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UCAM – UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

RAQUEL RIBEIRO NASCIMENTO DA SILVA

A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE NO PROCESSECO DE ENSINO E


APRENDIZAGEM.

CABO FRIO - RJ
2018
UCAM – UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

RAQUEL RIBEIRO NASCIMENTO DA SILVA

A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE NO PROCESSECO DE ENSINO E


APRENDIZAGEM.

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado à


Universidade Candido Mendes - UCAM, como
requisito parcial para a obtenção do título de
Especialista emEducação Infantil, Neurociência e
aprendizagem.

CABO FRIO - RJ
2018
A IMPORTÂNCIA DA PSICOMOTRICIDADE NO PROCESSECO DE ENSINO E
APRENDIZAGEM.

Raquel Ribeiro Nascimento Da Silva

RESUMO

Este estudo tem como foco discutir sobre a importância da Psicomotricidade no processo de
ensino e aprendizageme sua relação com a leitura e a escrita. A melhor forma de entender
uma criança é compreender o seu desenvolvimento. Este sofre influências de diversos fatores,
entre eles, hereditários e ambientais, que levam a um desenvolvimento cognitivo, afetivo e
motor, e estão diretamente relacionados ao processo de aprendizagem. Assim, a falta de
estímulos motores pode provocar defasagem no desenvolvimento psicomotor das crianças,
contribuindo para que estas cheguem ao ambiente escolar com déficits acumulados em
relação aos pré-requisitos mínimos para o aprendizado escolar. As atividades motoras devem
ser valorizadas e no ambiente escolar e na vida da criança, preferencialmente orientadas por
um profissional capacitado, visto que a psicomotricidade é uma área de extrema importância
para o desenvolvimento integral do ser humano, principalmente nos primeiros anos do Ensino
Fundamental, que é a fase que refletirá em toda a história acadêmica do indivíduo e em sua
vida como um todo.

Palavras-Chave: Desenvolvimento motor. Psicomotricidade. Ensino. Aprendizagem.Leitura


e Escrita.

Introdução
O presente trabalho tem como tema a importância da Psicomotricidade no processo de
ensino e aprendizagem, abordando como esta interfere nas aquisições das habilidades de
leitura e escrita, procurando esclarecer o que é a Psicomotricidade e sua importância para o
desenvolvimento da aprendizagem.
Nesta perspectiva, construiu-se questões que norteiam este trabalho:
 Qual a influência da Psicomotricidade no processo de ensino e aprendizagem?

 Como a Psicomotricidade interfere no desenvolvimento da criança?

 Qual a relação que existe entre a Psicomotricidade e o desenvolvimento da


criança?
O motivo que conduz o trabalho proposto é a necessidade de fundamentar a relação
que existe entre a Psicomotricidade e o desenvolvimento da criança, visando favorecer o
progresso dos domínios cognitivos, afetivo, social e psicomotor, proporcionando o processo
de ensino e aprendizagem mais eficaz.
As crianças apresentam dificuldades na leitura e na escrita,estas nem sempre estão
relacionadas ao cognitivo, mas podem estar direcionadas a um atraso motor.
Alves (2013), afirma que a estrutura da Educação Psicomotora é a base fundamental
para o processo intelectivo e de aprendizagem da criança.
Bagatin (1992 apud Bueno, 2013), define a psicomotricidade como a “educação do
movimento ao mesmo tempo que desenvolve a inteligência.”
A partir das definições apresentadas, o objetivo primordial do estudo é investigar a
importância da Psicomotricidade e favorecer possibilidades intencionais de movimentos
diversos, pois estes influenciam diretamente o desenvolvimento motor e cognitivo da criança,
contribuindo para um processo de aprendizagem mais eficaz.
Para alcançar os objetivos propostos, utilizou-se como recurso metodológico a
pesquisa bibliográfica, havendo autores que já trataram diretamente do assunto e também irá
usar o pensamento desses autores como base de sua reflexão.
O texto final foi fundamentado nas ideias e concepções de autores como: ALVES
(2003),
BUENO (2013), BOSCAINI (1998), GESELL (1977), LE BOULCH (1987),
NOGUEIRA (2007), PERES (2014), ROSA NETO (2012), ROTTA (2016), OLIVEIRA
(2005).

