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Três gerações de avaliação da educação básica no

Brasil: interfaces com o currículo da/na escola


Alicia Bonamino
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro

Sandra Zákia Sousa


Universidade de São Paulo

Resumo

Analisam-se, neste artigo, três gerações de avaliação da educação


em larga escala, a partir dos objetivos e desenhos usuais em ini-
ciativas implementadas no Brasil. A primeira geração consiste na
avaliação diagnóstica da qualidade da educação, sem atribuição
de consequências diretas para as escolas e para o currículo esco-
lar. As outras duas gerações articulam os resultados das avaliações
a políticas de responsabilização, com atribuição de consequências
simbólicas ou materiais para os agentes escolares. Tomando como
parâmetro de análise os objetivos e desenhos dessas avaliações,
bem como estudos e pesquisas que produziram evidências sobre o
tema, exploram-se possíveis implicações para o currículo escolar.
Por um lado, discutem-se os riscos de as provas padronizadas, com
avaliações que referenciam políticas de responsabilização envol-
vendo consequências fracas e fortes, exacerbarem a preocupação
de diretores e professores com a preparação para os testes e para
as atividades por estes abordadas, levando a um estreitamento do
currículo escolar. Por outro lado, aponta-se o potencial das avalia-
ções de segunda e terceira gerações em propiciarem uma discus-
são informada sobre o currículo escolar, em termos das habilidades
fundamentais de leitura e matemática que ainda não têm sido ga-
rantidas a todos os alunos.

Palavras-chave

Avaliação da educação – Responsabilização – Currículo escolar.

Correspondência:
Alicia Bonamino
Pontifícia Universidade Católica
do Rio de Janeiro
Departamento de Educação
Rua Marquês de São Vicente, 225, 1050 L
22451-900 – Rio de Janeiro/RJ
alicia@puc-rio.br

Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 38, n. 2, p. 373-388, abr./jun. 2012. 373


Three generations of assessments of basic education in
Brazil: interfaces with the curriculum in/of the school
Alicia Bonamino
Pontifical Catholic University of Rio de Janeiro

Sandra Zákia Sousa


University of São Paulo

Abstract

Three generations of large scale assessments of education are


analyzed in this article based on the objectives and designs usual in
initiatives of this kind implemented in Brazil. The first generation
consists in the diagnostic assessment of the quality of education,
without attribution of direct consequences for schools and for
school curricula. The other two generations articulate the results of
the assessments to accountability policies, with the attribution of
symbolic or material consequences for the school agents. Taking as a
parameter of analysis the objectives and designs of these assessments,
as well as studies and researches that produced results about this
theme, possible implications for the school curriculum are explored.
On the one hand, a discussion is made of the risks that standardized
tests, with evaluations that make reference to accountability
policies involving weak and strong consequences, may exacerbate
the concern of teachers and principals with the preparation for the
tests and for the activities they include, leading to a narrowing
of the school curriculum. On the other hand, the text points out
the potential of the second and third generation assessments to
stimulate an informed discussion of school curriculum in terms of
the fundamental abilities of reading and mathematics which have
not yet been guaranteed to all pupils.

Keywords

Assessment of education – Accountability – School curriculum.

Contact:
Alicia Bonamino
Pontifícia Universidade Católica
do Rio de Janeiro
Departamento de Educação
Rua Marquês de São Vicente,
225, 1050 L
22451-900 – Rio de Janeiro/RJ
alicia@puc-rio.br

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Dentre os marcos presentes na formula- políticas de responsabilização com atribuição
ção e na implementação das políticas educa- de consequências para os agentes escolares. Na
cionais brasileiras nas duas últimas décadas, literatura sobre o tema, quando as consequên-
ganham destaque as avaliações com elementos cias dessas políticas são apenas simbólicas, elas
comuns a propostas realizadas em outros pa- são chamadas de low stakes ou de responsabili-
íses, expressando uma agenda mundial. Além zação branda. Já quando as consequências são
de outros objetivos, as iniciativas de avaliação sérias, elas são chamadas de high stakes ou de
associam-se à promoção da qualidade do ensi- responsabilização forte (CARNOY; LOEB, 2002;
no, estabelecendo, no limite, novos parâmetros BROOKE, 2006). Tais avaliações são respectiva-
de gestão dos sistemas educacionais. mente identificadas, neste texto, como avalia-
Em relação ao currículo, na maioria dos ções de segunda e terceira geração.
países, e independentemente do grau de des- No Brasil, avaliações de primeira gera-
centralização ou centralização das formas de ção são aquelas cuja finalidade é acompanhar
regulação dos currículos escolares, o que se a evolução da qualidade da educação. De um
constata é uma tendência à utilização de ava- modo geral, essas avaliações divulgam seus re-
liações centralizadas para mensurar o desem- sultados na Internet, para consulta pública, ou
penho escolar dos alunos, sob os mesmos parâ- utilizam-se da mídia ou de outras formas de
metros curriculares aos quais se considera que disseminação, sem que os resultados da avalia-
todos os estudantes deveriam ter acesso. ção sejam devolvidos para as escolas.
Essa perspectiva mais universalista é re- Avaliações de segunda geração, por sua
forçada pelo consenso que parece existir em vez, contemplam, além da divulgação públi-
escala mundial a respeito da pequena varia- ca, a devolução dos resultados para as esco-
bilidade das propostas curriculares, o que se las, sem estabelecer consequências materiais.
reflete nos conteúdos das avaliações nacio- Nesse caso, as consequências são simbólicas
nais e na participação recente de 65 países e decorrem da divulgação e da apropriação
no Programa Internacional de Avaliação de das informações sobre os resultados da escola
Estudantes (PISA), a partir da ideia de que o pelos pais e pela sociedade. Esse tipo de me-
currículo da cada país é comparável aos dos canismo de responsabilização tem como pres-
outros países envolvidos. suposto que o conhecimento dos resultados
No caso do Brasil, a análise dos dese- favorece a mobilização das equipes escolares
nhos das avaliações em andamento leva a que para a melhoria da educação, bem como a
se identifiquem três gerações de avaliações da pressão dos pais e da comunidade sobre a es-
educação em larga escala, com consequências cola (ZAPONI; VALENÇA, 2009).
diferenciadas para o currículo escolar. Ao tem- Avaliações de terceira geração são aque-
po em que se sucedem, essas gerações coexis- las que referenciam políticas de responsabiliza-
tem no âmbito das redes de ensino; daí a neces- ção forte ou high stakes, contemplando sanções
sidade de se tomar tal classificação como um ou recompensas em decorrência dos resultados
recurso analítico. de alunos e escolas. Nesse caso, incluem-se
A primeira geração enfatiza a avalia- experiências de responsabilização explicitadas
ção com caráter diagnóstico da qualidade da em normas e que envolvem mecanismos de re-
educação ofertada no Brasil, sem atribuição de muneração em função de metas estabelecidas
consequências diretas para as escolas e para o (ZAPONI; VALENÇA, 2009).
currículo. No estágio atual das iniciativas de Este artigo procura caracterizar ex-
avaliação em larga escala, emergem outros dois periências de avaliação da educação básica
novos modelos de avaliação com a finalidade em curso no país e explora possíveis relações
de subsidiar, a partir dos resultados dos alunos, com o currículo escolar. O interesse, assim, é

