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Ducae Ibraimo

O matrimónio

Licenciatura em ensino básico

Universidade Pedagógica

Montepuez

2019
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Ducae Ibraimo

O matrimónio

Trabalho de carácter avaliativo do curso de


ensino básico a distancia, da cadeira de
antropologia cultural de Moçambique,
leccionado pelo:

MA: Mário Adolfo Januário

Universidade Pedagógica

Montepuez

2019
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Introdução

O presente trabalho de antropologia cultural de Moçambique tem como tema Matrimónio em


diferentes povos e culturas de Moçambique, e eu como Macua vou descrever neste povo como
acontece este matrimónio. Pôs parte-se do facto que os protagonistas iniciais de uma família,
marido e mulher não são parentes consanguíneos. Os laços de afinidade têm uma grande
importância no conjunto da organização social de qualquer agrupamento humano. Este tipo de
relação, mesmo em sociedades de grande escala, é responsável em grande percentagem, pela
distribuição de benefícios, pela luta na diminuição de distâncias sociais e por muitas alianças nos
outros sectores da vida. Tendo em conta a multiplicidade de Moçambique, é evidente a
diversidade de formas de casamento, ritos, normas, proibições e hábitos. Pelo que não é correcto
falarmos de uma única forma de casamento em Moçambique. Devemos, pelo menos, termos em
conta as grandes áreas culturais que constituem Moçambique.

Objectivo

 Descrever o matrimónio do povo macua.

Para a realização do presente trabalho houve a consulta de algumas referências bibliográficas que
constam na página final.
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O matrimónio

Casamento macua nas suas linhas gerais

Referente ao casamento, o povo macua na sua generalidade é matrilinear, exogámico e


matriarcal (uxorilocal).

Terminologia

A terminologia comum usada em relação ao casamento é a seguinte:

OTHELA.......................................... Casar-se (referindo-se ao homem);


OTHELIWA.................................... Ser casada (referindo-se à mulher);
OTHELANA................................... Matrimónio (referido aos dois);
OTHELIHA..................................... Fazer casar, celebrar o casamento;
OKWATI.......................................... Casamento;
MWARA............................................ Esposa;
IYA..................................................... Marido.

O processo matrimonial

Os macuas devem casar-se fora da linhagem, pelo que o casamento é exogámico. É proibido
casar dentro do próprio grupo familiar, entre os que têm o mesmo apelido (NIHIMO). Por isso a
tradição aconselha muito cuidado em saber, desde o início, a que linhagem pertence cada um dos
futuros cônjuges, para não incorrerem na proibição do casamento entre pessoas da mesma
linhagem.

Apresento esquematicamente a sequência do processo sem descrever os ritos.

1ª Fase: período de negociação


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Conhecimentos Dos Noivos

 Consulta da autoridade familiar;


 O acordo;
 A primeira aceitação;
 A entrega do noivo à família da noiva;

2ª Fase: período de prova

 Tempo de prova;
 O consentimento.

3ª Fase: a festa comunitária

 O encontro dos noivos;


 A entrada no novo lar;
 Aclamação e prendas;
 A refeição comum.

Aspectos do casamento macua

Aspecto vital

O casamento é um acontecimento que ocupa um lugar importante no ciclo vital. Pelo casamento,
o homem e a mulher, formando a célula elementar da sociedade, colocam-se ao serviço directo e
concreto da transmissão da vida e dos valores do seu povo. Desta maneira integram-se na
corrente vital, participando na função dos antepassados, intermediários entre a fonte original da
vida e os homens. O casamento tem o seu fundamento neles e a sua raiz está na fonte da vida. O
tal propósito, o pensamento macua é muito claro:

Othelana Ori Mwa Makholo


O casamento fundamenta-se nos antepassados
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Por isso o casamento, no seu aspecto funcional, serve de fundamento às relações humanas, está o
serviço da família.
Othelana Omusi
Casar-se é construir a família

Okhala Nteko Olima


Ter uma casa é cultivar

O acto conjugal é considerado como união vital profunda com o passado que se faz presente
(comunhão com os antepassados que continuam “viventes”), com o futuro (comunhão com os
descendentes que são chamados à vida, os filhos), e com os elementos do cosmos (comunhão
com a natureza), sendo, por isso, um sinal da união total que o indivíduo sente na vida. Nesta
união, os filhos são o elo de união sempre necessário.

Por isso não admira que determinados momentos do ritual macua, apareça a união sexual, como
elemento constituinte simbólico.

