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Supremo Tribunal Federal

AGRAVO DE INSTRUMENTO 835.442 RIO DE JANEIRO

RELATOR : MIN. LUIZ FUX


AGTE.(S) : MUNICÍPIO DO RIO DE JANEIRO
PROC.(A/S)(ES) : PROCURADOR-GERAL DO MUNICÍPIO DO RIO DE
JANEIRO
AGDO.(A/S) : ALICE DOS SANTOS VASQUES
ADV.(A/S) : EDUARDO IGLESIAS HERRANZ BOUZAN

AGRAVO DE INSTRUMENTO. TEMA


ANÁLOGO. REGRAS DE
HERMENÊUTICA JURÍDICA. UBI
EADEM RATIO IBI IDEM JUS E UBI
EADEM LEGIS RATIO IBI EADEM
DISPOSITIO. RECONHECIMENTO DA
REPERCUSSÃO GERAL NO RE Nº
593.068 (TEMA: 163). TRIBUTÁRIO.
SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL.
REGIME PREVIDENCIÁRIO.
CONTRIBUIÇÃO. BASE DE CÁLCULO.
OUTROS PAGAMENTOS DE CARÁTER
TRANSITÓRIO. LEIS 9.783/1999 E
10.887/2004. CARACTERIZAÇÃO DOS
VALORES COMO REMUNERAÇÃO
(BASE DE CÁLCULO DO TRIBUTO).
DEVOLUÇÃO DO PROCESSO AO
TRIBUNAL DE ORIGEM.
1. In casu, o acórdão impugnado assentou:
Desconto previdenciário incidente sobre
gratificação de produtividade, dita propter
laborem e eventual. Lei Municipal nº 2285/95.
Sentença de procedência, com determinação para
devolução dos valores descontados. Irrelevante,
no caso dos autos, discutir o caráter
contributivo e solidário do regime de previdência
dos servidores, previsto no art. 40, CF. É

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AI 835442 / RJ

indevida a inclusão na base de cálculo da


contribuição previdenciária de parcela não
incorporável aos proventos do servidor, quando
na inatividade. Legislação posterior que
incorpora o valor da gratificação fixa aos
proventos. Possibilidade, a partir de então, da
inclusão do valor respectivo no cálculo do
desconto previdenciário, ressalvada a parcela
variável da gratificação. Inteligência dos arts. 1º
e 3º, da Lei nº 4814/2008. Provimento parcial
do recurso.
2. As transcrições revelam similaridade
entre este caso e aquele que está com
repercussão geral reconhecida. Aplicação
das regras de hermenêutica jurídica
segundo as quais: Ubi eadem ratio ibi idem jus
(onde houver o mesmo fundamento haverá
o mesmo direito) e Ubi eadem legis ratio ibi
eadem dispositio (onde há a mesma razão de
ser, deve prevalecer a mesma razão de
decidir).
3. Dou parcial provimento ao agravo de
instrumento para admitir o recurso
extraordinário, no que diz respeito ao tema
constitucional do art. 40 da Constituição da
República. Determino, por conseguinte, a
devolução dos autos ao Tribunal de origem
(arts. 328, parágrafo único, do RISTF e 543-B
do CPC).

DECISÃO: Trata-se de agravo de instrumento interposto com base no


art. 544 do Código de Processo Civil, contra decisão que inadmitiu
recurso extraordinário, sob o fundamento de que a alegação de ofensa ao

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texto constitucional, acaso existente, seria indireta e reflexa, além de


ausência de prequestionamento explícito do tema.
Nas razões recursais, a parte agravante alega desacerto da decisão
agravada, contrapondo-se, em síntese, aos argumentos do julgado. Pede,
ao fim, o conhecimento do agravo e o provimento do recurso.
Na origem, o recurso extraordinário foi manejado com esteio no art.
102, III, a, da Constituição da República, em face de acórdão do Tribunal
de Justiça do Rio de Janeiro, assim ementado:

