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Instituto Federal do Sul de Minas Poços de Caldas

Licenciatura Geografia 5º período


Disciplina: METODOLOGIA DO ENSINO EM GEOGRAFIA
Professor: Dr. Sérgio Henrique de Oliveira Teixeira
Aluno: Marcelo Silva Vieira
Nº. de matrícula: 14171000205

Fichamento 4: MOREIRA, Ruy. Pensar e ser em Geografia: Ensaio de história, epistemologia e


ontologia do espaço geográfico. (P.105 – 118).

CONCEITOS, CATEGORIAS E PRINCÍPIOS LÓGICOS PARA O MÉTODO E O ENSINO DA


GEOGRAFIA

Ruy Moreira em seu texto nos define respectivamente a geografia e a educação formal
como uma leitura de mundo e um processo de relações entre professor e aluno e que têm por
objetivo a compreensão e a formulação do mundo considerando suas bases ideológicas.
Instiga a formulação dos questionamentos de como concebem-se as ideias e o mundo sob a
perspectiva de ambas, se corroboram nessa percepção de mundo como nosso e o que uma
área do saber tem a oferecer à outra.

Mundo e ideia de mundo

Esclarece o autor que, normalmente pensamos a realidade a partir de sua


representação ideológica onde essa leitura da ideia vem a se confundir com a própria coisa
real, nossas ideias formam e nossa concepção de mundo orientando nossas praticas, e,
portanto, como consequência podemos tomar por real a própria ideia como absoluta verdade
ou consideramos a ideia como não sendo o próprio real. Sendo:

1. A ideia é resultante da relação intelectual para com a realidade que percebemos


culminando em conceitos, ou seja, uma representação.
2. A compreensão de ideia como representação nos permite:
2.1. Reflexão acerca de nossas leituras do mundo
2.2. Compreender claramente o modo como produzimos e praticamos essas leituras
2.3. Desfazer preceitos dogmáticos do conhecimento
2.4. Estabelecer os limites teóricos
2.5. Perceber a possibilidade de alternativas múltiplas de representações
2.6. Compreender o poder transformador das ideias na sociedade na qual nos inserimos

A produção da ideia e a práxis

Ruy Moreira pontua que nossa ideia sobre o real é o resultado síntese do campo
sensível (visão, tato, audição, etc.) e do campo intelectivo (compilação das sensações em
nossa mente) sendo este último a área do pensamento e dos conceitos, os dois campos,
sensível e intelectivo se interligam na ação de nossas práticas, a essa síntese designa-se
senso-percepção.
Conforme essa linha de raciocínio, a do pensamento atuante sobrea percepção,
produzindo comparações na busca por semelhanças e diferenças, em sua classificação e
identificação, resulta na criação do conceito que, segundo Moreira, passa a ser o pilar de
nossas percepções acerca do esclarecimento dos fenômenos (o real) para uma análise de
totalidade o que resulta em nossas teorias, ou seja, a práxis (prática somada à teoria em uma
interação dialética) Moreira(2008) onde a ação que traz ao mundo externo a ideia

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transformada em teoria e que nos orienta para com as relações com o mundo, em um
processo contínuo de melhoramento prática x teoria.

Mundo e representação

Para Moreira(2008), o mundo vem a ser o modo em que estruturamos nossa relação
com as coisas que nos cercam com base no que as conceituamos, ou seja, nossas
representações.
Esse processo de significação se dá no contato inicial da percepção sensível com
coisas singulares e, a partir da observação a reunião de aspectos comuns para deixar de ser
apenas uma percepção singular para proceder em uma universal. A particularidade se dá na
reunião de aspectos específicos e reúne o singular e o universal logo é o concreto, é a
introdução do conceito. Em suma pode-se dizer que houve o fluxo processual de síncrese,
análise e síntese.
O autor define a representação como sendo o mundo construído na dialética da imagem
e fala, sendo o produto da transcodificação estabelecida entre imagem e fala no cerne do
conceito, imagem expressa pela fala que codifica e dá voz à imagem. O mundo é nossa
significação conceitual pela imagem e fala assim representado. Moreira(2008).
Arte, ciência e religião são formas de representação variadas pensadas epistemológica
(centro no conceito) ou antologicamente (centro nas significações), assim o autor por
considerar relevante à sua análise, segue pelo campo da epistemologia para tratar das
representações cientificas. Moreira(2008).

