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O exame neurológico precisa ser precedido por uma boa anamnese, bom exame físico
geral e exame do crânio e da coluna vertebral. O exame neurológico é composto por 6 itens:
1) Funções corticais superiores: no total são 10, mas as 4 mais importantes são: consciência,
linguagem, praxia e gnosia.
i) Consciência: acordado/sonolento/comatoso e é quantificado pela escala de coma
de Glasgow (3-15). Fatores avaliados na escala de Gasglow: abertura ocular (4-1),
resposta motora (6-1), resposta verbal (orientado 5-1). As pessoas confundem
Gasglow 15 com paciente espontaneamente alerta. A escala de Glasgow é um bom
avaliador de evolução temporal do paciente. Já para avaliar o conteúdo de
consciência, utiliza-se o Mini Exame Mental, por exemplo.
ii) Linguagem: é a elaboração de pensamento que pode ser expressa de forma
gestual, falada e escrita. Alterações de linguagem: alterações de fonação (pode ou
não ser por causa neurológica: lesão vagal com voz com timbre duplo x rouquidão
por resfriado); dislalias não são alterações neurológias e podem ser provocadas
por alterações anatômicas que provocam dificuldade de dicção, como fenda
palatina; já as disartrias constituem uma dificuldade de articulação da palavra,
enquanto nas afasias, o paciente tem uma dificuldade de verbalizar ou de
interpretar o que é dito (Afasia de Broca e Afasia de Wernicke).
iii) Praxia: é a capacidade de realizar atos motores voluntários, mais ou menos
elaborados. Não é um reflexo por haver um processo de aprendizagem. As
disapraxias são comuns em quadro demenciais e testamos movimentos do dia-a-
dia como pedir para o paciente fingir que está penteando o cabelo.
iv) Gnosia: é a capacidade de reconhecimento por meio dos sentidos sensoriais
(visão, audição, tato). Ex: paciente se perde por não reconhecer onde mora mais
(agnosia visual).
2) Funções cerebelares
i) Equilíbrio estático e dinâmico (marcha):
Estático: Astasia/distasia: dificuldade para manter-se em pé. Pede para o
paciente ficar parado com os braços ao longo do corpo, olhando para o
horizonte e pede para ele fechar os olhos (PROVA DE ROMBERG). Paciente
normal: fecha os olhos e se mantém em equilíbrio. Se o paciente perder o
equilíbrio, ou ele tem uma alteração cerebelar (instabilidade imediatamente
depois de fechar os olhos e sem lado preferencial para queda) ou labiríntica (o
paciente cai depois de um período de latência e para o lado do labirinto
afetado).
Dinâmico/ marcha: abasia (maior dificuldade) / disbasia (incapacidade).
Principais alterações de marcha:
(a) Espástica: típico de lesão piramidal/motor.
(b) Parkinsoniana: paciente com fáceis inexpressiva, passos curtos,
deambulação em bloco, rígida, sem movimento de balançar dos membros
superiores, dificuldade de equilíbrio, deslocando o centro de gravidade
para frente.
(c) Ebriosa: Nas lesões cerebelares, os pacientes possuem dificuldade de
equilíbrio. Na marcha o corre um afastamento dos membros inferiores
para aumentar a base de sustentação e o paciente anda em ziguezague.
Na ataxia hereditária de Machado Joseph, ligada a etnias açorianas, ocorre
uma atrofia cerebelar e o paciente desenvolve a marcha ebriosa.
4) Sensibilidade:
i) Exteroceptiva
Sensibilidade dolorosa (dor superficial): agulha. Hiperalgesia, hipoalgesia ou
analgesia.
Sensibilidade térmica (frio e calor): não é testada por não prática e por ter a
mesma via da sensibilidade dolorosa.
Sensibilidade tátil: algodão ou pincel. Hiperestesia, hipoestesia, anestesia;
parestesia (sensação espontânea), disestesia (paciente com polineuropatia
diabética tem uma resposta sensitiva diferente a um estímulo).
ii) Proprioceptiva:
Sensibilidade cinético-postural: movimenta o halux do paciente e ele tem que
acertar a posição.