Desenvolvimento
Pode-se considerar que a psicomotricidade, quando desenvolvida dentro de uma
proposta pedagógica de forma integrada e contextualizada com os outros componentes
curriculares, poderá contribuir para as experiências de aprendizagem e para o
desenvolvimento integral do aluno.
Vários estudiosos mostram o quanto é importante estimular o desenvolvimento
psicomotor da criança, visto que este é essencial para a facilitação das aprendizagens
escolares, pois é a partir da consciência dos movimentos corporais e da expressão de suas
emoções que a criança vai desenvolver seus aspectos motor, intelectual e sócio emocional.
Segundo Bueno (2013), o movimento é visto como facilitador dos outros
desenvolvimentos (cognitivo, afetivo, social e relacional ou socioemocional.
Bueno (2013), explica que, na vertente cognitiva o movimento exerce influência
direta no desenvolvimento perceptivo e na aprendizagem, pois através do mesmo a criança
reforça e aumenta a compreensão, em seu corpo, seu espaço, do tempo, ajuda na interpretação
do seu ambiente, a formar conceitos sobre este.
Gesell (1977), reconhece a importância do movimento como elemento de construção
da personalidade e do desenvolvimento motor da criança, resultado por um lado, das
experiências vividas e por outro lado, da maturação fisiológica, quando afirma que, o
crescimento é movimento. Nossa principal preocupação deve ser a posição da criança dentro
de um ciclo dotado de movimento progressivo.
Gallahue (1982 apud Bueno 2013), apresenta uma proposta voltada à educação, na
qual o perfil a favor do movimento consiste em ajudar cada criança a desenvolver seu
potencial da melhor forma possível. Para tal estabelece que o movimento deve favorecer as
habilidades cognitivas, no sentido de permitir à criança pensar, aprender e comunicar o seu
pensamento e suas ideias.
Alves (2003), afirma que a estrutura da educação psicomotora é a base fundamental
para o processo intelectivo e de aprendizagem da criança. Quando a mesma apresenta
dificuldade de aprendizagem, o fundo do problema em geral, está no nível das bases de
desenvolvimento psicomotor.
Durante esse processo de aprendizagem são utilizados com frequência os campos da
Psicomotricidade, afim de desenvolver oEsquema corporal, Consciência corporal, Expressão
corporal, Imagem corporal, a Coordenação motora ampla, Coordenação motora fina,
Equilíbrio e Lateralidade. Esses são essenciais no processo de aprendizagem. Para a autora,
um problema em um destes elementos irá prejudicar uma boa aprendizagem.
1. O Esquema Corporal:
Frostig (1964 apud Bueno, 2013), diz que esquema corporal é o conhecimento
intelectual das partes do corpo e de suas funções. Ou seja, está relacionando às percepções
que se tornam representações.
Já Wallon (1996 apud Bueno, 2013), considera como a ‘a representação relativamente
global, científica, e diferenciada que a criança tem de seu próprio corpo’.
A observância do desenvolvimento do esquema corporal na área da educação é de
extrema importância, pois é através desta habilidade que a criança verifica a organização de
si mesmo como ponto de partida para a descoberta das diversas possibilidades de ação
(ROSA NETO, 2002).
2. A Consciência corporal:
Para Vayer e Pícq (1985 apud Bueno, 2013), “é a organização das sensações relativas
ao seu próprio corpo, em relação com os dados do mundo exterior.”
Para Ana Maria Pappovic (apud Canongia, 1986), “é a consciência do próprio corpo,
de suas partes e atitudes. ”
Alves (2003), diz que, essa conscientização é dada a partir das situações que facilitam
a descontração, em contraste com as situações de extensão e descontração; atingidas pela
própria, faz com que a criança vá progressivamente atingindo a consciência corporal.
3. A imagem corporal:
Frostig (1964 apud Bueno, 2013) trouxe uma breve definição de imagem corporal,
quando se refere a ela como a impressão que a pessoa tem de si mesma (baixa, alta, gorda
etc.).
A imagem corporal representa para a criança uma resposta ao equilíbrio adquirido no
relacionamento do organismo com o meio, tornando o esquema corporal como um referencial
para a manutenção da regulação postural, não de forma estática, mas em constante
construção. Com isso, a observância do desenvolvimento do esquema corporal na área da
educação é de extrema importância, pois é através desta habilidade que a criança verifica a
organização de si mesmo como ponto de partida para a descoberta das diversas possibilidades
de ação (ROSA NETO, 2002).
4. A coordenação motora ampla:
A criança progressivamente se descobre através de uma atividade corporal global ou
instintiva a princípio, diferenciada e intencional depois, e esta atividade lhe permite descobrir
o mundo que a rodeia (DAMASCENO,1992 apud BUENO, 2013).
Conforme ALVES (2003) uma boa coordenação geral dos movimentos se caracteriza
por ser executada de maneira precisa, ocorrendo uma harmonia perfeita de jogos musculares
em repouso e movimento, chamados de coordenação estática (realizado em repouso) e
coordenação dinâmica (realizado em movimento).
A autora relata que, esse controle muscular é indispensável para, futuramente, a sua
caligrafia e concentração necessária à aprendizagem escolar.
5. A coordenação motora fina:
Bueno (2013), escreve que esta é considerada como a capacidade de controlar os
pequenos músculos para exercícios refinados como: recorte, perfuração, colagem, encaixes,
etc.
No processo de aquisição desta habilidade, torna-se imprescindível a coordenação
viso motora, que pode ser vista em algumas situações simples do cotidiano na qual o
indivíduo interage com os objetos e o meio que o cerca, como em atividades escolares:
escrever, desenhar, pintar, recortar, em que o aluno tem que coordenar os componentes,
objeto, olho, mão. Para a execução e coordenação dos atos motores há a necessidade de
organização de vários centros nervosos motores que desencadeiam sensações de maneira que
