Sie sind auf Seite 1von 5

1.

A INFÂNCIA E A JUVENTUDE DE CAREY

William Carey nasceu em uma família pobre, em 1761, perto de Northampton, na Inglaterra.
Seu pai era um tecelão que trabalhava em casa em uma máquina de tear. Durante a infância,
Carey teve uma vida normal, marcada por simplicidade. Eventualmente tinha problemas
alérgicos que o impediram de realizar seu desejo de trabalhar como jardineiro.

Quando bem jovem, aos dezesseis anos, não podendo mexer com flores, iniciou como
aprendiz de sapateiro. Carey ficou nessa profissão até os 28 anos de idade. Ele converteu-se
aos dezoito anos e ingressou na Igreja Batista, um dos menores grupos dissidentes de seus
dias. Na sua “Investigação”, referiu-se à denominação de que fazia parte como batista
particular.[1] Após sua conversão, desenvolveu o hábito de estudar a Bíblia nas horas livres.

Foi em 1781, com dezenove anos, William Carey se casou com Dorothy, cunhada de seu
patrão. Dorothy era cinco anos mais velha do que Carey, não sabia ler e logo revelou um
temperamento difícil. No casamento reinava pouca harmonia e, para dificultar ainda mais a vida
familiar os problemas econômicos eram comuns, tornando-se mais intensos com o crescimento
da família e a responsabilidade de Carey no cuidado de sua cunhada e de quatro sobrinhos,
após a morte do seu patrão.

2. WILLIAM CAREY: PASTOR E SAPATEIRO

Durante certo tempo William Carey acumulou as funções de pastor, professor de tempo parcial
e sapateiro na sua pequena aldeia. Na verdade, desde a juventude ele atuara como pregador
leigo, mas só em 1785 recebeu o convite para ser pastor em uma pequena igreja batista. Mais
tarde foi chamado para pastorear uma igreja maior em Leicester, mas mesmo assim ainda
precisava trabalhar em outras atividades para sustentar a família.

Como pastor, Carey revelava uma preocupação muito grande com o estudo. Quem chegasse
em sua humilde casa, caracterizada pelas lindas flores que ele mesmo cultivava, sempre o
encontraria com um livro. Foi durante seus anos de pastorado, marcados especialmente pela
leitura, que Carey passou a desenvolver sua visão missionária, concluindo, para surpresa da
igreja e dos ministros cristãos de seus dias, que a evangelização do mundo era a principal
responsabilidade da noiva de Cristo.

3. O NOTÁVEL MISSIONÁRIO

Uma das dificuldades que William Carey teve que enfrentar para incutir a necessidade do envio
de missionários às nações pagãs foi o hipercalvinismo reinante em seus dias, segundo o qual a
conversão dos pagãos ocorreria, caso o Senhor quisesse, sem o auxílio de quem quer que
fosse.

Foi para quebrar essa mentalidade que o pai das missões modernas escreveu um tratado
intitulado “Uma investigação sobre o dever dos cristãos de empregarem meios para a
conversão dos pagãos” (1792). Tratava-se de uma exposição e análise do mundo de seus dias
que refletia a necessidade urgente da pregação do evangelho às nações de todos os
continentes. Nesse tratado, Carey também expõe argumentos lógicos e teológicos
apresentando-os como fundamentos para o envio de missionários aos pagãos, frisando
especialmente que o Reino de Cristo tem que ser proclamado a toda a terra.

Num sermão sobre Isaías 54.2-3, dirigido a um grupo de pastores batistas em Nottingham, no
dia 31 de maio de 1792, Carey reforçou os apelos constantes da sua “Investigação” e
pronunciou a frase que se tornou célebre como a filosofia de trabalho do grande missionário:
“Realizar grandes coisas para Deus; esperar grandes coisas de Deus.”

A força dos argumentos de Carey e o vigor do seu entusiasmo resultaram na formação da


Sociedade Missionária Batista, organizada em setembro de 1792. Menos de um ano depois,
em junho de 1793, ele e sua família partiram para a Índia como membro da referida sociedade.
Carey chegou em Hooghly no dia 11 de novembro de 1793, marcando o início da grande era
das missões além mar, promovidas pela Inglaterra e Estados Unidos.

