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Trabalhando com pesquisa em sala de aula

Ana Cláudia Tedesco dos Santos1


Aline Zacca1
Lígia Beatriz Goulart2

Resumo: O presente artigo é o resultado do trabalho desenvolvido sob a proposta da disciplina de


Seminário Integrador, no curso de Licenciatura em Pedagogia/FACOS, durante o primeiro semestre
de 2012. Tais considerações são oriundas da proposta de realizar por meio de inserções práticas, o
trabalho com Projetos de Pesquisa em uma turma de segundo ano do munícipio de Tramandaí.
Nestas práticas de pesquisa destacaram-se a importância da participação dos alunos, suas reflexões
durante as aulas, suas reações à prática de pesquisa e os conceitos aprendidos a partir deste
método, tanto pelos alunos quanto por nós futuras professoras.

Palavras-chave: pesquisa – ensino - aprendizagem.

Abstract: This article is the result of work under the proposed discipline of Integrative Seminar in the
course of Pedagogy / FACOS, during the first half of 2012. Such considerations are derived from the
proposal to hold through insertions practices, work with research projects in a class of second year of
the municipality of Tramandaí. In these practices research highlights the importance of student
participation, their reflections during class, their reactions to the practice of research and concepts
learned from this method, both by students and by us.

Keywords: research – teaching - learning.

Introdução

O presente artigo tem por objetivo mostrar nossas reflexões como futuras
professoras a partir da experiência de tentar levar para sala de aula a possibilidade
de trabalhar com projetos de pesquisa em uma turma de segundo ano. Com esta
contextualização, que buscou unir teoria e prática, pudemos refletir sobre as
construções, os conhecimentos, as mudanças na educação contemporânea, sobre
os desafios e a necessidade de fazer do trabalho com projetos de pesquisa algo
mais constante e inserido na escola.

Ao inserirmos a pesquisa nas práticas educativas estamos proporcionando


momentos de aprendizagem através de construções interativas com a participação
dos alunos e do professor, ambos agentes de conhecimentos. Partindo do interesse
dos alunos, ou seja, valorizando seu pensar enquanto sujeito, este aprender torna-
se significativo e útil em seu cotidiano. Segundo Hernandez (1998) o projeto de
trabalho é uma forma transgressora de se trabalhar a educação tradicional, na qual

1 Acadêmicas do Curso de Pedagogia da Faculdade Cenecista de Osório.


2 Orientadora Prof. Dra. do Curso de Pedagogia da Faculdade Cenecista de Osório.

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o conhecimento é somente transmitido ao invés de construído, como propõe esta
abordagem.

A pesquisa como prática constante em sala de aula possibilita ao aluno expor suas
curiosidades, seus interesses, usando-os como caminho científico para construir
novos conhecimentos a partir dos prévios. Através das trocas produzidas nas
relações que se dão entre professor/aluno e aluno/aluno, segundo Lévy (1999,
p.171) acontece a aprendizagem cooperativa.

A aprendizagem cooperativa, para Lévy,

É um sinal que vem apontando para um ensino diferenciado no ciberespaço


e que se traduz em inteligência coletiva no domínio educativo. Os
professores e estudantes compartilham os recursos materiais e informativos
de que dispõem, realizam trocas. O aprendizado se dá num fluxo contínuo
tanto para o professor quanto para o estudante que continuamente
atualizam seu aprendizado. (LÉVY 1999, p. 171).

A prática de desenvolver o trabalho com projetos de pesquisa foi realizada em uma


escola Municipal de Ensino Fundamental, na Cidade de Tramandaí, em uma turma
de segundo ano, no turno da manhã.

A partir da proposta da disciplina de Seminário Integrador, no curso de Pedagogia,


fomos lançadas ao desafio de inserir a pesquisa nessa turma de segundo ano,
observando no ambiente escolar os desafios e vantagens de se trabalhar com
projetos de pesquisa na sala de aula.

A pesquisa foi organizada tendo como instrumentos de coleta de dados, os registros


das observações da turma e das ações realizadas durante o trabalho, bem como as
produções realizadas pelos alunos. A mesma aconteceu uma vez por semana, no
turno da manhã, no período de cinco semanas, entre os meses de Maio e Junho do
ano de 2012.

