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DEFESA PLENÁRIO DO JURI – 14/11/2018 – VALDINEI BATISTA VIEIRA

A princípio, cumpre ressaltar que, o IRMP ofereceu denúncia em desfavor do ora


acusado, argumentando que o mesma teria infringido o artigo 121, § 2º, incisos I e IV,
na forma consumada, e artigo 121, § 2º, incisos I e IV, c/c artigo 14, inciso II, (4x), na
forma tentada, por “supostamente” desferir disparos de arma de fogo contra as vítimas
dos autos, em via pública, sito a Rua Turmalina, nº 0, próximo a Distribuidora Ladeiras,
do Bairro José de Anchieta, nesta mm. Comarca, no dia 31 de julho de 2016, por volta
das 20:00h.

Todavia, esta defesa pretende mostrar, data venia, ousa divergir do entendimento
esposado pelo IRMP.

E os senhores verão que estes autos não dão qualquer base ou fundamento para o IRMP
afirmar que houve inequívoco o intuito de ceifar a vida, da vítima dos autos. Aliás, a bem
da verdade, o que houve foi uma fatalidade, que não participou o réu, e que o que se
seguiu na instrução processual, tanto na fase inquisitorial, quanto na fase judicial, foi
um emaranhado que não se consegue chegar a lugar algum, um imbróglio que não dá
respaldo a se condenar quem quer que seja.

A UMA PELO AGOURENTO, NEFASTO, FUNESTO,


CONTRADITÓRIO, INFAUSTO, OMINOSO E DANOSO DEPOIMENTO DAS TESTEMUNHAS
DOS AUTOS.

QUE NOS LEVA A CRER E ACREDITAR QUE ESTAMOS DIANTE


DE UM CASO DE TRIGÊMEOS MONOZIGÓTICOS OU UNIVITELINOS, OU SEJA,
TRIGÊMEOS IDÊNTICOS.

O QUE É UM MILAGRE, POIS APENAS, 33% DOS CASOS DE


GÊMEOS OU TRIGÊMEOS SÃO UNIVITELINOS – A GRANDE MAIORIA, OU SEJA, 66% SÃO
BIVITELINOS, OU TAMBÉM ALCUNHADOS DE “FRATERNOS”.
OUTRO GRANDE IMBRÓGLIO E CELEUMA SE DÁ EM RELAÇÃO A CAPUZ OU TOUCA

NINJA, UTILIZADA PELO ATIRADOR. TAMBÉM CONHECIDA COMO BALACLAVA.

(TIROU OU NÃO TIROU – EIS A QUESTÃO). DEIXO PARA OS SENHORES

ESTE ABACAXI.

HÁ AINDA UMA TERCEIRA QUESTÃO:

O TRIGÊMEO UNIVITELINO ATIROU OU NÃO? EIS A QUESTÃO.

PERGUNTAS ÀS TESTEMUNHAS – OLHAR


DEPOIMENTO DOS AUTOS.

DEPOIMENTO “IRMÃO DA VÍTIMA ALEX” ORLANDO

NASCIMENTO SOARES, FLS. 38/9 – NA COLA

Que o declarante olhou e viu um indivíduo efetuando


disparos...
...Que ouviu comentários de populares do bairro que os
autores retiraram as toucas ninjas logo após o crime e que os autores seriam DINEI e
LEIDINALDO, mas o declarante não pode afirmar com certeza porque o declarante não
viu os rostos dos autores. (sem grifos no original)

DEPOIMENTO “TESTEMUNHA SIGILOSA” FLS. 41 - NA


COLA
Que o declarante informa que soube por populares logo
depois do crime, que o atirador, era uma pessoa conhecida como “DINEI”, pois soube
que ele, logo em seguida ao crime, retirou o capuz e foi reconhecido por vários
populares...

DEPOIMENTO “TESTEMUNHA SIGILOSA” FLS. 42/3 - NA


COLA
Que o autor dos disparos era DINEI... Que o declarante
informa que o atirador estava utilizando capuz, mas, com uma
fresta, bem aberta onde estava descoberto, os olhos e o
nariz... deu até pra ver o cavanhaque que ele costuma usar...

DEPOIMENTO “LUZINETE VIEIRA” FLS. 91 - NA COLA

Que ouviu dizer que DINEI, foi quem efetuou os tiros...