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responder às seguintes questões: em que con- Desde a década de 1960, tem-se a amplia-
dições a avaliação da educação em larga escala ção do uso de testes educacionais1; no entanto,
tem consequências para o currículo escolar?; situa-se nos anos finais da década de 1980 a
há evidências disponíveis sobre as interferên- primeira iniciativa de organização de uma sis-
cias da avaliação no currículo escolar? Para temática de avaliação dos ensinos fundamental
tanto, adotam-se como parâmetro para análise e médio em âmbito nacional. Essa sistemática
os objetivos e desenhos de tais avaliações, bem é denominada pelo Ministério da Educação
como estudos e pesquisas que produziram evi- (MEC), a partir de 1991, como Sistema Nacional
dências sobre o tema. de Avaliação da Educação Básica (Saeb)2.
Além desta introdução, o texto está O Saeb, principal sistema de avaliação
organizado em outras quatro seções. A pri- da qualidade da educação básica, avalia, a cada
meira discute as principais características do dois anos, uma amostra dos alunos regularmen-
Sistema Nacional de Avaliação da Educação te matriculados na 4ª e na 8ª série (6º e 9º ano)
Básica (Saeb) que permitem identificá-lo do ensino fundamental e no 3º ano do ensino
como uma avaliação de primeira geração. A médio, em escolas públicas e privadas localiza-
seção seguinte aborda, em suas subseções, as das em área urbana e rural.
avaliações de segunda e terceira geração e as Os testes de desempenho aplicados aos
relações entre formas diferenciadas de res- alunos são conjugados com questionários so-
ponsabilização e currículo escolar, tomando bre fatores associados a esses resultados, tendo
como exemplos a Prova Brasil e as avaliações por foco a escola e seus diferentes agentes. Até
estaduais de São Paulo e Pernambuco. A ter- 2009, foram realizados dez ciclos de avaliação.
ceira seção apresenta uma revisão de estu- Desde sua criação3, o Saeb configura-se
dos e pesquisas sobre as relações entre tais como uma avaliação com desenho apropriado
avaliações e o currículo escolar em diferentes para diagnosticar e monitorar a qualidade da
contextos. O artigo encerra-se com a apresen- educação básica nas regiões geográficas e nos
tação das conclusões. Estados brasileiros. Em 1995, foram introduzi-
das inovações metodológicas em seu desenho,
Primeira geração de políticas de as quais consolidaram sua configuração atual;
avaliação em larga escala: o Saeb são elas: i) inclusão da rede particular de ensino
na amostra; ii) adoção da Teoria de Resposta ao
Embora se tenha evidência de que, des- Item (TRI)4, que permite estimar as habilidades
de os anos 1930, havia interesse do Estado em
1 - Cf. GATTI, 1987.
tomar a avaliação como parte do planejamen- 2 - Uma caracterização mais detalhada da institucionalização do Saeb é
to educacional, é no final dos anos 1980 que apresentada por Alicia Bonamino (2002).
3 - Embora o Saeb tenha-se iniciado anos antes, só em 1994 ele foi criado
a avaliação passa paulatinamente a integrar formalmente por meio da Portaria nº 1.795, de 27 de dezembro.
políticas e práticas governamentais direciona- 4 - A Teoria de Resposta ao Item (TRI) é um modelo matemático que permite
das à educação básica. Como afirma Dirce Nei estimar a capacidade dos indivíduos em determinada área ou disciplina
a partir da premissa de que ela é unidimensional. Vale dizer: presume-
Teixeira de Freitas (2007), se, por exemplo, que os alunos tenham uma capacidade ou competência
para a matemática que define a probabilidade de que determinado aluno
realize adequadamente as diferentes atividades incluídas no banco de
[...] foram necessárias mais ou menos cinco questões. Ela tem algumas vantagens sobre o enfoque clássico, pois
décadas para que a avaliação (externa, em permite pôr questões e alunos em uma mesma escala; fazer estimativas
larga escala, centralizada e com foco no mais precisas das mudanças ao longo do tempo, mediante equiparação
das pontuações; estimar uma medida da capacidade dos alunos que leva
rendimento do aluno e no desempenho dos em conta a dificuldade das questões, isto é, as questões mais difíceis têm
sistemas de ensino) viesse a ser introduzida peso maior na determinação da pontuação individual. Nas pontuações de
TRI, o SAEB adota uma média de 250 pontos, o que corresponde à média
como prática sistemática no governo da nacional dos alunos da 8ª série em 1997. A partir das premissas da TRI,
educação básica brasileira. (p. 51) é possível construir uma escala única de pontuações para populações de

