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APRESENTAÇÃO À FAMÍLIA

REAL DO BALÃO DE AR
QUENTE
Texto Produzido por:

Alter do Chão, 04 de Novembro de 2009

APRESENTAÇÃO À FAMÍLIA REAL DO BALÃO


DE AR QUENTE
Personagens:

Bartolomeu Gusmão (24 anos) – Sérgio Godinho

D. João V (20 anos) – Rui Pedro Lourenço

D. Maria Ana de Áustria (26 anos) – Andreia Rodrigues

Diogo de Mendonça Corte Real (51 anos) – Virgílio Vidinha

D. Teresa de Bourbon (29 anos) – Gabriela Monteiro

Cardeal Michelangelo Conti (54 anos) – João Alves


Intróito

(À frente dos espectadores estão sentados D. João V, D. Maria Ana de Áustria e o Cardeal Conti. De
pé, ao lado da rainha está D. Teresa de Bourbon. Do público entra Diogo de Mendonça Corte Real e
anuncia Bartolomeu Gusmão)

Diogo – Senhor, à Vossa Presença se deseja apresentar o Padre Bartolomeu Lourenço


Gusmão, filho de Francisco Lourenço.

D. João V – Que pretende esse Bartolomeu?


Diogo - Senhor. Diz o licenciado Bartolomeu Lourenço que ele tem descoberto um
instrumento, que tendes diante de vós, para andar pelo ar, da mesma sorte do que
pela terra, e pelo mar, e com muito mais brevidade, fazendo-se muitas vezes duzentas
e mais léguas por dia nos tais instrumentos.

D. João V – Parece-me um caso interessante de desvendar. Que te parece Diogo?

Diogo – Eu diria a Vossa Majestade que nada tendes a perder em ouvi-lo para além
do vosso precioso tempo.

D. João V – Que entre então!

(entra Bartolomeu Gusmão com pergaminhos debaixo dos braços. Faz uma vénia ao Rei)

Bartolomeu Gusmão – À sua presença se apresenta Bartolomeu Lourenço Gusmão,


filho de Francisco Lourenço, chegado da terra de Vera Cruz, com a intenção de por
ao serviço de Vossa Majestade um instrumento para se andar pelo ar.

D. João V – Estás a ouvir isto Diogo? Ah ah ah Que pensa disto Vossa Eminência?

Cardeal Conti – Que nunca com tanta ousadia alguma vez um Homem desafiou as
Leis que Deus impôs.

D. João V – Tem toda a razão Eminência. Que se retire o padre…

Diogo – Não querendo de forma alguma ousar contra a vontade de Vossa Majestade,
recordo-lhe que nada terá a perder em ouvir o que Bartolomeu lhe deseja
apresentar…

D. João V – Á excepção do meu precioso tempo. Mas a curiosidade está a tomar


conta do meu espírito. Antes de me mostrar o que quer que seja pergunto-lhe para
que desejaria eu ter um instrumento para se andar pelo ar?
Bartolomeu Gusmão – Então com sua licença. Com o instrumento que aqui vedes
se poderão levar os avisos de mais importância aos exércitos, percorrendo 200 ou
mais léguas por dia, e às terras mais remotas, quase no mesmo tempo em que se
resolverem, porque interessa a Vossa Majestade muito mais do que nenhum dos
outros príncipes, pela maior distância dos seus domínios, evitando-se, dessa sorte, os
desgovernos das conquistas que provêm em grande parte do problema que referi.
Além do que poderá Vossa Majestade mandar vir o precioso delas muito mais
brevemente e de forma mais segura poderão os homens de negócio passar letras, e
cabedais e todas as praças sitiadas poderão ser socorridas, tanto de gente, como de
munições, e víveres a todo tempo e tirarem-se delas todas as pessoas que quiserem
sem que o inimigo o possa impedir e descobrir as regiões que ficarão mais vizinhas
aos pólos do mundo da mesma forma que se poderão calcular correctamente as
longitudes.

D. João V – Mas nesse instrumento que me apresenta? Oh oh oh oh

Bartolomeu – Todos vão reconhecer o sucesso e poderei fazer aparelhos maiores, mais
perfeitos, para transportar pessoas e cargas.

D. João V – Hum… explica-me então como funciona esse teu instrumento.

Bartolomeu – Pois bem! O instrumento que aqui vos apresento baseia-se no princípio simples
de que o ar quente se eleva no espaço, sobrepondo-se ao ar frio – teoria minha, baseada no
princípio de Arquimedes.

Cardeal Conti – hum… não creio.