o encéfalo utilize as informações viso espaciais em prol do movimento (ROSA NETO, 2002).
6. O equilíbrio:
Alves (1981 apud BUENO, 2013), cita que, quando o equilíbrio é defeituoso, requer
maior, atenção e energia da parte da criança, pois ao se sentir em desequilíbrio, por exemplo,
a criança não consegue liberar as mãos. Segundo o mesmo autor, o equilíbrio necessita de
uma estruturação do esquema corporal e uma integração e perfeição dos mecanismos
neuropsicomotores.
Alves (2003), classifica o equilíbrio em dois tipos:
O Equilíbrio Estático, são os movimentos não locomotores como, por exemplo, ficar
em pé, apenas com as pontas dos pés tocando o solo, com elevação dos calcanhares e os pés
unidos.
O Equilíbrio Dinâmico: são os movimentos locomotores como, por exemplo, o andar
em marcha normal sobre uma linha pré-delimitada.
7. A lateralidade:
Para Bueno (2013), lateralidade é a capacidade motora de percepção integrada dos
dois lados do corpo: direito e esquerdo. É o elemento fundamental de relação e orientação
com o mundo exterior.
Ainda segundo a autora, o hemisfério direito funciona de maneira global e instintiva e
é especializado em funções espaciais. É responsável pelo nosso inconsciente. O hemisfério
esquerdo é analítico e lógico, além de ser especializado em aptidões linguísticas. É
responsável pelo consciente.
A lateralidade é, portanto, a preferência da utilização de uma das partes simétricas do
corpo e está em função de uma predominância de um dos hemisférios do cérebro e da
organização do ato motor, o que levará a aprendizagens que dará suporte a intencionalidade
ao longo da vida da criança quando se deparar com o seu meio (ROSA NETO, 2002).
São várias as possibilidades de atividades motoras direcionadas que a criança pode ter
contato na escola, o que vai propiciar um melhor desenvolvimento no que tange aos aspectos
motor, cognitivo e sócio afetivo, consequentemente, facilitando o processo de ensino
aprendizagem como um todo. No entanto, é válido ressaltar que não se trata de apenas de
permitir a realização de atividades motoras. Estas devem ser construídas com base em
objetivos que considerem os direitos e necessidades dos alunos, respeitando a sua faixa etária
e individualidade.
O desenvolvimento motor da criança é determinado, em grande parte, pelo meio
social e biológico, havendo mudanças no decorrer desse processo. Por isso, pode-se concluir
que a escola é o melhor lugar para a criança desenvolver sua parte motora. Mas para que isso
ocorra de forma eficaz se faz necessário que as habilidades motoras tenham um
desenvolvimento adequado sobre as aprendizagens escolares (OLIVEIRA, 2005).
São pontos relevantes para os fundamentos da escrita: domínio do gesto, estruturação
espacial e orientação temporal. A escrita pressupõe uma direção gráfica, isto é, escrevemos
na horizontal da esquerda para a direita. Portanto, os exercícios de pré-escrita e de grafismo
são necessários para a aprendizagem das letras e dos números. Sua finalidade é fazer com que
a criança atinja o domínio do gesto e do instrumento, a percepção e a compreensão da
imagem a reproduzir (DE MEUR & STAES, 1991 apud PERES E CRUZ, 2014).
1. Estruturação espacial:
A estruturação espacial é o reconhecimento situacional de seu próprio corpo em um
meio ambiente, ou seja, do lugar e da orientação que se pode ter em relação às pessoas e aos
objetos. Processa-se através da interpretação das informações perceptivo-sensoriais e
psicomotoras vivenciadas e interiorizadas. “É a possibilidade, para a pessoa, de organizar-se
perante o mundo que o cerca, de organizar as coisas entre si, de colocá-las em um lugar, de
movimentá-las. (BUENO, 1998 apud NOGUEIRA, 2007).
Alves(2003), relata que a estruturação espacial é maneira como a criança se localiza
no espaço que ela circunda.
EX: “Estou atrás da cadeira, “a bola está debaixo da mesa” e como situa as coisas,
umas em relação as outras.
2. Orientação temporal:
A estruturação temporal é a capacidade de situar-se em função da ordem e sucessão
dos acontecimentos, da duração dos intervalos, da renovação cíclica de certos intervalos, bem
como do caráter irreversível do tempo (DE MEUR & STAES, 1991 apud NOGUEIRA,
2007)
Diz respeito a como a criança se situa no tempo (ontem, amanhã…), (ALVES. 2003).
Para Alves (2003), o desenvolvimento da escrita não se deve simplesmente a um fazer
de exercícios. A escrita é constituída de uma atividade psicomotora extremamente complexa,
na qual participam os aspectos da maturação do sistema nervoso, expressado pelo conjunto de
atividades motoras; pelo desenvolvimento psicomotor geral, especificamente no que se refere
à tonicidade e coordenação dos movimentos e pelo desenvolvimento da motricidade fina, ao
nível dos dedos das mãos.
A referida citação, defendida por Alves, resume a relevância da prática psicomotora
entes e durante o processo de aquisição de leitura e escrita em crianças de 6 à 8 anos de idade,
visando a um aprendizado mais prazeroso e significativo, na medida em que o educando se
sinta seguro e confiante em sim mesmo, conhecendo e reconhecendo seu corpo, suas
potencialidades tendo domínio sobre ele.
De acordo com ALVES (2003), os aspectos mais importantes que devem ser
considerados no desenvolvimento gráfico são:
 Desenvolvimento da linguagem oral: A criança precisa falar corretamente os sons
das palavras para vir a escrever.
 Desenvolvimento das habilidades e orientação espacial: Ao escrever, a criança
deve respeitar a sequência dos sons e sua estruturação no espaço.
 Desenvolvimento da coordenação viso motora: A criança deve ter movimentos
coordenados dos olhos, braços, mãos e também uma preensão perfeita do lápis.
 Memória visual e auditiva: Problemas de discriminação auditiva podem ter reflexos
tanto na escrita, quanto na leitura e na fala.
 Motivação para aprender:A criança precisa se sentir estimulada pelos pais,
professores e colegas para escrever.