DEPOIMENTO “VÍTIMA CLEIBE VIEIRA DOS SANTOS” FLS.

102/3 - NA COLA

Que no outro dia, vários populares, disseram que o autor do


crime foi a pessoa de DINEI...

DEPOIMENTO “MIQUÉIAS MENDES DE JESUS MIRANDA”


FLS. 146/7
...que ouviu comentários de populares, e pelos noticiários de
TV, que o autor do crime foi VALDINEI; Que ouviu dizer que o próprio informante,
estava envolvido nesse crime...

Em primeiro lugar, deve-se aqui buscar a verdade dos fatos. Com todo o respeito,
todavia, a denúncia ministerial, mente, mas mente feio, e sem dó. E isso, senhores,
jamais se deve fazer, principalmente em um processo, onde quem está sendo julgado,
não é um animal escorraçado, mas, um ser humano, que tem seus direitos garantidos e
assegurados pela Constituição Federal e demais legislação esparsa.

Neste particular, convém mencionar que, o novel jurisconsulto Heider Fiuza de Oliveira
Filho, em seu brilhante artigo Princípio da Verdade Real no Processo Penal, afirma que,
o primeiro ponto a ser mencionado quando se fala na finalidade da prova criminal é a
questão da verdade1.

1
FILHO, Heider Fiuza de Oliveira. Princípio da Verdade Real no Processo Penal. Disponível em:
http://www.viajus.com.br/viajus.php?pagina=artigos&id=1125&idAreaSel=4&seeArt=yes. Acesso em:
09/03/2016.
Mencionado jurista ainda firma que, a doutrina clássica sustenta que o processo penal
busca, por intermédio da prova, a "verdade real2".

Para o novel mestre, na seara jurídico-penal, o julgador terá chegado à sua verdade,
quando, à vista do exame das provas, detiver robusta convicção (juízo de certeza) de
que seu julgado corresponde efetivamente à realidade do fato criminoso3.

Como os senhores chegarão a plena convicção para emitirem vossa r. decisão, se TEMOS
INÚMERAS CONTRADIÇÕES NOS DEPOIMENTOS, INCLUSIVE DE TESTEMUNHAS
SIGILOSAS, QUE PRESENCIARAM OS FATOS DOS AUTOS.

Podemos com isso, sem sombra de dúvidas afirmar categoricamente que, não há base
ou fundamento algum para se colocar o réu ou os trigêmeos univitelinos, na cena do
crime dos autos.

MEDO CONTEMPORÂNEO

Aos senhores nobres jurados que formam o Conselho de Sentença, lhes cabe julgar os
crimes dolosos contra a vida, ou seja, aqueles crimes, em que é patente a intenção do
agente de matar. Sejam estes crimes tentados ou consumados.

Impende ressaltar que, aceitar a responsabilidade de ser jurado é cumprir um dever


cívico de extrema importância.

Quadra registrar que, a instituição do Tribunal do Júri está prevista na Constituição


Federal do Brasil, sendo um dos órgãos do Poder Judiciário.

Vossas Excelências enquanto integrantes do Conselho de Sentença, são comumente


conhecidos como juízes de fato.

2
Idem
3
Idem
Importante ressaltar que as mesmas responsabilidades que recaem sobre qualquer
magistrado de qualquer instância ou grau de jurisdição, ao proferir sua decisão, também
lhes recai de igual forma.
Sabe-se que, o juiz ao julgar acima de tudo deve ser imparcial. A imparcialidade do juiz
é pressuposto de validade do processo, devendo o juiz colocar-se entre as partes e acima
delas (RÉU X SOCIEDADE), sendo esta a primeira condição para que possa o magistrado
exercer sua função jurisdicional.

Referido pressuposto, dada sua importância, tem caráter universal e consta da


Declaração Universal dos Direitos do Homem, em seu artigo X, que assim preleciona:
Todo ser humano tem direito, em plena igualdade, a uma justa e
pública audiência por parte de um tribunal independente e
imparcial, para decidir sobre seus direitos e deveres ou do
fundamento de qualquer acusação criminal contra ele.

A imparcialidade do juiz é uma garantia de justiça para as partes e, embora não esteja
expresso na Constituição Federal, é uma garantia constitucional.