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dos alunos independentemente do conjunto es- base amostral, Estados e municípios sentiam a
pecífico de itens respondidos; iii) opção de tra- necessidade de implantar avaliações que atin-
balhar com as séries conclusivas de cada ciclo gissem todas as escolas. Tal necessidade fez
escolar (4ª e 8ª série do ensino fundamental e com que vários Estados adotassem seus pró-
inclusão da 3ª série do ensino médio); iv) priori- prios sistemas de avaliação. O Estado de Minas
zação das áreas de conhecimento de língua por- Gerais, por exemplo, criou, em 1991, o Sistema
tuguesa (foco em leitura) e matemática (foco em de Avaliação da Educação Pública (Simave), e
resolução de problemas); v) participação das 27 o Ceará, o Sistema Permanente de Avaliação da
unidades federais; vi) adoção de questionários Educação Básica (Spaece), em 1992. Várias ou-
para os alunos sobre características sociocultu- tras iniciativas estaduais e municipais vêm sen-
rais e hábitos de estudo. A partir da introdução do conduzidas desde então. No caso das uni-
dessas inovações, o Saeb tornou comparáveis dades federadas, 14 das 27 possuíam, em 2007,
os desempenhos dos alunos entre anos e séries. sistemas próprios de avaliação (LOPES, 2007).
Os testes cognitivos do Saeb são ela- A coexistência do Saeb com avaliações
borados com base em matrizes de referência, estaduais e, anos mais tarde, com a Prova Brasil
desenhadas a partir de uma síntese do que é faz com que a ênfase inicial na finalidade diag-
comum a diferentes propostas curriculares es- nóstica no uso dos resultados da avaliação per-
taduais, municipais e nacionais, além da con- ca força em face da tendência de focalizar esse
sulta a professores e especialistas nas áreas de uso como subsídio a políticas de responsabili-
língua portuguesa e matemática e do exame zação, o que leva ao reconhecimento de duas
dos livros didáticos mais utilizados nas redes e novas gerações de avaliação da educação bási-
séries avaliadas. ca no Brasil. Como será visto nas seções seguin-
Ainda que a elaboração dos testes leve à tes, tais avaliações envolvem a publicidade dos
definição do que deve ser considerado funda- resultados dos testes por redes e/ou escolas e,
mental em termos de aprendizagem escolar e, no caso da terceira geração, também o estabe-
portanto, do que todos os alunos deveriam saber lecimento de prêmios atrelados aos resultados
e ser capazes de fazer ao final de determinados dos alunos.
ciclos de escolarização, por ser de base amostral,
o Saeb apresenta baixo nível de interferência na Avaliação em educação e
vida das escolas e no currículo escolar. responsabilização
Seu desenho mostra-se adequado para
diagnosticar e monitorar a evolução da qua- No campo educacional, as avaliações
lidade da educação básica, mas não permite que subsidiam políticas de responsabilização
medir a evolução do desempenho individual de operam crescentemente dentro de um referen-
alunos ou escolas. Seus resultados são divul- cial que associa gestão democrática da educa-
gados de forma bastante agregada e, portanto, ção, avaliação e responsabilização. A definição
não permitem apoiar a introdução de políticas aí subjacente de democracia apoia-se em dois
de responsabilização de professores, diretores e princípios orientadores. Por um lado, há a par-
gestores por melhorias de qualidade nas unida- ticipação que acontece, em grande medida, mas
des escolares. não exclusivamente, por meio do processo elei-
Paralelamente, enquanto o MEC desen- toral e do sistema partidário. Para tanto, todo
volvia uma avaliação da educação básica de cidadão deve desfrutar de direitos políticos fun-
distintos níveis de escolaridade: no caso do Brasil, 4ª e 8ª séries do ensino damentais: direito de expressão, de associação,
fundamental e 3ª do ensino médio. Isso permite comparar as médias de votar e de candidatar-se a cargos públicos.
de proficiência em cada disciplina entre os diversos níveis do sistema
educativo, entre as regiões do país e entre os vários anos, situando todos Por outro lado, há a contestação pública entre
os níveis em uma mesma escala. vários atores políticos, não apenas no sentido

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da competição política, mas, sobretudo, como em que impera o controle burocrático baseado
controle dos governantes pelos governados. Ou na observância a normas e procedimentos, sem
seja, “os governantes (enquanto agentes da sobe- a participação dos cidadãos, por outro no qual
rania popular) devem responsabilizar-se perante se estabelece o controle a posteriori dos resulta-
o povo por seus atos e omissões no exercício do dos da ação governamental, com a participação
Poder Público” (CENEVIVA, 2005, p. 12). da sociedade. Esse mecanismo pode envolver,
Esses dois ideais de sistemas democrá- ainda, a definição de metas e índices de desem-
ticos – participação e contestação pública – penho, bem como a avaliação direta dos bens
correspondem a duas formas básicas de res- e serviços públicos que estão sendo ofertados
ponsabilização. A primeira delas é o processo (CENEVIVA, 2005).
eleitoral, que expressa o controle vertical sobre A avaliação de políticas e programas pú-
os governantes, sendo um instrumento de par- blicos ganha, assim, um lugar de destaque como
ticipação política, de garantia da soberania po- meio para mensurar seu desempenho e exercer
pular, e que assegura, mediante eleições perió- a prestação de contas à sociedade. Nessa pers-
dicas, a expressão das preferências do povo por pectiva, a avaliação aparece diretamente ligada
meio de mandatos. A segunda forma de respon- ao desempenho da gestão pública, à promoção
sabilização é o controle institucional durante os de maior transparência e à criação de mecanis-
mandatos, o qual garante a contestação públi- mos de responsabilização.
ca e a fiscalização contínua dos representantes Nas próximas seções, veremos como a
políticos, eleitos ou não, no exercício do Poder evolução das avaliações educacionais articula-se
Público (CENEVIVA, 2005). com essa perspectiva, no interior da qual pode-
Impulsionada pela constatação de que a mos identificar o surgimento da segunda e da
democratização do Poder Público deve ir além terceira geração de avaliações em larga escala.
do voto, essa forma de responsabilização vem
sendo considerada na perspectiva do aperfeiço- Segunda geração de avaliação da educação –
amento das instituições estatais, o que envol- responsabilização e currículo: a Prova Brasil
ve, ao mesmo tempo, a melhoria das políticas
e dos programas governamentais e uma maior A fim de aumentar o conteúdo informa-
transparência e responsabilidade nas ações de cional da avaliação e suas consequências sobre
política pública. as escolas, foi implementada, a partir de 2005,
Nos últimos anos, ganhou relevância a a Prova Brasil, que permite agregar à perspec-
relação entre a qualidade das ações dos go- tiva diagnóstica a noção de responsabilização
vernos e os controles e incentivos a que estão (FERNANDES; GREMAUD, 2009). A justificati-
submetidos os governantes e a burocracia, bem va para sua implementação indicava as limita-
como entre o fortalecimento dos mecanismos ções do desenho amostral do Saeb em retratar
de responsabilização e o aperfeiçoamento das as especificidades de municípios e escolas e em
práticas administrativas. induzir dirigentes públicos estaduais e munici-
Dois mecanismos, em particular, têm sido pais na formulação de políticas para a melhoria
apontados no estabelecimento de novas formas do ensino.
de participação e controle da sociedade sobre as A Prova Brasil, que ocorre a cada dois
ações do Estado: o controle social e o controle anos, foi idealizada para produzir informações a
de resultados. A introdução de mecanismos de respeito do ensino oferecido por município e es-
controle social e de responsabilização da ad- cola, com o objetivo de auxiliar os governantes
ministração pública pelo desempenho de políti- nas decisões sobre o direcionamento de recur-
cas e programas governamentais aparece como sos técnicos e financeiros e no estabelecimento
uma promessa de substituição de um modelo de metas e implantação de ações pedagógicas