ALVES (2003), Mostra o desenvolvimento do grafismo por Ajuriaguerra:

Estágio Faixa Etária Características


Caligráfico 5-6 a 8-9 anos -a criança não possui
domínio motor para
traçados gráficos, com
perfeição;

-não tem controle na


inclinação e dimensão das
letras;

-nãofaz margens ou as
apresenta de forma
desordenada;
Tem postura errada no
tronco, cabeça e braços ao
escrever;

-copia as palavras, letra por


letra.

Pré-calígrafo 10 a12 anos -a criança já domina as


dificuldades em pegar e
manejar os instrumentos
gráficos;

-apresenta escrita mais


rápida e regular;

-distribui corretamente as
margens;

-sua escrita imita o


modelo: é ainda pouco
pessoal;

-tem melhor postura de


cabeça e de tronco (mais
longe do papel).

Pós-calígrafo 11 anos em diante -modifica a escrita, dada a


necessidade de maior
rapidez para acompanhar o
pensamento e as atividades
escolares;
-tem postura correta.

Boscaini(1998), relata que, a escrita se inicia por volta dos 6 anos; em realidade a
atividade gráfica tem início por volta dos 10 meses, quando a criança com o próprio corpo e
os instrumentos a sua disposição, deixa traços que ficam como resultado permanente da sua
ação e da identidade.
Ainda segundo o autor, escrever é um ato psicomotor complexo que encontra os seus
pressupostos fundamentais em cada etapa do desenvolvimento a partir do nascimento.
Boscaini (1998), fala sobre o mecanismo da escrita e afirma que, a fixação dos signos
gráficos alfabéticos sobre a folha se realiza graças a dois tipos de movimento.
O movimento de inscrição do dedo (ou de rotação), isto é, a empunhadura torna
possível a extensão, flexão e rotação do polegar, indicador e dedo médio;
O Movimento de translação (ou cursivo) do antebraço e da mão permite a varredura
de suporte.
Conforme Boscaini(1998), a escrita está estreitamente dependente da duração e da
velocidade de cada um desses sois movimentos, que devem ser coordenados sobre um plano
temporal; com efeito, esses dois movimentos se opõem entre si: a inscrição inibe a translação,
enquanto que esta última mobiliza a inscrição. Pra escrever é necessário um equilíbrio
permanente entre estes dois movimentos, que ao longo do tempo deverão automatizar-se.
Tudo isso se torna possível, se se mantém uma posição correta do tronco, que libera o
braço, e se há justo apoio do braço sobre o plano da mesa sem perturbar a sua progressão: se
tem assim a possibilidade de vir a ser respeitada de modo constante, seja a dimensão da letra,
seja a horizontalidade da linha contínua, certifica o autor.
Para Boscaini(1998), a escrita é antes de tudo um movimento voluntário, que requer o
aprendizado dos diversos esquemas motores, os quais, uma vez interiorizados e
automatizados, permitem à criança não pensar mais em como executar a sequência dos
movimentos, mas de estar atenta aos conteúdos do pensamento a serem refletidos sobre a
folha, caso contrário crianças com debilidades motoras cometerão muitos erros ortográficos.
Este ratifica que, a execução motora dever permitir ainda realizar traçados orientados
da esquerda para a direita, dividindo as palavras me linhas paralelas à margem superior da
folha; isto só pode ocorrer se estiver estabelecida a dominância lateral, se tiver desenvolvida
uma boa organização espaço-temporal e uma adequada integração do esquema corporal.
Boscaini(1998), diz que a regulação do tônus varia com a idade e está estreitamente
relacionada com a capacidade por parte de quem escreve em encontrar o justo apoio do
braço: isso permite a realização das letras e das palavras na mesma dimensão e inclinação em
respeito da linha.
Em concordância com o mesmo, por outro lado a regulação tônica pode estar
interferida por uma preensão não propriamente correta: por vezes, por um esquema motor não
totalmente e modificabilidade da contração tônica, outras também, por tensões relacionadas a
estados emocionais perturbados.
Boscaini (1998), relata que, a referida regulação tônica é a base de uma correta
apreensão adaptada às exigências da escrita cursiva: rotação contínua do antebraço em torno
do cotovelo, que permanece como ponto fixo, pronação e semi-supinação da mão, rotação do
dedo, translação e pinça-bi-digital.
Em suma, o autor escreve que, na prática a criança deve ter a possibilidade de
aprender a pegar a caneta, a qual deve estar entre a extremidade do polegar e do dedo
indicador e a face lateral interna da terceira falange do dedo médio, enquanto os outros dois
dedos servem somente de leve apoio.
Os aspectos motores que são acionados quando a criança escreve têm relação com