A ciência como forma de representação

Moreira(2008) trata do tema considerando o modo operandis da ciência que é a visão


e a organização do mundo através de conceitos, advindos da relação lógica e intelectiva com
o mundo de forma racionalizada. Princípios lógicos, e categorias conceitos formulam a
representação científica sendo:
1. Princípios lógicos – matéria prima racional da construção conceitual
2. Categorias – os conceitos aplicados na prática de transformar os dados da experiência
sensível em teoria
3. A junção de ambos expressa a razão (método categorizado – caminho para a obtenção
do conhecimento) na organização dos dados do campo sensível que formulam um
conceito de mundo (síntese).
4. O resultado é o conhecimento como forma da representação científica.

Ideia e representação em geografia

Propõe o autor um modo para pensar especificamente na área da geografia no que toca à
teoria de mundo e representação científica.
Assim a especifidade geográfica relaciona imagem e fala através da categoria da
paisagem já que para a produção de sua representação de mundo concebe o mundo como
espaço, mobilizadas ainda as categorias do território, sendo estes os pilares da
representação de mundo da geografia.

Segundo Ruy Moreira na paisagem se inicia e termina a representação em geografia,


articulando-se imagem e fala. Por vezes a articulação valorizada da imagem e da fala faz com
que a geografia pareça estar entre arte e ciência. O método geográfico é o de acompanhar as
contínuas mudanças das retransfigurações da imagem e fala sendo atributos da paisagem
que initerruptamente trocam de posição e dialogam permanentemente dentro da
representação geográfica. Moreira(2008).

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Sugere ainda o autor que a expressão da imagem na ciência geográfica deve ter um
rigor fotográfico detalhado construindo uma significação transitória recíproca entre os três
conceitos epistemológicos dessa ciência, porque busca a geografia na paisagem (imagem),
as constâncias de detalhes, os padrões que evidenciem a organização do espaço (a fala)
transformando a imagem na fala do conceito do espaço. Moreira(2008) sendo o ver e pensar
o processo do método em geografia (descrição do visível à compreensão do invisível do
espaço no campo do inteligível, através da estrutura conceitual. Moreira (1982)

Ver e pensar em Geografia: como temos visto e pensado:

Nesse tópico Moreira(2008) aborda dois modos a título de exemplo, com maneiras distintas
de representação articulando combinações de mobilidade das categorias da paisagem, do
território e do espaço geográfico em sua produção de ideia e conhecimento do mundo:
Modo Histórico:
a. Clássico:
i. Geografia é o estudo da relação homem-meio, por meio da organização
do espaço pelo homem.
ii. Dicotomia entre homem e meio, Geo-humana e Geo-Física, relação
homem-meio desconsiderada e a categoria espaço como forma de
organização não elencada
iii. Categorias são elencadas conforme valorização do que se observa, a
exemplo da conexão homem-meio dada pela categoria trabalho.
iv. Não ocorre desenvolvimento deum raciocínio propriamente dito de
relação ambiental ou de organização social
v. Ocorre a produção do conhecimento desconectada e fragmentada
vi. O nexo totalizador se dá no processo de montagem da representação em
uma forma malthusiana entre a relação “necessidades” x recursos
mediados pelo mercado ou mesmo afirmações da ação do Estado como
objetivo e sujeito da organização do espaço.
O autor aponta o problemas decorrentes dessa representação, sendo a visão do homem como
atópico, excluído da natureza e da sociedade desconsiderado pela Geo-Física e pela Geo-
humana reduzido à categoria da população e sujeito à sua elasticidade de ser tudo, a própria
natureza confunde-se com fenômenos naturais próximos e fragmentados, por último a relação
homem-meio em reciprocidade da externalidade, não evoluindo na construção do
pensamento, em realidades separadas e desconexa que, por hora, resultam em uma
concepção inflexível e inalterável em sua forma de organização da sociedade (Natureza -
Homem - Espaço, e independente da ordem de destaque do elemento do objeto seja H –E –
N, ou mesmo E-H-N) e conclui em sua análise:

Todavia, dado essa variância, é a categoria que faz a relação e não a


relação que faz a categoria (na geografia, é a categoria que dá a origem
à estrutura e não a estrutura à categoria). (Moreira, 2XXX. Pág.112)

Segundo Ruy Moreira o problema quanto a esse modo de ver e pensar é o de que a categoria
nunca é acompanhada do conceito que por sua vez se desdobra em outros problemas como:
I. Invariância tricotômica (estrutura é a mesma no espaço e no tempo)
II. Essencialidade taxonômica (discurso classificatório e catalográfico)
III. Aglutinação em pedaços (categorias com evolução paralela e desconectadas)
IV. Caráter essencialmente descritivo do texto (sem análise de inter-relação dos dados)

b. Modo que surge nos anos de 1970: histórico-materialista:


Fenômenos são concebidos em pares dialéticos, explica-se o visível pelo
invisível e vice-versa em análise recíproca com mobilidade de recursos de

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outras ciências. O espaço é carregado de uma economia política, sendo
contornado pelos pilares da tríade das categorias de análise geográfica –
paisagem, território e espaço, com atenção para o problema da
transcodificação entre o visto (imagem) e dito (fala).
A exemplo de duas vias de análise:

No sentido da paisagem para a estrutura (visível para o invisível).

