3º O faturamento a que se refere o art. 2º compreende a receita


bruta de que trata o art. 12 do Decreto-Lei nº 1.598, de 26 de dezembro
de 1977.

Lei nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002:

Art. 1º A Contribuição para o PIS/Pasep, com a incidência não


cumulativa, incide sobre o total das receitas auferidas no mês pela
pessoa jurídica, independentemente de sua denominação ou
classificação contábil.

§ 1º Para efeito do disposto neste artigo, o total das receitas


compreende a receita bruta de que trata o art. 12 do Decreto-Lei nº
1.598, de 26 de dezembro de 1977, e todas as demais receitas auferidas
pela pessoa jurídica com os respectivos valores decorrentes do ajuste a
valor presente de que trata o inciso VIII do caput do art. 183 da Lei nº
6.404, de 15 de dezembro de 1976.

Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de 2003:

Art. 1º A Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social -


Cofins, com a incidência não cumulativa, incide sobre o total das
receitas auferidas no mês pela pessoa jurídica, independentemente de
sua denominação ou classificação contábil.
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§ 1º Para efeito do disposto neste artigo, o total das receitas


compreende a receita bruta de que trata o art. 12 do Decreto-Lei nº
1.598, de 26 de dezembro de 1977, e todas as demais receitas auferidas
pela pessoa jurídica com os seus respectivos valores decorrentes do
ajuste a valor presente de que trata o inciso VIII do caput do art. 183
da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976.

Decreto-Lei nº 1.598, de 26 de dezembro de 1997: (Redação dada pela


Lei nº 12.973, de 2014)

Art. 12, §4º Na receita bruta não se incluem os tributos não


cumulativos cobrados, destacadamente, do comprador ou
contratante pelo vendedor dos bens ou pelo prestador dos serviços
na condição de mero depositário.

Nesse sentido, cita-se também a Solução de Consulta COSIT nº 104, de 2017, cuja
ementa é a seguinte:

ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O PIS/PASEP

EMENTA: ICMS. SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA. EXCLUSÃO DA


BASE DE CÁLCULO. SUBSTITUTO. POSSIBILIDADE

O valor do ICMS auferido pela pessoa jurídica na condição de


substituto tributário pode ser excluído da base de cálculo da
Contribuição para o PIS/Pasep, tanto no regime de apuração
cumulativa quanto no regime de apuração não cumulativa, desde
que destacado em nota fiscal.

Esta possibilidade de exclusão somente se aplica ao valor do ICMS


auferido pela pessoa jurídica na condição de substituto tributário, não
alcançando o valor do ICMS auferido pela pessoa jurídica na condição
de contribuinte do imposto. Ademais, tal exclusão somente pode ser
aproveitada pelo substituto tributário, não servindo, em qualquer
hipótese, ao substituído na obrigação tributária correlata.

DISPOSITIVOS LEGAIS: Lei Complementar nº 87, de 13 de setembro


de 1996, art. 13, § 1º, inciso I, e art. 8º; Lei nº 9.718, de 27 de
novembro de 1998, art. 3º, § 2º, inciso I; Lei nº 10.637, de 30 de
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dezembro de 2002, art. 1º, § 3º; Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de


2003, art. 1º, § 3º; Decreto nº 4.524, de 17 de dezembro de 2002, art.
23, inciso IV; Parecer Normativo CST nº 77, de 23 de outubro de 1986.

ASSUNTO: CONTRIBUIÇÃO PARA O FINANCIAMENTO DA


SEGURIDADE SOCIAL – COFINS

EMENTA: ICMS. SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA. EXCLUSÃO DA


BASE DE CÁLCULO. SUBSTITUTO. POSSIBILIDADE

O valor do ICMS auferido pela pessoa jurídica na condição de


substituto tributário pode ser excluído da base de cálculo da Cofins,
tanto no regime de apuração cumulativa quanto no regime de apuração
não cumulativa, desde que destacado em nota fiscal.