inúmeros aspectos psicomotores que o leigo não relaciona imediatamente com o ato de
escrever. Destrezas motoras globais, que afetam a motricidade grossa ou ampla e o controle
postural (e que podemos observar, por exemplo, durante a corrida da criança), bem como
destrezas segmentadas, que afetam a motricidade fina e o controle óculo-manual ou viso
motor (que observamos no uso de diferentes instrumentos, estão diretamente ligados à
possibilidade de escrever de modo eficiente.
Por outro lado, esses aspectos psicomotores visíveis que se relacionam com a escrita
estão vinculados com a chamada “psicomotricidade invisível”, isto é, aqueles aspectos
difíceis de serem observados à primeira vista, mas que afetam aspectos cruciais do
desenvolvimento psicomotor. Entre esses aspectos invisíveis destacam-se a tonicidade
muscular, o equilíbrio e a estruturação do espaço e do tempo (PALÁCIOS et al., 2004 apud
ROTTA, BRIDDI FILHO E BRIDI, 2016).
Com o domínio de certas destrezas motoras, espera-se que, com o tempo, a criança
possa prestar atenção no que está escrevendo, e não em como está escrevendo. Para isso,
contudo, é necessário que haja todo um progresso psicomotor que leve a criança à
automatização de certas sequências de movimentos, permitindo que a execução desses
movimentos não envolva gasto de energia ou uso de recursos de atenção (PALÁCIOS et al.,
2004 apud ROTTA et al., 2016).
Vê-se que antes de se transformar em instrumento de comunicação e expressão, é
preciso que o aspecto motor da escrita esteja dominado. Então, o aspecto motor da escrita não
garante sozinho, um bom aprendizado da escrita. Sem esse aspecto bem desenvolvido, há, no
mínimo, um terreno fértil para a instalação de um quadro de dificuldade na escrita.
De acordo com Rotta et al., 2016, é certo que, para aprender a escrever diversas
condições por parte do sujeito que aprende devem ser preenchidas. O conteúdo do simbólico
da escrita só pode ser alcançado com um certo desenvolvimento intelectual. Algum grau de
competência é necessário, posto que a escrita é uma expressão da linguagem. Certa condição
emocional é indispensável, já que a curiosidade e a motivação fazem parte do processo.
Também certo grau de socialização é fundamental, no sentido de que a escrita é um objeto
social entre os homens. O aspecto motor da escrita é um entre diferentes fatores envolvidos
na aprendizagem da mesma. Portanto, não se trata de reduzir o fenômeno complexo e
multifacetado como a escrita à questão do controle do movimento. Entretanto, há na escrita
um componente de controle motor de primeira magnitude que não pode ser desconsiderado.
A atividade de escrever “implica a imitação de um movimento com direção definida
(da esquerda à direita), a cópia de formas com uma certa orientação e o desdobramento do
movimento no espaço de representação” (J. DE AJURIAGUERRA apud LE BOULCH,
1987). Além disso, a criança deve ser capaz de identificar os sons e ter compreendido a
significação simbólica da passagem do som ao sinal gráfico. No plano espeço temporal, deve
estar apta a compreender o código que permite passar da sucessão temporal antes depois para
a transposição gráfica esquerda-direita. O trabalho psicomotor metódico geral permite
responder à maior parte dessas exigências perceptivas (LE BOULCH, 1987).
Para Le Boulch, (1987), a escrita é, antes de mais nada, um aprendizado motor, a
aquisição desta praxia específica, particularmente complexa, exige que se eduque a função de
ajustamento. Antes que a criança aprenda a ler, isto é, antes de sua entrada no curso
preparatório, o trabalho psicomotor terá como objetivo proporcionar-lhe uma motricidade
espontânea, coordenada e rítmica, que será o melhor aval para evitar os problemas gráficos.
Para Rotta, OhlweIee e Riesgo 2016,leitura é entendida como interpretação de
qualquer sinal que, chegando aos órgãos dos sentidos, conduza o pensamento a outra situação
além dele próprio. A leitura de forma restrita, refere-se à interpretação de sinais gráficos que
uma comunidade convencionou utilizar para substituir sinais linguísticos da fala, ou seja,
quando se trata de substituir, pela fala ou mentalmente, um conjunto de sinais gráficos que
formam palavras.
Segundo Smit (1999, apud Rotta et al., 2016), fala-se de leitura em sentido estrito
quando nossa atenção se dirige para um texto escrito, não estando em jogo sua extensão ou
complexidade. O texto pode conter apenas uma palavra ou pode estar expresso em muitas
delas; pode servir para expor sentimentos e ideias ou para estimular a reflexão. A leitura é,