I. Observação do arranjo mostra uma paisagem formada por distintos


objetos espaciais: cinema, igreja, escola, quartel, prefeitura, fórum,
etc.
II. Objetos são a expressão particular das formas de relação
ideológicas, jurídicas, políticas e econômicas entrecruzadas dentro
do arranjo.
III. Na análise compreende-se que os objetos são mediações na
estrutura e hierarquia das relações no arranjo: relações
econômicas de produção, e de circulação correspondendo à
infraestrutura, que está por sua vez sob as relações de controle
pelas relações da superestrutura, seja naturalizando a nível
ideológico-cultural, disciplinarizando a nível jurídico e,
consensualizando tensões a nível político.
IV. Análise das tensões em cada forma de objeto permite percepção
de uma separação dos homens entre proprietários e não
proprietários do objeto espacial e seus elementos.
V. Explica-se a origem do caráter conflitivo e dicotômico da relação
homem-meio/homem-espaço que exista na organização espacial
da sociedade.

No sentido de leitura inversa (invisível para o visível).

I. Análise inicia-se a partir da relação metabólica do trabalho, forças


produtivas transformando a natureza de valor de uso em meios de
produção e mercadoria.
II. Relação de propriedade separa força de produção e meios de
produção.
III. Relação de compra interpõe proprietários e unifica forças
produtivas a favor de um dos lados e determina o conteúdo da
relação homem-meio.
IV. Relações homem-homem e homem-meio com antagonismo social
da relação de propriedade ocasionando tensões na organização da
sociedade pela base.
V. Finalidade mercantil força o processo econômico a dividir o espaço
em duas esferas distintas e combinadas: produção e circulação
sendo integradas pela formula D-M1-P-M2-D¹.
VI. O tempo é organizado pela fórmula como um movimento em ciclos
do capital.
VII. Relações superestruturais pela ação de naturalizar, disciplinar e
consensualizar evitam tensões sejam generalizadas nas relações
da sociedade.
VIII. As relações de infraestrutura e superestrutura compõem a
essência do arranjo e culminam na fisionomia dos objetos da
paisagem.

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Conclui Moreira(2008) que a análise do visível para o invisível e novamente no visível
através do movimento dialético da intelecção a paisagem a ser compreendida torna-se o
concreto-pensado.
Esse esquema de representação difere do clássico por romper com a estrutura do N-
H-E, por considerar a relação homem-meio uma relação de troca metabólica em uma
geografia que não se separa em física e humana, por fazer da representação um discurso
acerca do papel do homem no mundo via o espaço, por conceituar o trabalho condutor das
relações e correlacionar o fluxo do pensamento.

Categorias, conceitos e princípios lógicos da geografia

Coloca em sua análise Moreira(2008) que a relação homem-meio é o eixo


epistemológico da geografia e deve ser estruturado na combinação das categorias da
paisagem, do território e do espaço; que são os princípios lógicos da geografia a localização,
distribuição, extensão, distância, posição e escala e, por fim, que os fenômenos aparecem no
espaço sob a forma do objeto espacial, a primeira etapa da análise pelo recorte de espaço de
tais objetos na paisagem encontra-se o seu território, e pela aplicação dos princípios lógicos
da geografia é realizada a leitura desse território. Assim passa-se da sensibilidade para a
intelecção, ou seja, dialetizar o movimento da transfiguração entre imagem e a fala
conceituando o espaço e explicando-o.

A propriedade do olhar geográfico e o papel do método e da escola

Segundo Moreira (2008) é necessário um resgate crítico do passado instrumental da ciência


geográfica, a empregabilidade correta dos princípios lógicos, cabendo a escola como
mantenedora desses princípios, sua prática. A visão crítica do método se resume então em:
 Princípios como base lógica da representação geográfica.
 Paisagem como ponto de partida do m´todo e compreendida com o auxílio dos
princípios
 O território para identificação dos recortes de domínio no arranjo de localização e
distribuição dos sujeitos
 A conceituação do espaço como resultado final

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