Em virtude da oposição da Companhia das Índias Orientais, a família Carey foi para o interior
da Índia e, logo depois, para Malda. Ali, William Carey de dedicou a aprender a língua bengali e
se aventurou numa tradução do Novo Testamento para essa língua. O trabalho, contudo,
revelou-se um fracasso, pois Carey não tinha habilidade em redação, conhecia muito pouco da
dinâmica da língua e a tradução tornou-se ininteligível. Isso não desanimou o infatigável
missionário que refez a tradução até que pudesse ser compreendida pelo povo bengalês.

Trabalhando em Malda numa fábrica de anil, enfrentando terríveis problemas familiares como
se verá a seguir, Carey não desanimou. Além de se empenhar firmemente na tradução da
Bíblia, Carey também atuava como pregador, fundava escolas e, em 1795, inaugurou uma
igreja batista em Malda que contava com quatro membros ingleses. É verdade que o povo
bengalês comparecia às centenas para ouvir a mensagem do evangelho, mas ao fim de sete
anos de trabalho em Malda, Carey não tinha sequer um convertido que pudesse apresentar
como fruto do seu ministério.

Em 1800, William Carey deixou Malda e transferiu-se para Serampore, um território


dinamarquês perto de Calcutá. Ali ele permaneceu até o fim de sua vida. A lado de Josué
Marshman e William Ward, Carey passou a viver um tempo maravilhoso de trabalho em equipe
marcado por oração, respeito, mútua cooperação e compromisso sério com a obra do Senhor.
Marshman, Ward e Carey formavam o conhecido “Trio de Serampore” que conduziu a missão a
um notável sucesso.

Com dedicação sem igual, disposto a sacrificar seus bens, tempo e qualquer outra coisa a que
pudesse se apegar, dono de um caráter dócil e uma vida santa, Carey organizava escolas (ele
organizou, inclusive, o colégio Serampore para treinamento de evangelistas nativos), ensinava
línguas orientais no colégio de Fort William em Calcutá e continuava seus esforços na tradução
da Bíblia que verteu inteira para três idiomas: bengalês, sânscrito e marathi. Além disso,
traduziu porções da Bíblia para inúmeras outras línguas, ainda que a qualidade de seu trabalho
não fosse muito apreciada pelos críticos.

Em Serampore o trabalho evangelístico era intenso. Apesar disso, as conversões aconteciam


muito lentamente. Ruth Tucker escreve:

A evangelização era também uma parte importante do trabalho em Serampore e um ano após
o estabelecimento da missão os missionários se alegraram com o primeiro convertido. No ano
seguinte houve mais convertidos, mas de modo geral a evangelização progrediu lentamente.
Cerca do ano 1818, depois de 25 anos de missões batistas na Índia, havia mais ou menos 600
convertidos batizados e mais alguns milhares que compareciam às aulas e cultos.[2]

Dorothy Carey morreu em 1807 e, seis meses depois do seu sepultamento, o viúvo se casou
com Charlotte Rumohr. O casamento foi feliz e durou até 1821, quando Charlotte morreu.
Durante seu tempo de convivência o casal dedicou-se ao trabalho de tradução, pois Charlotte
tinha grande habilidade lingüística. Após sua morte, Carey, aos 62 anos de idade, se casou
com Grace Hughes, dezessete anos mais jovem do que ele e que demonstrou-se
extremamente solícita no cuidado do marido que passara a ter freqüentes problemas de saúde.

O trabalho de Carey na Índia foi extraordinário. O pai das missões modernas, além das
realizações mencionadas acima lutou contra a queima de viúvas e o assassinato de crianças.
Ele tinha uma visão missionária muito à frente do seu tempo, dedicando-se à causa cristã sem
desrespeitar os aspectos da cultura local que não feriam os valores revelados por Deus nas
páginas da Bíblia. Ademais, lutou pela formação de uma igreja autóctone, com a Bíblia na
língua do povo, com uma liderança nativa e traços distintivos que não fossem importados da
Europa.

4. OS OBSTÁCULOS NO MINISTÉRIO DE WILLIAM CAREY

O primeiro obstáculo que William Carey teve que enfrentar para realizar seu alvo de
evangelização dos pagãos foi a sua própria igreja. Reinava em seu tempo a idéia de que a
Grande Comissão não se aplicava aos cristãos em geral, mas exclusivamente aos apóstolos
diante de quem o Senhor ressurreto a enunciou. Esse pensamento estava fortemente
associado a uma teologia hipercalvinista que tirava da igreja o dever de anunciar as boas
novas aos perdidos das nações distantes. Conta-se que quando o jovem pastor apresentou as
suas idéias revolucionárias para a época a um grupo de ministros, um deles lhe disse: “Jovem,
sente-se. Quando Deus quiser converter os pagãos, ele o fará sem a sua ajuda ou a minha”.

