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Fundações para Linhas de Transmissão

- Dimensionamento e Execução -
Crysthian Purcino Bernardes Azevedo

Fundações para Linhas de Transmissão


- Dimensionamento e Execução -

Belo Horizonte • 2011


Ficha Catalográfica
Bibliotecária: Denise Cristina de Castro CRB 1941-6

A994 Azevedo, Crysthian Purcino Bernardes


Fundações para linhas de transmissão: dimensionamento e execução /
Crysthian Purcino Bernardes Azevedo. – Belo Horizonte: Fundac-BH, 2009.
411 p.: il.; 21 cm.
ISBN 978-85-85477-27-1
1. Engenharia – história. 2. Engenharia – currículo. 3. Engenharia – estudo
e ensino. I. Título.
CDU 62(091)

www.fundac.org.br

Diagramação, fotografia e arte da capa: Josemar Lucas


Agradecimentos

Ao Deus da minha vida por ter mandado seu filho Jesus Cristo para
morrer pelos meus pecados e pela nova vida que me deu. Pela força dada
diante das lutas que me trouxeram aqui neste ponto. Pelo Espírito Santo que
me consola e me permite sorrir sempre, mesmo diante de desafios aparen-
temente intransponíveis.
À minha querida e amada esposa Keila. Te amo! Que mulher surpre-
endente. Meu amor por você cresce a cada dia! Soube sempre superar as difi-
culdades e individualidades entendendo que o sonho é nosso e não somente
meu. Obrigado pelo seu amor e dedicação. Este livro é nosso!
Aos Engº João Batista (Joãozinho) e Engº Roberto Perona que me
deram a oportunidade como estagiário de engenharia de fundações. Ao
Rogério Guimarães que confiou no profissional e permitiu que eu tivesse
hoje uma profissão: engenheiro de fundações. Ao Engº Mágico Gonzaga e
Engº Mauro Célio pelos conhecimentos práticos de execução de obras. A
todos os clientes que comentam os projetos acrescentando conhecimentos
de detalhes específicos. Ao Engº Hudson Wagner pela nova oportunidade
na área. A Engª Maria Guilhermina pelo apoio e confiança neste projeto.
Ao Engº Evanildo Ribas pela aprovação e apoio deste projeto. A LEME
Engenharia pelo patrocínio e confiança técnica nesta publicação. Aos meus
amados irmãos em Cristo pelas orações. Eis mais uma obra para honra e
glória de Deus.
Então, falou Jesus às multidões e aos seus discípulos: Na cadeira de Moisés se
assentaram os escribas e os fariseus. Fazei e guardai, pois, tudo quanto eles vos disserem,
porém não os imiteis nas suas obras; porque dizem e não fazem. Atam fardos pesados [e
difíceis de carregar] e os põem sobre os ombros dos homens, entretanto, eles mesmos nem
com o dedo querem movê-los. Praticam, porém, todas as suas obras com o fim de serem
vistos dos homens; pois alargam os seus filactérios e alongam as suas franjas. Amam o
primeiro lugar nos banquetes e as primeiras cadeiras nas sinagogas, as saudações nas pra-
ças e o serem chamados mestres pelos homens. Vós, porém, não sereis chamados mestres,
porque um só é vosso Mestre, e vós todos sois irmãos. (Mt. 23:1-8)
Dados biográficos

Filho de Dona Solange e do Seu Rafael, irmão do Dí e do Kennedy.


Foi gerado em Bom Despacho e nasceu em Pará de Minas. Cresceu no cen-
tro de Belo Horizonte, próximo e dentro do Parque Municipal. Cursou o
1º grau na Escola Estadual Afonso Pena e o 2º grau no Estadual Central e
Colégio Pitágoras, ambos na capital mineira.
Engenheiro Civil pela UFMG em 2000 passou 3 anos em construções
de Linhas de Transmissão (Rio Grande do Sul, Pará, Maranhão e Argentina).
Retonrou a Belo Horizonte em 2003 quando cursou Especialização em Ge-
otecnia Ambiental pela UFMG. No ano seguinte concluiu a Especialização
em Engenharia de Estruturas, pela UFMG. Em 2006, tournou-se mestre em
Engenharia Civil, também pela UFMG.
Hoje, com Doutorado, é professor substituto do Departamento de
Estruturas da UFMG. Profissionalmente compõe a equipe de engenheiros
do Núvleo Civil da Linha de Produtos e Sistemas Elétricos da Leme Enge-
nharia.
Planeja iniciar um MBA em Gestão de Projetos e Pessoas para aper-
feiçoar seu crescimento profissional.
Prefácio

Este livro Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamen-


to e Execução, vem preencher uma importante lacuna na bibliografia técnica
disponível sobre fundações, particularmente sobre fundações para linhas de
transmissão. Talvez esta lacuna até então existente, possa ser explicada, em
parte, pela especificidade destas fundações. Com efeito, muito embora todas
as fundações tenham as mesmas funções básicas, quais sejam, as de supor-
tar os carregamentos oriundos da super-estrutura transmitindo-os de forma
compatível à capacidade de resistência dos solos, as fundações para linhas de
transmissão possuem algumas características que as distinguem das demais.
Em primeiro lugar, pode-se destacar o elevado número de fundações que
compõem cada projeto, alcançado facilmente a casa de milhares de unida-
des. Por outro lado, há que se recordar que, pelas suas extensões, as linhas
de transmissão freqüentemente costumam atravessar variados tipos de solo
em um só projeto. Outro aspecto ainda bastante relevante a ser observado
no projeto destas fundações, é a composição dos carregamentos a que estão
submetidas. Sempre existem elevadas cargas de arrancamento, quase iguais
às cargas de compressão, associadas com cargas horizontais significativas.
Por esta razão, uma bibliografia que abordasse tema tão complexo e
extenso como as fundações para linhas de transmissão, precisaria ser escrita
por alguém que tivesse profundo conhecimento das incertezas que envolvem
as questões relacionadas à mecânica dos solos, bem como uma razoável ex-
periência prática de execuções de fundações no campo. É exatamente o que
ocorre com o autor deste livro. Tendo o mesmo a oportunidade de trabalhar
no universo da indústria onde pôde aprender as questões práticas do “como
fazer”, teve o autor a chance de voltar à universidade aprofundando seus estu-
dos através de programas de mestrado e doutorado sobre a matéria.
Este livro é, pois, uma conjunção balanceada de conhecimentos de na-
tureza teórico-práticos, importantes e necessários para quem se habilite a tra-
balhar em projetos que, por demandarem somas incalculáveis de recursos fi-
nanceiros, tornam imperativa a conjugação do binômio segurança-economia.
Engº João Batista Guimarães Ferreira Silva
Apresentação

Neste livro os métodos de cálculo de fundações de Linhas de Trans-


missão consagrados serão avaliados no intuito de se apresentar a evolução
e estado da arte. Até hoje não havia sido publicado em uma única fonte in-
formações que possam ajudar na formação de um engenheiro de fundações
em Linhas de Transmissão. As informações geralmente estão dispersas em
artigos e livros diversos. A intenção aqui é apresentar uma base sólida de
conhecimentos para a formação de engenheiros de fundações com visão
técnica e prática dos projetos. Serão apresentados exemplos de cálculos dos
diversos tipos de fundações aplicados em LT’s, detalhes de projeto, detalhes
construtivos, especificações de serviços, ensaios de compressão e tração (ar-
rancamento) etc.
Fundações bem projetadas apresentam resultados em ensaios de pro-
tótipos acima do esperado nos cálculos, o que leva a uma tranqüilidade em
relação à segurança, mas também um alerta na direção de crescimento dos
custos. Atualmente, a grande competitividade entre empresas nacionais e in-
ternacionais em leilões não permitem a extrapolação em quantitativos, e uma
economia em fundações leva a vitórias em leilões e ampliação da margem de
lucros. Desta forma, neste livro será apresentado uma nova Metodologia de
Cálculo Baseada em Confiabilidade para Projeto Otimizado de Fundações
de Linhas de Transmissão usando Ensaios de Protótipos. O objetivo pri-
mordial desta nova metodologia é reduzir as dimensões das fundações com
manutenção sem abrir mão da segurança.
O objetivo é fornecer ao meio técnico informações fundamentais que
permitam ao engenheiro projetar e executar fundações de Linhas de Trans-
missão dentro de conceitos técnicos consagrados pela experiência prática e
acadêmica.
Dedicatória

À minha amada, idônea, maravilhosa e dedicada esposa auxiliadora Keila.

Ao fruto lindo de nosso amor: João Crysthian.


Ao próximo lindo fruto hoje em formação no útero da Keila.

Ao TODO PODEROSO DEUS soberano!


Sumário

Lista de Símbolos ............................................................................................ 25


Lista de Abreviaturas ...................................................................................... 27

1 Introdução
1.1 Apresentação do Problema ............................................................ 29
1.2 Importância do trabalho ................................................................ 32
1.3 Objetivos .......................................................................................... 33
1.4 Apresentação do trabalho .............................................................. 34

2 Estudos Preliminares
2.1 Levantamento Plano-altimétrico de Linhas de Transmissão .... 37
2.2 Investigações Geológico-Geotécnicas ......................................... 41

3 Fundações de Linhas de Transmissão


3.1 Introdução ........................................................................................ 51
3.2 Etapas do Projeto de Fundação de uma LT ............................... 52
3.2.1 Etapa 1: Levantamento de quantitativos para concorrência .............. 53
3.2.2 Etapa 2: Projeto básico .................................................................... 55
3.2.3 Etapa 3: Projeto executivo ............................................................... 62
3.2.4 Etapa 4: Projeto “Como construído” ............................................... 64
3.3 Metodologias Clássicas de Cálculo de Fundações de LT ......... 64
3.3.1 Generalidades .................................................................................. 64
3.3.2 Compressão ..................................................................................... 65
3.3.3 Arrancamento (Tração) ................................................................... 65
3.3.4 Tombamento .................................................................................... 66
3.3.5 Método da Universidade de Grenoble ............................................... 67
a) Introdução .................................................................................. 67
b) Expressões gerais da capacidade de carga à tração .............. 68
c) Expressões dos coeficientes de resistência ao arrancamento 68
d) Expressões da Capacidade de Carga à Tração – Estacas .... 70
e) Expressões da Capacidade de Carga à Tração – Placas ....... 72
f) Expressões da Capacidade de Carga à Tração – Sapatas ..... 79
g) Expressões da Capacidade de Carga à Tração – Tubulões
com Base Alargada ................................................................... 84
h) Exemplos de Cálculo da Capacidade de Carga à Tração .... 85
3.3.6 Método de Meyerhof e Adams ......................................................... 104
a) Introdução .................................................................................. 104
b) Teorias anteriores ...................................................................... 105
c) Fundações pouco profundas .................................................... 108
d) Fundações com grande profundidade .................................... 110
e) Fundações circulares e retangulares ......................................... 111
3.4 Dimensionamento Geotécnico de Fundações para LT ............. 114
3.4.1 Introdução ....................................................................................... 114
3.4.2 Capacidade de Carga dos Solos ........................................................ 114
3.4.3 Recalques ......................................................................................... 115
3.4.4 Recalque Admissível ........................................................................ 115
3.4.5 Tensão Admissível ........................................................................... 116
3.5 O Estado da Arte de Projetos de Fundações para LT ............... 117
3.5.1 Generalidades .................................................................................. 117
3.5.2 Principais Estudos ........................................................................... 117
3.5.3 Por que projetos de fundações de Linhas de Transmissão são
especiais ........................................................................................... 119
3.5.4 Confiabilidade ................................................................................. 119
a) Método determinístico ............................................................... 119
b) Método probabilístico ............................................................... 120
3.5.5 Projeto Geotécnico ............................................................................. 122

4 As Incertezas Envolvendo o Projeto e a Execução de Funda-


ções de Linhas de Transmissão
4.1 Introdução ......................................................................................... 125
4.2 Incertezas .......................................................................................... 127
4.2.1 Generalidades ................................................................................... 127
4.2.2 Tipos de Incertezas ............................................................................ 127
4.2.3 Incertezas Físicas .............................................................................. 128
4.2.4 Incertezas Estatísticas ....................................................................... 130
4.2.5 Incertezas de Modelagem ................................................................... 131
4.2.6 Incertezas Relacionadas a Fatores Humanos ..................................... 133
4.2.7 Incertezas de Avaliação ..................................................................... 135
4.2.8 Incertezas Fenomenológicas ................................................................ 135
4.2.9 Incertezas de Medição ....................................................................... 136
4.2.10 Conclusões ...................................................................................... 138

5 Ensaios de Fundações de Linhas de Transmissão


5.1 Detalhamento do Ensaio de Campo ............................................. 139
5.1.1 Preparação do Terreno ...................................................................... 139
5.1.2 Montagem do Tripé de Ensaio .......................................................... 140
5.1.3 Levantamento do Estai Provisório .................................................... 140
5.1.4 Retirada do Grampo U do Estai Ensaiado e Alívio dos Outros
Estais ............................................................................................... 143
5.1.5 Nivelamento do Tripé de Ensaio ....................................................... 144
5.1.6 Prova de Carga ................................................................................. 146
5.2 Procedimento de Ensaio ................................................................... 150

6 Metodologia de Cálculo Baseada em Confiabilidade para


Projeto Otimizado de Fundações de Linhas de Transmissão
6.1 Introdução ......................................................................................... 155
6.2 Objetivo ............................................................................................. 155
6.3 Metodologia ...................................................................................... 156
6.3.1 Confiabilidade baseada na equação de projeto (IEC 60826, 2003) ... 156
6.3.2 Avaliação da capacidade geotécnica de projeto da fundação .................. 158
6.3.3 Avaliação da capacidade do teste da fundação ..................................... 159
6.3.4 Análise e calibração de dados baseadas no Modelo de Regressão linear 160
a) Geral .............................................................................................. 160
b) modelo m - nenhuma correlação (dados de teste repetidos
em um local de teste específico) ............................................... 161
c) modelo m - com correlação (dados de teste plotados ao
longo de uma linha reta) ............................................................. 162
d) Fator de resistência da fundação, ØF sob o modelo da
regressão linear ............................................................................ 164
6.3.5 CASO A – O Intercepto é não-nulo e a variação dos erros residuais
é constante ......................................................................................... 167
6.3.6 CASO B – O Intercepto é não-nulo e a variação dos erros residuais
não é constante .................................................................................. 167
6.3.7 CASO C – Apenas inclinação sem intercepto e variação constante
dos residuais ...................................................................................... 167
6.3.8 CASO D – Apenas inclinação sem intercepto e variação não cons-
tante dos residuais ............................................................................. 167
6.4 Exemplo ............................................................................................... 164
6.4.1 m - modelo ........................................................................................ 167
6.4.2 Modelo da regressão linear ................................................................ 168
6.5 Sumário e conclusões ......................................................................... 170

7 Especificações Técnicas
7.1 Objetivo ................................................................................................ 173
7.2 Generalidades ...................................................................................... 173
7.3 Documentos de referência ................................................................ 174
7.4 Serviços preliminares ......................................................................... 175
7.4.1 Levantamentos Topográficos .............................................................. 175
7.4.2 Caminhos de Serviço e Acesso ........................................................... 176
7.4.3 Investigações Geotécnicas ................................................................... 177
7.4.4 Ensaios de Laboratório ..................................................................... 177
7.4.5 Desmatamento, Destocamento e Limpeza .......................................... 178
7.4.6 Demolições e Desmontagens ............................................................... 179
7.5 Terraplenagem ..................................................................................... 180
7.5.1 Generalidades ................................................................................... 180
7.5.2 Normas e Códigos Aplicáveis ........................................................... 180
7.5.3 Materiais .......................................................................................... 180
7.5.4 Serviços Preliminares ........................................................................ 181
7.5.5 Cortes ............................................................................................... 181
7.5.6 Aterros ............................................................................................. 184
a) Aterro junto às estruturas de concreto ..................................... 188
b) Controle Tecnológico ................................................................. 188
c) Controle Geométrico .................................................................. 189
7.5.7 Material de Empréstimo ................................................................... 190
7.5.8 Área de Disposição de Material Excedente (ADME) ...................... 190
7.5.9 Enrocamentos (Aterros com material de 3ª Categoria) ....................... 191
a) Controle Tecnológico .................................................................. 193
b) Enrocamento em substituição a solos ..................................... 193
c) Enrocamento de proteção .......................................................... 194
7.5.10 Remoção de Solos Moles .................................................................. 195
7.5.11 Reaterro de Escavações em Solos Moles ........................................... 197
7.5.12 Momento Extraordinário de Transporte .......................................... 197
7.5.13 Escavação, Carga e Transporte de Material Estocado ..................... 197
7.6 Escavações ........................................................................................... 198
7.6.1 Generalidades ................................................................................... 198
a) Objetivo ......................................................................................... 198
b) Normas ......................................................................................... 198
c) Considerações gerais ................................................................... 199
d) Plano de escavação ...................................................................... 199
e) Classificação dos materiais ......................................................... 200
7.6.2 Escavação ......................................................................................... 201
a) Locação ......................................................................................... 201
b) Execução ...................................................................................... 201
7.6.3 Escavação de Fundações .................................................................... 202
7.6.4 Escoramento ..................................................................................... 203
a) Execução ....................................................................................... 203
b) Retirada do escoramento ............................................................ 204
7.6.5 Esgotamento ..................................................................................... 204
7.6.6 Apiloamento ..................................................................................... 205
7.7 Reaterro ................................................................................................ 205
7.7.1 Objetivo ............................................................................................ 205
7.7.2 Precauções ......................................................................................... 205
7.7.3 Execução .......................................................................................... 206
7.7.4 Execução de Reaterro Com Solo-Cimento ......................................... 207
a) Generalidades ............................................................................... 207
b) Teor de Cimento – Traço Solo-Cimento ................................. 209
c) Ensaios de Validação ................................................................... 210
7.8 Drenagem superficial ......................................................................... 212
7.8.1 Sarjetas ............................................................................................ 212
a) Generalidades ............................................................................... 212
b) Materiais ........................................................................................ 212
c) Execução ....................................................................................... 212
d) Controle ........................................................................................ 213
7.8.2 Valetas de Pé de Aterro ................................................................... 213
a) Generalidades ............................................................................... 213
b) Materiais ........................................................................................ 213
c) Execução ....................................................................................... 213
d) Controle ........................................................................................ 214
7.8.3 Valetas de Crista de Corte ................................................................ 214
a) Generalidades ............................................................................... 214
b) Materiais ........................................................................................ 214
c) Execução ....................................................................................... 214
d) Controle ........................................................................................ 215
7.8.4 Revestimento das Valetas .................................................................. 215
a) Generalidades ............................................................................... 215
b) Materiais ........................................................................................ 215
7.8.4.b.1 Revestimento de concreto simples com agregados convencionais ....... 215
7.8.4.b.2 Revestimento com Pedra Argamassada ........................................ 216
7.8.4.b.3 Revestimento com Grama ............................................................ 216
c) Controle ........................................................................................ 216
7.8.5 Saídas e Descidas d’água .................................................................. 216
a) Generalidade ................................................................................. 216
b) Material ......................................................................................... 217
c) Execução ....................................................................................... 217
d) Controle ........................................................................................ 218
e) Aceitação ....................................................................................... 218
7.8.6 Soleiras de Dispersão ........................................................................ 218
a) Generalidades ............................................................................... 218
b) Materiais ........................................................................................ 218
c) Execução ....................................................................................... 219
d) Controle ........................................................................................ 219
7.8.7 Caixas Coletores e de Passagem ........................................................ 219
a) Generalidades ............................................................................... 219
b) Materiais ........................................................................................ 219
c) Execução ....................................................................................... 219
d) Controle ........................................................................................ 220
7.8.8 Bueiros ............................................................................................. 220
a) Generalidades ............................................................................... 220
b) Materiais ........................................................................................ 220
c) Execução ....................................................................................... 220
d) Controle ........................................................................................ 221
7.8.9 Berços ............................................................................................... 222
a) Generalidades ............................................................................... 222
b) Materiais ........................................................................................ 222
c) Execução ....................................................................................... 222
d) Controle ........................................................................................ 222
7.8.10 Alas e Bocas para Bueiros .............................................................. 222
a) Generalidades ............................................................................... 222
b) Materiais ........................................................................................ 223
c) Execução ....................................................................................... 223
d) Controle ........................................................................................ 223
7.8.11 Canaletas ....................................................................................... 223
a) Generalidades ............................................................................... 223
b) Materiais ........................................................................................ 224
c) Execução ....................................................................................... 225
d) Controle ........................................................................................ 226
e) Aceitação ....................................................................................... 226
7.8.12 Caixa Separadora de Água e Óleo - CSAO .................................. 226
a) Generalidades ............................................................................... 226
b) Materiais ........................................................................................ 226
c) Execução ....................................................................................... 226
d) Controle ........................................................................................ 227
7.9 Drenagem subsuperficial – trincheiras drenantes .......................... 228
7.9.1 Objetivo ........................................................................................... 228
7.9.2 Condições Gerais .............................................................................. 229
7.9.3 Material ........................................................................................... 230
a) Tubos de drenagem ..................................................................... 230
b) Material drenante ......................................................................... 230
c) Material filtrante ........................................................................... 231
7.9.3.c.1 Agregados ................................................................................... 231
7.9.3.c.2 Geossintéticos .............................................................................. 231
7.9.4 Execução .......................................................................................... 232
7.9.5 Manejo Ambiental ........................................................................... 233
7.9.6 Controle de Qualidade ...................................................................... 234
a) Material .......................................................................................... 234
b) Geométrico .................................................................................. 235
c) Acabamento .................................................................................. 235
d) Verificação dos trabalhos ........................................................... 236
7.9.7 Poços de Visita ................................................................................. 236
7.10 Drenagem profunda – dreno subhorizontal ................................ 236
7.10.1 Objetivo .......................................................................................... 236
7.10.2 Normas Complementares ................................................................ 236
7.10.3 Condições Gerais ............................................................................ 237
7.10.4 Material ......................................................................................... 237
a) Tubo ............................................................................................... 237
b) Argamassa ..................................................................................... 238
c) Filtro de geossintético ................................................................. 238
7.10.5 Execução ........................................................................................... 238
7.10.6 Manejo Ambiental ............................................................................. 240
7.10.7 Controle de Qualidade ....................................................................... 240
a) Material .......................................................................................... 240
b) Geométrico .................................................................................. 241
c) Condições hidráulicas ................................................................. 241
d) Verificação dos trabalhos ........................................................... 242
7.11 Estruturas em gabiões ..................................................................... 242
7.11.1 Objetivo .......................................................................................... 242
7.11.2 Normas Complementares ................................................................ 242
7.11.3 Condições Gerais ............................................................................ 242
a) Gabiões – caixa com revestimento em PVC ........................... 242
b) Gabiões – colchão com revestimento em PVC ...................... 243
c) Gabiões – saco com revestimento em PVC ............................ 243
7.11.4 Execução da Obra ......................................................................... 243
a) Enchimento dos gabiões ............................................................ 244
b) Montagem de gabiões - caixa .................................................... 244
c) Montagem de colchões ............................................................... 245
d) Montagem de gabiões-saco ....................................................... 246
7.12 Estruturas reforçadas com geossintéticos .................................... 246
7.12.1 Generalidades ................................................................................. 246
7.12.2 Normas Complementares ................................................................ 246
7.12.3 Processos Construtivos ..................................................................... 248
7.12.4 Sistemas Dreno-Filtrantes .............................................................. 250
7.12.5 Manuseio e Acondicionamento do Geossintético ............................... 251
7.12.6 Cuidados na Instalação do Geossintético ......................................... 251
7.13 Solos grampeados ............................................................................. 252
7.13.1 Objetivo .......................................................................................... 252
7.13.2 Normas Complementares ................................................................ 252
7.13.3 Seqüência Construtiva .................................................................... 252
7.13.4 Grampos ........................................................................................ 253
7.13.5 Geometria ....................................................................................... 253
7.14 Muros em terra armada ................................................................... 253
7.14.1 Generalidades ................................................................................. 253
7.14.2 Componentes ................................................................................... 254
a) Soleira de concreto ...................................................................... 254
b) Escamas de concreto .................................................................. 254
c) Juntas ............................................................................................. 254
d) Armaduras .................................................................................... 254
e) Material do aterro ........................................................................ 255
7.14.3 Cuidados Especiais ......................................................................... 255
a) Armazenamento ........................................................................... 255
b) Equipamentos e materiais .......................................................... 255
7.14.4 Seqüência Executiva de Montagem ................................................. 256
a) Soleira ............................................................................................ 256
b) Assentamento da primeira linha de escamas ........................... 256
c) Colocação das juntas ................................................................... 257
d) Execução de aterro compactado ............................................... 257
e) Colocação das armaduras ........................................................... 258
f) Montagem das linhas subsequentes ........................................... 258
7.15 Concreto ............................................................................................ 258
7.15.1 Generalidades ................................................................................. 258
7.15.2 Normas Complementares ................................................................ 259
7.15.3 Materiais ........................................................................................ 260
a) Composição do concreto ........................................................... 260
b) Agregado graúdo ......................................................................... 262
c) Água ............................................................................................... 263
d) Aditivos ......................................................................................... 264
7.15.4 Argamassas .................................................................................... 264
a) Objetivo ......................................................................................... 264
b) Normas complementares ........................................................... 264
c) Materiais ........................................................................................ 265
7.15.4.c.1 Cimento .................................................................................... 265
7.15.4.c.2 Água ........................................................................................ 265
7.15.4.c.3 Cal ........................................................................................... 265
7.15.4.c.4 Areia ........................................................................................ 265
7.15.4.c.5 Argamassas pré-misturadas ....................................................... 266
d) Preparo .......................................................................................... 266
7.15.5 Preparo do Concreto ....................................................................... 266
a) Dosagem ....................................................................................... 266
b) Amassamento ............................................................................... 267
c) Concretagem ................................................................................. 268
d) Lançamento do concreto ........................................................... 269
e) Adensamento do concreto ......................................................... 271
f) Juntas de concretagem ................................................................. 271
g) Juntas de dilatação ....................................................................... 272
7.15.5.g.1 Considerações gerais ...................................................................... 272
7.15.5.g.2 Aplicação ..................................................................................... 272
h) Acabamentos superficiais ........................................................... 273
i) Cura e proteção do concreto ...................................................... 274
7.15.6 Formas .............................................................................................. 275
a) Generalidades ............................................................................... 275
b) Materiais utilizados ...................................................................... 275
c) Aberturas para concretagem ...................................................... 276
d) Tirantes das formas ..................................................................... 276
e) Escoramentos ............................................................................... 276
f) Projetos de formas e escoramentos .......................................... 277
g) Precauções anteriores ao lançamento do concreto ................ 277
h) Retirada das formas ..................................................................... 278
i) Aberturas, furos e peças embutidas ........................................... 279
7.15.7 Armaduras ........................................................................................ 279
7.15.8 Tolerâncias ......................................................................................... 281
a) Generalidades ............................................................................... 281
b) Tolerâncias em trabalhos de concreto ...................................... 282
7.15.9 Controle Tecnológico do Concreto ........................................................ 283
7.15.10 Aparelhos de Apoio ......................................................................... 283
a) Generalidades ............................................................................... 283
b) Material ......................................................................................... 284
7.15.10.b.1 Aparelho de apoio de elastômero fretado ..................................... 284
c) Execução ....................................................................................... 284
7.15.10.c.1 Montagem do aparelho de apoio de elastômero fretado .................. 284
7.15.11 Controle ........................................................................................... 285
a) Aparelho de apoio de elastômero fretado ................................ 285
7.15.12 Demolição de Estruturas de Concreto ............................................... 288
7.16 Revestimento vegetal ....................................................................... 289
7.16.1 Objetivo ............................................................................................. 289
7.16.2 Condições Gerais ................................................................................ 289
7.16.3 Materiais ........................................................................................... 289
a) Grama ............................................................................................ 289
b) Árvores e arbustos ...................................................................... 290
c) Tela vegetal ................................................................................... 290
d) Geossintéticos .............................................................................. 290
e) Matéria orgânica ........................................................................... 291
f) Material protetor .......................................................................... 291
g) Fertilizantes e corretivos ............................................................. 291
h) Análise do solo ............................................................................ 291
7.16.4 Execução ........................................................................................ 292
7.16.5 Manejo Ambiental ......................................................................... 293
7.16.6 Controle de Qualidade .................................................................... 294
a) Material .......................................................................................... 294
b) Geométrico .................................................................................. 294
c) Acabamentos ................................................................................ 294
d) Aceitação e rejeição ..................................................................... 294
7.17 Bioengenharia ................................................................................... 295
7.17.1 Objetivo .......................................................................................... 295
7.17.2 Materiais e Serviços de Bioengenharia ............................................. 295
a) Introdução .................................................................................... 295
b) Paliçadas ........................................................................................ 296
c) Preenchimento de concavidades com cilindros vegetativos . 297
d) Correção do solo (aplicação de calcário) ................................. 297
e) Controle das formigas cortadeiras ............................................ 297
f) Coveamento / espaçamento para herbáceas ............................ 298
g) Adubação inicial ........................................................................... 298
h) Semeio manual ............................................................................. 298
i) Aplicação de biomanta de fibras vegetais ................................. 299
j) Adubação de cobertura ................................................................ 300
k) Ressemeio ..................................................................................... 300
l) Manutenção anual ......................................................................... 300
7.18 Cuidados com a segurança e proteção ambiental ....................... 300

8 Planilhas de Locação das Fundações


8.1 Cálculo da Profundidade e Afloramento para Fundação em Tubulão 303
8.1.1 Fundação em tubulão com comprimento constante “L” ............................ 303
8.1.2 Fundação em tubulão com comprimento “L” variável e profundidade
“h” constante ..................................................................................... 305
8.2 Dimensões do Tubulão ...................................................................... 305
8.3 Cálculo da Profundidade e Afloramento para Fundação em
Sapata .................................................................................................... 306
8.3.1 Fundação em sapata com comprimento constante “L” e fuste inclinado 306
8.3.2 Fundação em sapata com comprimento “L” variável e profundidade
“h” constante .............................................................................................. 306
9 Execução das Fundações
9.1 Introdução ........................................................................................... 307
9.2 Relatório fotográfico .......................................................................... 307

Referências 331
Anexo I - Planilha Resumo de Quantitativos .............................................. 335
Anexo II - Carregamento das Fundações .................................................... 336
Anexo III - Investigações Geológico-Geotécnicas .................................... 339
Anexo IV - Fundações Especiais .................................................................. 341
Anexo V - Relatório de Definição de Fundações ....................................... 342
Anexo VI - Tabela de Locação de Estruturas e Pontos Críticos .............. 343
Anexo VII - Lista de Construção .................................................................. 345
Anexo VIII - Planilha de Marcação de Cavas ............................................. 346
Anexo IX - Reforços de Fundações ............................................................. 349
Anexo X - Tabelas com Coeficientes de Capacidade de Carga – Meto-
dologia da Universidade de Grenoble .......................................................... 350
Anexo XI - Avaliação Probabilística de Deslocamentos de Fundações
de Linhas de Transmissão .............................................................................. 364
XI.1 Introdução ......................................................................................... 364
XI.2 Sistema Norte-Nordeste ................................................................. 365
XI.3 As Fundações ................................................................................... 366
XI.4 Ensaios de Arrancamento em Fundações de Torres Estaiadas ... 368
XI.5 Tratamento Estatístico .................................................................... 371
XI.5.1 Parâmetros e Distribuições de Probabilidades ................ 371
XI.5.2 Covariância e Correlação entre os Modos de Falha ....... 381
XI.6 Probabilidade de Falha das Fundações ......................................... 385
XI.6.1 Falha no Subsistema Estai .................................................. 385
XI.6.2 Falha em uma Fundação de Torre Estaiada ..................... 387
XI.6.3 Falha Nas Fundações dos Estais de Uma Torre Estaiada 388
XII - Estudo Probabilístico da Resistência à Compressão de Concretos
Utilizados em Fundações de Linhas de Transmissão ................................ 392
XII.1 Introdução ....................................................................................... 392
XII.2 Características do concreto empregado no empreendimento .... 394
XII.3 Orientações normativas para a resistência do concreto ........... 395
XII.3.1 NBR 12655 .......................................................................... 395
XII.3.2 ACI 318 ................................................................................ 397
XII.3.3 Eurocode 2 .......................................................................... 398
XII.4 Avaliação Estatísitica da resistência do concreto ....................... 399
XII.5 Valores estimados para fck ........................................................... 407
XII.6 Conclusão para os valores estimados para fck ........................... 410

Lista de Símbolos

Símbolo Descrição

B Largura de uma base retangular


2B Largura de uma base retangular
2Bf Largura de um fuste retangular
c Intercepto de coesão
C Coesão ao longo do plano vertical de corte da fundação
Cf Força de coesão
D Profundidade enterrada
Dc Profundidade crítica
DL Efeito dos carregamentos de peso próprio
e Espessura da base
E Número de erros
F Força de atrito
Fa Carga de tração (arrancamento)
H Altura da fundação
kp Coeficiente de empuxo passivo do solo
kpv Componente vertical do coeficiente de empuxo passivo do solo
ku Componente de levantamento nominal de pressão do solo
2L Comprimento de uma base retangular
2Lf Comprimento de um fuste retangular
m Coeficiente de redução devido à espessura da base
M Resposta prevista usando o Modelo.
Me Momento Estabilizante
Mt Momento de Tombamento
Mc Coeficiente de capacidade de carga à tração relacionado à coesão
Mφ Coeficiente de capacidade de carga à tração relacionado ao ângulo de atrito
Mγ Coeficiente de capacidade de carga à tração relacionado ao peso específico
Mq Coeficiente de capacidade de carga à tração relacionado à sobrecarga
O Oportunidade de erros
p Perímetro
p b Perímetro da base
pf Perímetro do fuste
p o Sobrecarga para o método de Meyerhof
P Peso próprio
Peso da fundação
Lista de Símbolos • 25
pp Empuxo passivo total inclinado de um ângulo δ com a horizontal
Ps Peso do solo
Peso do volume de solo do tronco de cone
Ptub Peso próprio do tubulão
qo Sobrecarga uniforme, infinitamente extensa, atuante na superfície do terreno
Q50 Efeito de carga resultante de um evento com período de retorno T = 50 anos
Qft Capacidade de carga à tração
Qfc Termo de coesão da capacidade de carga à tração
Qfφ Termo de atrito da capacidade de carga à tração
Qfγ Termo de gravidade da capacidade de carga à tração
Qfq Termo de sobrecarga da capacidade de carga à tração
QT Efeito da carga correspondente a um dado período de retorno T.
Qu Carga última à tração
R Raio
Raio da base
Resposta Real
RC Resistência característica ou nominal do componente
Re Raio equivalente de uma estaca prismática com perímetro “p”
Raio equivalente de uma base não-circular de perímetro “pb”
Rf Raio do fuste
Rfe Raio equivalente de um fuste não-circular de perímetro “pf ”
RN Resistência Nominal do Componente
s Fator de forma que governa a pressão passiva do solo na parede cilíndri
ca convexa
Sb Área da base
Sf Área do fuste
Sl Área lateral
T Período de retorno
Xm Fator de resistência.
W Peso do solo e da fundação
α Ângulo da superfície de ruptura do solo com a vertical
Inclinação do vetor Força de coesão “Cf ” com a vertical
Ângulo do Cone de Arrancamento
β Inclinação do vetor Força de atrito “F” com a vertical
δ Ângulo da inclinação do empuxo passivo total com a horizontal
φ Ângulo de atrito interno
φbase Diâmetro da base da fundação
φfuste Diâmetro do fuste da fundação
Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 26
ΦR Fator de resistência
ΦC Fator relacionado à relação entre o limite de exclusão rela e o valor
igual a 10%.
ΦN Fator relacionado ao número de componentes submetidos ao máximo
efeito de carga.
ΦR Fator de resistência
ΦS Fator relacionado com a coordenação de resistência entre diferentes
componentes.
ΦQ Fator relacionado ao nível de qualidade.
σ Tensão normal na superfície de ruptura
γ Peso específico natural do solo
Fator de ponderação aplicado ao efeito da carga Q50
γU Fator de uso e depende da utilização das estruturas de suportes em
relação ao máximo vão de projeto
τ Tensão de resistência ao cisalhamento unitária

Lista de Abreviaturas

Abreviatura Descrição

CIGRÈ Conferénce Internationale dês Grands Reseaux Électriques a


haute tension
CPT “Cone Penetration Test”
DMT “Dilatometer Test”
EPRI Electric Power Research Institut
IEC INTERNATIONAL ELECTROTECHNICAL
COMMISSION
LT Linha de Transmissão
Me Momento Estabilizante
MFAD Moment Foundation Analysis and Design
Mt Momento de Tombamento
N.A. Nível de água
NSPT Número de Golpes no ensaio SPT
PEH Probabilidade de erro humano
PMT “Pressuremeter Test”
SPT “Standard Penetration Test”
WG07 “Work Group” 07

Lista de Abreviaturas • 27
1. Introdução

1.1 Apresentação do Problema

O avanço da economia de um país é dependente da oferta de energia


a custos competitivos e com suprimento garantido. Destacada a importância
da utilização de recursos renováveis com as devidas precauções na preser-
vação do meio ambiente o foco sempre será o desenvolvimento sustentável.
O Brasil possui alto potencial hidráulico; entretanto, o aumento da distância
dos pontos de geração aos centros consumidores é verificado, acarretando
grande importância à transmissão da energia (AZEVEDO, 2007).
A energia elétrica pode ser produzida através de usinas hidroelétricas,
termoelétricas, nucleoelétricas ou através de sistemas eólicos e solares. O sis-
tema elétrico pode resumidamente ser subdividido em três etapas: produção,
transmissão e distribuição de energia (AZEVEDO, 2007).
A etapa de transmissão de energia é efetuada através das LT (Linhas
de Transmissão). O projeto de linhas de transmissão começa com estudo
de viabilidade técnica e econômica visando uma minimização do custo de
transporte associada a um alto padrão de qualidade dos serviços. Para maio-
res extensões de LT, as tensões são elevadas no intuito de reduzir as per-
das de energia elétrica. Porém, esta prática implica na elevação dos carrega-
mentos mecânicos, estruturas pesadas e maiores volumes para as fundações
(AZEVEDO, 2007).
A viabilidade do projeto é avaliada a partir de vários fatores, dentre
os quais podem ser destacados: o custo da desapropriação das terras ao
longo do traçado da LT, a topografia, o custo e a capacidade de transmissão
de energia, o capital disponível e as características geotécnicas. Os estudos
de viabilidade técnica e econômica são na verdade anteprojetos onde são
definidos: a classe de tensão da LT, os modelos das estruturas das torres, os
materiais e os diâmetros dos cabos condutores e pára-raios, as cadeias de
isoladores, etc. Após estes estudos, inicia-se o projeto mecânico onde são
determinados todos os esforços atuantes sobre os membros constituintes. O
1. Introdução • 29
projeto mecânico pode ser subdividido em três fases básicas: (1) Projeto dos
cabos e da distribuição das torres sobre os perfis dos terrenos; (2) Projeto
estrutural das torres; e (3) Projeto das fundações.
O custo total de um empreendimento é calculado pela soma do custo
inicial de implantação, custo de manutenção, custo de inspeção e os custos
associados aos distintos modos de falha. Entretanto, o que pode ser obser-
vado no mercado é uma excessiva preocupação com o custo inicial sem levar
em conta os demais custos envolvidos. Os custos iniciais de uma LT podem
ser reduzidos ao otimizarmos os projetos de fundações. Portanto, necessita-
se um maior comprometimento em pesquisas que objetivam o aperfeiçoa-
mento de ferramentas que levem em conta o desempenho real dos materiais
e carregamentos envolvidos. Os conceitos de confiabilidade estrutural cons-
tituem poderosa ferramenta para a tomada de decisão racional de projetos
de LT (AZEVEDO, 2007).
Conforme mostrado na Fig. 1.1 a seguir, o sistema linha de transmis-
são é composto de vários componentes (subsistemas): componentes elétri-
cos e componentes mecânicos (cabos, estruturas das torres autoportantes
e estaiadas, isoladores, ferragens (componentes utilizados em sua maioria
para fixação de cabos nas torres), fundações de torres autoportantes, funda-
ções de mastros e estais de torres estaiadas, etc.). A característica essencial
deste sistema é que a falha em qualquer componente implicará a falha do
sistema como um todo, que por definição é o conceito de um sistema dito
em série. Atualmente, muitos estudos de confiabilidade, por exemplo, ME-
NEZES (1988), MENEZES e SILVA, (2000) e MENEZES e SILVA (2003)
são conduzidos em âmbito nacional porém, no mais das vezes, tais estudos
destacam o desempenho elétrico e as estruturas de suporte metálico. Inter-
nacionalmente, conceitos probabilísticos vêm sendo aplicados a estruturas
de fundações de LT´s por fóruns de discussão tais como o Working Group
22/07 Foundations of Transmission Lines da CIGRÈ – Conferénce Internationale dês
Grands Reseaux Électriques a haute tension, com publicações de seus membros,
CIGRÈ (2002, 2008), KULHAWY et al (2004), HERMAN et al (1999),
HALDAR et al (1999), DEMBICKI et al (1993). Além disso, os conceitos
do IEC 60826 já vêm de forma consagrada sendo utilizados. Porém nacio-
nalmente, em fundações de LT’s o Brasil carece de estudos nesta área. Este
trabalho procura dar o tom que a partir de conceitos probabilísticos seja
viabilizado o projeto de fundações dentro do território nacional.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 30


Hoje devida à alta competitividade no mercado há uma evidente ne-
cessidade de otimizar os projetos de fundações com redução de volumes vi-
sando menores custos iniciais e em manutenções futuras. Ao mesmo tempo,
o conhecimento completo do problema é utópico devido às incertezas que
fazem parte de todo o processo (que também até certo ponto serão levadas
em conta neste trabalho). Fica evidente que para projetar de forma a garantir
a segurança e ao mesmo tempo custos reduzidos exigem uma metodologia
mais cuidadosa com o mínimo possível de “gorduras” a favor da seguran-
ça. O meio técnico está diante de uma encruzilhada, pois, tem evoluído de
métodos determinísticos (Tensões admissíveis) para semi-probabilísticos
(Estados limites), porém é necessário subir mais um degrau e para isso é
imprescindível a adoção de conceitos de confiabilidade caminhando para
projetos puramente probabilísticos. A idéia é projetar e decidir sob condi-
ções de incerteza a partir de conceitos probabilísticos, pois já são percebidas
as aleatoriedades das variáveis envolvidas num sistema de interação solo-
estrutura. E como reduzir dimensões garantindo segurança diante de incer-
tezas de todas as naturezas?

FIGURA 1.1 - Sistema Linha de Transmissão e seus Subsistemas (Componentes)

1. Introdução • 31
1.2 Importância do trabalho

A Engenharia de Estruturas passa por uma necessária adaptação nas


concepções de projeto. Conceitos de Confiabilidade Estrutural vêm sendo
introduzidos com a finalidade de avaliar probabilisticamente os dados de
entrada e também de saída dos processos em estudo. Em projetos eletro-
mecânicos e de estruturas de torres de LTs muitos conceitos do IEC 60826
vêm sendo aplicados com sucesso e já consagrados no meio técnico.
Em engenharia civil de fundações, postulados e axiomas da mecânica
dos solos clássica têm permanecido como regra. Na verdade, com auxílio de
coeficientes, estas formulações têm fornecido respostas que vêm garantindo
segurança. A evolução dos modelos tem acontecido, porém, a presença de
incertezas é evidente. Todos estes modelos aceitos e utilizados em projetos
de LTs giram em torno de ângulos de arrancamento, variando apenas nos
valores destes ângulos. Internacionalmente, grupos de estudos já adotam
conceitos probabilísticos em suas concepções de fundações, CIGRÈ (2008),
por exemplo.
Em nível nacional os projetos de fundações ainda estão distantes de
adotarem tais conceitos. Resta a responsabilidade ao meio acadêmico em
parceria com o meio técnico operacional de empresas projetistas e estatais
adaptarem e conceberem normas técnicas baseadas em confiabilidade.
Neste trabalho, a partir dos resultados de ensaios em protótipos de
fundações de LTs será concebida uma nova Metodologia de Cálculo Base-
ada em Confiabilidade para Projeto Otimizado de Fundações de Linhas de
Transmissão. Este procedimento fornecerá ao meio técnico subsídios para
otimização de volumes com redução de custos finais de implementação de
empreendimentos. Um estudo mais aprofundado das incertezas envolvidas
nestes tipos de projetos e a partir da avaliação de resultados de ensaios de
protótipos será possível a determinação do comportamento das fundações
com maior segurança.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 32


1.3 Objetivos

O objetivo principal deste trabalho é a elaboração de uma nova Me-


todologia de Cálculo Baseada em Confiabilidade para Projeto Otimizado de
Fundações de Linhas de Transmissão usando Ensaios de Protótipos. O es-
tudo da evolução das metodologias de cálculo destas fundações, bem como
a avaliação das incertezas que estão envolvidas nos projetos de fundações
de linhas de transmissão servirá como base sustentadora para a defesa desta
metodologia como a forma mais coerente de projetar fundações de LTs na
atualidade.
O objetivo primordial desta nova metodologia é reduzir as dimensões
das fundações com redução nos custos de implantação e manutenção com
garantia dos níveis de segurança das estruturas.
Um software de Fundações de Linhas de Transmissão vem sendo
desenvolvido pelo autor deste livro (Purcino Foundations TL). Este pro-
grama será executado em ambiente visual do windows que abrangerá di-
mensionamento de todas as fundações aplicáveis em Linhas de Transmissão
utilizando todos os métodos abordados na revisão bibliográfica bem como
a nova metodologia proposta, levantamento de quantitativos e um banco
de dados com quantitativos e custos para orçamentos e propostas. Neste
também conterá o módulo de otimização que avaliará as melhores soluções
inseridas nas regiões de aplicação dos projetos com base em projetos já
executados. Reduzir tempo de trabalho (aumento da produção), aumentar a
confiabilidade do processo e centralizar em um único local todas as infor-
mações relativas aos projetos destas fundações, que vêm sendo executadas
com planilhas Excel para cada tipo de solução. Este programa poderá e
deverá ser retroalimentado continuamente visando seu aperfeiçoamento e
aumento de confiabilidade e sucesso.

1. Introdução • 33
1.4 Apresentação do trabalho

Diante do problema apresentado, destacada a importância deste es-


tudo e em destaque os objetivos aqui traçados, foram seguidas as seguintes
etapas e metodologia de trabalho conforme mostra a Fig. 1.2.
Inicialmente, no capítulo 2 – Estudos Preliminares, as informações a
respeito dos dados de entrada serão apresentadas. Estas são necessárias a um
projeto de fundações tais como: levantamentos topográficos, investigações
geológico-geotécnicas, parâmetros geotécnicos e tipificação dos solos.
No capítulo 3 – Fundações de Linhas de Transmissão, as metodo-
logias de projeto de fundações de LTs serão apresentadas em âmbito geral.
Neste ponto serão avaliados conceitos técnicos dos termos mais utilizados
no presente trabalho. Além do mais, esta revisão bibliográfica vai passar pela
evolução de conceitos e métodos até os dias atuais.
No capítulo 4 – As Incertezas Envolvendo o Projeto e a Execução de
Fundações de Linhas de Transmissão será fornecida ao meio técnico uma
discussão a respeito destas incertezas que envolvem um projeto de funda-
ções tais como: incertezas físicas, estatísticas, de modelagem, de métodos de
cálculo, relacionadas ao fator ser humano, de interpretação de resultados, de
procedimentos de ensaios de campo, da natureza, etc. A partir do fluxogra-
ma de informações de um projeto de fundações serão caracterizadas várias
incertezas envolvidas.
No capítulo 5 – Ensaios em Fundações de Linhas de Transmissão se-
rão apresentados o procedimento de execução dos ensaios (carregamentos,
deslocamentos, equipamentos, etc.) e quantitativos indicando a localização
dos testes. Aqui serão apresentados vários tipos de fundações ensaiadas com
seus resultados esperados e observados.
No capítulo 6 – Metodologia de Cálculo Baseada em Confiabilidade
para Projeto Otimizado de Fundações de Linhas de Transmissão usando En-
saios de Protótipos será apresentada a metodologia proposta com vários exem-
plos a partir dos resultados de ensaios apresentados no capítulo anterior.
No capítulo 7 – Especificações Técnicas serão apresentadas diversas
especificações contendo os métodos construtivos adotados para que se al-
cance com qualidade os parâmetros exigidos nos projetos.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 34


No capítulo 8 – Planilhas de Locação das Fundações serão apresenta-
das diversas planilhas utilizadas pela equipe de execução para escavação das
fundações e locação de pontos de fundamento, grampos “U” e nivelamento
de cantoneiras de ancoragem (“stubs”).
No capítulo 9 – Execução de Fundações serão apresentadas fotos
ilustrativas das diversas etapas de execução de variados tipos de fundações
de Linhas de Transmissão.
Nos anexos são apresentadas informações relevantes ao entendimen-
to e visualização dos projetos de fundações de linhas de transmissão.