O juiz ao julgar, deve se esvaziar de seus mais profundos sentimentos, medos fobias, e
ater-se aos fatos que lhe trazidos pelo processo.

Importante mencionar que, com o avanço da mídia, e os fatos ocorridos em qualquer


parte do mundo, viram notícia, no mesmo instante em que acontecem. E isso se deve
ao avanço da tecnologia, tem feito surgir hodiernamente um novo tipo de medo,
denominado “medo contemporâneo”

Quero em breves e gerais linhas dissertar acerca do medo contemporâneo, e sua


inevitável e desastrosa “influência” na r. decisão do Conselho de Sentença, composto
pelos senhores jurados, bem como seus eminentes pares.
A princípio, cumpre ressaltar que o medo é um sentimento natural e necessário ao
homem, todavia de grande inquietação ante a noção de um perigo real ou imaginário.
A Psicóloga clínica Luciana Oliveira dos Santos4, preleciona que, em um sentido estrito
do termo, o medo é concebido como uma emoção-choque devido à percepção de perigo
presente e urgente que ameaça a preservação de todo indivíduo.

Para mencionada Psicóloga, diferentemente do sentimento do “medo”, sentido pelos


povos antigos, temos a experiência de medo do indivíduo hoje. Uma experiência
individualizada. É o chamado “medo contemporâneo5”.

Referida psicóloga citando o pai da Psicanálise Sigmund Freud, afirma que o medo
contemporâneo, enquanto mal-estar, atinge como um todo, populações urbanas
principalmente, sem levar em conta a classe e a posição social, expressando-se através
de fenômenos como stress, depressão, episódios psicossomáticos, etc.6

Cumpre ressaltar que a reunião dos sintomas supramencionados, indubitavelmente


acarretará no surgimento no indivíduo portador das síndromes suso transcritas, da
famigerada “síndrome do pânico”, a qual Freud denominava “Neurose de Angústia”, em
sua obra, publicada originalmente em 18957.

O professor do departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal da Paraíba


Mauro Guilherme Pinheiro Koury, em seu artigo Medos urbanos e mídia: o imaginário
sobre juventude e violência no Brasil atual, afirma existir uma indústria do medo no
Brasil atual, através da relação entre juventude e violência, com suas proposições
levantadas pela mídia brasileira no imaginário nacional8.

4
Luciana Oliveira dos Santos. O Medo Contemporâneo. Acesso em: 13/07/2015. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/pcp/v23n2/v23n2a08.pdf.
5
Ibidem
6
Ibidem
7
Freud, S., La Neurastenia y la Neurosis de Angustia (Sobre la Justificación de Separar de la Neurastenia Cierto
Complejo de Síntomas a Título de "Neurosis de Angustia") in: SCARPATO, Artur Thiago. Síndrome do Pânico: uma
Abordagem Psicofísica. Revista Hermes, São Paulo, número 3, 1998.
8
Mauro Guilherme Pinheiro Koury. Medos urbanos e mídia: o imaginário sobre juventude e violência no Brasil
atual. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0102-69922011000300003&script=sci_arttext.
Acesso em: 13/07/2015.
O novel jurista RANGEL, discursando acerca do medo contemporâneo, patrocinado pela
mídia, afirma que:
No Brasil, determinadas capitais como Rio de Janeiro e São Paulo,
protagonizam cenas de violência, para o mundo todo por meio da
mídia, o que por si só, causa certo impacto no turismo e,
consequentemente, na economia, pois se difunde o medo de que
esses lugares são instáveis e perigosos para qualquer empreitada
de mercado, moradia, investimento econômico9...

Abro um parêntesis aqui, somente para discorrer acerca de nosso querido Estado, tido
como e 2º mais violento do Brasil, conforme menciona o sítio na internet
www.g1.globo.com, utilizando como parâmetro o Mapa da Violência de 201410.

Segundo o sítio na internet “exame.com.br”, o Estado do Espírito Santo, é o Estado mais


violento para as mulheres viverem11.

Discurso, aliás, que agrada o IRMP, em sua tese de acusação. Todavia, senhores, não
podemos jamais, utilizar destes discursos, como “esfarrapada” desculpa, para sair
condenando quem quer que seja, sem utilizar critérios mínimos de ponderação. Sem ao
menos se atentar para o conjunto de provas que instruem os autos.