Na sua “Investigação”, Carey reagiu contra essas idéias. Realçou o dever da igreja de
evangelizar os povos e disse que se a Grande Comissão se restringisse aos apóstolos, então a
ordem de batizar também estaria restrita a eles. Ademais, argumentou, se só aos apóstolos se
aplicam as determinações da Grande Comissão, os ministros que têm pregado o evangelho a
outros povos têm agido sem autorização de Deus para tanto e a presença constante de Cristo
prometida na Grande Comissão também não se aplica a ninguém além dos ouvintes
originais.[3]

Como se vê, os argumentos de Carey eram irrefutáveis e provocaram uma mudança na


mentalidade da igreja de seus dias que se estabeleceu por mais de quarenta anos.

Um segundo obstáculo ao ministério de William Carey foi a Companhia das Índias Orientais.
Stephen Neill escreve:

O momento da chegada de Carey à Índia não era propício para a fundação de uma missão. A
Companhia das Índias Orientais, companhia comercial que se transformara gradualmente num
império e que era então o poder dominante da Índia, suspeitava dos missionários e hostilizava
sua chegada, não tanto por questões religiosas, mas por temer as perturbações provocadas
pelo Evangelho, o que poderia abalar o controle sempre incerto de determinadas regiões.
Carey e sua família viram-se, de fato, na situação de imigrantes ilegais, sujeitos de um
momento para outro a serem deportados.[4]

O problema com a Companhia das Índias Orientais foi resolvido quando Carey e sua família se
mudaram para o interior, desaparecendo da vista de todos.

O terceiro obstáculo ao ministério de Carey (e talvez o mais difícil) foi a sua esposa. Desde o
início Dorothy se opusera á ida de Carey à Índia e se recusara a ir com ele. Juntamente com
um outro missionário, John Thomas, Carey chegou a partir sem a esposa. A viagem, porém, foi
interrompida por motivos burocráticos quando o navio ainda estava na Inglaterra. Por esse
tempo, Dorothy mudou de idéia e resolveu partir com o marido e seus quatro filhos pequenos
(um deles com apenas três semanas).

Estando já na Índia, Carey, como já dito, se viu forçado a partir para o interior em face da
oposição da Companhia das Índias Orientais. Na ocasião, Dorothy, mais uma vez, revelou-se
uma mulher inadequada como esposa de missionário. Ela se mostrou cada vez mais abalada
psicologicamente. Ademais, instalada em meio a pântanos, a família viu-se em circunstâncias
deploráveis e Dorothy ficou muito doente, exigindo, juntamente com os filhos, a total atenção
do marido. A situação só melhorou quando ele conseguiu se transferir para Malda onde foi
trabalhar como capataz numa fábrica de anil. Ali, porém, Dorothy demonstrava que sua saúde
mental estava em notável declínio. Com a morte de um dos filhos, que então contava com
cinco anos, a esposa de Carey enlouqueceu totalmente.
A demência de Dorothy teve resultados trágicos para a família. Um deles se fez sentir na
educação dos filhos. Carey, além de viver constantemente ocupado com inúmeras tarefas, era
um homem muito dócil, incapaz de ser rígido com as crianças. A mãe, no estado em que se
encontrava, não tinha condições de suprir a ausência e falhas do pai na correção dos meninos
que cresceram como vadios indisciplinados. Foi a interferência firme da Sra. Marshman e a
posterior dedicação de Charlotte Rumohr, a segunda esposa de Carey, que impediram que os
filhos de Carey se perdessem totalmente.

A grande luta de Carey com a doença de sua esposa findou-se em 1807, quando Dorothy
faleceu aos 51 anos de idade. Foi o fim de um triste obstáculo para a obra missionária que
jamais contou com o real apoio daquela mulher, mesmo em seus dias de saúde física e
psíquica.

O quarto fator que pode ser citado como obstáculo ao trabalho de William Carey foi sua
chocante dificuldade com traduções. Como visto acima, Carey não conseguia se fazer
entender quando escrevia uma sentença, de forma que sua obra sofria sérios e justos ataques
de qualquer pessoa que tivesse paciência para avaliá-la. Para piorar a situação, em 1812
ocorreu um incêndio que destruiu anos de seu intenso e difícil trabalho de tradução.