FIGURA 1.2 - Fluxograma de Desenvolvimento dos Trabalhos

1. Introdução • 35
2. Estudos preliminares

2.1 levantamento plano-altimétrico de linhas de transmissão

Neste ponto o objetivo é apresentar diretrizes e critérios básicos que


deverão ser seguidos pelas equipes de topografia para a execução dos servi-
ços de levantamento plano-altimétrico do eixo e da faixa da LT, bem como,
dos serviços de levantamento cadastral das propriedades e levantamentos
de matas.

O escopo dos trabalhos de levantamento é o seguinte:

• Perfil do eixo da LT – coordenadas topográficas X, Y e Z do perfil


do terreno no caminhamento do eixo da LT;
• Levantamento dos perfis laterais – coordenadas X, Y e Z de pontos
afastados lateralmente ao eixo da LT a uma distância de 10 metros
(por exemplo);
• Levantamento de características superficiais do terreno – coordena-
das dos limites de banhado (pântano), de terreno úmido, de terreno
inundável, de terreno com pedregulhos, com rocha aflorando ou
com matacões, assim como, de início e fim da erosão;
• Levantamento de travessias – coordenadas, descrição e croquis de
travessias como: rodovias, estradas, ruas, avenidas, ferrovias, linhas
de transmissão, vias navegáveis, tubulações metálicas de porte (ole-
odutos, gasodutos ou adutoras), etc;
• Levantamento de divisas de propriedades – coordenadas, descrição
e croquis de diversas propriedades, com indicação do nome do pro-
prietário, sejam elas privadas ou públicas;
• Levantamento de obstáculos na faixa – coordenadas, descrição e
croquis de obstáculos tais como: cercas, muros, valas divisórias, tai-

2. Estudos preliminares • 37
pas, diques, banhados ou pântanos, lagoas, açudes, represas, canais,
córregos, arroios, rios não navegáveis, pedreiras, saibreiras, pontos
de quebra de topografia (buracos profundos, paredões, encostas),
redes elétricas de tensão inferior a 34,5kV, linhas telegráficas, tele-
fônicas, teleféricos, etc;
• Levantamento de divisas municipais e estaduais – coordenadas, des-
crição e croquis das divisas entre municípios e estados;
• Levantamento de obstáculos fora da faixa – coordenadas, descrição
e croquis de pistas (cabeceiras) de aeroportos, aeródromos, helipor-
tos, estações transmissoras ou receptoras de rádio, retransmissoras
de televisão, torres de telecomunicações;
• Levantamento de paralelismo fora da faixa com distância inferior a
100 metros – coordenadas, descrição e croquis de obstáculos even-
tualmente existentes fora da faixa, porém, paralela ao eixo da faixa,
tais como: linhas de transmissão, linhas de telecomunicações, tubu-
lações metálicas e ferrovias;
• Levantamento de benfeitorias – coordenadas e croquis de benfei-
torias eventualmente existentes na faixa tais como: casas, ranchos,
galpões, pavilhões, silos, telheiros, garagens, reservatórios de água,
mangueiras, banheiras para animais, etc;
• Levantamento de áreas cultivadas – coordenadas dos limites (início
e fim) das áreas cultivadas, incluindo pomares, e indicação dos limi-
tes das áreas em croquis correspondente;
• Levantamento de áreas com vegetação – coordenadas dos limites
da vegetação, registrando o tipo de cobertura vegetal, se campo, ca-
poeira, mato alto ou baixo, mato nativo, ciliar ou reflorestado, com
indicação dos limites em croquis;
• Determinação do norte magnético e verdadeiro – no início e fim
da LT;
• Amarração com marcos geodésicos – transferência de cotas de ní-
veis de marcos geodésicos próximos ao eixo da LT e transfer~encia
de coordenadas que permitam uma amarração em coordenadas ge-
ográficas e/ou UTM;
• Colocação de marcos e piquetes – marcos nos vértices e em pon-
Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 38
tos intermediários dos alinhamentos e piquetes nos trechos entre
marcos;
• Abertura de picadas – abertura de trilhas na vegetação ou matas
para realização dos trabalhos de topografia;
• Colocação de placas de acesso à LT – placas de indicação de vérti-
ces ou marcos da LT nas principais vias de acesso e cruzamentos;
• Elaboração de croquis de acesso à propriedade – croquis com regis-
tro de nome do proprietário indicando o caminho para se chegar a
sede da propriedade quando a mesma não tiver fácil localização.

Os dados topográficos são enviados para escritório e são elaborados


os desenhos de Perfil e Planta – contendo todas as informações corres-
pondentes ao levantamento realizado de interesse para o projeto da locação
da LT. As travessias são detalhadas em projetos específicos. Um memorial
descritivo da faixa é elaborado com a descrição técnica do desenvolvimento
da LT.
Também é realizado um levantamento completo de dados do pro-
prietário, dados de identificação do proprietário entre outras informações
suficientes e necessárias para preparação do processo de liberação da faixa,
que inclui o levantamento descritivo das benfeitorias e do uso da terra, com
descrição geral das características das construções e dos cultivos praticados
na faixa da LT de cada propriedade.
Tendo em vista que o levantamento topográfico geralmente é rea-
lizado por mais de uma equipe, cada um deverá partir com um sistema de
coordenadas definidas pelo GPS, onde o eixo N ficará em concordância
com o azimute de cada alinhamento. Ao final do levantamento de todos os
trechos, todos os dados deverão ser transplantados para uma origem única
de coordenadas.
Para o levantamento dos dados todos os pontos do terreno deverão
estar sobre o alinhamento. O espaçamento dos pontos do perfil do terreno
deve ser tal que permita a perfeita identificação do relevo do terreno, não
ultrapassando desníveis entre si maiores que 50cm. Entretanto, os pontos
não deverão estar afastados entre si mais que 30 metros. Necessariamente,
todos os pontos de zonas baixas (depressões do terreno), assim como de

2. Estudos preliminares • 39
elevações, devem ser levantados. As cotas de níveis devem estar identificadas
nos marcos de início e fim da LT, em todos os marcos dos vértices e em
marcos intermediários a cada 3,00 km, pelo menos.
Especial atenção deve ser dada quanto ás informações de cheias má-
ximas em zonas de inundação periódica. O dado deverá estar referenciado
à origem do sistema em uso no levantamento. Caso haja referência a cotas
geográficas, estas devem também ser registradas, porém, de forma a não
causar confusão.
No caso de registro de mata não preservada ou mata ciliar que não
poderá ser cortada, toda a extensão da mata deverá ser levantada com o
mesmo código específico (mata preservada), informando sempre a altura da
copa das árvores mais altas existentes nas proximidades do eixo (15 metros
para cada lado). Nestes casos, o projeto deverá buscar uma solução para
passar os cabos acima das árvores. O topógrafo, durante a execução do le-
vantamento, se encontrar qualquer tipo de problema ou obstáculo que possa
dificultar a construção da LT, tem o dever de fazer o registro especial e in-
formar à empresa responsável pelo projeto antes de concluir os trabalhos.
No caso em que a LT caminhar paralela a um circuito existente o
levantamento topográfico deve registrar a localização das torres existentes
amarrando-as ao perfil topográfico (amarradas em off-set com indicação da
sua altura).
Em cada estação ou ponto de prisma é obrigatório o levantamento de
perfil lateral direito e esquerdo a uma distância de 10 metros do eixo. No le-
vantamento deve ser observado se existem mudanças bruscas de inclinação
do terreno no sentido transversal que possam, por exemplo, causar proble-
mas para o balanço de cabos. Em tais situações, um registro especial deve ser
feito de forma a que isto possa ser considerado no projeto. Na ocorrência
de inclinação lateral maior que 50%, por um longo trecho, de comprimento
superior a 500 metros, além de fazer os devidos levantamentos de perfis
laterais, deverá ser feita uma comunicação imediata à empresa responsável
pelo projeto para avaliação do local antes de concluir o levantamento. Essa
exigência não se aplica quando se trata de vale profundo onde a ocorrência
de inclinação acentuada não afeta o projeto de locação.
No caso de obstáculos paralelos ou aproximadamente paralelos, do
tipo ferrovias, gasodutos e adutoras, devem ser levantadas as suas coorde-

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 40


nadas sempre que a distância for igual ou superior a 100 metros do eixo da
LT. Identificar a ferrovia levantando a extensão do paralelismo com a futura
LT, assim como, as distâncias correspondentes. Informas todos os dados
relacionados ao paralelismo de forma similar ao realizado para cruzamen-
tos. Necessariamente deve ser levantada a extensão da LT que permanece
paralela ou próxima desta condição de paralelismo, assim como, das res-
pectivas distâncias. No caso de paralelismos com tubulações tipo oleodu-
tos, gasodutos, adutoras, ou outros, todos os dados deverão ser levantados
para avaliação das interferências. Neste caso também interessa a medição do
comprimento do trecho paralelo assim como a respectiva distância.
O documento de Perfil e Planta é fundamental para o engenheiro de
fundações de LT’s. No primeiro momento os prováveis locais de solos espe-
ciais são levantados a partir das informações deste documento. O programa
de sondagens além de critérios consagrados de definição a serem registrados
no próximo item também leva em consideração as informações de Perfil e
Planta para definição de pontos que deverão ser sondados à percussão. A
presença de nível de água em algumas torres constados em algumas son-
dagens pode ser extrapolada para outras estruturas a partir de um estudo
minucioso de fluxo de água.

2.2 Investigações Geológico-Geotécnicas

Para a elaboração de projetos de fundações é imprescindível um


adequado conhecimento do subsolo no local da obra. Desta forma, a iden-
tificação e classificação das diversas camadas componentes, bem como,
uma avaliação de suas propriedades de engenharia, constituem elementos
sem os quais nenhum projeto poderá ser elaborado de uma forma segura
e confiável.
Em LT’s devido ao grande número de fundações não é economica-
mente viável a execução de sondagens em todos os pontos de implantação
das fundações. Em todas as torres deverão existir uma sondagem. O que
geralmente é feito é uma mescla entre sondagens à percussão (nas torres de
ângulo e nos pontos que o Perfil e Planta apresenta indicativo fundação es-
pecial – brejos, pântanos, etc.) e nas demais sondagens a trado. Em presença
de rocha a sondagem mista pode ser usada, mas nem sempre o é. Nos dias
2. Estudos preliminares • 41
atuais já se utilizam sondagens tipo DPL para definição de fundações em
algumas LT’s no Brasil.
As investigações geológica-geotécnicas devem ser executadas por
profissional capacitado e supervisionado por geólogo ou engenheiro com
experiência na função, bem como ser aplicado processo executivo e equipa-
mentos que garantam uniformidade e qualidade constante ao longo de toda
a extensão do trabalho. Considerando as características dos solos da região
normalmente são executadas sondagens tipo trado (com caracterização di-
reta do solo no campo) e/ou percussão (simples reconhecimento com regis-
tro do número de golpes SPT). Atualmente também está sendo utilizada a
sondagem tipo DPL.
As sondagens a trado devem seguir, no geral, as disposições da NBR
9603. Devem ser identificadas as camadas de solo encontradas e preenchidas
as Planilhas de Sondagem a Trado, de acordo com as instruções correspon-
dentes. Devem ser empregados trados manuais com diâmetro máximo de
4 polegadas, até a profundidade mínima de 4,0 metros (com variações che-
gando a 6,0 metros dependendo dos critérios de projeto). Considerando os
tipos de fundações e torres previstas para a LT, bem como as características
predominantes da região, a profundidade mínima padrão das sondagens a
trado é definida. A identificação das camadas e a correspondente descrição
táctil-visual de suas características devem ser feitas quando houver mudança
do tipo de solo. O nível d’água deve ser registrado sempre que existir.
Quando forem encontrados solos moles, ou quando o lençol freático
situar-se próximo à superfície deverá ser feita uma comunicação imediata à
fiscalização, para serem tomadas as devidas providências para execução de
sondagem à percussão.
No caso de ocorrer impenetrabilidade do trado, realizado no centro
da torre, e havendo identificação através de uso de ponteira da provável
existência de rocha, pedras, matacões e pedregulhos a menos de 3,0 m de
profundidade, deve-se proceder da seguinte forma:

• Para torres autoportantes, pesquisar a profundidade de solo rocho-


so impenetrável em dois pontos adicionais diametralmente opostos,
localizados sobre o eixo de uma seção diagonal e a uma distância
padronizada de 10,0 m, medida a partir do centro da torre.
Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 42
• Para torres estaiadas, além da pesquisa realizada no centro da torre,
deve ser pesquisada a profundidade da rocha usando o trado nos
quatro pontos de fixação dos estais.

A profundidade obtida em cada ponto deve ser devidamente regis-


trada. Para fins de referência de cota dos furos, tomar como cota arbitrária
100,0 m, a cota do marco de centro da torre. No caso de ocorrer impene-
trabilidade ao trado, devem ser feitas tentativas de se verificar a causa da
impenetrabilidade. Se for constatado tratar-se de solo livre de leito rochoso,
porém muito duro, limitando o avanço do trado a um valor menor do que
50mm em 10 minutos de operação contínua, a Sondagem é terminada e os
correspondentes registros registrados na respectiva Planilha.
O ensaio de penetração dinâmica, SPT, é realizado simultaneamente
com a amsotragem e, consiste na cravação do amostrador padrão, conectado
à extremidade inferior da haste e, descido até repousar no fundo do furo, na
profundidade (de 1 em 1 metro a partir de 1 metro de profundidade inicial)
já atingida pela perfuração. Em seguida o martelo padrão é apoiado suave-
mente sobre a cabeça da haste, após conexão na mesma de peça de proteção
denominada cabeça de bater, introduzindo-se sua haste guia no interior da
haste conectada ao amostrador. Eventual penetração do amostrador nestas
condições (sem bater) é anotada. Se esta penetração for igual ou superior a
45 cm a cravação do amostrador não será realizada. Caso contrário o ensaio
é prosseguido pela cravação de 45 cm do amostrador, inclusive penetração
inicial sem bater, anotando-se o número de golpes necessários à cravação de
3 segmentos sucessivos de 15 cm cada um, previamente marcados com giz
na haste, utilizando-se como referência o topo do revestimento. A cravação
é efetuada pelo martelo padrão de 65 kg, caindo em queda livre de uma
altura de 75 cm, controlada por marca existente na haste guia. Se após 45
golpes não se tiver conseguido penetrar os 45 cm do amostrador, o ensaio é
paralisado, anotando-se a penetração parcial obtida.
Define-se o índice de resistência à penetração, SPT, de um solo como
sendo o número de golpes de um martelo de 65 kg, caindo em queda livre de
75 cm de altura, necessários á cravação dos últimos 30 cm de um amostrador
padronizado, após penetração inicial de 15 cm.

2. Estudos preliminares • 43
No registro dos resultados de um ensaio de penetração, anotado sob
forma de fração, o numerador indica o número de golpes (sendo que “P”
indica zero golpes) e o denominador indica a penetração ocorrida. Os exem-
plos a seguir ilustram o exposto:

P 2 3 5
; ; ; corresponde a um NSPT de 8
0 15 15 15
P 2 4 6
; ; ; corresponde a um NSPT de 10
3 12 15 15
P 4 6 8
; ; ; não define um NSPT. Neste caso, costuma-se avaliar o SPT
2 17 11 15
30
pelo valor proporcional obtido da seguinte forma: N SPT = × 14 = 16 .
26

P
indica um solo muito fraco cujo NSPT pode ser assumido como igual a
65 0.

P 1
; indica um solo muito fraco cujo NSPT pode ser assumido como
18 28 igual a 1.

P 1 2 4
; ; ; não define um NSPT. Neste caso, costuma-se avaliar o SPT
8 10 15 12
30
pelo valor proporcional obtido da seguinte forma: N SPT = × 6 = 6.7 ≈ 7
. 27

P 15 20 10
; ; ; não define um NSPT. Neste caso, costuma-se avaliar o SPT pelo
0 15 15 11
30
valor proporcional obtido da seguinte forma: N SPT = × 30 = 34.6 ≈ 35
. 26

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 44


As sondagens do tipo SPT devem seguir rigorosamente as disposi-
ções da Norma NBR 6484/2001, tanto nos procedimentos aplicados, como
no equipamento utilizado (o diâmetro do amostrador, o peso e a altura de
queda serão aqueles padronizados pela Norma). Geralmente, a profundida-
de mínima da sondagem SPT foi igual a 10,45 m, exceto na ocorrência de
camada impenetrável ou enquadramento do perfil de resistência num dos
critérios de paralisação indicados a seguir.

• Recomenda-se a observação dos critérios abaixo para paralisação da


sondagem sem prejuízo ao disposto no anteriormente:
• se obtiver penetração inferior ou igual a 5 cm durante 10 golpes
consecutivos;
• se obtiver até um máximo de 50 golpes para um mesmo ensaio
penetrométrico (45 cm);
• após se atingir 7 metros de profundidade forem obtidos 3,0 metros
sucessivos com penetração igual ou superior a 20 golpes para a cra-
vação dos 30 cm finais do amostrador, respeitando-se um máximo
de 50 golpes na execução de um mesmo ensaio.
• A amostragem e resistência à perfuração é executada da seguinte
forma:
• Até 1,0 m de profundidade devem ser coletadas com o trado duas
amostras de solo (uma a cada 0,5 m); a partir daí devem ser obti-
das amostras a cada metro de perfuração através do amostrador
padrão;
• A cada metro de profundidade, o número de golpes do amostrador
padrão (diâmetro interno 1 1/3” e externo 2”) sob ação de peso
de 65 kg sob queda a uma altura de 75 cm, deve ser anotado para
penetrar três séries de 15 cm, sucessivamente. Os valores a serem
considerados como representativos correspondem às duas últimas
séries, isto é, o número de golpes para penetrar os 30 cm finais;
• As amostras de solos coletadas através do trado ou do amostrador
padrão, deverão ser devidamente acondicionadas, com clara indi-
cação do local e profundidade onde foram extraídas, para envio ao
laboratório e posterior análises e verificações.
2. Estudos preliminares • 45
O ensaio DPL significa Dynamic Probe Light e é o mesmo penetrô-
metro que alguns autores brasileiros denominal PDL, Penetrômetro Dinâ-
mico Leve. As sondagens do tipo DPL devem seguir rigorosamente as dis-
posições das Normas DIN 4094 e ISSMFE 1989, tanto nos procedimentos
aplicados como no equipamento utilizado (o diâmetro e comprimento da
ponteira, o peso e a altura de queda do martelo serão aqueles padronizados
pela referida norma). O DPL em forma de aparelho manual, com torquíme-
tro, permite medir resistência de ponta e atrito lateral da ponteira, até 12 m
de profundidade. A ponteira tem maior diâmetro do que as hastes, 36 mm
contra 22 mm, o que permite que, na maioria dos casos, o solo está em pou-
co contato com as hastes, sem exercer pressão significativo. O DPL trabalha
através cravação de um martelo de 10 kg caindo 50 cm, emitindo a energia
de 50 J, quase 10 vezes menor em comparação do SPT (488 J). Existem, com
a mesma forma da ponteira, mas em maior escala e com maior energia, os
ensaios DPM, DPH, e DPSH, mas DPL é o mais interessante para uso em
fórmulas de resistência.
A profundidade mínima da sondagem DPL para este projeto foi igual
a 10,0 m, exceto na ocorrência de camada impenetrável ou enquadramento
do perfil de resistência num dos critérios de paralisação indicados a seguir.
A amostragem e resistência à perfuração é executada da seguinte forma:

• A estratigrafia será identificada através de testemunhas nas pontei-


ras e nas hastes, bem como pelas correlações gráficas e analíticas
apresentadas nos boletins.
• A resistência à penetração será obtida através do número de golpes
“N10” aferidos a cada 10cm de penetração da ponteira, bem como
através do ensaio de torquímetro realizado a cada 1,0 m. Os resul-
tados serão plotados em gráficos contra profundidade, onde devem
constar separadamente os valores N10, e qd (resistência de ponta) e
fs (atrito lateral).

Este tipo de sondagem possui qualidade para resistir manuseio e ope-


ração em condições difíceis. Tem acessibilidade para atendimento em longas
distâncias e chega a locais de difícil acesso. A operação permite velocidade
de cravação de 60 metros por dia. O equipamento está em 5 a 10 minutos
Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 46
montado em novo furo. O operador levanta para cima o martelo de 10 kg,
deixá-lo cair livre 50 cm no batente no jogo das hastes, que cravam a pon-
teira pelo solo. Na planilha do campo registra-se a quantidade de golpes ne-
cessários para a penetração de cada 10 cm A ponteira de 36 mm tem maior
diâmetro do que as hastes de 22 mm, o que permite o registro de resistência
do solo através geometria e energia conhecida.
Pela facilidade a mobilizar o equipamento por veículo de passeio, ou
graças ao baixo peso e volume, admite transporte em avião, barco ou ônibus
e o equipamento pode chegar muito rápido ao campo. A operação permite
velocidade de cravação de 60 metros por dia, pode ser mais alta em solos
moles. O equipamento inteiro de DPL pode ser transportado em carro pe-
queno.
Na construção da LT 230kV Vilhena-Jauru foram realizados 10 en-
saios tipo DPL em torres que também tinham resultados SPT. A partir des-
tes resultados por estudo de regressão linear simples (com coeficiente de
correlação r2 = 0,872) obteve-se a correlação entre os resultados de sonda-
gens SPT (N30) e DPL (N10) pela seguinte equação:

N 30 = 1, 02 N 10 - 2,11 (2.1)
Onde: N30 é o valor relativo à sondagem SPT e N10 à sondagem DPL.
Esta correlação é evidentemente comprometida pela pequena quan-
tidade de unidades amostrais (n=10). Uma melhor aproximação seria obtida
com uma maior quantidade de dados. A partir destes resultados e conheci-
da as correlações existentes nas publicações conhecidas relativas aos golpes
SPT, este artigo propõe a seguinte interpretação dos resultados a partir dos
demais resultados de sondagem DPL deste empreendimento:

Tabela 2.1 - Interpretação de Solos Granulares


N10 (DPL) N30 (SPT) COMPACIDADE
<1 <2 Muito fofo
<7 2a4 Fofo
< 83 5 a 18 Médio
> 83 > 19 Compacto

2. Estudos preliminares • 47
Tabela 2.2 - Interpretação de Solos Coesivos, não-saturados
N10 (DPL) N30 (SPT) CONSISTÊNCIA
<3 <2 Muito mole
3-6 3-5 Mole
6 - 12 6 - 10 Médio
12 - 22 11 - 19 Rijo
22 - 45 20 - 24 Muito Rijo
> 45 > 25 Duro

A sondagem rotativa emprega equipamentos e processos que se mos-


tram capazes de perfurar materiais impenetráveis para as sondagens à per-
cussão, tais como rochas, pedras (matacões) ou outros obstáculos encontra-
dos no subsolo, inclusive concreto. Os equipamentos utilizados são: sonda
rotativa, haste de perfuração, revestimento, barriletes, coroas, alargadores ou
calibradores, caixa de mola e mola, sapatas, conjunto moto-bomba e tripé.
A execução da sondagem rotativa consiste na perfuração do material
através da realização de manobras consecutivas, nas quais a composição de
perfuração formada por hastes e barrilete, conectado à sua extremidade in-
ferior, é girada pela sonda no mesmo tempo que é empurrada (pull down) na
direção e sentido do furo. Por abrasão, a coroa vai assim cortando o material,
sendo durante todo o processo, mantida a circulação de água injetada pela
bomba, que tem como função a remoção dos resíduos oriundos do corte,
bem como a refrigeração do sistema. O comprimento máximo de cada ma-
nobra é limitado pelo comprimento do barrilete, que é em geral, de 1,5 a 3,0
metros. Ao fim de cada manobra o barrilete é alçado do furo e a amostra ob-
tida no seu interior (testemunho), é retirada e colocada em caixas especiais
com separação e, obedecendo a ordem de avanço da perfuração. No boletim
de campo da sondagem são anotadas as profundidades de início e término
das manobras e o comprimento dos testemunhos recuperados, medidos na
caixa após sua arrumação cuidadosa. Deverão constar ainda do boletim de
sondagem as demais informações pertinentes, tais como local da obra, nú-
mero do furo, diâmetros de revestimento utilizados, número de fragmentos
de cada amostra, descrição do material perfurado e nível d’água.
O grau de fraturamento é, em geral, expresso pelo número de fratu-
ramentos por metro, obtido dividindo-se o número de fragmentos obtidos
em uma amostra pelo comprimento em metros desta amostra. O critério de
denominação obedece ao exposto na tabela a seguir.
Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 48
Tabela 2.3 - Definição de Grau de Fraturamento das Rochas
GRAU DE FRATURAMENTO NÚMERO DE FRATURAS POR METRO
Ocasionalmente fraturado <1
Pouco fraturado 2a5
Medianamente fraturado 6 a 10
Muito fraturado 11 a 20
Extremamente fraturado > 20
Em fragmentos Pedaços de diversos tamanhos caoticamente dispersos

A sondagem mista é aquela realizada com a sonda rotativa, execu-


tando-se, nos trechos em solo, a amostragem com o amostrador padrão de
percussão e o ensaio SPT e, nos trechos em rocha, ou material impenetrável,
emprega-se os processos de perfuração e amostragem próprios das sonda-
gens rotativas. O diâmetro mínimo do furo deverá ser de 73,0 mm (BW ou
BX) para que o amostrador de percussão possa ser utilizado.
O conhecimento dos parâmetros geotécnicos do solo é fundamental
como dados de entrada de um projeto de fundações. A quantidade dos en-
saios precisa atender a critérios estatísticos. Aumentando a variedade dos en-
saios e a família estatística, o fator de segurança pode diminuir, acarretando
menos incerteza, menos riscos e mais consistência. O projeto fica bem defi-
nido, com melhor controle e menor risco, tanto no aspecto técnico como fi-
nanceiro. Na execução das investigações geotécnicas, muitos problemas po-
dem aparecer e o custo envolvido deve ser reduzido sem perda da qualidade
e confiabilidade dos resultados. Quatro problemas típicos devem ser levados
em conta: acesso, espaço de operação do equipamento, produtividade e cus-
to. Os ensaios convencionais geram mais despesas nas campanhas em serras,
várzeas, mangues, matas fechadas e em locais distantes dos grandes centros
populacionais. Uma programação de sondagem deve sempre considerar se
o local é acessível, se a área de operação está disponível, eventual distância
necessária a ser percorrida a pé, obstáculos como encostas e rios, contami-
nações e os riscos. Fazer ensaios em taludes, banquetas, bermas, escavações,
poços, beiras de rios, ruas e calçadas pode implicar em um custo adicional
de preparo. É demorado instalar equipamentos convencionais em mato fe-
chado, solos moles, lagoas ou rios e locais com matacões e rocha superficial.
A produtividade cai e o custo aumenta quando é necessário fazer desloca-
mentos dos furos. A movimentação com equipamentos pesados em picadas
no mato é demorada ou impossível. Para projetos residenciais e outros de

2. Estudos preliminares • 49
pequeno porte, com necessidade de poucos furos, o preço por furo encare-
ce. O transporte de equipamentos pesados tem alto custo. Pela facilidade a
mobilizar o equipamento de DPL por veículo de passeio, ou graças ao baixo
peso e volume, admite transporte em avião, barco ou ônibus e o equipamen-
to pode chegar muito rápido ao campo. A operação permite velocidade de
cravação de 60 metros por dia, pode ser mais alta em solos moles. O equipa-
mento inteiro de DPL pode ser transportado em carro pequeno. Solos com
valores de N10 menores que 8 são solos que merecem cuidados especiais.
Solos com N10 maior que 70 oferecem boas condições de assentamento.
Solos com N10 entre 4 e 25 são geralmente fáceis de escavar.

As tabelas a seguir fornecem indicações de valores que podem ser


usados como estimativas dos principais parâmetros dos solos, baseados no
SPT, para solos arenosos e argilosos:

Tabela 2.4 - Parâmetros para solos arenosos (areias e siltes arenosos)


NSPT Peso específico Coesão Ângulo de Módulo de Elasticidade
(kN/m3) (kN/m2) Atrito (º) (kN/m2)
0-4 16,0 0,00 25-30 10-50
5-8 18,0 0,00 30-35 60-140
9-18 19,0 0,00 35-40 150-400
19-40 20,0 0,00 40-45 400-700
41-50 21,0 0,00 45 700-1000

Tabela 2.5 - Parâmetros para solos argilosos (argilas e siltes argilosos)


NSPT Peso específico Coesão Ângulo de Módulo de Elasticidade
(kN/m3) (kN/m2) Atrito (º) (kN/m2)
0-2 13,0 0,05-0,13 0 3-12
3-5 15,0 0,16-0,25 0 13-28
6-10 17,0 0,30-0,50 0 29-50
11-19 19,0 0,60-1,40 0 60-150
20-50 20,0 1,50-4,50 0 160-300

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 50


3. Fundações de Linhas de Transmissão

3.1 Introdução

A história de projetos de fundações para torres metálicas de linhas de


transmissão reflete transformações contínuas devido ao progresso da mecâ-
nica dos solos, revelando novos conceitos e adaptando teorias já consagra-
das. Esta evolução se dá necessariamente pela complexidade das proprieda-
des mecânicas dos novos materiais, bem como a necessidade de diminuição
de volumes para redução de custos.
Os primeiros tipos de fundações eram meras extensões das pernas
das torres (grelhas), projetadas para uso universal sem levar em conta os
diversos tipos de solo. Mais tarde, estas grelhas foram diferenciadas por tipo
de solo encontrado. O uso de lajes de concreto no fundo para assentamento
destas grelhas foi iniciado no intuito de padronizar o tipo de grelha e variar
a altura de laje dependendo do tipo de solo (WIGGINS, 1969).
Com o aumento das alturas de torres, foram exigidas fundações
maiores. Além do mais, problemas com corrosões das grelhas se tornaram
aparentes. Com isso, introduziu-se a prática de cobrir as grelhas completa-
mente com concreto. Esta ação foi tomada formalmente como método para
o reforço de fundações metálicas com problemas estruturais. Uma pequena
cantoneira na inclinação do pé da torre tinha a função de transferir esfor-
ços da torre para a fundação. Este tipo de fundação requer operações de
escavação, forma e reaterro. Os empuxos resultantes abaixo da sapata são
facilmente calculados (WIGGINS, 1969).
O crescimento do custo da mão de obra e a necessidade de redução
de prazos nas obras foram responsáveis pelo crescimento do uso de equipa-
mentos mecânicos para execução de fundações de torres metálicas. Segundo
WIGGINGS (1969), o primeiro benefício do uso de sapatas para fundações
de torres foi a redução do tempo de trabalho. Em 1965 numa linha constru-
ída no estado de Nova Iorque, na qual foram construídas grelhas metálicas,
foi obtida a seguinte produtividade: a média por equipe era executar 75%
das fundações de uma torre (três grelhas) por dia. Uma equipe era compos-
3. Fundações de Linhas de Transmissão • 51
ta de oito homens usando uma pequena escavadeira, um laminador, uma
carregadeira e um compressor de ar. Uma equipe de oito homens com um
caminhão truncado e uma betoneira poderia facilmente concretar as fun-
dações de cinco torres (20 sapatas) por dia. Os benefícios de aumento de
produtividade e conseqüentemente redução de custos fizeram que a adoção
de sapatas em concreto fosse tomada então como referência em projetos
de fundações de linhas de transmissão. Porém, a partir de então, um estudo
mais detalhado tornou-se necessário e para isso mais tempo a ser dispensado
nos estudos para a elaboração de projetos de fundações de LT’s.
O objetivo primordial deste capítulo é apresentar de forma detalhada
os métodos de cálculo adotados durante a evolução da engenharia de funda-
ções de LT’s através de uma apurada revisão bibliográfica passando por an-
tigos conceitos que ainda são adotados, as mais recentes teorias empregadas
por escritórios de engenharia e as pesquisas que vêm sendo desenvolvidas
por grupos de estudo internacionais (CIGRÈ, 2008). Além de concentrar
em uma única fonte o estado da arte de fundações de linhas de transmissão,
estes métodos servirão de base teórica para a apresentação do método pro-
posto neste trabalho.

3.2 Etapas do Projeto de Fundação de uma LT

O projeto de fundações de uma LT pode ser dividido nas seguintes


etapas:
- Etapa 1: Levantamento de quantitativos para concorrência;
- Etapa 2: Projeto Básico;
- Etapa 3: Projeto Executivo; e
- Etapa 4: Projeto “Como Construído”.

Cada uma destas etapas acima não é necessariamente executada por


uma única empresa de engenharia.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 52


3.2.1 Etapa 1: levantamento de quantitativos para concorrência
A etapa de levantamento de quantitativos para concorrência (Fig. 3.1)
é subdivida em outras cinco fases, a saber:
- Visita Técnica ao local de implantação da LT: nesta fase são defini-
dos visualmente os solos típicos encontrados na região, bem como o per-
centual de aplicação de cada um (solo normal, rocha sã e/ou decomposta,
pântanos, banhados, áreas inundáveis, etc.). Esta etapa pode ser eliminada
caso já se tenha conhecimento prévio da região (obras similares e nas proxi-
midades já executadas);
- Carregamentos da série de estruturas a ser empregada: nesta fase
são obtidos os carregamentos referentes às hipóteses de cálculo adotadas
pelo calculista das estruturas (ver estruturas típicas na Fig. 3.2). A partir des-
tes são definidos as piores combinações (tração e/ou compressão). Em cima
destas cargas geralmente são aplicados fatores de majoração (normalmente
1,10 e 1,20 para estruturas de suspensão e de ancoragem, respectivamente);

FIGURA 3.1 - Levantamento de Quantitativos para Concorrência - Fluxograma.

- Distribuição de estruturas ao longo da LT: a equipe do projeto ele-


tromecânico da LT fornece o quantitativo de tipos de estruturas da série, ou
seja, a partir desta listagem se obtém quantas estruturas estaiadas e quantas
autoportantes (suspensão e ancoragem) serão empregadas na LT;

3. Fundações de Linhas de Transmissão • 53


- Cálculo de volumes unitários de fundações por estrutura e por tipo
de solo. Por exemplo: Tubulão Solo tipo I para estais de estrutura estaiada,
Tubulão Solo tipo II para estais de estrutura estaiada, Tubulão Solo tipo III
para estais de estrutura estaiada, Sapata Pré-Moldada e/ou tubulão Solo tipo
I para mastro de estrutura estaiada, Sapata Pré-Moldada e/ou tubulão Solo
tipo II para mastro de estrutura estaiada, Sapata Pré-Moldada e/ou tubulão
Solo tipo III para mastro de estrutura estaiada, Tubulão Ancorado em rocha
para estrutura estaiada, Sapata e/ou tubulão para estrutura de suspensão e/
ou ancoragem autoportante em solo tipo I, Sapata e/ou tubulão para estru-
tura de suspensão e/ou ancoragem autoportante em solo tipo II, Sapata e/
ou tubulão para estrutura de suspensão e/ou ancoragem autoportante em
solo tipo III, Blocos ancorados em rocha para estruturas autoportantes de
suspensão e/ou ancoragem, Fundações especiais, etc.;
- Elaboração de Resumo de Quantitativos: a partir dos tipos e das
percentagens de solo, distribuição das estruturas a serem empregadas e dos
volumes unitários. No anexo I é apresentada uma planilha de resumo de
quantitativos exemplificando esta etapa.

a) b)
FIGURA 3.2 - Tipos de Estruturas: a) Autoportante; b) Estaiada

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 54


3.2.2 Etapa 2: Projeto básico
A etapa de Projeto Básico é a considerada a mais rápida em projetos
de fundações. Geralmente a solução é padrão. Nesta fase são definidos os
tipos possíveis de soluções de fundações a serem aplicadas representadas
através de croquis ilustrativos, conforme Fig. 3.3, 3.4, 3.5, 3.6, 3.7 e 3.8.

FIGURA 3.3 - Fundação Tipo Tubulão.

3. Fundações de Linhas de Transmissão • 55


FIGURA 3.4 - Fundação Tipo Sapata.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 56


FIGURA 3.5 - Fundação Tipo Tubulão Ancorado em Rocha.

3. Fundações de Linhas de Transmissão • 57


FIGURA 3.6 - Fundação Tipo Bloco Ancorado em Rocha.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 58


FIGURA 3.7 - Fundação Tipo Sapata Pré-moldada Mastro Central.

3. Fundações de Linhas de Transmissão • 59


FIGURA 3.8 - Fundação Tipo Tubulão com Grampo “U” para estais.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 60


Neste ponto são pré-determinados alguns tipos de solos com suas
características geológico-geotécnicas básicas (descrição do solo, ângulo de
cone, ângulo de atrito, intercepto de coesão, peso específico, tensão admissí-
vel à compressão, etc.) que deverão ser confirmados por ensaios específicos
no projeto executivo. A seguir uma exemplificação desta tipificação adotada
em projeto básico.

Solos Não-Coesivos
Tabela 3.1 - Solos Não-Coesivos: características

Tipos Tipo I Tipo II Tipo III Tipo IV


No de Golpes Nspt 19 < N 8 < N < 19 4<N<8 4<N<8
Tensão Admissível 300 kPa 200 kPa 100 kPa 100 kPa
Peso Específico 17 kN/m3 15 kN/m3 13 kN/m3 10 kN/m3
Coesão 0 kPa 0 kPa 0 kPa 0 kPa
Ângulo de Atrito 30o 25o 20o 15o
Ângulo do cone 30º 25º 20 o
15 o
Umidade Natural Natural Natural Submerso

Solos Coesivos
Tabela 3.2 - Solos Coesivos: características

Tipos Tipo I Tipo II Tipo III Tipo IV


No de Golpes Nspt 19 < N 8 < N < 19 4<N<8 4<N<8
Tensão Admissível 300 kPa 200 kPa 100 kPa 100 kPa
Peso Específico 17 kN/m3 15 kN/m3 13 kN/m3 10 kN/m3
Coesão 20 kPa 15 kPa 10 kPa 10 kPa
Ângulo de Atrito 20o 18o 13o 10o
Ângulo do cone 30º 25º 20 o 15 o
Umidade Natural Natural Natural Submerso

Solo Tipo V - Rocha


Presença de afloramento de rocha ou rocha sub-superficial, sã ou
pouco decomposta ou rocha medianamente decomposta.
Rocha medianamente decomposta:
Escavável por rompedor, apresentando fraturas abertas e decompos-
tas e/ou preenchidas por material decomposto. Fora das imediações das
3. Fundações de Linhas de Transmissão • 61
juntas decompostas, a matriz apresenta-se apenas parcialmente decomposta
e descolorida.
Peso específico: 20,0 kN/m3
Tensão admissível à compressão horizontal: 0,35 MPa
Tensão de aderência concreto/rocha medianamente decomposta:
165 kPa
Tensão de aderência rocha/rocha medianamente decomposta: 50 kPa
Rocha sã ou pouco decomposta:
Somente escavável a fogo, com poucas fraturas, podendo apresentar
oxidação superficial, sem ou com pouca decomposição da rocha, com ma-
triz sã.
Peso específico: 24,0 kN/m3
Tensão admissível à compressão horizontal: 0,7 MPa
Tensão de aderência concreto/rocha sã ou pouco decomposta: 400 kPa
Tensão de aderência rocha/rocha sã ou pouco decomposta: 100 kPa
Ângulo de atrito interno: 45º
Ângulo de espraiamento com a vertical das tensões na rocha: 30º
Tensão admissível a compressão: 1,0 MPa

Solos Especiais
Quando da ocorrência de solos não previstos na tipificação devem
ser elaborados projetos especiais para atender estas necessidades.

3.2.3 Etapa 3: Projeto executivo


A etapa de Projeto Executivo é a mais demorada em projetos de fun-
dações. É nesta fase que o projeto é concebido e executado realmente. O
ideal é que o projeto básico aprovado seja neste ponto detalhado, mas geral-
mente surgem novas demandas com a execução da obra. A seguir uma lista
de passos a serem seguidos neste ponto do projeto de fundações de uma LT.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 62


O projeto executivo é subdividido nas seguintes etapas:
- Confirmação da tipificação geológico-geotécnica do projeto básico;
- Confirmação das características do concreto armado apresentadas
no projeto básico;
- Obtenção dos carregamentos por tipo de torre no projeto executivo
aprovado da estrutura (anexo II). Cuidado deverá ser tomado para
não se adotarem carregamentos preliminares;
- Elaboração de uma série de projetos típicos em solos padrões da LT
projetada (memórias de cálculo e desenhos executivos);
- Elaborar especificação para ensaios de validação em fundações tí-
picas;
- Executar ensaios de validação em fundações típicas. A partir dos
resultados, avaliar o desempenho destes projetos;
- Elaborar especificação de execução de investigações geológico-ge-
otécnicas;
- A partir do documento Planta e Perfil da LT elaborado no projeto
eletromecânico elaborar programa de sondagens;
- A partir dos resultados de sondagens (anexo III), verificar a necessi-
dade de projeto especial, diferente dos típicos já elaborados;
- Em regiões de alagamento verificar necessidade de elevação dos
fustes de concreto da fundação para evitar inundação dos pés das
estruturas, o que acarretaria fundações especiais (anexo IV);
- Elaborar projetos especiais (solos não-típicos e fustes elevados);
- Elaborar “Relatório de Definição de Fundações” (definição de solo
e projeto de fundações para cada estrutura locada) (anexo V);
- Para a elaboração da definição de fundações é necessária a obser-
vação junto ao projeto eletromecânico da “Tabela de Locação de
Estruturas e Pontos Críticos” (anexo VI) para obtenção dos tipos
de estruturas empregadas por torre locada;
- Emitir “Relatório de Definição de Fundações” que será a fonte das
informações sobre fundações para a Lista de Construção (anexo
VII) da LT projetada;
- Atender comentários do Cliente relativos a fundações com revisões
no “Relatório de Definição de Fundações” e na Lista de Constru-
ção da LT projetada;
3. Fundações de Linhas de Transmissão • 63
- Após aprovação da Lista de Construção envio para a obra;
- Elaboração das planilhas de marcação de cavas (ou planilhas de lo-
cação das fundações) – (anexo VIII);
- Elaboração de especificações de serviços de campo;
- Elaborar especificação com critérios de aceitação para ensaios de
fundações questionáveis (fundações que estejam fora de algum re-
quisito de projeto, por exemplo, fundações executadas em solos di-
ferentes dos projetados);
- Ensaios de fundações questionáveis;
- Elaboração de projeto de reforço de fundações (ver anexo IX);
- Execução de reforço de fundações (ver anexo IX).

3.2.4 Etapa 4: Projeto “Como construído”


Na etapa de Projeto “Como Construído” são elaborados os desenhos
e documentações tais quais como foram construídos em obra. A esta etapa
incluem as especificações, memórias de cálculo, desenhos e todos os docu-
mentos relativos ao projeto.

3.3 Metodologias clássicas de cálculo de fundações de LT

3.3.1 Generalidades
A falta de concordância entre as várias teorias de capacidade de carga
à tração se dá, o que se parece, à dificuldade de se prever a geometria da zona
de ruptura. No caso da capacidade de carga à compressão as tensões se dão
abaixo das fundações em um meio contínuo, que é assumido ser homogêneo
e isotrópico: sendo assim, as zonas de ruptura são previstas e coerentes com
a Mecânica dos Solos Clássica. Na capacidade de carga última à tração as
tensões são distribuídas acima da base e sua distribuição parece ser única e
influenciada pela superfície do terreno: o comportamento á tração de funda-
ções profundas tem sido geralmente distinguidas das fundações rasas.
Nas areias densas, a forma de superfície de ruptura é geralmente pa-
rabólica em seção junto ao canto da fundação, tendendo a uma forma mais
vertical (cilíndrica) à medida que a profundidade se torne maior.
Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 64
Em areias, a superfície de ruptura é mais complexa, pois são forma-
das “feridas” de tração, pelas quais eventualmente ocorrem rupturas.
Diferentes curvas de ruptura para fundações rasas e profundas são
apresentadas em trabalhos técnicos tais como BALLA (1961), SUTHER-
LAND (1961), MACDONALD (1963) e SPENCE (1965).

3.3.2 Compressão
Segundo CEMIG (1994), as análises de tensões e deformações de-
verão ser elaboradas para todos os elementos estruturais e de fundações
considerando-se os possíveis casos de carregamentos, de modo a determinar
ou confirmar o dimensionamento dos elementos estruturais, além de verifi-
car os itens que se seguem:
- Segurança contra a ruptura estrutural ou deformações excessivas;
- Níveis médios de tensões, distribuições de tensões e tensões máxi-
mas localizadas;
- Deformações estruturais;
- Segurança contra ressonância destrutiva entre freqüências naturais
de elementos estruturais e freqüências induzidas.

Critérios detalhados para cada estrutura individualmente, deverão ser


estabelecidos durante o desenvolvimento do projeto.
Neste ponto as dimensões das bases são definidas. A partir do relató-
rio de sondagem determina-se a tensão admissível e a cota de assentamento
da fundação.

3.3.3 Arrancamento (Tração)


Existem muitas teorias para avaliação de arrancamento de fundações,
porém para Linhas de Transmissão o mais utilizado consiste no chamado
Método do Tronco de Cone Invertido. Ou seja, a resistência ao arrancamen-
to é avaliada por uma comparação de uma lado a carga de tração (Fa) aplica-
da à fundação e de outro lado o peso próprio da estrutura (Ptub) somado ao
peso de solo de um tronco de cone invertido (Ps), conforme Fig. 3.9.
3. Fundações de Linhas de Transmissão • 65
FIGURA 3.9 - Equilíbrio Vertical ao Arrancamento.

3.3.4 Tombamento
O C.S.T. (coeficiente de segurança ao tombamento) em qualquer di-
reção é definido como a relação entre a somatória dos momentos estabili-
zantes e a somatória dos momentos de tombamento em relação a um ponto
pré-definido ou uma linha efetiva de rotação e será dado pela expressão:

C .S .T . =
∑M e
≥ 1, 5 ( 3.1 )
∑M t

Onde:
C.S.T. = Coeficiente de Segurança ao Tombamento.

ΣMe = Somatório dos Momentos Estabilizantes.


ΣMt = Somatório dos Momentos de Tombamento.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 66


3.3.5 Método da Universidade de Grenoble
a) Introdução
Segundo DANZIGER e PINTO (1979), os esforços de tração pre-
ponderam no dimensionamento de fundações, isto é, as dimensões neces-
sárias para combater determinada carga de tração conduzem a pressões de
compressão no terreno aquém da pressão admissível do solo, a menos de
casos especiais, onde as cargas em jogo são muito elevadas e/ou o terre-
no de fundação apresenta-se em condições desfavoráveis. Cuidado especial
deve ser dado nos casos onde o carregamento horizontal é elevado, já que
esforços desta natureza podem conduzir a grandes excentricidades, afetando
a estabilidade da fundação.
O método da universidade de Grenoble não leva em consideração o
efeito de carregamentos horizontais. O modelo pressupõe apenas a atuação
axial de uma carga vertical. Isto é válido, pois na maioria das vezes a ordem
de grandeza de efeitos verticais é bem superior aos horizontais. Desta forma,
os dimensionamentos em projetos não dependem dos esforços horizontais.
O objetivo da universidade de Grenoble que em parceria com o CI-
GRÈ realizaram este estudo foi desenvolver um método de cálculo racional
que levasse a respostas mais realistas.
O foco neste item deste trabalho é apresentar o trabalho realizado
naquela universidade através de uma pesquisa apurada em BIAREZ e BAR-
RAUD (1968), MARTIN (1973) e PORCHERON e MARTIN (1968) e
também auxiliado pelo trabalho de DANZIGER e PINTO (1979).
Aqui serão adotadas as mesmas premissas definidas em DANZIGER
e PINTO (1979) que no intuito de otimizar o emprego deste método, dina-
mizando a utilização das expressões concernentes, foram elaboradas tabelas
de consulta bem simples que neste trabalho serão ampliadas para um maior
número de alternativas sem perda da simplicidade de consulta. Estas tabelas
são alternativas aos abados apresentados em BIAREZ e BARRAUD (1968),
MARTIN (1973) e PORCHERON e MARTIN (1968).
A partir da teoria serão apresentados exemplos de dimensionamento
de fundações usando estas tabelas. Os tipos de fundações estudados as quais
podem ser aplicado este método (sapatas, grelhas e tubulões) foram distribu-
ídos em três modelos de cálculo a saber: estaca cilíndrica, sapata e placa.