Sensibilidade vibratória: diapasão.
Dor profunda: não é testada.
– Hiperreflexia osteotendinosa
– Hipo ou atonia
6) Pares cranianos:
II. N. Óptico: Óptico – II: avaliar acuidade visual (verificar ambliopia – perda da
capacidade visual por desuso; amaurose), campo visual (perimetria de
confrontação, escotomas, hemianopsias ou quadrantopsias) e fundo de
olho(Atrofia óptica/ atrofia de papila e papiledema).
III. Motores oculares (Oculomotor - III, troclear - IV, abduscente – VI): Fenda Palpebral
(Ptose palpebral, lagoftalmo/ dificuldade de fechar o olho, blefaroespasmo/
espasmo ocular), Posição do globo ocular (Exoftalmia, enoftalmia) motricidade
extrínseca (Estrabismo Convergente/Divergente, diplopia, desvio conjugado) e
motricidade intrínseca (Miose, midríase, anisocoria, discorria/ pupila não é
esférica por manipulação cirúrgica), Reflexo fotomotor direto e consensual.
V. N. Trimgêmeo: é um nervo misto, com uma raiz motora e uma razi sensitiva:
RAIZ MOTORA: músculos mastigatórios (Masséter, temporal e pterigoideos)
RAIZ SENSITIVA: Nervos oftálmico – V1, maxilar – V2 e mandibular – V3:
– Nervo oftálmico é a via aferente do reflexo córneo-palpebral.
– Hipoestesia, anestesia ou hiperestesia, que é causada por neuralgia
essencial do trigêmeo em pacientes, normalmente, com 50 anos que
começa a queixar de dores em choque após estímulo tátil inocente em
uma hemiface e é decorrente de uma alça arterial em fossa posterior
que pulsa próximo ao nervo e desencadeia o estímulo doloroso (?),
por Herpes oftálmico (herpes zoster), que pode infectar também o VI,
VII (provoca paralisia facial) e VIII.
VIII. N. Vestíbulo-coclear:
FUNÇÃO VESTIBULAR: canais semicirculares – equilíbrio.
– Vertigem: tontura com sensação rotatória;
– Nistagmo: fase lenta e fase rápida;
– Distúrbio do equilíbrio: ataxia vestibular;
– Reflexo óculo-cefalógiro, provas calóricas. Teste de morte encefálica:
água quente – olhos movimenta-se para o lado ponde foi injetado, já
com água fria – olhos viram para o outro lado.
FUNÇÃO COCLEAR: cóclea – audição.
– Diapasão 128Hz (prova de Rinne, prova de Weber) – condução aérea
deve ser maior que a condução óssea;
– Hiperacusia, hipoacusia ou anacusia (surdez);
– Tinidos, zumbido, paracusia (alucinações auditivas);
– Reflexo auditivopalpebral: piscamento som alto brusco.
XI. N. Acessório: nervo motor que inerva o esternocleidomastoídeo (ao contrair, vira a
cabeça para o lado contrário. Testar a rotação da cabeça contra resistência) e a
porção superior do trapézio (testar a elevação dos ombros contra resistência,
verificar ombro caído, atrofia muscular e aumento da fossa supraclavicular).
Epidemiologia: afeta 70 milhões de pessoas no mundo inteiro, sendo que 80% são de
países em desenvolvimento.
Os critérios de epilepsia foram desenvolvidos, pela primeira vez, entre 1985-89, foram
revistos em 2010, atualizados em 2013 e em 2017 saiu a última classificação (ILAE classification
of the epilepsies: Position paper of theILAE Commission for Classification and Terminology). Em
2017, eles determinaram que para que eu considerar um paciente epiléptico, ele tem que ter,
pelo menos 02 crises não provocadas, ocorrendo em um intervalo superior a 24 horas, com
uma pré-disposição elevada a desenvolver novos episódios OU uma crise não provocada e
chance de uma nova crise estimada em pelo menos 60%.