Caminhos para a pesquisa como prática investigadora e consciente

O trabalho com pesquisa é uma ação transformadora que proporciona a atuação


consciente do professor e do aluno sobre a proposta, possibilitando que os

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temposespaços de troca de conhecimentos sejam verdadeiramente de
aprendizagem.

Segundo Martins (2001) trabalhar com pesquisa na escola é colocar em prática a


metodologia do “fazer diferente” adotando como critérios, os conceitos fundamentais
do aprender a conhecer, do aprender a fazer e do aprender a ser pelo conviver.

Nesse processo a ação do professor é a de transformar a aula, valorizando o pensar


do aluno, seus interesses e estabelecendo relações de troca onde o conhecimento
seja compartilhado e tramado num processo coletivo de aprender.

Para Martins (2001), os projetos de pesquisa são propostas pedagógicas


interdisciplinares, compostas de atividades a serem desenvolvidas pelo grupo de
alunos, sob a orientação do professor, destinadas a criar situações de aprendizagem
mais dinâmicas e efetivas, pelo questionamento e pela reflexão.

Assim, nossos objetivos com a proposta de trabalhos com pesquisa em sala de aula
foram os de possibilitar a valorização do conhecimento prévio do aluno ampliando
esse conhecimento de mundo e introduzindo uma prática em que o conceito de
complexidade estivesse inserido valorizando o conhecimento globalizado.

Além disso, buscamos também desenvolver algumas competências e habilidades


criando espaços para que o aluno pudesse: produzir conhecimento através de sua
investigação; ampliar as aprendizagens coletivas e também a transdisciplinariedade,
bem como, sua autonomia, tendo em vista que estaria sendo valorizada a
diversidade de opiniões, o que possibilitaria ao aluno agir e refletir com consciência
crítica.

A metodologia utilizada foi a investigativa, em que se buscou articular uma proposta


de ensino mediadora e significativa.

Com o intuito de perceber se conseguimos alcançar os objetivos propostos, bem


como de avaliar o processo contemplando seu todo, tornando a avaliação constante

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desde seu início, foram utilizados como instrumentos avaliativos: as observações; as
falas e reflexões nossas e dos alunos; as produções escritas e os desenhos, os
painéis, os registros feitos e argumentos utilizados; as contribuições e a interação
com a proposta do projeto, a capacidade de observações, compreensão da proposta
e expressão oral; as relações de trabalho em grupo e as trocas produzidas, a partir
dessas relações.

As etapas do trabalho com projetos de pesquisa

Para desenvolvermos a proposta com projetos de pesquisa na turma de segundo


ano, nos fundamentamos nas ideias de Martins (2001) que afirmam que o projeto
investigativo é uma prática explicitada e estruturada em etapas, prazos, com
metodologia própria, estratégias, hipóteses, coleta de dados, análise, comprovação
e deduções, para alcançar determinados resultados.

Segundo Martins (2001), é preciso encontrar respostas para as seguintes perguntas


quando se propõem pesquisa: O quê? Por que se quer fazer esse trabalho ou
estudo? Para que se fará esse trabalho? Como deve ser feito o trabalho? Assim,
foram essas indagações que nos auxiliaram a organizar esta proposta.

Observação

A observação da turma foi a primeira etapa para iniciarmos o trabalho e foi de


importância fundamental, afinal, as crianças não nos conheciam e por meio da
observação, os alunos puderam se familiarizar com a nossa presença e nós
pudemos nos inserir no cotidiano da turma, percebendo sua dinâmica, suas
manifestações, as atividades desenvolvidas e a metodologia proposta.

Realizamos a observação com a turma em quatro horas durante uma manhã. Nesse
tempo foi possível perceber os reais interesses e curiosidades daqueles alunos.