3. Fundações de Linhas de Transmissão • 67


b) Expressões gerais da capacidade de carga à tração
A expressão abaixo representa a expressão mais geral para a capacida-
de de carga à tração proposta por esta metodologia.
Q ft = Q fc + Q f ϕ + Q f γ + Q fq + P + Ps ( 3.2 )
Onde:
Q fc = Sl × c × M c ( 3.3 )
É o termo da coesão,
Q f ϕ = Sl × γ × D × M ϕ  ( 3.4 )
É o termo do atrito,
Q f γ = Sl × γ × D × M γ ( 3.5 )
É o termo da gravidade, e
Q fq = Sl × q × M q ( 3.6 )
É o termo da sobrecarga.
Sendo,
q = qo + γ (D - Dc ) ( 3.7 )

Substituindo-se as equações 3.3, 3.4, 3.5. 3.6 em 3.2 é obtida a seguin-


te expressão:
Q ft = Sl × c × M c + γ × D (M ϕ + M γ )+ q × M q  + P + Ps ( 3.8 )

c) Expressões dos coeficientes de resistência ao arrancamento


As expressões abaixo apresentam os coeficientes de resistência ao
arrancamento utilizados na expressão geral da capacidade de carga à tração
proposta por esta metodologia.
O coeficiente de capacidade de carga à tração relacionado à coesão
“Mc” é calculado pela seguinte expressão:

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 68


 1 D
M c = M co ×  1 - tg α ×  ( 3.9 )
 2 R
Onde,
tg α f  tg α 
M co = - + cos ϕ×  1 +  ( 3.10 )
tg ϕ H  tg ϕ 
Portanto,
 tg α f  tg α    1 D
Mc = - + cos ϕ×  1 +   ×  1 - tg α ×  ( 3.11 )
 tg ϕ H  tg ϕ    2 R
Sendo,
f  π ϕ  cos n - senϕ.cos m
= tg  +  × ( 3.12 )
H  4 2  cos n + senϕ.cos m
Onde:
π ϕ
m=- + +α ( 3.13 )
4 2
sen (n ) = sen (ϕ )× sen (m ) ( 3.14 )

O coeficiente de capacidade de carga à tração relacionado ao atrito e


à gravidade “Mφ + Mγ” é calculado pela seguinte expressão:
 1 D
M ϕ + M γ = (M ϕo + M γo )×  1- tg α ×  ( 3.15 )
 3 R
Onde,
senϕ× cos (ϕ + 2α )
M ϕo + M γo = ( 3.16 )
2 cos 2 α
Portanto,
senϕ× cos (ϕ + 2α )  1 D
Mϕ + M γ = 2
×  1 - tg α ×  ( 3.17 )
2 cos α  3 R

3. Fundações de Linhas de Transmissão • 69


O coeficiente de capacidade de carga à tração relacionado à sobrecar-
ga “Mq” é calculado pela seguinte expressão:
 1 D
M q = M qo ×  1 - tg α ×  ( 3.18 )
 2 R
Onde,
M qo = M co × tg ϕ + tg α ( 3.19 )
Portanto, introduzindo as equações 3.10 e 3.12 em 3.19 e alguns al-
gebrismos, tem-se:
 1 D
M q = M c tg ϕ +  1 - tg α ×  .tg α ( 3.20 )
 2 R

Uma observação importante é que a determinação da capacidade de


carga de fundações profundas (solos resistentes), considerando α = 0, deve-
rá ser feita considerando os coeficientes de carga indicados nas expressões
a seguir:
f
Mc = × cos ϕ ( 3.21 )
H
senϕ.cos γ
Mϕ + M γ = ( 3.22 )
2
f
M q = .cos ϕ.tg ϕ ( 3.23 )
H

d) Expressões da Capacidade de Carga à Tração – Estacas


Estaca Cilíndrica executada em Solo Homogêneo
A superfície de ruptura proveniente da tração de uma estaca cilíndri-
ca, em solo homogêneo, apresenta a forma mostrada na figura abaixo. Para
fins de cálculo, esta superfície é assumida como tronco-cônica, gerada por
um segmento de reta, que forma um ângulo α com a vertical (Fig. 3.10).
A capacidade de carga da estaca cilíndrica é a soma da atuação em
bloco da resistência ao cisalhamento do solo ao longo da superfície de rup-
tura, do peso próprio da fundação, do peso de solo mobilizado pela estaca
na ruptura e pela sobrecarga de superfície atuante quando esta existir.
Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 70
Assim, considerando as três parcelas sugeridas é gerada a seguinte
expressão:
Q ft = p.D cM c + γ.D (M ϕ + M γ )+ qo M q  + P ( 3.24 )

As expressões para cálculo dos coeficientes de capacidade de carga


Mc, (Mφ + Mγ) e Mq foram apresentadas no item anterior e conforme visto
são dependentes do ângulo α, do ângulo de atrito interno do solo (φ) e da
profundidade relativa D/R. A avaliação em ensaios de campo mostra que,
em qualquer tipo de solo, o ângulo α pode ser assumido igual a –φ/8. No
anexo X, são apresentadas três tabelas fornecendo valores dos coeficientes
acima, para ângulos de atrito até 35º e valores de profundidade relativa D/R
até 30. Ressalta-se que para valores intermediários são válidas interpolações
lineares.

FIGURA 3.10 - Superfície de Ruptura de Estacas Cilíndricas em Solo Homogêneo.

3. Fundações de Linhas de Transmissão • 71


Estaca Cilíndrica executada em Solo estratificado
O perfil do solo onde se executará a fundação na maioria das vezes
se apresenta estratificado, ocorrendo variações significativas dos parâmetros
geotécnicos do solo (c, φ e γ) ao longo da profundidade, principalmente
em solos de origem sedimentar. Para a definição da capacidade de carga à
tração deverá ser levada em conta neste caso a resistência de cada camada
isoladamente, sob efeito da sobrecarga das camadas sobrejacentes (aplicação
do coeficiente Mq).
Assim, considerando as três parcelas sugeridas e o efeito de sobrecar-
ga das camadas sobrejacentes é gerada a seguinte expressão:

{ }(
n
Q ft = ∑ pi Di c i M ci + γ i Di (M ϕ + M γ )i + qi . M qi  + Pi 3.25 )
i =1
 
Onde:
i -1
qi = q0 + ∑ γ k .Dk ( 3.26 )
k =1

Estaca Prismática
São válidas as mesmas expressões e coeficientes definidos nos itens
anteriores, tomando apenas o cuidado de considerar um raio equivalente
“Re” que forneça o mesmo perímetro “p” da estaca prismática em estudo,
portanto:
p
Re = ( 3.27 )

e) Expressões da Capacidade de Carga à Tração – Placas


Placas Circulares
Para o estudo de placas circulares é necessária a determinação das
características de dois tipos de solos definidos neste método. Na prática esta
metodologia distingue duas categorias de solo que alteram qualitativamente
o processo de ruptura, a saber:

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 72


1ª Categoria: Solos fracos, argilosos com elevado grau de saturação e
ângulo de atrito interno φ < 15º.
2ª Categoria: Solos resistentes, arenosos (saturados ou não) e argilo-
sos com baixo grau de saturação e ângulo de atrito interno φ > 15º.

Placas Circulares – Solos de 1ª Categoria


A partir de observações experimentais, define-se a superfície de rup-
tura como similar a um tronco de cone, formando um ângulo α conven-
cionado “positivo” com a vertical. A superfície de ruptura atinge o nível do
terreno, desde que a profundidade D da placa não seja superior à profundi-
dade crítica (Dc = 5R), profundidade a partir da qual a superfície de ruptura
não mais atinge o nível do terreno, originando um efeito de sobrecarga (ver
Fig. 3.11).
Para o cálculo da capacidade de carga são utilizadas as seguintes equa-
ções:

Para D < Dc:


Q ft = pb .D cM c + γ.D (M ϕ + M γ )+ qo M q  + P + Sb .γ.D ( 3.28 )
Para D = Dc:
Q ft = pb .Dc cM c + γ.Dc (M ϕ + M γ )+ qo M q  + P + Sb .γ.Dc ( 3.29 )

3. Fundações de Linhas de Transmissão • 73


FIGURA 3.11 - Superfície de Ruptura de Placas Circulares – Solos de 1ª Categoria.

Porém, conforme informação experimental, Dc = 5R, então a Eq.


3.29 passa a ser:
Q ft = 5 pb .R cM c + 5 γ.R (M ϕ + M γ )+ qo M q  + P + 5Sb .γ.R ( 3.30 )
Para D > Dc:
Q ft = pb .Dc cM c + γ.Dc (M ϕ + M γ )+ qo + γ. (D - Dc ) . M q  + P + Sb .γ.Dc ( 3.31 )

Porém, conforme informação experimental, Dc = 5R, então a Eq.


3.31 passa a ser:
Q ft = 5 pb .R cM c + 5 γ.R (M ϕ + M γ )+ qo + γ. (D - 5R ) . M q  + P + 5Sb .γ.R ( 3.32 )

Os coeficientes Mc, (Mφ+Mγ) e Mq são apresentados nas tabelas do


anexo X, X.4, X.5 e X.6, respectivamente, em função do ângulo de atrito
interno φ e da razão D/R. Tais coeficientes correspondem a α = tg-10,2, que
é um valor obtido experimentalmente.
Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 74
Importante ressaltar que para D > Dc, deve-se fazer D = Dc na re-
lação D/R para a entrada nas tabelas X.4, X.5 e X.6, ou seja a relação de
entrada deverá ser Dc/R.

Placas Circulares – Solos de 2ª Categoria


A partir de observações experimentais, define-se a superfície de rup-
tura como similar a um tronco de cone, formando um ângulo α conven-
cionado “negativo” com a vertical, para profundidades menores que a pro-
fundidade crítica Dc. A partir da profundidade Dc ocorre uma mudança no
modelo da superfície de ruptura, passando-se a uma superfície teórica tal
como apresentada na Fig. 3.12. A estes diferentes modelos denominou-se
Ruptura generalizada e Ruptura Localizada. É de fundamental importância
ressaltar-se que estas denominações para as formas de ruptura não estão em
nada relacionadas com os modelos de ruptura desenvolvidos por Terzaghi
para a capacidade de carga à compressão de fundações rasas.
Para o cálculo da capacidade de carga são utilizadas as seguintes
equações:

Para D < Dc:


Q ft = pb .D cM c + γ.D (M ϕ + M γ )+ qo M q  + P + Sb .γ.D ( 3.33 )
Os coeficientes Mc, (Mφ+Mγ) e Mq são apresentados nas tabelas do
anexo X, X.7, X.8 e X.9, respectivamente, em função do ângulo de atrito
interno φ e da razão D/R. Tais coeficientes correspondem a α = -φ/4, que
é um valor obtido experimentalmente.

3. Fundações de Linhas de Transmissão • 75


FIGURA 3.12 - Superfície de Ruptura de Placas Circulares – Solos de 2ª Categoria.

No caso de solos sem coesão (arenosos) onde o intercepto de coesão


pode ser tomado como c = 0, observou-se experimentalmente que o ângulo
α aproxima-se do valor do ângulo φ (ângulo de atrito do solo), ou seja α =
-φ. Desta forma, os coeficientes Mc, Mφ e Mq se anulam restando apenas o
coeficiente Mγ na Eq. 3.33, que ficará da seguinte forma apresentada na Eq.
3.34 abaixo:
Q ft = pb .D 2 .γ. M γ + P + Sb .γ.D ( 3.34 )

O coeficiente Mγ é apresentado na tabela X.10 do anexo X, calculado


para α = -φ, que é o valor obtido experimentalmente.

Para D > Dc:

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 76


Q ft = Sb . M . (γ.D.tg ϕ + c ) + P ( 3.35 )

O coeficiente M é calculado pela fórmula apresentada na Eq. 3.36.


De forma a simplificar os trabalhos este coeficiente também é apresentado
na tabela X.11 do anexo X, calculado em função de φ e Rf / R. Neste caso,
como não existe fuste, Rf = 0 e utiliza-se Rf / R = 0.
12 π
M = Mt = - 1, 6
π 2 ( 3.36 )
1 + 6tg ϕ  - 
4 π

Na figura Fig. 3.13 são mostradas as curvas representativas da varia-


ção de Qft com a profundidade, que são válidas de forma qualitativa tanto
para placas como para sapatas para os dois regimes de ruptura definidos por
esta metodologia.
O ponto de interseção da curvas ocorre em D = Dc, o que significa
que para determinar a profundidade crítica é necessário igualar as equações
3.33 (ou 3.34) e 3.35.
Na prática, o procedimento usualmente empregado consiste em cal-
cular os valores de carga de ruptura correspondentes aos dois regimes e
adotar como capacidade de carga o valor menor.

Placas Retangulares ou Quadradas


Para o estudo de placas retangulares ou quadradas empregam-se as
mesmas equações e tabelas utilizadas para placas circulares, porém adotan-
do-se um raio equivalente (Re).

3. Fundações de Linhas de Transmissão • 77


FIGURA 3.13 - Variação da Capacidade de Carga com a Profundidade.

Importante verificar as seguintes observações:


Para solos de 1ª Categoria, considera-se a seguinte expressão para o
raio equivalente:
pb
Re = ( 3.37 )
8
Onde “pb” é o perímetro da base em estudo. Esta fórmula é valida
para fundações assentadas abaixo ou acima da profundidade crítica (Dc).
Para solos de 2ª Categoria, considera-se a seguinte expressão para o
raio equivalente:
pb
Re = ( 3.38 )

Onde “pb” é o perímetro da base em estudo. Esta fórmula também
é valida para fundações assentadas abaixo ou acima da profundidade crítica
(Dc).

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 78


Para solos de 2ª Categoria e profundidades superiores às críticas (D >
Dc), o que caracteriza um regime em modelo de ruptura localizada, empre-
ga-se a seguinte expressão para a capacidade de carga à tração:
Q ft = Sb . M b . (γ.D.tg ϕ + c ) + P ( 3.39 )
Onde:

Mb = M =
π ( 3.40 )
1 + tg ϕ
2
Sb = 2 B × 2 L = 4.BL ( 3.41 )
O coeficiente M é calculado pela fórmula apresentada na Eq. 3.40.
De forma a simplificar os trabalhos este coeficiente também é apresentado
na tabela X.12 do anexo X, calculado em função de φ e Rf / R = 1,0. Neste
caso, a superfície de ruptura não é mais puramente teórica e agora formada
por porções cilíndricas.

f) Expressões da Capacidade de Carga à Tração – Sapatas


Da mesma forma que para as placas, a capacidade de carga deste tipo
de fundação é determinada pelos dois diferentes modelos de ruptura, cor-
respondentes a solos fracos e a solos resistentes.
As expressões para cálculo desenvolvem-se analogamente ao caso de
placas, considerando-se, ainda a influência do fuste e da espessura da base.
A seguir são apresentados os casos de sapatas circulares, retangulares e qua-
dradas.

Sapatas em Solos de 1ª Categoria


A superfície de ruptura neste caso é similar à apresentada na Fig. 3.14,
observando-se que para D > Dc o fuste atuará como uma estaca, ao longo
da profundidade (D – Dc). A profundidade crítica foi estimada experimen-
talmente como sendo 5(R – Rf) ou 5(B – b), caso se trate de sapatas circula-
res ou retangulares, respectivamente. Importante observar que a superfície
de ruptura se desenvolve a partir da aresta superior da base.

3. Fundações de Linhas de Transmissão • 79


FIGURA 3.14 - Superfície de Ruptura de Sapatas – Solos de 1ª Categoria

A capacidade de carga à tração é determinada da seguinte forma:


Para D < Dc:

( )
Q ft = pb .D cM c + γ.D (M ϕ + M γ )+ qo M q  + P + Sb - S f .γ.D ( 3.42 )

Os coeficientes Mc, (Mφ+Mγ) e Mq são apresentados nas tabelas do


anexo X, X.4, X.5 e X.6, respectivamente, em função do ângulo de atrito
interno φ e da razão D/R. Tais coeficientes correspondem a α = tg-10,2, que
é um valor obtido experimentalmente. Para sapatas retangulares (ou quadra-
das), fazer R = Re = pb/8.

Para D > Dc:


Q ft = Q ft ( base ) + Q ft ( fuste ) + P ( 3.43 )

A parcela da Base – Qft(base) será obtida por:


Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 80
( )
Q ft ( base ) = pb .Dc cM c 1 + γ.Dc (M ϕ + M γ )1 + qo + γ (D - Dc ) M q 1  + Sb - S f .γ.Dc ( 3.44 )
Os coeficientes Mc1, (Mφ+Mγ)1 e Mq1 são apresentados nas tabelas do
anexo X, X.4, X.5 e X.6, respectivamente, em função do ângulo de atrito in-
terno φ e da razão D/R. Deve ser considerado D = Dc na relação D/R. Tais
coeficientes correspondem a α = tg-10,2, que é um valor obtido experimen-
talmente. Para sapatas retangulares (ou quadradas), fazer R = Re = pb/8.

A parcela do fuste – Qft(fuste) será obtida por:


Q ft ( fuste ) = pb . (D - Dc ) cM c 2 + γ. (D - Dc )(M ϕ + M γ )2 + qo M q 2  ( 3.45 )
Os coeficientes Mc2, (Mφ+Mγ)2 e Mq2 são os mesmos utilizados para
estacas apresentados nas tabelas do anexo X, X.1, X.2 e X.3, respectivamen-
te, em função do ângulo de atrito interno φ e da razão D/R. Ressalta-se,
neste caso, que a profundidade do fuste que atua como estaca é (D – Dc),
devendo-se utilizar a relação (D – Dc)/R para informação de entrada nas
tabelas. Tais coeficientes correspondem a α = tg-10,2, que é um valor obtido
experimentalmente. Para sapatas com fustes retangulares (ou quadrados),
fazer R = Re = pf/2π.

Sapatas em Solos de 2ª Categoria


Na Fig. 3.15 estão apresentadas as superfícies de ruptura para sapatas
nesta categoria de solo, para valores de D maiores ou menores que a profun-
didade crítica. Perceba que quando D > Dc, o fuste atua como uma estaca
isolada, com ângulo de ruptura α = -φ/8.

3. Fundações de Linhas de Transmissão • 81


FIGURA 3.15 - Superfície de Ruptura de Sapatas – Solos de 2ª Categoria.

De modo semelhante às placas, a superfície cisalhante na base é teó-


rica ou formada por porções cilíndricas, caso se tenha um formato circular
ou retangular, respectivamente.

A capacidade de carga à tração é determinada da seguinte forma:

Para D < Dc:


(
Q ft = pb .D cM c + γ.D (M ϕ + M γ )+ qo M q  + P + Sb - S f .γ.D ) ( 3.46 )

Os coeficientes Mc, (Mφ+Mγ) e Mq são apresentados nas tabelas do


anexo X, X.7, X.8 e X.9, respectivamente, em função do ângulo de atrito
Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 82
interno φ e da razão D/R. Tais coeficientes correspondem a α = -φ/4, que
é um valor obtido experimentalmente. Para sapatas retangulares (ou quadra-
das), fazer R = Re = pf/2π.
De forma análoga às placas, no caso de solos sem coesão (arenosos)
onde o intercepto de coesão pode ser tomado como c = 0, observou-se
experimentalmente que o ângulo α aproxima-se do valor do ângulo φ (ân-
gulo de atrito do solo), ou seja α = -φ. Desta forma, os coeficientes Mc, Mφ
e Mq se anulam restando apenas o coeficiente Mγ na Eq. 3.46, que ficará da
seguinte forma apresentada na Eq. 3.47 abaixo:

( )
Q ft = pb .D 2 .γ. M γ + P + Sb - S f .γ.D ( 3.47 )

O coeficiente Mγ é apresentado na tabela X.10 do anexo X, calculado


para α = -φ, que é o valor obtido experimentalmente. Para sapatas retangu-
lares (ou quadradas), fazer R = Re = p/2π.

Para D > Dc:


Q ft = Q ft ( base ) + Q ft ( fuste ) + P ( 3.48 )

A parcela da Base – Qft(base) será obtida por:

( )
Q ft ( base ) = Sb - S f .m . M . (γ.D.tg ϕ + c ) ( 3.49 )
O coeficiente “m” é determinado da seguinte forme:
- Quando e < R - Rf:
1 e
m = 1- sen -1 ( 3.50 )
2π R -Rf
- Quando e > R - Rf:
m = 0, 75 ( 3.51 )

3. Fundações de Linhas de Transmissão • 83


Já o coeficiente “M” é obtido a partir da seguinte equação:
12 π  Rf R 2f 
M= - 1, 6.  1 - 1, 9. + 0, 9. 2 

 ( 3.52 )
π 2 Rf  6  R R
1 + 6tg ϕ  -  + 2.  1 + tg ϕ  
4 π R  π 
Ou de forma facilitada da seguinte forma:
Para sapatas circulares usar a tabela X.11 e para sapatas retangulares
usar a tabela X.12, ambas constantes do anexo X.

A parcela do fuste – Qft(fuste) será obtida por:


Q ft ( fuste ) = pb .D cM c + γ.D. (M ϕ + M γ )+ qo M q  ( 3.53 )
Os coeficientes Mc, (Mφ+Mγ) e Mq são os mesmos utilizados para es-
tacas apresentados nas tabelas do anexo X, X.1, X.2 e X.3, respectivamente,
em função do ângulo de atrito interno φ e da razão D/R. Tais coeficientes
correspondem a α = tg-10,2, que é um valor obtido experimentalmente. Para
sapatas com fustes retangulares (ou quadrados), fazer R = Re = pf/2π.
Na Fig. 3.13 são indicadas as curvas representativas da variação de
Qft com a profundidade para os dois modos de ruptura propostos pela me-
todologia. A interseção destas curvas ocorre quando D = Dc. Isto significa
que para determinar-se a profundidade crítica Dc é necessário igualar-se as
equações 3.46 (ou 3.47) e 3.48.
Na prática, deverá ser adotado o menor entre os dois valores de ca-
pacidade de carga à tração, encontrados para os regimes de ruptura D < Dc
e D > Dc.

g) Expressões da Capacidade de Carga à Tração – Tubulões com Base


Alargada
Neste caso sugere-se utilizar um artifício que permita assimilar a for-
ma da base ao modelo de cálculo para sapatas. Considerar, então, para efeito
de cálculo, a metade da altura da base do tubulão (onde se desenvolve o
alargamento) como sendo a espessura “e” da base da sapata.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 84


h) Exemplos de Cálculo da Capacidade de Carga à Tração
Grelhas em Solos de 1ª Categoria
Este tipo de fundação pode ser considerado similar á uma placa re-
tangular ou quadrada, solicitada por um esforço axial à superfície da base.
Para isto, basta realizar os cálculo considerando o raio equivalente, que pro-
porcionará o mesmo perímetro da base da grelha. Via de regra, as grelhas
não atingem profundidades superiores à crítica e, para fins práticos, não se
considera o seu peso próprio no cálculo do arrancamento.
Seja a intenção neste momento estimar a capacidade de carga à tração
da grelha esquematizada na Fig. 3.16, onde também estão apresentadas as
características do terreno.

FIGURA 3.16 - Exemplo cálculo capacidade de carga tração em grelhas –


Solos de 1ª Categoria.

Dados:
γ = 16kN/m3
c = 20kN/m2
φ = 10º
Peso estimado da fundação = 3,5kN
3. Fundações de Linhas de Transmissão • 85
pb 4 × 2, 40
Raio equivalente: Re = 8 = 8
= 1, 20 m

Profundidade crítica: Dc = 5Re = 5 × 1, 20 = 6, 00 m


Profundidade enterrada: D = 2, 20 m

Portanto, D < Dc .

Capacidade de carga à tração:


Q ft = pb .D cM c + γ.D (M ϕ + M γ )+ qo M q  + P + Sb .γ.D

Coeficientes de capacidade de carga:

D 2, 20
= = 1,83
Profundidade relativa: Re 1, 20

Cálculo analítico de Mc:


 1 D
M c = M co ×  1 - tg α × 
 2 R

tg α f  tg α  π
M co = - + cos ϕ×  1 +  α=+ = +11, 25º
Onde: tg ϕ H  tg ϕ  16

π ϕ
m = - + + α = -45º +5º +11, 25º = -28, 75º
4 2

sen (n ) = sen (ϕ )× sen (m ) = sen (10º )× sen (-28, 75º ) = -0, 0835 ∴ n = -4, 79º

f  π ϕ  cos n - senϕ.cos m cos (-4, 79º ) - sen (10º ).cos (-28, 75º )
= tg  +  × = tg (45º +5º )×
H  4 2  cos n + senϕ.cos m cos (-4, 79º ) + sen (10º )..cos (-28, 75º )

f 0,84
∴ = 1,19 × = 0,87
H 1,15

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 86


tg α f  tg α  tg (11, 25º )  tg (11, 25º ) 
M co = - + cos ϕ×  1 + =- + 0,87 × cos (10º )×  1 + 
tg ϕ H  tg ϕ  tg ( )
10º  tg (10º ) 

M co = -1,13 + 1,82 = 0, 69

Portanto,
 tg α f  tg α    1 D  1 
Mc = - + cos ϕ×  1 +   ×  1 - tg α ×  = [0, 69]×  1 - tg (11, 25º )× 1,83 
 tg ϕ H  tg ϕ    2 R  2 

∴ M c = 0, 56

Cálculo analítico de Mφ+Mγ:


 1 D
M ϕ + M γ = (M ϕo + M γo )×  1 - tg α × 
 3 R

Onde,
senϕ× cos (ϕ + 2α ) sen (10º )× cos (10º +2 × 11, 25º )
M ϕo + M γo = = = 0, 076
2 cos 2 α 2 cos 2 (11, 25º )

Portanto,
 1 
M ϕ + M γ = 0, 076 ×  1 - tg (11, 25º )× 1,83 
 3 
∴ M ϕ + M γ = 0, 067

Cálculo analítico de Mq: (Este cálculo será apresentado de forma didática, pois
na verdade não seria necessário por na haver sobrecarga neste problema)
 1 D
M q = M c tg ϕ +  1 - tg α ×  .tg α
 2 R

 1 
M q = 0, 56 × tg (10º ) +  1 - tg (11, 25º )× 1,83  .tg (11, 25º )
 2 

3. Fundações de Linhas de Transmissão • 87


∴ M q = 0, 26

Portanto, a capacidade de carga à tração será:


Q ft = pb .D cM c + γ.D (M ϕ + M γ )+ qo M q  + P + Sb .γ.D

Q ft = (4 × 2, 40 )× 2, 20 × [20 × 0, 56 + 16 × 2, 20 × 0, 067 + 0 ]+ 3, 5 + (2, 40 × 2, 40 )× 16 × 2, 20

∴ Q ft = 492, 6kN

Grelhas em Solos de 2ª Categoria (DANZIGER e PINTO (1979))


Este tipo de fundação pode ser considerado similar á uma placa re-
tangular ou quadrada, solicitada por um esforço axial à superfície da base.
Para isto, basta realizar os cálculo considerando o raio equivalente, que pro-
porcionará o mesmo perímetro da base da grelha. Via de regra, as grelhas
não atingem profundidades superiores à crítica e, para fins práticos, não se
considera o seu peso próprio no cálculo do arrancamento.
Seja a intenção neste momento estimar a capacidade de carga à tração
da grelha esquematizada na Fig. 3.17, onde também estão apresentadas as
características do terreno.

FIGURA 3.17 - Exemplo cálculo capacidade de carga tração em grelhas –


Solos de 2ª Categoria.
Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 88
Dados:
γ = 16kN/m3
c = 15kN/m2
φ = 25º
Peso estimado da fundação = 3,8kN

pb 4 × 2, 50
Re = = = 1, 59m
Raio equivalente: 8 8

Profundidade crítica: Dc = 5Re = 5 × 1, 59 = 7, 95m

Profundidade enterrada: D = 2, 30 m

Portanto, D < Dc .
Capacidade de carga à tração:

Q ft = pb .D cM c + γ.D (M ϕ + M γ )+ qo M q  + P + Sb .γ.D

Coeficientes de capacidade de carga:

D 2, 30
= = 1, 45
Profundidade relativa: Re 1, 59

Cálculo analítico de Mc:


 1 D
M c = M co ×  1 - tg α × 
 2 R

tg α f  tg α 
M co = - + cos ϕ×  1 +  ϕ
Onde: tg ϕ H  tg ϕ  α=- = -6, 25º
4

π ϕ
m=- + + α = -45º +12, 25º -6, 25º = -39, 00º
4 2
3. Fundações de Linhas de Transmissão • 89
sen (n ) = sen (ϕ )× sen (m ) = sen (25º )× sen (-39º ) = -0, 2660
∴ n = -15, 42º
f  π ϕ  cos n - senϕ.cos m cos (-15, 42º ) - sen (25º ).cos (-39º )
= tg  +  × = tg (45º +12, 25º )×
H  4 2  cos n + sen ϕ.cos m cos (-15, 42º ) + sen (25º )..cos (-39º )

f 0, 64
∴ = 1, 55 × = 0, 77
H 1, 29

tg α f  tg α  tg (-6, 25º )  tg (-6, 25º ) 


M co = - + cos ϕ×  1 + =- + 0, 77 × cos (25º )×  1 + 
tg ϕ H  tg ϕ  tg (25º )  tg (25º ) 

M co = 0, 24 + 0, 53 = 0, 77

Portanto,
 tg α f  tg α    1 D  1 
Mc = - + cos ϕ×  1 +   ×  1 - tg α ×  = [0, 77]×  1 - tg (-6, 25º )× 1, 45 
 tg ϕ H  tg ϕ   2 R   2 

∴ M c = 0,83

Cálculo analítico de Mφ+Mγ:


 1 D
M ϕ + M γ = (M ϕo + M γo )×  1 - tg α × 
 3 R

Onde,
senϕ× cos (ϕ + 2α ) sen (25º )× cos (25º +2 × -6, 25º )
M ϕo + M γo = = = 0, 209
2 cos 2 α 2 cos 2 (-6, 25º )

Portanto,
 1 
M ϕ + M γ = 0, 209 ×  1 - tg (-6, 25º )× 1, 45 
 3 
∴ M ϕ + M γ = 0, 22

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 90


Cálculo analítico de Mq: (Este cálculo será apresentado de forma didática, pois
na verdade não seria necessário por na haver sobrecarga neste problema)
 1 D
M q = M c tg ϕ +  1 - tg α ×  .tg α
 2 R

 1 
M q = 0,83 × tg (25º ) +  1 - tg (-6, 25º )× 1, 45  .tg (-6, 25º )
 2 

∴ M q = 0, 27

Portanto, a capacidade de carga à tração será:


Q ft = pb .D cM c + γ.D (M ϕ + M γ )+ qo M q  + P + Sb .γ.D

Q ft = (4 × 2, 50 )× 2, 30 × [15 × 0,83 + 16 × 2, 30 × 0, 22 + 0 ]+ 3,8 + (2, 50 × 2, 50 )× 16 × 2, 30

∴ Q ft = 706, 4kN

Da mesma forma e bem rapidamente podem ser usadas as tabelas do anexo


X para o cálculo dos coeficientes da capacidade de carga à tração. Veja a
seguir:

Coeficientes:

}
D 2, 30
= = 1, 45
Re 1, 59 Mc = 0,83 (ver Tab. X.7)

ϕ = 25º
ϕ
α=- = -6, 25º Mφ+Mγ = 0,22 (ver Tab. X.8)
4
Portanto, de forma bem rápida e prática, a capacidade de carga à tração
será:
Q ft = pb .D cM c + γ.D (M ϕ + M γ )+ qo M q  + P + Sb .γ.D

Q ft = (4 × 2, 50 )× 2, 30 × [15 × 0,83 + 16 × 2, 30 × 0, 22 + 0 ]+ 3,8 + (2, 50 × 2, 50 )× 16 × 2, 30

∴ Q ft = 706, 4kN

3. Fundações de Linhas de Transmissão • 91


Sapatas em Solos de 1ª Categoria
Seja a intenção neste momento estimar a capacidade de carga à tração
da sapata esquematizada na Fig. 3.18, onde também estão apresentadas as
características do terreno.

FIGURA 3.18 - Exemplo cálculo capacidade de carga tração em sapatas –


Solos de 1ª Categoria.

Dados:
qo = 20kN/m2
γ = 16kN/m3
c = 15kN/m2
φ = 10º
γc = 25kN/m3

Profundidade crítica:

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 92


 1, 30 0, 50 
( )
Dc = 5 B - B f = 5 × 
 2
-
2 
 = 5 × (0, 65 - 0, 25 ) = 2, 00 m

Profundidade enterrada: D = 2, 30 m
(acima da base)

Portanto, D > Dc
A capacidade de carga à tração será dada por:
Q ft = Q ft ( base ) + Q ft ( fuste ) + P

Peso da sapata (submersa):


P = (0, 50 2 × 2, 30 + 1, 30 2 × 0, 25 )× (25 - 10 ) = 15, 0kN

Parcela da base: Q ft ( base )

( )
Q ft ( base ) = pb .Dc cM c 1 + γ.Dc (M ϕ + M γ )1 + qo + γ (D - Dc ) M q 1  + Sb - S f .γ.Dc

pb 4 × 1, 30
Raio equivalente:
Re = = = 0, 65m
8 8
Dc 2, 00
= = 3, 08
Profundidade relativa: Re 0, 65
De forma extremamente rápida podem ser usadas as tabelas do ane-
xo X para o cálculo dos coeficientes da capacidade de carga à tração. Veja a
seguir:

3. Fundações de Linhas de Transmissão • 93


Coeficientes:

}
Dc 2, 00
= = 3, 08
Re 0, 65 Mc1 = 0,50 (ver Tab. X.4)

ϕ = 10º
π
α = + = +11, 25º
16 (Mφ+Mγ)1= 0,06 (ver Tab. X.5) e Mq1 = 0,23 (ver
Tab. X.6)
Então,
Q ft ( base ) = (4 × 1, 3 × 2 ) 15 × 0, 5 + (16 - 10 )× 2 × 0, 06 +  20 + (16 - 10 )× (2, 3 - 2 ) × 0, 23 +
+ (1, 32 - 0, 52 )× (16 - 10 )× 2

Q ft ( base ) = 154, 9kN

Parcela do fuste: Q ft ( fuste )

Q ft ( fuste ) = p f . (D - Dc ) cM c + γ. (D - Dc )(M ϕ + M γ )+ qo M q 

pf 4 × 0, 50
Raio equivalente: R fe = = = 0, 32 m
2π 2π

(D - Dc ) = (2, 30 - 2, 00 ) = 0, 94
Profundidade relativa: R fe 0, 32
De forma extremamente rápida podem ser usadas as tabelas do anexo X
para o cálculo dos coeficientes da capacidade de carga à tração. Veja a seguir:

Coeficientes:

(D - Dc ) = 0, 30 = 0, 94
R fe 0, 32 Mc = 0,92 (ver Tab. X.1)

ϕ = 10º
ϕ
α = - = -1, 25º (M +M ) = 0,09 (ver Tab. X.2) e M = 0,14 (ver Tab. X.3)
8 φ γ q

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 94


Então,

Q ft ( fuste ) = (4 × 0, 50 )× (2, 30 - 2, 00 )× 15 × 0, 92 + (16 - 10 ). (2, 30 - 2, 00 )× 0, 09 + 20 × 0,14 

Q ft ( fuste ) = 10,1kN
Portanto, a capacidade de carga à tração será dada por:

Q ft = Q ft ( base ) + Q ft ( fuste ) + P = 154, 9 + 10,1 + 15, 0

∴ Q ft = 180, 0kN

Tubulões com bases alargadas (DANZIGER e PINTO (1979))


Seja a intenção neste momento estimar a capacidade de carga à tração
do tubulão esquematizado na Fig. 3.19, onde também estão apresentadas as
características do terreno. Para este caso, sugere-se que se lance mão de um
artifício que permita assimilar a forma da base ao modelo de cálculo para
as sapatas. Assim, os cálculos são executados como se o tubulão tivesse o
formato indicado na Fig. 2.20. A espessura “e” é considerada como sendo a
metade da altura onde se desenvolve o alargamento.

FIGURA 3.19 - Exemplo cálculo capacidade de carga tração em tubulões


com bases alargadas

3. Fundações de Linhas de Transmissão • 95


FIGURA 3.20 - Modelo de cálculo de capacidade de carga para tubulões
com bases alargadas

Dados para um solo de 2ª categoria:


γ = 17kN/m3
c = 20kN/m2
φ = 25º

Cálculo admitindo ruptura generalizada:

Peso do tubulão:

P = 3, 91 × 25 = 97,8kN

D 5, 50
= = 6,11
Profundidade relativa: R 0, 90
Coeficientes:

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 96


}
D
= 6,11 Mc = 1,03 (ver Tab. X.7)
R
ϕ = 25º
ϕ (Mφ+Mγ) = 0,26 (ver Tab. X.8) e Mq = 0,33
α = - = -6, 25º
4 (ver Tab. X.9)
Então,

(
Q ft = pb .D cM c + γ.D (M ϕ + M γ )+ qo M q  + P + Sb - S f .γ.D )
 1,80 
Q ft =  2 π×  × 5, 50 × [20 × 1, 03 + 17 × 5, 50 × 0, 26 + 0 × 0, 33]+ 97,8 +
 2 
  1,80 2    0,80 2  
+  π×    -  π×     × 17 × 5, 50

  2     2   

Q ft = 1.685, 5kN

Cálculo admitindo ruptura localizada na base:


Parcela da base:

180 80
Coeficiente “m”: e = R -Rf = - = 50cm ⇒ m = 0, 75
2 2

Rf 0, 40
Coeficiente “M”: = = 0, 44 e ϕ = 25º ⇒ M = 11, 7
R 0, 90
Aplicando-se a Eq. 2.48, tem-se:

( )
Q ft (base ) = Sb - S f .m . M . (γ.D.tg ϕ + c )
Q ft (base ) = (π× 0, 90 - π× 0, 40 2 )× 0, 75 × 11, 7 × (17 × 5, 50 × tg 25º +20 )
2

Q ft (base ) = 1.139, 6kN

3. Fundações de Linhas de Transmissão • 97


Parcela do fuste:

D 5, 50
Profundidade relativa: = = 13, 75
R f 0, 40
Coeficientes:

D
= 13, 75 Mc = 0,99 (ver Tab. X.1)
R

ϕ = 25º
ϕ (Mφ+Mγ) = 0,25 (ver Tab. X.2) e Mq = 0,39
α = - = -3,125º
8
(ver Tab. X.3)
Aplicando-se a Eq. 2.52, tem-se:

Q ft ( fuste ) = pb .D cM c + γ.D (M ϕ + M γ )+ qo M q 

 0,80 
Q ft ( fuste ) =  2 π×  × 5, 50 × [20 × 0, 99 + 17 × 5, 50 × 0, 25 + 0 × 0, 39]
 2 
Q ft ( fuste ) = 596,8kN
Assim,

Q ft = Q ft (base ) + Q ft ( fuste ) + P = 1.139, 6 + 596,8 + 97,8 = 1.834, 2kN

Conclui-se que a 1ª hipótese (ruptura generalizada) oferece menor


resistência, devendo, portanto, ser adotada. Isto significa na prática que a
profundidade crítica é superior a 5,50m.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 98


Estaca cilíndrica em solo estratificado

FIGURA 3.21 - Exemplo cálculo capacidade de carga tração estaca cilíndrica solo
estratificado.

Dados:
Camada 1:
γ1 = 18kN/m3

ϕ 30º
φ1 = 30º α1 = - =- = -3, 75º
8 8
c1 = 10kN/m2

Camada 2:
γ2 = 17kN/m3

ϕ 25º
φ2 = 25º α2 = - =- = -3,125º
8 8
c2 = 20kN/m2

3. Fundações de Linhas de Transmissão • 99


Camada 3:
γ3 = 16kN/m3

ϕ 35º
φ3 = 35º α3 = - =- = -4, 375º
8 8
c3 = 0kN/m2

Peso da estaca não submersa: Pe = 3,1kN/m


Peso da estaca submersa: Pe = 1,9kN/m

A solução consiste em calcular-se a resistência das três camadas iso-


ladamente, considerando a influência que cada camada exerce sobre as que
estão subjacentes. Determina-se o raio da “estaca equivalente” para cada ca-
mada em função do ângulo “α” considerado para a superfície de ruptura.

0, 40
Camada 3: R3 = = 0, 20 m
2
Camada 2: R 2 = R3 + D3tg α 3 = 0, 20 + 2, 50 × tg -4, 375º = 0, 39m

Camada 1: R1 = R 2 + D2 tg α 2 = 0, 39 + 3, 50 × tg -3,125º = 0, 58 m

O peso das estacas equivalentes é obtido da seguinte forma:


Camada 1: Camada acima do N.A.

P1 = γ1π (R12 - R32 )D1 + Pe D1

P1 = 18 × π (0, 58 2 - 0, 20 2 )× 2, 0 + 3,1 × 2, 0
∴ P1 = 39, 7kN

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 100


Camada 2: Camada abaixo do N.A.

P2 = γ 2 π (R 22 - R32 )D2 + Pe D2

P2 = (17 - 10 )× π (0, 392 - 0, 20 2 )× 3, 5 + 1, 9 × 3, 5


∴ P2 = 15, 3kN

Camada 3: Camada abaixo do N.A.

P3 = Pe D3
P3 = 1, 9 × 2, 5
∴ P3 = 4,8kN

As profundidades relativas às camadas são obtidas da seguinte forma:

Camada 1: Camada acima do N.A.

D1 2, 00
= = 3, 45
R1 0, 58

Camada 2: Camada abaixo do N.A.

D2 3, 50
= = 8, 97
R 2 0, 39

Camada 3: Camada abaixo do N.A.

D3 2, 50
= = 12, 50
R3 0, 20

3. Fundações de Linhas de Transmissão • 101


As sobrecargas a serem consideradas atuando nas camadas são obtidas da
seguinte forma:
i -1
qi = qo + ∑ γ k Dk
k =1

Camada 1: Camada acima do N.A.

q1 = q 0 = 0
Camada 2: Camada abaixo do N.A.

q 2 = qo + γ1D1

q 2 = 0 + 18 × 2, 0 ∴ q 2 = 36, 0kN / m 2
Camada 3: Camada abaixo do N.A.

q3 = qo + γ1D1 + γ 2 D2

q3 = 0 + 18 × 2, 0 + (17 - 10 )× 3, 50 ∴ q3 = 60, 5kN / m 2

Os coeficientes de capacidade de carga relativos à cada uma das ca-


madas são obtidos da seguinte forma:

Camada 1: Camada acima do N.A.

D1
= 3, 45
R1 Mc1 = 0,71 (ver Tab. X.1)
ϕ1 = 30º
ϕ
α1 = - = -3, 75º
8 (Mφ+Mγ)1 = 0,25 (ver Tab. X.2) e
Mq1 = 0,34 (ver Tab. X.3)

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 102


Camada 2: Camada abaixo do N.A.

D2
= 8, 97
R2 Mc2 = 0,89 (ver Tab. X.1)

ϕ2 = 25º
ϕ
α 2 = - = -3,125º
8 (Mφ+Mγ)2 = 0,23 (ver Tab. X.2) e Mq2 = 0,35
(ver Tab. X.3)

Camada 3: Camada abaixo do N.A.

D3
= 12, 50
R3 Mc3 = 0,83 (ver Tab. X.1)

ϕ3 = 35º
ϕ
α 3 = - = -4, 375º
8 Mφ+Mγ)3 = 0,34 (ver Tab. X.2) e Mq3 = 0,47
(ver Tab. X.3)

Então a capacidade de carga à tração da i-ésima camada será obtida


da seguinte forma:

Q fti = pbi .Di c i M ci + γ i .Di (M ϕ + M γ )i + qi M qi  + Pi


 

Camada 1: Camada acima do N.A.

Q ft 1 = 2 π× 0, 58 × 2, 00 × [10 × 0, 71 + 18 × 2, 00 × 0, 25 + 0 × 0, 34 ]+ 39, 7

∴ Q ft 1 = 157, 0kN

3. Fundações de Linhas de Transmissão • 103


Camada 2: Camada abaixo do N.A.

Q ft 2 = 2 π× 0, 39 × 3, 50 ×  20 × 0,89 + (17 - 10 )× 3, 50 × 0, 23 + 36, 0 × 0, 35  + 15, 3

∴ Q ft 2 = 324, 3kN
Camada 3: Camada abaixo do N.A.

Q ft 3 = 2 π× 0, 20 × 2, 50 × 0 × 0,83 + (16 - 10 )× 2, 50 × 0, 34 + 60, 5 × 0, 47  + 4,8

∴ Q ft 3 = 110, 2kN

Desta forma, a capacidade de carga à tração total será obtida pela


soma de todas as parcelas relativas a cada camada.

Q ft = Q ft 1 + Q ft 2 + Q ft 3 = 157, 0 + 324, 3 + 110, 2kN

∴ Q ft = 591, 5kN

3.3.6 Método de Meyerhof e Adams


a) Introdução
Em MEYERHOF e ADAMS (1968), foram desenvolvidos modelos
distintos de fundações rasas e para fundações profundas baseados em testes
de modelos de laboratório e em verdadeira grandeza realizados em argila
e em areia. Para fundações rasas, a superfície de falha é considerada como
alcançando a superfície enquanto em fundações profundas, compressibilida-
de e deformações do solo acima da fundação evitam que a linha de ruptura
alcance a superfície do terreno. Resultados satisfatórios comprovados por
testes em verdadeira grandeza são obtidos para areias. Porém, para areias
densas esta teoria deverá ser ajustada. Verifica-se em ensaios que “Qu” cresce
geometricamente com a profundidade para areias densas e na fórmula pro-
posta aqui Qu = f(D2). Entretanto, para argilas é importante ter o cuidado
de distinguir entre carregamentos de curta duração (não drenado) e para
carregamentos de longa duração (drenado). Neste trabalho foi estudada a

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 104


capacidade de carga última de fundações submetidas unicamente à tração
pura. Os efeitos de momentos e forças horizontais que também são impor-
tantes e os deslocamentos/deformações que ocorrem tanto vertical como
lateralmente não foram estudados.

b) Teorias anteriores
Algumas teorias foram elaboradas considerando a superfície de rup-
tura lateral partindo do canto da base considerando o atrito lateral. Em ou-
tras são consideradas superfícies tronco-cônicas ou tronco-piramidais com
ângulos de 30º com a vertical sem considerar as tensões de cisalhamento
nestas superfícies.
Diferentes curvas de ruptura para as fundações rasas e profundas têm
sido apresentadas em diversos estudos tais como: BALLA (1961), MACDO-
NALD (1963), SUTHERLAND (1961) e SPENCE (1965).
As formas das superfícies de ruptura obtidas em modelos laborato-
riais apresentadas nestes trabalhos podem ser resumidas da seguinte forma:

Areias (ADAMS e HAYES (1967); MACDONALDS (1963))


Areia densa:
- Fundação rasa: forma uma superfície de ruptura que se estende em
um raio raso, que se propaga da borda da placa até encontrar a superfície
D 
 = 2,5 
B .
- Fundação profunda: a curva de ruptura é menos distinguida, sen-
do inicialmente curva e depois vertical e se estendendo até a superfície
D 
 = 4,5 
B .
Areia fofa:
- Fundação rasa: a curva de ruptura é essencialmente vertical e se
estende até a superfície do terreno

3. Fundações de Linhas de Transmissão • 105


D 
 = 2,0 
B .
- Fundação profunda: a curva de ruptura é essencialmente vertical e
limitada a uma pequena distância acima da placa

D 
 = 4,5 
B .

Foi claramente observado que a resistência ao cisalhamento foi mobi-


lizada em uma maior superfície de ruptura em areias densas.

Argilas (ADAMS e HAYES (1967); SPENCE (1965))


Nas argilas observam-se trincas de tração, pelo menos, para as funda-
ções rasas. Aparecem pressões neutras negativas tanto acima como abaixo
da placa tracionada.
A seguir esta teoria será apresentada em termos gerais culminando
em um exemplo prático de cálculo. A figura a seguir foi reproduzida de
MEYERHOF e ADAMS (1968) e servirá de base para entendimento das
parcelas das equações da metodologia.

Grupos de fundações (WISEMAN (1966); LANGLEY (1967))


Para espaçamentos pequenos de fundações a superfície de ruptura é
uma curva envolvendo externamente as fundações, e o solo entre as funda-
ções se movem juntamente com elas. Para espaçamentos maiores as curvas
de ruptura tendem a se individualizar.
Devido à complexidade das superfícies de ruptura são feitas hipó-
teses simplificadoras em relação ás reais superfícies de ruptura. A teoria é
desenvolvida para sapatas corridas contínuas e depois modificada para sa-
patas circulares e retangulares para areias e argilas e ações em grupos de
fundações.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 106


Sob a carga última de tração “Qu” admite-se que uma placa de fundo
levanta uma massa de solo com forma aproximada de um tronco de cone,
sendo que, para fundações rasas a curva de ruptura alcança a superfície do
terreno. Para fundações profundas admite-se que se forma uma superfície
tronco-cônica a partir da placa de fundação até atingir uma profundidade
“H”, que depois é interrompida sobre a qual se considera uma sobrecarga
po (Fig. 3.22).

FIGURA 3.22 - Superfície de ruptura acima da placa - MEYERHOF e ADAMS (1968)

Considera-se que são mobilizadas as forças de coesão “Cf ” e a força


de atrito “F”, baseadas na resistência ao cisalhamento unitária “τ”.

3. Fundações de Linhas de Transmissão • 107


A seguir, em função de não ser conhecida rigorosamente a curva de
ruptura com as tensões ali desenvolvidas, simplifica-se o cálculo consideran-
do as forças “C” e “pp” num plano vertical partindo da borda da placa.

c) Fundações pouco profundas


A teoria de Meyerhof-Adams é baseada na equação de resistência ao
cisalhamento do solo:
τ = c + σ ⋅ tgϕ ( 3.54 )

Considera-se que ao longo da superfície de ruptura do solo ocorra


uma força de coesão “Cf ” e uma força de atrito “F” que são mobilizadas
quando da atuação da força de arrancamento “Qu”. A carga última de ruptu-
ra do solo “Qu” por unidade de comprimento pode ser expressa como:

Q u = 2Cf ⋅ cos α + 2F ⋅ cos β + W ( 3.55 )

Onde: “W” é o peso do solo e da fundação e “α” e “β” são as incli-


nações com a vertical de “Cf ” e “F”, respectivamente.