Para os pacientes que só tiveram uma crise não provocada, ainda há discussão já que
alguns tipos específicos de crises, mesmo ocorrendo uma única vez, têm uma probabilidade de
recidivar muito grande, como na displasia cortical, na qual ocorre uma falha da migração do
neurônio em direção ao córtex e forma-se um “circuito” fora da estrutura de origem com
maior propensão ao desenvolvimento de novas crises. É impossível que um paciente com
displasia cortical não tenha múltiplas crises, mas se eu recebo um paciente com o histórico de
apenas uma crise, posso diagnosticá-lo mais cedo, sem ter que esperar pela próxima crise, por
meio dos achados em uma RM, por exemplo.
Paciente com histórico de só uma crise, EEG normal, RM normal, sem histórico
familiar: segue em acompanhamento, mas não podemos classifica-lo como epiléptico.
Em alguns tipos de epilepsia o tratamento é autolimitado e há cura, em outros casos, o
tratamento tem seguimento por toda a vida. Critério de cura: 10 anos sem crise, sendo que
nos 5 últimos anos o paciente já estava sem tratamento farmacológico.
Classificação:
I. Em relação à semiologia da crise (como aquela convulsão inicialmente se apresentou),
ou seja, é focal x generalizada x não conhecida/indeterminada:
Depende em que área do cérebro se inicia o processo. Por exemplo, em
pacientes com atrofia e esclerose do hipocampo direito a crise, normalmente, se inicia
com crises focais, em seguida, o paciente desconecta, começa com automatismos oro-
faciais e movimentos distônicos.
O local do início da crise: ajuda a pensar em possível diagnóstico e auxilia a
determinar um tratamento e o seguimento do paciente. Na crise generalizada,
provavelmente há um foco principal onde a crise se inicia, mas ela se dissemina tão
rápido para ambos hemisférios que não é possível determinar o local. Além disso, a
manifestação clínica inicia-se, também, de forma generalizada: queda, movimento
tônico-clônico e com salivação (epilepsia tônico-clônico generalizada). É muito
importante saber como a crise se inicia, visto que isto determina não só o prognóstico
de algumas crises, mas também o tratamento.
II. Em relação à etiologia da crise: genética, metabólica, estrutural ou de origem
desconhecida. Terminologia antiga: idiopática (presumivelmente genética),
sintomática (secundária a um distúrbio conhecido ou presumido do cérebro) e
criptogênico (presumivelmente sintomática).
III. De acordo com a idade do paciente.
1. EEG mostrando atividade epileptiforme ritmada na região temporal esquerda, característica de crise de lobo
temporal em paciente com esclerose de hipocampo.
III.Em relação à idade do paciente: a idade de aparecimento das crises epilépticas pode facilitar
o diagnóstico de determinadas síndromes.
A. Período neonatal:
a. Epilepsia Benigna neonatal: geralmente, apresenta histórico familiar, a partir
do primeiro mês de vida, as crises começam a se tornar mais raras até cessar
completamente e, normalmente, o tratamento farmacológico não é
necessário.
b. Mioclônicas precoces relacionada à encefalopatia e síndrome de Othahara:
são crises com difícil controle e, sem o tratamento efetivo, podem levar ao
óbito ainda no período perinatal.
B. Infância:
a. Síndrome de West: geralmente se inicia entre 3 e 12 meses de idade, é
caracterizada por retardo neuropsicomotor, EEG com hipsiarritmia (atividade
generalizada de alta amplitude de pontas e ondas lentas delta/theta, que são
contínuas durante o sono e fragmentadas na vigília, na ausência de atividade
fisiológica normal) e crises caracterizadas por espasmos (Contrações rápidas e
simétricas da musculatura do pescoço, tronco e extremidades, podendo ser
flexor, extensor ou misto, geralmente ao despertar).
b. Síndrome Lenox-Gastaut: entre 2 e 5 anos. Crises refratárias ao tratamento e
com comprometimento neuropsicomotor.
C. Adolescência:
a. Crises mioclônicas juvenis: decorrente de alterações genéticas, bom
prognóstico, boa resposta ao tto farmacológico. Paciente não apresenta atraso
escolar.
Condições especiais:
Epilepsia reflexa; geralmente o paciente tem a crise após um estímulo específico,
como sons agudos, estímulos visuais (Ep. Pokemon).