Afirmar sem provar, é falácia. Pois, alegar e não provar é o mesmo que nada alegar.
Quem afirma isso é a jurisprudência senhores.

9
RANGEL, Paulo. Tribunal do Júri: visão linguística, histórica, social e jurídica. 4ª ed. ver. e atual. até 2 de julho de
2012. São Paulo: Atlas, 2012.
10
ES tem queda de homicídios, mas é o 2º mais violento, diz pesquisa. Disponível em:
http://g1.globo.com/espirito-santo/noticia/2014/05/es-tem-queda-de-homicidios-mas-e-o-2-mais-violento-diz-
pesquisa.html. Acesso em: 14/07/2015.
11
Os estados em que a mulher corre mais perigo - ES é o pior. Acesso em: 14/07/2015. Disponível em:
http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/espirito-santo-e-o-estado-brasileiro-que-mais-mata-mulheres.
Como exemplo, cito aqui um julgado de nosso Tribunal de Justiça capixaba, tendo como
relator, o eminente desembargador Carlos Henrique Rios do Amaral, ao relatar seu voto
em uma brilhante decisão. Senão vejamos, verbis:
APELAÇAO CÍVEL Nº 024.039.005.749. RELATOR: DES. CARLOS
HENRIQUE RIOS DO AMARAL. ACÓRDAO APELAÇAO CÍVEL
SUPOSTA PRESSAO PARA FAZER ACORDO. AUSÊNCIA DE PROVA.
[...] Não há prova nos autos que garantam a afirmação da
recorrente. Existe um nexo íntimo entre o ônus de provar e o ônus
de alegar, de modo que ...alegar e não provar, é o mesmo que
nada alegar. Negado provimento ao recurso12.

Fernando Homem de Mello, em brilhante ensinamento acerca do tema, assevera que,


“o dever de produzir as provas necessárias à comprovação da existência e da veracidade
de determinado fato, vem a ser o ônus da prova (do latim onus probandi, dever de
provar)13

Este ônus da prova, incumbe ao autor da Ação Penal, in casu, o IRMP, que deve
fundamentar e bem embasar suas provas, para que não haja o mínimo resquício de
dúvidas no julgador. Pois aqui, no Processo Penal, vige a máxima: “na dúvida, deve o
julgador decidir a favor do réu, pelo princípio in dubio pro reo”.
Juarez Pereira e Dora Pereira, em importante lição acerca deste tema, afirmam que:
Sendo o acusado presumivelmente inocente e cabendo o ônus
probatório ao acusador, é necessário, para a imposição de uma
sentença condenatória, que se prove, além de qualquer dúvida
razoável, a culpa do acusado. Subsistindo dúvida, tem-se que a
acusação não se desincumbiu do ônus que lhe cabe, restando
inafastável a absolvição do réu, já que, sem demonstração cabal
de sua culpa, prevalece a inocência presumida. Nesta acepção,

12
TJ-ES - AC: 24039005749 ES 24039005749. Relator: CARLOS HENRIQUE RIOS DO AMARAL. Data de Julgamento:
26/06/2007. PRIMEIRA CÂMARA CÍVEL. Data de Publicação: 27/08/2007
13
FILHO, Fernando Homem de Mello Lacerda. PROVA - BREVÍSSIMO COMENTÁRIO. Acesso em: 14/07/2015.
Disponível em: http://www.advogado.adv.br/artigos/2000/homemdemello/prova.htm.
pode-se dizer que a presunção de inocência confunde-se com o in
dubio pro reo14. (sem grifos no original)
Importante mencionar que, quando apontamos 1 (um) dedo para acusar alguém: “1
(um) dedo, aponto para o próximo, 3 (três) dedos aponto para mim mesmo, e 1 (um)
dedo, aponto para cima, para os céus, que na dicção do Salmista Davi, em Salmos,
capítulo 33, versículos 13 e 14 “é a morada, habitação de Deus”.