378 Alicia BONAMINO; Sandra Zákia SOUSA. Três gerações de avaliação da educação básica no Brasil: interfaces...
e administrativas, visando à melhoria da qua- Os resultados da Prova Brasil passaram
lidade do ensino. De outra parte, considera-se a ser amplamente divulgados e, atualmente,
que essa avaliação pode funcionar como um o Ideb é o principal indicador adotado pelo
elemento de pressão, para pais e responsáveis, Governo Federal para traçar metas educacio-
por melhoria da qualidade da educação de seus nais a serem alcançadas por escolas e redes es-
filhos, uma vez que, a partir da divulgação dos taduais e municipais. A ideia central do sistema
resultados, eles podem cobrar providências para de metas foi obter um maior comprometimento
que a escola melhore. das redes e escolas com o objetivo de melhorar
A introdução da Prova Brasil em 2005 os indicadores educacionais. Supõe-se que um
e sua repetição, a cada dois anos, permitem a sistema de metas pactuado entre o MEC e as
comparação, ao longo do tempo, entre as esco- secretarias de educação de Estados e municípios
las que oferecem o ensino fundamental. Em sua serviria para aumentar a mobilização da socie-
primeira edição, ela avaliou mais de 3 milhões dade em favor da qualidade da educação. Nessa
de alunos em aproximadamente 45.000 escolas perspectiva, é preciso lembrar que o Brasil pos-
urbanas de 5.398 municípios; foi muito além, sui um sistema educacional descentralizado,
portanto, do Saeb, que avalia, em média, uma com mais de 5.000 redes de ensino com auto-
amostra de 300.000 alunos. nomia para gerir suas escolas (FERNANDES;
A Prova Brasil foi censitária para as es- GREMAUD, 2009).
colas urbanas em 2005 e 2007. Em 2007, al- A divulgação dos resultados da primei-
terou-se o número mínimo de alunos na série ra edição da Prova Brasil ocorreu em julho de
avaliada, que passou de trinta para vinte. Essa 2006 por intermédio dos principais meios de
alteração foi realizada para possibilitar que comunicação e de um boletim disponibilizado
aproximadamente quatrocentos municípios que na Internet e enviado a cada uma das escolas
não participaram da primeira edição pudessem participantes. Esse boletim apresentava, entre
ser incluídos na avaliação. Já na terceira edi- outras informações, os resultados das escolas
ção, em 2009, houve a ampliação do universo em uma escala de desempenho e as médias al-
avaliado, de modo a incluir também todas as cançadas pelas escolas das redes municipal, es-
escolas rurais que tivessem, no mínimo, vinte tadual e federal.
alunos nas séries avaliadas. Enquanto a mídia divulgava rankings
Os resultados da Prova Brasil de 2007 pas- de escolas, com destaque para os melhores e
saram a integrar o Indicador de Desenvolvimento piores resultados, nos sites do Inep e do MEC,
da Educação Básica (Ideb5), referência para a enfatizava-se, como novidade da Prova Brasil,
definição de metas a serem alcançadas, gradual- a devolução dos resultados para as escolas a
mente, pelas redes públicas de ensino até 2021. fim de colaborar com o planejamento das ações
O princípio básico de tal indicador é o de que pedagógicas (OLIVEIRA, 2011).
a qualidade da educação envolve que o aluno Em 2009, meses antes de acontecer a ter-
aprenda e passe de ano. Com o Ideb, o desempe- ceira edição da Prova Brasil, o Inep e o MEC dis-
nho passa a ser medido por meio da Prova Brasil tribuíram duas publicações em todas as escolas
e a aprovação, por meio do Censo Escolar. Os públicas: a Matriz de Referência da Prova Brasil
índices de aprovação permitem levar em conta o e do Saeb – Ensino Fundamental e a Matriz de
número de anos que, em média, os alunos levam Referência do Saeb – Ensino Médio e de Ensino
para completar uma série. Fundamental, ambas com exemplos de itens
de edições anteriores comentados. No caso da
Prova Brasil, no entanto, por razões adminis-
5 - O Ideb foi criado pelo Instituto Nacional de Estudos e de Pesquisas
Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão vinculado ao MEC. Para informações trativas, os resultados não foram divulgados às
mais detalhadas, consultar <http://www.inep.gov.br> e FERNANDES 2007. escolas, podendo ser encontrados apenas nas

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tabelas que apresentam as pontuações obtidas tos adotados pelos sistemas de avaliação, os
pelas escolas no Ideb de 2009 (OLIVEIRA, 2011). quais tendem a assumir, na elaboração dos
Com a divulgação, pelo Governo Federal, itens das provas, a matriz de referência do
de resultados nacionais da Prova Brasil, asso- Saeb e da Prova Brasil6.
ciada a iniciativas de governos estaduais nessa No entanto, há especificidades nas ava-
mesma direção – por exemplo, Minas Gerais, liações educacionais e no uso de seus resultados
Ceará e Rio Grande do Sul –, passa-se a contar que ilustram as características das relações en-
com experiências de avaliação da educação de tre avaliações de terceira geração, políticas de
segunda geração, caracterizadas por inovações responsabilização e currículo escolar.
que incorporam a divulgação de resultados de
modo a permitir comparações não apenas entre Evoluções recentes na avaliação estadual de São Paulo
redes, mas entre escolas.
A estratégia da mídia de divulgação, por O Sistema de Avaliação do Rendimento
meio de rankings, embora não oficial, junta- Escolar do Estado de São Paulo (SARESP) foi
mente com a distribuição nas escolas da matriz implantado em 1996, apresentando-se com os
de conteúdos e habilidades utilizada na elabo- seguintes objetivos:
ração dos testes de língua portuguesa e mate-
mática, introduz perspectivas concretas de in- • Subsidiar a Secretaria de Educação
terferência mais direta no que as escolas fazem na tomada de decisão quanto à política
e em como o fazem. educacional;
Em termos de responsabilização, no en- • Verificar o desempenho dos alunos da
tanto, a Prova Brasil e o uso de seus resultados educação básica para fornecer informações
para composição do Ideb integram uma política a todas as instâncias do sistema de ensino
de responsabilização branda, uma vez que se li- que subsidiem a capacitação dos recursos
mitam a traçar metas e a divulgar os resultados humanos do magistério; a reorientação
dos alunos por escola e rede de ensino, sem atre- da proposta pedagógica das escolas, de
lar prêmios ou sanções a esses resultados, como modo a aprimorá-la; a viabilização da
é característico das políticas de responsabili- articulação dos resultados da avaliação
zação sólida (HANUSHEK, 2004; HANUSHEK; com o planejamento escolar, capacitação e
RAYMOND, 2005). Tais políticas e suas relações o estabelecimento de metas para o projeto
com a terceira geração das avaliações educacio- de cada escola. (SÃO PAULO, 1996, p. 7)
nais serão tratadas na próxima seção
Os objetivos explicitados indicam que a
Terceira geração de avaliação da educação – avaliação tinha dupla orientação: servir de re-
responsabilização e currículo: as avaliações ferência para a elaboração de políticas, por par-
estaduais de São Paulo e Pernambuco te da Secretaria de Educação, e orientar a cons-
trução da proposta pedagógica e a elaboração
Vários sistemas estaduais e municipais do planejamento pelas escolas. Associando a
de ensino básico vêm desenvolvendo propos- avaliação à melhoria da qualidade do ensino, o
tas próprias de avaliação – usualmente ca- documento de implantação revela que tal qua-
racterizadas pela avaliação censitária de suas lidade é dependente, por um lado, do compro-
escolas – por meio de aplicação de provas aos misso dos gestores do sistema de ensino e, por
alunos de 4ª e 8ª séries do ensino fundamen- outro, das escolas, sendo estas particularmente
tal e 3º ano do ensino médio, com frequência responsabilizadas pelo desempenho dos alunos.
bianual. Cotejando-se as propostas em curso,
nota-se grande similaridade nos delineamen- 6 - Cf. LOPES, 2007; SOUSA; OLIVEIRA, 2007.