portanto, uma forma de dar sentido ao que está escrito e não decodificar a palavra e sons.
Foucamber (1944 apud Rotta et al., 2016), explica que, na leitura voluntária, o
significado de um texto escrito é principalmente dependente das informações da memória do
leitor, pois têm de ser consideradas as informações do texto associadas às informações
sonoras.
Freire (1977 apud Rotta et al., 2016),relata que a leitura é a capacidade de tirar
conclusões utilizando mais do que as informações coletadas no texto, ou seja, capacidade de
levantar hipóteses, de conceber novas ideias e soluções a partir da experiência da leitura.
Diante do exposto, Rotta et al., 2016, confirma que, é evidente o fato de que a leitura
é uma forma simbólica, na qual mudanças relativamente triviais em uma palavra podem
alterar completamente sua pronuncia e seu significado. É um processo que envolve
linguagem escrita, atenção, habilidades motoras, vários tipos de memória, organização d
texto e imagem mental.
Ainda de acordo com a autora, o processo de leitura varia de indivíduo para indivíduo,
dependendo de fatores como idade, maturação, sexo, hereditariedade, tipo de língua,
instrução, prática e motivação.
Para Alves (2003), enquanto a concepção de escrita deve ser entendida como uma
representação simbólica da linguagem falada como uma simbolização de sinais sonoros, que,
por sua vez já são uma simbolização do mundo; a leitura por sua vez:
“Implica uma tradução (transdução ou equivalência do que está imprimindo na
página, em equivalentes auditivas que são aprendidos previamente” (MYKLEBUST, 1972
apud ALVES, 2003).
Alves (2003),afirma que o processo da leitura envolve:
 A identificação dos símbolos impressos (letras e palavras) através dos órgãos
visão. Estes recebem os estímulos gráficos e transmitem, através do nervo ótico, aos
centros visuais do cérebro;
O relacionamento dos símbolos gráficos com os sons que eles representam a criança
pode diferenciar visualmente cada letra impressa e perceber que cada símbolo gráfico tem um
correspondente sonoro.
A compreensão e análise crítica do que foi lido: o indivíduo percebe os símbolos
gráficos, compreende seu significado, julga e assimila os fatos de acordo com a sua vivência.
“Ler não é uma aprendizagem de novos sinais. Trata-se apenas de lidar com o
material já adquirido, auditivamente, mas agora sobrepondo o sinal visual (grafema)
sobre o sinal anterior (fonema). A diferença está na modalidade sensorial e na
função neurológica. Na linguagem escrita, a modalidade é visual, passando pela
auditiva através de processos neurológicos pré-estruturados e de equivalência
significativa que constituem o domínio integrado do código” (VITOR DA
FONSECA, 1980 apud ALVES, 2003).
Le Boulche (1987), afirma que uma das grandes causas funcionais nos problemas de
leitura-escrita são os problemas essencialmente psicomotores.
O autor referido acima relaciona os problemas de orientação com a dificuldade de
aprendizado da leitura. Da observação desta concordância passa-se logo a fazer uma relação
de causa e feito. Na verdade, felizmente, não é necessário que uma criança tenha podido
verbalizar sua direita ou a sua esquerda para que possa ser confrontada com o aprendizado de
leitura. Sendo assim a dificuldade de orientação e o problema da leitura não passam de dois
sintomas ligados à mesma causa: a dislateralidade.
Le Boulche (1987), diz que a lateralidade é a tradução de uma assimetria funcional.
Os espaços motores que correspondem ao lado direito e ao lado esquerdo do corpo não são
homogêneos. Esta desigualdade vai particularizar-se no decorrer do desenvolvimento e
consolidar-se quandodos ajustamentos práxicos de natureza intencional. No maior número de
casos, esta lateralização é homogênea e sem ambiguidade. Noutros, ao contrário, e
particularmente no caso dos canhotos, podemos observar a discordância.
Este autor salienta a importância de se ter uma coordenação óculo-manual bem
trabalhada, isto é, a capacidade do sujeito para usar a vista e as mãos ao mesmo tempo com a
finalidade de realizar uma tarefa, visto que a leitura é feita da esquerda para direita, também
da lateralidade e a maturação de um dos hemisférios cerebrais, para que de fato essa
habilidade seja aprendida.
Dessa forma, os prejuízos na formação do corpo refletem-se sob múltiplas formas: a
criança torna-se desajustada, demonstra dificuldade na compreensão de palavras que
designam posição espacial (dentro-/-fora-, em cima-/- embaixo etc.) é incapaz de perceber as
diferenças de letras (/ p / X / b /, / b / X / d /, / p/ X /q / etc.) e palavras (porco X corpo),