“1. Desconto previdenciário incidente sobre gratificação


de produtividade, dita propter laborem e eventual. Lei Municipal
nº 2285/95. Sentença de procedência, com determinação para
devolução dos valores descontados. - 2. Matéria preliminar:
alegada nulidade da sentença que não se sustenta. 3.
Irrelevante, no caso dos autos, discutir o caráter contributivo e
solidário do regime de previdência dos servidores, previsto no
art. 40, CF. - 4. Descontos efetivados por determinação do réu,
cabendo ao Fundo de Previdência apenas o pagamento dos
proventos. Inocorrência de litisconsórcio passivo necessário. - 5.
É indevida a inclusão na base de cálculo da contribuição
previdenciária de parcela não incorporável aos proventos do
servidor, quando na inatividade. - 6. Legislação posterior que
incorpora o valor da gratificação fixa aos proventos.
Possibilidade, a partir de então, da inclusão do valor respectivo
no cálculo do desconto previdenciário, ressalvada a parcela
variável da gratificação. Inteligência dos arts. 1º e 3º, da Lei nº
4814/2008. - 7. Provimento parcial do recurso” (fl. 55).

Os embargos de declaração foram desprovidos (fl. 67).


Nas razões do recurso extraordinário, o recorrente apresenta
preliminar de repercussão geral fundamentada e, no mérito, sustenta
violação aos arts. 5º, LIV e LV, 93, IX, 40 e 149, § 1º, da Constituição
Federal.
Aduz, nesse sentido, que o acórdão impugnado não teria esclarecido
“os motivos pelos quais entende se irrelevante a pretensão de discutir o caráter

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contributivo e solidário do regime de previdência do servidor, estabelecido no art.


40, da CF, já que é exatamente tal regra que autoriza a inclusão da gratificação de
desempenho e produtividade na base de cálculo da contribuição previdenciária”
(fl. 75).
É o relatório. Decido.
Tem razão, em parte, o agravante.
Com efeito, à exceção do art. 40 da Constituição Federal, os demais
dispositivos constitucionais tidos por violados não foram ventilados no
acórdão recorrido, carecendo, assim, do necessário prequestionamento,
que sequer a oposição dos embargos declaratórios tiveram o condão de
ultrapassá-lo. Incide, pois, a súmula nº STF 282.
Quanto ao mais, o acórdão recorrido decidiu pela não incidência na
base de cálculo da contribuição previdenciária do valor pago à servidora
municipal, a título de Gratificação por Desempenho e Produtividade,
durante o período em que esta vantagem detinha natureza não
incorporável aos proventos da futura inatividade.
O Tribunal de origem assim equacionou a discussão:

“O objeto da lide é a cessação de descontos


previdenciários que vêm sendo efetuados no contracheque da
autora, incidindo sobre parcela que não se incorporaria aos
vencimentos, daí ser irrelevante a pretensão do município de
discutir o caráter contributivo e solidário do regime de
previdência dos servidores, previsto no art. 40, CF.
(…)
No mérito, em síntese, insurge-se a autora contra o
desconto previdenciário que vem incidindo sobre a gratificação
por desempenho e produtividade criada pela Lei Municipal nº
2285, de 04/01/95, que não se incorporaria ao seu salário e,
consequentemente, por ocasião da sua aposentadoria, o valor
respectivo também não será incorporado aos seus proventos de
inatividade.
A r. sentença deu pela procedência do pedido, inclusive
determinando a devolução de tudo o que foi descontado, ao
fundamento de que, em se tratando de gratificação de natureza

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propter laborem, cuja percepção cabe apenas enquanto


atendidos os pressupostos legais, não incorporável, indevida a
sua inclusão na base de cálculo para o desconto previdenciário.
Até aí nenhuma ressalva a fazer. Porém com o advento da
Lei Municipal nº 4814, de 18/04/08 (fls. 204/208), a coisa muda
de figura. Reza o art. 1º deste estatuto legal:

‘Art. 1º- O valor do componente fixo da gratificação


por desempenho e produtividade instituída pela Lei nº
2285, de 4 de janeiro de 1995, de acordo com os valores
estabelecidos no Anexo I, será incorporado ao vencimento
das categorias funcionais relacionadas no anexo II’.