380 Alicia BONAMINO; Sandra Zákia SOUSA. Três gerações de avaliação da educação básica no Brasil: interfaces...
A noção de responsabilização, direcio- • Divulgação dos resultados do SARESP
nada aos professores e demais profissionais da 2007 para todas as escolas, professores,
educação, concretizou-se no ano de 2000, com pais e alunos em março de 2008.
a instituição do Bônus Mérito, cuja distribuição
levou em conta os resultados da avaliação em Meta 9 - Gestão de Resultados e Política
larga escala7. de Incentivos:
Em 2007, quando a então Secretária de
Educação Maria Helena Guimarães Castro e o • Implantação de incentivos à boa gestão
Governador José Serra anunciaram o Plano de escolar valorizando as equipes.
Metas, evidenciou-se a importância que a ava- • O SARESP 2005 e as taxas de aprovação
liação em larga escala assumiria para essa ges- em 2006 serão a base das metas estabele-
tão. A 5ª meta estabelecida no Plano previa um cidas por escola.
aumento de 10% nos índices de desempenho • Também serão considerados indicadores
dos ensinos fundamental e médio nas avalia- como a assiduidade dos professores e a es-
ções nacionais e estaduais. Ao estabelecer essa tabilidade das equipes nas escolas.
meta, a Secretária indica a continuidade do • Cada escola terá metas definidas a partir
SARESP, e, dentre as 10 Metas para uma Escola da sua realidade, e terá que melhorar em
Melhor, duas enfatizavam o papel da avaliação relação a ela mesma.
em larga escala no desenvolvimento da política • As escolas com desempenho insuficiente
educacional paulista. As metas foram divulga- terão apoio pedagógico intensivo e recebe-
das com a seguinte redação: rão incentivos especiais para melhorarem
seu resultado.
Meta 8 - Sistemas de Avaliação: • As equipes escolares que cumprirem as
metas ganharão incentivos na remunera-
• A avaliação externa das escolas esta- ção dos profissionais.8
duais (obrigatória) e municipais (por ade-
são) permitirá a comparação dos resultados Essas metas ilustram a importância atri-
do SARESP com as avaliações nacionais buída aos resultados das avaliações em larga
(SAEB e a Prova Brasil), e servirá como escala nas gestões da Secretária Maria Helena
critério de acompanhamento das metas a Guimarães Castro (2007 a 2009) do Secretário
serem atingidas pelas escolas. Paulo Renato de Souza (abril de 2009 a 2010). As
• Participação de toda a rede na Prova metas 8 e 9 permitem concluir que os objetivos
Brasil (novembro de 2007). indicados para o SARESP em 1996 permanecem
• Capacitação dos professores para o uso até os dias atuais, evidenciando que a avaliação
dos resultados do SARESP no planejamento deve servir tanto para uso dos gestores dos sis-
pedagógico das escolas em fevereiro de 2008. temas, quanto na orientação do planejamento e
do trabalho pedagógico nas escolas.
7 - O Bônus Mérito foi instituído no Governo de Mario Covas (1999- A política iniciada na gestão da
2001), pela Lei Complementar no 891/00, e mantido durante as gestões Secretária Maria Helena e que vem tendo
de Geraldo Alckmin (2001-2002 e 2003-2006). Atualmente, na gestão
de José Serra, a Secretaria de Estado da Educação instituiu novo Bônus
continuidade revela preocupação com a apro-
Mérito, cujo cálculo baseia-se no Índice de Desenvolvimento da Educação priação dos resultados pelos órgãos gestores
do Estado de São Paulo (IDESP), o qual tem como um de seus critérios o do sistema e pelas escolas. Dentre as medidas
desempenho dos alunos nas provas de língua portuguesa e matemática do
SARESP. Essa vinculação fortalece a relação entre o pagamento do bônus tomadas em tal gestão, está a implantação de
e a avaliação em larga escala. Para saber mais sobre a bonificação por um currículo unificado que se apresenta como
resultados, ver Lei Complementar no 1.078/08 e Resoluções SEE nº 21/09;
22/09; 23/09 e 26/09. Para informações sobre o IDESP, consultar <http://
idesp.edunet.sp.gov.br>. 8 - Disponível em: <www.educacao.sp.gov.br>. Acesso em: 15 jan. 2010.