Devido à ausência de uma solução mais rigorosa para a força resisten-


te que atua na superfície de ruptura, MEYERHOF e ADAMS (1968) admite
que “Qu” pode ser aproximadamente expresso por:

Q u = 2C + 2pp ⋅ senδ + W ( 3.56 )

Onde:
“C” é a coesão ao longo do plano vertical de corte da fundação, dada
pela seguinte expressão:
C = cD ( 3.57 )
“pp” é o empuxo passivo total inclinado de um ângulo δ com a hori-
zontal. A expressão para o componente normal de “pp” é a seguinte:
 D2 
pp ⋅ cos δ = γ ⋅   ⋅kp ( 3.58 )
 2 
Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 108
Onde:
“kp” é o coeficiente de empuxo passivo do solo, e
“γ” é o peso específico unitário do solo.

Substituindo a Eq. 3.58 na Eq. 3.56, tem-se:

γD 2 senδ
Q u = 2cD + 2 × × ⋅kp + W
2 cos δ
senδ
Onde: = tgδ e k pv = k p ⋅ tgδ
cos δ
Então:
Q u = 2cD + γD 2 ⋅ k pv + W ( 3.59 )

A partir de resultados em modelos observou-se que para solos areno-

1
sos o ângulo médio da superfície de ruptura com a vertical varia entre ϕ
3
2 1
e ϕ . Em média, o valor do ângulo está em torno de ϕ , os cálculos in-
3 2
2
ϕ
dicam que “δ” é aproximadamente 3 . A correspondência do valor do co-
eficiente de pressão passiva de terra “kp” é baseada na curva das superfícies
de ruptura (CAQUOT e KERISEL (1949)), a componente vertical “kpv” que
governa a resistência ao levantamento foi avaliada, conforme a tabela 3.3.

1 3
ϕ ϕ
Os valores de “d” estão classificados entre 2 e 4 ; e corres-
pondem teoricamente à superfície de ruptura, e é aproximadamente uma
condição observada.
Por conveniência da análise e de comparação com resultados de tes-
tes, o valor de “kpv” pode ser expresso por:
k pv = k u ⋅ tgϕ ( 3.60 )

3. Fundações de Linhas de Transmissão • 109


Onde:
“ku” é o coeficiente de levantamento nominal de pressão do solo,
através do plano vertical de corte da fundação.

Desta forma, a equação 3.59 fica da seguinte forma:


Q u = 2cD + γD 2 ⋅ k u ⋅ tgϕ + W ( 3.61 )

Tabela 3.3 - Valores de kpv e ku em função de φ


φ kpv ku
10º 0,136 0,77
15º 0,218 0,81
20º 0,318 0,87
25º 0,418 0,90
30º 0,536 0,93
35º 0,664 0,95
40º 0,809 0,96
45º 0,960 0,96

d) Fundações com grande profundidade


Com o aumento da profundidade da fundação, a compressibilidade
e a deformação da massa de solo da fundação evitam que a superfície de
ruptura se estenda à superfície do solo. A extensão do local da ruptura do
corte pode ser incluída na análise do limite da extensão de “H”, na vertical
da superfície de ruptura e utilizam a pressão de sobrecarga acima do nível da
superfície de ruptura:
po = γ ⋅ (D - H ) ( 3.62 )
Para a equação 3.58, tem-se:

 D 2  (D - H ) 
2

pp ⋅ cos δ = γ ⋅  -  ⋅ kp
 2  2 

 H2 
pp ⋅ cos δ = γ ⋅  D ⋅ H -  ⋅kp ( 3.63 )
 2 

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 110


Substituindo 3.63 em 3.56, tem-se:
Q u = 2cH + (2DH - H 2 )⋅ γ ⋅ k pv + W ( 3.64 )
A equação 3.61 ficará modificada e será escrita da seguinte forma:
Q u = 2cH + γ (2D - H )⋅ H ⋅ k u ⋅ tgϕ + W ( 3.65 )

A magnitude do valor de H somente é determinada por extensa ob-


servação da superfície de ruptura e a análise de resultados de testes indica o
seu valor, conforme a Tab. 3.4.

Tabela 3.4 - Valores de H/B em função de φ


Ângulo de atrito Profundidade
interno (φ) (H/B)
15º 2,0
20º 2,5
25º 3,0
30º 4,0
35º 5,0
40º 7,0
45º 9,0
48º 11,0

H
Para > 11 ver fundação em estaca.
B

e) Fundações circulares e retangulares


As equações demonstradas anteriormente são para uma placa de fun-
dação de comprimento unitário e são válidas para fundações circulares (tu-
bulões) e retangulares (sapatas).

Fundação Circular (Tubulão):


Através da determinação da resistência ao cisalhamento, intercepto
de coesão e pressão passiva do solo, inclinada de “δ” com a superfície verti-
3. Fundações de Linhas de Transmissão • 111
cal cilíndrica de corte da fundação, o valor de “Qu” é determinado.

Para fundações pouco profundas (D < H) e para as equações 3.56 e


3.61, tem-se:
Q u = πBC + sπ ⋅ Bppsenδ + W ( 3.66 )
π
Q u = π ⋅ c ⋅ BD + s ⋅   ⋅ γ ⋅ B ⋅ D 2 ⋅ k u ⋅ tgϕ + W ( 3.67 )
2

Onde:
“s” é o fator de forma que governa a pressão passiva do solo na pa-
rede cilíndrica convexa.

De forma similar, para as fundações profundas (D > H), a Eq. 3.67 ficará:
π
Q u = π ⋅ c ⋅ BH + s ⋅   ⋅ γ ⋅ B ⋅ (2D - H )⋅ H ⋅ k u ⋅ tgϕ + W ( 3.68 )
2

O resultado de testes em modelos de fundação circular foi revisado,


mostrando valores inferiores, em média para o ângulo da superfície de rup-

ϕ
tura com a vertical para as areias. Os valores encontrados estão entre e
4
ϕ ϕ
. Em média o valor do ângulo é cerca de , o ângulo “δ” é aproxima-
2 3
2
ϕ
damente 3 e corresponde aos valores do coeficiente “s”, estimados por
teoria de pressão do solo no plano da superfície de ruptura (BEREZANT-
ZEV (1952) e MACKAY (1966)).

Para pequena relação entre a profundidade da fundação e sua largura,


D
B é aproximadamente e teoricamente representada por:
Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 112
D
s = 1+ m ⋅ ( 3.69 )
B
Assumindo um valor máximo de:
H
s = 1+ m ⋅ ( 3.70 )
B
H
Os valores de “ B ” encontram-se na Tab. 3.4 e os valores do coefi-
ciente “m” na Tab. 3.5.

Tabela 3.5 - Coeficiente m e Fator smáx em função de


Ângulo de atrito Coeficiente Fator
interno - φ m smáx

15º 0,025 1,05


20º 0,050 1,12
25º 0,100 1,30
30º 0,150 1,60
35º 0,250 2,25
40º 0,350 3,45
45º 0,500 5,50
48º 0,600 7,60

Fundação retangular (Sapata):


A análise aproximada da carga última de arrancamento para funda-
ções retangulares de largura “B” e comprimento “L” foi obtida assumindo
que a pressão de terra ao longo do perímetro de duas partes do comprimen-
B
to “ 2 ” é governada pelo fator de forma ‘s” para as fundações circulares e
que a pressão passiva de terra ao longo do perímetro central de comprimen-
to (L – B) é igual a de uma fundação em placa.
O fundamento descrito prova que para fundações pouco profundas
“Qu” será dada por:
Q u = 2 ⋅ cD ⋅ (B + L ) + γ ⋅ D 2 ⋅ (2sB + L - B )⋅ k u ⋅ tgϕ + W ( 3.71 )

3. Fundações de Linhas de Transmissão • 113


E para fundações de grande profundidade, tem-se:
Q u = 2 ⋅ cH ⋅ (B + L ) + γ ⋅ (2D - H )⋅ H ⋅ (2sB + L - B )⋅ k u ⋅ tgϕ + W ( 3.72 )

Para fundações quadradas fazer B = L nas expressões anteriores.

3.4 Dimensionamento Geotécnico de Fundações para LT

3.4.1 Introdução
O dimensionamento de uma fundação envolve sempre 3 aspectos
que deverão ser considerados e analisados:
• Dimensionamento geotécnico: trata-se do dimensionamento que
leva em conta o solo como elemento de suporte da fundação, con-
sistindo na fixação da sua capacidade de carga, na determinação das
deformações e, finalmente no estabelecimento da carga admissível
que poderá ser adotada nas condições consideradas.
• Dimensionamento geométrico: trata-se do dimensionamento que
eprmite fixar a geometria da fundação aí incluídas sua forma e di-
mensões.
• Dimensionamento estrutural: trata-se do dimensionamento que
analisa e estabelece o adequado comportamento da fundação sob o
ponto de vista estrutural.

Neste capítulo estuda-se o dimensionamento geotécnico.

3.4.2 Capacidade de Carga dos Solos


A capacidade de carga de um solo é a máxima tensão que o mesmo
pode suportar sem romper. O conceito de ruptura física ou geral envolve
a curva tensão x deformação onde é percebida a existência de uma tensão
máxima que não pode ser excedida e, a partir da qual a deformação ocorre
contínua e incessantemente. Entretanto, existem casos, especialmente nos
solos de baixa resistência (baixas compacidades ou baixas consistências), que
Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 114
a ruptura física ou geral não ocorre. A tensão vai se elevando juntamen-
te com as deformações sem que um valor máximo possa ser estabelecido.
Neste caso a tensão de ruptura é convencionalmente fixada a partir de uma
deformação limite adotada e a ruptura é chamada local.
O mecanismo da ruptura foi proposto por Terzaghi, para as funda-
ções diretas, que estabeleceu o modelo e a equação matemática correspon-
dente. O mecanismo de ruptura local não foi ainda perfeitamente estabele-
cdo, nem quantificado matematicamente, podendo, segundo terzaghi, ser
estudado pela teoria proposta para a ruptura geral desde que a resistência do
solo seja empiricamente reduzida conforme relações a seguir: ccorrigida=2/3c
e φcorrigido = arctg (2/3 tgφ); onde c é o intercepto de coesão e φ é o ângulo
de atrito interno do solo.

3.4.3 Recalques
Denomina-se recalque a deformação (“afundamento”) de uma fun-
dação. Os recalques podem ser classificados como:
• Recalque total: corresponde à máxima deformação observada em
um dado ponto.
• Recalque diferencial: corresponde à diferença entre os recalques to-
tais de dois pontos quaisquer.
• Recalque diferencial específico ou distorção angular: corresponde
ao recalque diferencial dividido pela distãncia entre os dois pontos
considerados.
• Inclinação: corresponde ao recalque diferencial específico entre
dois pontos extremos da estrutura.

3.4.4 Recalque Admissível


Recalque admissível de uma estrutura é o valor máximo de recalque
total que a mesma pode suportar sem que ocorram danos não aceitáveis.
Estes danos podem ser:
• Danos estruturais: são aqueles manifestados na própria estrutura
abrangendo trincas, rachaduras ou mesmo a ruptura de uma ou vá-

3. Fundações de Linhas de Transmissão • 115


rias peças estruturais, tais como blocos, lajes, vigas, fustes, torres
metálicas, ferragens da LT, etc.
• Danos arquitetônicos ou estéticos: são aqueles observados em peças
não estruturais, mas que afetam a estética da estrutura, tais como
inclinações que não afetem a estabilidade, recalques que não afetam
a funcionalidade das fundações e estruturas, etc.
• Danos funcionais: são aqueles que afetam o funcionamento de al-
gum item da estrutura.

A consideração de tais danos, principalmente os estéticos, deve ainda


levar em conta fatores subjetivos ligados ao grau de aceitação do usuário que
em última análise definirá até que ponto o dano poderá ser aceitável. Um
outro fator a ser considerado é a velocidade de ocorrência dos recalques,
pois, sabe-se que recalques mais lentos, como os devidos ao adensamento
de solos argilosos saturados são, em geral, melhor absorvidos com menores
danos, que recalques rápidos, como os ocorrentes em areias.
Desta forma, a fixação do recalque admissível de uma estrutura revela-
se um assunto bastante complexo que não pode, em geral, ser resolvido por
análise estrutural, como imaginam alguns engenheiros projetistas. Quando
encarado somente por este ponto de vista é fixado um valor tão pequeno
que impede, na maior parte das vezes, que uma fundação econômica seja
projetada. A correta fixação do recalque admissível somente é possível, na
prática, através da monitoração dos recalques de diversas estruturas, asso-
ciando-se seus valores aos danos observados e, assim fixando-se os limites
de aceitação correspondentes aos efeitos constatados.

3.4.5 Tensão Admissível


Tensão admissível é aquela que aplicada a um solo obedece simulta-
neamente aos critérios de ruptura e recalque, isto é, apresenta um adequado
coeficiente de segurança à ruptura ao memso tempo que provoca no solo
deformações no máximo iguais ao recalque admissível.
A norma NBR 6122 – Projeto e Execução de Fundações recomenda
um coeficiente de segurança mínimo de 3 quando a tensão admissível for
determinada por cálculos teórico a partir da capacidade de carga estimada
Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 116
por fórmulas. No caso em que a capacidade de carga for obtida através de
ensaio “in situ” (provas de carga), o coeficiente de segurança mínimo poderá
ser reduzido para 2.
Para o caso de linhas de transmissão onde a alta competitividade vem
exigindo fundações mais econômicas estes valores têm sido reduzidos con-
forme as metodologias que serão apresentadas neste livro.

3.5 O Estado da Arte de Projetos de Fundações para LT

3.5.1 Generalidades
Neste ponto será executado um relato sucinto sobre o estado da arte
do projeto de fundações de LT’s, segundo especialistas renomados. Agora
será exposta apenas as linhas gerais das teorias sem preocupar-se tanto com
as equações focando a um final que mostrará as últimas investidas técnicas
nestes projetos.

3.5.2 Principais Estudos


HERMAN et al (1999) trata-se de um estudo contendo um conjunto
de 100 referências adicionais, resultado de um grande trabalho de pesquisa
e compilação conduzido pelos autores e colaboração do grupo de funda-
ções WG07 da CIGRÈ. O trabalho a partir dos conceitos da IEC 60826/91
aborda os principais tipos de fundações de LT’s, apresentando suas caracte-
rísticas, a faixa preferencial de utilização, os principais métodos de projeto,
a interação com o suporte e, de forma evidenciada, a comparação entre os
procedimentos de projeto com o acúmulo de informações um destacado
banco de dados de testes em verdadeira grandeza.
HALDAR et al (1999) trata-se de um documento elaborado em para-
lelo ao trabalho de HERMAN et al (1999), porém conduzido por outros au-
tores, mas de posse também de contribuições do grupo de fundações WG07
da CIGRÈ. Esta pesquisa enfoca a definição dos chamados coeficientes de
resistência a serem usados nos métodos de projeto de fundações, segundo
o enfoque da IEC 60826/91, tomando como base a comparação das previ-
sões dos métodos com os resultados de ensaios de fundações em verdadeira
grandeza, estatisticamente tratados e documentados e nos anexos.
3. Fundações de Linhas de Transmissão • 117
DEMBICKI et al (1993) resume os resultados de um projeto de US$
1.300.000,00 (RP 1280-1), encomendado pelo EPRI – Electric Power Rese-
arch Institut (Palo Alto, EUA), em 1991. O intuito era a análise de métodos
de projeto para a previsão da capacidade de tubulões submetidos a carrega-
mentos laterais. O documento sumariza a análise de 6 métodos dos princi-
pais considerados em projetos (MFAD, EDF, Dembicki e Obrinski, Hansen,
Broms e Reese) e os compara a resultados de ensaios em verdadeira gran-
deza de fundações em tubulões de LT’s, calibrando assim os coeficientes de
resistência de cada um dos métodos para a utilização da IEC 60826/91 ou
ASCE Manual 74.
KULHAWY (1999) apresenta uma seleção de notas de aula de um
curso realizado em julho de 1999 sobre projeto de fundações de LT’s cuja
responsabilidade foi do Prof. Fred Kulhawy, da Cornell University, que é
uma autoridade tanto em ensino e pesquisa quanto em consultorias de fun-
dações de LT’s. Este estudo apresentou módulos de mecânica dos solos e
das rochas, estimativa de parâmetros geotécnicos, filosofia de projeto de
fundações, capacidade de carga à compressão, capacidade de carga á tração,
capacidade de carga lateral, testes de carga, fundações especiais (estacas e
microestacas), cargas induzidas pelo vento e estados limites de fundações,
impacto de tolerâncias de construção e de deslocamentos de fundações no
desempenho das estruturas, incertezas e avaliação do risco.
CIGRÈ (2008) tem como principal objetivo é apresentar um método
de calibração de modelos geotécnicos e a partir destes determinar a capaci-
dade de carga das fundações baseadas em teste de verdadeira grandeza. Para
desenvolver a metodologia de calibração é necessário determinar a faixa in-
tervalar da capacidade de carga baseada em testes em verdadeiras grandezas
utilizando um modelo de regressão linear. A predição intervalar é definida
com limites inferior e superior com um grau determinado de confiança para
um novo teste da fundação. Uma relação direta é estabelecida entre o limite
inferior da predição intervalar e o fator de resistência no cálculo, o qual
poderá ser usado no projeto baseado em confiabilidade. O coeficiente de
resistência da fundação com limite exclusão é definido como a razão da
capacidade de teste calculada com um especificado nível de confiança e a
correspondente capacidade de projeto geotécnico. Este documento apre-
senta um procedimento passo a passo para que o engenheiro de fundações
possa visualizar todas as hipóteses feitas e as limitações correspondentes na
aplicação deste método.
Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 118
3.5.3 Por que projetos de fundações de Linhas de Transmissão são especiais
As estruturas de LT’s podem ser consideradas como projetos espe-
ciais, pois as são longas (“obras deitadas”) atravessando inúmeros perfis
geológico-geotécnicos. Inúmeras estruturas similares são construídas em
condições geotécnicas variáveis. É economicamente inviável estudar com
precisão todos os pontos de construção das fundações. A razão entre carga
variável / carga permanente é bastante alta. O efeito de tração nas fundações
geralmente controla o dimensionamento. Não há ocupação humana nas es-
truturas e, usualmente, não se encontram condições de ameaça à vida. Em
resumo existe muito pouca informação de pesquisa nacional sobre o assunto
apesar da extensa experiência mundial em projetos similares. Em conseqü-
ência, existe muito campo a ser desenvolvido para aplicação de conceitos
específicos para os solos brasileiros.

3.5.4 Confiabilidade
Os métodos de projeto vêm alcançando novos patamares passando
de conceitos determinísticos para probabilísticos ou semi-probabilísticos
(Estados limites).

a) Método determinístico
Neste método as cargas de trabalho eram multiplicadas por um fator
de sobrecarga. Estas cargas deveriam ser resistidas pela resistência última da
fundação divida também por um fator de segurança.
Alternativamente, as cargas de trabalho eram multiplicadas por um
fator de segurança global e resistidas pela resistência última da fundação.
Ainda, alternativamente, as cargas de trabalho eram resistidas pela resistên-
cia última da fundação divida também por um fator de segurança global.
Distintos fatores de segurança ou fatores de segurança global eram aplicados
dependendo do evento considerado. Por exemplo, carregamentos normais
e carregamentos excepcionais. Não havia um procedimento de projeto uni-
versalmente aceito e utilizado. A maioria dos procedimentos era baseada em
requisitos de normas nacionais.

3. Fundações de Linhas de Transmissão • 119


b) Método probabilístico
Este método também é conhecido como método dos estados limites
ou dos coeficientes parciais de segurança.
Os estados limites podem ser divididos em dois tipos: Estado Limite
Último e Estado Limite de Utilização (ou dano). Um estado limite ocorre
quando a LT ou um componente falha em satisfazer qualquer requisito de
desempenho especificado.
Os carregamentos estão associados a um período de retorno T e são
resistidos pela resistência característica da fundação multiplicada por um fa-
tor (parcial, redutor) de resistência.
A falta de informação suficiente para a calibração precisa dos coefi-
cientes parciais de segurança leva à utilização de técnicas semi-probabilísticas
onde os modelos probabilísticos são comparados com os projetos estrutu-
rais existentes com desempenhos satisfatórios. Desta forma, os coeficientes
parciais são ajustados visando desempenho similar.
Internacionalmente, são mais utilizados e conhecidos dois procedi-
mentos de projeto para LT’s: a IEC 60826/2003 em escala mundial e o
ASCE Manual 74 (1991) mais conhecido e aplicado na América do Norte.
Tanto o IEC 60826/2003 quanto o ASCE Manual 74 (1991) consideram as
teorias de projetos de sistemas, ou seja, a LT é considerada um sistema com-
pleto em série, composto de uma seqüência de componentes mecânicos e
elétricos interdependentes (cabos condutores e pára-raios, isoladores, ferra-
gens, suportes, fundações, etc.). A falha de qualquer um destes componentes
principais ocorre a perda de capacidade de transmissão de energia.
A principal vantagem da utilização destes procedimentos é a capaci-
dade gerada de se projetar para um nível uniforme de confiabilidade ou, de
forma alternativa, para uma seqüência preferencial de falha.
A seguir são apresentadas algumas características dos procedimentos
utilizados pela IEC 60826/2003 e pelo ASCE Manual 74 (1991).

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 120


IEC 60826/2003

Este documento adota conceitos probabilísticos associados a cargas


devidas a eventos meteorológicos, outros tipos de carregamentos (segurança
pessoal, construção, manutenção) e ainda têm conceitos determinísticos.
A inequação de projeto é a seguinte:
γ UQ T < Φ R R C ( 3.73 )

Onde:

gu é o fator de uso e depende da utilização das estruturas de suportes


em relação ao máximo vão de projeto.

QT é o efeito da carga correspondente a um dado período de retorno T.

Φ R é o fator de resistência que considera: coordenação de resis-


tência (seqüência preferencial de falha), número de componentes sub-
metidos ao máximo efeito de carga e nível de qualidade do componente
( Φ R = Φ S Φ N ΦQΦC )

RC é a resistência característica ou nominal do componente.

Φ S é o fator relacionado com a coordenação de resistência entre


diferentes componentes.

Φ N é o fator relacionado ao número de componentes submetidos ao


máximo efeito de carga.

Φ Q é o fator relacionado ao nível de qualidade.

Φ C é o fator relacionado à relação entre o limite de exclusão rela e


o valor igual a 10%.
O desejado nível de confiabilidade é alcançado tomando-se um dos
três períodos de retorno especificados, a saber: 50, 100 ou 500 anos.

3. Fundações de Linhas de Transmissão • 121


ASCE Manual 74 (1991)

Este manual apresenta conceitos bem similares aos apresentados na


IEC 60826/91.
A inequação de projeto é a seguinte:
ΦR N < [D L + γ ⋅ Q 50 ] ( 3.74 )

Onde:
Φ é o fator de resistência que considera a incerteza nas propriedades
dos materiais, da interferência da construção e as incertezas inerentes do
cálculo de RN.

R N é a resistência nominal do componente.

DL é o efeito dos carregamentos de peso próprio.


g é o fator de ponderação aplicado ao efeito da carga Q50.
Q50 é o efeito da carga resultante de um evento com período de re-
torno T = 50 anos.

O fator “γ” pode ser ajustado de forma a que o efeito da carga seja
resultante para um período de retorno recomendado (T =100, 200 e 400
anos), de acordo com a importância e comprimento da LT.
O coeficiente de resistência “Φ” leva em conta a não uniformidade
do limite de exclusão e as diferenças nos coeficientes de variação de diferen-
tes componente, bem como pode também ser usado para ajustar a confiabi-
lidade relativa de cada componente.

3.5.5 Projeto Geotécnico


As informações de fundamental importância para um projeto geotéc-
nico de fundações de LT’s são: profundidade do nível de água, peso especí-

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 122


fico do solo natural e do reaterro a ser utilizado e resistência do solo natural
e do reaterro a ser aplicado nas fundações.
Os parâmetros geotécnicos são definidos a partir de amostras de so-
los padrões. São executados ensaios de granulometria, cisalhamento direto e
triaxiais. Além dos parâmetros geotécnicos necessários para avaliar a capa-
cidade da fundação, alguns parâmetros relacionados às deformações podem
ser também solicitados.
Usualmente, as propriedades do solo para cálculos de engenharia de
fundações são baseados em correlações com tipos de solos, correlações com
ensaios “in-situ” e com resultados de ensaios de laboratório.
As correlações entre propriedades mecânicas dos solos com tipos de
solos são usualmente utilizadas quando disponíveis. Alguns tipos de solos
têm certa faixa de valores para uma dada propriedade mecânica. A estima-
tiva de uma dada propriedade pode ser feita sabendo-se o tipo de solo e
o peso específico e/ou consistência (ou compacidade) do solo. Caso nem
o peso específico nem a consistência (ou compacidade) sejam conhecidos,
estimativas conservadoras podem ser realizadas.
As propriedades mecânicas dos solos para os cálculos de engenharia de
fundações podem ser definidas com base nos resultados de ensaio “in-situ”.
O SPT (Standard Penetration Test) fornece amostras para a classifi-
cação e determinação do tipo de solo. O número de golpes (NSPT) pode ser
correlacionado com o peso específico, resistência e propriedades de defor-
mação do solo. Tais correlações são mais consistentes para os solos granula-
res do que para os solos coesivos.
O CPT (Cone Penetration Test) embora não forneça amostras forne-
ce dados que podem ser correlacionados ao tipo de solo, com o peso espe-
cífico, resistência e propriedades de deformação do solo. Correlações com
as resistências de ponta e atrito lateral também podem ser correlacionadas.
Este teste pode ser muito difícil de ser realizado em solos granulares grossos.
As correlações deste teste são mais confiáveis para solos coesivos.
O PMT (Pessuremeter Test) e o DMT (Dilatometer Test) são usados
para avaliar propriedades de deformação de solos e rochas.

3. Fundações de Linhas de Transmissão • 123


Os ensaios de laboratório fornecem avaliações diretas do peso especí-
fico, umidade ótima, resistência e das propriedades de deformação de solos
naturais, bem como de reaterros. Teste de Cisalhamento Direto ou Teste de
Cisalhamento Triaxial de amostras coletadas no campo fornecem resistência
ao corte e propriedades de deformação no local específico.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 124


4. As Incertezas envolvendo o projeto e a execução
de fundações de linhas de transmissão

4.1 Introdução

Com a crescente demanda por energia, muitas das atenções voltaram-


se ao sistema brasileiro de transmissão de energia elétrica. Investimentos na
ampliação e manutenção do sistema existente vêm sendo continuamente
realizados.
O suprimento de energia deve ser garantido, pois o crescimento eco-
nômico de um país depende disso e da oferta de energia a custos competiti-
vos. O grande problema vivido por um engenheiro ocorre na determinação
de esforços, propriedades de materiais, dimensões aceitáveis sob condições
às vezes de completa incerteza. Não somente neste âmbito, porém em todo
aspecto que envolve um projeto pode ser percebida uma grande quantidade
de dúvidas que são assumidas com determinados valores. Uma estrutura
(seja ela de fundações ou não) tem seu desempenho definido segundo leis e
modelos complexos. Isto introduz uma bagagem enorme de incertezas nas
tomadas de decisões e o risco é evidente.
Métodos semi-probabilísticos tais como o os Estados Limites tendem
a determinar coeficientes de minoração de resistências e majoração de es-
forços para tentar abranger todo o raio de possibilidades. Mas, isto de certa
forma é impossível. Definir todas as incertezas que envolvem um projeto
é praticamente impossível, pois além de vários aspectos filosóficos fica a
origem na limitação do conhecimento humano, na pouca experiência do
profissional envolvido, simplificações admitidas, hipóteses adotadas, etc. O
objetivo deste capítulo é fornecer ao meio técnico uma discussão a respeito
destas incertezas que envolvem um projeto de fundações tais como: incer-
tezas físicas, estatísticas, de modelagem, de métodos de cálculo, relacionadas
ao fator humano, de interpretação de resultados, de procedimentos de en-
saios de campo, da natureza, etc.
A partir do fluxo de informações de um projeto de fundações serão
caracterizadas várias incertezas envolvidas no projeto de fundações de Li-
4. As Incertezas envolvendo o projeto e a execução de fundações de linhas de transmissão • 125
nhas de Transmissão. Este estudo trata-se de um ponto crucial de referência
para inserção de novos métodos de cálculo e dimensionamento de funda-
ções baseados em Confiabilidade.
Os resultados aqui demonstrados e sua diferença em relação aos pre-
vistos evidenciam a necessidade de conceitos probabilísticos na avaliação das
capacidades de carga de fundações. Um exemplo numérico esclarecerá de
modo eficaz a variabilidade do processo diante das incertezas envolvidas.
Um sistema estrutural tem seu desempenho definido por leis às vezes
complexas que introduzem uma série de incertezas no projeto. Tais incer-
tezas têm origem no conhecimento limitado do ser humano, na falta de
experiência do projetista, nas simplificações, suposições e idealizações feitas
na análise e no caráter naturalmente incerto do futuro (JÚNIOR, 2007).
Portanto, a definição por completo das incertezas que afetam qualquer tipo
de projeto é extremamente dificultada.
No projeto de fundações é fundamental o conhecimento do local
onde será executada a estrutura, bem como os carregamentos aplicados pro-
venientes desta estrutura. Ou seja, é essencial saber as resistências dos solos
e as cargas de projeto aplicadas. Além do convencional, os projetos de fun-
dações de Linhas de Transmissão (LT) têm particularidades fundamentais
quando comparados a quaisquer outros tipos de projetos de fundações (tais
como edifícios, pontes, barragens, etc.).
Devido à maioria das vezes existir uma série de fundações locadas em
grandes extensões, convencionalmente são definidos quatro a cinco tipos de
solos (tipificação padrão) ao longo da LT, no intuito de abranger a totalidade
de solos atravessados. Com isso, projetos padrões são definidos por tipos de
torres.
Geralmente, por motivos econômicos, o programa de sondagens
mescla sondagens quantitativas (SPT – custos maiores) com qualitativas
(trados – custos menores) ao longo do trecho de projeto. A partir destes
resultados, e de posse da tipificação padrão de solos as fundações são defi-
nidas torre a torre.
O estudo ora publicado sustenta a necessidade imperativa de uma
avaliação profunda a partir de conceitos de confiabilidade em projetos de
fundações de LT’s, pois todos os parâmetros envolvidos apresentam altos
graus de incerteza e uma variação nestes parâmetros altera drasticamente
Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 126
entradas (parâmetros geotécnicos, por exemplo) e saídas (capacidade de car-
ga) deste sistema.
Conceituar incertezas e avaliar qualitativa e quantitativamente sua di-
mensão no projeto de fundações é o principal objetivo deste artigo. A partir
da experiência de projetos e em execução de obras de LT’s serão definidas
as principais incertezas envolvidas e suas principias conseqüências para o
projeto.

4.2 Incertezas

4.2.1 Generalidades
A utilização de dados de ensaios na avaliação probabilística das vari-
áveis envolvidas no problema em questão não é condição suficiente para se
eliminar todas as incertezas do projeto. Os dados disponíveis não são sufi-
cientes para uma representação impecável dessas variáveis.
Ao se desenvolver projetos de engenharia, freqüentemente são to-
madas decisões a despeito do grau de totalidade e qualidade da informação
disponível. Portanto, conclusões são definidas sob condições de incerteza,
no sentido de que a conseqüência destas resoluções não pode ser determi-
nada com total confiança. O problema gerado, por tanto, é como projetar
fundações seguras a partir de conhecimento incompleto. Torna-se possível
minimizar incertezas, mas nunca eliminá-las. Muitos problemas envolvem
processos e fenômenos naturais inerentemente aleatórios. Por esses moti-
vos, os processos de planejamento e prometo em engenharia requerem deci-
sões a serem definidas sob condições de incerteza. Desta forma, as incerte-
zas presentes nos sistemas de engenharia avaliadas por conceitos estatísticos
estão adquirindo conotação de grande importância nos projetos atuais por
representarem comportamentos mais próximos dos reais.

4.2.2 Tipos de Incertezas


As incertezas presentes nos projetos de fundações podem ser clas-
sificadas em: intrínseca, estatística e de modelo (HACHICH, 1996). Po-
rém, numa subdivisão mais detalhada, as incertezas podem ser classifica-

4. As Incertezas envolvendo o projeto e a execução de fundações de linhas de transmissão • 127


das da seguinte forma: físicas, estatísticas, de modelagem, relacionadas a
fatores humanos, de avaliação, fenomenológicas e de medição, de acordo
com (THOFT-CHRISTENSEN e BAKER ,1982), (ANG e TANG, 1984),
(MELCHERS, 1987), (MELCHERS, 1989), (RIERA e ROCHA, 1993),
(BARRAGÁN, 1995) e (DITLEVSEN e MADSEN, 2002).
A partir destes conceitos, a seguir será estudado cada tipo de incerte-
za com sua aplicação no projeto de fundação de LT.

4.2.3 Incertezas Físicas


Este tipo de incerteza está associado a alguns fatores tais como:
• Geometria das fundações (diâmetros de fustes, alargamento de ba-
ses, alturas de alargamentos de bases, profundidades de escavações,
larguras das escavações, cobrimento do concreto função da classe
de agressividade adotada, etc.);
• Propriedade mecânica do concreto (fck, módulo de elasticidade);
• Propriedade mecânica do aço (ftk, módulo de elasticidade);
• Propriedades mecânicas dos solos (tensão admissível, peso específi-
co, coesão, ângulo de atrito, ângulo de cone, coeficiente de recalque,
tensão de atrito lateral, etc);
• Propriedades mecânicas na interação solo-estrutura;
• Ações externas (existência ou não de efeitos sísmicos e sua intensi-
dade, ventos).

O fato é de extrema importância, pois a variabilidade existente em


cada subitem apresentado acima é substancial. Qualquer variação não pre-
vista de alguma propriedade mecânica (solo, concreto, aço e interação solo-
estrutura) gera uma resposta estrutural completamente diferente da prevista.
Um exemplo numérico será avaliado mais adiante neste intuito no intuito de
visualizar os efeitos destas incertezas.
Salvo controle de qualidade excepcional (o que gera custo), no pro-
cesso de execução das fundações as dimensões de projeto ficam distorcidas
(diâmetros, alturas, profundidades e larguras não necessariamente idênticas
Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 128
ao projetado, variações em centímetros para mais e para menos). Fato que
altera diretamente a capacidade de carga da fundação. Isto pode ser exempli-
ficado conforme a tabela 4.1 a seguir.

Tabela 4.1 - Variação da Capacidade de Carga à Tração de Fundações (kN)


com Variação na Geometria das Fundações
Fundação φbase = 1,45m φbase = 1,50m φbase = 1,55m

H = 5,00m
325,82 337,65 350,00
φfuste = 0,80m

H = 4,95m
318,55 330,19 342,35
φfuste = 0,80m

H = 5,00m
329,52 341,66 353,64
φfuste = 0,75m

H = 5,00m
321,85 333,71 345,73
φfuste = 0,85m

H = 4,95m
314,61 326,29 338,12
φfuste = 0,85m

H = 4,95m
322,21 334,16 345,95
φfuste = 0,75m

Com apenas 5 centímetros de variação nas dimensões básicas de um


tubulão (fato que não é impossível na execução) temos variações que com-
binadas ficam entre 314,61kN até 353,64kN.
A variabilidade na definição da resistência à compressão do concreto
já está prevista nas normas de referência ao assunto, porém estudos recentes
(ver AZEVEDO e DINIZ, 2008) já mostram que as normas deverão reava-
liar conceitos tais como adotar sempre a distribuição normal para este tipo
de estudo, avaliando também a distribuição Lognormal.
No caso específico de fundações de LTs em sua maioria as tensões
admissíveis são definidas a partir de correlações com número de golpes do
ensaio à percussão. Já por não existir apenas uma correlação já é um indica-
tivo de variabilidade. Além do mais, o procedimento do ensaio à percussão
apresenta vários pontos “questionáveis” por serem passíveis de variabili-
dade. Este ensaio com suas particulares variáveis será melhor examinado
adiante em “incertezas de medição”.

4. As Incertezas envolvendo o projeto e a execução de fundações de linhas de transmissão • 129


A visualização individual dos materiais (concreto, aço, etc.) à parte
do solo vem sofrendo questionamento importante no meio técnico devido
à grande diferença de resultados quando avalia-se a interação solo-estrutura
(mais real). Mas, neste caso a incerteza está mais associada ao modelo de
cálculo.
As ações externas (sismos, ventos) aplicadas à estrutura a qual sua
fundação é o suporte são portadoras de alta variabilidade de intensidade
e direção. Portanto, percebe-se que intensidade e tempo de aplicação des-
tes carregamentos são altamente variáveis. Não pode ser realizado nenhum
estudo técnico preciso de posse de ferramentas computacionais potentes
sem levar em conta estas variabilidades de carregamentos. Evidentemente,
não se trata de um procedimento fácil, pois envolve dinâmica de estruturas
e não simplesmente uma avaliação de estática, o que gera a necessidade de
profissionais tecnicamente mais capacitados e com visão de todo o sistema
em questão.
A variabilidade física pode ser quantificada apenas por meio de dados
amostrais. O levantamento de dados amostrais é sempre prejudicado pela
sua limitação a partir de aspectos financeiros e questões puramente práticas.
Ou seja, esta quantificação fica afetada por incertezas estatísticas.

4.2.4 Incertezas Estatísticas


Este tipo de incerteza está associado ao erro de estimação decorrente
ao reduzido número de observações. Esta incerteza surge da falta de da-
dos suficientes para a completa informação sobre determinado assunto. Um
exemplo clássico em projetos de fundações de LTs trata-se do procedimento
de definição de fundações que é feito a partir de um número reduzido de
resultados de sondagens à percussão (a qual permite quantificar por corre-
lações as propriedades mecânicas dos solos) em detrimento de um número
alto de sondagens a trado (avaliação qualitativa, não fornece resultados de
penetrações e a amostra coletada é deformada).
Dependendo do critério adotado pelo projetista, um programa de
sondagens é definido o qual prevê alguns pontos onde deverão ser exe-
cutadas sondagens à percussão intercaladas por sondagens a trado. Para
elaboração deste programa de sondagens é fundamental ao engenheiro de
fundações o conhecimento do documento de Planta e Perfil para, a partir
Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 130
deste definir os locais onde se exigirão as sondagens à percussão. A partir
do conhecimento das resistências dos solos em dois pontos cujas sondagens
foram à percussão, a avaliação é feita de forma qualitativa a partir dos trados
intermediários e tendo em vista o perfil da LT. Definem-se assim todas as
fundações deste trecho.
Quanto maior a distância entre estes pontos de sondagens à percus-
são, maior a possibilidade de erro na interpretação dos resultados interme-
diários. É claro que o ideal seria executar-se uma sondagem à percussão
por cada torre. Porém, o bom senso e a economia levam à necessidade de
redução do número de pontos com este tipo de sondagem. A grande quali-
dade está no determinar um ponto ótimo entre quantidade de sondagens à
percussão e qualidade na definição das fundações. Entenda-se aqui qualida-
de como boa técnica associada à redução de custos. É evidente que dentro
deste processo incertezas são evidentes, pois podemos encontrar determi-
nado tipo de solo intercalado entre torres e que não pode ser averiguado nas
sondagens a trado.
O processo de definição de fundações deve ser encarado de forma
mais ampla como um conjunto de ações: reconhecimento do campo, ava-
liação de planta e perfil, elaboração de programa de sondagens, tipificação
de solos-padrão, acompanhamento dos resultados de sondagens, solicitação
de novos pontos de sondagens, verificação da execução por profissionais
qualificados (alerta para que a melhor sondagem da fundação pode ser a
escavação se bem acompanhada), etc. Além disso, existem associadas à exe-
cução destas sondagens as incertezas de medições. O processo de execução
destas sondagens é padronizado com características que poderão gerar erros
de medição. Estas incertezas serão melhores trabalhadas mais à frente neste
artigo com um exemplo real desta incerteza.

4.2.5 Incertezas de Modelagem


Nunca existirá engenharia sem utilização de modelos. A idéia é que
a realidade seja adaptada a formas reduzidas simplificadas. O que se faz em
engenharia é avaliar o acontecimento a ser estudado e determinar expressões
matemáticas que possam mesmo com suas simplificações representar o real.
E para isso é fundamental a utilização de modelos. A evolução computa-
cional tem permitido reduzir as simplificações e de certa forma conhecer

4. As Incertezas envolvendo o projeto e a execução de fundações de linhas de transmissão • 131


melhor os problemas. Porém, em todo modelo por menos simplificado que
seja há incertezas envolvidas.
Este tipo de incerteza envolve conhecimento prático a respeito do
comportamento do sistema estrutura-solo em questão e dos carregamentos
envolvidos no problema.
De acordo com (Thoft-Christensen e Baker, 1982) discu-
tido por (JÚNIOR, 2007), a incerteza de modelo, associada com um modelo
matemático em particular, pode ser expressa em termos de distribuição de
probabilidade da variável Xm definida como:
R
Xm = ( 4.1 )
M

Onde: R é a Resposta Real e M é a Resposta prevista usando o Mode-
lo. Xm também é conhecida como fator de resistência.
Cuidado redobrado deve ser tomado quando se substitui a realidade
por modelos, pois às vezes corre-se o risco de o modelo usual não ter nada
de característico do real e se insistir no erro. Engenharia também é criar
mesmo diante de modelos consagrados. O que seria do avanço da ciência se
não houvesse os questionamentos. Nunca pode ser desprezada a incerteza
de modelo, pois o impacto é evidente na resposta final do problema. Veja
a seguir na tabela II um exemplo tirado de (CIGRÈ, 1999) que mostra al-
guns resultados de capacidade de carga em fundações comparando modelos
(Broms’, Hansen’s e Reese’s) e ensaios de protótipos em tamanho real cuja
verificação de falha foi definida para rotações iguais ou superiores à 2º.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 132


Tabela 4.2 - Capacidades de Carga Calculadas, Fundações Testadas e Fator
de Resistência de Fundações em Sapatas (CIGRÈ, 1999)
Profundidade Capacidade Hansen Reese Broms
/Largura para 2º de
Capacidade Fator de Capacidade Fator de Capacidade Fator de
Teste

rotação em
ensaio Calculada Resistência Calculada Resistência Calculada Resistência

(kN.m) (kN.m) (Xm) (kN.m) (Xm) (kN.m) (Xm)

7 2,50 3.500,1 3.049,1 1,1479 2.529,6 1,3837 1.225,3 2,8565


2 2,60 2.333,4 2.778,5 0,8398 2.237,2 0,9588 1.051,3 2,2195
1 3,11 2.686,2 2.764,9 0,9715 2.405,8 1,1166 2.903,6 0,9251
14 3,33 3.025,3 2.373,2 1,2748 2.019,6 1,4980 1.354,6 2,2334
13 3,89 2.984,6 4.001,1 0,7459 3.487,0 0,8559 2.458,9 1,2138
10 3,32 5.833,6 4.092,2 1,4255 3.147,0 1,8537 5.669,8 1,0289
3 4,20 3.513,7 1.395,4 2,5181 1.249,8 2,8114 881,1 3,9564

É evidente que os modelos aceitos nos meios técnicos ainda estão


longe de representar fielmente a realidade. Trata-se de equações que sim-
plificam a realidade tão complexa que é a interação solo-estrutura. Estudos
mais aprimorados vêm sendo desenvolvidos. Além disso, o grupo de fun-
dações internacional da Cigrè vem desenvolvendo um estudo que propõem
um fator de resistência para fundações a partir de ensaios de protótipos a
ser publicado no futuro.
Nesta avaliação de incerteza devido ao modelo destaca-se a sensi-
bilidade de modelos de interação solo-estrutura em relação aos dados de
entrada, ou melhor, incertezas nos modelos de ações (vento, sismo, peso
próprio da estrutura e do solo e reaterro, etc.). Os próprios comportamentos
da estrutura e do solo são incertos e ressalta-se aqui a falta de modelos con-
sagrados que se levem em conta a interação solo-estrutura, ou seja, os dois
trabalhando juntos sob ação dos carregamentos.
Importante destacar que o conhecimento técnico não é o mesmo se
comparados diferentes projetistas. Isto influencia na definição do modelo
adotado e, portanto, incertezas associadas ao ser humano devem ser levadas
em conta.

4.2.6 Incertezas Relacionadas a Fatores Humanos


Segundo (MENEZES et al, 2005), o grande progresso nos sistemas
tecnológicos ocorrido no século XX trouxe melhorias nos níveis de con-
fiabilidade e segurança de muitos sistemas de equipamentos. No entanto,
4. As Incertezas envolvendo o projeto e a execução de fundações de linhas de transmissão • 133
não considerou a variabilidade no comportamento humano, a qual ocorre
devido a vários fatores que influenciam o seu desempenho. Porém, a busca
incessante pelo aumento da eficiência e confiabilidade dos sistemas tem ele-
vado o interesse pela confiabilidade humana.
A literatura apresenta vários métodos de análise de confiabilidade
humana, os quais apresentam algumas deficiências, tais como suposições
irreais de independência e simples representação binária de eventos. Essas
são conseqüências da utilização de ferramentas como análise de árvore de
eventos e de falhas, as quais possuem uma grande dificuldade na modelagem
das ações humanas, bem como na quantificação dos modelos causais.
Relacionado ao fator humano podemos destacar a probabilidade de
erro humano que pela expressão (4.2) a seguir mostra o quão incerta é esta
avaliação e o quão complicado é mensurar corretamente o seu contexto em
projeto.
E
PEH = ( 4.2 )
O


Onde: PEH é a probabilidade de erro humano, E é o número de erros
e O é o número de oportunidades para errar.
Essa definição é necessário saber a freqüência com que um erro ocor-
re em um determinado intervalo de tempo. Para inferir sobre o verdadeiro
valor da probabilidade de erro humano de maneira empírica é necessário
encontrar o valor de “O” (número de oportunidades para errar). Entretanto,
esse processo de identificação é difícil para indivíduos, uma vez que os even-
tos não ocorrem sob as mesmas condições. Diferentemente de equipamen-
tos, pessoas podem aprender com seus erros. Conseqüentemente, mesmo
que o ambiente externo pudesse ser mantido constante, é impossível que
uma pessoa depare-se com a mesma situação duas vezes com o mesmo grau
de experiência.
O conhecimento destas incertezas é muito limitado, sendo na grande
maioria das vezes de caráter qualitativo.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 134


4.2.7 Incertezas de Avaliação
Julgamento precipitado. A partir de experiência subjetiva avaliações e
definições são executadas para quantificação de ações e respostas de sistemas
estruturais. O estado de falha pode ser definido por um critério subjetivo.
Falha nem sempre quer dizer ruína total, pode estar associada a superação
de um estado limite de serviço definido à juízo humano.

4.2.8 Incertezas Fenomenológicas


Alguns eventos imprevistos são característicos quando se trata de
efeitos de ordem fenomenológica. As previsões de comportamentos de ven-
tos, enchentes, sismos nem sempre podem ser caracterizados com certeza.
A falta de conhecimento completo de todas as variáveis que influen-
ciam este tipo de ocorrência gera um alto grau de incerteza na definição de
tais efeitos. A falta de conhecimento técnico completo a respeito do pro-
blema no ato do projeto também afeta e alimenta este tipo de incerteza.
Isso não quer dizer que as pessoas envolvidas não tenham informação ou
experiência na área.
Exemplo típico deste problema foi encontrado no projeto executivo
da LT 500kV Tucuruí – Vila do Conde nos anos de 2001 e 2002 no estado
do Pará. Neste projeto as sondagens foram realizadas em período seco e as
fundações definidas para solo seco. Na época da construção após período de
chuva o nível do lençol freático variou muito acima do previsto pela equipe
de projeto.
As fundações necessitaram ser substituídas gerando atraso de crono-
grama e prejuízo financeiro. Subavaliações de ventos extremos, pesos pró-
prios subestimados, sobrecargas existentes desconsideradas, combinações
de carregamentos desprezadas também podem ser consideradas como este
tipo de incerteza. Outro ponto de incerteza é o tempo em que a estrutura
fica realmente exposta ao carregamento.
O material componente da estrutura também deteriora com o tempo
perdendo características mecânicas primordiais. Também pode ser inserida
aqui a utilização de novas tecnologias em desenvolvimento ou de tecnolo-
gias já consagradas utilizadas em ambientes diferentes.

4. As Incertezas envolvendo o projeto e a execução de fundações de linhas de transmissão • 135


Segundo (JÚNIOR, 2007) é muito importante a consideração das
incertezas fenomenológicas e de erros humanos, sempre que técnicas ino-
vadoras são empregadas e fica evidente que para produzir uma avaliação da
confiabilidade de um sistema estrutural é necessário lidar, de uma maneira
quantitativa, com ambas estas incertezas a fim de que se possam fornecer
resultados úteis em um processo de tomada de decisões.