Aspecto comunitário

O casamento, na sociedade macua, não é, de forma nenhuma, um assunto particular, que


interessa só aos dois nubentes. Nesta sociedade, o casamento tem um valor comunitário de
primeira grandeza, que transparece logo nos primeiros ritos e, depois, em cada uma das
sequências rituais, até chegar à conclusão de todo o processo. São as famílias dos noivos as
primeiras interessadas em arranjar e preparar adequadamente tudo o que está relacionado com o
casamento. Na prática, é a consistência, os valores e o futuro do grupo familiar que está em jogo,
e um assunto de tal importância não pode ser abandonado nas mãos dos dois jovens que vão
casar.

O casamento significa a entrada de um novo membro na família, um aumento numérico e


qualitativo, garantia segura do fortalecimento da linhagem. A família alarga-se, multiplicam-se
os membros dela, aprofundasse nas raízes originais e projecta-se com segurança palpável no
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futuro. É esta a grandeza do matrimónio macua: o prolongamento dos membros das famílias se
une até aos antepassados. Por tudo isto, podemos dizer que o matrimónio está ao serviço da
comunhão vital dentro da própria família intercâmbio vital entre as famílias que integram a
sociedade. Sendo assim, a importância comunitária está em primeiro lugar:

Othelana Onrwa Malumi Maili


O matrimónio vem de duas chamas

Othelana Onrwa Malumi Maili


O matrimónio vem da família

Othela etthu yorera, mutthu onnawasa


Amannya
Casar-se é coisas boas, a pessoas encontra uma mãe

Aspecto pessoal

A dimensão comunitária do matrimónio não destrói o factor pessoal e individual de quem se casa
na sociedade macua; isto, apesar de uma observação superficial ou uma análise realizada a partir
de padrões culturais ocidentais pode levar a uma conclusão de sinal contrário.

Na cultura, a personalidade cresce integralmente na medida em que vive e participa na vida


comunitária. Isto realiza-se de uma maneira muito privilegiada no casamento. Daí podemos
afirmar que, neste contexto cultural, o casamento, para além da união entre duas famílias, é a
união de duas pessoas em ordem à mútua complementaridade e perfeição pessoal,
por meio da interajuda, pela vivência da afectividade e equilíbrio sexual. O homem cresce na
mulher e com ela se aperfeiçoa. E vice-versa, ou seja, a mulher cresce no homem e com ele se
aperfeiçoa.

Todas estas considerações sobre o casamento macua estão presentes na sabedoria popular:
 Liberdade no amor
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Othela Khonleliwa
Casar-se ninguém o faz porque lhe foi dito

Othelana kahiri okhala


Muthari
Casar-se não significa ser escravo

Othelana Murima
Casar-se é seguir o coração

Otthunana onanvahaniwa si
Ikhata
Amar-se é ajudar-se como os dedos

Wiwanana ori atthu eli;


Aneraru t”owatha
Entender-se bem é fácil entre dois;
Se houver um terceiro, é intriga

Mulopwana murette wa
Muthiyana
O homem é remédio para a mulher

Ekarawa emosa khenanla


(khenruma)
A pulseira de metal, sozinha, não tilinta

Mulopwana, epaso; muthiyana,


Ehipa
O homem é machado; a mulher, enxada
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Desenvolvimento da personalidade

Othelana Olipe
Se te casaras serás forte

Othela wileva
Casar-se é dedicar-se

Aiwa omala orunwiha eteko


A concórdia engrandece o casal

Atthu awiwanana watxa


Makholo
Pessoas unidas, muito velhas.

Valor pedagógico do processo

Para MATOS (1974), diz que:

O matrimónio, no contexto cultural macua, não se deduz à celebração de um


acto ou ao facto isolado de um contrato entre os noivos. O matrimónio, no nosso
caso, é um processo que põe em evidência e eficácia da inserção progressiva dos
cônjuges na sociedade. É um processo harmónico em todas as suas partes, que,
vivido durante vários meses, deixa espaço suficiente para que os protagonistas
do mesmo assumam conscientemente o seu novo estado social. Nele se vive,
progressivamente, os vários elementos da vida conjugal: integração afectiva,
relações sexuais, colaboração e solidariedade nas responsabilidades caseiras, na
transmissão da vida e dos valores culturais.

Nesta pedagogia do processo matrimonial se vão preparando os noivos para assumirem


completamente as suas responsabilidades em ordem a um crescimento humano que tenha em
consideração os vários aspectos da vida familiar (MATOS, 1974).
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Sistema de parentesco macua

Mas para MAZULA (1973), diz que O sistema de linhagem macua é unilinear, martilinear,
uxorilocal e exogámico. Apresentamos os pontos específicos que abrangem a área da linhagem
na sociedade macua, tendo em consideração que as normas que configuram os ramos da
linhagem variam de cultura para cultura.

