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Resumo
Nas duas décadas finais do século XX Karl Rahner, Jürgen Moltmann, Leonardo Boff,
Wolfhart Pannenberg, Colin Gunton e Millard Erickson, buscaram refletir e reaplicar a
doutrina trinitária, produzindo um grande número de estudos dogmáticos, bíblicos e
históricos.1 O objetivo desse ensaio é mostrar a compreensão da doutrina da trindade
formulada por Leonardo Boff e também pelos conservadores e como ambas se
relacionam. Com isso apresentarei qual a importância da doutrina da trindade para a
comunhão na vida da Igreja.
Palavras chaves
Introdução
A abordagem ocidental sobre a doutrina da trindade foi marcada por sua tendência de
partir da unidade de Deus, especialmente nas obras da revelação e da redenção, e por
interpretar o vínculo das três pessoas em termos de seu mútuo relacionamento. A
Trindade é a comunhão das pessoas divinas, que existem uma para a outra, uma com a
outra, uma pela outra, e uma na outra. Esta comunhão é o mistério de amor do Deus
vivo.4
Wayne Grudem define do seguinte modo: “Deus existe eternamente como três pessoas –
Pai, Filho e Espírito Santo – e cada pessoa é plenamente Deus, e existe só um Deus.” 5
Com um parecer bem semelhante, a confissão de Fé de Westminster define a Santíssima
Trindade da seguinte forma:
3
Campos, Heber carlos de. O ser de Deus/ Heber Carlos de Campos. _ São Paulo: Cultura Cristã, 2012.
P.105.
4
McGrath, Alister E. 1953 – Teologia sistemática, histórica e filosófica: uma introdução a teologia cristã/
Alister E. McGrath; [tradução Marisa K. A. de Siqueira Lopes]. – São Paulo: Shedd Publicações, 2005.
(P. 378)
5
Grudem, Wayne A. Teologia Sistemática/ Wayne Grudem – São Paulo: Vida Nova, 1999. p. 165.
eternamente gerado do Pai; o Espírito Santo é eternamente procedente
do Pai e do Filho.6
Alguns ainda ficam em duvida se a Trindade emprega a idéia de três deuses, a resposta
é não; quanto a isso o Breve Catecismo de Westminster em sua pergunta de número 6
indaga: “Quantas pessoas há na Divindade (ou Trindade)” sua resposta é “Há três
pessoas na Divindade: o Pai, o Filho e o Espírito Santo, e estas três são um Deus, da
mesma substância, iguais em poder e glória.” Um dos textos que é usado para apoiar
essa resposta é o texto de 1 João 5.7 que diz: “Pois há três que dão testemunho (no céu:
o Pai, a Palavra e o Espírito Santo; e Estes três são um)”. Thomas Watson comentando
está resposta em seu clássico livro “A Body of Divinity” 9 ele diz/:
Deus é somente um, ainda que haja três pessoas distintas existindo
numa única divindade. Esse é um mistério sagrado, que a luz dentro
6
Ibid., p.1009
7
Lawson, Steven J. Pilares da graça: 100 – 1564 D.C/ Steven Lawson; tradução Valter Graciano Martins.
– São José dos Campos, SP: Editora Fiel, 2013. – (Longa linha de vultos piedosos; v.2)
8
Steven Lawson citando Gerald Bray em seu livro “Pilares da graça” nas Paginas 230 – 231, Gerald
Bray, Creeds, Councils & Christ (Downers Grove, III.:InterVarsity, 1984), 206 – 207.
9
Traduzido “Corpo da divindade”
do homem jamais poderá descobrir, Assim como as duas naturezas em
Cristo, que é uma única pessoas, causam espanto, também as três
pessoas da Trindade que são somente um Deus. Isto é muito profundo:
Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo – não são três deuses, mas
somente um Deus. As três pessoas na bendita Trindade são distintas,
mas não divididas: três substâncias, mas somente uma essência.10
Foram postas duas teorias ocidentais para uma melhor abordagem sobre a doutrina da
trindade. Essas duas teorias são normalmente denominadas como “interpenetração Commented [AM3]: Trindade.
mútua” (em grego, pericórese, ou, perichoresis) e “apropriação”. Esse termo grego,
também encontrado tanto no latim (circumincessio) como no português
(“interpenetração mútua”), passou a ser de uso geral no século VI. Essa teoria usada 11
para explicar a comunhão das três pessoas da Trindade tem como sentido o fato de
envolver - circum - e entrar numa profunda intimidade. Cada membro da Trindade, em
algum sentido, habita no outro, sem diminuição da total pessoalidade de cada um.12 O
mútuo relacionamento entre as três pessoas, equivalentes no âmbito da Trindade, tem
sido defendido de modo a fornecer um modelo aplicável tanto às relações humanas no
âmbito das comunidades quanto às teorias política e social cristãs.13
10
Watson, Thomas. A fé cristã, estudos baseados no breve catecismo de Westminster / Thomas Watson;
traduzido por Trinity Traduções e Publicações S/C._ São Paulo: Cultura Cristã, 2009. P. 135 - 136
11
Ibid., p. 379.