Esta possibilidade de exclusão somente se aplica ao valor do ICMS


auferido pela pessoa jurídica na condição de substituto tributário, não
alcançando o valor do ICMS auferido pela pessoa jurídica na condição
de contribuinte do imposto. Ademais, tal exclusão somente pode ser
aproveitada pelo substituto tributário, não servindo, em qualquer
hipótese, ao substituído na obrigação tributária correlata.

DISPOSITIVOS LEGAIS: Lei Complementar nº 87, de 13 de setembro


de 1996, art. 13, § 1º, inciso I, e art. 8º; Lei nº 9.718, de 27 de
novembro de 1998, art. 3º, § 2º, inciso I; Lei nº 10.637, de 30 de
dezembro de 2002, art. 1º, § 3º; Lei nº 10.833, de 29 de dezembro de
2003, art. 1º, § 3º; Decreto nº 4.524, de 17 de dezembro de 2002, art.
23, inciso IV; Parecer Normativo CST nº 77, de 23 de outubro de 1986.

Desse modo, falece o SUBSTITUTO tributário de interesse de agir, na modalidade


utilidade/necessidade, em demanda objetivando a exclusão do ICMS-ST da base
de cálculo do PIS e da COFINS, reconhecendo-se ausente lide na medida em que
expressamente autorizado por dispositivo legal ao quanto supostamente perseguido na
ação, devendo o feito ser extinto sem resolução de mérito, com fundamento no art. 485,
inciso VI, do novo Código de Processo Civil.

EXCLUSÃO DO ICMS-ST DA RECEITA BRUTA/FATURAMENTO DO


SUBSTITUÍDO – AUSÊNCIA DE ICMS NA NOTA OU DESTACADO NA
OPERAÇÃO
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Pois bem, se sob a ótica do substituto tributário não se sustenta a tentativa de


transposição do TEMA 69 às hipóteses de ICMS-ST, não merece melhor sorte a
demanda sob o prisma do substituído tributário, por questão inclusive que
constou em obiter dictum do paradigma suscitado: ausência de destaque de ICMS
nas operações de saída de mercadorias realizadas pelo substituído.

Na substituição tributária para frente, no trato do ICMS, a totalidade do tributo estadual


ingressa de imediato aos cofres do ente menor, e, nessa oportunidade, é excluído da
base de cálculo do PIS COFINS do substituto tributário.

Nas operações seguintes, os substituídos não apuram ICMS, razão pela qual a
aplicação do RE 574.706 induz a improcedência do pleito: o STF adotou
entendimento no sentido de que o ICMS devido pela operação própria, por ser
destinado ao ente tributante, não constitui faturamento ou receita bruta do contribuinte,
de modo que tal valor estaria excluído da base de cálculo da contribuição para o PIS e
da COFINS, sendo certo que na substituição a totalidade do repasse é feito na operação
antecedente, pelo substituto.

Textualmente, a Min. Relatora, Cármem Lúcia, justifica a ressalva, mantendo coerência


com a tese por ela adotada do “mero trânsito”: O recolhimento do ICMS na condição
de substituto tributário importa na transferência integral às Fazendas Públicas
estaduais, sem a necessidade de compensação e, portanto, identificação de saldo a
pagar, pois não há recolhimentos posteriores pelos demais contribuintes
substituídos.

De fato, a decisão do STF no RE 574.706/PR, ao dizer que somente se pode excluir o


“ICMS A PAGAR” da base de cálculo de PIS e COFINS, automaticamente, também
determinou a impossibilidade de exclusão do ICMS-ST dessa mesma base de cálculo,
pela simples razão de que, nesse caso, o “ICMS A PAGAR” resulta em zero, ou seja, é
neutro em relação à base de cálculo de PIS e COFINS do substituído.

Mais que esse silogismo implícito, explicitamente a questão foi ressalvada no voto da
relatora, Min. CÁRMEN LÚCIA, que conduziu o julgamento, tendo aderido a ele todos
os votos que resultaram na fixação da tese, restando ali consignado que “é inegável que
o ICMS respeita a todo o processo e o contribuinte não inclui como receita ou
faturamento o que ele haverá de repassar à Fazenda Pública (...) não desconsidero o
disposto no art. 3º, § 2º, inc. I, in fine, da Lei n. 9.718/1998, (...) o recolhimento do
ICMS na condição de substituto tributário importa na transferência integral às
Fazendas Públicas estaduais, sem a necessidade de compensação e, portanto,
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identificação de saldo a pagar, pois não há recolhimentos posteriores pelos demais


contribuintes substituídos.”

