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PARECER JURÍDICO

Interessada: Gabriela.
Referente à solução de litígio.

Trata-se de consulta formulada pela Advogada Gabriela, acerca das ações


cabíveis e possíveis soluções para determinado litígio, referente à um Senhor,
de 50 anos, funcionário público federal, que aufere aproximadamente R$
7.000,00 (sete mil reais) e deseja parar de pagar pensão para o filho maior, que
conta com 19 anos, sendo que é descontado em sua folha de pagamento o
valor de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) mensais. O filho, atualmente, não
faz faculdade, mas tão somente um cursinho no valor de R$ 150,00 (cento e
cinquenta reais).

O genitor alega, ainda, que está endividado e encontra dificuldades em fazer


um empréstimo, considerando o valor baixo em seu contracheque.

Além disso, deseja ajuizar demanda em face da ex-mulher, sob a alegação de


que, na época, recebeu um precatório de R$ 20.000,00 (vinte mil reais) e
depositou em conta corrente de titularidade do menor, ficando, assim, sob a
responsabilidade da mesma, tendo ela dado o valor para um terceiro
desconhecido. Assim, deseja a prestação de contas do referido valor.

É o relatório, passo a opinar.

No que concerne ao pedido referente à extinção da obrigação alimentar com


relação ao filho, em que pese o genitor alegue que a prole tenha alcançado a
maioridade civil e não esteja cursando faculdade, é imperioso destacar,
primeiramente, que, conforme entendimento consolidado pelo Superior
Tribunal de Justiça, através da Súmula 358, o advento da maioridade extingue
o pátrio poder, mas não revoga, automaticamente, o dever de prestar alimentos,
passando este a decorrer do vínculo de parentesco, conforme preconiza o
artigo 1.694 do Código Civil. Aliado a este fato, o dever de alimentos subsiste
para atender as necessidades com educação.
Nesse sentido, não obstante o filho não esteja regularmente matriculado em
faculdade de ensino superior, o fato de ele estar inscrito em um curso, seja
preparatório ou profissionalizante, não autoriza, por si só, a exoneração da
pensão, desde que comprovada a sua dependência econômica. Vejamos o
entendimento do Tribunais:

AÇÃO DE EXONERAÇÃO DE ALIMENTOS. FILHO MAIOR,


ESTUDANTE. PROVA DA NECESSIDADE. 1. Embora a
maioridade civil não constitua causa suficiente para, por si só,
justificar a exoneração da obrigação alimentar, cabe ao
alimentado demonstrar a persistência de suas necessidades. 2.
No caso, o alimentado conta 26 anos de idade e, embora não
ignore estar em nível inadequado de escolaridade, está
matriculado em curso superior, frequentando o quarto semestre
do curso de História, o que não autoriza, de plano, seja deferida
a exoneração da verba alimentar, sobretudo diante da alegação
de que padeceu de problemas de ordem psíquica quando do
implemento da maioridade - o que justifica esse certo desalinho
em seu nível de formação. 3. Assim sendo, e não estando
categoricamente comprovada a ocorrência de redução na
capacidade de fazenda de alimentante a justificar eventual
diminuição do pensionamento, impõe-se o restabelecimento da
pensão alimentícia no valor correspondente a 20% dos
rendimentos paternos. AGRAVO DE INSTRUMENTO
PROVIDO. (Agravo de Instrumento Nº 70075220285, Oitava
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ricardo
Moreira Lins Pastl, Julgado em 30/11/2017).

AÇÃO DE EXONERAÇÃO DE ALIMENTOS. FILHOS MAIORES.


ESTUDANTES. NECESSIDADE. A maioridade dos filhos, por si
só, não caracteriza a extinção da obrigação alimentícia. Os
alimentandos comprovaram que necessitam do auxílio financeiro
do genitor. Obrigação parental. Artigo 1.694 do Código Civil .
Apelação cível desprovida. (Apelação Cível Nº 70070703624,
Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jorge
Luís Dall'Agnol, Julgado em 26/10/2016).

Persistindo a necessidade do filho maior em continuar recebendo os alimentos


de seu genitor, em razão da evidente dependência econômica para prosseguir
nos estudos, a Ação de exoneração de alimentos não se apresenta a mais
adequada.

Portanto, analisando os elementos aqui apresentados, a Ação de Revisão de


Alimentos, de plano, se apresenta como a melhor solução para o conflito,
considerando que o valor pago pelo genitor vai além das necessidades do filho.
E mais, houve decréscimo nas possibilidades do mesmo, considerando o valor
retido em seu contracheque e as dívidas contraídas. Vejamos:

REVISÃO DE ALIMENTOS. FILHA MAIOR. ESTUDANTE.