12
Veja o artigo sobre a doutrina da trindade, Prof. Isaías Lobão Pereira Júnior.
http://www.monergismo.com/textos/trindade/trindade_isaias.htm/ Visualizado 22/11/2018
13
Ibid., p. 380
1. 1 – 3), indicando que todas as três pessoas da Trindade estavam presentes e ativas
nesse momento decisivo da história da salvação. As doutrinas da pericórese e da Commented [AM4]: Primeira letra é maiuscula
apropriação nos permitem pensar na Trindade como uma “comunhão do ser”, na qual
tudo é compartilhado, unido e trocado mutuamente. Pai, filho e Espírito não são três
porções isoladas e divergentes da Trindade, como se fossem três subsidiárias
pertencentes a uma corporação internacional. Ao contrário, eles são diferenciações
internas da Trindade, o que fica evidente na economia (plano) da salvação e na
experiência humana da redenção e graça. A doutrina da Trindade afirma que, sob a
superfície de complexidades da história da salvação e de nossa experiência de Deus,
encontra – se apenas um único Deus.14
Boff começa apresentando o Deus cristão como um Deus que possui uma comunicação
de vida com ele mesmo, esse Deus é uma “comunhão eterna dos divinos Três, Pai, Filho
e Espírito Santo.” Ele tem a preocupação de apresentar uma teologia bíblica e diz que Commented [AM5]: É uma citação? Cade a referencia?
uma palavra que foi encontrada para expressar esta dinâmica divina é a “vida”. Deus é Commented [AM6]: Referencia?
entendido como um viver eterno, doador de vida e protetor de toda vida ameaçada como
aquela dos pobres e injustiçados. Vida é um mistério de espontaneidade, um processo
inesgotável de dar e receber, de assimilar, incorporar e entregar a própria vida em
comunhão com outra vida. Entenderemos alguma coisa da Santíssima Trindade se a
referirmos ao mistério da vida. Pai, Filho e Espírito Santo são viventes eternos se
autorrealizando na medida em que se autoentregam uns aos outros.15 A saber, sobre a
dinâmica divina que para ele é a “vida”, ele diz:
Boff também vai apresentar a trindade como uma comunhão que se expressa junto. A
saber, sobre isso ele cita o documento de Puebla:
14
Ibid
15
Ibid., p. 77 – 79
16
Ibid., p. 80
Revela – nos Cristo que a vida divina é comunhão trinitária. Pai, Filho
e Espírito vivem em perfeita intercomunhão de amor, o mistério
supremo da unidade. Daqui procede todo amor e toda comunhão para
a grandeza e dignidade da existência humana.17
Como grande parte dos teólogos que estão preocupados com uma teologia saudável,
Leonardo Boff defende a união das três pessoas da Trindade e essa união é constituída
por um laço de amor, vida e essa comunhão é eterna. “Eles emergem simultaneamente,
irrompem eternamente um na direção do outro, constituindo uma só comunidade de
vida, de amor e de união.” Essa união é apresentada de forma como três fontes em que Commented [AM7]: Referencia
cada água vai de encontro um com o outro, constituindo uma única lagoa. “É como três
esguichos d’água irrompem para cima e se encontram no topo formando um só jato
torrencial d’água. E isso eternamente.” O grande impacto para a compreensão da Commented [AM8]: Idem
comunhão eterna da Santíssima Trindade é que essa união só pode ser estabelecida por
pessoas diferentes uma das outras, e essa comunhão é então estabelecida por relações de
intimidade, de mútua entrega, de amor que funda uma comunhão e uma comunidade.
“Entre as divinas Pessoas a comunhão é absoluta e a relação infinita. Este conviver e
coexistir constitui a unidade da assim chamada divina essência ou natureza ou
18
substância.” Santo Agostinho dizia com acerto que o amor entre os divinos Três
fundamenta a união trinitária. Com expressões cujo segredo ele conhece, escrevia:
“Cada uma das pessoas divinas está em cada uma das outras e todas em cada uma e
cada em todas e todas estão em todas e todas são somente Deus.” São Bernardo de Commented [AM9]: Idem
Claraval também escreve em seu tratado sobre o amor de Deus e diz que:
17
Leonardo Boff citando “Documento de Puebla, n.212” em seu livro “A Santíssima Trindade é a melhor
comunidade” P. 81.
18
Boff, Leonardo. (p. 89)
unifica as Pessoas no vínculo da paz. Amor cria amor. Esta é a lei
eterna e universal, lei que cria tudo e tudo governa.19
Eis ai uma pergunta que pode ser feita, sabemos que O Pai, Filho e o Espírito Santo são
coeternos e simultâneos. Como deixar de forma clara que cada uma das Pessoas da
Trindade é diferente uma das outras e, ao mesmo tempo, relacionada sempre entre si?