O modo como Carey superou tudo isso foi através da perseverança. De fato, Carey era um
homem que nunca desistia. Nada fazia com que ele interrompesse sua obra. Se ao final de
uma tradução ele descobria que o texto era de difícil compreensão, ele retomava
pacientemente o trabalho e fazia tudo outra vez, até que o resultado fosse satisfatório para os
leitores. Mesmo quando suas traduções foram queimadas em 1812, esse incansável
missionário aceitou o fato como manifestação da vontade de Deus e iniciou tudo outra vez com
zelo ainda mais intenso.

O último obstáculo que Carey enfrentou em seu trabalho missionário foi decorrente da chegada
de novos missionários enviados da Inglaterra a Serampore pela Sociedade Missionária Batista.
De fato, com a chegada desses missionários a paz da missão de Serampore chegou ao fim.

Os novos obreiros se recusaram a se submeter à liderança dos veteranos e também não


aceitaram adotar o estilo de vida e filosofia de trabalho do “Trio de Serampore”. Assim, o
resultado inevitável foi a divisão. Então, os missionários mais novos se afastaram e formaram a
União Missionária de Calcutá.

A Sociedade Missionária Batista, a que Carey estava ligado desde que fora fundada por sua
própria influência, tinha por esse tempo líderes que sequer o conheciam pessoalmente. Esses
líderes deram apoio aos missionários jovens que eles próprios haviam nomeado. Por tudo isso,
em 1826, a Missão de Serampore cortou relações com a Sociedade Missionária Batista.

Como resultado desse rompimento, terríveis problemas financeiros começaram. Não havia
como a missão de Carey se sustentar e também suprir as necessidades dos diversos postos
missionários ligados a ela sem o apoio da Inglaterra.

Carey, como em outras ocasiões, também soube lidar com esse obstáculo ao trabalho do
Senhor. A solução foi simples: auto-humilhação. Carey e Marshman, vendo que não havia
meios de continuar sem o sustento da Sociedade, se submeteram novamente e ela. Assim, foi
dada continuidade ao trabalho até que a morte, o último oponente, se levantou. Contra esse
obstáculo o corajoso missionário não teve como lutar. William Carey morreu em 1834.

CONCLUSÃO

Da consideração dos fatos expostos nesta monografia, conclui-se primeiramente que a obra de
Deus não carece necessariamente de ministros que apresentam os padrões de grandeza que o
mundo exalta. Carey era apenas um pobre sapateiro, com limitações notáveis oriundas de
problemas familiares e até mesmo carente de certos dotes intelectuais. Foi ele, contudo, que
deu o impulso inicial ao grande século das missões transculturais, tornando-se famoso em todo
o mundo e influenciando vidas até os dias modernos.[5]

Vê-se também, a partir da história apresentada, quão essencial é a perseverança na vida do


ministro de Cristo. As informações fornecidas no item 4 levam facilmente à conclusão de que
William Carey sequer teria saído da Inglaterra caso não fosse dono de um espírito
perseverante, capaz de enfrentar pacientemente qualquer obstáculo e prosseguir sem
esmorecer na perseguição de seus ideais. Não resta dúvida que, sob o ponto de vista humano,
o sucesso de Carey foi devido à sua firmeza e pertinácia.

No presente trabalho também é possível vislumbrar a seguinte verdade: o trabalho do Senhor


muitas vezes revela-se lento e tardio em frutificar. Todo homem de Deus deveria atentar para
esse fato e não nutrir no coração a danosa tendência de se comparar com outros que,
aparentemente, têm tido mais sucesso no ministério, nem se sentir frustrado em expectativas
muitas vezes vaidosas de ver multidões diante de si, sedentas por ouvi-lo. A história das
missões e, especificamente, a vida de William Carey mostram que muitas vezes o plano de
Deus na obra missionária não é a conversão numerosa dos ouvintes, mas o fortalecimento da
fidelidade dos pregadores. Muitas vezes, o campo de trabalho de Deus é seu próprio servo.

Assim, a história do pai das missões modernas, se afigura como fonte de instrução, estímulo,
exemplo e correção. Por meio dela não somente se detecta parte do que Deus realizou no
grande século das missões ultramar, mas também é possível sentir o coração inclinado para
novos desafios e para a expectativa de que ainda nesta geração o Senhor reavive a sua obra
em todo o mundo.

Das könnte Ihnen auch gefallen