Insta consignar que, o Tribunal de Justiça Catarinense, em um de seus julgados, afirma


que:
“A busca da verdade real é a mola propulsora do processo penal,
para a aplicação da lei repressiva. Se a prova é dúbia e
contraditória, fruto inclusive, de incúria ocorrida na formação do
caderno administrativo15, os fatos apurados no Processo não
fornecem ao julgador a certeza indispensável de estar diante da
realidade, o que impede, sob pena de não ser justo, proclamar um
decreto condenatório16. (grifamos)

Retornando ao tema: “medo contemporâneo” RANGEL, em seu valioso ensinamento


acerca deste intrigante assunto, rechaça a influência que este tipo de “medo”, possa ter
sobre os jurados, contaminado assim sua decisão. Senão vejamos, verbis:
O júri, por sua vez, contaminado pelo medo urbano (leia-se medo
contemporâneo), acaba decidindo pelo medo que sente dos seus
medos internos e inconscientes, exteriorizados na vida do outro,
durante o julgamento. Não são poucos os jurados que, após o
julgamento afirmam ter passado por situação idêntica àquela

14
PEREIRA, Juarez Maynart; PEREIRA, Dora Maynart. Decisão de pronúncia e presunção de inocência: in dubio pro
reo ou in dubio pro societate?. Revista Jus Navigandi, Teresina, ano 19, n. 3852, 17 jan. 2014. Disponível
em: <http://jus.com.br/artigos/26439>. Acesso em: 13 jul. 2015.
15
Ou seja, falta de cuidado, zelo, ou simplesmente negligência, na fase administrativa do
processo, em suma, na condução do inquérito policial, que sem sombra de dúvidas desaguará
em uma denúncia ministerial falha, desde seu nascedouro, que indubitavelmente
contaminará, poluirá, todo o iter processual, produzindo uma decisão judicial manchada pela
pecha da ilegalidade.
16
TJ-SC-ACR: 399071 SC 1988.039907-1. Relator: Ernani Ribeiro. Data de Julgamento: 29/04/1991. Primeira Câmara
Criminal. Data de Publicação: DJJ: 8262. Data: 31/05/91. Pág. 14.
objeto de julgamento e que, por tal razão, sabem que aquilo foi
dito pela acusação (ou pela defesa) é verdadeiro, mesmo que a
prova dos autos não sejam tão convincentes assim.

É o famigerado princípio da intima convicção (do jurado) em desarmonia com a


Constituição da República (art. 93, IX), que exige que toda e qualquer decisão judicial
seja fundamentada, sob pena de nulidade, e a (decisão) do júri não pode fugir desse
imperativo17. (grifos acrescidos)

Em síntese, a experiência do jurado (leia-se “o medo que sente, ou já sentiu) leva-o a


decidir equivocadamente sobre a vida do outro.

Jailson Nelson de Miranda Coutinho, assevera que:


Quando a questão diz respeito à Segurança Pública e suas
Políticas, não se pode responder pelo mero impulso imaginário,
típico da turba enleada18 nos discursos dos meios de
comunicação19.

Resumindo: “Ao julgar, devem os jurados, esvaziar-se dos seus medos contemporâneos,
fruto das pregações midiáticas. De suas paixões, emoções, experiências próprias, ou de
terceiros, e com o equilíbrio emocional apropriado que o momento exige, coadunado à
temperança, julgar pela razão. Jamais pela emoção”.

Para que não tenhamos decisões equivocadas, manchadas pelas emoções humanas
exteriorizadas, que indubitavelmente colocará atrás das grades um inocente. Trazendo
grave ofensa ao princípio da dignidade humana, bem como aos demais princípios do

17
RANGEL, Paulo. Tribunal do Júri: visão linguística, histórica, social e jurídica. 4ª ed. ver. e atual. até 2 de julho
de 2012. São Paulo: Atlas, 2012.
18
Ou seja, típico da multidão admirada com o discurso midiático.
19
COUTINHO, Jacinto Nelson de Miranda. Segurança Pública e o direito das vítimas. In: RÚBIO, David Sanchez;
FLORES, Joaquim Herrera; CARVALHO, Saio de (org). Direitos humanos e globalização: Fundamentos e
Possibilidades desde a teoria critica. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2004.
direito que a todos abarca, incluso àquele que está neste momento assentado na
cadeira dos réus.
PEDIDOS
Por todo o exposto, requer o reconhecimento da legítima defesa, causa excludente da
ilicitude (art. 23, II, do Código Penal), com a consequente ABSOLVIÇÃO do acusado.

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