A conclusão do voto condutor levou, acertadamente, em consideração o fato de que o


recolhimento antecipado (ICMS-ST) é feito pelo SUBSTITUTO tributário tomando em
conta uma base de cálculo presumida operação que esgota a tributação. Em palavras
simples, a substituição tributária encerra antecipadamente a cadeia de
arrecadação, justamente por isso é que quem compra não se credita na entrada e nem
se debita na revenda (o resultado seria zero), repassando-se integralmente esse ônus ao
consumidor final.

Esse entendimento foi chancelado pelo Supremo Tribunal Federal, na ADI 1.851, ao
firmar a constitucionalidade do regime de substituição tributária de adesão facultativa
ao contribuinte, onde definido que a base de cálculo e o fato gerador presumidos no
regime de ICMS-ST são definitivos, ou seja, não comportam nem restituição ao
contribuinte nem complementação pelo Fisco, exceto na hipótese de não concretização
do fato gerador:

TRIBUTÁRIO. ICMS. SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRIA.


CLÁUSULA SEGUNDA DO CONVÊNIO 13/97 E §§ 6.º E 7.º DO
ART. 498 DO DEC. N.º 35.245/91 (REDAÇÃO DO ART. 1.º DO
DEC. N.º 37.406/98), DO ESTADO DE ALAGOAS. ALEGADA
OFENSA AO § 7.º DO ART. 150 DA CF (REDAÇÃO DA EC 3/93)
E AO DIREITO DE PETIÇÃO E DE ACESSO AO JUDICIÁRIO.

(...) O fato gerador presumido, por isso mesmo, não é provisório, mas
definitivo, não dando ensejo a restituição ou complementação do
imposto pago, senão, no primeiro caso, na hipótese de sua não-
realização final. Admitir o contrário valeria por despojar-se o instituto
das vantagens que determinaram a sua concepção e adoção, como a
redução, a um só tempo, da máquina-fiscal e da evasão fiscal a
dimensões mínimas, propiciando, portanto, maior comodidade,
economia, eficiência e celeridade às atividades de tributação e
arrecadação. Ação conhecida apenas em parte e, nessa parte, julgada
improcedente.

(STF, ADI 1.851, rel Min. ILMAR GALVÃO, Tribunal Pleno, j.


08/05/2002, DJ 22/11/2002 p. 55)

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Não se desconhece que STF no RE 593.849/MG (TEMA 201) superou parcialmente o


entendimento firmado na ADI 1.851, de modo a esclarecer que, embora seja tributação
definitiva, haver-se-ia de reconhecer o direito à restituição na hipótese de não
consumação da hipótese de incidência (parcial ou integralmente) nos temos da base de
cálculo presumida, em observância ao disposto no art. 150, § 7º da Constituição
Federal. Nada obstante o entendimento, não se afirmou que a tributação não seja
definitiva, mas apenas que deve se assegurar a observância da “cláusula de restituição
do excesso e respectivo direito à restituição [...]a todos os casos em que o fato gerador
presumido não se concretize empiricamente da forma como antecipadamente
tributado”.

Retornando ao paradigma do TEMA 69, no voto da relatora, colhe-se parecer de Roque


Antônio Carrazza argumentando que o conceito de faturamento ou receita guarda
relação com o conceito de receita pública do direito financeiro.
Tudo o que ingressa nos cofres públicos constitui entrada, mas nem tudo é receita
pública. Só é receita pública a entrada que se integra ao patrimônio público sem
qualquer reserva. Analogamente, o valor do ICMS da operação própria, por apenas
ingressar no caixa da empresa para ser posteriormente repassado ao ente tributante, não
poderia ser considerado receita ou faturamento.