4.2.9 Incertezas de Medição


De acordo com (DITLEVSEN e MADSEN, 2002) transcrito de (JÚ-
NIOR, 2007), variações observadas em resultados de testes experimentais
sobre qualquer grandeza física de um determinado material expressam a
soma das flutuações físicas (incertezas físicas), inerentes ao material ensaia-
do, com as flutuações inerentes ao método de ensaio, as quais contribuem
para um tipo de incerteza chamada de incerteza de medição.
Um exemplo típico de incerteza de medições em fundações encontra-
se em sondagens à percussão. Um grave problema vem ocorrendo no meio
técnico com a aparição de várias empresas de sondagens no mercado. A falta
de responsabilidade chega até ao ponto de alguns boletins serem forjados o
que já pode ser constatados em algumas LT’s. Não se trata de avaliar tal cará-
ter profissional, mas acima de tudo verificar incertezas em dados de entrada
no projeto de fundações.
A seguir na tabela 4.3 são apresentados exemplos de sondagens “rea-
lizadas” na mesma torre e apresentados os boletins para execução de proje-
to. Destaca-se a ausência de fiscalização na realização da sondagem A. Este
fato ocorreu em várias torres deste projeto. Ressalta-se o fato da experiência
técnica interferir no processo por julgar muito homogêneos os primeiros
boletins e com isso solicitar novas sondagens.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 136


Tabela 4.3 - Números de Golpes para 30cm de Penetração para uma Torre
Profundidade Sondagem A (03/10/08) Sondagem B (31/10/08)
(m) 30cm 30cm 30cm 30cm
iniciais finais iniciais finais
1,00 - - - -
2,00 5 7 1 1
3,00 5 7 1 1
4,00 5 7 2 2
5,00 5 6 6 6
6,00 5 6 5 7
7,00 5 6 7 9

A avaliação sendo feita pelos primeiros boletins a resistência seria de-


finida muito acima dos valores reais apresentados nos últimos boletins. Este
tipo de incerteza quando comprovada aumenta a probabilidade de falha de
todo o sistema.
A figura 4.1 abaixo extraída de J.K. Júnior [1] em referência de Me-
nezes [13] apresenta esquematicamente os subconjuntos das incertezas de
modelo e físicas dentro de todo o espectro de incertezas.

FIGURA 4.1 - Espectro das Incertezas (MENEZES, 1992)

É evidente a percepção de que o limite entre as incertezas nem sem-


pre é visível. Incertezas que hoje surgem da modelagem podem ser conside-
radas como físicas com o avanço dos estudos e do conhecimento.

4. As Incertezas envolvendo o projeto e a execução de fundações de linhas de transmissão • 137


4.2.10 Conclusões
O certo é a presença do incerto. Reconhecer as conseqüências de uma
subavaliação de incertezas é fundamental para que sejam determinadas as
medições das incertezas. Com isso, um projeto baseado em confiabilidade
adquire conotações essenciais e peculiares. O projeto elétrico, eletromecâ-
nico e de estruturas metálicas de LTs têm se desenvolvido bastante com
aplicações de confiabilidade em nível bem avançado. Surge a necessidade
imperativa de um desenvolvimento de projetos de fundações baseado em
confiabilidade.
Nos dias atuais é essencial avaliar projetos sob a ótica da confiabilida-
de. Para uma avaliação de estimativa de confiabilidade de um sistema estru-
tural é fundamental a determinação das incertezas envolvidas. Atualmente,
estudos envolvendo confiabilidade de fundações têm sido desenvolvidos no
intuito de melhor se projetar sob condições de incerteza. Estas incertezas
não podem ser determinadas com exatidão, porém modelos que levam em
conta resultados de ensaios comparados com resultados teóricos são fun-
damentais para uma aproximação mais precisa de quantidades associadas a
estas incertezas. O presente trabalho leva em consideração alguns aspectos
dentre muitas possíveis de incertezas envolvendo projetos de fundações em
LTs, porém é um passo inicial de uma caminhada longa. Esta tese de dou-
torado titulada “Metodologia de Projeto de Fundações de Linhas de Trans-
missão baseado em Confiabilidade Usando Ensaios de Protótipos” a ser
defendida em 2010 leva em conta os resultados de ensaios experimentais
comparativamente aos resultados segundo modelos consagrados determi-
nando assim um novo modelo de cálculo de fundações. Incertezas sempre
existiram e sempre vão existir. O ponto fundamental a partir da teoria da
Confiabilidade é avaliar os impactos das incertezas e levá-las em conta nos
modelos de cálculo aperfeiçoando os resultados encontrados.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 138


5. Ensaios de Fundações de
Linhas de Transmissão

5.1 Detalhamento do Ensaio de Campo

O procedimento detalhado do método executivo deste tipo de en-


saio será abordado a seguir. O equipamento utilizado nos ensaios foi um
tripé metálico conforme se pode perceber nas fotos deste item. Trata-se do
procedimento adotado no presente trabalho. Ressalta-se que outros tipos
de equipamentos também são comumente utilizados (tal como as vigas de
reação), sendo o tripé um dos mais utilizados.

5.1.1 Preparação do Terreno


Após definição da torre e do estai a ter sua fundação testada, o pri-
meiro passo é a execução de pequenas escavações para assentamento das
patas do tripé de ensaio ao lado do estai, conforme mostrado na Fig. 5.1.

Estai

Escavação

FIGURA 5.1 - Cavas para assentamento das patas do Tripé de Ensaio.

5. Ensaios de Fundações de
Linhas de Transmissão • 139
5.1.2 Montagem do Tripé de Ensaio
Conforme Fig. 5.2 e Fig. 5.3, concomitantemente à escavação
das valas, realiza-se a montagem do tripé em campo.

Montagem parte
superior do tripé

FIGURA 5.2 - Fixação das duas pernas maiores na extremidade superior do tripé.

5.1.3 Levantamento do Estai Provisório


Neste tipo de ensaio, o estai a ser ensaiado deverá ter o seu cabo
retirado. Por motivos óbvios de física e manutenção de equilíbrio, devemos
com isso instalar um cabo de estai provisório na torre. Uma extremidade do
cabo ficará fixa na torre e a outra no nosso caso específico em um caminhão
de turma. Veja as Fig. 5.4 e 5.5.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 140


FIGURA 5.3 - Fixação da terceira pata do tripé.

5. Ensaios de Fundações de
Linhas de Transmissão • 141
FIGURA 5.4 - Fixação na torre do estai provisório.

FIGURA 5.5 - Fixação na torre do estai provisório.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 142


5.1.4 Retirada do Grampo U do Estai Ensaiado e Alívio dos Outros Estais
Antes da retirada do estai do tirante a ser ensaiado procede-se ao
afrouxamento dos outros três estais. Sendo assim, a tração nos cabos de
estais é diminuída e principalmente, torna-se mais fácil a retirada do estai de
ensaio. Veja as Fig. 5.6. e 5.7.

FIGURA 5.6 - Alívio de tensão nos estais não ensaiados.

5. Ensaios de Fundações de
Linhas de Transmissão • 143
5.1.5 - Nivelamento do Tripé de Ensaio
O equipamento de ensaio deverá aplicar o carregamento no eixo da
barra. Ou seja, o tripé será nivelado para evitar-se a ação de esforços adicio-
nais que provocariam conseqüentes deslocamentos resultantes. Veja as Fig.
5.8. e 5.9.

FIGURA 5.7 - Retirada do grampo U e do cabo do estai.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 144


FIGURA 5.8 - Alinhamento do equipamento.

FIGURA 5.9 - Adição de madeira para nivelamento do equipamento.

5. Ensaios de Fundações de
Linhas de Transmissão • 145
5.1.6 Prova de Carga
O equipamento de ensaio deverá aplicar o carregamento no eixo da
barra. Ou seja, o tripé será nivelado para evitar-se a ação de esforços adicio-
nais que provocariam conseqüentes deslocamentos resultantes. Veja as Fig.
5.8. e 5.9.
Após nivelamento do tripé, o cilindro de tração é conectado na barra
através de luvas de emenda, pontas de barra, manilha e pinos. A Bomba Hi-
dráulica é introduzida ao sistema para aplicação de pressão. O Manômetro
está acoplado à bomba e é neste que se realizam as leituras de pressão. As
leituras são convertidas em cargas através de tabela emitida pela empreiteira
e entregue para conhecimento do Cliente. A placa utilizada para deslizamen-
to dos medidores de deslocamento é a própria Placa de Ancoragem utilizada
no projeto da fundação, pois esta já apresenta o furo da barra. Para não
ocorrência de deslizamento desta na barra foram apertadas contra-porcas e
/ ou porcas do sistema acima e abaixo da própria placa. Garantia-se assim
a estabilidade das medidas. Os medidores de deslocamentos em número de
dois eram observados todo momento. As leituras foram feitas com peque-
nos intervalos de tempo (Veja Fig. 5.15). Os medidores de deslocamentos
eram constantemente observados quanto à adição de esforços que “não re-
presentariam a realidade”. Todos os acontecimentos foram relatados nas
planilhas de ensaio. Veja as Fig. 5.10 até 5.14.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 146


FIGURA 5.10 - Detalhe da bomba hidráulica.

5. Ensaios de Fundações de
Linhas de Transmissão • 147
FIGURA 5.11 - Detalhe dos medidores de deslocamentos.

Legenda:
1 - Tirante do estai.
2 - Base magnética.
3 - Cantoneira de apoio das bases magnéticas.
4 - Medidor de deslocamentos E1.
5 - Medidor de deslocamentos E2.
6 - Haste do medidor de deslocamentos.
7 - Placa com furo central para apoio de haste do medidos de
deslocamentos.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 148


FIGURA 5.12 - Vista geral do ensaio.

FIGURA 5.13 - Detalhe da inclinação do estai ensaiado.

5. Ensaios de Fundações de
Linhas de Transmissão • 149
FIGURA 5.14 - Vista geral do ensaio – bombeamento.

5.2 Procedimento de Ensaio

O dispositivo de aplicação de carga era constituído por um atuador


hidráulico alimentado por bombas manuais, atuando contra um sistema de
reação estável. O atuador hidráulico apresentava capacidade máxima de 400
kN e curso de êmbolo compatível com os deslocamentos esperados entre
o topo da fundação e o sistema de reação. O tripé de reação apresentava
resistência e rigidez para suportar com segurança a carga máxima de 600 kN
e ficava apoiado sobre o solo através de sapatas projetadas com capacidade
de carga à compressão de pelo menos 50% superior às máximas cargas pre-
vistas para os ensaios. A tensão transmitida ao solo pelas sapatas de reação
deve estar compatibilizada com a capacidade superficial do solo em termos
de resistência e deformação. Quando necessário, o solo foi reforçado ou a
sapata aumentada.
Na execução dos ensaios os seguintes cuidados foram tomados:
- Realização de medições das cargas aplicadas e dos deslocamentos
axiais no ponto de ligação da haste com o equipamento de ensaio,
conforme apresentado nas Fig. 5.10, 5.11 e 5.12;
Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 150
- Aplicação de cargas perfeitamente axiais à haste e medidas através
de manômetro instalado no sistema de alimentação do atuador hi-
dráulico, conforme apresenta a Fig. 5.13;
- O manômetro utilizado tem capacidade de leitura (subdivisão) que
não ultrapasse 25% à máxima carga prevista no ensaio de carga e
com graduação que permitisse uma precisão mínima de 2,5 kN. O
conjunto atuador hidráulico, bomba hidráulica, manômetro/célula
de carga utilizado foi calibrado e apresentava certificado de calibra-
ção atualizado;
- Os deslocamentos axiais do topo da haste foram medidos simul-
taneamente através de dois medidores de deslocamentos instala-
dos em eixos ortogonais. Os medidores de deslocamentos têm no
mínimo 50 mm de curso e permitem leituras diretas de 0,01mm,
conforme a Fig. 5.11;
- Por segurança, os possíveis movimentos laterais da haste foram con-
tinuamente acompanhados para verificação de eventual introdução
de esforços adicionais não desejáveis;
- Os medidores de deslocamentos foram fixados em vigas de refe-
rência com rigidez compatível com a sensibilidade das medidas.
Adicionalmente tais vigas se apresentavam livres de eventuais mo-
vimentos do terreno. Para tanto foram simplesmente apoiadas em
ambas as extremidades em peças fixadas no solo fora da área de
influência da movimentação do solo por ação dos deslocamentos e
aplicação das cargas;
- Os efeitos externos (temperatura e vento) eram evitados ou avalia-
dos quando os deslocamentos por eles provocados fossem signifi-
cativos.

5. Ensaios de Fundações de
Linhas de Transmissão • 151
FIGURA 5.15 - Planilha de ensaio de arrancamento – Página 1/2.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 152


FIGURA 5.16 - Planilha de ensaio de arrancamento – Página 2/2.

Nota: 1 tf ≈ 10 kN.
1 kgf/cm2 ≈ 0,1 MN/m2 = 0,1 MPa = 100 kPa

As características do solo onde foi executada a fundação submetida à


prova de carga são determinadas com base em sondagens a trado e/ou SPT.
Antes do início do primeiro ciclo de cargas é aplicada preliminarmente 10%
da carga máxima de projeto (carga de ajuste) para fins de acomodação inicial
de folgas, ajustes e verificações dos equipamentos durante aproximadamente

5. Ensaios de Fundações de
Linhas de Transmissão • 153
1,0 (um) minuto. Todos os deslocamentos passam a ser medidos, para todos
os ciclos de carga a partir dessa referência, isto é, caso necessário pode-se ze-
rar os medidores de deslocamentos com a carga de ajuste aplicada. As cargas
são aplicadas em estágios sucessivos de 40 kN, até atingir a carga máxima de
tração prevista no ciclo de carga, permanecendo em cada estágio de carga
um intervalo de 10 (dez) minutos. Estas cargas estão especificadas para cada
ciclo na Planilha de Aplicação das Cargas e Deslocamentos, apresentada
na Fig. 5.15. As leituras nos medidores de deslocamentos são anotadas na
Planilha de Aplicação das Cargas e Deslocamentos. O valor EM indicado na
planilha é a média dos deslocamentos em cada estágio, lidos nos medidores
de deslocamentos E1 e E2. As leituras de referência para início dos ensaios
são feitas 1,0 (um) minuto após a aplicação da carga de ajuste, desde que
tenha havido estabilização. Os estágios sucessivos de 40 kN são mantidos
durante 10,0 (dez) minutos efetuando-se em cada estágio as leituras dos des-
locamentos. O descarregamento é iniciado após a realização da última leitura
de deslocamentos referente à carga máxima de tração prevista no ciclo de
carga e é efetuado continuamente a uma velocidade de aproximadamente
100 kN por minuto. As leituras são efetuadas em intervalos mínimos de 1,0
(um) minuto.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 154


6. Metodologia de Cálculo Baseada em
Confiabilidade para Projeto Otimizado de
Fundações de Linhas de Transmissão

6.1 Introdução

Este capítulo apresenta uma metodologia baseada em confiabilidade


para a calibração do fator da resistência da fundação usando dados de teste
em verdadeira grandeza; mostra-se que o modelo simples adotadado por
Buckley (1994) é um subconjunto do modelo geral da regressão linear e for-
neceu o intercepto nulo com o eixo “y” e o residual tem uma variação não
constante. Um teste estatístico simples é apresentado para a verificação. Um
diagrama de fluxo fornece as etapas necessárias para o processo da calibra-
ção. Um problema real de projeto de fundação é apresentado também como
um exemplo para demonstrar a metodologia.
As estruturas da sustentação das LT’s estão sujeitas aos efeitos de
cargas meteorológicas bem como a cargas longitudinais devido a condutor
rompido e ao gelo (em locais onde se aplica). Os tipos de fundações são nor-
malmente em concreto armado. Desde que as cargas meteorológicas são de
natureza probabilistica, as forças transmitidas que agem sobre as fundações
são também probabilisticas e são sujeitas a uma elevação - ao nível das in-
certezas. Em acréscimo, a variação dos valores de parâmetros de resistência
do solo contribui também para uma elevação no nível de incerteza. Conse-
qüentemente, o projeto da fundação deve considerar todas estas incertezas
quantitativamente.

6.2 Objetivo

O objetivo primordial deste capítulo é apresentar um método atual


para a calibração do modelo geotécnico teórico do projeto e desta forma
determinar a capacidade de carga característica da fundação, baseado em

6. Metodologia de Cálculo Baseada em


Confiabilidade para Projeto Otimizado de
Fundações de LT • 155
dados de testes em verdadeira grandeza. Para desenvolver esta metodologia
de calibração, é desenvolvida uma estrutura para determinar o intervalo da
predição da capacidade de carga do teste da fundação baseada em um nú-
mero limitado de dados de teste em verdadeira grandeza usando um modelo
da regressão linear. O intervalo da predição a partir de capacidades de cargas
obtidas dos testes fornece associado a um grau de confiança um único va-
lor da capacidade de carga de projeto, Rn. O limite inferior do intervalo da
predição é ligado diretamente ao de F que pode ser usado na determinação
do fator de resistência da fundação, baseada na equação do projeto para um
único componente da fundação. O fator de resistência da fundação com o
limite da exclusão é definido como a relação do limite inferior do intervalo
da predição (predito teste de capacidade) com um determinado nível da con-
fiança (análogo à capacidade de carga característica) e capacidade geotécnica
correspondente de projeto. Um limite da exclusão de 10% implica que o
nível da confiança na predição é 90%.

6.3 Metodologia

O desenvolvimento da metodologia da calibração para fundações be-


seado em confiabilidade baseou nas quatro etapas identificadas a seguir:
• Equação de projeto baseada confiabilidade (IEC 60826, 2003);
• Avaliação da capacidade geotécnica do projeto da fundação;
• Avaliação da capacidade do teste da fundação a aprtir de um pro-
grama do teste de campo;
• Análise e calibração de dados baseadas em um modelo da regres-
são linear.

6.3.1 Confiabilidade baseada na equação de projeto (IEC 60826, 2003)


O IEC 60826 fornece uma equação semi-probabilistica de projeto
em termos da carga limite que age sobre um componente e a resistência do
componente. A equação de projeto (6.1) relaciona a capacidade característi-
ca, RC com os efeitos do carregamento, QT que tem um período de retorno
especificado de T-anos através de um fator global da força, φR.
Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 156
Φ R RC ≥ QT ( 6.1 )

FIGURA 6.1 - Capacidade característica dos dados de ensaio.

Φ R é o fator de resistência que considera: coordenação de resis-


tência (seqüência preferencial de falha), número de componentes subme-
tidos ao máximo efeito de carga e nível de qualidade do componente (
Φ R = Φ S Φ N ΦQΦC )

O fator de resistência global Φ R considera a coordenação de re-


sistência (seqüência preferencial de falha), número de componentes sub-
metidos ao máximo efeito de carga e nível de qualidade do componente (
Φ R = Φ S Φ N ΦQΦC
). Para este estudo, a calibração é empreendida para
uma fundação típica somente (um só componente) e conseqüentemente, o
fator global de resistência, φR não é usado explicitamente. A Figura 6.1 des-
creve a capacidade característica baseada no limite da exclusão de e% para
uma distribuição normal. Para um limite de exclusão de 10%, a capacidade
característica, RC,10% será:

R C,10% = R (1 - k α v R ) ( 6.2 )

onde R e v R são a média e o coeficiente de variação (relação entre o


desvio padrão, s R e o valor médio, R ) dos valores de capacidade de carga
6. Metodologia de Cálculo Baseada em
Confiabilidade para Projeto Otimizado de
Fundações de LT • 157
do teste para um tamanho de amostra finito, n. O termo kα é a medida da
distância de um ponto “L” da média para se obter 10% de limite da exclu-
são ( kα =1.28). Para um tamanho de amostra finito, n < 30 kα deverá ser
corrigido baseado na distribuição t-Student. O limite de 10% de exclusão
implica que a a capacidade de carga característica para um nível da confiança
de 90% têm uma probabilidade de 10% de ser inferior ao valor encontrado.
Dentro da estrutura da IEC 60826 (2003), a capacidade característica RC
deve estar relacionada à capacidade geotécnica Rn do projeto e isto pode ser
feito com a calibração.

Caso estejam disponíveis os dados de teste em verdadeira grandeza, o


fator de resistência da fundação φF mais apropriado:
RC
ϕF = ( 6.3 )
Rn
pode ser usado relacionar a capacidade geotécnica do projeto Rn à
capacidade característica RC com um limite definido de exclusão (5% para
ASCE e 10% para IEC 60826). A capacidade geotécnica do projeto Rn mos-
trada na Figura 6.1 é definida de um cálculo analítico e/ou semi-empírico
ou também de modelos numéricos. Dependendo das hipóteses adotadas na
calibração, a relação pode ser linear ou não linear.

6.3.2 Avaliação da capacidade geotécnica de projeto da fundação


A capacidade geotéchnica de projeto Rn de uma fundação é obtida
por diversos modelos como mostrado no capítulo 3 e são sujeitas às incer-
tezas apresentadas no capítulo 4. Por exemplo, uma sapata pode ser avaliada
ao seu arrancamento pelo método do cone. Neste modelo particular, está
suposto que um cone invertido que começa pela base da fundação com
inclinações que dependem do tipo de solo movimentam uma massa de solo.
O peso desta massa de solo dentro do cone invertido mais o peso próprio da
fundação devem ser suficientes para combater o carregamento de tração im-
posto a esta fundação. Outros modelos são bem discutidos no capítulo 3.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 158


6.3.3 Avaliação da capacidade do teste da fundação
Uma vez que a capacidade geotécnica de projeto Rn foi determina-
da, o projetista da fundação tem a orientação inicial para elaboração de um
programa de testes das fundações em verdadeira grandeza. Diversas etapas
necessitam ser consideradas antes que um programa de testes de fundações
possa ser iniciado. Entre elas incluem:
• Seleção dos locais de teste;
• Seleção do modelo geotécnico a ser adotado para avaliação da
capacidade de carga;
• Investigação geológico-geotécnica do local para determinação
dos parâmetros de resistência do solo necessários à aplciação do
modelo de previsão;
• Determinação de tamanho mínimo amostral para o programa de
testes;
Por fim, os resultados de teste devem ser apresentados nos termos de
curvas relacionando carregamento x deslocamentos (Figura 6.2).

O IEC 61773 esboça em número de testes ideal para determinar a


capacidade de carga pelo teste da fundação nos termos dos danos. Uma revi-
são bibliográfica mostra que a capacidade final estimada poderia variar con-
sideravelmente dependendo do método selecionado. Entretanto, o projetista
da fundação pode também escolher um teste de capacidade (capacidade do
limite dos danos, IEC 60826, 2003) baseado em um deslocamento prescrito
(subjetivo). Para uma fundação em sapata usada no exemplo deste capítulo,
a carga relacionada a um deslocamento de 10 milímetros é definida como a
capacidade do teste (Buckley, 1994).

6. Metodologia de Cálculo Baseada em


Confiabilidade para Projeto Otimizado de
Fundações de LT • 159
FIGURA 6.2 - Curva Carregamento x Deslocamento.

6.3.4 Análise e calibração de dados baseadas no Modelo de Regressão linear


a) Geral
A incerteza na predição da capacidade característica RC é percebida
fundamentalmente em dois fatores: (i) erro no modelo e (ii) erro dos dados
devido a um tamanho de amostra finito n. Entretanto, há uma possibilidade
de avaliar a qualidade dos dados (coeficiente de correlação, r) e sua influência
na predição do intervalo a fim de desenvolver uma metodologia geral. O
coeficiente de correlação, “r” da série de dados é determinado por:

r=
∑ (x i )(
- x yi - y ) ( 6.4 )
Rn

onde x e y são os valores médios e sx e sy são os desvios padrão dos


valores da capacidade geotécnica de projeto xi e os valores da capacidade do
teste yi, respectivamente. Um valor baixo da correlação (r2) implica que não
há nenhum relacionamento linear entre capacidade do teste da fundação e
os valores da capacidade geotécnico de projeto. A tabela 6.1 fornece uma
orientação para o valor da correlação r2 e a associação linear entre x e y. As
Figuras 6.3 e 6.4 apresentam duas séries de dados com propriedades muito
diferentes de correlação.
Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 160
TABELA 6.1 - Interpretação sugerida para valores de correlação.

Valor do coeficiente de correlação (r2) Associação Linear entre xey


Baixa,
Fraca
r2 < 0,3
Moderada,
Moderada
0,3 < r2 < 0,8
Baixa,
Forte
r2 > 0,8

FIGURA 6.3 - Baixa correlação.

FIGURA 6.4 - Alta correlação.

b) Modelo m - nenhuma correlação (dados de teste repetidos em um


local de teste específico)

Uma vez que xi = x , para os dados de teste repetidos em um local


6. Metodologia de Cálculo Baseada em
Confiabilidade para Projeto Otimizado de
Fundações de LT • 161
específico, o coeficiente e correlação r = 0,0 (equação 6.4) indica que os
dados são originados de um local de teste específico. Neste caso, do fator φF
da resistência da fundação pode ser obtido diretamente da equação (6.2) que
divide Rc obtido do teste pelo valor obtido pelo modelo geotécnico Rn do
projeto (figura 6.1). O fator de resistência da fundação não pode ser extra-
polado de outros locais, a menos que o projetista puder se assegurar de que
os locais tenham características muito similares do solo e a fundação tem um
aspecto similar de aplicação da razão Profundidade/Largura da base.

c) modelo m - com correlação (dados de teste plotados ao longo de


uma linha reta)
Uma vez que o projetista conhece os valores da capacidade de carga
obtida nos testes e a previsão obtida dos modelos geotécnicos, pode ser
determinado um modelo simples de calibração baseado na relação m = (Ca-
pacidade obtida no teste) / (Capacidade prevista no modelo geotécnico).
Usando esta relação, pode ser mostrado que o fator de resistência da funda-
ção φF para uma amostra de tamnho considerável (n > 30) será:
RC
ϕF = = m (1 - k α × v m ) ( 6.5 )
Rn

Onde:

m = valor médio dos m-valores para um número finito de testes e vm


= coeficiente de variação do m-valores, tal que:
sm
vm = ( 6.6 )
m
sm é o desvio padrão.
Entretanto, para usar este modelo, o usuário necessita assegurar-se de
que a correlação dos dados seja alta (tabela 6.1) e o coeficiente de variação
do erro de modelo, vm baixo. Por estas duas condições é fácil perceber que
o modelo m é um subconjunto do modelo da regressão linear (figura 6.5).
As circunstâncias específicas são: (1) intercepto com o eixo y em zero e (2)
variação não constante dos erros residuais, onde os valores do erro residual
variam linearmente com os valores de capacidade de carga geotécnica (x-va-

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 162


lores). O erro residual ε é a diferença entre a capacidade de carga real obtida
do teste e o valor estimado encontrado a partir da capacidade média obtida
do modelo da regressão linear. Para outras situações diferentes do exposto
acima, o projetista da fundação deve empreender uma análise mais detalhada
baseada em um modelo da regressão linear; deverá assegurar-se de que o
efeito do intercepto possa ser negligenciado ou alternativamente melhorar
o modelo teórico do projeto. Se o efeito do intercepto não puder ser negli-
genciado, então uma metodologia alternativa baseada em um modelo da re-
gressão linear é também necessária para a análise e para estimar a capacidade
com o intervalo requerido da confiança. No modelo da regressão linear, o
engenheiro projetista determina a inclinação, intercepto e as variações dos
erros residuais. Na Figura 6.5 é descrita esta informação. Esta mesma figura
apresenta também intervalo da confiança do valor estimado da capacidade
média do teste, bem como, a predição do intervalo de um valor novo da ca-
pacidade do teste dado um valor geotécnico da capacidade do projeto. Esta
figura é muito similar à figura 6.1, a não ser que na figura 6.1 a capacidade
característica foi computada para os dados de teste somente; quando, na
figura 6.5 é determinado relacionamento linear entre a capacidade do teste e
o valor geotécnico da capacidade do projeto.

Figura 6.5 - Modelo de regressão linear

Um teste estatístico simples é apresentado para checar a condição de


intercepto com o eixo “y”, com uma inclinação, m (b na figura 6.5) e um
método gráfico de teste para a tendência da variação de residuals (figura
6.6a e 6.6b). Para uma variação não constante dos erros residuais, um peso
1
wi =
apropriado xi2 pode ser usado fazer uma correção à série de dados
original (Ang e Tang, 1975).
6. Metodologia de Cálculo Baseada em
Confiabilidade para Projeto Otimizado de
Fundações de LT • 163
A variação não constante dos erros residuaiss é definida como o valor
do erro residual, ε na figura 6.6b aumentando com o valor geotécnico da
capacidade do projeto. Além disso, o efeito da variação constante ou não
constante dos residuals é apresentado e seu efeito é enfatizado na análise
dos dados.

Figura 6.6a - Modelo de regressão linear

Figura 6.6b - Modelo de regressão linear

d) Fator de resistência da fundação, φF. sob o modelo da regressão


linear
O fator de resistência da fundação, φF a partir do modelo de regressão
linear é definido como a relação entre o limite mais baixo do intervalo da
predição, yp (figura 6.5, capacidade predita) e o valor da capacidade de carga
geotécnica do projeto, xo usado para determinar esta capacidade.
Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 164
yp
ϕF = ( 6.7 )
xo
Uma vez que existem duas opções (variação dos erros residuais cons-
tantes versus não constantes) e abaixo de cada opção duas possíveis circuns-
tâncias (intercepto nulo ou não com o eixo “y”), o calculista encontrará qua-
tro possíveis casos para analisar os dados. A tabela 6.2 pode ser usada como
um guia calibrando o valor do fator de resistência da fundação para um tipo
específico da fundação. Cada caso da tabela 6.2 fornecerá um limite inferior
na capacidade de carga predita. As equações para cada caso são fornecidas
no próximo item que detalha o modelo de regressão linear. Um diagrama
de fluxo é apresentado na Figura 6.7 para ajudar ao projetista da fundação
escolher um caso particular.

Tabela 6.2 - Casos para análise


Variação dos erros residuais

Intercepto com “y”


Constante Não constante

Não nulo CASO A CASO B


Nulo CASO C CASO D

6. Metodologia de Cálculo Baseada em


Confiabilidade para Projeto Otimizado de
Fundações de LT • 165
FIGURA 6.7 - Diagrama de fluxo para cálculo do fator de resistência da fundação.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 166


6.3.5 CASO A – O Intercepto é não-nulo e a variação dos erros residuais é
constante
Este caso é aplicável aos problemas onde existe o intercepto e os er-
ros residuals traçados de encontro aos valores geotécnicos da capacidade de
projeto produzem uma faixa constante.

6.3.6 CASO B – O Intercepto é não-nulo e a variação dos erros residuais não


é constante
Este caso é aplicável aos problemas onde existe o intercepto e os er-
ros residuals traçados de encontro aos valores geotécnicos da capacidade de
projeto produzem uma faixa não constante.

6.3.7 CASO C – Apenas inclinação sem intercepto e variação constante dos


residuais
Este caso é aplicável aos problemas onde não existe o intercepto,
apenas a inlinação e os erros residuals traçados de encontro aos valores geo-
técnicos da capacidade de projeto produzem uma faixa constante.

6.3.8 CASO D – Apenas inclinação sem intercepto e variação não constante


dos residuais
Este caso é aplicável aos problemas onde não existe o intercepto,
apenas a inlinação e os erros residuals traçados de encontro aos valores geo-
técnicos da capacidade de projeto produzem uma faixa não constante.

6.4 Exemplo

6.4.1 m - modelo
A Electricity Supply Board (ESB), Irlanda forneceu dados para fun-
dações em sapatas testadas sob várias condições dos solos (CIGRÈ, 2008).
Os nove testes de fundações tracionadas realizados são inicialmente anali-

6. Metodologia de Cálculo Baseada em


Confiabilidade para Projeto Otimizado de
Fundações de LT • 167
sados usando o m - modelo. Os valores médios do teste e as capacidade
geotécnica de projeto foram 378 kN e 295 kN respectivamente, quando os
coeficientes de variação são aproximadamente 35%. Os valores de m e vm
são 1,30 e 0,156, respectivamente.

6.4.2 Modelo da regressão linear


A Figura 6.8 apresenta os dados para a análise da regressão. O valor
da correlação r2 foi de 0.81 que pela Tabela 6.1 é uma correlação elevada.
O modelo do cone invertido com ângulo de 30º, parece ser conservador e
o modelo subestima o valor da capacidade do teste em aproximadamente
30%. Um modelo de regressão linear (CASO A) é utilizado inicialmente
conforme o diagrama de fluxo da figura 6.7 e a e tabela 6.2. O teste estatís-
tico para o intercepto indicou que a suposição intercepto nulo e inclinação
pode ser aceita, m = 1.30 ( m - o modelo). Conseqüentemente, o projetista
tem que escolher entre o caso C e o caso D, respectivamente (figura 6.7).

FIGURA 6.8 - Dados do ensaio de arrancamento da ESB, Irlanda (CIGRÈ, 2008).

Em seguida, figura 6.9 apresenta o lote residual. Duas linhas são ex-
traídas para ver uma linha da tendência que a variação dos residuais não é
constante (similar figura 6.6b) e não é inteiramente definida neste é o caso.
Conseqüentemente, o projetista deve tentar os casos C e D para determi-
nar os valores do fator de resistência da fundação. A Figura 6.10 descreve

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 168


a comparação do fator de resistência da fundação, φF baseado no CASO C
e no CASO D respectivamente; é interessante notar que para o CASO D o
fator de resistência da fundação é constante através de todos os valores da
capacidade geotécnica do projeto.
Entretanto, se o engenheiro projetista da fundação usar o CASO C,
onde a variação de erros residuais em relação aos valores de “x” na figura
6.9 são interpretados como constante (figura 6.6a), o fator de resistência da
fundação torna-se fortemente dependente do valor geotécnico da capacida-
de de carga de projeto (valores x).

FIGURA 6.9 - Erros Residuais por Valores da Capacidade Getécnica (CIGRÈ, 2008).

FIGURA 6.10 - Comparação dos valores de fator de resistência da fundação


(CIGRÈ, 2008).

6. Metodologia de Cálculo Baseada em


Confiabilidade para Projeto Otimizado de
Fundações de LT • 169
Conseqüentemente, nesta situação, o projetista da fundação pode
considerar o mínimo entre os dois valores do fator de resistência da fun-
dação.

6.5 Sumário e conclusões

Este estudo mostra claramente que há um número de etapas que são


necessárias a considerar antes de determinar o fator de resistência da funda-
ção, para um tipo particular de fundação, e este pode ser estimado baseado
em um número limitado de resultados de capacidade de carga em testes em
verdadeira grandeza e na capacidade geotécnica estimada no projeto a partir
do modelo teórico da fundação. O projetista da fundação necessita também
compreender que cada série de dados é diferente por causa das várias con-
dições de teste, tal como o modelo dos parâmetros impostos neles. O WG
B2-07 recomenda que uma desobstruída e consistente metodologia baseada
nas teorias estatísticas consagradas, asseguradas por suposições válidas, for-
neça uma boa base trabalhando com toda a base de dados e seu uso prático
para projeto das fundações baseado em confiabilidade. Os testes simples
incluem: teste de correlação, teste simultâneo para o intercepto nulo e incli-
nação, verificação da variação variação dos erros residuais, etc.
Baseado nestes testes, o projetista da fundação pode claramente de-
cidir se usa o m - modelo (CIGRE, 2002) ou se usa o modelo da regres-
são linear (método alternativo), aplicável naquelas bases de dados onde os
resultados mostram claramente que as suposições sob o m - modelo não
são válidas. Um diagrama de fluxo é desenvolvido para ajudar o projetista da
fundação escolher uma opção particular.
Algumas importantes conclusões são extraídas deste estudo:

• Uma revisão do m - modelo (Buckley, 1994, CIGRE, 2002) é


apresentada; na qual examinaram-se suas suposições e suas limi-
tações de uma maneira sistemática. O método é baseado primei-
ramente no modelo da regressão linear e mostra-se válido sob
circunstâncias e suposições muito específicas, como detalhado
abaixo.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 170


• O método de Buckley confia em duas circunstâncias muito espe-
cíficas que implicam que o intercepto deve ser nulo (figura 6.5) e
os valores do erro residual devem variar com os valores da capa-
cidade geotécnica do projeto de forma crescente (figura 6.6b).
• Para aplicar este método do CIGRÈ em larga escala o projeto da
fundação baseado na confiabilidade e nas calibrações com vários
graus de correlação, os projetistas devem estar cientes que os re-
sultados somente serão considerados válidos se estas circunstân-
cias específicas forem encontradas com um intervalo de predição
com um grau elevado de confiança (90% para IEC 60826 e 95%
para ASCE).
• Um teste estatístico simples (teste simultâneo) é proposto para
fornecer uma orientação para o projetista da fundação de modo
que a suposição “do intercepto nulo” com uma inclinação, m , é
validado corretamente.

Finalmente, mostra-se que o modelo geral da regressão linear com o


teste original para “o intercepto nulo” é completamente aplicável à análise
de uma larga escala de dados para teste da fundação com vários graus de
correlação, coeficiente de variações e m valores. A metodologia é apresen-
tada aqui fornece uma base consistente analisando uma larga escala de dados
de teste. O projetista da fundação pode rever os detalhes destes cálculos no
intuito de compreender os relacionamentos intricados dos vários parâme-
tros que contribuem para a estimativa fator de resistência da fundação, φF. O
projetista da fundação pode tomar uma decisão de escolher dentro uma ou
mais opções particulares (casos A a D) determinando a fundação a capaci-
dade de carga com um nível especificado da confiança.

6. Metodologia de Cálculo Baseada em


Confiabilidade para Projeto Otimizado de
Fundações de LT • 171
7. Especificações técnicas

7.1 Objetivo
O presente capítulo tem como objetivo estabelecer os critérios, exi-
gências e requisitos mínimos a serem adotados na execução dos trabalhos
civis em Linhas de Transmissão e Subestações. Estas especificações serão
utilizadas pela CONTRATADA para a correta execução dos serviços e tam-
bém pela FISCALIZAÇÃO para controle de qualidade dos trabalhos civis.

7.2 Generalidades

As Especificações para cada item abrangem, quando for o caso, o


fornecimento de todos os materiais, bem como todos os serviços neces-
sários à perfeita execução dos trabalhos a que se referem. As obrigações
contratuais, no entanto, não se limitam ao contido nestas Especificações. Os
serviços eventuais não citados neste capítulo, mas, que sejam necessários a
uma completa e uma perfeita execução das obras ou serviços, serão execu-
tados segundo as normas técnicas nacionais e/ou internacionais (quando
aplicáveis) aprovadas e vigentes no meio técnico na época da construção do
empreendimento, ficando a critério da FISCALIZAÇÃO a aprovação dos
trabalhos. Em caso de eventual omissão nestas Especificações, ou de dúvida
entre as mesmas e os desenhos, listas e planilhas de quantidades do projeto
executivo, deverão prevalecer os desenhos, detalhes, notas e indicações que
constam no projeto executivo. A observância rigorosa dos procedimentos e
dos desempenhos definidos nesta Especificação será de responsabilidade da
CONTRATADA e da FISCALIZAÇÃO. Esta última consultará a empresa
responsável pelo projeto e a equipe técnica da CONTRATANTE sempre
que situações não previstas de execução ocorrerem no projeto executivo ou
de entendimento dúbio nesta Especificação.
A empresa responsável pelo projeto deverá ser constantemente infor-
mada dos resultados de ensaios executados, para analisar e avaliar os anda-
mentos, e desempenho dos componentes e soluções de engenharia definidas

7. Especificações técnicas • 173


no projeto, e caso haja necessidade de propor medidas corretivas a tempo
hábil de evitar custos adicionais com retrabalhos e desperdícios.

7.3 Documentos de referência

Todos os conceitos, definições, características e especificações deter-


minadas neste capítulo seguem rigorosamente as normas técnicas vigentes
no meio técnico nacional e/ou internacional, livros de autores consagrados
no meio técnico e experiência profissional do autor na execução de traba-
lhos nas áreas propostas. Os critérios e procedimentos adotados serão aque-
les já amplamente adotados nacional e internacionalmente, sendo sempre
respaldados por trabalhos e estudos desenvolvidos por entidades, institutos
e associações técnicas de renome, tais como:

• National Electrical Safety Code (NESC), 1997;


• American Society of Civil Engineers (ASCE);
• EPRI (Electrical Power Research Institute);
• American National Standards Institute (ANSI);
• Cigrè (Conference International de Grands Réseaux Electriques);
• Institute of Electrical and Electronic Engineers (IEEE);
• International Electrotechnical Comission (IEC);
• ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas;
• Normas internas LEME Engenharia.

Ademais, deverão ser verificadas e respeitadas as prerrogativas e exi-


gências das normas internas da concessionária envolvida no empreendimen-
to quando existirem.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 174


7.4 Serviços preliminares

7.4.1 Levantamentos Topográficos


A execução e controle dos serviços topográficos são de inteira res-
ponsabilidade da CONTRATADA. Estes serviços compreendem locação do
projeto, locação de jazidas de empréstimos com seus respectivos nivelamen-
tos e serviços de apoio necessários no decorrer das obras. Portanto, caberá
à CONTRATADA a execução e o controle de todos os serviços topográfi-
cos, tais como locação dos eixos das obras, nivelamento e seccionamentos
transversais, marcação dos "off-sets" e seu respectivo nivelamento a partir
de marcos de referência existentes no local. A critério da FISCALIZAÇÃO
deverão ser implantados marcos auxiliares partindo da malha de referências
de níveis (RN's). Todos as conseqüências e danos decorrentes de erros de
locação ou nivelamento, bem como eventuais ônus de reconstrução, que em
virtude daqueles se fizerem necessários, serão debitados à CONTRATADA
que deverá, assim, verificar antes do início dos trabalhos todos os dados e
elementos fornecidos pela CONTRATANTE.
A FISCALIZAÇÃO deverá acompanhar todos os serviços de loca-
ção e medição em geral, solicitando de imediato verificações de elementos
que julgarem necessárias. Defeitos, incorreções e falhas não detectadas pela
FISCALIZAÇÃO em tempo hábil não eximem a CONTRATADA de sua
responsabilidade por serviços executados impropriamente. Após o término
da obra, a CONTRATADA deverá elaborar os desenhos “como construí-
do” ("as built") em meio digital e em software a ser definido pelo CONTRA-
TANTE, registrando todos os elementos gráficos e numéricos necessários à
perfeita caracterização das obras e serviços, conforme efetivamente executa-
dos. Estes desenhos serão de propriedade exclusiva da CONTRATANTE.
A locação das obras sem o auxílio de aparelhos adequados não será
permitida. Deverão ser utilizados equipamentos topográficos usuais e mo-
dernos, adequados à perfeita locação e apoio à execução da obra, onde ne-
cessário, a critério da CONTRATANTE. Os equipamentos deverão ter fácil
acesso e estar em funcionamento de modo a atender prontamente a qual-
quer solicitação da CONTRATANTE. Estes equipamentos serão utilizados
para dar apoio aos serviços de demarcação, escavações, locação das estrutu-
ras de fundações e pórticos, nivelamentos em geral, drenagens superficiais

7. Especificações técnicas • 175


e profundas, tubulações, aterros, terraplenagens em geral, vias de acesso e
todos os serviços necessários a critério da CONTRATANTE. Estes equi-
pamentos deverão estar com certificados de aferição atualizados (quando
aplicáveis). Além disso, os equipamentos serão submetidos antes do início
dos trabalhos à aprovação da CONTRATANTE, que se reserva o direito
contratual de aceitá-los ou não. A CONTRATADA deverá verificar todas
as cotas constantes no projeto executivo, comparando-as com as medidas
materializadas no campo. A CONTRATANTE fornecerá somente os ele-
mentos topográficos básicos para a implantação da obra. Todos os serviços
de topografia são de inteira responsabilidade da CONTRATADA. Entende-
se por todos serviços de topografia fornecimento e construção de todas as
estacas, gabaritos, plataformas, equipamentos, materiais, mão-de-obra, etc.,
tudo o que for necessário para uma perfeita locação e nivelamento das obras
e procedimentos auxiliares. As equipes de topografia deverão obedecer às
normas internas do local de realização dos levantamentos. Todos os EPI’s
devem ser utilizados sob pena de multas contratuais se não observada a nor-
ma de segurança do trabalho. Os serviços topográficos deverão ser executa-
dos em perfeita observância às indicações dos desenhos de projeto executi-
vo e desta Especificação, utilizando-se aparelhos de comprovada exatidão e
profissionais devidamente habilitados para o desempenho da função.

7.4.2 Caminhos de Serviço e Acesso


Caminhos de serviço e acesso são vias construídas para permitir o
trânsito de equipamentos e veículos em operação com as finalidades de in-
terligar cortes e aterros e outros pontos de trabalho tais como o canteiro de
obras, as jazidas de empréstimos, as Áreas de Disposição de Material Ex-
cedente - ADME’s (vulgarmente denominadas “bota-foras”), obras de arte
especiais, fontes de abastecimento de água e demais instalações previstas à
execução das obras. Os caminhos de serviço e acessos deverão ser implanta-
dos com utilização de equipamentos adequados e também com emprego de
serviços manuais de acerto. Ao término da execução destes caminhos deve-
rão ser verificadas se foram atendidas as mínimas condições de desenvolvi-
mento, rampa, largura e drenagens, permitindo a correta e prática utilização
racional dos equipamentos e veículos. A execução dos caminhos de serviço
e acessos não será autorizada sem a apresentação de um projeto elaborado
pela CONTRATADA. Após verificação e aprovação deste projeto a FISCA-

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 176


LIZAÇÃO emitirá a autorização oficial que permitirá o início dos trabalhos.
Neste projeto deverão ser observadas todas as indicações das dimensões em
planta e perfil bem como os quantitativos estimados previstos e descrição
detalhada da execução. A compactação dos aterros somente será executada
a critério e com autorização da FISCALIZAÇÃO, em obediência a todas as
prescrições do item referente a aterros desta especificação.
A CONTRATADA será responsável pela manutenção destes cami-
nhos de serviço durante o período de execução dos trabalhos do objeto
contratual. O controle de qualidade dos caminhos de serviço e acessos será
executado de forma visual pela FISCALIZAÇÃO, durante os trabalhos e
após a execução dos mesmos.

7.4.3 Investigações Geotécnicas


O objetivo aqui é estabelecer procedimentos básicos, normas, crité-
rios e diretrizes gerais para definição dos tipos de sondagens e quantitativos
entre outras características necessárias que deverão ser observadas e verifi-
cadas em investigações geotécnicas para fins de projetos civis de subesta-
ções. Os serviços de sondagem devem ser assistidos e supervisionados por
profissional capacitado para a função e indicado pela supervisão da obra,
bem como, ser aplicado processo executivo e equipamentos que garantam
uniformidade e qualidade constante em todos os pontos do projeto. Para a
execução destes serviços especificados deverão ser atendidas fielmente as
disposições estabelecidas nas normas técnicas vigentes. Para a realização
das investigações serão seguidas as normas constantes do boletim n° 3 da
ABGE (Associação Brasileira de Geologia de Engenharia) - Diretrizes para
Execução de Sondagens, bem como as seguintes normas da ABNT: NBR-
6484, NBR-7250, NBR-6490, NBR-9603 e NBR-9604, em suas versões
mais recentes em vigor.

7.4.4 Ensaios de Laboratório


Deverão ser realizados todos os ensaios de laboratório concernentes
às determinações dos parâmetros de projeto. Além do mais, todos os ensaios
exigidos por norma para aceitação dos trabalhos também são fundamentais
para aprovação dos trabalhos realizados. Para cada etapa esta especificação
determinará o ensaio e a norma técnica que trata cada um dos itens. Todas
7. Especificações técnicas • 177
as normas vigentes e atuais devem ser seguidas. Os laboratórios de ensaios
devem ter qualidade e experiência comprovada para realização dos ensaios
exigidos por esta especificação.