Funções

De entre as funções que caracterizam o matrimónio macua, realçarei as seguintes: (MATOS,


1974).

 Legais: estabelecer a legalidade de descendência e da herança;


 Sociais: estabelecer uma relação de afinidade com a família da esposa, por parte do
marido;
 Sexuais: dar ao marido o monopólio sobre a vida sexual da esposa e vice-versa, a não ser
nos casos previstos pelas leis tradicionais (relações rituais, relações de hospitalidade e
relações em caso de esterilidade);
 Económicas: criar direitos mútuos sobre o trabalho de cada um dos cônjuges,
estabelecendo-se desta forma, uma ajuda económica mútua.

Forma

O matrimónio macua admite as seguintes formas:

 Monogamia;
 Poligamia: admitida generalmente como factor e sinal de poder, grandeza e riqueza e
igualmente em caso de esterilidade ou doença grave permanente da esposa.
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Conclusão

Feito o trabalho conclui se que O matrimónio, no contexto cultural macua, não se deduz à
celebração de um acto ou ao facto isolado de um contrato entre os noivos. O matrimónio, no
nosso caso, é um processo que põe em evidência e eficácia da inserção progressiva dos cônjuges
na sociedade. É um processo harmónico em todas as suas partes, que, vivido durante vários
meses, deixa espaço suficiente para que os protagonistas do mesmo assumam conscientemente o
seu novo estado social. Nele se vive, progressivamente, os vários elementos da vida conjugal:
integração afectiva, relações sexuais, colaboração e solidariedade nas responsabilidades caseiras,
na transmissão da vida e dos valores culturais.
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Bibliografia

CISCATO, E., Mil Provérbios Lomwe, Apostolado pelo Livro e pela Liturgia, Quelimane, s.d. -
FOX, R., Kinship and Marriage, Penguin Books, Middlessex, 1967.

HERITIER, F., L”Exercice de la Parenté. Editions du Seuil, Paris, 1981.

- LERMA MARTÍNEZ, F., El Pueblo Macua y su Cultura, Universidad Católica de San


Antonio, Múrcia, 1998, trad. Portuguesa, O Povo Macua e a sua Cultura. Instituto de
Investigação Científica Tropical, Lisboa, 1989.

LEVI-STRAUSS, C., Les Structures Élèmentaires de la Parenté. Presses Universitaires de


France, Paris, 1949, trad. Portuguesa, As Estruturas Elementares do Parentesco. Editora
Vozes/EDUSP, Petrópolis, 1976.

LINTON, R., The Study of Man: Na Introduction. New York, 1936, trad. Portuguesa, O
Homem: Uma Introdução à antropologia. Martins Fontes, São Paulo, 1987 (12ª ed.).

MAIR, L., Na Introduction to Social Anthopology. Oxford University Press, Oxford, 1965, trad.
Portuguesa. Introdução à Antropologia Social. Zahar Editores, Rio de Janeiro, 1984 (6ª Ed.).

MATOS, A., Dicionário Português-Macua, Junta de Investigações Científicas do Ultramar,


Lisboa, 1974.

MAZULA, B., Traços Gerais do Matrimónio entre os Makuas-Wayao- Nyanja do Niassa.


Secretariado de Pastoral, Nova Freixo, 1973, policopiado.
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Índice
Introdução ....................................................................................................................................... 3

Objectivo ......................................................................................................................................... 3

O matrimónio .................................................................................................................................. 4

Casamento macua nas suas linhas gerais ........................................................................................ 4

Terminologia ................................................................................................................................... 4

O processo matrimonial .................................................................................................................. 4

1ª Fase: período de negociação ....................................................................................................... 4

Conhecimentos Dos Noivos ............................................................................................................ 5

2ª Fase: período de prova ................................................................................................................ 5

3ª Fase: a festa comunitária............................................................................................................. 5

Aspectos do casamento macua........................................................................................................ 5

Aspecto vital ................................................................................................................................... 5

Aspecto comunitário ....................................................................................................................... 6

Aspecto pessoal ............................................................................................................................... 7

Desenvolvimento da personalidade ................................................................................................ 9

Valor pedagógico do processo ........................................................................................................ 9

Sistema de parentesco macua........................................................................................................ 10

Funções ......................................................................................................................................... 10

Forma ............................................................................................................................................ 10

Conclusão...................................................................................................................................... 11

Bibliografia ................................................................................................................................... 12

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