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Mobilização e escolha do tema

A atividade de mobilização caracteriza-se por ser uma ação que tem como objetivo
motivar os alunos, bem como, auxiliar na percepção do que seriam temas de
interesses dos mesmos para efetivar a pesquisa. Para esse momento, optamos por
desenvolver a atividade Baú de surpresas. Colocamos um baú surpresa no centro
da sala contendo objetos, imagens, fotos antigas, utensílios, brinquedos, cartões
postais, etc. Organizamos a turma em um grande círculo e iniciamos a atividade. A
partir daí mediamos momentos de questionamentos, permitindo que os alunos
usassem a imaginação, manifestando o que achavam que havia dentro do baú.
Enquanto os alunos conversavam sobre o baú e suas possibilidades, nós fazíamos
registros das falas dos mesmos para que servissem de discussão, pois
compreendíamos que o tema de pesquisa poderia surgir antes mesmo de abrir o
baú.

O baú foi aberto e, em trios, as crianças dirigiram-se até o mesmo observando e


escolhendo objetos de seu interesse. Depois, nos reunimos novamente em um
grande círculo e os alunos tiveram de falar sobre o que escolherem, por que
escolheram, o que despertou o interesse pelo objeto de sua escolha. A partir destas
respostas, foram formuladas questões para a pesquisa e pedido aos alunos que
fizessem um desenho sobre o objeto escolhido, o que mais gostariam de saber e
aprender sobre esse objeto, pois os desenhos serviriam de objeto de análise.

A escolha do tema é o resultado da atividade de mobilização, caracterizada pelas


escolhas e interesses dos alunos. Pode ser uma única questão ou várias, essa
escolha pode ser uma decisão da turma, mas também mediada pelo professor.

No nosso caso, a partir da prática de mobilização surgiram três temas de interesse


comum: telefone celular, animais e brinquedos. Considerando que a turma era
grande e encontrava-se em processo de alfabetização, optamos por abordar a
temática que despertou maior interesse, ficando então como tema para o projeto: o
telefone celular.

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Ao refletirmos sobre a atividade de mobilização surgiram muitas indagações, entre
elas: como constatar os reais interesses dos alunos? Será que os interesses
apresentados eram realmente significativos? Será que os interesses manifestados
não eram apenas momentâneos da atividade de mobilização? Dessas reflexões fica
a constatação de que neste momento de tentativas e construções não existe o certo
ou errado e, sim uma busca por novos conhecimentos que nos fundamentem e
auxiliem a como fazer pesquisa na escola.

Planejamento e organização das ações

O planejamento e a organização das ações referem-se aos procedimentos adotados


pelos grupos em conjunto com a professora, para dar andamento na proposta de
trabalho, como: divisão dos grupos, definição dos assuntos a serem pesquisados,
objetivos, recursos, delimitação do tempo de duração.

Nosso intuito no decorrer dos planejamentos era construir o projeto de pesquisa com
os alunos a partir da temática escolhida por eles (telefone celular);

Como procedimentos, realizamos conversas informais com os alunos sobre


telefones para relembrar o tema e fizemos a construção do projeto de pesquisa,
estabelecendo a partir das opiniões dos alunos: o quê pesquisar, por que pesquisar,
como fazer e o que aprendemos ao longo do processo. Fizemos ainda, a confecção
de um livro onde as crianças registraram os passos do projeto e ilustraram cada
etapa com um desenho e nesses escreveram algo que pudesse representar o
mesmo.

Apresentamos também aos alunos imagens e fotos de telefones fixos e telefones


celulares antigos para que a turma pudesse manusear e se apropriar do contexto.
Com os aparelhos celulares as crianças brincaram, fizeram ligações de faz de conta,
tiraram a tampa da bateria para ver se tinha chip. Um dos alunos colocou uma das
imagens de telefone junto ao ouvido e fazia de conta que estava falando ao telefone,
etc. Realmente esse momento foi muito esclarecedor, pois, a partir dele,

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percebemos que o interesse dos alunos estava mais centrado em utilizar o celular,
em ter um telefone e em baixar fotos e imagens.

Tais constatações encaminharam para questionamentos como: o que é o aparelho


de telefone celular e para que serve? Como eles imaginam que era antes do celular
e do telefone fixo existir? O que é possível fazer com o aparelho de celular? Etc.
Diante dos questionamentos feitos as respostas obtidas pelas crianças foram:

Para a pergunta: o que podemos dizer sobre os celulares? As respostas das


crianças foram: que é um aparelho moderno; tem uma carta dentro; relógio;
despertador; calendário; cartão de memória; bateria; chip; carregador; joguinhos;
números; tem fio/ não tem fio; não dá para levar para qualquer lugar; modo de ligar;
parede um computador.