Percebe-se, contudo, que a situação muda completamente quando estamos diante da


pretensa inclusão do ICMS-ST na base de cálculo do PIS e da COFINS do substituído.
O contribuinte substituto ao realizar a saída da mercadoria destaca o ICMS da operação
própria e o ICMS das operações futuras e que, por isso, as operações subsequentes são
dispensadas do destaque de ICMS. Nessa oportunidade o substituto exclui na base de
cálculo do PIS/COFINS, não em razão do quanto decidido no TEMA 69, mas por
expressa disposição legal, o ICMS, cujo valor não integra o conceito legal de receita
bruta:

Art. 12. A receita bruta compreende: (Redação dada pela Lei nº


12.973, de 2014)

I - o produto da venda de bens nas operações de conta própria;


(Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014)

II - o preço da prestação de serviços em geral; (Incluído pela Lei


nº 12.973, de 2014)

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III - o resultado auferido nas operações de conta alheia; e (Incluído


pela Lei nº 12.973, de 2014)

IV - as receitas da atividade ou objeto principal da pessoa jurídica não


compreendidas nos incisos I a III. (Incluído pela Lei nº 12.973, de
2014)

§ 1º A receita líquida será a receita bruta diminuída de: (Redação


dada pela Lei nº 12.973, de 2014)

I - devoluções e vendas canceladas; (Incluído pela Lei nº 12.973,


de 2014)

II - descontos concedidos incondicionalmente; (Incluído pela Lei


nº 12.973, de 2014)

III - tributos sobre ela incidentes; e (Incluído pela Lei nº 12.973,


de 2014)

IV - valores decorrentes do ajuste a valor presente, de que trata o inciso


VIII do caput do art. 183 da Lei no 6.404, de 15 de dezembro de 1976,
das operações vinculadas à receita bruta. (Incluído pela Lei nº
12.973, de 2014)

§ 2º - O fato de a escrituração indicar saldo credor de caixa ou a


manutenção, no passivo, de obrigações já pagas, autoriza presunção de
omissão no registro de receita, ressalvada ao contribuinte a prova da
improcedência da presunção.

§ 3º - Provada, por indícios na escrituração do contribuinte ou qualquer


outro elemento de prova, a omissão de receita, a autoridade tributária
poderá arbitrá-la com base no valor dos recursos de caixa fornecidos à
empresa por administradores, sócios da sociedade não anônima, titular
da empresa individual, ou pelo acionista controlador da companhia, se a
efetividade da entrega e a origem dos recursos não forem
comprovadamente demonstradas. (Redação dada pelo Decreto-lei nº
1.648, de 1978).

§ 4o Na receita bruta não se incluem os tributos não cumulativos


cobrados, destacadamente, do comprador ou contratante pelo vendedor
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dos bens ou pelo prestador dos serviços na condição de mero


depositário. (Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014)

§ 5º Na receita bruta incluem-se os tributos sobre ela incidentes e os


valores decorrentes do ajuste a valor presente, de que trata o inciso VIII
do caput do art. 183 da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, das
operações previstas no caput, observado o disposto no § 4o.
(Incluído pela Lei nº 12.973, de 2014)

Por outro giro, o contribuinte substituído, ao realizar operação com mercadoria ou


prestação de serviço que tiver recebido com imposto retido, emitirá documento fiscal,
sem destaque do valor do imposto, que conterá, além dos demais requisitos, a seguinte
indicação “Imposto Recolhido por Substituição – Artigo .... do RICMS”.
A título ilustrativo, assim deve ficar o documento fiscal de saída do contribuinte
substituído[1]:

Salta aos olhos, portanto, que sob o prisma do substituído, não há ICMS a recolher,
sendo incontornável a conclusão de que o total da receita auferida da venda (ou
prestação de serviços) ingressa definitivamente no caixa do contribuinte,
amoldando-se perfeitamente ao conceito de receita bruta, mesmo na compleição
atribuída pelo Supremo Tribunal Federal nas oportunidades em que declarou a
inconstitucionalidade do artigo 3º, § 1º da Lei nº 9.718, de 1998 (RExt 357.980/RS) e
no próprio RExt 574.706/PR.