BINÔMIO NECESSIDADE/POSSIBILIDADE. ALTERAÇÃO DO
BINÔMIO ALIMENTAR. REDUÇÃO DA OBRIGAÇÃO
ALIMENTAR. SENTENÇA MANTIDA. A revisão de alimentos
somente se justifica quando comprovada alteração no binômio
necessidade/possibilidade. A obrigação deve ser fixada na
proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da
pessoa obrigada, o que significa dizer, por outras palavras, que
os alimentos devem ser fixados observando-se o binômio
necessidade-possibilidade, visando à satisfação das
necessidades básicas dos filhos sem onerar, excessivamente,
os genitores. Demonstrada a alteração do binômio alimentar,
justificada a redução da obrigação alimentar operada na
sentença. APELO DESPROVIDO. (Apelação Cível Nº
70064565062, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS,
Relator: Sandra Brisolara Medeiros, Julgado em 30/09/2015)

REVISÃO DE ALIMENTOS. FILHA MAIOR. ESTUDANTE.


BINÔMIO NECESSIDADE/POSSIBILIDADE. ALTERAÇÃO DO
BINÔMIO ALIMENTAR. MAJORAÇÃO DA OBRIGAÇÃO
ALIMENTAR. A maioridade civil, por si só, não é suficiente para
eximir os genitores de prestar auxílio financeiro aos filhos, sendo
indispensável, todavia, prova cabal da alegada necessidade, por
parte do alimentando, a qual deixa de ser presumida. A revisão
de alimentos somente se justifica quando comprovada alteração
do binômio necessidade/possibilidade. A obrigação deve ser
fixada na proporção das necessidades do reclamante e dos
recursos da pessoa obrigada, o que significa dizer, por outras
palavras, que os alimentos devem ser fixados observando-se o
binômio necessidade-possibilidade, visando à satisfação das
necessidades básicas dos filhos sem onerar, excessivamente,
os genitores. Demonstrada a alteração do binômio alimentar,
justificada a majoração do encargo. APELO PARCIALMENTE
PROVIDO. (Apelação Cível Nº 70074827049, Sétima Câmara
Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sandra Brisolara
Medeiros, Julgado em 27/09/2017).

Em tempo, caso existam provas convincentes da cessação das necessidades


do alimentando, ou até mesmo as possibilidades do mesmo em prover o próprio
sustento e educação, é possível que seja ajuizada Ação de Exoneração de
Alimentos.

Prosseguindo, no que tange à prestação de contas, referente a valor


depositado em conta bancária de titularidade do filho, quando menor,
administrado, portanto, pela genitora, tenho que não se trata de verba
alimentar.

Neste caso, então, a Ação de Prestação de Contas apresenta-se como


instrumento processual cabível para apurar a ocorrência de desvios ou má
gestão do crédito do filho comum, uma vez que, comprovada, atenta contra os
interesses da prole. E, ainda, a genitora era a administradora dos bens do filho,
por ocasião do pagamento.

Todavia, no caso de a verba ter caráter alimentar, o STJ, em decisão recente,


entendeu que não é cabível ação de prestação de contas, tendo em vista que
“a beligerância e falta de comunicação entre genitores não se solucionam por
meio de prestações de contas, especialmente porque os alimentos prestados
para garantir o bem estar da criança ou do adolescente não se caracterizam
como relação meramente mercantil ou de gestão de coisa alheia”.

- Conclusão

Ante o exposto, conclui-se que a Ação de Revisão de Alimentos em face do


filho maior se apresenta como a mais adequada ao caso concreto, objetivando
a redução do montante pago pelo genitor, uma vez que o valor da pensão
alimentícia, atualmente, vai além das necessidades da prole, que é maior, mas
depende do pai para concluir os estudos, bem como por ter havido modificação
no binômio “necessidade x possibilidade”, que poderá ser comprovada através
da redução da capacidade contributiva do genitor, ou seja, de seu
contracheque com baixos rendimentos, e também pela redução das
necessidades do filho, que deixam de ser presumidas com a maioridade.

Quanto à prestação de contas, caso o valor depositado em conta corrente de


titularidade do menor, na época, não tenha caráter alimentar, é possível que o
genitor ajuíze a demanda em face da genitora, a fim de apurar a ocorrência de
desvios ou má gestão do crédito do filho comum.

É o parecer.
Vitória/ES, 27 de março de 2019.

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Advogada
OAB/ES

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