Para a pergunta: o que podemos fazer com o celular? As respostas foram: ligar;
jogar; ver TV; ver vídeos; escutar música; dar toque; chamar a polícia; acessar a
internet; mandar mensagem; tirar foto, mandar foto.

Outro questionamento feito foi: por que usamos o telefone? As crianças


responderam que usamos para ligar para quem está longe; para conversar com as
pessoas.

Buscando despertar ainda mais a curiosidade e provocar os alunos a refletirem


sobre a temática do projeto, perguntamos então:

-Como as pessoas faziam para se comunicar quando não havia telefone fixo e
telefone celular?
-O que mais os alunos desejavam saber sobre o telefone celular?

Para a primeira pergunta os alunos disseram que para as pessoas se comunicarem


tinham que se encontrar; usar o orelhão; viajar para encontrar a pessoa; mandar
carta. Na segunda pergunta os alunos manifestaram interesse em saber como
visualizar as coisas no telefone, como entrar na internet.

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Quando perguntamos o que é pesquisar, as respostas foram bem definidas: procurar
pistas; estudar.

A partir dessas respostas, nosso próximo passo foi montar o projeto com a turma,
escolhendo por sugestão e votação dos alunos um nome para o projeto. Os alunos
sugeriram nomes como: pesquisa de testerine; pesquisa de telefone; pesquisa de
pistas; pesquisa de orelhão; o celular nos dias de hoje; pesquisa de fotos e vídeos.

Por votação, o nome escolhido foi: Projeto Pesquisando fotos e vídeos.

Depois, realizamos a construção do roteiro do projeto com os alunos em que os


mesmos construíram um livrinho, feito com folhas sulfite, contendo o registro dos
momentos do projeto:

Nome: Pesquisando fotos e vídeos


O que queremos saber? Telefone celular
Para que queremos saber? Descobrir, pesquisar, aprender, estudar.
Como faremos para saber? Entrevista, internet, jornais e revistas.

Durante as etapas do trabalho com projetos, percebemos como as abordagens


propostas provocaram os alunos e chamava a atenção dos mesmos para a
curiosidade, para a construção de algo próprio deles.

Outro ponto de extrema importância nesse processo de fazer pesquisa foi perceber
a diferença das relações que antes eram muito individuais e posteriormente deram
espaço ao trabalho em grupo. Num primeiro momento, este agrupamento na turma
gerou tumulto e inseguranças nos alunos, por não terem em sua rotina esse tipo de
proposta, em que o trabalho e as aprendizagens se dão de forma coletiva e
autônoma. Contudo, estas inseguranças, ao longo do processo, deram espaço a
momentos de troca, em que os alunos começaram a despertar para atividades
coletivas, para o coleguismo e para a possibilidade de novas descobertas.

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Percebemos que as crianças não estão acostumadas a trabalhar desta maneira, ou
seja, opinando sobre a aula ou dando ideias para a mesma. Notamos que para que
falassem sobre suas vontades e opiniões era preciso muita energia, muita
provocação do professor. Poucas crianças falavam, algumas não conseguiam
entender o que era proposto, não escutavam, não prestavam atenção porque
estavam livres e acabavam por se dispersar.

O projeto

No primeiro momento procuramos questionar os alunos sobre quais tipos de


registros poderíamos fazer com o celular e como poderíamos realizar esses
registros.

Depois apresentamos a eles celulares e organizamos a turma para uma saída ao


pátio da escola. Estipulamos as regras para a saída e formulamos os objetivos e
passos dos registros assim como o trabalho a ser realizado pelos alunos no grupo.
Durante a saída ao pátio, pedimos aos alunos que fizessem seus registros tirando
fotos do que achassem que era interessante. Contudo, os alunos deveriam explicar
o porquê de seus registros.

Este momento em que os alunos tiraram as fotos foi muito significativo, eles
adoraram poder manusear o celular e fizeram suas próprias escolhas, posicionando-
se sobre o que gostariam de registrar, respeitando também a escolha do outro.

Num segundo momento, propomos uma entrevista gravada ou filmagem onde os


alunos deveriam entrevistar os colegas. Um aluno deveria filmar e o outro deveria
ser o entrevistado.