Bartolomeu – Certo dia, perante uma fogueira, observei que algumas cascas de fruta se
elevavam acima das chamas.
Cardeal Conti – Por Deus, Majestade, o que este homem diz nunca foi ainda observado na
natureza do Criador.

Diogo – Bem! Deveríeis dar mais crédito a Bartolomeu. Segundo consta na corte, o padre
João Baptista escreveu certa vez que a este homem bastava abrir um livro de folha que ele nunca
tinha lido. Punha-se a ler duas ou quatro páginas uma só vez e as tornava a repetir fielmente.

D. João V – Mas o que me diz Diogo é deveras impressionante… Prossiga, Prossiga

Cardeal Conti – Por Deus retirem este homem da minha presença.

D. Maria Ana de Áustria – Peço a sua compreensão Cardeal Conti, Sua Majestade ordenou
que Bartolomeu prosseguisse.

Bartolomeu – Será para mim uma honra D. Maria Ana de Áustria.

A retenção de ar quente num balão permite não só que o próprio ar se eleve mas também a
subida de peso adjacente.

Cardeal Conti – Mas é nesse pequeno balão que imagina transportar gente, munições, e
víveres e ainda assim descobrir as regiões vizinhas dos pólos do mundo, percorrendo 200 ou
mais léguas por dia?

(Risada Geral)
Bartolomeu – Como deve calcular, Eminência, trata-se apenas de uma experiencia, poderei
fazer aparelhos maiores e mais perfeitos e desta forma sim, fazer do aeróstato o instrumento
de ar que sonhei.

Permita-me que demonstre.

(Procede-se á demonstração e quando o balão se eleva gera-se um burburinho e espanto geral. O rei
aplaude e seguem-se os restantes á excepção do Cardeal que mostra desagrado)

Bartolomeu – Como vedes majestade, com o aperfeiçoamento deste aeróstato poderei trazer
ao reino um instrumento que muito lhe será útil, mas para conseguir tal intento venho pedir
a V. Majestade que me conceda o privilegio de que nenhuma pessoa neste reino possa usar
o meu invento.

D. João V – (dirigindo-se a Diogo) Meu caro Diogo Corte Real, faça redigir este privilégio.

Diogo – Seja feita a vontade de V. Majestade. (retira-se)

Cardeal Conti – Criou o Senhor Deus os pássaros para voar, não os homens. Com estes
inventos demoníacos veremos que lugar lhe reserva a Santa Igreja.

D. Teresa de Bourbon – Como já se vem a provar, nem só pelas leis de Deus se rege o mundo.
O próprio mundo seria ainda hoje desconhecido não fora o sonho, a bravura e a ciência dos
nossos avós.
D. Maria Ana de Áustria – (dirigindo-se ao Cardeal Conti) A D. Teresa de Bourbon tem toda a
razão. Permita-me recordar-lhe Eminência, que foi o sonho, a bravura e a ciência dos nossos
avós que permitiu fazer chegar a doutrina da Santa Igreja aos novos mundos do mundo. O
próprio Bartolomeu, nascido em terras de Vera Cruz só é hoje Padre da Santa Igreja porque
a verdadeira doutrina lhe chegou na proa das caravelas da Armada de Cabral.

Diogo – Permita-me V. majestade que leia o privilégio para que o valideis.

D. João V – Que se faça ouvir Diogo Corte Real.

Diogo – “Lisboa, 19 de Abril de 1709: “Eu El-Rei, faço saber que o P. Bartolomeu
Lourenço me representou por sua petição, que ele tinha descoberto um instrumento
para se andar pelo ar, da mesma sorte que pela terra e pelo mar mas com muito mais
brevidade, fazendo-se muitas vezes duzentas e mais léguas de caminho por dia; no
qual instrumento se poderiam levar os avisos de mais importância aos exércitos e a
terras mui remotas... Saber-se-hão as verdadeiras longitudes de todo mundo, que por
estarem erradas nos mapas causavam muitos naufrágios.
E visto o que alegou, hei por bem fazer-lhe mercê ao suplicante de lhe conceder o
privilegio de que pondo por obra o invento de que trata, nenhuma pessoa, de qualidade que
for, possa usar dele em nenhum tempo neste reino e suas conquistas, com qualquer pretexto,
sem licença do suplicante ou de seus herdeiros, sob pena de perdimento de todos os seus bens
ametade para ele suplicante, e a outra ametade para quem os acusar: e só o suplicante poderá
usar do dito invento, como pede na sua petição”.

D. João V – Trazei-me o documento para que o valide.

(D. João V assina o privilégio, e entrega-o a Bartolomeu)


Bartolomeu – Muito me honra com este privilégio, tudo farei para engrandecer ainda mais
o nome deste seu reino de Portugal.

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