7.4.5 Desmatamento, Destocamento e Limpeza


As operações de desmatamento, destocamento e limpeza serão execu-
tadas mecânica ou manualmente com utilização de equipamentos adequados
e atendendo as normas de segurança. A definição do tipo de equipamento a
ser empregado será função da densidade, tipo de vegetação, das condições
de suporte do terreno natural e dos prazos exigidos para conclusão dos
serviços. O desmatamento compreende o corte e a remoção de toda a ve-
getação, qualquer que seja a sua densidade. O destocamento compreende a
operação de corte e remoção de tocos de árvores e raízes após o serviço de
desmatamento. A limpeza compreende a operação de remoção de camada
de solo de natureza orgânica, na profundidade indicada no projeto ou defini-
da pela FISCALIZAÇÃO, bem como a retirada de quaisquer outros elemen-
tos, objetos e materiais indesejáveis que ainda existam no local. Os materiais
provenientes do desmatamento, destocamento e limpeza serão removidos,
estocados ou queimados. Para a queima deverá ocorrer uma aprovação ante-
cipada, oficializada por escrito do órgão ambiental competente. A remoção
ou a estocagem dependerá de definição da possibilidade de utilização futura,
definida a critério da FISCALIZAÇÃO. Não será permitida a permanência
de entulhos na área de domínio e nos locais/regiões que possam provocar
a obstrução do sistema de drenagem natural e/ou da obra. A madeira pro-
veniente do desmatamento será propriedade da CONTRATANTE e deverá
ser depositada e convenientemente arrumada dentro da área, não devendo
ser danificada ou misturada com solo, permitindo assim sua posterior utili-
zação.
A limpeza consistirá na remoção de todo o material solto e/ou de
origem vegetal nas áreas indicadas pelo projeto executivo. As áreas a serem
limpas correspondem àquelas em que se realizarão as escavações progra-
madas, e/ou às que serão utilizadas como áreas de disposição de material
excedente (ADME’s – “bota-foras”) ou destinadas à estocagem. A limpeza
incluirá, onde necessário, a remoção dos detritos de origem vegetal e blocos
de rocha de forma que a superfície resultante se apresente completamente
livre de qualquer material inadequado. A limpeza será executada mediante a
Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 178
utilização de equipamentos condizentes com o trabalho e complementada
com o emprego de serviços manuais. O equipamento a ser empregado é
definido em função da densidade e tipo de serviço e dos prazos exigidos
na execução da tarefa. Todos os materiais de possível aproveitamento pro-
venientes das operações de limpeza, raspagem do terreno ou escavações
deverão ser utilizados, quando possível, na construção de obras temporárias
ou até mesmo permanentes. A CONTRATADA deverá prever os serviços
de disposição do material excedente resultante da raspagem do terreno, bem
como os serviços de espalhamento deste material no local apropriado. Não
será permitido o lançamento de galhos, troncos, raízes, detritos, etc, prove-
nientes de operação de limpeza nas áreas determinadas para uso exclusivo
da CONTRATANTE.
Os limites das áreas a serem limpas se estenderão além das linhas
de demarcação das escavações, pilhas de agregados ou ADME’s, de forma
que, após as operações de limpeza, o terreno se mantenha estável e com
inclinação adequada para evitar a formação de bolsões onde possa haver
acúmulo de água. No caso de jazidas de empréstimo, áreas de disposição de
material excedente (ADME – “bota-foras”), as operações de desmatamento,
destocamento e limpeza serão realizadas na área mínima indispensável à sua
exploração. Nos cortes, a camada de 0,60m abaixo da cota de terraplenagem
deverá ficar isenta de tocos e raízes. Nenhum movimento de terra poderá ser
iniciado enquanto as operações de desmatamento, destocamento e limpeza
das áreas de interesse não estejam totalmente concluídas. As orientações da
FISCALIZAÇÃO quanto às necessidades de destocamento e limpeza deve-
rão ser respeitadas e obedecidas. O controle das operações de desmatamen-
to, destocamento e limpeza após a conclusão dos serviços serão feitos de
forma visual pela FISCALIZAÇÃO. O controle das operações de demoli-
ções e desmontagens será feito por apreciação visual, auxiliada por controle
topográfico, se for o caso, durante e após a conclusão dos serviços.

7.4.6 Demolições e Desmontagens


A execução de demolições e de desmontagens obedecerá às reco-
mendações da ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas em suas
últimas revisões aprovadas em vigor na época dos serviços, particularmente
às normas:

7. Especificações técnicas • 179


NBR 5682 - Contratação, execução e supervisão de demolições;
NBR 7678 - Segurança na execução de obras e serviços de constru-
ções.
As demolições serão executadas após autorização da FISCALIZA-
ÇÃO. Quando se tratar de alicerces, pequenos muros, pequenos elementos,
com demolição executável com trator de esteiras, o serviço será considerado
como limpeza de acordo com o prescrito no item Desmatamento, Destoca-
mento e Limpeza. A carga do material demolido será manual ou mecânica,
em função do volume produzido.

7.5 Terraplenagem

7.5.1 Generalidades
Este item apresenta as prescrições mínimas exigidas para a execução
das obras de Terraplenagem na área destinada à implantação do empreen-
dimento, fixando os critérios básicos, a serem utilizados pela CONTRATA-
DA, e os itens de controle a serem verificados pela FISCALIZAÇÃO. Os
serviços civis deverão obedecer ao disposto neste documento quanto ao
equipamento, execução, controle e materiais empregados.

7.5.2 Normas e Códigos Aplicáveis


Deverão ser obedecidas todas as normas da ABNT pertinentes ao
assunto em suas últimas revisões aprovadas em vigor, destaque para:
NBR 7678 - Segurança na execução de obras e serviços de constru-
ção – procedimento;
NBR 7182 - Solo - ensaio normal de compactação - Método de en-
saio;
NBR 9061 - Segurança de escavação a céu aberto procedimento.

7.5.3 Materiais
Todos os materiais a serem empregados na construção das obras de-

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 180


verão ser de boa qualidade técnica e adequados ao uso a que se destinam.
Todos os materiais fornecidos pela CONTRATADA deverão ser previa-
mente aprovados pela FISCALIZAÇÃO, para a qual, quando solicitada,
deverá a CONTRATADA apresentar todas as informações pertinentes, re-
sultados de testes e ensaios, amostras e demais dados relativos aos materiais
que são propostos para serem empregados nas obras de modo a permitir sua
perfeita identificação quanto à qualidade técnica e origem. Em caso de dú-
vida a FISCALIZAÇÃO poderá solicitar que os ensaios sejam refeitos pela
CONTRATADA nos laboratórios da CONTRATANTE ou outro idôneo,
a seu exclusivo critério.

7.5.4 Serviços Preliminares


Os serviços deverão ser executados segundo os detalhes e indicações
definidas no projeto executivo ou a critério da FISCALIZAÇÃO. Deverão
ser atendidas todas as prescrições do item 4 desta Especificação.

7.5.5 Cortes
A área a ser terraplenada será desmatada e limpa de toda a matéria
orgânica. Na seqüência o destocamento das raízes de árvores e arbustos será
executado. Para a execução do corte, o terreno natural será escavado até a
cota de terraplenagem definida no projeto executivo, retirando-se as cama-
das de qualidade geotécnica abaixo das previstas, orgânicas ou expansivas.
O material retirado deverá ser transportado para aterros ou bota-foras. As
operações de corte são subdivididas nos seguintes passos:

1o) Escavação dos materiais constituintes do terreno natural até à cota


da terraplenagem indicada no projeto executivo;
2o) Em alguns casos específicos, quando se tratar de solos de eleva-
da expansão, baixa capacidade de suporte ou solos orgânicos, deverá ser
executada a escavação dos materiais constituintes do terreno natural em es-
pessuras abaixo da cota de terraplenagem, conforme indicações do projeto
executivo ou pelas observações da FISCALIZAÇÃO durante a execução
dos serviços;

7. Especificações técnicas • 181


3o) Carga, transporte, descarga e espalhamento dos materiais escava-
dos para aterros (de preferência aproveitando o material em outros locais)
ou ADME’s e quando necessárias, prévia preparação das praças de depósi-
tos;
4o) Retirada das camadas de solos moles, visando o preparo das fun-
dações de aterro. Esses materiais serão transportados para locais previamen-
te indicados de modo que não causem transtorno à obra, em caráter tempo-
rário ou definitivo;

Os materiais originados nos cortes serão classificados de acordo


com as seguintes condições, adotadas conforme com as Especificações do
DNER-ES-280/97:

Materiais de 1ª categoria
Compreendem solos em geral residuais ou sedimentares, seixos rola-
dos ou não, com diâmetros máximos inferiores a 0,15m, qualquer que seja
o teor de umidade que apresentem. Para escavação desta categoria não há
necessidade do emprego de explosivos, mas em alguns casos poderá exigir
escarificação.

Materiais de 2ª categoria
Compreendem solos com resistências aos desmontes mecânicos infe-
riores à da rocha não alterada, cuja extração se processe por combinação de
métodos que obriguem a utilização contínua do maior equipamento de esca-
rificação exigido contratualmente. A extração eventualmente poderá envol-
ver o uso de explosivos ou processos manuais adequados. Estão incluídos
nesta classificação os blocos de rocha, de volume inferior a 2m3, e os mata-
cões ou pedras de diâmetro médio compreendido entre 0,15m e 1,00m.

Materiais de 3a categoria
Compreende os materiais com resistência ao desmonte mecânico
equivalente ao da rocha não alterada e blocos de rocha com diâmetros mé-

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 182


dios superiores a 1,00m ou de volume igual ou superior a 2m3, cuja extração
e redução, a fim de possibilitar o carregamento, se processem somente com
o emprego contínuo de explosivos. A escavação de cortes será executada
mediante a utilização racional de equipamento adequado que possibilite a
execução dos serviços sob as condições especificadas e produtividade re-
querida. A escavação de cortes será executada de acordo com os elementos
técnicos fornecidos à CONTRATADA e constantes das notas de serviço,
elaboradas em conformidade ao projeto executivo.
Ressalta-se que as escavações são precedidas da execução dos serviços
de desmatamento, destocamento e limpeza, quando aplicáveis. Apenas serão
transportados para constituição de aterros os materiais que, pela classificação
e caracterização efetuadas na execução dos cortes, sejam compatíveis com as
Especificações de execução de aterros. Poderá ser exigida a seleção dos mate-
riais escavados para lançamento em zonas dos aterros definidos pelo projeto
executivo, visando principalmente a colocação de materiais mais resistentes
à erosão na saia dos aterros. Constatada a conveniência técnica e econômica
da reserva de materiais escavados nos cortes, para a confecção das camadas
superficiais da plataforma, será procedido o depósito dos referidos materiais
para sua oportuna utilização, separados por categoria (solo orgânico, solos
de 1ª e de 2ª categoria). Atendido o projeto executivo e, desde que técnica e
economicamente aconselhável, a juízo da FISCALIZAÇÃO, os volumes em
excesso, que resultariam em disposição em área de material excedente, po-
derão ser integrados aos aterros, constituindo alargamentos das plataformas
e bermas. As massas excedentes, que não se destinarem a alargamentos de
plataformas e bermas serão destinadas aos bota-foras previamente estuda-
dos e com locação definida no projeto executivo, de acordo com o prescrito
no item Área de Disposição de Material Excedente (ADME) evitando-se a
obstrução do sistema de drenagem natural e/ou da obra.
Os taludes de cortes deverão apresentar após a operação de terraple-
nagem, a inclinação indicada no projeto executivo, cujas definições foram
obtidas em função das investigações geológicas e geotécnicas. Qualquer al-
teração posterior da inclinação dos taludes será executada caso o controle
tecnológico, a ser feito durante a execução, a indicar com a aprovação da
FISCALIZAÇÃO. Os taludes deverão apresentar a superfície desempena-
da, obtida pela normal utilização do equipamento de escavação. Não será
permitida a presença de blocos nos taludes que possam colocar em risco a
segurança global ou local do maciço. O acabamento da plataforma de corte
7. Especificações técnicas • 183
será procedido mecanicamente de forma a se alcançar uma conformação de
seção transversal do projeto. As seguintes tolerâncias são admitidas:

• Variação máxima da altura de ± 0,05m, desde que mantida a seção


de projeto;
• Variação máxima de largura de + 0,20m, não se admitindo variação
para menos.

Nos pontos de passagem de corte para aterro, a FISCALIZAÇÃO


deverá exigir, precedendo este último, a escavação transversal ao eixo, até
à profundidade necessária para evitar recalques diferenciais. As valetas dos
cortes serão implantadas por ocasião da construção dos mesmos e inde-
pendentemente das demais obras de proteção dos cortes que venham a ser
projetadas.

7.5.6 Aterros
As operações para execução de aterros compreendem o espalhamen-
to, umedecimento ou aeração, homogeneização e compactação dos mate-
riais. A implantação de aterros requer a disposição no interior dos limites
das seções de projeto ("off-set") de materiais provenientes de cortes para
implantação da obra ou de jazidas de empréstimos com parâmetros geotéc-
nicos previamente determinados e aprovados. O objetivo da compactação
é o aumento da resistência ao cisalhamento e diminuição das deformações
que são obtidos como conseqüência do aumento da massa específica apa-
rente através da aplicação de pressão, impacto ou vibração no solo. Nos
locais que não existem o acesso a rolos compactadores, a compactação será
executada com compactadores mecânicos de forma a se obter o grau de
compactação requerida.
Os solos para aterros não poderão conter materiais orgânicos, micá-
ceos e diatomáceos. A utilização de turfas e argilas orgânicas é terminante-
mente proibida. Durante a etapa de espalhamento será exigida a retirada de
pedras de diâmetro superior a 15cm, bem como, dos materiais orgânicos
porventura existentes. Para isso será mantida uma equipe de serventes nas
frentes de serviços. As camadas a serem compactadas serão homogeneiza-
Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 184
das. A umidade dos materiais a serem compactados deverá se situar em ±
2% (dois por cento) da umidade ótima, determinada previamente em labo-
ratório através do ensaio de compactação. Serão realizados os ensaios de
caracterização do solo, tais como: granulometria, controle da umidade do
solo, expansibilidade, massa específica real, limites de liquidez, de plasticida-
de, índice de plasticidade, compactação, etc.
No caso dos ensaios indicarem valores de massa específica e/ou umi-
dade em desacordo com o especificado, a camada será reaberta, corrigindo-
se a umidade e efetuando-se nova compactação. No intuito de evitar na
execução dos serviços de terraplenagem a formação de poças (acúmulo local
de águas), alagados e erosões, serão executadas valetas provisórias nas cristas
e pés de taludes e providenciadas as demais medidas necessárias à drenagem
do terreno. Qualquer dano causado ao terrapleno pelas chuvas durante a
execução da obra será recuperado imediatamente. As operações de aterro
são subdivididas nos seguintes passos:

1o) Descarga, espalhamento, homogeneização, umedecimento ou ae-


ração e compactação dos materiais selecionados oriundos de cortes locais
ou jazidas de empréstimos para a construção do corpo do aterro, até 1,00m
abaixo da cota definida em projeto executivo;
2o) Descarga, espalhamento, homogeneização, umedecimento ou ae-
ração e compactação dos materiais selecionados, oriundos de cortes locais
ou jazidas de empréstimos para construção das camadas finais do aterro, até
a cota definida em projeto executivo;
3o) Descarga, espalhamento, homogeneização, umedecimento ou ae-
ração e compactação dos materiais selecionados, oriundos de cortes locais
ou jazidas de empréstimos, destinados a substituir eventualmente os ma-
teriais de qualidade inferior, previamente retirados, a fim de melhorar as
fundações dos aterros.

Os materiais deverão ser selecionados dentre os de 1ª e 2ª categorias,


atendendo à qualidade e à destinação previstas no projeto executivo. Para
caracterização dos materiais de 1ª e 2ª categorias vide Cortes. Os solos para
os aterros com características necessárias à plena execução dos trabalhos
atendendo às exigências de projeto provirão de jazidas de empréstimo ou
7. Especificações técnicas • 185
de cortes locais devidamente indicados no projeto executivo. A substituição
desses materiais selecionados por outros de qualidade nunca inferior, quer
seja por necessidade de serviço ou interesse da CONTRATADA, somente
poderá ser processada após prévia autorização da FISCALIZAÇÃO.
O corpo dos aterros deverá ser constituído de solos que possuam
CBR (ISC) > 15 e expansão [ 4%. Os materiais cuja expansão for supe-
rior a 4% até poderão ser utilizados desde que confinados com materiais
de expansão [ 4%. A camada final dos aterros, últimos 60 cm, deverá ser
constituída de solos selecionados, na fase de construção, dentre os melhores
disponíveis. Para esta camada o uso de solos só será permitido com expan-
são [ 2% e CBR > 25.
Na execução dos aterros poderão ser empregados tratores de lâmina,
escavo-transportadores, moto-escavo-transportadores, caminhões bascu-
lantes, moto-niveladoras, rolos lisos, de pneus, pé-de-carneiro (estáticos ou
vibratórios), grades de discos tracionados por tratores de pneus ou esteiras e
aspersores de água. A execução dos aterros deverá obedecer aos elementos
técnicos fornecidos à CONTRATADA e constante das notas de serviço
elaborada em conformidade com o projeto executivo. A operação será pre-
cedida da execução dos serviços de desmatamento, destocamento, limpeza,
preparo e drenagem da fundação. Antes da execução dos aterros deverão
estar concluídas as obras necessárias à drenagem da bacia hidrográfica, in-
terceptada pelos mesmos. Os materiais para os aterros não deverão ser colo-
cados em nenhuma fundação até que esta tenha sido inspecionada e liberada
e a origem dos materiais aprovada pela FISCALIZAÇÃO.
As áreas das fundações dos aterros que, a critério da FISCALIZA-
ÇÃO, apresentarem baixa capacidade de suporte deverão ser escarificadas
e recompactadas. Nos aterros assentes sobre encostas, deverão ser seguidas
as seguintes recomendações: os terrenos naturais com inclinação inferior a
15% não necessitam de tratamento especial; encostas com declividade entre
15% e 25% deverão ser cortadas com trator de lâmina, produzindo-se ra-
nhuras em nível; para declividade entre 25% e 40% devem ser construídos
degraus em nível, com largura entre 2,0 e 4,0 m, com suave declividade para
o lado de dentro, ao longo de toda a área a ser aterrada; para declividade su-
perior a 40% deverá ser feito estudo específico para implantação do aterro.
O lançamento do material para a construção dos aterros deve ser
feito em camadas sucessivas, em toda a largura da seção transversal e em
Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 186
extensões, tais que permitam seu umedecimento e compactação de acordo
com o previsto nesta Especificação. Para o corpo dos aterros, a espessura
da camada compactada não deverá ultrapassar a espessura de 0,25m. Para as
camadas finais (1,20m) essa espessura não deverá ultrapassar 0,20m. Para o
corpo dos aterros as camadas deverão ser compactadas na umidade ótima,
com desvio de ± 2% daquele teor, até se obter a massa específica aparente
seca, correspondente a 95% da massa específica aparente seca do método
de ensaio NBR-7182 da ABNT, com energia normal. Para os 1,20 metros
finais, a massa específica aparente seca deve corresponder a 100% da massa
específica aparente máxima e seca do referido ensaio e a umidade ótima com
desvio de ± 2%. Os segmentos que não atingirem as condições mínimas de
compactação e máxima de espessura deverão ser escarificados, homogenei-
zados, levados à umidade ótima e novamente compactados, de acordo com
a massa específica aparente seca exigida.
A inclinação dos taludes de aterro, tendo em vista a natureza dos
solos e as condições locais, será fornecida pelo projeto executivo. No intuito
de proteger os taludes contra os efeitos erosivos deverá ser executada uma
drenagem conveniente atendendo toda a área bem como obras de proteção
(revestimento vegetal, execução de bermas, declividades, etc) tudo em con-
formidade com o estabelecido no projeto executivo e instruções específicas
da FISCALIZAÇÃO. Durante a construção, a superfície do aterro deverá ser
mantida a uma cota aproximadamente uniforme com declividade suficiente
para o escoamento das águas pluviais, a critério da FISCALIZAÇÃO.
Os aterros em áreas de difícil acesso ao equipamento usual de com-
pactação, bem como o enchimento de cavas de fundações e trincheiras de
bueiros, serão compactados mediante o uso de equipamento adequado
como soquetes manuais, sapos mecânicos etc. A execução será em camadas,
nas mesmas condições de massa específica aparente seca e de umidade es-
pecificadas para o solo a ser utilizado, sendo que as camadas deverão ter es-
pessura máxima de 0,10m. O tráfego dos equipamentos sobre as superfícies
do aterro deverá ser orientado de modo a distribuir o esforço compactador
da melhor forma possível e de maneira a evitar a formação de sulcos. Super-
compactação e/ou laminação devida ao excesso da compactação não serão
permitidas e todo o cuidado necessário deverá ser tomado pela CONTRA-
TADA no sentido de evitá-las. Os fragmentos de rocha, cuja permanência
seja permitida nos aterros, deverão ser uniformemente distribuídos. Caso se
formem sulcos ou laminações na superfície de qualquer camada compac-
7. Especificações técnicas • 187
tada, o material deverá ser escarificado, homogeneizado, levado à umidade
adequada e novamente compactado, atendendo às prescrições estabelecidas
nestas Especificações.

a) Aterro junto às estruturas de concreto


Cuidado especial deverá ser tomado pela CONTRATADA no lança-
mento e compactação dos materiais de aterro em áreas adjacentes às estrutu-
ras de concreto a fim de se evitar danos às mesmas. O tempo mínimo entre
o lançamento do concreto e a colocação de materiais em contato com as
estruturas concretadas será de sete (7) dias. A área da estrutura em contato
com o aterro deverá ser totalmente umedecida antes do lançamento do ma-
terial de aterro. O nível do aterro adjacente às estruturas de concreto deverá
ser sempre mantido numa elevação superior às outras zonas adjacentes e
deverá ser inclinado para permitir a drenagem em direção oposta à estrutura.
Durante a construção, os serviços já executados deverão ser mantidos com
boa conformação e permanente drenagem superficial.

b) Controle Tecnológico
O controle tecnológico dos aterros deverá ser feito seguindo os se-
guintes procedimentos:

1o) Para cada 1.000m3 de um mesmo material do corpo do aterro de-


verá ser executado um ensaio de compactação seguindo o método de ensaio
abordado na NBR-7182.
2o) Para cada 200m3 de um mesmo material da camada final do aterro
(1,20m final) deverá ser executado um ensaio de compactação seguindo o
método de ensaio abordado na NBR-7182.
3o) Para cada 1.000m3 de um mesmo material do corpo do aterro
deverá ser executado um ensaio para determinação da massa específica apa-
rente seca "in situ", correspondente ao ensaio de compactação referido no
sub-item "a" e, no mínimo, duas determinações, por camada, por dia.
4o) Para cada 200m3 de um mesmo material da camada final do aterro
(1,20m final) deverá ser executado um ensaio para determinação da massa
Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 188
específica aparente seca "in situ", correspondente ao ensaio de compactação
referido no sub-item "b".
5o) Um ensaio granulométrico segundo a metodologia da NBR-7181,
um do limite de liquidez segundo a metodologia da NBR-6459 e um do li-
mite de plasticidade segundo a metodologia da NBR-7180, para o corpo do
aterro, para todo grupo de dez amostras submetidas ao ensaio de compacta-
ção, segundo o sub-item "a".
6o) Um ensaio granulométrico segundo a metodologia da NBR-7181,
um do limite de liquidez segundo a metodologia da NBR-6459 e um do li-
mite de plasticidade segundo a metodologia da NBR-7180, para o corpo do
aterro, para todo grupo de dez amostras submetidas ao ensaio de compacta-
ção, segundo o sub-item "b".
7o) Um ensaio de Índice de Suporte Califórnia (ISC ou CBR), com a
energia do método de ensaio exposto na NBR-7182, para os últimos 60cm,
para cada grupo de quatro amostras submetidas ao ensaio de compactação,
segundo o sub-item "b".

Ao se iniciar os trabalhos em função dos equipamentos de compac-


tação existentes na obra e diferentes rolos a serem utilizados, a FISCALI-
ZAÇÃO emitirá instruções de campo visando avaliar a performance destes
equipamentos. Serão executadas pistas experimentais, no próprio corpo do
aterro, visando otimizar o número de passadas, espessura da camada solta,
desvio de umidade admissível e grau de compactação mínimo.

c) Controle Geométrico
O acabamento da plataforma de aterro será procedido mecanicamen-
te, de forma a ser alcançada a conformação da seção transversal do projeto
executivo, admitidas as seguintes tolerâncias:
• Variação de altura máxima de +0,05m desde que mantida a seção
de projeto;
• Variação máxima de largura de + 0,15m, não se admitindo variação
para menos.

7. Especificações técnicas • 189


O controle será efetuado por nivelamento do eixo e bordos. O aca-
bamento, quanto à declividade transversal e à inclinação dos taludes, será
verificado pela FISCALIZAÇÃO, de acordo com o projeto executivo.

7.5.7 Material de Empréstimo


A escavação na área de empréstimo destina-se a prover ou comple-
mentar o volume necessário à constituição dos aterros por insuficiência do
volume dos cortes no local da obra, por motivos de ordem tecnológica de
seleção de materiais existentes não atenderem às características geotécnicas
mínimas de projeto ou razões de ordem econômica. Os materiais deverão
ser selecionados dentre os de 1ª e 2ª categoria, atendendo à qualidade e à
destinação previstas no projeto executivo. A escavação na área de emprés-
timos deverá prever a utilização racional de equipamento apropriado que
atenda à produtividade requerida.
Sempre que possível, deverão ser executados empréstimos contíguos
ao terrapleno resultando sua escavação em alargamento dos cortes. Os em-
préstimos em alargamentos de corte deverão, preferencialmente, atingir a
cota da terraplenagem, não sendo permitida, em qualquer fase da execução,
a condução de águas pluviais para a plataforma. Constatada a conveniência
técnica e econômica de reserva de materiais escavados nos locais de emprés-
timos, para confecção das camadas superficiais da plataforma, será procedi-
do o depósito dos referidos materiais para sua oportuna utilização.
A escavação será precedida da execução dos serviços de desmata-
mento, destocamento e limpeza da área do empréstimo. O acabamento das
bordas das áreas de empréstimo deverá ser executado sob taludes estáveis e
a superfície da mesma deverá ficar desempenada e adequadamente confor-
mada, a fim de permitir a restauração da vegetação nativa de modo a evitar
a erosão. Os empréstimos deverão estar posicionados de forma a não causar
obstrução ao sistema de drenagem da obra.

7.5.8 Área de Disposição de Material Excedente (ADME)


A área de disposição de material excedente (ADME) é convencional-
mente chamada de área de bota-fora. Estas áreas deverão ser indicadas nos
desenhos de projeto executivo, pela FISCALIZAÇÃO ou aqueles sugeridos

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 190


pela CONTRATADA desde que aprovados pela FISCALIZAÇÃO. Quando
executadas em encostas naturais, estas não deverão ter inclinação superior
a 30%. A fundação nestas áreas será limpa de toda vegetação e, sempre que
for necessário, provida de drenagem por meio de trincheiras preenchidas
com areia, brita e pedra de mão ou geotextil não-tecido (bidim ou similar) e
pedra de mão, a critério da FISCALIZAÇÃO.
O material será espalhado em camadas que não ultrapassarão 1,00m
de espessura, compactado pela própria passagem do equipamento de trans-
porte e espalhamento. O material excedente de solos moles deverá sempre
ser lançado em áreas confinadas por materiais de boa qualidade, que atuarão
como diques protetores e receberão o mesmo tratamento previsto acima.
Não serão admitidas áreas de disposição de material como alargamento dos
aterros. A única exceção será o enchimento de grotas a montante dos ater-
ros. Neste caso, a junção será drenada por meio de camada granular, esten-
dendo-se até a fundação onde se interligará com o sistema de drenagem da
fundação.

7.5.9 Enrocamentos (Aterros com material de 3ª Categoria)


Este item, juntamente com os desenhos de projeto executivo e as
instruções da FISCALIZAÇÃO, tem por objetivo estabelecer as normas
técnicas e processos mediante os quais deverão ser executados os serviços
de aterro com utilização de material de 3ª categoria, nos locais indicados
pelo projeto executivo. Estes serão provenientes de desmonte de rochas. A
execução dos enrocamentos compreenderá as operações de transporte, lan-
çamento, espalhamento e compactação de acordo com o estabelecido nestas
Especificações. Serão constituídos de blocos e fragmentos de rochas com as
seguintes características:

• Dimensão máxima de 0,60m, não ultrapassando a 2/3 da espessura


de camada;
• Para este tipo de aterro, não será aceita a presença de grãos de diâ-
metro inferior a 0,005m, em quantidade superior a 5%;
• O material deverá estar isento de matéria orgânica e finos argilo-
sos;

7. Especificações técnicas • 191


A execução de enrocamentos deverá prever a utilização racional de
equipamentos apropriados que possibilitem a execução dos serviços sob as
condições especificadas, atendidas as condições locais e a produtividade exi-
gida. Na execução dos enrocamentos serão empregados os equipamentos
necessários e aprovados pela FISCALIZAÇÃO, dentre os seguintes e não
se limitando a eles: tratores de esteira, caminhões e rolos lisos vibratórios. A
execução dos serviços obedecerá às seguintes recomendações básicas:

1a) Os enrocamentos serão construídos de acordo com a granulome-


tria e os elementos técnicos definidos no projeto executivo;
2a) A operação será precedida da execução de camadas de transição,
onde aplicável;
3a) Antes da execução dos enrocamentos deverão estar concluídas
as Obras de Arte Correntes necessárias à drenagem da bacia hidrográfica
interceptada pelos mesmos;
4a) Os materiais para os enrocamentos somente poderão ser coloca-
dos em fundações que tenham sido inspecionadas e liberadas pela FISCA-
LIZAÇÃO, que também deverá aprovar a origem dos materiais, bem como
suas características geotécnicas, aprovadas pela FISCALIZAÇÃO;
5a) A descarga do material deverá ser feita sobre uma camada já exis-
tente ou compactada, evitando-se sempre a descarga direta sobre a área onde
será procedido o espalhamento do material;
6a) O espalhamento do material deverá ser realizado em camadas tão
finas quanto possível, compatíveis com o diâmetro das pedras, para a forma-
ção da camada final a ser compactada, evitando-se sempre procedimentos
que venham a propiciar a formação de "nichos" arqueados;
7a) O lançamento do material para a construção dos enrocamentos
deverá ser feito em camadas horizontais sucessivas, em toda a largura da se-
ção, e em extensão tal que permita a sua execução e compactação de acordo
com o previsto nestas Especificações. A espessura da camada será definida,
experimentalmente, no campo, de acordo com o número mínimo de passa-
das estabelecidas e do peso estático do rolo vibratório;
8a) Todas as camadas deverão ser convenientemente compactadas
através da passagem de rolo liso vibratório ou trator de esteiras de acordo
Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 192
com os parâmetros a serem definidos no aterro experimental (10a alínea). O
número de passadas do equipamento deverá ser, no mínimo, igual a seis (6),
ao se executarem as camadas iniciais;
9a) No caso de alargamento do enrocamento ou execução de camadas
justapostas a outras já existentes, sua execução será procedida, obrigatoria-
mente, por camadas sucessivas, acompanhada da preparação adequada dos
taludes. As juntas de construção estarão sujeitas à aprovação da FISCALI-
ZAÇÃO;
10a) As primeiras camadas do enrocamento deverão ser usadas como
aterro experimental, aferindo os parâmetros de execução e controle que po-
derão ser alterados pela FISCALIZAÇÃO.

a) Controle Tecnológico
A operação de execução do enrocamento deverá ser acompanhada/
controlada sistematicamente de forma a garantir o cumprimento destas Es-
pecificações e a homogeneidade do maciço.

b) Enrocamento em substituição a solos


Este item tem por objetivo estabelecer as normas técnicas e proces-
sos mediante os quais deverão ser executados os serviços de substituição de
solo por enrocamento em locais quando indicados pela FISCALIZAÇÃO.
O enrocamento deverá ser constituído de blocos de rocha sã e angular, ou
de outro material apropriado, previamente aprovado pela FISCALIZAÇÃO.
O diâmetro máximo será de 0,25m e não deverá conter mais do que 20%
em peso de fração menor que 0,005m, desde que não sejam finos argilosos.
Estes serviços estarão sujeitos ao especificado no item Remoção de Solos
Moles. O enrocamento deverá ser compactado com rolos compactadores
lisos vibratórios com peso mínimo de oito (8) toneladas em camadas hori-
zontais de espessura máxima de 30cm, com o número mínimo de seis (6)
passadas ou a critério da FISCALIZAÇÃO. A velocidade do rolo não deverá
exceder 4 km/h.

7. Especificações técnicas • 193


c) Enrocamento de proteção
Este item refere-se aos enrocamentos para proteção de taludes e/
ou saias de aterro a serem executados nos locais indicados pelo PROJETO
e/ou nos pontos designados pela FISCALIZAÇÃO. Consideram-se dois
tipos distintos de enrocamento de pedra lançada, com relação às dimensões
médias dos fragmentos de rocha e locais de utilização. O tipo de enroca-
mento de pedras lançadas de pequenas dimensões será, em geral, empregado
em condições onde se prevê uma moderada ação dos agentes erosivos, por
exemplo: nos taludes de aterros próximos a cursos de água com pequenas
variações de nível ou, em geral, nos taludes próximos às massas de água de
pequena velocidade (tipo A). O tipo de enrocamento de pedras lançadas de
dimensões médias será empregado nos locais onde é prevista intensa ação
erosiva, por exemplo, nos taludes cuja base se situa nas proximidades dos
cursos de águas torrenciais ou que apresentam fortes oscilações de nível
(tipo B).
As rochas a serem empregadas nos enrocamentos devem apresentar-
se em boas condições de sanidade e sem sinais de alteração, de modo que fi-
que assegurada a estabilidade do enrocamento. Os blocos devem apresentar
dimensões aproximadamente iguais segundo a direção de três eixos ortogo-
nais, tendendo para forma cúbica. Para o tipo A, as pedras devem apresentar
as seguintes características geométricas:
• Dimensão transversal mínima 0,20m;
• Dimensão transversal máxima 0,50m.

Para o tipo B, as pedras devem apresentar as seguintes características


geométricas:
• Dimensão transversal mínima 0,40m;
• Dimensão transversal máxima 0,80m.

Uma vez efetuado o transporte dos blocos para o local da obra serão
lançados de altura conveniente pelo próprio equipamento transportador au-
xiliado eventualmente por carregadeiras, escavadeiras ou tratores. Os blocos
maiores, sempre que possível, devem ser lançados na base do enrocamento.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 194


Deve-se cuidar para que os blocos menores ocupem os interstícios deixados
pelos maiores, de maneira a reduzir o volume de vazios na estrutura glo-
bal. Os enrocamentos do tipo A devem ser conformados de maneira que
nenhuma pedra se saliente mais de 0,30m em relação ao plano do talude
pré-estabelecido. No caso dos enrocamentos do tipo B a máxima saliência
admitida é de 0,60m.

7.5.10 Remoção de Solos Moles


Define-se aqui como remoção de solos a retirada parcial ou total dos
solos inconsistentes de fundação com auxílio de equipamentos de escava-
ção, exceto dragas de sucção. As operações de escavação e carga de solos
moles para remoção e substituição dos mesmos compreendem nas seguintes
etapas:

1a) Preparação de acesso para equipamentos de escavação e para os


caminhões basculantes que farão o transporte do material a ser removido e
substituído;
2a) Escavação dos materiais conforme as seções transversais de pro-
jeto executivo e/ou de acordo com as determinações da FISCALIZAÇÃO;
3a) Esgotamento de água na vala aberta, se ocorrer;
4a) Carga do material escavado em caminhões basculantes para sua
remoção;
5a) Transporte e deposição do material removido para o local indica-
do pelo projeto executivo ou FISCALIZAÇÃO.

Somente em casos excepcionais ou quando devidamente constatada


pela FISCALIZAÇÃO a impossibilidade de retirada, até as cotas preten-
didas, do material inadequado, empregar-se-á o processo de expulsão ou
a conjugação do processo de escavação com o de expulsão. Os materiais a
serem removidos ou escavados serão sempre solos argilosos de baixa resis-
tência e compressíveis, limitando-se a profundidade da escavação à mínima
necessária.

7. Especificações técnicas • 195


A escavação de solos orgânicos moles, para remoção e substituição
dos mesmos, será executada mediante a utilização racional de equipamento
adequado, que possibilite a execução dos serviços sob as condições especifi-
cadas e com a produtividade requerida.
Serão empregadas escavadeiras equipadas com "drag-line" ou "clam-
shell", retro-escavadeiras e caminhões basculantes, além de bombas d'água
para esgotamento da vala e rebaixamento do nível freático, caso necessário.
A escavação de solos moles subordinar-se-á aos elementos técnicos forneci-
dos e constantes das seções do projeto executivo e/ou às determinações da
FISCALIZAÇÃO, que poderá alterar estes elementos técnicos em função
do material que for sendo encontrado durante a escavação. Todas estas cons-
tatações que gerem alterações no projeto executivo deverão ser registradas
para serem evidenciadas no projeto “as built”. A escavação deverá atingir ca-
madas de solos adequados para as fundações dos aterros. Caso, a critério da
FISCALIZAÇÃO, a fundação do aterro, nos níveis de escavação indicados
no projeto executivo, não seja considerada satisfatória, deverá ser executada
escavação adicional até novos níveis determinados pela FISCALIZAÇÃO,
devendo a superfície resultante do terreno escavado ser limpa para inspeção
e aprovação. Esse procedimento deverá ser repetido até que se obtenha uma
fundação satisfatória para o aterro, a critério da FISCALIZAÇÃO. Deve-
rão ser previamente aprovados pela FISCALIZAÇÃO os métodos execu-
tivos e a programação de todas as atividades ligadas à escavação, incluindo
transporte, drenagem, secagem, bota-fora, além de atividades correlatas tais
como o reaterro da cava. A escavação abaixo do nível do lençol freático
deverá ser executada de maneira que águas de toda natureza, tais como de
chuva e do lençol freático, fluam para as zonas já escavadas e/ou locais que
não interfiram com a escavação.
Os materiais escavados deverão ser transportados para as áreas de
disposição de material excedente bota-fora indicados ou aprovados pela
FISCALIZAÇÃO, evitando-se a obstrução do sistema de drenagem natural
e/ou da obra. O controle da remoção será feito através da verificação visual
do tipo de material escavado e, quando necessário e julgado conveniente
pela FISCALIZAÇÃO, de sondagens a trado e/ou percussão executadas
em pontos determinados pela mesma, numa freqüência mínima de 02 (dois)
furos para cada 400 m² de área onde se processa a remoção. A remoção será
efetuada até serem atingidas as cotas indicadas no projeto executivo e/ou
pela FISCALIZAÇÃO.
Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 196
7.5.11 Reaterro de Escavações em Solos Moles
Define-se reaterro de escavações em solos moles como a operação
correspondente a colocação de material em zonas previamente removidas
por escavação de solos moles. Os materiais deste reaterro serão do tipo
granular não plásticos provenientes das áreas de empréstimos indicadas no
projeto executivo. Poderão ser usadas outras fontes de materiais desde que
sejam previamente aprovadas pela FISCALIZAÇÃO. O método executivo e
a programação de todas as atividades ligadas ao reaterro deverão ser previa-
mente aprovados pela FISCALIZAÇÃO. O reaterro de escavações em solos
moles deverá ser realizado em seguida a remoções parciais dos mesmos, a
fim de impedir que o material oriundo da ruptura dos taludes da cava invada
a área já removida. Estes reaterros poderão ser submetidos apenas a com-
pactação produzida pela simples operação de colocação, espalhamento dos
materiais, em áreas restritas, a critério da FISCALIZAÇÃO.

7.5.12 Momento Extraordinário de Transporte


A distribuição dos materiais, com suas distâncias teóricas entre as
escavações e seus pontos de aplicação são definidas pelo projeto executivo
para um determinado trabalho, estando seu pagamento incluído no preço
unitário contratual. Por "Momento Extraordinário de Transporte" entende-
se o produto da diferença entre a distância efetiva e a de projeto multiplicada
pelo volume de material escavado, transportado a essa mesma distância. A
distância efetiva será determinada partindo do centro de gravidade do corte
ou jazida de empréstimo onde o material foi escavado até o centro de gravi-
dade do local onde o mesmo for aplicado. O "Momento Extraordinário de
Transporte" será afetado de sinal algébrico dependendo da diferença entre
os valores das distâncias efetivas e de projeto executivo.

7.5.13 Escavação, Carga e Transporte de Material Estocado


Esta Especificação trata da escavação, carga, transporte e espalha-
mento de material estocado proveniente de operação de terraplenagem con-
vencional relatada anteriormente. O material estocado escavado poderá ser
utilizado em:

7. Especificações técnicas • 197


• Constituição de camada de solos vegetais;
• Complementação de aterro.

Os materiais estocados originários dos cortes poderão ser:


• Solos orgânicos isentos de tocos ou raízes;
• Materiais selecionados isentos de matéria orgânica, de 1ª e 2ª cate-
goria, micácea ou diatomácea. Turfas e argilas orgânicas não devem
ser empregadas.

Os equipamentos a serem empregados serão escavo-carregadores,


caminhões basculantes e motoniveladoras. Os solos orgânicos escavados
dos locais de estocagem serão transportados e espalhados sobre os locais
determinados pela FISCALIZAÇÃO. O espalhamento do solo orgânico
será feito em camada com espessura máxima de 0,15m. Este tipo de solo
não será objeto de nenhuma compactação adicional. As complementações
de aterros com solos escavados dos locais de estocagem estarão sujeitas ao
especificado no item Aterros.

7.6 Escavações

7.6.1 Generalidades
a) Objetivo
Este item fixa as condições exigíveis para a execução de escavação, es-
coramento, esgotamento e reaterro de cavas e valas para execução de obras
enterradas.

b) Normas
Juntamente com este item devem ser obedecidas todas as normas
da ABNT pertinentes ao assunto, mas principalmente as seguintes em suas
edições mais recentes em vigor:

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 198


• NBR 7182 - Solo - ensaio normal de compactação - Método de
ensaio;
• NBR 7678 - Segurança na execução de obras e serviços de constru-
ção – procedimento;
• NBR 9061 - Segurança de escavação a céu aberto procedimento.

c) Considerações gerais
A locação e o acompanhamento dos serviços devem ser efetuados
por equipe de topografia. A execução dos serviços deve ser protegida e sina-
lizada contra riscos de acidentes, particularmente atendendo ao item 5.3 da
NBR 7678. Atenção especial deve ser dada às cavas e valas em proximidade
de obras já existentes, acompanhando as diversas etapas de execução, para
que seja possível adotar, quando necessário, as medidas cabíveis de prote-
ção.

d) Plano de escavação
A abertura e o reaterro de cavas e valas somente deverão ser inicia-
dos após a aprovação pela FISCALIZAÇÃO do Plano de Escavação, que
deve ser elaborado com base nos projetos, nas condições locais que possam
condicionar a execução dos serviços e na presente Especificação. O plano
consistirá num documento básico de controle e acompanhamento dos ser-
viços, sendo revisado à medida que a execução o exigir, devendo conter as
seguintes informações:
• Proteções, referências de níveis (RN’s), localização de poços de dre-
nagem, bombas, etc, se for o caso;
• Previsão de tipos de materiais a escavar;
• Equipamentos que serão utilizados;
• Detalhes do escoramento a executar, se for o caso;
• Caminhos de serviço necessários;
• Locais de lançamento provisório ou de disposição de material exce-
dente (bota-foras);

7. Especificações técnicas • 199


• Jazidas de material para reaterro;
• Volumes de material.

Nos casos de escavações de pequeno porte, quando os elementos de


projeto forem suficientes para o acompanhamento da construção, a critério
da FISCALIZAÇÃO o Plano de Escavação poderá ser simplificado ou dis-
pensado.

e) Classificação dos materiais


Os materiais escavados são classificados conforme as seguintes defi-
nições:
Tipo A: Solo normal – nesta categoria encontram-se os solos que
contenham fragmentos de rochas ou pedras roladas e aqueles que apresen-
tem o mesmo grau de dificuldade de escavação que a argila, silte ou areia.
(NSPT < 25).
Tipo B: Solo duro e/ou moledo – nesta categoria encontram-se os
solos duros cujas escavações sejam feitas manualmente ou com auxílio de
equipamentos, não sendo necessária ou obrigatória utilização de explosivos.
(NSPT > 25).
Tipo C: Solo rochoso – nesta categoria encontram-se os solos ro-
chosos cujas escavações sejam feitas com o auxílio de equipamentos sendo
obrigatório o uso de rompedores mecânicos e/ou explosivos.
Tipo D: Solo submerso (brejo) – nesta categoria encontram-se os
solos cujas escavações sejam executadas com a presença de nível d'água e
cuja resistência seja baixa suficientemente para que haja imperativo da ne-
cessidade de escoramentos para evitar os desmoronamentos. A constatação
de nível d’água durante a escavação em solos, mas que dispensem o esco-
ramento para concretagem não é indicação suficiente para que o solo seja
classificado como tipo D.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 200


7.6.2 Escavação

a) Locação
A locação das cavas e valas deverá obedecer aos elementos geométri-
cos constantes no projeto executivo. O nivelamento será geométrico, e obri-
gatório o contra nivelamento, passando pelos mesmos pontos. Na reabertu-
ra de valas o erro máximo para fechamento é de 10mm, sendo L a extensão
nivelada, em quilômetros, ao longo da poligonal num só sentido. Deverão
ser assinalados os pontos notáveis, tais como poços de visita, cruzamento
com tubulações ou galerias, interseções importantes e outros.

b) Execução
As cavas e valas serão escavadas segundo locação, dimensões, cotas
e indicações dos taludes estabelecidos no projeto executivo e/ou Plano de
Escavação, de forma a atender aos requisitos da obra em cada uma das suas
etapas construtivas. As valas deverão ser abertas preferencialmente no senti-
do de jusante para montante, a partir dos pontos de lançamento ou de pon-
tos onde seja viável o seu esgotamento por gravidade, caso ocorra presença
de água durante a escavação. Antes do início da escavação deverá ser pro-
movida a limpeza da área, retirando entulhos, tocos, raízes, etc. A escavação
poderá ser feita manual, mecanicamente ou com uso de explosivos, sempre
com o uso de equipamentos adequados.
As escavações ou demolições com emprego de explosivos somente
serão executadas quando houver necessidade de seu emprego e previamente
autorizado pela FISCALIZAÇÃO. Compreende o desmonte de rocha todas
as operações preliminares, tais como plano de fogo, perfurações, colocação
de explosivos, dispositivos de segurança, etc., e os serviços de transporte e
acomodação do material demolido até 100m de distância, ou o carregamen-
to em caminhões. A largura das valas e as dimensões das cavas serão fixadas
em função das características do solo, das dimensões da obra, da profundi-
dade, do tipo de escoramento e do processo de escavação. Podem constar
do projeto e obrigatoriamente constar do Plano de Escavação. Para assenta-
mento de tubulações, a largura da vala deve ser no mínimo igual ao diâmetro
externo do tubo acrescido de 0,60m, devendo ser acrescida de 0,10m para
cada 1,0m ou fração que exceda aos 2,0m de profundidade inicial da vala, e
7. Especificações técnicas • 201
no caso de bueiros, seguir as Especificações do item Bueiro deste documen-
to. As cavas para assentamento de poços-de-visita terão dimensões internas
livres, no mínimo, igual à medida externa da câmara de trabalho acrescida
de 0,60m para cada lado. Durante a execução das escavações das cavas ou
valas, estas deverão ser inspecionadas, verificando-se a existência de solos
com características e natureza tais que, comparadas com as necessidades do
projeto executivo, exijam sua remoção ou substituição.
O fundo das cavas e valas, antes do assentamento da obra, deverá
ser regularizado, compactado e nivelado nas elevações indicadas no projeto,
com uma tolerância de ± 1cm. Qualquer excesso de escavação ou depressão
no fundo da cava ou vala deve ser preenchido com material granular fino
compactado. O material escavado será depositado, sempre que possível, de
um só lado da vala, afastando de 1,0m da borda da escavação. Em casos
especiais, poderá a FISCALIZAÇÃO determinar a retirada total ou parcial
do material escavado. Os taludes das escavações de profundidade superior
a 1,50m, quando realizados na vertical, devem ser escorados com peças de
madeira ou perfis metálicos, assegurando estabilidade de acordo com a na-
tureza do solo. O talude de escavação, com profundidade superior a 1,50m,
quando não escorado, deverá ter sua estabilidade verificada por metodologia
de cálculo consagrada.
Na medida em que os serviços de escavação forem sendo desenvolvi-
dos, poderá vir a ser necessária a adaptação do Plano de Escavação às reais
condições locais das cavas e valas. Observar se as inclinações dos taludes
são satisfatórias, se a infiltrações, caminhos de serviço junto aos taludes, se a
drenagem é suficiente etc, de tal modo que a segurança das obras não fique
comprometida.

7.6.3 Escavação de Fundações


Após as escavações das fundações deverão ser executadas proteções
às escavações, através de tampas e cercas no intuito de impedir a queda de
pessoas e/ou animas no interior das mesmas. As cavas devem ser protegidas
contra a entrada de água e umidade excessiva nas suas paredes. As escava-
ções serão protegidas mecanicamente por dispositivos que garantam a segu-
rança física dos trabalhadores durante a execução dos serviços.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 202


Em locais onde as estruturas dos solos sejam instáveis e/ou as pro-
fundidades sejam superiores ou iguais a 2,0m deverão ser executadas prote-
ções mecânicas com emprego de camisas metálicas em tubulões ou escora-
mentos de madeira ou industrializados para sapatas e blocos. Os trabalhos
de escavações não deverão ser liberados para início antes da conclusão de
todos os preparativos para a execução rápida dos elementos de fundações,
ou seja, providenciar os materiais, equipamentos, mão-de-obra, energia elé-
trica, traços de concreto, etc.
Após a conclusão das escavações, deverão ser imediatamente execu-
tadas as etapas de armadura, formas, concretagem e reaterro das fundações.
Serão observadas as condições de Higiene, Medicina e Segurança do Traba-
lho quanto ao manuseio de explosivos, se necessário for o seu uso.

7.6.4 Escoramento
a) Execução
De acordo com a natureza do terreno e a profundidade da escavação
pode ser utilizado um dos seguintes tipos de escoramento.

Pontaleteamento:
Constituído por um par de tábuas dispostas verticalmente, espaçadas
convenientemente. Essas são travadas por estroncas.

Descontínuo:
Constituído de tábuas, dispostas na vertical, contidas por longarinas,
colocadas horizontalmente e travadas por estroncas.

Contínuo:
Constituído de tábuas colocadas verticalmente contidas por longari-
nas dispostas horizontalmente e travadas por estroncas, de modo a cobrir
toda a parede da vala,.