Para concluir conversamos sobre o que foi registrado, sobre o que eles fizeram, o
que acharam, suas descobertas e pedimos que os alunos desenhassem e
escrevessem em uma folha do que tiraram foto.

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Foi interessante notar que nos desenhos os alunos esboçaram bem o que foi
significativo, alguns desenharam o próprio celular, outros desenham as fotos que
tiraram dos colegas, das árvores, do cachorro que havia no pátio.

Em relação às atividades das etapas de construção da pesquisa pelos alunos em


sala de aula, tivemos em vários momentos inseguranças e incertezas quanto ao que
estava sendo proposto, pois este trabalho não teve o propósito de priorizar os
conteúdos e sim os conceitos aprendidos durante todo o processo, e estes conceitos
não estavam aparentes, não eram escritos no quadro negro, não apareciam escritos
nos cadernos dos alunos.

Finalização

Na etapa de finalização deve ocorrer um fechamento do projeto com algo que


registre toda a construção realizada pelos alunos, como por exemplo: a produção de
um vídeo dos registros feitos pelos alunos por meio das fotos, a produção de
cartazes, de um blog, de um jornal, etc;

Através da etapa é possível evidenciar o que realmente foi aprendido e que novos
conhecimentos foram construídos desde o início.

Em nossa etapa de finalização promovemos a apresentação de um vídeo feito no


MovieMaker das fotos e dos vídeos produzidos pelos próprios alunos durante a
saída ao pátio.

Neste momento as crianças se envolveram totalmente ao perceber no vídeo um


pouco deles e de suas vivências. Os olhos brilhavam e as falas ouvidas eram
contextualizadas com o que haviam vivido na experiência de poder tirar fotos. Os
alunos falavam sobre os colegas que apareciam, reconheciam suas fotos,
questionavam algumas fotos como quem tirou e por que. Foi um momento muito
especial!

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Após, fizemos a contação de uma história com fantoches, onde a história abordava o
contexto histórico do telefone: quando surgiu, onde surgiu, por que, etc.
Conversamos sobre o que eles viram no vídeo, o que chamou mais atenção e para
concluir, os alunos, em grupo, construíram um painel com as fotos tiradas por eles e
com frases escreveram o que mais gostaram, o que fizeram, etc.

De momento, achamos que eles não haviam se interessado em ouvir a história, mas
depois percebemos que os próprios fantoches eram uma novidade, algo fora do
habitual. Uma das alunas nos perguntou onde ligava o fantoche, sendo que o
mesmo era um fantoche de pano em que a boca se move pelo movimento da mão.
Outro aluno, ao manusear o fantoche disse: Nossa professora! É assim?... Como se
nunca tivesse tido contato com tal material.

Na produção dos painéis, inicialmente notamos uma dificuldade por parte das
crianças, para trabalhar em grupo e lidar com a proposta de produzir algo, a partir do
que aprenderam nessas práticas. Num segundo momento e com nosso auxilio
estimulando e propondo questionamentos, os grupos começaram a manifestar-se
com autonomia realizando suas escritas, seus desenhos, organizando as fotos a
serem colocadas no painel.

Identificamos que ao final, a ideia de um só deu lugar ao conceito de grupo, de


coleguismo, pois na hora de mostrar o painel, os alunos vieram juntos e fizeram
questão de auxiliar na colocação e visualizar onde ficou, apontando para o que cada
um tinha feito.

Considerações finais

Ao nos depararmos com a possibilidade de inserção no ambiente escolar fazendo


pesquisa e de proporcionar aos alunos que também vivenciassem esta experiência,
percebemos os grandes desafios que estariam pela frente.

Aprendemos que o conhecimento deve ser como uma trama, onde o mesmo deve
se entrelaçar e se conectar, não como uma peça solitária num gigante quebra-

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cabeça, mas como algo que não se separa, que não comporta uma dimensão linear,
sistemática. Uma trama que se torna um todo, que assume o global. Uma trama que
promove o encontro com os conhecimentos já interiorizados, mas também com as
novas informações, gerando novas aprendizagens e novos conhecimentos. Onde o
eu-sujeito não aprende mais sozinho, mas numa coletividade.