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norteador da organização do ensino, pautando cada período de escolaridade avaliado, não
os parâmetros da avaliação. Essa unificação do apenas para a continuidade dos estudos,
currículo relaciona-se diretamente com as mu- mas para a vida em sociedade;
danças implementadas no SARESP a partir de • monitorar o desempenho dos estudantes
2007, sobretudo com a adoção da TRI. ao longo do tempo, como forma de avaliar
A análise do currículo oficial e das matri- continuamente o projeto pedagógico de
zes do SARESP revela a correspondência entre cada escola, possibilitando a implementação
o currículo, as matrizes e os materiais didáticos de medidas corretivas quando necessário;
disponibilizados para professores (desde 2008) • contribuir diretamente para a adaptação
e para alunos (desde 2009), denominados ca- das práticas de ensino às necessidades dos
dernos do professor e do aluno. Esses materiais alunos, diagnosticadas por meio dos instru-
apresentam situações de aprendizagem que vi- mentos de avaliação;
sam orientar e apoiar, a partir do currículo, o • associar os resultados da avaliação às po-
trabalho docente em sala de aula. líticas de incentivo com a intenção de re-
duzir as desigualdades e elevar o grau de
Evoluções recentes na avaliação estadual de eficácia da escola;
Pernambuco • compor, em conjunto com as taxas de apro-
vação verificadas pelo Censo Escolar, o Idepe.
Um aspecto central da política educa-
cional no Estado de Pernambuco foi a intro- A característica central dessa política é a
dução, pelo Governador Eduardo Campos e formulação de metas para cada escola e a con-
pelo Secretário de Educação Danilo Cabral, cessão do Bônus de Desempenho Educacional
de um sistema de responsabilização educa- (BDE) às escolas que cumprirem suas metas.
cional. Esse sistema inclui a condução anu- Dessa forma, as notas dos alunos nas provas
al do Sistema de Avaliação Educacional de de proficiência do Saepe são utilizadas, junta-
Pernambuco (Saepe), a ampla divulgação de mente com o Idepe, para a definição das metas
seus resultados, avaliações bimestrais de es- a serem alcançadas.
tudantes por notas e o monitoramento bimes- O Idepe considera tanto os resultados
tral de indicadores educacionais de cada es- da avaliação do Saepe em língua portuguesa e
cola da rede estadual por meio de um sistema matemática dos alunos de 4ª e 8ª séries do en-
informatizado. sino fundamental e do 3º ano do ensino médio,
O Saepe foi realizado pela primeira vez quanto a média de aprovação dos alunos, me-
em 2000. Em 2005, ele foi novamente aplica- dida pelo Censo Escolar. Assim, para elevar o
do, mas seus resultados somente foram con- Idepe, a escola deve, necessariamente, apresen-
solidados e divulgados em 2007. A partir de tar melhorias na média da proficiência dos alu-
2008, começou a ser realizado anualmente, e nos no Saepe e na média da taxa de aprovação.
seus resultados passaram a compor o Índice As metas a serem alcançadas pelos alunos
de Desenvolvimento da Educação Básica de são pactuadas entre a Secretaria de Educação e
Pernambuco (Idepe). a escola. Cada escola possui sua própria meta,
O Sistema também coleta informações calculada de acordo com suas particularidades.
sobre as condições socioeconômicas e culturais Além disso, as metas são compatíveis com o es-
dos estudantes, dos professores e da equipe ges- tágio da escola: para cada série avaliada, é es-
tora. Seus principais objetivos são: tabelecida uma meta para língua portuguesa e
• produzir informações sobre o grau de uma meta para matemática. A diferença entre o
domínio dos estudantes nas habilidades e Idepe utilizado como referência e o esperado é a
competências consideradas essenciais, em meta para cada disciplina e cada série avaliada,

382 Alicia BONAMINO; Sandra Zákia SOUSA. Três gerações de avaliação da educação básica no Brasil: interfaces...
e a média dos resultados efetivamente alcança- sores que atuam em modalidades de ensino não
dos demonstra o percentual obtido pela escola testadas, como educação de jovens e adultos e
em relação às suas metas. educação infantil, têm acesso ao bônus caso a
As metas de 2008 foram definidas de escola possua alguma série testada. Para as es-
forma que as escolas alcançassem o ponto mé- colas que não alcançarem as metas, a legislação
dio entre o Idepe inicial, em 2005, e a meta de prevê reforço técnico, pedagógico e estrutural,
2009. Essas metas variaram entre os grupos de com o objetivo de elas reenquadrarem-se nos
baixo desempenho, desempenho intermediário e critérios do BDE no ano letivo seguinte.
alto desempenho. No entanto, a partir de 2009, Além do resultado das escolas, o site
as metas são únicas para todas as escolas den- da avaliação apresenta as matrizes utilizadas
tro de um mesmo grupo. na elaboração dos itens dos testes, com expli-
O Saepe constitui uma avaliação de ter- cações detalhadas sobre os descritores, os co-
ceira geração em apoio a mecanismos de res- nhecimentos e as competências esperadas para
ponsabilização forte cuja expressão mais con- cada série dos ensinos fundamental e médio,
sistente é o referido BDE. A bonificação varia além de boletins de resultados contendo a aná-
de 50% a 100%: as escolas estaduais que ob- lise contextual com informações nacionais e
tiverem um índice global abaixo de 50% não por município e Estado.
recebem o bônus; a escola que alcançar 50% O Saepe constitui-se, assim, como uma
da meta estipulada recebe a metade do bônus; a avaliação capaz de pautar o currículo e o que
partir daí, o valor é proporcional ao percentual os alunos devem aprender em cada fase do ci-
da meta atingido. clo escolar.
A Secretaria de Educação também in-
centiva o reconhecimento dos professores que Avaliação em larga escala e
permanecem numa mesma escola. Para tanto, o currículo escolar: o que dizem as
cálculo do bônus considera a proporcionalidade pesquisas?
no cumprimento da meta a partir de 50% e a
lotação do professor na escola por, no mínimo, Avaliações de segunda e terceira gera-
seis meses do ano letivo de referência para a ção, associadas à introdução de políticas de
concessão da remuneração. O BDE é coletivo, responsabilização baseadas em consequências
uma vez que todos os funcionários lotados e em simbólicas e materiais, têm o propósito de criar
exercício na escola têm direito ao bônus. Ele é incentivos para que o professor se esforce no
também proporcional ao salário e ao percentual aprendizado dos alunos. No entanto, evidên-
de cumprimento da meta. cias nacionais e internacionais mostram que
Em Pernambuco, o valor máximo a ser principalmente o uso de resultados das avalia-
recebido por cada servidor não está definido a ções de terceira geração para informar inicia-
priori. Enquanto em São Paulo esse valor che- tivas de responsabilização forte pode envolver
ga, no máximo, a 2,4 salários, em Pernambuco, riscos para o currículo escolar. Um deles é a
apenas o valor total alocado pelo governo situação conhecida como ensinar para o teste,
para pagamento do bônus é fixo. Além dis- que ocorre quando os professores concentram
so, a condição para que os servidores de uma seus esforços preferencialmente nos tópicos
escola tenham acesso ao bônus é a existência que são avaliados e desconsideram aspectos
de uma das séries testadas pelo Saepe (4ª e 8ª importantes do currículo, inclusive de caráter
série do ensino fundamental e 3º ano do ensino não cognitivo.
médio). Desse modo, uma escola que atenda ex- É difícil discordar da alegação de que as
clusivamente a modalidades de ensino não tes- avaliações em larga escala lidam com uma visão
tadas não tem acesso ao bônus. Porém, profes- estreita de currículo escolar diante do que as es-