7. Especificações técnicas • 203


Especial:
Constituído de pranchas do tipo macho e fêmea, colocadas vertical-
mente, de modo a cobrirem toda a parede da vala, contidas por longarinas
dispostas horizontalmente e travadas por estroncas.
Dependendo do tipo de solo e da profundidade das escavações,
podem ser usados outros tipos de contenções laterais, tais como estacas
metálicas com fechamento de pranchas de madeira (tipo hamburguês),
estacas-prancha metálicas de encaixe, caixões deslizantes, chapas metálicas
com estroncas extensíveis, etc. A ficha dos escoramentos, quando necessá-
ria, deverá ser verificada por meio de metodologia de cálculo consagrada.
Na execução do escoramento, devem ser utilizadas madeiras duras como
peroba, sucupira, etc. podendo as estroncas ser de eucalipto, com diâmetro
inferior a 0,20m.

b) Retirada do escoramento
As estroncas deverão ser retiradas à medida que o reaterro atinja seu
nível. O escoramento não deve ser retirado antes do reaterro atingir 0,60m
acima da obra ou 1,50m abaixo da superfície natural do terreno, desde que
este o permita, caso contrário, o escoramento somente deve ser retirado
quando a escavação estiver totalmente reaterrada. Nos escoramentos me-
tálico-madeira (tipo hamburguês) e com estacas-prancha metálicas o con-
traventamento de longarinas e estroncas deve ser retirado quando o aterro
atingir o nível dos quadros. As estacas metálicas devem ser retiradas somente
quando a escavação estiver totalmente reaterrada. O vazio deixado pelo ar-
rancamento dos perfis e estacas metálicas deve ser preenchido com material
granular fino.

7.6.5 Esgotamento
Quando a escavação atingir o lençol d’água deve-se manter o terreno
permanentemente drenado. O esgotamento, quando não permitido por gra-
vidade, pode ser obtido por meio de bombas, executando-se, no fundo da
vala, drenos laterais junto ao escoramento e fora da faixa de assentamento
das estruturas, para que a água seja coletada pelas bombas, em poços de
sucção. Em casos excepcionais, far-se-á o rebaixamento do lençol por meio

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 204


de ponteiras filtrantes ou poços profundos. Quando a vala for aberta em
solos saturados de água, deve-se calafetar as fendas entre as tábuas, vigas e
pranchas do escoramento, para impedir que o material do solo seja carre-
gado para dentro da vala, evitando o solapamento desta e o abatimento do
terreno adjacente.

7.6.6 Apiloamento
O apiloamento compreende o acerto e a compactação do fundo da
vala. O apiloamento será executado com equipamento mecânico. Somen-
te quando não for possível serão utilizados soquetes de ferro. A escavação
deverá ser paralisada em cota um pouco acima da prevista no projeto, de
tal maneira que, com a compactação o terreno chegue na cota do projeto.
Esta diferença será determinada na obra em função do material do fundo da
cava e da energia de compactação. Tão logo o apiloamento fique concluído,
deverá ser lançado o concreto magro para regularização, quando previsto.
No caso de terrenos brejosos ou com muita lama, o apiloamento será uma
camada de areia ou brita para dar condições de suporte ao concreto magro.

7.7 Reaterro

7.7.1 Objetivo
O reaterro tem por finalidade principal o preenchimento e a recom-
posição das escavações realizadas. Serão consideradas reaterros os aterros
complementares que se façam necessários para compensar irregularidades
da superfície do terreno junto à obra e complemento de fundações execu-
tadas.

7.7.2 Precauções
Deverão ser tomados cuidados especiais de modo a evitar danos à
rede de dutos, tubulações e construções. Equipamentos pesados de com-
pactação não poderão operar a menos que 0,60m de estrutura executada. Os
reaterros somente poderão ser indicados quando a estrutura tiver resistência
suficiente para resistir aos esforços. O reaterro das cavas ou valas será feito
7. Especificações técnicas • 205
com materiais de características adequadas à natureza da obra, oriundos das
próprias cavas ou de jazidas de empréstimos previamente aprovadas pela
FISCALIZAÇÃO. O material para o reaterro deve ser isento de matéria
orgânica, entulhos e pedras. A aprovação dos materiais de reaterro, princi-
palmente no caso de reaterros estruturais, será dada mediante a realização
dos ensaios de caracterização dos materiais, quando necessário, a critério da
FISCALIZAÇÃO.

7.7.3 Execução
Em qualquer fase do reaterro, o espaço que o mesmo irá ocupar de-
verá estar limpo, isento de entulhos, detritos, pedras, poças d’água e lama.
Qualquer camada do reaterro deverá apresentar boa ligação com sua base,
executando-se o umedecimento ou escarificação necessários para tal fim. O
reaterro será executado em camadas de 20cm de espessura máxima, compac-
tadas por equipamento mecânico adequado. Admite-se alteração da espessura
das camadas de reaterro, conforme os resultados obtidos na compactação.
O reaterro deve ser executado em camadas horizontais, sendo admi-
tida uma declividade inferior a 2% para permitir eventual drenagem pluvial.
Os reaterros deverão ser compactados atendendo-se o teor de umidade óti-
ma dos materiais em relação ao ensaio normal de compactação (NBR 7182),
com tolerância de ± 2% daquele valor. O grau mínimo de compactação exi-
gido será 95% relativo ao ensaio Proctor Normal, admitindo-se tolerâncias
de -2% a +3%. Em locais considerados de condições especiais poderá ser
exigido um grau de compactação de 100 % com tolerância de -1% a + 2%,
relativo ao Proctor Normal. Em locais com nível d’água que alcance pontos
acima da cota de fundo da fundação a empresa responsável pelo projeto de
fundações deverá ser consultada e o reaterro será feito com materiais per-
meáveis (areia) de modo que o fluxo da água não seja impedido. Nos casos
em que os materiais do reaterro se constituem de areia pura ou mistura
com cascalho, mediante aprovação prévia da FISCALIZAÇÃO utilizada o
método de adensamento da areia por meio de sua saturação, prevendo-se
um sistema de drenagens para retirada da água após o adensamento final.
A compactação deverá ser iniciada no centro da cava para suas bordas com
a finalidade de comprimir as paredes da escavação. A orientação do equi-
pamento deve ser de tal forma que cada passada ou golpe cubra a metade
da área compactada pela passada ou golpe anterior. Durante a operação de
Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 206
compactação deve ser garantida a drenagem superficial e, depois das chuvas
os trabalhos devem ser reiniciados logo que se retirar a camada de barro, e
excesso de umidade na última camada. O reaterro executado com argilas
não deverá ser executado em dias chuvosos. O reaterro deverá alcançar +/-
30cm acima do solo natural e ter inclinações de forma a evitar o acúmulo
de água em volta da fundação. Ao término das atividades o terreno em volta
deverá ficar regularizado, sem montes de sobras de materiais e de maneira
que as águas de chuva sejam desviadas das fundações. As valetas para des-
viar as águas de chuva deverão ter declividade o mais próximo possível das
curvas de nível.

7.7.4 Execução de Reaterro Com Solo-Cimento


a) Generalidades
Na engenharia de fundações é bastante conhecida a importância do
reaterro em solo-cimento na estabilidade de fundações. A maioria das teo-
rias aplicadas às fundações escavadas, sujeitas a cargas laterais e momentos,
são também empregadas para as fundações diretamente engastadas. Muitas
das vezes a mesma prática é adotada para fundações em grelhas metálicas
garantindo uma massa sólida no arrancamento da fundação. A rigidez relati-
va da fundação é controlada pelo terreno do reaterro. Nestas fundações com
reaterro em solo-cimento, o mecanismo de transferência de carga é contro-
lado pelo reaterro, ao passo que na fundação concretada a transferência é
feita diretamente ao solo natural.
Estas fundações passam por um período crítico compreendido pela
fase pós-construção em que os efeitos sazonais cíclicos de umedecimento e
secagem do terreno não permitem a consolidação rápida do reaterro. Este
fato realça a importância de se obter um método de execução para o reaterro
de modo que se possa conseguir uma elevada resistência inicial do mesmo,
sem sofrer a influência das variações do nível d' água. O uso do solo-cimento
vem preencher, de certo modo, as necessidades requeridas, para o elemento
controlador da estabilidade do sistema solo-fundação-estrutura. A finalidade
básica do reaterro em solo-cimento é funcionar como elemento redutor de
tensões entre o aterro e o solo natural, permitindo que elevadas tensões de-
senvolvidas nas superfícies de contato entre as estruturas e o reaterro sejam
transmitidas ao terreno natural, com valores compatíveis com sua capacida-

7. Especificações técnicas • 207


de de suporte. Sob esta ótica o dimensionamento da espessura horizontal
do reaterro, ou de uma maneira geral, da sua geometria, será uma função do
dimensionamento geotécnico da fundação em relação ao solo in situ. Vale
ressaltar que para determinar a resistência do reaterro, deverá ser calculada
a pressão descarregada pela grelha no reaterro, em função dos momentos
e cortantes atuantes no topo da fundação, com o auxílio de um modelo
completo ou simplificado. Uma vez determinadas estas pressões máximas
atuantes no reaterro, o trabalho será concentrado na determinação do traço
adequado para a mistura do solo e cimento, para resistir às pressões descar-
regadas pela estrutura.
Ressalta-se, porém que, a determinação otimizada do traço para o
solo-cimento com as características requeridas pelo projeto, deve ser feita
com a utilização imprescindível de ensaios de laboratório nas amostras re-
presentativas do solo em questão. Porém, na prática o que se faz é definir
um traço típico de solo-cimento que garanta as características geotécnicas
de projeto conforme experiência adquirida em obras com solos de caracte-
rísticas semelhantes.
Vale notar que nem todo o solo se presta à estabilização com cimento.
Um solo exclusivamente arenoso, se misturado ao cimento, formaria uma
argamassa quebradiça e sujeita a ruptura brusca. Por outro lado, uma argila
pura não seria estabilizada adequada e economicamente com cimento, e sim,
com cal. Há, portanto, a necessidade do solo ser composto de uma fra-
ção argilosa e arenosa, com uma certa "graduação", para resultar num bom
solo-cimento. Ou seja, é importante a verificação in loco da presença de
terrenos com percentagens de argila ou silte nas areias. Em locais nos quais
encontram-se apenas terrenos arenosos “puros” deverão ser obtidas terras
em jazidas de empréstimo que garantam certa proporção de terreno argiloso
na composição do solo de reaterro.
Deve-se observar ainda que, a aplicação do solo-cimento não é reco-
mendável para qualquer tipo de estrutura e restringe-se a alguns tipos de su-
portes, face à magnitude das cargas envolvidas e a sua natureza transitória, ou
permanente e, em última análise, das tensões descarregadas nas fundações.
O desempenho das fundações reaterradas em solo-cimento quando
comparado com o das reaterradas com solo natural é muito superior no que
diz respeito à deformação do reaterro e giro das fundações. Por outro lado,
as fundações reaterradas e compactadas com solo natural, para os mesmos
Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 208
tipos estruturas e carregamentos apresentaram deformações permanentes
que demandaram o reaprumo das estruturas.

b) Teor de Cimento – Traço Solo-Cimento


O reaterro em solo-cimento deverá ser um bloco monolítico forma-
do pela mistura íntima, compactada de solo desagregado, água e cimento
em determinadas proporções definidas a partir de ensaios. Este bloco deve-
rá suportar as tensões desenvolvidas na ligação reaterro-fundação, atuando
como elemento redutor de pressões descarregadas no solo natural adjacente
à escavação do reaterro. Também é fundamental que o peso específico deste
reaterro atenda as condições previstas em projeto para que sob condições de
arrancamento a fundação trabalhe com segurança.
O teor de cimento é normalmente determinado pelo comportamento
de corpos de prova submetidos aos ensaios. Os mesmos são constituídos de
três teores diferentes de cimento, variando em intervalos de 2%. O objetivo do
ensaio é verificar qual o teor mínimo que leva às características requeridas.
O ponto de partida para fixação dos teores de cimento é o emprego
das “normas” da “PORTLAND CEMENT ASSOCIATION”. Estas indi-
cam os prováveis teores em peso, que serão necessários à obtenção do peso
específico desejado em função das características do solo empregado.
O método completo de dosagem do solo-cimento pode ser resumido
nas seguintes etapas:
• Identificação e classificação do solo;
• Determinação do teor de cimento para o ensaio de compactação;
• Execução do ensaio de compactação do solo-cimento;
• Escolha dos teores de cimento para o ensaio de resistência a com-
pressão;
• Moldagem do corpo de prova para o ensaio de resistência a com-
pressão;
• Execução do ensaio de ruptura e compressão de corpos de prova
de solo-cimento.

7. Especificações técnicas • 209


Observou-se que historicamente os resultados dos ensaios de com-
pactação variam muito pouco para pequenas diferenças de teor de cimento.
Na prática a determinação do traço é feita em função da experiência com o
tipo de solo local. E os valores devem ser verificados em notas de projeto.

c) Ensaios de Validação
Deverá ser constatada a umidade ótima do solo que corresponderá à
massa específica seca máxima do solo da jazida de empréstimo através de
ensaio de compactação. De posse dos valores de umidade ótima e massa
específica seca máxima, obtidos no ensaio de compactação, compara-se com
os valores obtidos em ensaios de verificação da umidade e massa específica
seca do solo de reaterro.
De forma bastante rápida e prática passa-se à verificação dos dados
exigidos no projeto. A partir de um cilindro de volume e peso conhecidos
retira-se uma amostra de solo do reaterro. Este volume de solo é colocado
em balança e definido o peso de solo úmido. A umidade pode ser definida
com a utilização do aparelho “Speed”. Este equipamento nos fornece dire-
tamente o valor do teor de umidade “ω”.
Na ausência do “Speed”, uma alternativa menos técnica, porém com
aproximação aceitável seria inserir o material em frigideira em um fogareiro
e após a umidade do solo se evaporar levar novamente o volume de solo à
balança executa-se a medição do peso de solo seco. A partir das medições
anteriores para obtenção da massa específica seca existem duas opções que
na verdade são exatamente as mesmas:
Opção 1:
ρ
ρd =
1+ ω
Onde:
ρ – massa específica do solo
ρd – massa específica seca do solo
ω – teor de umidade do solo

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 210


Sendo:

ω=
(PesoSoloÚmido - PesoSoloSeco )
PesoSoloSeco
PesoSoloÚmido
ρ=
VolumeCilindro

Opção 2:
ρ
ρd =
∆h
Onde:
ρ – massa específica do solo
ρd – massa específica seca do solo
Sendo:
PesoSoloÚmido
ρ=
VolumeCilindro
PesoSoloÚmido
∆h =
PesoSoloSeco

Com simples álgebra é fácil perceber que as equações da opção 1 são


equivalentes às equações da opção 2. Verificado os valores exigidos no pro-
jeto executivo, a execução do reaterro é validada.

7. Especificações técnicas • 211


7.8 Drenagem superficial

7.8.1 Sarjetas
a) Generalidades
As sarjetas deverão ser construídas para conduzir a água que escoa
dos taludes, da plataforma do aterro ou dos arruamentos a um local onde
possa desaguar, evitando-se erosões nos taludes ou mesmo no terreno na-
tural.

b) Materiais
Deverá ser adotado o concreto moldado “in loco” atendendo as exi-
gências prescritas pela ABNT e ao item Concreto desta especificação. Não
são descartadas dependendo do caso as hipóteses de execução de sarjetas
em bioengenharia (item Bioengenharia).

c) Execução
As sarjetas deverão ser executadas após a conclusão da terraplanagem
e o apiloamento do fundo e das laterais da vala, de modo a se obter as seções
tipo, formas, dimensões e localizações indicadas no projeto executivo ou
determinadas pela FISCALIZAÇÃO. As escavações poderão ser executadas
por processo manual ou mecânico, de acordo com o item Escavações desta
especificação, ou a critério da FISCALIZAÇÃO.
O concreto utilizado deverá apresentar a resistência exigida no item
Concreto desta especificação. O concreto para atender a resistência indicada,
será dosado no traço e experimentado pela CONTRATADA e aprovados
pela FISCALIZAÇÃO. A cada 40,0m, a sarjeta deverá ter juntas de dilatação
do tipo Fugenband. O concreto utilizado deverá apresentar as resistências
exigidas no item Concreto. Os traços para os concretos serão dosados e ex-
perimentados pela CONTRATADA e aprovados pela FISCALIZAÇÃO.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 212


d) Controle
A escavação e o concreto deverão ser controlados de acordo com
suas respectivas especificações, e aprovados pela FISCALIZAÇÃO.

7.8.2 Valetas de Pé de Aterro


a) Generalidades
As valetas de pé de aterro deverão ser implantadas no terreno natural,
próximas ao pé do talude de aterro a uma distância mínima de 0,50m deste,
para coletar e conduzir as águas superficiais coletadas na plataforma do ater-
ro a um ponto de descarga adequado antes que atinjam e comprometam a
estabilidade do terrapleno. As valetas podem ser em terra, revestidas ou não,
conforme o projeto executivo. Podem ser executadas em concreto armado
ou bioengenharia.

b) Materiais
Caso as valetas sejam revestidas, a CONTRATADA deverá seguir o
item 8.4 Revestimento de Valetas desta especificação. As valetas em concre-
to serão moldadas “in loco”, em concreto simples ou armado, conforme as
necessidades do projeto, ou se a FISCALIZAÇÃO determinar.

c) Execução
A valeta de pé de aterro deverá ser executada após a terraplenagem se-
gundo formas, dimensões, alinhamentos e cotas estabelecidas no projeto exe-
cutivo ou pela FISCALIZAÇÃO. A declividade mínima da valeta deverá ser
de 0,50%, a fim de evitar o empoçamento em qualquer ponto. As escavações
serão executadas de acordo com o item 6 - Escavações desta especificação,
constante neste documento, sendo que, após serem executadas, deve-se api-
loar o fundo e as laterais das valas, para uma perfeita conformação da vala.
As valetas de proteção de pé de aterro poderão ser escavadas ma-
nual ou mecanicamente. Os materiais escavados, quando da confecção das
valetas, deverão ser colocados e compactados manualmente entre estas e
o talude de aterro. Caso a valeta seja revestida em concreto, este terá fck ≥

7. Especificações técnicas • 213


20 MPa e podem ser em concreto armado ou simples, conforme o projeto
executivo, ou se a FISCALIZAÇÃO o exigir. O concreto deve obedecer à
especificação de Concreto Armado (item Concreto).

d) Controle
Escavações, concretos, formas, armações e argamassas deverão ser
controladas pelas respectivas Especificações, e pelas prescrições da ABNT,
e serem aprovadas pela FISCALIZAÇÃO.

7.8.3 Valetas de Crista de Corte

a) Generalidades
As valetas de crista de corte deverão ser implantadas no terreno na-
tural próximas à crista do talude de corte, para interceptar o deflúvio prove-
niente da encosta antes que ele atinja o talude do corte.

b) Materiais
As valetas de crista de corte serão em terra, e poderão ser revestidas
em concreto ou bioengenharia se o projeto necessitar ou se a FISCALIZA-
ÇÃO assim o exigir.

c) Execução
As valetas de proteção de crista de corte poderão ser escavadas manu-
al ou mecanicamente e deverão observar item Escavações desta especifica-
ção. Os materiais escavados serão colocados e compactados manualmente,
junto à valeta, do lado de jusante. Deverão ser tomados todos os cuidados
para evitar empoçamento em qualquer ponto da valeta. Cuidados especiais
deverão ser observados nos locais de descarga das águas provenientes das
valetas a fim de se evitar a erosão da saia de aterro vizinho ou mesmo do
terreno natural. A valeta de crista de corte deverá ser executada simultane-
amente com a terraplanagem segundo formas, dimensões, alinhamentos e
cotas estabelecidas no projeto executivo ou pela FISCALIZAÇÃO.
Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 214
d) Controle
As escavações e os revestimentos deverão seguir ao item Escavações
e Revestimento de Valetas desta especificação e as prescrições da ABNT, e
só serão aprovadas após aceitação da FISCALIZAÇÃO.

7.8.4 Revestimento das Valetas


a) Generalidades
O revestimento das valetas protegerá a superfície escavada das mes-
mas a fim de evitar erosão e possibilitar o escoamento da água. Seu emprego
será definido no projeto executivo ou a critério da FISCALIZAÇÃO, e será
sistemático. A FISCALIZAÇÃO poderá substituir o tipo do revestimento
indicado no projeto executivo por outro constante desta Especificação, caso
julgue necessário.
Quando o revestimento fizer parte do projeto executivo do dispositi-
vo, esse deverá ser executado imediatamente após a escavação. Igual proce-
dimento será seguido quando a ordem para revestir outros dispositivos for
dada, por escrito, pela FISCALIZAÇÃO, simultaneamente com as notas de
serviço.

b) Materiais
As valetas poderão ser revestidas de concreto armado ou simples,
pedra argamassada, ou grama, que será definido no projeto executivo. Re-
vestimentos em bioengenharia serão tratados em item específico à frente
nesta especificação.

7.8.4 b 1) Revestimento de concreto simples com agregados convencionais


Nos revestimentos de concreto das valetas deverão ser observados
rigorosamente os requisitos para proteção e cura constantes do item Con-
creto desta especificação.
Nesses revestimentos deverão ser deixadas juntas transversais nas la-
jes inferiores, distanciadas de 10,0m, obtidas com a colocação de ripa de
madeira ou isopor com 20,0mm de espessura, que depois será retirada.
7. Especificações técnicas • 215
O preenchimento da junta deverá ser feito com mastique elástico,
logo que retirada a ripa ou destruído o isopor, de modo a evitar que ela seja
preenchida por terra ou outro material. No caso em que, mesmo com os
cuidados anteriores, a junta apresente depósito de materiais, esta deverá ser
completamente limpa com jato d’água ou de ar.

7.8.4 b 2) Revestimento com Pedra Argamassada


O revestimento terá uma espessura mínima de 0,10m e será executa-
do pela justaposição de pedras de mão, convenientemente rejuntadas com
argamassa de cimento e areia, no traço 1:3, de forma a produzir uma super-
fície acabada, contínua e sem infiltrações, e deverão obedecer às prescrições
do item Enrocamentos desta Especificação.

7.8.4 b 3) Revestimento com Grama


Será executado atendendo aos itens Proteção Vegetal e Bioengenharia
desta Especificação.

c) Controle
Os revestimentos usados deverão ser controlados pelas respectivas Espe-
cificações e prescrições da ABNT, e serão aprovados pela FISCALIZAÇÃO.

7.8.5 Saídas e Descidas d’água

a) Generalidade
As saídas e descidas d’água são estruturas de drenagem destinadas a
retirar das plataformas e arruamento as águas, que são coletadas pelas sar-
jetas, valetas e canaletas, conduzindo-as a um local seguro que não compro-
meta a estabilidade dos taludes e plataformas.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 216


b) Material
Para execução das saídas e descidas d’água em corte deverão ser usa-
dos concretos simples ou armados, de acordo com as exigências de projeto,
e segundo formas, dimensões e cotas estabelecidas no projeto executivo ou
pela FISCALIZAÇÃO. O concreto usado deverá atender aos critérios da
ABNT e ao item Concreto desta especificação, bem como às notas e especi-
ficações relativas ao concreto nos desenhos de projeto executivo.

c) Execução
A escavação deverá ser efetuada manual ou mecanicamente, confor-
me as condições locais e deve seguir ao item Escavações desta especificação
ou a critério da FISCALIZAÇÃO.
O concreto deverá ser preparado conforme item Concreto desta es-
pecificação, bem como às notas e especificações relativas ao concreto, rela-
tadas nos desenhos do projeto executivo.
As descidas d’água deverão ser moldadas “in loco”. As etapas execu-
tivas a serem seguidas são as seguintes:
• Escavação do canal de assentamento da descida, e compactação da
superfície resultante;
• Instalação das formas;
• Instalação das armaduras do piso e das paredes;
• Concretagem da descida a partir de sua porção inferior;
• Retirada das formas, após cura do concreto;
• Complementação das laterais com solo local compactado;
• Preparo e regularização da superfície de apoio da entrada d’água,
utilizando-se processos manuais e solos locais;
• Prolongamento da sarjeta por deflexão do seu alinhamento;
• Instalações das formas laterais eventualmente necessárias;
• Lançamento e espalhamento do concreto, formando o piso da en-
trada d’água. Nesta etapa serão efetuados os ajustes necessários ao
encaixe com a descida d’água previamente executada;
• Retirada das formas após período inicial de cura.

7. Especificações técnicas • 217


d) Controle
Escavações, concretos, formas, armações e argamassas deverão ser
controladas pelas respectivas Especificações e pelas prescrições da ABNT, e
aprovados pela FISCALIZAÇÃO.
O controle das condições de acabamento será feito em bases visuais
pela fiscalização. O controle geométrico consistirá da verificação das medidas
e declividades do dispositivo. O controle tecnológico do concreto empregado
será realizado pelo rompimento de corpos-de-prova à compressão simples,
de acordo com o prescrito na NBR 6118 para controle sistemático.

e) Aceitação
Os serviços serão considerados aceitos desde que atendam às seguin-
tes condições:
• O acabamento seja julgado satisfatório;
• As características geométricas e declividades tenham sido obedeci-
das;
• A resistência à compressão simples, determinada segundo o prescri-
to na NBR - 6118 para controle sistemático, seja satisfatória.

7.8.6 Soleiras de Dispersão


a) Generalidades
As soleiras de dispersão são dispositivos de amortecimento usados
nas saídas dos bueiros, após a ala, ou saídas d’água, para evitar que a velo-
cidade excessiva das águas coletadas pelos dispositivos provoque a erosão a
jusante dos mesmos.

b) Materiais
As soleiras de dispersão serão executadas com pedra-de-mão arga-
massada, com diâmetro mínimo de 0,10m e a argamassa de concreto com
traço 1:3, segundo suas respectivas Especificações.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 218


c) Execução
As soleiras de dispersão deverão ser executadas segundo formas, di-
mensões e cotas estabelecidas no projeto executivo ou pela FISCALIZAÇÃO
e deverão ser feitas após a execução das saídas ou bocas e alas dos bueiros.

d) Controle
O controle será feito obedecendo aos critérios do item 5.9 - Enroca-
mentos desta Especificação e deverão ser aprovados pela FISCSLIZAÇÃO.

7.8.7 Caixas Coletores e de Passagem


a) Generalidades
As caixas coletoras consistem em tomadas de água verticais para cole-
ta e distribuição de águas provenientes das sarjetas, canaletas, descidas d’água
ou valetas, coletadas no arruamento ou plataformas. Poderão também, ser-
vir como ponto de ligação entre caixas de passagem, mudanças de direção,
declividade ou diâmetro das tubulações das redes de drenagem ou bueiros.

b) Materiais
As caixas coletoras serão executadas em concreto armado, com fck ≥
20 MPa ou a critério da FISCALIZAÇÃO.
A escavação, concreto, forma, armação e argamassa deverão seguir as
Especificações correspondentes, constantes neste projeto.

c) Execução
As caixas coletoras deverão ser executadas segundo formas, dimen-
sões cotas e localizações estabelecidas no projeto executivo ou pela FIS-
CALIZAÇÃO. As escavações, os escoramentos e os reaterros deverão ser
executados de acordo com os itens referentes a estes trabalhos desta espe-
cificação. A laje de fundo será executada sobre laje de regularização, após o
apiloamento e regularização do fundo e regularização das laterais das cava.

7. Especificações técnicas • 219


d) Controle
A execução dos serviços de concreto, forma, e armação deverão ser
controlados de acordo com os itens referentes a estes trabalhos desta espe-
cificação.

7.8.8 Bueiros
a) Generalidades
Este item se aplica aos bueiros em tubos de concreto armado, desti-
nados à condução das águas dos talvegues, de deságüe das sarjetas, valetas
ou canaletas, saídas ou descidas d’águas ou caixas coletoras sob o arruamen-
to ou plataformas.

b) Materiais
Os tubos serão construídos com tubos pré-moldados em concreto
armado, tipo ponta e bolsa e deverão obedecer as prescrições exigidas da
ABNT.

c) Execução
Os tubos em concreto serão assentados de acordo com as dimensões,
cotas e localizações especificadas no projeto. Os tubos serão assentados em
berços de concreto simples, ou armado, conforme projeto executivo (ver
item Berços), e deverão ser instalados no sentido de montante para jusante,
com a bolsa voltada para montante. Antes dos seus assentamentos, os tubos
serão cuidadosamente vistoriados, quanto à sua perfeição e, se as extremida-
des dos tubos estão perfeitamente centradas. As juntas deverão ser tomadas
com argamassa de cimento e areia no traço 1:3. As escavações, escoramento
e o reaterro deverão obedecer ao item Escavações desta especificação, cons-
tante neste documento, sendo que a abertura das valas necessárias a implan-
tação dos bueiros deverão ser executadas de acordo com as tabelas abaixo,
que definem a largura das valas:

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 220


Tabela 7.1 - Larguras das valas

Profundidade média Diâmetro da canalização Largura da vala


da vala
Até 1,50 Acima de 600 D + 0,80
De 1,51 a 3,00 Acima de 600 D + 1,20
De 3,01 a 4,50 Acima de 600 D + 1,40
De 4,51 a 6,00 Acima de 600 D + 1,60
Acima de 6,01 Acima de 600 D + 1,80

A FISCALIZAÇÃO poderá ordenar que se alterem as dimensões das


valas tantas vezes quantas forem necessárias para a boa execução dos ser-
viços. O fundo das valas deverá ser apiloado para receber o berço. A altura
máxima de aterro admissível sobre o tubo de concreto armado é dada pela
seguinte tabela:

Tabela 7.2 - Altura máxima de aterro sobre tubos de concreto armado


ALTURA MÁXIMA DE ATER-
DIÂMETRO INTERNO CARGA DE TRINCA SOBRE
RO SOBRE TUBOS DE
(mm) O TUBO (kg/m)
CONCRETO ARMADO (m)
CA - 1 CA - 2 CA - 3 CA - 1 CA - 2 CA - 3
800 3.200 4.000 7.200 4,00 5,40 10,70
1.000 4.000 5.650 9.300 4,40 6,50 11,80
1.200 4.800 7.650 12.000 4,50 7,90 13,70

d) Controle
Assentada a tubulação, antes do envolvimento lateral deverá ser pro-
videnciado o ensaio de estanqueidade das juntas mediante prova de fumaça
e a aprovação da FISCALIZAÇÃO.
As juntas que apresentarem vazamento deverão ser refeitas e testadas
novamente.

7. Especificações técnicas • 221


7.8.9 Berços
a) Generalidades
Os berços são estruturas feitas em concreto simples, armado, ou de
areia, conforme o projeto executivo, ou a critério da FISCALIZAÇÃO,
construídos para proteger as tubulações que serão assentadas sobre eles.

b) Materiais
Os materiais a serem empregados na construção dos berços em con-
creto deverão atender as prescrições e exigências prescritas no item 15 –
Concreto desta especificação, bem como às notas e especificações relativas
ao concreto nos desenhos de projeto executivo, e pela ABNT.

c) Execução
Após a escavação e o apiloamento do fundo das valas serão executa-
dos os berços em concreto simples, armado ou de areia, conforme seção tipo
e dados constantes no projeto executivo, ou a critério da FISCALIZAÇÃO.

d) Controle
O controle será feito pela Especificação Concreto Armado deste pro-
jeto ou por inspeção visual, e após a execução dos berços, e antes de assen-
tada a tubulação, a FISCALIZAÇÃO deverá aprovar a complementação dos
serviços.

7.8.10 Alas e Bocas para Bueiros


a) Generalidades
As bocas e alas são dispositivos construídos nas saídas dos bueiros
com o intuito de direcionar e conduzir a água coletada pelo bueiro para que
elas não causem erosão a jusante ou no corpo do bueiro.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 222


b) Materiais
As bocas e as alas serão construídas em concreto armado com fck ≥
20,0MPa, obedecendo as exigências e prescrições do item Concreto desta
especificação, bem como às notas e especificações relativas ao concreto nos
desenhos de projeto executivo, e pela ABNT.

c) Execução
As bocas e alas serão executadas após o assentamento dos tubos de
concreto, e deverá ser feita uma perfeita interação entre boca e tubo, não
permitindo o vazamento das águas coletadas.
O talude de aterro deverá acabar sobre a boca, conforme projeto
executivo e deverá estar perfeitamente entrosado com a mesma.

d) Controle
As execuções do concreto, forma e armação deverão ser controladas
segundo Especificações próprias descritas a seguir neste documento.

7.8.11 Canaletas
a) Generalidades
As canaletas serão construídas nas cristas de cortes, pés de aterros
ou bermas, destinadas a interceptar os deflúvios que escoando pelos taludes
ou terrenos marginais podem comprometer a estabilidade dos taludes e a
integridade da cobertura vegetal. Em função da sua localização, as canaletas
terão forma trapezoidal.
As canaletas deverão ser moldadas in loco, devendo ser executadas
logo após a conclusão das operações de terraplenagem.
O preparo e a regularização da superfície de assentamento serão exe-
cutados com operação manual envolvendo cortes, aterros ou acertos, de
forma a atingir a geometria projetada para cada dispositivo. A superfície de
assentamento deverá resultar firme e bem desempenada.

7. Especificações técnicas • 223


Os materiais escavados e não reutilizados na reconformação/prepa-
ração do terreno serão destinados à ADME (Área de Disposição de Material
Excedente), de modo a não prejudicar o escoamento das águas superficiais.
Os materiais escavados poderão ser aproveitados para execução de uma
bancada de material energicamente compactado, a jusante da canaleta de
proteção de corte ou para conformar o terreno de aterro, na região situada
entre o lado de jusante da canaleta de proteção de aterro e os “off-sets” do
aterro.
Para marcação da localização das canaletas serão implantados gaba-
ritos constituídos de guias de madeira servindo de referência para a concre-
tagem, cuja seção transversal corresponderá às dimensões e forma de cada
dispositivo, espaçando-se estes gabaritos a cada 2,00m.
As formas internas deverão ser de madeira compensada, espessura de
12mm, escoradas e contraventadas através de barrotes de madeira.
A concretagem envolverá um plano executivo, prevendo o lançamen-
to do concreto em planos alternados. Deverá ser utilizado concreto para
uma resistência característica a compressão (fck) mínima, aos 28 dias, de 15
MPa, prevalecendo o exigido no projeto executivo. O concreto utilizado de-
verá ser preparado de acordo com o prescrito nas normas da ABNT NBR-
6118 e ABNT NBR-7187, em suas mais recentes versões aprovadas.
A retirada das guias dos panos concretados será executada logo após
constatar-se o início do processo de cura do concreto. O lançamento e aca-
bamento do concreto nos planos intermediários serão executados com apoio
da régua de desempeno no piso dos panos adjacentes já executados.
A cada segmento com extensão máxima de 12,00m será executada
uma junta de dilatação preenchida com cimento asfáltico aquecido, de modo
a se obter a fluidez necessária.
O concreto a ser utilizado deverá ser preparado em betoneira, com
fator água cimento suficiente para alcançar trabalhabilidade, em quantidade
suficiente para uso imediato, não se permitindo o lançamento após mais de
uma hora do seu preparo, e nem o seu retemperamento.

b) Materiais
Os materiais utilizados são os seguintes:
Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 224
• Concreto: o concreto deve ser constituído de cimento Portland,
agregados e água, com resistência (fck) mínima igual ou maior a 15
MPa, prevalecendo a resistência exigida no projeto executivo;
• Cimento: o cimento deve ser Portland comum e satisfazer às se-
guintes normas nas suas mais recentes versões aprovadas: NBR
5732 e NBR 5733;
• Agregados: os agregados devem satisfazer à NBR 7211em sua ver-
são mais recente e aprovada. Por ser concreto sujeito a desgaste
superficial deverão ser atendidas as exigências estabelecidas para
agregado miúdo e agregado graúdo bem como para abrasão Los
Angeles;
• Água: a água deve ser límpida, isenta de teores prejudiciais de sais,
óleos, ácidos, álcalis e substâncias orgânicas;
• Fôrmas (guias): devem ser constituídas de tábuas de pinho de se-
gunda categoria.

c) Execução
A execução das canaletas seguirá as seguintes etapas:
• Escavação manual da vala com depósito do material escavado ao
lado;
• Preparo e regularização da superfície de assentamento. Essa etapa
será executada mediante operações manuais de forma a atender a
geometria desejada para cada tipo. A superfície de assentamento
deverá se apresentar firme e bem desempenada;
• Colocação das fôrmas (ou guias);
• Lançamento do concreto em panos alternados;
• Espalhamento e acabamento do concreto mediante emprego de
ferramentas adequadas;
• Retirada das fôrmas (ou guias) dos panos concretados, tão logo se
constatar o suficiente endurecimento do concreto aplicado;
• Execução das juntas de dilatação a cada 12,0m. Essas juntas deve-
rão ser de cimento asfáltico previamente aquecido.
7. Especificações técnicas • 225
d) Controle
O controle das condições de acabamento das canaletas será feito pela
Fiscalização em bases visuais.
O Controle geométrico será feito através de verificação da espessura
da camada de concreto aplicada, à razão de 1 ponto para cada 100 m, nos
locais das juntas de dilatação. Deverão ser verificadas as dimensões dos dis-
positivos, cotas altimétricas, declividades longitudinais, alinhamento em cada
estaca e/ou ponto notável.

e) Aceitação
O serviço será considerado aceito desde que atendidas as seguintes
condições:
• O acabamento seja julgado satisfatório;
• As características geométricas tenham sido obedecidas.

7.8.12 Caixa Separadora de Água e Óleo - CSAO


a) Generalidades
O sistema de drenagem de óleo dos transformadores e reatores é com-
posto por bacias de coleta de óleo (BCO), caixas de passagem (CP), tubula-
ção de coleta de óleo (TCO) e caixa separadora de água e óleo (CSAO).

b) Materiais
A CSAO será executada em concreto armado moldado “in loco”,
atendendo as exigências prescritas no item Concreto desta especificação,
bem como às notas e especificações relativas ao concreto nos desenhos de
projeto executivo, e pela ABNT, ou a critério da FISCALIZAÇÃO.

c) Execução
As bacias para coleta de óleo (BCO’s) terão por finalidade reter o óleo
que eventualmente vaze dos trafos (transformadores). Deverá ser executada

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 226


uma bacia para cada equipamento existente. Suas paredes serão construídas
em alvenaria de blocos de concreto vazados e laje de fundo em concreto
armado. Estas bacias serão preenchidas com brita ou seixo rolado até o nível
indicado em projeto.
Nas proximidades dos transformadores e das BCO’s serão cons-
truídas caixas de passagens (CP’s) que tem como função receber através
de tubos de ferro fundido drenar o óleo extravasado dos transformadores
que depois será conduzido para a caixa separadora de água e óleo (CSAO).
Nem sempre são necessárias as caixas intermediárias. A sua execução ou
não dependerá do arranjo específico do projeto executivo. Estas caixas serão
construídas em alvenaria de tijolo maciço ou blocos de concreto vazados
revestidas internamente e com laje de fundo e tampa em concreto armado.
As dimensões são definidas no projeto executivo.
A caixa separadora de água e óleo (CSAO) reterá o óleo extravasa-
do em câmara própria e lançará o excesso d’água do seu interior à rede de
águas pluviais da subestação. Deverá ser construída em concreto armado, e
apresenta diversas câmaras separadas por paredes e septos que permitem a
hidráulica necessária para a separação da água e óleo.

d) Controle
O concreto utilizado deverá apresentar as resistências exigidas no
item Concreto desta especificação, bem como às notas e especificações rela-
tivas ao concreto nos desenhos de projeto executivo.
A escavação, reaterro, escoramento, concreto, forma, armação e to-
dos os serviços necessários para a execução dos serviços serão controlados
pelas respectivas Especificações constantes do presente documento ou a
critério da FISCALIZAÇÃO.

7. Especificações técnicas • 227


7.9 Drenagem Subsuperficial – Trincheiras drenantes

7.9.1 Objetivo
Este item tem por objetivo determinar os requisitos mínimos apli-
cáveis na execução de drenagem sub-superficial, tais como trincheiras dre-
nantes, destinados à interseção, captação e condução de águas subterrâneas
que podem estar causando instabilização de maciços e comprometendo a
segurança do empreendimento.

Normas Complementares

Em complemento e sustento teórico a este item citam-se as seguintes


normas técnicas, que devem ser consultadas em suas versões mais recentes
em vigor:
• ABNT NBR 5739: Concreto – Ensaio de compressão de corpos de
prova cilíndricos;
• ABNT NBR 6118: Projeto de estruturas em concreto armado
• ABNT NBR 7362: Tubo de PVC rígido com junta elástica para
coletores de esgoto;
• ABNT NBR 7367: Projeto e assentamento de tubulações de PVC
rígido para sistemas de esgoto sanitário;
• ABNT NBR 7223: Concreto – Determinação de abatimento pelo
tronco de cone;
• ABNT NBR 9793: Tubo de concreto simples de seção circular para
águas pluviais;
• ABNT NBR 9794: Tubo de concreto armado de seção circular para
águas pluviais;
• ABNT NBR 12654: Controle tecnológico de materiais componen-
tes de concreto;
• ABNT NBR 12655: Preparo, controle e recebimento do concreto;

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 228


• ABNT NBR 1843: Tubo de PVC rígido para instalações prediais e
águas pluviais;
• ABNT NBR 9061: Segurança de escavação a céu aberto;
• DNER – ES 292/97 Drenagem – Drenos subterrâneos;
• DNER – ES 294/97 Drenagem - Dreno sub-superficial.

7.9.2 Condições Gerais


Os drenos subterrâneos são constituídos por valas escavadas sem es-
coramento, com profundidade mínima de 0,60m e tubos coletores, instala-
dos no interior da vala e envolvidos por material granular.
O grau de compactação especificado para os materiais agregados
deve ser compatível com a resistência e a permeabilidade especificadas no
projeto executivo.
O projeto executivo poderá prever o revestimento das paredes e do
fundo da vala com material sintético, antes da aplicação dos tubos e enchi-
mento da vala.
Os materiais utilizados deverão satisfazer às exigências dos projetos
específicos, tanto no que se refere aos tubos e aos materiais usados para o
envolvimento dos drenos, quanto ao filtro e processos construtivos.
Quando os alinhamentos forem muito longos, com extensões supe-
riores a 100,0m, tornando extremamente complexa a limpeza mecânica dos
drenos, caixas de passagem deverão ser executadas para facilitar os trabalhos
de limpeza e manutenção.
Somente será realizado o fechamento da vala após vistoria dos drenos
instalados e comprovação da sua operacionalidade, devendo ser mantidos,
durante todo o tempo de construção, o tamponamento dos tubos e a prote-
ção das camadas intermediárias, para possibilitar o entupimento das canali-
zações e colmatagem do material permeável.
As águas captadas pelos drenos subterrâneos deverão ser conduzidas
a um sistema de drenagem, adequado para receber o deságüe.

7. Especificações técnicas • 229


7.9.3 Material
a) Tubos de drenagem
Os tubos de drenagem devem ser de material plástico de polivinil clo-
rida, PVC, ou polietileno de alta densidade, PEAD. Dependendo do material
empregado, os diâmetros podem variar de 50mm a 250mm e os orifícios ou
ranhuras devem ser abertura variando de 6mm a 10mm. Também podem
ser utilizados os modelos em concreto desde que atendidas as ranhuras e
orifícios definidas no projeto.
Os furos ou ranhuras devem atender ao disposto no projeto.
Dependendo do material utilizado, os furos poderão ser executados
no canteiro de serviço, mediante o emprego de serra circular ou manual, ou
furadeira. Nas áreas de cortes, para eliminar as sobras, faz-se o lixamento ou
raspagem e alisamento com lima.
Os tubos não deverão apresentar fraturas e estarão sujeitos à inspeção
na fábrica, nos depósitos ou nas próprias valas.
O fabricante ou fornecedor deverá comprovar a qualidade do tubo.
As extremidades dos tubos de drenagem devem ser fechadas com
geossintético não tecido para evitar a entrada do material granular drenante
/ filtrante no interior do tubo.

b) Material drenante
O material drenante é constituído por agregados compostos ou não,
contendo pedregulho natural ou produtos britados.
Os materiais deverão ser constituídos por partículas duras e duráveis,
limpas, isentas de finos, matérias orgânicas e demais substancias indesejáveis.
Os agregados deverão apresentar desgaste inferior a 50% no ensaio
de abrasão Los Angeles e perdas inferiores a 10% no ensaio de sanidade
(soundness), em face do sulfato de sódio, após cinco ciclos.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 230


c) Material filtrante
7.9.3 c 1) Agregados
A granulometria do filtro é estabelecida com base na granulometria
do solo a drenar, de forma a satisfazer aos critérios de dimensionamento
estabelecidos em projeto.
Uma vez definida a faixa granulométrica desejada, checa-se a granulo-
metria da jazida e, caso esta não satisfaça aos requisitos de projeto, misturas
de materiais de diferentes procedências são testadas.
A determinação da granulometria do solo de base e do material de
filtro deve ser obtida sem uso de dispersantes.
A espessura do filtro não deve ser inferior a 20cm, para construção
manual, ou 45cm, no caso de utilização de máquinas e de acordo com o
projeto.

7.9.3 c 2) Geossintéticos

Na função de drenagem, as mantas sintéticas devem possibilitar a


livre passagem da água e, ao mesmo tempo, reter as partículas de solo neces-
sárias para sua estabilização.
Uma vez atendido os condicionantes de permeabilidade e retenção,
o geossintético selecionado para o projeto deve satisfazer aos requisitos de
instalação: resistência à tração, resistência ao alongamento, resistência ao
puncionamento, resistência ao estouro e resistência à propagação de rasgos.
A manta sintética deve atender às especificações do fabricante e ser
aprovada pelo projeto específico de estabilização.
A manta deverá apresentar permeabilidade e espessura adequada ao
material local e ao volume de água a ser removida.
O geossintético jamais deverá ser assentado quando houver formação
de lama no fundo da vala. Se esta ocorrer, deverá ser depositada camada inicial
de brita ou pedra-de-mão e, só então, assentar-se o geossintético no seco.

7. Especificações técnicas • 231


7.9.4 Execução
A locação dos tubos deverá ser topográfica, após o desmatamento.
As valas deverão ser executadas de jusante para montante, de acordo
com a largura, o alinhamento e as cotas indicados no projeto.
As valas são abertas manual ou mecanicamente, mantendo-se larguras
mínimas no fundo e na boca de 0,50m e 0,60m, respectivamente.
A declividade do fundo da vala, mínima de 0,30%, conforme prefi-
xada no projeto.
As paredes e o fundo da vala devem ser executados com regularidade,
sem quebras ou reentrâncias.
Em casos excepcionais de valas com profundidade superior a 2,0m,
recomenda-se o cuidado de execução de escoramento das paredes da cava,
o qual deve atender às especificações da norma ABNT NBR 9061 em sua
mais recente versão.
Os tubos de tipos e dimensões requeridos deverão ser assentados
em berços, adequadamente compactados e acabados, de modo a serem pre-
servadas as cotas de projeto, mantendo as estruturas perfeitamente estáveis
para o carregamento previsto.
As camadas drenante / filtrante no fundo da vala deverão, somadas,
apresentar uma espessura mínima de 10cm.
O material de envolvimento dos drenos deverá ser firmemente com-
pactado, de modo a impedir o deslocamento dos tubos e garantir a perfeita
gradação granulométrica dos materiais drenante e filtrante.
Quando for o caso, a instalação do geotêxtil deve ser feita logo após
a abertura da vala.
Os geotêxteis devem ser armazenados acima da superfície do solo,
sobre um suporte adequado para proteger a manta contra mudanças de umi-
dade ou contaminação e protegidos da ação de raios solares.
Considerando-se as faces de fornecimento do material, armazena-
mento e instalação, o prazo máximo que o filtro de geotêxtil pode ficar
exposto à luz do sol ou a outras fontes de radiação ultravioleta não deve
exceder sete dias.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 232


Reparos em filtros geossintéticos que tenham sido danificados duran-
te a instalação devem ser executados mediante um recobrimento do mesmo
material, excedendo no mínimo 30cm além da área afetada.
Reparos não serão aceitáveis em mantas que tenham sido danificadas
durante o armazenamento antes da instalação.
A instalação das mantas deve respeitar a orientação das fibras de for-
ma a atingir sua função de projeto.
O sentido de lançamento do material de enchimento deve ser tal que
impeça o deslocamento ou levantamento do geotêxtil nas regiões de reco-
brimento.
Após o enchimento da trincheira e rebatimento do geotêxtil na su-
perfície (fechamento superior do filtro), o selo superior deverá ser imediata-
mente executado para impedir a entrada de partículas nas valas, devida, por
exemplo, à incidência de águas de chuva.
A circulação de equipamentos de obra sobre a trincheira drenante
antes da sua conclusão deve ser proibida.
Nas extremidades de saída das valas deverão ser instalados tubos ter-
minais em conformidade com indicações do projeto executivo.
O dreno não poderá terminar em coletores de águas pluviais ou cor-
po de bueiros, admitindo-se, entretanto, que sua chegada possa dar em caixa
coletora.
Caixas de passagem deverão ser executadas, em principio, a cada
100m, ou em cada mudança de direção do dreno de acordo com as dimen-
sões de projeto, para facilitar a inspeção e a limpeza.
Na parte superior da vala, salvo indicação contrária no projeto, deverá
ser colocado selo de material argiloso.