Repise-se: as contribuições para o PIS e a COFINS devem incidir sobre o total da


receita bruta auferida pelo substituído, sequer cogita-se de inaplicável o
entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do TEMA 69,
porquanto ele induz exatamente a essa conclusão – na substituição tributária o
substituto repassa à integralidade o valor antecipadamente recolhido em favor do fisco,
esgotando a tributação pelo ICMS; o que não se sustenta é a tentativa de atribuir ao
precedente eficácia expansiva a retirar todo e qualquer tributo que incidiu na cadeia à
guisa de tributar o lucro líquido da operação.

Do ponto de vista econômico — e isso também é questionável—, poder-se-ia


cogitar que o ICMS-ST seja arcado pelo substituído, mas isso ocorre em momento
anterior ao do faturamento. Ou seja, quando o faturamento ocorre não há repasse
a ser feito ao ente estadual e a receita passa a integrar totalmente o patrimônio do
contribuinte. Fica evidente nesse particular que as premissas que ensejaram a fixação
da tese no TEMA 69 não afirmam a tese no trato do ICMS-ST, ao contrário, infirmam-
na.
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A bem da verdade, o que se verifica, é que a tese se escora na repercussão econômica


do ICMS-ST sobre o preço final da mercadoria e, conseguintemente, sobre a receita
bruta.

Ocorre, contudo, que não há fundamento válido a essa interpretação do quanto decidido
no RE 574.706/PR, ao contrário, há sim manifestação expressa no sentido de que não
se estava a reconhecer a impossibilidade de cobrança de tributo sobre tributo ou da
exclusão dos custos da base de cálculo do PIS e da COFINS. O que conduziu o julgado
foi a peculiaridade do regime do ICMS enquanto tributo destacado e supostamente
“não faturado”, cujo valor seria recebido à guisa de depósito e mero transito até a
entrega ao ente titular do montante.

A bem da verdade, é evidente a completa dissociação entre ICMS-ST e receita bruta


auferida pelo substituído tributário. Com efeito, dispõe o art. 289 do Regulamento do
Imposto de Renda:

Art. 289. O custo das mercadorias revendidas e das matérias-primas


utilizadas será determinado com base em registro permanente de
estoques ou no valor dos estoques existentes, de acordo com o Livro
de Inventário, no fim do período de apuração (Decreto-Lei nº 1.598, de
1977, art. 14).

§ 1º O custo de aquisição de mercadorias destinadas à revenda


compreenderá os de transporte e seguro até o estabelecimento do
contribuinte e os tributos devidos na aquisição ou importação (Decreto-
Lei nº 1.598, de 1977, art. 13).

§ 2º Os gastos com desembaraço aduaneiro integram o custo de


aquisição.

§ 3º Não se incluem no custo os impostos recuperáveis através de


créditos na escrita fiscal.

Permitir, pois, a dedução do montante recolhido em operação anterior, pelo substituto,


a título de ICMS-ST da base de cálculo da contribuição do PIS e da COFINS, do
substituído, equivale a autorizar a exclusão de parte do custo de aquisição da
mercadoria. Ou seja, há subversão das normas técnicas de contabilidade, que poderia
ensejar, sob o mesmo argumento, a exclusão dos custos com frete, com seguro, com
manuseio da mercadoria etc.
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Avançando nessa seara, das normas de contabilidade aplicáveis à espécie, inafastável o


reconhecimento da lógica na demonstração do resultado do exercício (art. 187 da Lei nº
6.404, de 1976):

Receita Bruta

(-) Tributos sobre vendas

(-) Deduções e abatimentos

(=) Receita Líquida

(-) Custos das mercadorias vendidas

(=) Lucro Bruto

(-) Despesas com vendas

(-) Despesas Administrativas

(-) Despesas Financeiras

(=) Resultado antes do IRPJ e da CSLL

(-) Provisões IRPJ e CSLL

(=) Resultado Líquido

Vê-se, pois, que da receita bruta, devem ser deduzidos os tributos incidentes sobre as
vendas e outras deduções e abatimentos, como vendas canceladas, descontos
incondicionais concedidos, apurando-se, assim, a receita líquida.