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colas se propõem como objetivos para a forma- ensino pela Secretaria de Educação do Distrito
ção de seus estudantes. Também é complexo o Federal. Tal questão também foi investigada em
uso de testes padronizados para aferir objetivos duas escolas do Distrito Federal, as quais apre-
escolares relacionados a aspectos não cognitivos. sentavam o maior e o menor Ideb. Por um lado,
O problema decorre do fato de os currí- os gestores educacionais mostraram conhecer a
culos escolares possuírem múltiplos objetivos, Prova Brasil, inclusive do ponto de vista técni-
ao passo que as medidas de resultados utiliza- co, além de percebê-la como um instrumento
das pelas avaliações em larga escala tipicamen- que estabelece os parâmetros de qualidade de
te visam a objetivos cognitivos relacionados à ensino que devem ser alcançados pelas escolas.
leitura e à matemática. Essa não é exatamente Nessa perspectiva, os gestores declaram que os
uma limitação das avaliações, mas demanda melhores resultados obtidos por algumas es-
atenção para riscos relativos ao estreitamento colas nas avaliações são utilizados por outras
do currículo, os quais podem acontecer quando escolas da rede como indicativo da qualidade
há uma interpretação distorcida do significado do trabalho que estão desenvolvendo. Por ou-
pedagógico dos resultados da avaliação. tro lado, as equipes da Secretaria de Educação
Os estudos sobre o tema no Brasil são ain- percebem a Prova Brasil como uma iniciativa
da limitados e bastante recentes. Mesmo assim, que possibilita unificar o processo de ensino-
eles colaboram para o entendimento sobre como -aprendizagem, no sentido de dar a conhecer o
escolas e secretarias de educação interpretam e que está sendo ensinado e aprendido em todas
articulam as relações entre as três gerações da as escolas do país.
avaliação em larga escala e o currículo escolar. Complementarmente, os professores das
Os resultados da pesquisa realizada por duas escolas investigadas afirmam que a Prova
João Luiz Horta Neto (2006) sobre o uso dos da- Brasil contribui para a unificação do ensino
dos do Saeb 2003 pela Secretaria de Educação em suas instituições. Isso é tido como um fato
do Distrito Federal para orientar o planejamen- positivo, uma vez que a unificação curricular
to da rede de ensino, por exemplo, ajudam a poderia vir a contribuir para que estudantes de
ilustrar a escassa interferência de avaliações de todo o país tivessem acesso aos mesmos conhe-
primeira geração no contexto da gestão edu- cimentos, independentemente da localidade em
cacional. A pesquisa indicou que, apesar de que vivem e da escola que frequentam. Dessa
os gestores da Secretaria de Educação defen- forma, professores e gestores percebem a Prova
derem a importância do Saeb, eles têm pouco Brasil como uma referência para a possível im-
conhecimento e praticamente não utilizam os plantação de um currículo comum nacional.
dados gerados pela avaliação nos processos Coordenadores e professores das escolas
de gestão, principalmente devido a limita- pesquisadas por Oliveira (2011) também decla-
ções para compreender os resultados produzi- raram buscar redefinir o conteúdo programático
dos. Essa pesquisa, ao mesmo tempo em que de modo a atender ao que é avaliado pela Prova
demonstra a baixa capacidade do Saeb para Brasil. Como a avaliação é geralmente aplicada
impactar a gestão educacional e as atividades antes do término do ano letivo, as escolas anteci-
escolares, contribui para a compreensão da pam os conteúdos para que os alunos consigam
emergência de uma segunda geração de ava- responder aos testes, a fim de garantir uma boa
liação educacional que, como a Prova Brasil, média de desempenho para a escola. Ainda na
permite que as escolas enxerguem-se nos resul- perspectiva do que a literatura denomina ensinar
tados produzidos. para o teste, os professores afirmam ter incorpo-
Ana Paula Oliveira (2011) pesquisou em rado a prática de preparar os alunos para se ha-
que medida os resultados da Prova Brasil 2007 bituarem aos textos, aos comandos e à extensão
têm servido de subsídio para a gestão da rede de dos testes de leitura da Prova Brasil.

384 Alicia BONAMINO; Sandra Zákia SOUSA. Três gerações de avaliação da educação básica no Brasil: interfaces...
Pesquisas que analisaram a implementa- obterem melhores resultados, como ensinar a pre-
ção da avaliação no Estado de São Paulo desta- encher gabaritos e aplicar provas com questões
cam elementos que ilustram as transformações semelhantes às provas do Sistema.
que vêm ocorrendo no currículo9. Os estudos Uma pesquisa realizada por Paulo
feitos há mais tempo tendem a indicar poucos Henrique Arcas (2009) focalizou eventuais re-
efeitos do SARESP no cotidiano escolar, embora percussões do SARESP na avaliação escolar,
destaquem reações de desconfiança e de resis- procurando apreender características e tendên-
tência ao Sistema por parte dos profissionais cias da avaliação após sua implantação. Para
da educação (OLIVEIRA, 1998; ESTEVES, 1998; tanto, realizou-se um estudo em uma diretoria
FELIPE, 1999; KAWAUCHI, 2001). Esses estu- regional de ensino na região metropolitana de
dos, que tiveram como foco eventuais reflexos São Paulo, buscando-se a opinião de professo-
do SARESP na escola, considerando, em espe- res-coordenadores. Por meio de questionário e
cial, opiniões e reações de professores, tendem entrevista, o objetivo foi analisar como viam o
a não identificar influências de seus resultados SARESP e como foram construindo suas opini-
no currículo escolar. ões acerca dele no período de sua vigência – no
É a partir dos estudos realizados na se- caso da referida pesquisa, até 2007. Essas opini-
gunda metade da década de 2000 que são iden- ões possibilitaram identificar como a avaliação
tificadas evidências de efeitos do SARESP no em larga escala vem incidindo na avaliação e
contexto escolar. Lilian Rose Freire (2008) re- no currículo escolar.
alça, nas conclusões de sua pesquisa, realizada Ficou evidente, na fala dos professores-
em uma escola da rede estadual, alguns usos dos -coordenadores entrevistados, que há uma
resultados do SARESP, tais como: i) utilização tendência de aceitação do SARESP, embora,
na composição das notas bimestrais dos alunos; inicialmente, o Sistema tenha sido visto por
ii) reprodução de questões na prova unificada eles com desconfiança. Há evidências de que
criada pela escola, com a intenção de treinar os dados obtidos na avaliação são analisados e
os alunos para a avaliação; iii) utilização, pe- discutidos no planejamento escolar, no início
los professores de português, das orientações do do ano, e também no replanejamento, no início
SARESP relativas à correção de redações, para do segundo semestre letivo. Os resultados da
orientar os alunos nas redações escolares, o que escola e das turmas são analisados e orientam o
pode representar aprimoramento de práticas vi- trabalho escolar, definindo habilidades, compe-
gentes; iv) incentivo à participação dos alunos tências e conteúdos a serem ensinados.
no dia da aplicação das provas do SARESP, por Assim, pode-se afirmar que o SARESP
meio de atribuição de nota a ser considerada na vem-se fazendo presente gradualmente, in-
média bimestral. fluenciado práticas, definindo metas, estabele-
As informações apresentadas por essa pes- cendo rumos, orientando o trabalho pedagógico.
quisa indicam que o significado assumido pelo Outra revelação importante sobre as implica-
SARESP e por seus resultados no contexto da ções de tal avaliação no contexto escolar é que
escola pesquisada não se associa à ideia de uma ela tem incidido sobre as práticas avaliativas
avaliação que traga subsídios para a orientação e desenvolvidas na escola. As evidências da refe-
o replanejamento do trabalho escolar. Com exce- rida pesquisa demonstraram que a avaliação da
ção da iniciativa no uso de critérios para correção aprendizagem realizada na escola toma a ava-
de redações, a interação com o SARESP, ao que liação em larga escala como referência.
parece, é mais instrumental, no sentido de im-
plantar iniciativas que possam ajudar os alunos a Entretanto, o que pôde ser constatado é
9 - As considerações relativas ao SARESP foram extraídas de SOUSA; que o SARESP, ao servir como referência
ARCAS, 2010. para as práticas avaliativas empreendidas