Epilepsia Gelástica: normalmente ocorre em crianças antes de um ano de idade. A
criança em crise apresenta olhar fixo, risada como uma gargalhada sem motivo. Geralmente
está associado a um harmatoma hipotalâmico. TTTO: cirúrgico e uso de medicamentos.
Encefalopatias epilépticas geralmente acontecem na infância e quanto mais o paciente
convulsiona, maior é o dano neuropsicomotor. Ex: Síndrome de West (retardo cognitivo +
espasmos + hipsiarritmia) – tto: ACTH + corticoide e podemos associar antiepilépticos.
Fisiologia normal das células nervosas e fisiopatologia: para ocorrer uma resposta inicial em
uma célula nervosa é preciso que ocorra um potencial de ação em uma célula que esteja em
um potencial de repouso (célula mais hiperpolarizada - eletronegativa) para que ela seja
despolarizada, tornando-se mais eletropositiva, com a abertura dos canais de sódio. No
terminal pré-sináptico, há os canais de cálcio: entra cálcio, a célula se torna mais
eletropositiva, as vesículas com neurotransmissores vão até a membrana e liberam o NT na
fenda que se ligará ao seu receptor específico na célula pós-sináptica.
O glutamato é o principal neurotransmissor excitatório no Sistema Nervoso Central
(SNC). Os receptores glutamatérgicos são classificados de acordo com as suas propriedades
farmacológicas e funcionais, e são divididos em: receptores ionotrópicos (NMDA, AMPA e
cainato) são aqueles que, quando ativados tornam-se permeáveis a cátions, como sódio (Na+)
e cálcio (Ca2+); e receptores metabotrópicos, que são proteínas transmembrana acopladas a
proteínas Gs que, quando ativados, promovem a modulação de efetores intracelulares
(ativação de segundos mensageiros). A ativação do receptor NMDA permite o fluxo de Na+ e
de Ca2+ para dentro da célula e de K+ para fora da célula. (Glutamato é o acelerador)
O GABA é o principal neurotransmissor inibitório que liga-se aos receptores GABA A
(ionotrópico: quando abre, permite a entrada de Cl-, hiperpolarizando a célula e diminuindo a
sua excitação) e GABA B (receptor metabotrópico, ligado à proteína G). (GABA é o freio)
Os neurotransmissores possuem transportadores na fenda sináptica responsáveis pela
reabsorção e reciclagem deles nos astrócitos, por exemplo.
O equilíbrio entre esses sistemas (acelador, freio e receptação) fazem com que a
transmissão sináptica ocorra corretamente.
Os pacientes com epilepsia apresentam uma excitabilidade das células nervosas maior,
devido a alterações dos receptores NMDA e por aumento da liberação de glutamato,
desencadeando um processo citotóxico, aumentando a produção de radicais livres, em nível
mitocondrial, e ativando uma resposta inflamatória, facilitando a ocorrência de crises
epilépticas. Além disso, alterações nos transportadores de NT podem aumentar a
concentração de glutamato na fenda sináptica, provocando, também, um processo citotóxico e
neuroinflamação.
Diagnóstico
• Exames de imagem (investigar causas estruturais): EEG (se vier normal, ainda não é
possivel descartar epilepsia) e RM de encéfalo.
• Laboratoriais: diagnóstico diferencial ou para complementar a investigação de causas
metabólicas, infecciosas e imunológicas.
• Genética.
1. EEG: no estado de vigília observamos em pessoas normais ondas beta (14-30 Hz) e
alfa (8-13 Hz), têm frequência maior; ondas delta (<3,5 Hz) e theta (4-7 Hz) são
observadas em indivíduos normais em sono profundo. Normalmente se faz
hiperventilação, privação de sono e/ou fotoestímulo para tentar desencadear a
crise durante o exame.
2. RM: não apresenta alteração quando a origem da epilepsia é genética ou
metabólica. Na epilepsia de lobo temporal mesial podemos observar o hipocampo
com um tamanho menor e esclerosado, onde se inicia o foco. Obs: a TC não
apresenta tantos cortes quanto a RM, por isso é preferível fazer RM.