Martins salienta que:

O educador que tem como compromisso ser agente de transformação social


não pode deixar de procurar o melhor caminho para vencer o desafio de
mudar seu próprio modo de pensar e de proceder, tampouco pode esquecer
sua missão de facilitador do crescimento de seus alunos, contribuindo,
desse modo, para que as gerações futuras possam usufruir uma existência
mais digna. (MARTINS, 2001, p. 11)

Ao propormos as atividades práticas em sala de aula nos damos conta de que


infelizmente a realidade das escolas não corresponde aos nossos anseios como
educadores. A escola ainda segue a linha tradicional em que os conceitos a serem
transmitidos devem seguir o cronograma curricular e que os alunos não têm contato
com o que deveria existir desde o início da vida escolar: fazer pesquisa.

Segundo Martins (2001 p. 20) por meio dos projetos de pesquisa os alunos estariam,
por eles mesmos, tendo contato e redescobrindo o conhecimento científico,
adaptando-os ao conhecimento do senso comum e com eles poderiam esclarecer,
explicando os fatos e os problemas estudados.

O contato com a escola e com as exigências do currículo tradicional, um currículo


ainda muito presente, nos fez refletir criticamente sobre o comprometimento do
papel do educador, bem como, da imensidão de competências que devemos
desenvolver com nossos alunos, tais como: organização, trabalho em equipe,
agilidade, observação, sensibilidade, autonomia, liderança, expressão corporal,
atenção, e tantas outras.

Preocupamo-nos desde o início com os conceitos que estaríamos construindo com


os alunos, o que de concreto estaríamos deixando, mas não nos demos conta de
que estávamos ainda atreladas à necessidade do currículo tradicional. Por meio do
projeto de pesquisa em que os alunos escolheram e vivenciaram seu tema, muitos

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novos conceitos foram trabalhados, como as capacidades de observação, o
desenvolvimento da linguagem visual que exigem do aluno concentração,
perspectiva de foco e de ângulo, criatividade, capacidades de argumentação de falar
sobre, de representação, de atenção, de refletir sobre suas produções e ações, o
que desenvolve sua autonomia e promove seu crescimento como sujeito de seu
conhecimento.

Aprendemos muito e pudemos observar que o papel do professor está muito além
de dar respostas. Trabalhar com projetos é assim, possibilitar que o aluno tenha a
palavra e construa através da interação, seu próprio conhecimento.

Perrenoud (2002, p. 170), ao falar das Novas Tecnologias cita o trabalho com
projetos como uma proposta metodológica significativa que possibilita o
desenvolvimento de competências, em que para o projeto de fato acontecer, faz-se
necessário à participação efetiva do professor e do aluno em cada etapa do
processo, e é nesse processo de construção vivenciada que se constrói a
aprendizagem de ambas as partes.

Com certeza, estes encontros com os alunos foram muito importantes e


significativos para nossa construção acadêmica, pois nos permitiu refletir sobre a
sala de aula, sobre os alunos e sobre como podemos tornar significativo o aprender
utilizando o trabalho com projetos.

Entendemos que não se pode definir culpados nesse momento, o que temos no
currículo hoje se refere a conteúdos pré-determinados e fragmentados, muitas vezes
distantes da realidade e dos reais interesses dos alunos, são reflexos de um modelo
tradicional que ainda está sendo reproduzido por motivos que nos acompanham ao
longo da história. Cabe aqui, ao invés de procurarmos culpados, buscarmos formas
de trazer para a escola, práticas inovadoras que proponham ao aluno a construção
de forma dinâmica e investigativa de seu próprio conhecimento.

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Referências

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Maria Salete Prado; CZESZAK, Wanderlucy A. A. Corrêa. Educação na
Cibercultura: Comunidades de aprendizagem para mobilização da inteligência
coletiva. São Paulo: 2008.

HERNÁNDEZ, Fernando. Transgressão e mudança na educação: os projetos de


trabalho. Porto Alegre: Artmed, 1998.

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fundamental ao ensino médio. Campinas: Papirus, 2001.

PERRENOUD, Philippe. As competências para ensinar no século XXI: a


formação dos professores e o desafio da avaliação. Porto Alegre: Artmed, 2002.

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