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Abstract: This article is the result of work under the proposed discipline of Integrative Seminar in the
course of Pedagogy / FACOS, during the first half of 2012. Such considerations are derived from the
proposal to hold through insertions practices, work with research projects in a class of second year of
the municipality of Tramandaí. In these practices research highlights the importance of student
participation, their reflections during class, their reactions to the practice of research and concepts
learned from this method, both by students and by us.
Introdução
O presente artigo tem por objetivo mostrar nossas reflexões como futuras
professoras a partir da experiência de tentar levar para sala de aula a possibilidade
de trabalhar com projetos de pesquisa em uma turma de segundo ano. Com esta
contextualização, que buscou unir teoria e prática, pudemos refletir sobre as
construções, os conhecimentos, as mudanças na educação contemporânea, sobre
os desafios e a necessidade de fazer do trabalho com projetos de pesquisa algo
mais constante e inserido na escola.
A pesquisa como prática constante em sala de aula possibilita ao aluno expor suas
curiosidades, seus interesses, usando-os como caminho científico para construir
novos conhecimentos a partir dos prévios. Através das trocas produzidas nas
relações que se dão entre professor/aluno e aluno/aluno, segundo Lévy (1999,
p.171) acontece a aprendizagem cooperativa.
Assim, nossos objetivos com a proposta de trabalhos com pesquisa em sala de aula
foram os de possibilitar a valorização do conhecimento prévio do aluno ampliando
esse conhecimento de mundo e introduzindo uma prática em que o conceito de
complexidade estivesse inserido valorizando o conhecimento globalizado.
Observação
Realizamos a observação com a turma em quatro horas durante uma manhã. Nesse
tempo foi possível perceber os reais interesses e curiosidades daqueles alunos.
A atividade de mobilização caracteriza-se por ser uma ação que tem como objetivo
motivar os alunos, bem como, auxiliar na percepção do que seriam temas de
interesses dos mesmos para efetivar a pesquisa. Para esse momento, optamos por
desenvolver a atividade Baú de surpresas. Colocamos um baú surpresa no centro
da sala contendo objetos, imagens, fotos antigas, utensílios, brinquedos, cartões
postais, etc. Organizamos a turma em um grande círculo e iniciamos a atividade. A
partir daí mediamos momentos de questionamentos, permitindo que os alunos
usassem a imaginação, manifestando o que achavam que havia dentro do baú.
Enquanto os alunos conversavam sobre o baú e suas possibilidades, nós fazíamos
registros das falas dos mesmos para que servissem de discussão, pois
compreendíamos que o tema de pesquisa poderia surgir antes mesmo de abrir o
baú.
Nosso intuito no decorrer dos planejamentos era construir o projeto de pesquisa com
os alunos a partir da temática escolhida por eles (telefone celular);
Para a pergunta: o que podemos fazer com o celular? As respostas foram: ligar;
jogar; ver TV; ver vídeos; escutar música; dar toque; chamar a polícia; acessar a
internet; mandar mensagem; tirar foto, mandar foto.
-Como as pessoas faziam para se comunicar quando não havia telefone fixo e
telefone celular?
-O que mais os alunos desejavam saber sobre o telefone celular?
A partir dessas respostas, nosso próximo passo foi montar o projeto com a turma,
escolhendo por sugestão e votação dos alunos um nome para o projeto. Os alunos
sugeriram nomes como: pesquisa de testerine; pesquisa de telefone; pesquisa de
pistas; pesquisa de orelhão; o celular nos dias de hoje; pesquisa de fotos e vídeos.
Outro ponto de extrema importância nesse processo de fazer pesquisa foi perceber
a diferença das relações que antes eram muito individuais e posteriormente deram
espaço ao trabalho em grupo. Num primeiro momento, este agrupamento na turma
gerou tumulto e inseguranças nos alunos, por não terem em sua rotina esse tipo de
proposta, em que o trabalho e as aprendizagens se dão de forma coletiva e
autônoma. Contudo, estas inseguranças, ao longo do processo, deram espaço a
momentos de troca, em que os alunos começaram a despertar para atividades
coletivas, para o coleguismo e para a possibilidade de novas descobertas.
O projeto
Este momento em que os alunos tiraram as fotos foi muito significativo, eles
adoraram poder manusear o celular e fizeram suas próprias escolhas, posicionando-
se sobre o que gostariam de registrar, respeitando também a escolha do outro.
Para concluir conversamos sobre o que foi registrado, sobre o que eles fizeram, o
que acharam, suas descobertas e pedimos que os alunos desenhassem e
escrevessem em uma folha do que tiraram foto.
Finalização
Através da etapa é possível evidenciar o que realmente foi aprendido e que novos
conhecimentos foram construídos desde o início.
De momento, achamos que eles não haviam se interessado em ouvir a história, mas
depois percebemos que os próprios fantoches eram uma novidade, algo fora do
habitual. Uma das alunas nos perguntou onde ligava o fantoche, sendo que o
mesmo era um fantoche de pano em que a boca se move pelo movimento da mão.
Outro aluno, ao manusear o fantoche disse: Nossa professora! É assim?... Como se
nunca tivesse tido contato com tal material.
Na produção dos painéis, inicialmente notamos uma dificuldade por parte das
crianças, para trabalhar em grupo e lidar com a proposta de produzir algo, a partir do
que aprenderam nessas práticas. Num segundo momento e com nosso auxilio
estimulando e propondo questionamentos, os grupos começaram a manifestar-se
com autonomia realizando suas escritas, seus desenhos, organizando as fotos a
serem colocadas no painel.
Considerações finais
Aprendemos que o conhecimento deve ser como uma trama, onde o mesmo deve
se entrelaçar e se conectar, não como uma peça solitária num gigante quebra-
Segundo Martins (2001 p. 20) por meio dos projetos de pesquisa os alunos estariam,
por eles mesmos, tendo contato e redescobrindo o conhecimento científico,
adaptando-os ao conhecimento do senso comum e com eles poderiam esclarecer,
explicando os fatos e os problemas estudados.
Aprendemos muito e pudemos observar que o papel do professor está muito além
de dar respostas. Trabalhar com projetos é assim, possibilitar que o aluno tenha a
palavra e construa através da interação, seu próprio conhecimento.
Perrenoud (2002, p. 170), ao falar das Novas Tecnologias cita o trabalho com
projetos como uma proposta metodológica significativa que possibilita o
desenvolvimento de competências, em que para o projeto de fato acontecer, faz-se
necessário à participação efetiva do professor e do aluno em cada etapa do
processo, e é nesse processo de construção vivenciada que se constrói a
aprendizagem de ambas as partes.
Entendemos que não se pode definir culpados nesse momento, o que temos no
currículo hoje se refere a conteúdos pré-determinados e fragmentados, muitas vezes
distantes da realidade e dos reais interesses dos alunos, são reflexos de um modelo
tradicional que ainda está sendo reproduzido por motivos que nos acompanham ao
longo da história. Cabe aqui, ao invés de procurarmos culpados, buscarmos formas
de trazer para a escola, práticas inovadoras que proponham ao aluno a construção
de forma dinâmica e investigativa de seu próprio conhecimento.