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Encefalopatias epilépticas: são crises epilépticas nas quais a ocorrência da crise provoca
diretamente um retardo neuropsicomotor. Geralmente são síndromes diagnosticadas na
infância, causadas por alterações metabólicas, genéticas, lesões isquêmicas e tóxicas. São
crises de difícil controle, sendo necessário utilizar múltiplos fármacos anticonvulsivantes. Ex.:
Síndrome de West.
Epilepsia na emergência:
• Mover o paciente para um local seguro;
• Colocar o paciente e decúbito lateral para facilitar a eliminação da saliva em excesso;
• Observar se a crise está cessando;
• Se crise > 2 min, administrar medicamento: BDZ, ácido valproico.
Fisiopatologia
A fisiopatologia não é completamente esclarecida, se acredita que fatores genéticos e
ambientais levam à ocorrência de processo inflamatório, estresse oxidativo, ativação da
micróglia e, com isso, ocorre a produção de diferentes citocinas inflamatórias que provocam a
inclusões citoplasmáticas eosinofílicas com formação de agregados de proteínas alfa-
sinucleínas (DP é considerada uma sinucleinopatia), chamados de corpos de Lewy. Os corpos
de Lewy se disseminam via transcelular e ocorre a degeneração neuronal, perpetuando o
processo neurodegenerativo.
Se acreditava que a DP ocorre por degeneração dopaminérgica, mas hoje se fala em
monoaminérgica múltipla (dopamina, serotonina, noradrenalina e também colinérgica), apesar
de a degeneração dopaminérgica ainda ser a mais importante, visto que quando surgem os
sintomas motores da DP, cerca de 80% da dopamina já foi perdida, principalmente na
substância negra. Antes do aparecimento dos sintomas motores não há critério para
diagnosticar a doença.
Outras alterações: em um primeiro estágio, ocorrem lesões nos nervos glossofaríngeo,
vago e do núcleo olfatório anterior. Posteriormente, adicionalmente o mesocórtex, núcleos da
rafe e complexo locus coeruleus sofrem alteração noradrenérgica. Em uma terceira fase, a
substância negra do mesencéfalo sofrem lesões dopaminérgicas provocando os sinais clínicos
característicos para o diagnóstico da doença. Conforme a doença progride, há também uma
degeneração colinérgica no mesocórtex.
Hipótese de dual-hit: teoria de que a fisiopatologia da DP inicia-se em duas
topografias: núcleo olfatório anterior e no intestino, de modo que um agente neurotrópico,
provavelmente viral, entre em contato com o bulbo olfatório, se dissemina no SNC e, além
disso, essas secreções nasais com este agente neurotrópico são deglutidas, no intestino
disseminam pelo plexo mioentérico, com ascensão retrógrada via nervo vago até o tronco
encefálico.
Quadro clínico
Os sintomas motores iniciam-se de forma unilateral, passa a acometer o outro lado do
corpo após alguns meses ou, até, anos, e se mantém assimétrico ao longo da doença. Em 70%
dos casos, o tremor de repouso é o sintoma inicial e até 90% dos pacientes desenvolverão
tremor ao longo da doença, porém na forma rígido-cinética o tremor de repouso pode não
ocorrer. Sendo assim, o tremor de repouso não é um critério de diagnóstico, apenas a
bradicinesia é um sintoma obrigatório. O paciente pode apresentar tremor postural e quase
50% dos pacientes vão ter algum grau de tremor cinético (quando vai pegar algum objeto,
começa a tremer). Os sintomas podem ser agravados com o estresse, deambulação,
desaparece na ação.
A bradicinesia se caracteriza pela hipomimia facial (diminuição da expressão, pisca
menos que o habitual), hipofonia, sialorréia (dificuldade para deglutir, provocando acúmulo de
saliva), micrografia, postura em flexão em uma fase mais avançada, rigidez, instabilidade
postural (pcte de pé, puxamos ele para trás, se ele der mais de três passos para se manter em
pé já é classificado como instabilidade OU quando o pcte já chega na consulta se queixando de
quedas). A primeira alteração na marcha é a redução da amplitude de movimentação dos
braços, se deslocando em bloco e, com o tempo, o paciente passa a caminhar mais inclinado
para frente e, por último, ocorre redução do tamanho dos passos. O pcte pode apresentar
freezing e festinação (passos curtinhos, um atrás do outro depois do congelamento) – ver
vídeo (link no final).