Boff responde da seguinte forma:
19
Leonardo Boff citando São Bernardo de Claraval em seu livro “A Santíssima Trindade é a melhor
comunidade” na página 90, São Bernardo, Livro do am
or de Deus, cap. 12, n. 35: PL 182, 996 B.
20
Ibid., p. 91.
21
Ibid
doutrina. Todos os dois trabalham com a defesa da comunhão eterna entre os divinos
Três, os dois pensamentos dizem a cerca da relação que um tem com o outro desde a
eternidade. O uso da “pericórese” e da “apropriação” na explanação da doutrina deixa
claro essa relação. “O pensamento central de ambos é que Deus é eternamente, sem
começo e sem fim, Pai, Filho e Espírito Santo, reciprocidade dos divinos Três num
único amor, irrupção infinita de uma mesma via.” 22
Os dois são concomitantes no que dizer a respeito da “triunidade.” 23 Sobre a relação na Commented [AM10]: Tri
A física moderna mostrou que não podemos mais falar de partículas elementares, como
átomos, núcleos e hádrons. Na nova visão, o universo é concebido como uma teia de
eventos sempre inter – relacionados; todos os fenômenos naturais estão interligados, de Commented [AM14]: É uma citação direta?
22
Ibid., p. 90.
23
Termo também usado por muitos teólogos para se referir a Trindade.
24
McGrath, Alister E., P. 386 – 387.
25
Ibid., p.40.
sorte que nenhum pode ser explicado por si sem os outros. É o reflexo da pericórese
divina dentro da criação.26
3. Qual é a relevância, para a Igreja, do medo como a Trindade se Commented [AM15]: Medo?
relaciona?
Não somente para a igreja, mas para todo teólogo, a doutrina da Trindade é algo que
excede a mente humana. Por esse e outros motivos seja talvez uma das doutrinas que
tem se deixado de lado. Tudo o que é irracional tende a causar confusão na mente
humana, um ser racional compreender algo que é sobrenatural é difícil, para não dizer
impossível. Commented [AM16]: É uma afirmação sua? Baseado em
que? Qual sua fonte?
Somos chamados a estudar e aceitar tal grandeza e gloriosa revelação da Santíssima
Trindade. Como disse Alister Mcgrath: “A doutrina da Trindade é, sem dúvida alguma, Commented [AM17]: Sua afirmação novamente
um dos assuntos mais complexos da teologia cristã e requer uma cuidadosa discussão.”
27
Não é por isso que não seja primordial para a vida da igreja; pelo contrário é tão
necessário quanto qualquer outra. Como disse Herman Bavinck: “Atanásio entendeu
melhor do que todos os seus contemporâneos que o cristianismo permanece ou cai com
28
a confissão da divindade Cristo e da Trindade.” Há certo ceticismo na mente de
algumas pessoas quanto à aplicabilidade dessa doutrina. Mas devemos nos lembrar que
Deus se revelou por meio da sua Palavra e devemos buscar compreensão daquilo que
nos foi revelado sobre sua natureza. “Sem a Trindade não poderia haver a noção de Commented [AM18]: Afirmação novamente
salvação”. Heber Carlos de Campos expressa sobre a importância desta doutrina nas
seguintes palavras:
Se Deus não fosse triúno, o Pai não poderia enviar o seu Filho. Se
alguém tivesse que morrer seria apenas homem e não Deus – homem.
Se não houvesse o Filho para se encarnar, o nosso redentor seria
apenas humano. Se fosse apenas humano, ele não poderia morrer
26
Leonardo Boff citando “Fritjof Capra, o capítulo Interpenetração do livro ‘O tao da Física’, S. Paulo
1987, 213 – 225” em seu livro “A Santíssima Trindade é a melhor comunidade” P. 41.
27
Ibid., 374
28
Bavinck, Herman. The Doctrine of God, reedição (Edimburgo: Banner of Truth, 1991). P. 281.
pelos pecados de muitos. Seria apenas um homem substituindo um
homem. Os demais seriam castigados pelos seus pecados.29
E não apenas com o objetivo de compreender nossa salvação; o foco desse ensaio é
mostrar a importância da Santíssima Trindade como exemplo de comunhão para a vida
da Igreja. Com esse mesmo enfoque Catherine laCugna relata:
Podemos ver o exemplo da Igreja Primitiva dos Atos dos Apóstolos que diz: “Todos os
que criam estavam unidos e tinham tudo em comum.” (Atos 2.44) Commented [AM19]: Uma analise do “comum” no grego
seria interessante
29
Ibid., P. 158.
30
Heber Carlos de Campos citando “Catherine Mowry laCugna, God for Us: The Trinity and Christian
Life (San Francisco: Harper Collins, 1991), P.383,” Em seu livro “O Ser de Deus e seus Atributos”.