numerais (24-42) e outros (BUENO, 2013).
Pode-se perceber por este exemplo dado pela autora, a importância de se ter um corpo
bem integrado, e que de fato a psicomotricidade contribui significativamente para o
desenvolvimento da criança, favorecendo sua aprendizagem.
É através do seu corpo que a criança vai se conhecer e isso facilita o desenvolvimento
de suas habilidades, sejam as criativas, ou a sociabilidade da criança. Os benefícios que a
psicomotricidade traz para a criança são relevantes, pois fazem parte da formação da criança
em si.
Conclusão
Diante do exposto, concluiu-se que a Psicomotricidade auxilia no processo de ensino
e aprendizagem das crianças, sendo assim todas elas precisam desenvolver integralmente toda
a área motora, para que ao longo dos anos esta possa adquirir novas habilidades, como a de
ler e escrever.
A psicomotricidade vai além da capacidade de realizar movimentos aleatórios, a
mesma nos possibilita a educar esses movimentos e ao mesmo tempo desenvolver a
mentalidade, o pensamento. Visto isso, a Psicomotricidade está diretamente ligada ao aspecto
cognitivo, a mesma nos possibilita fazer uma relação através da ação, como um meio de
tomada de consciência que une o ser corpo e o ser mente.
O trabalho da educação psicomotora com as crianças deve prever a formação de base
indispensável em seu desenvolvimento motor, dando oportunidade para que por meio de
atividades motoras, se conscientize sobre seu corpo.
Posteriormente a pesquisa traz uma discussão sobre a abordagem histórica da
Psicomotricidade e a influência da mesma na aprendizagem.
Fazendo uma analogia dessa abordagem, ao longo do tempo a psicomotricidade foi
cada vez mais sendo discutida e pensada por diversos autores, primeiramente essa ciência que
estuda o corpo, foi defendida como uma ideia de fragmentação e separação, não considerava-
se o corpo como sendo um só.
Por isso, era a princípio apoiada em bases neurológicos, ou seja, as atividades
corporais não tinham nenhum vínculo com as atividades mentais.
Com o passar do tempo essa ideia de fragmentação foi atualizada por Ajuriaguerra,
que pensou e defendeu o corpo como sendo único. Diante dessa contribuição a
psicomotricidade diferenciou-se de outras disciplinas e adquiriu sua própria especificidade e
autonomia.
No Brasil, a Sociedade Brasileira de Psicomotricidade, na busca da formação pessoal
do psicomotricista e dos campos de atuação da educação, reeducação e terapia psicomotoras,
realizaram diversos congressos voltados a essa temática.
Em relação a aprendizagem, baseada em leituras, foi possível analisar que a
Psicomotricidade, poderá contribuir para as experiências de aprendizagem e para o
desenvolvimento integral do aluno.
Para isso, utilizei autores para comprovar essa análise como, Bueno (2013),que
afirma, que o movimento facilita o desenvolvimento cognitivo, afetivo, social e relacional ou
socioemocional.
Alves (2003), afirma que a estrutura da educação psicomotora é a base fundamental
para o processo intelectivo e de aprendizagem da criança.
Essa aprendizagem só será possível com o desenvolvimento dos campos da
Psicomotricidade, oEsquema corporal, Consciência corporal, Expressão corporal, Imagem
corporal, a Coordenação motora ampla, Coordenação motora fina, Equilíbrio e Lateralidade.
Para a autora, um problema em um destes elementos irá prejudicar uma boa aprendizagem.
Na leitura e na escrita a Psicomotricidade é defendida como uma atividade
psicomotora extremamente complexa, por isso precisa ser constantemente trabalhada para
que o educando conheça seu corpo, suas potencialidades tenha domínio sobre ele.
Visto isso, é de suma importância desenvolver esses aspectos gráficos, tais quais,
Desenvolvimento da linguagem oral; Desenvolvimento das habilidades e orientação espacial;
Desenvolvimento da coordenação visomotora; Memória visual e auditiva e Motivação para
aprender.
Portanto a escrita nada mais é do que um aprendizado motor.
Já a leitura é entendida como interpretação de qualquer sinal, realizada de uma forma
simbólica e que um das grandes causas dos problemas de leitura-escrita são os problemas
essencialmente psicomotores.
Conclui-se então que, os prejuízos na formação do corpo influenciam de diversas
formas na aprendizagem dos estudantes, o que implica na compreensão de palavras e na
capacidade de perceber as diferenças de letras, numerais.
Sendo assim, fica esclarecido a importância de se ter um corpo bem integrado, e que
de fato a psicomotricidade contribui significativamente para o desenvolvimento da criança,
favorecendo sua aprendizagem.