Sinal de Myerson: não é patognomônico da DP, pode ocorrer em outras demências
como D. Alzheimer, é um reflexo primitivo – percute a glabela e o paciente com DP começa a
piscar sem parar, enquanto uma pessoa normal para de piscar.
Sintomas não-motores: alterações de humor, ansiedade, constipação, impotência,
hipotensão postural, entre outros transtornos autonômicos, alteração do olfato (anosmia),
transtorno do sono REM que pode anteceder o diagnóstico da doença (em pessoas normais
ocorre atonia no sono REM, no pcte com DP, ele pode se agitar, chutar, levanta da cama e fala
dormindo durante o sono REM), demenênica ocorre em até 40% do pacientes e alucinação,
principalmente em DP avançada, bradifrenia (lentidão mental), síndrome das pernas inquietas.
Os pacientes podem apresentar algumas deformidades como a
inclinação do tronco (camptocormia) doença de Parkinson deformidade
do tronco e, não se sabe o porquê, mas essa inclinação melhora diante de
um obstáculo e ao se deitar. Já na síndrome de Pisa, o paciente sofre
distonia na qual o paciente fica, involuntariamente, inclinado para o lado
e com a evolução da doença, essa distonia pode evoluir para uma
contratura, de modo que o pcte não consiga sair desta posição e é
acompanhado de dor. A mão estriatal também é uma deformidade que
pode acometer pacientes com DP.
Apresentações clínicas da Doença de Parkinson
1. Forma tremulante: predomina o tremor, é mais brando, prognóstico um pouco
melhor e responde melhor à medicação.
2. Forma rígido-cinética: predomina a rigidez e bradicinesia, apresenta evolução mais
rápida, pode não apresentar tremor de repouso.
Em geral, não há alteração da forma de DP no paciente, contudo, às vezes, com o tto
da bradicinesia (levodopa), o tremor pode se tornar mais evidente e, assim, mudar a
classificação, mas normalmente o pcte se mantém em um padrão. A levodopa não é
eficiente em reduzir o tremor, mas é o melhor tto para a bradicinesia.
Tratamento
O objetivo é controlar os sintomas, já que não existe um tto curativo, nem
neuroprotetor. A levodopa controla os sintomas e ainda é o padrão ouro e o tto é
individualizado. A fase inicial é aquela na qual ainda não temos as complicações motoras,
enquanto na fase avançada, o pcte apresenta freezing, flutuação, fenômeno on-off (pcte “liga
e desliga”, ele toma o remédio, trava e depois volta a ter mais mobilidade novamente),
fenômeno wearing off (é o fenômeno on-off quando vai chegando no final da dose e o pcte
precisa tomar o medicamento novamente, isso é um indicativo fracionar a mesma dose em
várias tomadas – evita-se aumentar a dose por conta de toxicidade e efeitos colateriais)
discinesias. Cuidar com fissura por levodopa, por provocar discinesia.
Evolução da DP
A evolução é variável, geralmente, com mais de 10 anos. A ocorrência de demência
está associada ao maior tempo de evolução da doença e à intensidade da sintomatologia
motora. As complicações clínica levam o paciente ao óbito, como pneumonias, infecção
urinária, TEP (paciente acamado).
Parkinsonismos secundários
Balismo: https://bit.ly/2vqBP3L
O tremor essencial é de ação, tende a ser simétrico bilateral, tem uma história familiar
importante, melhora com a ingesta de bebida alcoolica e, no exame neurológico geral, verificar
se há tremor de repouso, roda denteada (DP) e, também, pedimos para o paciente fazer a
espiral de Arquimedes e ele faz de forma irregular:
Tratamento
Depende da etiologia.
Tremor essencial: primidona, propranolol, gabapentina, topiramato (tratamentos de
primeira linha: são de classes diferentes por não se conhecer a fisiopatologia da doença).