E neste anexo II consta, expressamente, a categoria


funcional da autora (Auxiliar de Enfermagem).
Consequentemente, a partir daí o valor correspondente à
referida gratificação deixou de ser eventual e passou a integrar
os proventos da autora, inclusive quando na inatividade, daí
que o desconto passou a ter base legal, a teor do § 1º, art. 6º, da
Lei nº 3344/2001, do seguinte teor:

‘A contribuição mensal obrigatória incidirá sobre a


remuneração integral percebida pelo servidor, excetuadas
as parcelas de caráter eventual, sendo de onze por cento
para os servidores e de vinte e dois por cento para o
município’.

Lógico que tal legislação não tem o condão de tornar


legítimos os descontos anteriores, posto que a incorporação
antes não existia, mas, ao menos, justifica os posteriores ao
novo estatuto legal, ressalvada a existência de valores fixos e
variáveis na gratificação por desempenho e produtividade
instituída pela Lei nº 2285/1995, ex-vi dos seus artigos 1º e 3º,
certo que somente a parcela fixa foi objeto de incorporação.
Assim considerando, merece retoque a r. sentença, ao
menos parcialmente, para adequar o caso dos autos à nova

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situação (...)” (fls. 56-57).

O Supremo Tribunal Federal, no julgamento do RE nº 593.068 (Rel.


Min. Joaquim Barbosa, DJe de 22.5.2009, tema: 163), reconheceu a
repercussão geral de controvérsia cujo objeto da discussão guarda total
pertinência com o que é analisado nestes autos. Confira-se, a propósito, a
ementa do referido julgado:

“CONSTITUCIONAL. REPERCUSSÃO GERAL.


TRIBUTÁRIO. SERVIDOR PÚBLICO FEDERAL. REGIME
PREVIDENCIÁRIO. CONTRIBUIÇÃO. BASE DE
CÁLCULO. TERÇO CONSTITUCIONAL DE FÉRIAS.
GRATIFICAÇÃO NATALINA (DÉCIMO-TERCEIRO
SALÁRIO). HORAS EXTRAS. OUTROS PAGAMENTOS DE
CARÁTER TRANSITÓRIO. LEIS 9.783/1999 E 10.887/2004.
CARACTERIZAÇÃO DOS VALORES COMO
REMUNERAÇÃO (BASE DE CÁLCULO DO TRIBUTO).
ACÓRDÃO QUE CONCLUI PELA PRESENÇA DE
PROPÓSITO ATUARIAL NA INCLUSÃO DOS VALORES
NA BASE DE CÁLCULO DO TRIBUTO (SOLIDARIEDADE
DO SISTEMA DE CUSTEIO). 1. Recurso extraordinário em
que se discute a exigibilidade da contribuição previdenciária
incidente sobre adicionais e gratificações temporárias, tais como
'terço de férias', 'serviços extraordinários', 'adicional noturno', e
'adicional de insalubridade'. Discussão sobre a caracterização
dos valores como remuneração, e, portanto, insertos ou não na
base de cálculo do tributo. Alegada impossibilidade de criação
de fonte de custeio sem contrapartida de benefício direto ao
contribuinte. Alcance do sistema previdenciário solidário e
submetido ao equilíbrio atuarial e financeiro (arts. 40, 150, IV e
195, § 5º da Constituição). 2. Encaminhamento da questão pela
existência de repercussão geral da matéria constitucional
controvertida” (Destaquei).

As transcrições revelam similaridade entre o caso destes autos e


aquele que está com repercussão geral reconhecida. Vale aqui relembrar

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AI 835442 / RJ

duas antigas regras de hermenêutica jurídica segundo as quais: Ubi eadem


ratio ibi idem jus (onde houver o mesmo fundamento haverá o mesmo
direito) e Ubi eadem legis ratio ibi eadem dispositio (onde há a mesma razão
de ser, deve prevalecer a mesma razão de decidir).
Ex positis, dou parcial provimento ao agravo de instrumento para
admitir o recurso extraordinário, no que diz respeito ao tema
constitucional do art. 40 da Constituição da República. Determino, por
conseguinte, a devolução dos autos ao Tribunal de origem (arts. 328,
parágrafo único, do RISTF e 543-B do CPC).
Publique-se.
Brasília, 9 de abril de 2013.
Ministro LUIZ FUX
Relator
Documento assinado digitalmente

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