Só depois de obtida a receita líquida, exclui-se o custo da mercadoria vendida, a fim de


obter o lucro bruto. Considerando que o ICMS-ST compõe o custo da mercadoria
vendida pelo contribuinte substituído, prosperando a tese que advoga sua exclusão da
base de cálculo do PIS/COFINS, ter-se-á o completo afastamento do conceito de
receita bruta, aproximando-se de grandeza diversa: lucro bruto.

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Nesse diapasão, seria incontornável reconhecer que estar-se-ia diante, portanto, de


manifesta alteração de conceitos contábeis para fins tributários, vedação que se opera
mesmo ao legislador, passando a jurisprudência a trilhar perigoso precedente à
segurança jurídica e conformidade do País às regras internacionais que regem a
matéria, podendo ensejar, inclusive, sanções:

Art. 110. A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o


alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados,
expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas
Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal
ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias.

Conclui-se, pois que, não é juridicamente possível a exclusão do ICMS-ST da base de


cálculo do PIS e da COFINS incidente sobre a receita bruta auferida pelo substituído
tributário, porquanto o tributo estatual incide integralmente na operação anterior, sendo
manifesto que o acolhimento da pretensão implicaria na criação de perplexidade,
inclusive, no campo da liquidação, considerando que todos o valor devido seria
repassado ao ente na primeira operação, nada obstante admitir-se-ia a mesma exclusão
em toda a cadeia resultando em restituição do mesmo montante, reiteradas vezes (ponto
que será adiante delimitado).

PEDIDO SUBSIDIÁRIO – LIMITAÇÃO DA EXCLUSÃO DO ICMS-ST DO


SUBSTITUÍDO ÀQUELE QUE REVENDE AO CONSUMIDOR FINAL

Por amor ao debate jurídico, e forte no princípio da eventualidade, há que se


reconhecer, como se disse, que o contribuinte substituto recolhe o ICMS que incidiria
sobre o restante das operações da cadeia produtiva, razão pela qual, acaso se pretenda
permitir a exclusão desse montante ao substituído, deve se limitar, portanto, ao último
da cadeia de alienações.

Efetivamente, em se entendendo pela possibilidade de exclusão do ICMS-ST da base


de cálculo da contribuição para o PIS e da contribuição para a COFINS, tal faculdade
deve ficar restrita ao contribuinte que aliena a mercadoria ao consumidor final, sob
pena da mesma grandeza ser excluída da base de cálculo de toda a cadeia produtiva e
comercial.

A questão guarda relação com o quanto decidido no TEMA 69 e diz respeito ao ICMS
destacado ou devido, para delimitação da grandeza a ser excluída da base de cálculo da
PIS/COFINS, considerando o caráter não cumulativo do tributo estadual.

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Com efeito, como já se asseverou, o voto-condutor do paradigma utilizado como


suporte da pretensão assentou-se nos seguintes fundamentos: i) justifica-se manter o
entendimento firmado precedente ao ensejo do RE 240.785, onde “aqueles que
concluíram compor o ICMS o preço da mercadoria ou do serviço afirmaram a sua
inclusão na definição de faturamento; os que entendiam o contrário afastaram aquele
tributo estadual desta definição” ; ii) há mero trânsito contábil de valores recebidos,
sujeitos à incidência do ICMS, não se integrando ao patrimônio do contribuinte como
elemento novo, sem reservas ou condições, de forma a configurar receita (asserção
baseada de lições de Aliomar Baleeiro e Ricardo Mariz de Oliveira); iii) O regime da
não-cumulatividade, “(...) impõe concluir, embora se tenha a escrituração da parcela
ainda a se compensar do ICMS, todo ele, não se inclui na definição de faturamento
aproveitado por este Supremo Tribunal Federal, pelo que não pode ele compor a base
de cálculo para fins de incidência do PIS e da COFINS.” No entanto, destaca-se que “é
inegável que o ICMS não inclui como receita ou faturamento o que ele haverá de
repassar à Fazenda Pública”.