Tremor parkinsoniano: anticolinérgicos (biperideno e triexifenidil), agonistas
dopaminérgicos, precursor da dopamina (levodopa).
Vídeo:
Holmes: encurtador.com.br/mxBD4
Wilson: encurtador.com.br/esyzN
AULA 5: Cefaleia
De acordo com a Associação Internacional de Dor, a cefaleia se aplica a todo processo
doloroso que se origina em estruturas cranianas e/ou faciais, relacionada a um dano tecidual
real ou potencial.
Epidemiologia: 90% dos homens e 95% das mulheres, em algum momento da vida, vão
se apresentar com um quadro de cefaleia. 90% dos casos são cefaleias primárias, isoladas e
benignas, as mais comuns são enxaqueca, também chamada de migrânea, que pode durar até
72 horas e é pulsátil, cefaleia tensional – forma mais prevalente – e cefaleia em salvas. 25%
dos pacientes apresentam crises incapacitantes recorrentes, principalmente em paciente
masculino com cefaleia em salvas, e 4% sofrem de cefaleia crônica diária. É a terceira maior
causa de consulta em ambulatório de clínica médica.
1988 foi criada a classificação internacional de cefaleia e a última revisão foi em 2013.
Primeira classificação: primária (90%), longa evolução com sintomas agudos recorrentes sem
relação com outras patologias e não associada a sintomas focais, ou secundária a uma outra
doença orgânica, como tumor, infecção e trauma, geralmente apresenta uma piora gradual
conforme a evolução da doença de base e provoca dor intensa.
Cefaleias primárias
Enxaqueca: 18% das mulheres, que pode ser agravada ou provocada com o ciclo
menstrual, 6% dos homens, ocorrem mais pela manhã, surge nas três primeiras décadas
de vida. É dividida entre com aura/clássica, sem aura/comum.
A enxaqueca com aura é subclassificada em: Migrânea com aura típica, Migrânea com
aura de tronco encefálico e Migrânea hemiplégica familiar, na qual o sintoma motor com
hemiparesia respeitando um dimidio é a aura.
Cefaleia crônica diária: grupo heterogêneo de cefaleia primárias com duração de 4 horas
por dia, 15 dias ou mais por mês, por pelo menos 3 meses, com grave comprometimento
da qualidade de vida. 50% são casos de migrânea. TTO: toxina botulínica conseguiu reduzir
a intensidade e a frequência da dor. A toxina entrou como tto de primeira linha para
cefaleia crônica e de segunda linha para as cefaleias resistentes. São feitos de 2 a 3 ciclos
com intervalos de 12 semanas, mas ainda não há estudos de longo prazo. Terapia com
anticorpos monoclonais: antiCGRP (fremanezumab), o CGRP um peptídeo relacionado ao
gene da calcitonina e é um potente vasodilatador, processo envolvido nas crises de
enxaqueca e é inibido pelo medicamento.
Migrânea transformada por abuso de analgésico: entra na classificação de cefaleia
crônica diária, ocorre mais de 15 dias por mês, por mais de três meses. O uso excessivo de
analgésico muda as características típicas da dor, ex.: às vezes é pulsátil e às vezes, em
aperto; muda duração média da cefaleia.
Sintomas
Neurônio Inferior (da medula ao músculo): atrofia da musculatura, fasciculações
(espasmos musculares na língua, em MMII e MMSS) e câimbras ou fadiga na musculatura,
por excesso de tentativa de força.
Neurônio Superior: redução de força, hiperreflexia por comprometimento do trato
piramindal, hipertonia inicial que evolui para flacidez conforme ocorre atrofia da
musculatura, além de sinal de Babinski.
ELA definitiva: Sinais de NMS e NMI pelo menos em três regiões (Ex.: perda de
força em MSD – cervical – e MID – lombar – com disartria – tronco).
ELA provável: sinais de NMS e NMI em duas regiões;
ELA provável com suporte laboratorial: alteração em eletroneuromiografia, mas
em estágios iniciais pode não estar alterado ainda.
ELA possível: apenas em uma região; na evidência de sinais clínicos de lesão NMS
associada ao NMI em uma região ou sinais de lesão do NMS em duas ou mais
regiões.