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nas escolas, acabou por reforçar práticas ções, por vezes recorrentes, para a compreensão
tradicionais de avaliação da aprendizagem. das interferências da avaliação sobre o currí-
[...] o SARESP reforça a aplicação de provas culo escolar. O que esses trabalhos evidenciam,
testes, objetivando, na maioria dos casos, em conjunto, é a importância que vêm assu-
simular a aplicação da avaliação externa, mindo as avaliações de segunda e terceira gera-
supondo-se, desse modo, estar preparando ção no delineamento das políticas educacionais
os alunos. (ARCAS, 2009, p.120) e, em consequência, seu potencial de direcionar
o que, como e para que ensinar.
A centralidade que o SARESP está ad- De acordo com os resultados de pesqui-
quirindo na organização do trabalho escolar, sa, é o uso de provas padronizadas no contexto
ao nortear práticas avaliativas, permite afir- de avaliações referentes a políticas de respon-
mar que a avaliação em larga escala vem sendo sabilização com consequências fracas e fortes
crescentemente apropriada pelas escolas. Nesse para as escolas – principalmente as fortes – que
sentido, ao orientar os procedimentos avaliati- exacerbaria a preocupação de diretores e pro-
vos, o SARESP vem induzindo a uma ênfase na fessores em preparar os alunos para os testes e
aplicação de provas e exames simulados como para o tipo de atividade neles presente.
meios de preparar os alunos para se saírem bem Além disso, as pesquisas também mostram
na avaliação estadual. que a primeira geração de avaliação em larga
escala, ou seja, a avaliação sem consequências,
Conclusões minimiza esses problemas, porque os diretores e
professores veem-se menos ameaçados pela ava-
O presente artigo buscou caracterizar liação e podem assumi-la, ou não, com maior
desenhos, objetivos e usos dos resultados de liberdade. Nesse contexto, em contrapartida, tais
experiências de avaliação da educação básica profissionais raramente se sentem obrigados a
em curso no país, tendo em vista suas relações prestar conta dos resultados de seu trabalho ou
com o currículo escolar. O estudo de três gera- têm motivação para inteirar-se dos resultados
ções de avaliação da educação básica permitiu das avaliações e para levá-los em consideração
identificar as avaliações de segunda e terceira em sua atuação educacional e pedagógica.
geração – isto é, que se articulam, respectiva- Em síntese, este estudo discutiu os riscos
mente, a políticas de responsabilização fraca e e potenciais das avaliações de segunda e terceira
forte – como aquelas com consequências mais geração para o currículo escolar. Apontou, por um
expressivas para o currículo escolar. lado, os riscos de as avaliações relativas a políti-
Embora seja relativamente cedo para fazer cas de responsabilização exacerbarem a preocu-
afirmações mais consistentes sobre essas avalia- pação de diretores e professores em preparar seus
ções e suas repercussões no currículo escolar, os alunos para os testes, levando a um estreitamento
primeiros estudos mostram que o novo desenho do currículo escolar. Indicou, ainda, as implicações
introduzido pela segunda geração produz resul- para a avaliação da aprendizagem quando as es-
tados que servem como indicadores capazes de colas passam a organizá-la tomando como refe-
fornecer informações a respeito dos componen- rência o tipo de teste utilizado pela avaliação em
tes do currículo que estão chegando aos alunos larga escala.
e daqueles que não estão. Nessa perspectiva, tal Por outro lado, o presente estudo indi-
tipo de avaliação parece estar reforçando o ali- cou o potencial das avaliações de segunda e
nhamento, nas escolas e secretarias de educação, terceira geração para propiciar uma discus-
entre o currículo ensinado e o currículo avaliado. são mais informada sobre o currículo escolar,
De fato, a breve revisão de pesquisas so- em termos das habilidades fundamentais de
bre o tema apresentada aqui aportou contribui- leitura e matemática que ainda não têm sido

386 Alicia BONAMINO; Sandra Zákia SOUSA. Três gerações de avaliação da educação básica no Brasil: interfaces...
garantidas a todos os alunos de ensino fun- cisariam ser aprendidos por todos os alunos,
damental e médio. bem como uma definição mais clara do que es-
Diante disso, o desafio parece ser a com- ses alunos deveriam ter aprendido ao final de
patibilização dos objetivos, desenhos e usos cada ciclo nessas duas áreas do saber escolar.
dos resultados das três gerações de avaliação É aí que se insere a necessidade de aumentar
em larga escala a fim de propiciar uma dis- o acervo de pesquisas que contribuam para a
cussão informada sobre os aspectos específicos compreensão dos impactos das novas gerações
de língua portuguesa e matemática que pre- da avaliação educacional no currículo escolar.

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Recebido em: 08.08.2011

Aprovado em: 20.09.2011

Alicia Bonamino é professora associada da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro e coordenadora do Laboratório
de Avaliação em Educação (LAEd).

Sandra Zákia Sousa é doutora em Educação, professora da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, atuando
na pós-graduação em Estado, Sociedade e Educação, e do mestrado em Educação da Universidade Cidade de São Paulo.
Possui publicações predominantemente no campo da avaliação educacional. Email: sanzakia@usp.br

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