Da tese do mero trânsito contábil, exsurge a questão pertinente à não-cumulatividade,


considerando que, se o fundamento da decisão é a precariedade dos ingressos dos
valores devidos a título de ICMS pelo contribuinte, não se pode olvidar que os créditos
tomados na operação antecedente são relevantes porquanto, naquele montante, já
recolhidos e repassados ao fisco naquela oportunidade (operação antecedente).

A questão foi devidamente suscitada em Embargos Declaratórios opostos no bojo do


RE nº 574.706, nos seguintes temos:

“38. Há ainda outro ponto a ser determinado, no presente caso. É que o


voto-condutor do acórdão embargado contém fundamentação
aparentemente contraditória quanto ao que deve ser decotado da base
de cálculo do PIS e da COFINS, em face da adoção da tese em questão.

39. O referido voto explicitou, com cuidado e detalhadamente, o


conteúdo normativo da regra da não-cumulatividade quando aplicada
ao ICMS e a sua forma de cálculo escritural. Esclareceu-se, com escólio
na lição de Roque Antônio Carrazza, que, no ICMS, o contribuinte,
para apurar o imposto a ser recolhido, em cada etapa, compensa o
imposto incidente com as quantias recolhidas nas etapas anteriores,
devendo pagar “apenas a diferença apurada, no encerramento do
período, entre seus créditos e débitos”.

40. No entanto, destacou-se ademais, que:


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“9. Toda essa digressão sobre a forma de apuração do ICMS devido


pelo contribuinte demonstra que o regime da não cumulatividade
impõe concluir, embora se tenha a escrituração da parcela ainda a
se compensar do ICMS, todo ele, não se inclui na definição de
faturamento aproveitado por este Supremo Tribunal Federal, pelo
que não pode ele compor a base de cálculo para fins de incidência
do PIS e da COFINS.

Enfatize-se que o ICMS incide sobre todo o valor da operação, pelo que
o regime de compensação importa na circunstância de, em algum
momento da cadeia de operações, somente haver saldo a pagar do
tributo se a venda for realizada em montante superior ao da aquisição e
na medida dessa mais valia, ou seja, é indeterminável até se efetivar a
operação, afastando-se, pois, da composição do custo, devendo ser
excluído da base de cálculo da contribuição ao PIS e da COFINS.

Contudo, é inegável que o ICMS respeita a todo o processo e o


contribuinte não inclui como receita ou faturamento o que ele haverá de
repassar à Fazenda Pública.”

41. Observe-se do referido trecho, que, inicialmente, considera-se que


todo o ICMS incidente sobre cada etapa não se inclui na definição
de faturamento trazida pela Corte – “embora se tenha a escrituração
da parcela ainda a se compensar do ICMS, todo ele, não se inclui na
definição de faturamento aproveitado por este Supremo Tribunal
Federal, pelo que não pode ele compor a base de cálculo para fins de
incidência do PIS e da COFINS.” Entretanto, após se esclarecer, com
acerto, que o ICMS incide, em cada etapa, sobre o valor total da
operação, estando obrigado, no entanto, o contribuinte a recolher,
somente, a diferença entre o valor resultante da incidência e aquele
recolhido nas etapas anteriores, é veiculada afirmação mais
restritiva que aquela– “é inegável que o ICMS respeita a todo o
processo e o contribuinte não inclui como receita ou faturamento o que
ele haverá de repassar à Fazenda Pública”.

42. Assim, é de se esclarecer o que deverá ser decotado do PIS e da


COFINS. Se cada contribuinte terá o direito de retirar o resultado da
incidência integral do tributo, como restou aparentemente assentado na
primeira proposição, ou se, para cada contribuinte, é a parcela do ICMS
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a ser recolhido, em cada etapa da cadeia de circulação que deverá ser


decotado, como ficou explicitado na segunda assertiva.

