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Ruy Moreira em seu texto nos define respectivamente a geografia e a educação formal
como uma leitura de mundo e um processo de relações entre professor e aluno e que têm por
objetivo a compreensão e a formulação do mundo considerando suas bases ideológicas.
Instiga a formulação dos questionamentos de como concebem-se as ideias e o mundo sob a
perspectiva de ambas, se corroboram nessa percepção de mundo como nosso e o que uma
área do saber tem a oferecer à outra.
Ruy Moreira pontua que nossa ideia sobre o real é o resultado síntese do campo
sensível (visão, tato, audição, etc.) e do campo intelectivo (compilação das sensações em
nossa mente) sendo este último a área do pensamento e dos conceitos, os dois campos,
sensível e intelectivo se interligam na ação de nossas práticas, a essa síntese designa-se
senso-percepção.
Conforme essa linha de raciocínio, a do pensamento atuante sobrea percepção,
produzindo comparações na busca por semelhanças e diferenças, em sua classificação e
identificação, resulta na criação do conceito que, segundo Moreira, passa a ser o pilar de
nossas percepções acerca do esclarecimento dos fenômenos (o real) para uma análise de
totalidade o que resulta em nossas teorias, ou seja, a práxis (prática somada à teoria em uma
interação dialética) Moreira(2008) onde a ação que traz ao mundo externo a ideia
Mundo e representação
Para Moreira(2008), o mundo vem a ser o modo em que estruturamos nossa relação
com as coisas que nos cercam com base no que as conceituamos, ou seja, nossas
representações.
Esse processo de significação se dá no contato inicial da percepção sensível com
coisas singulares e, a partir da observação a reunião de aspectos comuns para deixar de ser
apenas uma percepção singular para proceder em uma universal. A particularidade se dá na
reunião de aspectos específicos e reúne o singular e o universal logo é o concreto, é a
introdução do conceito. Em suma pode-se dizer que houve o fluxo processual de síncrese,
análise e síntese.
O autor define a representação como sendo o mundo construído na dialética da imagem
e fala, sendo o produto da transcodificação estabelecida entre imagem e fala no cerne do
conceito, imagem expressa pela fala que codifica e dá voz à imagem. O mundo é nossa
significação conceitual pela imagem e fala assim representado. Moreira(2008).
Arte, ciência e religião são formas de representação variadas pensadas epistemológica
(centro no conceito) ou antologicamente (centro nas significações), assim o autor por
considerar relevante à sua análise, segue pelo campo da epistemologia para tratar das
representações cientificas. Moreira(2008).
Propõe o autor um modo para pensar especificamente na área da geografia no que toca à
teoria de mundo e representação científica.
Assim a especifidade geográfica relaciona imagem e fala através da categoria da
paisagem já que para a produção de sua representação de mundo concebe o mundo como
espaço, mobilizadas ainda as categorias do território, sendo estes os pilares da
representação de mundo da geografia.
Nesse tópico Moreira(2008) aborda dois modos a título de exemplo, com maneiras distintas
de representação articulando combinações de mobilidade das categorias da paisagem, do
território e do espaço geográfico em sua produção de ideia e conhecimento do mundo:
Modo Histórico:
a. Clássico:
i. Geografia é o estudo da relação homem-meio, por meio da organização
do espaço pelo homem.
ii. Dicotomia entre homem e meio, Geo-humana e Geo-Física, relação
homem-meio desconsiderada e a categoria espaço como forma de
organização não elencada
iii. Categorias são elencadas conforme valorização do que se observa, a
exemplo da conexão homem-meio dada pela categoria trabalho.
iv. Não ocorre desenvolvimento deum raciocínio propriamente dito de
relação ambiental ou de organização social
v. Ocorre a produção do conhecimento desconectada e fragmentada
vi. O nexo totalizador se dá no processo de montagem da representação em
uma forma malthusiana entre a relação “necessidades” x recursos
mediados pelo mercado ou mesmo afirmações da ação do Estado como
objetivo e sujeito da organização do espaço.
O autor aponta o problemas decorrentes dessa representação, sendo a visão do homem como
atópico, excluído da natureza e da sociedade desconsiderado pela Geo-Física e pela Geo-
humana reduzido à categoria da população e sujeito à sua elasticidade de ser tudo, a própria
natureza confunde-se com fenômenos naturais próximos e fragmentados, por último a relação
homem-meio em reciprocidade da externalidade, não evoluindo na construção do
pensamento, em realidades separadas e desconexa que, por hora, resultam em uma
concepção inflexível e inalterável em sua forma de organização da sociedade (Natureza -
Homem - Espaço, e independente da ordem de destaque do elemento do objeto seja H –E –
N, ou mesmo E-H-N) e conclui em sua análise:
Segundo Ruy Moreira o problema quanto a esse modo de ver e pensar é o de que a categoria
nunca é acompanhada do conceito que por sua vez se desdobra em outros problemas como:
I. Invariância tricotômica (estrutura é a mesma no espaço e no tempo)
II. Essencialidade taxonômica (discurso classificatório e catalográfico)
III. Aglutinação em pedaços (categorias com evolução paralela e desconectadas)
IV. Caráter essencialmente descritivo do texto (sem análise de inter-relação dos dados)