Obs: Na forma paralítica bulbar, os sintomas geralmente são mais axiais, ou seja, o
paciente não se queixa de perda de força em MMSS e MMII, mas sim de disartria,
dificuldade de deglutição, fasciculações na língua e dificuldade da elevação dos
ombros.
Exames complementares:
RM do encéfalo e de medula/ junção craniocervical com ausência de lesão que
explique os sintomas;
Eletroneuromiografia: atraso na transmissão elétrica dos feixes acometidos.
Hemograma, função renal e função hepática: apenas para diagnóstico diferencial de
infecções, doenças inflamatórias, além de acompanhamento da resposta à medicação.
Diagnóstico diferencial:
Esclerose múltipla: idade (população jovem), RM com desmielinização, com
acometimento tanto do cérebro quanto da medula, alteração tanto motora, quanto
sensitiva (hipoestesia, parestesia), dependendo da área acometida, e comportamental ou
cognitiva. A apresentação mais frequente é em surto-remissão, enquanto a ELA é somente
progressiva, sem apresentar períodos de melhora clínica. Exames complementares:
punção de líquor. Terapia de manutenção (tto da doença em si), de resgate (surtos –
corticoide, imunoglobulina, plasmaférese) e sintomático.
Tumor medular e cerebral: exame de imagem.
Sífilis: exames laboratoriais com quadro infeccioso e associada a alterações na
neuroimagem.
Miastenia grave: também é uma doença neuromuscular, caracterizada por perda de
força com padrão que piora ao longo do dia, por um componente de fadigabilidade, com
ptose palpebral. Pesquisa de anticorpos contra receptores muscarínicos do tipo quinase e
nicotínico.
Distrofia muscular progressiva: a evolução é mais lenta e padrão de acomentimento
diferente; alguns casos ocorrem na infância, ocorrência em idosos apresenta anticorpos
específicos e padrão da eletroneuromiografia diferente.
Tratamento e prognóstico:
Acompanhamento fisioterápico, psicoterapia, baclofeno quando há espasticidade, mas
evitar em casos de alteração ventilatória por relaxar a musculatura como um todo,
gastrostomiaem pacientes com engasgos frequentes. Evolução: 50% óbito em 3 anos e
90% em 6 anos com inanição, paralisia respiratória, pneumonias de aspiração.
Fármaco: Riluzol 1cp 50mg, 2xdia. Único medicamento liberado pela ANVISA
com estudo em humanos que comprovou benefício, com aumento da
sobrevida em 3 meses. Os estudos não mostram benefício do tratamento com
100mg em relação ao tto com 50mg. Mecanismo de ação: modulação da
atividade glutamatérica, com redução da excitotoxicidade celular e diminuição
da produção de espécies reativas. Tempo de tto conforme condições clínicas:
se precisar de suporte respiratório, suspende a medicação ou se o pcte
manifestar algum efeito colateral ao início do fármaco ou modificação dos
exames laboratoriais. Critérios para suspensão do tratamento: Quando TGP ou
TGO estiver 5 vezes acima do limite superior da normalidade ou quando
ocorrer citopenia: leucócitos totais < 3.000/mm3 ou neutrófilos < 1.500/mm3
ou plaquetas < 100.000/mm3 ou hemoglobina < 10 g/dl; necessidade de
ventilação assistida.
Atendimento com equipe multidisciplinar é benéfica ao paciente e aumenta
sobrevida.
Terapias adjuvantes antioxidantes (vitaminas C e E, creatina) não trouxe
benefício em humanos, apenas em estudos com animais.
Lítio também não manifestou benefício muscular.
Sonda nasogástrica: quando há suspeita de aspiração (avaliação com
fonoaudiólogo ou REED para ver o trajeto do contraste ao longo do esôfago,
observando-se aspiração do contraste), se inicia queixa de disfagia ou piora do
quadro nutricional/ perda de peso.
Manejo respiratório: espiro me auxilia a escolher entre Cpap, Bipap (não
invasivas com pressão positiva), para pacientes com capidade vital funcional
menor que 50%, ou ventilação mecânica (invasiva).