43. Observe-se que o entendimento aparentemente veiculado na


primeira consideração (exclusão integral do ICMS destacado na
nota, incidente sobre toda a cadeia, em cada etapa) resulta na
dedução cumulativa de tributo não-cumulativo. Ou seja, o
contribuinte, ainda que deva recolher um montante reduzido do
imposto incidente, terá o direito ao abatimento do valor integral do
ICMS. Desta forma, a redução da base de cálculo do PIS e da COFINS,
que deveria corresponder ao ICMS incidente ao longo de toda a cadeia,
vai se multiplicar em função do número de etapas de uma mesma
cadeia, reduzindo drasticamente a neutralidade do tributo, bem como
acentuando os efeitos contrários à seletividade do ICMS, promovidos
pelo entendimento majoritário.

44. Utilizando o exemplo citado no mesmo voto-condutor, verifica-se


que, naquele caso, apesar de o ICMS recolhido aos cofres estaduais
chegarem a 20 unidades (10 devidos pela indústria, 5 devidos pela
distribuidora e 5 devidos pelo comércio), os decotes cumulativos do
ICMS promoveriam uma exclusão da base de cálculo correspondente a
45 Unidades (10 destacados em nota pela indústria, 15 destacados em
nota pela distribuidora e 20 destacados em nota pelo comércio). Um
valor que não se adequa a tese adotada, já que supera, em muito, o que
foi transferido ao Estado.

45. Já a segunda assertiva considera que apenas o ICMS devido em


cada etapa, a ser recolhido por cada contribuinte como resultado do
cálculo escritural, deve ser deduzido. Assim, nesse caso, a distorção
apontada se reduz consideravelmente, mantendo a referida exclusão
correlação com os fundamentos do acórdão.

Reconhece-se, pois, que ao aplicar a ratio do TEMA 69, de que por ser mero trânsito
financeiro e não faturamento, o ICMS deve ser excluído da base de cálculo do PIS e da
COFINS, a consequência, na subsunção do paradigma à hipótese de substituição
tributária, ensejaria ou a exclusão na operação do substituto (o que está conforme com
a legislação), ou a exclusão apenas na alienação ao usuário final.

Com efeito, mesmo a inadvertida aplicação do TEMA 69 ao ICMS-ST não está imune
à perplexidade decorrente do regime de não cumulatividade, e se a tese versa sobre o
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ICMS-pago estaria resolvida sob o prisma do substituto, mas se é o ICMS-“suportado”,


exclusivamente aquele que revende ao consumidor final teria o custo financeiro
absorvido.

Não fazer essa limitação, na já indevida aplicação do TEMA 69 ao ICMS-ST, ensejará


cumulação de dedução ainda mais gravosa que aquela ordinariamente verificada no
ICMS; ali a não-cumulatividade do imposto traria repetição de base meramente parcial
(aquela decorrente do crédito ou operação anterior), já aqui a totalidade do tributo
devido na cadeia toda seria retirado da base de cálculo a cada operação.

Destarte, na linha segundo a qual se inclina o voto condutor do RExt 574.076, que
corretamente limita a dedução ao chamado ICMS-líquido, se não fosse argumento
bastante a reconhecer a improcedência da demanda por se limitar a dedução ao
substituto (que assim já o faz nos termos da lei), a “dedução” do ICMS não poderia ser
multiplicada ao longo de toda a cadeia produtiva e comercial, de rigor limitar-se
exclusivamente à operação derradeira ao consumidor final a exclusão do ICMS-ST da
base de cálculo do PIS e da COFINS.

Por tudo exposto, requer a Fazenda Nacional:

a) O seu ingresso no feito;

b) o indeferimento da liminar, bem como a denegação da segurança.

Pede deferimento

Recife, 18 de dezembro de 2018.

VILMARCOS BARBOSA BRAGA


Procurador da Fazenda Nacional

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Processo: 0807561-47.2018.4.05.8306
Assinado eletronicamente por:
VILMARCOS BARBOSA BRAGA - Procurador 18121821334225500000009621600
Data e hora da assinatura: 18/12/2018 21:34:13
Identificador: 4058300.9601629
Para conferência da autenticidade do documento: https://pje.jfpe.jus.br/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam 22/22

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