Referências
ALVES, Fátima. Psicomotricidade: corpo, ação e emoção. Rio de Janeiro: Wak, 2003.

BUENO, Jocian Machado. Psicomotricidade: teoria e prática. Da escola aquática. São


Paulo: Cortez, 2013.

BOSCAINI, Franco. Psicomotricidade e grafismo: da grafomotricidade à escrita. Rio de


Janeira: Editora Ltda. 1998.

GESELL, Arnold ET alli. El niño de 1 a 5 años. Buenos Aires: Pai-dos,1977.


LE BOULCH, Jean. Educação Psicomotora: A psicomotricidade na idade escolar. Porto
Alegre: Artes Médicas, 1987.

MATTOS, Vera. Avaliação psicomotora: um olhar para além do desempenho. 3 ed. Rio
de Janeiro: Wak editora, 2013.

NOGUEIRA, Marineide. Avaliação da psicomotricidade no processo de ensino-


aprendizagem de crianças com síndrome de down na educação infantil. Universidade
Federal do Ceará. 2007.

PERES, Tacyana; CRUZ, Mônica. Psicomotricidade no processo de alfabetização da


criança. Universidade Federal do Triângulo Mineiro – UFTM. Dezembro, 2014.

ROSA NETO, Francisco. Manual de avaliação motora. Porto Alegre: Artmed Editora,
2002.

ROTTA, Newra; BRIDI FILHO, César; BRIDI, Fabiane. Neurologia e aprendizagem:


abordagem multidisciplinar. Porto Alegre: Artmed, 2016.

ROTTA, Newra; OHLWEILER, Lygia; RIESGO, Rudimar. Neurologia e aprendizagem:


abordagem multidisciplinar. 3 ed. Porto Alegre: Artmed, 2016.

OLIVEIRA, Gislene de Campos. Avaliação psicomotora à luz da psicologia e da


psicopedagogia. 4ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2005.

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