7.9.5 Manejo Ambiental


Todo material excedente de escavação ou sobras deverá ser removido
das proximidades dos dispositivos, de modo a não provocar o entupimento,
cuidando-se ainda que se o material não seja conduzido para cursos d’água,
para não causar seu assoreamento.

7. Especificações técnicas • 233


Nos pontos de deságüe dos dispositivos deverão ser executadas obras
de proteção (por exemplo, enrocamentos), de modo a não promover a ero-
são das vertentes ou o assoreamento de cursos d’água.
Em todos os locais onde ocorrem escavações ou aterros necessários
à implantação das obras, deverão ser tomadas medidas que proporcionem
a manutenção das condições locais através de replantio de vegetação local
ou de grama ou de alguma técnica de bioengenharia conforme item Bioen-
genharia.
Como em geral as águas subterrâneas afetam os mananciais locais,
durante execução dos drenos ou após a sua conclusão deverão ser mantidas
a qualidade das águas e sua potabilidade, impedindo-se a sua contaminação,
especialmente por despejos sanitários.
Especial atenção devera ser dada à manutenção da estabilidade dos
maciços onde são instalados os drenos subsuperficiais, impedindo-se que
ocorram escorregamentos ou desagregação dos taludes.
Durante o desenvolvimento das obras deverão ser adotados cuidados
quanto à sinalização adequada, ao trafego desnecessário de equipamentos
ou veículos por terrenos naturais e, quando for o caso, com a circulação de
pedestres.
Nas áreas de disposição de material excedente (“bota-fora”) ou de
empréstimos necessários à realização dos drenos ao longo das valas de saída
que se instalam nas vertentes, deverão ser evitados os lançamentos de mate-
riais de escavação que possam afetar o sistema de drenagem superficial.

7.9.6 Controle de Qualidade


a) Material
Os dispositivos citados nesta especificação que tratam de estruturas
construídas com concreto deverão atender às prescrições e exigências pre-
vistas pelas normas da ABNT, nas seções pertinentes à execução de estrutu-
ras de concreto armado. Ver também o item Concreto.
No controle tecnológico para os tubos de PVC serão seguidas as
normas da ABNT NBR 7392 ou ABNT NBR 7365, em suas versões mais
recentes, no que couberem e atendidas as recomendações dos fabricantes e

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 234


especificações particulares.
O controle tecnológico dos agregados empregados será realizado pela
verificação das granulometrias dos materiais drenantes e filtrantes.
A granulometria será verificada através de ensaios de análise granulo-
métrica, em quantidade mínima de uma para cada 15m³ de material aplicado.
Quando aplicável, o controle tecnológico do geossintético será reali-
zado através de ensaios específicos, atendidas as recomendações dos fabri-
cantes e especificações peculiares.
Nenhum material deverá ser utilizado antes de aprovação da Fiscali-
zação.

b) Geométrico
As camadas drenantes deverão ser executadas no fundo de valas. O
controle geométrico deverá ser realizado através de topografia que verificará
as condições de nivelamento.
Nas notas de serviços de projeto executivo serão apresentados os ele-
mentos geométricos característicos com as quais a execução será fiscalizada.
Assim, também serão verificadas as execuções das camadas de envolvimento
dos drenos e de enchimento das valas, bem como os acabamentos das obras,
os reaterros e a compactação das valas e cavas.
A tolerância ns dimensões das seções transversais limita-se a um má-
ximo de 1% das indicadas no projeto executivo. Já as declividades não po-
dem diferir em 0,5% dos valores mostrados no projeto executivo.
Para as espessuras a tolerância é de ± 10% em relação aos valores de
projeto executivo.

c) Acabamento
O acabamento é verificado de forma visual ponto a ponto.

7. Especificações técnicas • 235


d) Verificação dos trabalhos
Os seguimentos construídos que não satisfaçam às condições geomé-
tricas e hidráulicas ou não atendam às qualidades exigidas para a estabilidade
estrutural deverão ter os trechos refeitos, não sendo tolerada à reutilização
de peças quebradas ou danificadas.
Os serviços rejeitados deverão ser corrigidos, complementados ou
refeitos.
Os resultados de controle de execução serão registrados em relatórios
periódicos de acompanhamento.

7.9.7 Poços de Visita


Deverão ser executados poços de visita a cada 50,0m lineares da trin-
cheira para verificação do seu funcionamento. Estes poços de visita serão
construídos em manilhas de concreto com tampas móveis que permitam sua
retirada para inspeção e protejam animais e pessoas de quedas. Os detalhes
destes poços deverão constar do projeto executivo das trincheiras.

7.10 Drenagem Profunda – Dreno Subhorizontal

7.10.1 Objetivo
Esta especificação tem por objetivo determinar os requisitos míni-
mos aplicáveis na execução de drenos subhorizontais que compreendem o
conjunto de dispositivos destinados à interseção, captação e condução de
águas subterrâneas.

7.10.2 Normas Complementares


Em complemento e sustento teórico a este item citam-se as seguintes
normas técnicas, que devem ser consultadas em suas versões mais recentes
em vigor:
• ABNT NBR 7362: Tubo de PVC rígido com junta elástica para
coletores de esgoto;

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 236


• ABNT NBR 9793: Tubo de concreto simples da seção circular para
águas pluviais;
• ABNT NBR 9794: Tubo de concreto armado de seção circular para
águas pluviais;
• ABNT NBR 1843: Tubo de PVC rígido para instalações prediais e
águas pluviais;
• DNER-ES 295: Drenagem – Dreno subhorizontal.

7.10.3 Condições Gerais


Para impedir o entupimento das canalizações e a colmatação do ma-
terial permeável, quando da construção, o tamponamento dos tubos e a
proteção das camadas intermediárias deverão ser mantidos.
Somente após a vistoria pela Fiscalização dos drenos instalados e a
comprovação da sua funcionalidade os trabalhos serão aprovados e permiti-
da a retirada dos equipamentos do local da obra.

7.10.4 Material
a) Tubo
Estas drenagens deverão ser executadas com tubos de PVC perfu-
rados ou ranhurados (ou similares, que atendam às prescrições do projeto
executivo).
Os tubos de PVC deverão apresentar diâmetro interno de 50mm sen-
do, de preferência, de encaixe tipo ponta e bolsa.
O comprimento máximo permitido para os drenos é de 40m.
Os furos ou ranhuras deverão atender aos detalhes do projeto exe-
cutivo e poderão ser executados no canteiro de serviço, mediante o empre-
go de serra circular ou manual, ou até mesmo com furadeira. Nos cortes
executa-se a raspagem (ou lixamento) e alisamento com lima, objetivando a
eliminação de sobras.

7. Especificações técnicas • 237


b) Argamassa
Deverá ser executada uma argamassa de cimento e areia no traço 1:3 no
trecho inicial do tubo de PVC, sem ranhuras, para preenchimento do furo.

c) Filtro de geossintético
Na parte do dreno, no interior do maciço, o tubo será coberto por
uma camada de geossintético não tecido envolvendo toda a área de furos e
ranhuras do tubo.
O geossintético deverá ser permeável e espesso o suficiente à adequa-
ção ao material local e ao volume de água a ser conduzida.
Uma vez atendidos aos condicionantes de permeabilidade e retenção,
o geossintético definido no projeto executivo deve também satisfazer requi-
sitos de instalação tais como: resistências à tração, alongamento, punciona-
mento, estouro e propagação de rasgos.

7.10.5 Execução
Os locais de instalação devem ser conforme indicação do projeto exe-
cutivo. A tolerância máxima permitida será de ± 10cm em qualquer direção.
Os furos deverão ser executados com equipamento rotativo, com la-
vagem, ou, no caso de solos erosivos, por meio de ar comprimido, manten-
do-se uma inclinação do furo de aproximadamente 5º (cinco graus) em rela-
ção à horizontal, ou o que for definido no projeto executivo (prevalecendo
sempre o projeto executivo).
A água utilizada deverá ser canalizada e lançada de maneira a não cau-
sar danos aos taludes ou comprometimento do sistema de drenagem local,
seja este natural ou artificial.
Em solos, a perfuração pode ser feita com barriletes simples dota-
dos de coroa de vídia. Em rochas, utiliza-se barrilete simples, com coroa de
diamantes, ou barrilete duplo, quando há a necessidade de recuperação de
testemunhos. A utilização de barriletes duplos é recomendada nos primeiros
furos, possibilitando uma investigação mais detalhada da rocha quanto a sua
natureza e estado de fraturamento.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 238


À medida que o furo for sendo for executado, o revestimento deve
ser instalado, a não ser que haja garantia de não fechamento do furo.
Adota-se, para a perfuração, o diâmetro de 75mm (NX), o que corres-
ponde a tubos de PVC de 50mm de diâmetro.
O tubo plástico deve ser perfurado com 5 (cinco) furos de 6mm de
diâmetro em toda a circunferência do tubo, exceto nos últimos 4m a 6m
próximos à superfície do terreno. Estes furos serão espaçados de 50mm.
Nos casos onde o dreno atravesse regiões não saturadas, recomenda-se que
não haja furos na geratriz inferior do tubo, de modo a evitar fluxo vertical
atravessando o dreno.
Os geossintéticos são instalados ao redor do dreno em toda a região
perfurada, o protegendo de entupimentos, em virtude da tendência de carre-
gamento de partículas para o seu interior durante o processo de fluxo.
Os geossintéticos devem ser armazenados acima da superfície do
solo, sobre um suporte adequado para proteger a manta contra a mudança
de umidade ou contaminação.
Após a colocação do tubo, retira-se o revestimento e, ao longo do
comprimento cego, executa-se uma injeção de cimento no espaço entre o
solo e o tubo.
Na superfície acabada do talude, o tubo deverá ficar exposto cerca de
20 a 300 mm.
Caso o sistema seja composto por um painel com muitos drenos po-
derá ser executado um sistema de recepção dos drenos que conduzirá as
águas para um ponto de lançamento adequado. Ponto no qual será prevista
a eliminação da possibilidade de erosões.
Os pontos indicados no projeto para execução de drenos subhorizon-
tais deverão ser ajustados aos problemas constatados na execução da obra. A
empresa responsável pelo projeto deverá ser consultada quando da alteração
destas locações. Alterações somente serão permitidas com a aquiescência da
Fiscalização e do responsável pelo projeto.

7. Especificações técnicas • 239


7.10.6 Manejo Ambiental
Todo material excedente de escavação ou sobras deverá ser removido
das proximidades dos dispositivos, de modo a não provocar o entupimento,
cuidando-se ainda que se o material não seja conduzido para cursos d’água,
para não causar seu assoreamento.
Nos pontos de deságüe dos dispositivos deverão ser executadas obras
de proteção (por exemplo, enrocamentos), de modo a não promover a ero-
são das vertentes ou o assoreamento de cursos d’água.
Em todos os locais onde ocorrem escavações ou aterros necessários
à implantação das obras, deverão ser tomadas medidas que proporcionem a
manutenção das condições locais através de replantio de vegetação local ou de
grama ou de alguma técnica de bioengenharia conforme item Bioengenharia.
Como em geral as águas subterrâneas afetam os mananciais locais,
durante execução dos drenos ou após a sua conclusão deverão ser mantidas
a qualidade das águas e sua potabilidade, impedindo-se a sua contaminação,
especialmente por despejos sanitários.
Especial atenção devera ser dada à manutenção da estabilidade dos
maciços onde são instalados os drenos subsuperficiais, impedindo-se que
ocorram escorregamentos ou desagregação dos taludes.
Durante o desenvolvimento das obras deverão ser adotados cuidados
quanto à sinalização adequada, ao trafego desnecessário de equipamentos
ou veículos por terrenos naturais e, quando for o caso, com a circulação de
pedestres.
Nas áreas de disposição de material excedente (“bota-fora”) ou de
empréstimos necessários à realização dos drenos ao longo das valas de saída
que se instalam nas vertentes, deverão ser evitados os lançamentos de mate-
riais de escavação que possam afetar o sistema de drenagem superficial.

7.10.7 Controle de Qualidade


a) Material
Para os tubos de PVC serão seguidas as normas da ABNT NBR 7362
ou ABNT NBR 7365 em suas versões mais recentes no que couberam e
atendidas as recomendações dos fabricantes e especificações particulares.
Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 240
b) Geométrico
O controle geométrico da execução das obras ser feito através de le-
vantamentos topográficos auxiliados por gabaritos, para verificação do posi-
cionamento dos furos cuja tolerância de execução é de ± 10cm em qualquer
direção.

c) Condições hidráulicas
A vazão dos drenos deverá ser acompanhada por um prazo mínimo
de 10 dias.
Caso algum dreno apresente uma vazão superior a 11/s após este
período de acompanhamento, outro devera ser executado a uma distancia
de no mínimo 3 m.
Após este período inicial, a vazão dos drenos devera ser acompanha-
da semanalmente, em conjunto com registros de chuva da região e, quando
for o caso, leituras de piezômetros, instalados no talude; após o primeiro
ano, as leituras passam as ser trimestrais.
Inspeção visual devera ser feita periodicamente, pelo menos uma vez
a cada dois anos, de forma a observar que as bocas de tubos estejam visíveis
e desimpedidas de qualquer vegetação ou detritos.
Drenos suborizontais só devem ser empregados como solução provi-
sória, após a experiência indica que perdem eficiência com o tempo.
A eficiência do sistema de drenagem subsuperficial, a médio prazo e
longo prazo, só pode ser comprovada por intermédio de piezômetros insta-
lados em pontos estratégicos no talude, a partir da confecção de gráficos que
relacionem vazão dos drenos, cotas piezométricas e intensidade de chuva.
Uma vez detectadas eventuais reduções de capacidade drenante do
sistema, recomenda-se que os drenos sejam lavados com água sob pressão
de 11 MPa e 21 MPa e vazão mínima de 21/s, de modo a reter o fluxo; se
a situação persistir, novo dreno deve ser executado em substituição ao ino-
perante.

7. Especificações técnicas • 241


d) Verificação dos trabalhos
Os drenos que não satisfaçam às condições geométricas e hidráulicas
do projeto ou não atendam às qualidades exigidas deverão ser demolidos,
não sendo tolerada a reutilização de peças quebradas ou danificadas.
Os serviços rejeitados deverão ser corrigidos, complementados ou
refeitos.
Os resultados de controle de execução serão registrados em relatórios
periódicos de acompanhamento.

7.11 Estruturas em Gabiões

7.11.1 Objetivo
Esta especificação tem por objetivo estabelecer procedimentos para a
execução e fiscalização de obras em gabiões.

7.11.2 Normas Complementares


Em complemento e sustento teórico a este item citam-se as seguintes
normas técnicas, que devem ser consultadas em suas versões mais recentes
em vigor:

• ABNT NBR 8964: Arame de aço de baixo teor de carbono, zinca-


do, para gabiões;
• ABNT NBR 10514: Redes de aço com malha hexagonal de dupla
torção para confecção de gabiões.

7.11.3 Condições Gerais


Nesta especificação serão considerados os seguintes tipos de gabião:

a) Gabiões – caixa com revestimento em PVC

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 242


São gabiões em malha hexagonal de dupla torção. São fabricados em
arame de baixo teor de carbono (BTC) com zincagem pesada, revestidos em
PVC e com diafragmas inseridos de metro em metro durante o processo de
fabricação. Os gabiões devem vir acompanhados do mesmo tipo de arame
com revestimento em PVC em diâmetro inferior, para amarração, na pro-
porção mínima de 6% sobre seu peso.

b) Gabiões – colchão com revestimento em PVC


São colchões em malha hexagonal de dupla torção. São fabricados
em arame BTC com zincagem pesada com revestimento em PVC e com
diafragmas de parede. São moldados de metro em metro no processo de
fabricação. Os colchões devem vir acompanhados do mesmo tipo de arame
com revestimento em PVC em diâmetro inferior, para amarração e atiran-
tamento, na proporção mínima de 5 % sobre seu peso, bem como das res-
pectivas tampas.

c) Gabiões – saco com revestimento em PVC


São gabiões em malha hexagonal de dupla torção, fabricados em ara-
me BTC com zincagem pesada, com revestimento de PVC. Os gabiões de-
vem vir acompanhados do mesmo tipo de arame em diâmetro inferior, com
revestimento em PVC, para amarração e atiramento, na proporção mínima
de 2 % sobre seu peso.

7.11.4 Execução da Obra


Os trabalhos para a implantação das obras, em particular as escava-
ções necessárias ao assentamento de suas bases, devem ser feitos nas dimen-
sões estipuladas no projeto executivo, no intuito de garantir uma adequada
fundação para os gabiões. Findada toda a etapa de corte, escavação, preparo
de fundação e eventuais escoramentos que se fizerem necessários, proceder-
se-á à execução das peças, conforme definido a seguir.

7. Especificações técnicas • 243


a) Enchimento dos gabiões
No enchimento das gaiolas pode-se usar pedra-de-mão ou seixo rola-
do. Recomenda-se a utilização de pedra-de-mão de origem granítica.

b) Montagem de gabiões - caixa


Os gabiões devem ser fornecidos previamente dobrados e reunidos
em fardos. Sua montagem consiste, inicialmente, em abrir o fardo, desdo-
brar o gabião sobre uma superfície rígida e plana e, com os pés, tirar todas as
irregularidades. A seguir, deve-se dobrar os painéis para se obter o formato
da caixa juntando os fios de borda e torcendo os arames que saem dos pai-
néis.
Estando o formato da caixa já definido, ponteiam-se as arestas da
caixa e, para os diafragmas, corta-se um pedaço de arame com comprimento
necessário, fixando-o na parte inferior dos cantos e costurando os painéis
em contato, alternando voltas simples e duplas, em cada malha.
Com um certo número de gabiões já ponteados em forma prismáti-
ca, faz-se a ligação entre eles com firmes costuras ao longo das arestas em
contato.
Após a colocação das caixas em posição, antes de enchê–las devem-se
puxá-las com um gabarito de madeira, para se conseguir um bom alinha-
mento e acabamento.
A seguir, inicia-se a fase de enchimento das caixas, preenchendo-as
até 1/3 da sua altura e fixando dois tirantes em faces expostas para evitar
que ocorra o “embarrigamento” destas faces. Preenche-se mais 1/3 da cai-
xa, fixando outros dois tirantes, e depois se preenche até 3cm a 5cm acima
da altura da caixa. Para caixas menores (com menos de 1,0m de altura),
preenche-se, inicialmente até a metade da altura da caixa, colocam-se os
tirantes e completa-se o enchimento até 3cm a 5cm acima da altura da caixa.
Nunca se deve encher uma caixa sem que a caixa ao lado esteja parcialmente
preenchida.
O enchimento dos gabiões tipo caixa pode ser executado a mão ou
com o auxilio de equipamentos mecânicos. A pedra deve ser de consistência
igual à descrita acima, com tamanho levemente superior à abertura das ma-
lhas e no máximo de até 20cm.
Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 244
Terminada a fase de enchimento das caixas, dobram-se as tampas,
amarrando-as sempre com a mesma costura.

c) Montagem de colchões
Os colchões também devem ser fornecidos previamente dobrados e
reunidos em fardos. Sua montagem consiste inicialmente em abrir o fardo,
retirar e esticar cada peça, até obter seu comprimento nominal.
Dando seqüência à montagem, juntam-se com os pés, as paredes dos
diafragmas que ficarem abertas e levantam-se as paredes laterais utilizando os
cortes como guias para a definição da altura de cada parede. Aconselha-se a
utilização de um sarrafo de madeira para o perfeito alinhamento da dobra.
Tendo definida a geometria do colchão, costuram-se abas aos diafrag-
mas logo após a definição da dobra e ponteiam-se os painéis frontais. As
costuras são executadas de modo contínuo, passando-se o fio em todas as
malhas, dando-se dupla volta a cada duas malhas.
Depois de ponteados e costurados os diafragmas, deve-se posicionar
os colchões no local onde serão aplicados e costurá-los entre si (com a mes-
ma costura dos diafragmas), em todos os cantos de contato.
È importante lembrar que, quando o talude é muito inclinado, a fixa-
ção dos colchões deve ser feita com o auxilio de estacas de madeira.
Em seguida, inicia-se o enchimento dos colchões, a partir da parte
inferior do revestimento, acomodando as pedras para reduzir os vazios. De-
ve-se observar as mesmas características quanto à consistência do material,
devendo o tamanho das pedras ser mais homogêneo e levemente superior à
abertura das malhas do colchão a fim de garantir, no mínimo, duas camadas
de pedras, melhor acabamento e mais fácil enchimento.
Durante o enchimento, aconselha-se a colocação de tirantes verticais
unidos à tampa e o fundo (dois a cada metro quadrado). Devem ser excluí-
dos, sem restrições, os materiais que possuam baixo peso especifico e que se
fragmentem com facilidade.
Depois de encher várias unidades, colocam-se as tampas, costurando-
as a todos os painéis, diafragmas e tirantes, de forma a ficarem bem esticadas.

7. Especificações técnicas • 245


d) Montagem de gabiões-saco
Os gabiões-saco assim como os gabiões-caixa e os colchões devem
ser fornecidos previamente dobrados e reunidos em fardos. Sua montagem
consiste, inicialmente, em abrir o fardo, desdobrar o gabião sobre uma su-
perfície rígida e plana e, com os pés, tirar todas as irregularidades.
A seguir, deve-se enrolar a tela até formar um tubo. Cortam-se dois
pedaços de arame de 50cm e costura-se a partir das extremidades, com vol-
tas simples e duplas, alternadas em cada malha.
Amarra-se em lugar fixo, uma das extremidades do arame de borda
que sai da malha, puxando a outra extremidade do fio até fechar o tubo. Em
seguida, enrolam-se as duas extremidades do arame de borda, entrelaçando-
as. Essas operações devem ser feitas em ambas as pontas do gabião – saco.
Durante o enchimento, é importante observar a colocação de um
tirante perpendicular à costura, a cada metro, para evitar deformações ex-
cessivas. Após o enchimento, fecha-se o gabião-saco com o mesmo tipo de
amarração descrita anteriormente.
Finalmente, com o auxilio de equipamentos adequados, devem ser
lançados ao lugar definitivo. Para o seu içamento, os gabiões–saco podem
ser enganchados ao longo da costura ou pelas extremidades.

7.12 Estruturas Reforçadas com Geossintéticos

7.12.1 Generalidades
Esta especificação tem por objetivo estabelecer os procedimentos
para a execução de estruturas reforçadas com geossintéticos.

7.12.2 Normas Complementares


Em complemento e sustento teórico a este item citam-se as seguintes
normas técnicas, que devem ser consultadas em suas versões mais recentes
em vigor:

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 246


• ABNT NBR 12553: Geotêxteis (terminologia);
• ABNT NBR 12568: Geotêxteis. – Determinação de gramatura;
• ABNT NBR 12569: Geotêxteis. – Determinação de espessura;
• ABNT NBR 12592: Identificação de geotêxteis para fornecimento
• ABNT NBR 12593: Amostragem e preparação de corpos-de-prova
de geotêxteis;
• ABNT NBR 12824: Geotêxteis. Determinação da resistência à tra-
ção não confinada. Ensaio de tração de faixa larga;
• ABNT NBR 13134: Geotêxteis. Determinação da resistência à tra-
ção não confinada de emendas. Ensaio de tração de faixa larga;
• ABNT NBR 13359: Geotêxteis. Determinação da resistência ao
puncionamento estático. Ensaio com prisão tipo CBR;
• AFNOR G 38-015: Détermination de la résistance au déchire-
ment;
• AFNOR G 38-016: Mesure de la permittivité hydraulique;
• AFNOR G 38-017: Porométrie. Détermination de l’ ouverture de
filtration;
• ASTM D3786: Test method for burst strength;
• ASTM D4491: Test method for water permeability of geotextiles
by permittivity;
• ASTM D 4533: Test method for trapezoid testing strength of geo-
textiles;
• ASTM D 4632: Test for breaking load and elongation of geotextiles
(Grab Method);
• ASTM D 4716: Test method for constant head hydraulic transmis-
sivity (in – plane flow) of geotextiles and geotextile related prod-
ucts;
• ASTM D 4751: Test method for determining apparent opening size
of a geotextile;
• ASTM D 4884: Test method for seam strength of sewn geotextiles;

7. Especificações técnicas • 247


• ASTM D 4886: Test method for abrasion resistance of geotextiles
(sand paper/ sliding block method);
• ASTM D 5101: Test method for measuring the soil-geotextile sys-
tem clogging potential by the gradient ratio;
• ABNT NBR 12593: Amostragem e preparação de corpos-de-prova
de geotêxteis;
• DNER PRO 380/98: Geossintéticos para obras rodoviárias.

7.12.3 Processos Construtivos


Na maioria dos casos práticos as estruturas em solo reforçado neces-
sitam de elementos que componham a face visando à proteção do geossin-
tético contra a ação de intempéries (raios ultravioletas, agentes químicos),
contra o vandalismo ou para atender a algum requisito de estabilidade local
na região da face.
As estruturas em solo reforçado com geossintético permitem uma
grande variedade de faces. As mais tradicionais são as faces de concreto e as
de alvenaria de blocos. Após o término da construção do maciço reforçado,
pode o mesmo ser revestido por uma face de concreto contínua ou de alve-
naria de blocos.
A face de concreto pode ser construída do modo tradicional, com a
utilização de fôrmas, ou ser executada em concreto projetado com grelha de
aço ou geogrelha na face para sustentação do concreto. É importante lem-
brar que o concreto projetado pode impregnar, então, a camada de geotêxtil
deve ser protegida (capa plástica contra possível impregnação). A hidrólise
do concreto durante a cura também reduz a resistência de geotêxteis à base
de poliéster que estejam em contato com este.
Os bloquetes podem ter as mais variadas formas e qualidades de aca-
bamento externo, fornecendo uma solução esteticamente bastante agradá-
vel. A altura dos bloquetes pode também ser igual a múltiplos do espaça-
mento entre reforços, o que facilita a execução da obra.
A ligação entre bloquetes e entre bloquete e camada de reforço é co-
mumente feita por pinos, barras, saliências ou reentrâncias. O equilíbrio in-
dividual dos bloquetes deve ser verificado sob a ação de tensões horizontais

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 248


na face. Além disso, a tensão vertical sobre o bloquete, devido ao peso dos
bloquetes superiores, deve ser menor que a sua resistência à compressão.
O processo construtivo em parede pré-moldada escorada, não é tão
utilizado quanto o incremental. A principal razão para isso é a maior dificul-
dade executiva e menor flexibilidade de correção de deslocamentos horizon-
tais da face ao final da construção. Por isso, sua utilização tem sido restrita a
estruturas de pequena altura. Dependendo do espaçamento entre reforços,
a parede pode absorver tensões horizontais importantes, além de ter que su-
portar os reforços, a parede pode absorver tensões horizontais importantes,
além de terem que suportar esforços de tração, mobilizados nas extremida-
des dos reforços fixos às paredes.
As camadas de reforço são solidarizadas à face através de ganchos
durante o alteamento do aterro compactado.
Em estruturas de contenção reforçadas com geossintéticos, o confi-
namento lateral promovido pelas camadas de reforço e o arqueamento do
solo em estruturas, tendem a reduzir significativamente a tensão horizontal
sobre a face. Devido ao revestimento externo na face proporcionado pelo
geotêxtil dobrado, esta não tem função estrutural, podendo até ser construí-
da afastada da face do maciço reforçado. Já em estruturas em que o reforço é
fixo à face, a mesma é solicitada pelos esforços no reforço e por tensões ho-
rizontais, estas últimas sendo geralmente de pequena intensidade para muros
de baixa altura e espaçamento entre reforços pequenos ( ≤ 0,5m).
Os deslocamentos horizontais da face da estrutura dependem das
suas características (solo de aterro, rigidez do reforço, sobrecargas, rigidez do
solo de fundação, etc.). Dependendo destas condições para estruturas assen-
tadas em solo de fundação competente, o deslocamento horizontal máximo
na face pode atingir até 2% da altura da estrutura (na maioria das vezes entre
0,5 e 1,5% da altura). Em vista disso, para estruturas com faces verticais em
contato com o maciço reforçado ou vinculadas aos reforços, recomenda-se
que estas sejam construídas ligeiramente inclinadas na direção do aterro (H:
V = 1:50 a 1:20) para compensar eventuais deslocamentos horizontais.
Para estruturas de contenção em aterro reforçado com geossintéti-
cos com faces verticais construídas incrementalmente, recomenda-se que
o espaçamento máximo entre as camadas de reforço seja limitado a 1,0m,
devido às dificuldades práticas de manuseio e à maior deformabilidade da
face, particularmente em virtude da compactação do solo aterro.
7. Especificações técnicas • 249
No caso de aterros reforçados não muito íngremes, espaçamentos
maiores que 1,0m são permitidos.
O revestimento de taludes íngremes pode ser executado com blo-
quetes pré - moldados, geocélulas (preenchidas com solo e vegetação, brita,
solo-cimento ou concreto projetado) ou revestimento vegetal.
Uma cobertura vegetal eficiente e duradoura em geral só pode ser
conseguida para inclinações do talude inferiores a 60º. Neste caso, a cober-
tura vegetal pode ser fixada no talude por meio de geocélulas ou geogre-
lhas. Para fixação de vegetação em taludes, existem ainda outras alternativas,
como o emprego de alguns geossintéticos utilizados em controle de erosões
(ver item Bioengenharia).
É muito importante notar que é comum produtos geossintéticos
apresentam anisotropia de resistência e rigidez a tração, isto é, valores de re-
sistência e rigidez à tração diferentes nas direções de trama e urdume. E em
vista disso, é fundamental que a instalação da camada de reforço no campo
se dê de tal forma que a direção de maior solicitação mecânica coincida com
aquela de maiores valores de resistência e rigidez a tração.
A solidarização de painéis de geossintéticos pode ser feita por cos-
tura juntas com barras de aço (geogrelhas) ou transpasse (geotêxteis e ge-
ogrelhas). Devem ser evitadas emendas de camadas de reforço na direção
transversal da estrutura (paralelas à face da estrutura). Caso isto seja inevi-
tável, devem ser realizadas costuras reforçadas e feitas de forma apropriada,
procurando-se evitar que as emendas se localizem próximo a regiões subme-
tidas a elevados esforços de tração. As emendas direcionadas normalmente à
face da estrutura podem ser feitas por transpasse com comprimento mínimo
de 30cm.

7.12.4 Sistemas Dreno-Filtrantes


A hipótese de projeto usual em muros é de que as poro-pressões
atuantes nas faces sejam nulas. Portanto, são necessários dispositivos fil-
trantes que garantam a drenagem completa. Caso o reforço seja drenante
(geotêxtil não-tecido, por exemplo) o próprio elemento de reforço também
serve como elemento drenante no maciço reforçado. É muito importante
que se mantenha a continuidade entre as diversas camadas de reforço e que
as mesmas sejam conectadas a barbacãs, para a saída de água através da
Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 250
face da estrutura. A drenagem de água do lençol freático da região pode ser
conseguida através de colchão drenante (geotêxtil, geocomposto ou camada
granular) nas bases do maciço reforçado e do aterro. Tubos perfurados lon-
gitudinais, envoltos em tela ou camada geotêxtil, podem também ser neces-
sários para a coleta da água na base da estrutura, junto à face. As condições
de filtro devem ser verificadas para a seleção do geossintético ou material
granular para drenagem.
Esquematicamente o sistema dreno-filtrante típico para estruturas
com elementos de reforço impermeáveis ou com baixa capacidade de con-
dução de fluidos (geogrelhas e geotêxteis tecidos). Neste caso, é necessária
a presença de camadas na base do aterro e na face da estrutura, associada
aos barbacãs.

7.12.5 Manuseio e Acondicionamento do Geossintético


Os produtos geossintéticos são fornecidos pelos fabricantes em bobi-
nas ou painéis. Para evitar danos e deteriorações dos produtos, estes devem
ser expostos à luz solar por períodos prolongados de tempo (superiores aos
14 dias), sob pena de perda de resistência das camadas superficiais devido à
ação dos raios ultravioletas. Deve-se também evitar acondicioná-los em am-
bientes úmidos, excessivamente empoeirados ou sujeitos a animais roedores.

7.12.6 Cuidados na Instalação do Geossintético


Antes da instalação das camadas de reforço sobre o terreno natural,
este deve ser regularizado, devendo também ser removidas as pedras, de-
tritos, raízes etc. que possam danificar a camada de reforço. O material de
aterro também não deve conter (a não ser em quantidade mínima) elemen-
tos de granulometria graúda (pedras e blocos), Veículos não devem trafegar
diretamente sobre as camadas de reforço.
Catálogos de fabricantes de produtos geossintéticos e os próprios
fabricantes devem ser consultados no caso de duvidas sobre propriedades,
características e função dos mesmos.

7. Especificações técnicas • 251


7.13 Solos grampeados

7.13.1 Objetivo
Este especificação apresenta recomendações para a execução de re-
forço de solos através da técnica solo grampeado.

7.13.2 Normas Complementares


Em complemento e sustento teórico a este item citam-se as seguintes
normas técnicas, que devem ser consultadas em suas versões mais recentes
em vigor:

• ABNT NBR 9061 - Segurança de escavação a céu aberto;


• ABNT NBR 5629 - Execução de tirantes ancorados no terreno;
• ABNT NBR 11682 - Estabilidade de taludes;
• GeoRio - Ancoragens e grampos;
• GeoRio - Concreto projetado;
• GeoRio - Dispositivos de drenagem superficial;
• GeoRio - Dispositivos de drenagem interna de estruturas de con-
tenção;
• GeoRio - Dispositivos de drenagem sub-superficial;
• GeoRio - Drenagem profunda – dreno suborizontal.

7.13.3 Seqüência Construtiva


A execução do solo grampeado é feita à medida que se realiza a es-
cavação, ou simplesmente conformação e limpeza dos taludes, conforme as
seguintes etapas:

• Escavação do talude existente para a implantação da primeira linha


de grampos (a partir do topo do talude);
Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 252
• Implantação de andaimes e plataformas de trabalho, se necessário;
• Perfuração;
• Instalação e injeção dos grampos;
• Instalação dos drenos;
• Implantação dos pinos guia para controle da espessura de concreto;
• Aplicação do concreto projetado;
• Prosseguir desta forma até a conclusão do projeto.

7.13.4 Grampos
Todos os detalhes dos grampos constam da norma GeoRio - Anco-
ragens e grampos. As dimensões dos grampos e os detalhes da cabeça estão
incluídos nos desenhos de projeto executivo.

7.13.5 Geometria
As concretagens deverão ser executadas de maneira a atender a geo-
metria das peças indicadas nos desenhos de projeto.
A espessura do concreto projetado deverá ser convenientemente con-
trolada. Este controle deverá ser feito por meio de pinos guias de diâmetro
de 25mm devidamente fixados em cada tipo de superfície e comprimento
igual à espessura da camada a ser projetada.

7.14 Muros em terra armada

7.14.1 Generalidades
A execução dos maciços em Terra Armada é de responsabilidade da
CONTRATADA, estritamente de acordo com o projeto executivo de mon-
tagem e com estas Especificações.
A assistência técnica da TERRA ARMADA S.A. à CONTRATADA
poderá ser solicitada e se dará por meio de um técnico especializado que

7. Especificações técnicas • 253


instruirá sobre os procedimentos recomendáveis de montagem dos maciços
constantes do projeto executivo e das normas técnicas a serem fornecidos
por ela. O técnico não terá, portanto, função de supervisão, controle ou
fiscalização e sim, de orientação.
A CONTRATADA deverá verificar antes do início da montagem, de
que a obra está corretamente locada, conferindo o alinhamento e os níveis
da soleira em relação ao nível de referência da obra, assim como se há reco-
mendações específicas para o tratamento do solo de fundação.

7.14.2 Componentes
a) Soleira de concreto
Será construída em concreto simples moldado no local com 35cm de
largura e 15cm de altura, perfeitamente nivelada, para servir de base para o
assentamento das escamas de concreto.

b) Escamas de concreto
São placas pré-moldadas.

c) Juntas
Serão utilizadas palmilhas de elastômero com espessura de 20mm
como placas de apoio horizontais. As juntas horizontais e verticais serão
preenchidas com espuma de poliuretano com função filtrante.

d) Armaduras
São barras de aço chatas com nervuradas transversais nas bitolas de
40x4mm, 45x4mm ou outra indicada no projeto executivo de montagem.
As armaduras são em aço tipo 1010/20 ou 1045, zincadas e projeta-
das para serem conectadas às ligações embutidas nas escamas por meio de
parafuso de alta resistência.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 254


e) Material do aterro
O material do aterro deve ser isento de impurezas ou matéria or-
gânica e apresentar menos de 15% de finos com diâmetro equivalente a
0,080mm (peneira 200); não deve também apresentar pedras com diâmetro
superior 250mm.

7.14.3 Cuidados Especiais


a) Armazenamento
Todos os materiais deverão ser conferidos e inspecionados visual-
mente no momento de sua chegada ao local da obra, devendo ser manipula-
dos e estocados de forma a evitar danos. As espumas de poliuretano devem
ser armazenadas em local protegido da luz solar.

b) Equipamentos e materiais
Pequeno guindaste do tipo munck ou similar para o içamento das
escamas.
Equipamentos de terraplenagem e compactação. Recomenda-se o
uso de um trator e/ou uma patrol para lançamento e espalhamento das ca-
madas de aterro. Para compactação, o recomendável é utilizar equipamento
do tipo rolo liso vibratório de até 25.000 lbs. (Dynapac CA25 , Caterpillar
CP563 ou similar).
Placa vibratória leve ou “sapo” para compactação do aterro atrás do
paramento numa faixa de 1,50m de largura ao longo do comprimento.
Gabaritos espaçadores de aço e lingadas (cabos de aço) para içamento
das escamas fornecidos por empréstimo pela TERRA ARMADA.
Travadores, escoramentos, alavancas, ferramentas de carpintaria, etc.

7. Especificações técnicas • 255


7.14.4 Seqüência Executiva de Montagem
a) Soleira
A escavação para a execução da soleira deve ser feita no terreno já
nivelado conforme projeto de terraplenagem. Qualquer ocorrência de solo
com insuficiência de capacidade de carga deve ser removida e feita a recom-
posição com material selecionado e compactado.
A soleira é um baldrame de concreto simples moldado “in situ” sobre
o qual serão assentadas as primeiras escamas. As dimensões aproximadas
são 35cmx15cm e a resistência do concreto de 18MPa, devendo curar no
mínimo 24 horas antes de ser colocada em serviço.
O topo das soleiras deve ser perfeitamente horizontal e no nível in-
dicado no projeto. Deve ser feita a verificação topográfica do mesmo. As
tolerâncias de nível são: +3mm e –5mm.
Em todos os casos, salvo indicação em contrário, o desnível entre
dois patamares consecutivos de soleiras será de 75cm. Sempre que necessá-
rio executar um degrau de soleira deve ser deixado um intervalo horizontal
de 20 a 25cm entre o início da soleira mais alta e o final da mais baixa.
O alinhamento externo do paramento deve ser marcado sobre a so-
leira com giz ou riscando-se a superfície fresca do concreto.

b) Assentamento da primeira linha de escamas


A primeira linha será sempre assentada sobre a soleira de cota mais
baixa e a primeira escama será uma do tipo Cn.
A escama deve ser posicionada de maneira que o seu pé fique alinha-
do com a linha base marcada sobre a soleira. Fazer o contra prumo com o
auxílio de cunhas de madeira.
Não devem ser colocadas juntas horizontais entre a soleira e as escamas.
Usar o gabarito para garantir o espaçamento ao instalar as demais
escamas.
O escoramento deve ser iniciado à medida que forem sendo assenta-
das as primeiras escamas, utilizando-se peças de madeira de 2”x4” ou 3”x3”
na forma de mãos francesas. Todas as escamas inteiras (An) assentadas so-
Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 256
bre a soleira devem necessariamente ser escoradas. O escoramento deve per-
manecer até que o aterro atinja 1,50m sobre a soleira.

c) Colocação das juntas


A função das juntas de espuma é não permitir a drenagem pelo pa-
ramento, evitando a fuga dos finos do aterro. A junta será aplicada em tiras
introduzidas entre as escamas, pelo lado do aterro, cobrindo todas as juntas
horizontais e verticais.
Nas juntas horizontais deverão ser colocadas placas de apoio de elas-
tômero (borracha) à base de EPDM com espessura de 20mm.

d) Execução de aterro compactado


O lançamento e espalhamento do material do aterro devem ser feitos
até próximo ao paramento, guardando aproximadamente 30cm de distância
para as escamas, selecionado de acordo com as especificações.
Não deve ser permitido que na primeira camada, o aterro seja levado
até as escamas antes que as armaduras estejam conectadas e cobertas com uma
camada de aterro. Isto evitará movimentações das escamas sobre a soleira.
A granulometria do material de aterro deve ser verificada sempre que
o material se apresentar visualmente diferente do que havia sido ensaiado.
Ensaios de determinação de umidade e/ou densidade “in situ” de-
vem ser executados periodicamente; recomenda-se no mínimo um ensaio
por camada; em nenhuma hipótese deverá ser lançada uma nova camada de
aterro sobre uma camada saturada.
A espessura da camada uniforme e acabada de compactação não deve
exceder 25cm.
Com exceção da zona de 1,50m atrás das escamas, rolos vibratórios
lisos de porte médio (tipo CA-25) podem ser utilizados para atingir o grau
de compactação requerido.
Na zona de 1,50m no tardoz do paramento, o aterro é compactado
com “sapos” ou placas vibratórias leves, de forma a evitar desalinhamentos.
Recomenda-se um mínimo de três (3) passadas.
7. Especificações técnicas • 257
O aterro deve chegar até o nível mais inferior das ligações das esca-
mas, onde serão colocadas as armaduras.

e) Colocação das armaduras


As armaduras são colocadas sobre o aterro compactado, posiciona-
das perpendicularmente ao paramento, salvo se indicado de outra forma no
projeto.
As pontas das armaduras deverão ser inseridas na ligação e aparafu-
sadas.
A execução do aterro deve prosseguir até o topo das meias escamas,
espalhando-se o material sobre as armaduras primeiramente na parte cen-
tral, até a distância de 1,0m do paramento. O material deve ser espalhado
paralelamente ao alinhamento das escamas.
Esteiras metálicas de equipamentos de terraplenagem nunca devem
passar diretamente sobre as armaduras. Sempre que forem utilizadas máqui-
nas deste tipo elas deverão rodar sobre uma camada de aterro lançada sobre
as armaduras.

f) Montagem das linhas subseqüentes


O assentamento da segunda linha de escamas inicia-se após o aterro
compactado atingir o topo das meias escamas. Não é permitido assentar
uma escama sobre outra que não esteja aterrada até o topo.
Uma nova fiada de escamas deve sempre ser iniciada do mesmo lado
e no mesmo sentido da fiada anterior.

7.15 Concreto

7.15.1 Generalidades
Os serviços compreenderão o fornecimento de pessoal, materiais,
equipamentos e tudo o mais que for necessário para a obtenção de con-
cretos, conforme definidos pelo projeto executivo, inclusive o suprimento,

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 258


armazenamento e manipulação de aço, cimento, agregados, água, formas e
aditivos, além da fabricação, transporte, colocação, proteção, cura e acaba-
mento dos concretos.

7.15.2 Normas Complementares


Em complemento e sustento teórico a este item citam-se as seguintes
normas técnicas, que devem ser consultadas em suas versões mais recentes
em vigor:

• NBR - 5732: Cimento Portland comum;


• NBR - 5738: Moldagem e cura de corpos de prova cilíndricos de
concreto;
• NBR - 5739: Ensaio à compressão de corpos de prova cilíndricos
de concreto;
• NBR - 5740: Análise química do cimento Portland;
• NBR - 6118: Cálculo e execução de obras de concreto armado;
• NBR - 6152: Ensaio à tração de materiais metálicos;
• NBR - 6153: Ensaio de dobramento de materiais metálicos;
• NBR - 6465: Ensaio de abrasão “Los Angeles”;
• NBR - 6491: Reconhecimento e amostragem para fins de caracteri-
zação de jazidas de pedregulhos e areia;
• NBR - 7211: Agregados para concreto;
• NBR - 7215: Ensaio de cimento Portland;
• NBR - 7216: Amostragem de agregado;
• NBR - 7217: Determinação da composição granulométrica dos
agregados;
• NBR - 7218: Determinação do teor de argila em torrões nos agregados;
• NBR - 7219: Determinação do teor de materiais pulverulentos nos
agregados;

7. Especificações técnicas • 259


• NBR - 7220: Avaliação das impurezas orgânicas das areia para con-
creto;
• NBR - 7221: Ensaios de qualidade de areia;
• NBR - 7480: Barras e fios de aço para armadura de peças de con-
creto armado.

Em qualquer caso, deverão ser seguidas as indicações específicas


constantes no projeto executivo.
Todas as alterações de projeto efetuadas na obra, com aprovação da
FISCALIZAÇÃO deverão ser anotadas e incorporadas aos desenhos "como
construído" (as built).

7.15.3 Materiais
a) Composição do concreto
O concreto será composto basicamente de cimento Portland, água,
areia, agregado graúdo e os aditivos que forem julgados necessários para
propiciar plasticidade e melhorar as características da mistura.

Cimento
- Características gerais:
Será utilizado o cimento Portland comum de baixa alcalinidade (0,6
% de álcalis ou menos) que deverá estar de acordo com a NBR-5732 da
ABNT.
- Ensaios:
Para todos os cimentos (concretos pré-misturados e pré-moldados)
empregados, a CONTRATADA obterá certificados dos fabricantes, emi-
tidos por laboratório idôneo. Em princípio, serão exigidos os ensaios de
finura, pega e resistência à compressão, segundo a NBR-7215 da ABNT. A
FISCALIZAÇÃO poderá exigir o ensaio de finura e estabilidade executado
segundo a norma 110 da ASTM (American Society of Testing Materials).

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 260


Nenhum cimento deverá ser usado até que os resultados dos ensaios
sejam considerados satisfatórios pela FISCALIZAÇÃO.
- Armazenamento:
O cimento deverá ser armazenado em silos ou em depósitos secos
convenientemente ventilados e estanques, equipados para impedir absorção
de umidade pelo material. Todas as instalações de armazenamento deverão
ser submetidas à prévia aprovação da FISCALIZAÇÃO.
Os estoques na obra deverão garantir as concretagens previstas para
um período mínimo de 15 dias de produção máxima, sem reabastecimento.
O cimento, acondicionado em sacos, deverá ser empilhado de modo
a permitir facilidades de contagem, inspeção e identificação dos lotes recebi-
dos em épocas diferentes. O cimento deverá ser mantido em sua embalagem
original até o seu emprego, devendo ser guardado em pilhas de, no máximo,
10 (dez) sacos.
O cimento proveniente da limpeza de sacos ou embalagens, bem
como aquele que apresentar indícios de hidratação ou empedramento, será
recusado pela FISCALIZAÇÃO.
O cimento a granel deverá ser armazenado em "hoppers" ou silos que
não contenham volumes mortos. Em nenhuma hipótese, cimentos de diferen-
tes procedências, tipos ou partidas serão armazenados no mesmo depósito.

Areia
Características Gerais:
Define-se como "areia" o agregado miúdo de diâmetro máximo igual
a 4,8 mm (3/16"). Consistirá de areia natural ou artificial resultante de brita-
gem de rochas estáveis.
A areia deverá consistir de fragmentos de rocha sem películas, du-
ros, densos e resistentes. Deverá ser bem graduada, nos limites de miúdos a
graúdos e quando de sua utilização, deverá estar suficientemente seca.
Ensaios:
As percentagens de substâncias nocivas e impurezas orgânicas da
areia não deverão exceder os valores indicados na NBR-7211. A CONTRA-

7. Especificações técnicas • 261


TADA deverá fornecer os resultados de ensaios efetuados por laboratório
especializado, aprovado pela FISCALIZAÇÃO.
Será efetuada uma série de ensaios para cada partida, ou como a FIS-
CALIZAÇÃO exigir.
Armazenamento:
A areia deverá ser estocada e conservada de modo a evitar contamina-
ção por materiais estranhos. As pilhas de estocagem deverão ser construídas
de tal maneira que impeçam segregação. As pilhas deverão dispor de sistema
adequado de drenagem e um volume total suficiente para permitir lança-
mento contínuo de concreto, dentro do programa de construção previsto.

b) Agregado graúdo
Características gerais:
O termo “agregado graúdo” é empregado para designar o agregado
razoavelmente bem graúdo com diâmetro a partir de 4,8 mm. Segundo a sua
utilização, os diâmetros máximos deverão ser menores ou iguais a:

• 38mm: para peças, cuja dimensão menor estiver acima de 25cm;


• 19mm: para peças, cuja dimensão menor estiver compreendida en-
tre 25cm e 8cm;
• 9,5 mm: para peças com dimensões menores que 8cm. Em qualquer
caso, o diâmetro máximo deverá ser menor do que 1/4 da menor
dimensão da peça a ser concretada.

O agregado graúdo poderá ser proveniente de britagem de rocha sã


selecionada ou de jazidas naturais (pedregulhos). Ele deve ser construído
de grânulos resistentes, duros, estáveis e impermeáveis. O agregado graúdo
deverá ter resistência maior que a argamassa, características físico-químicas
que não a prejudiquem e formato apropriado, sendo vedado o uso de agre-
gados com formas lamelares.
O agregado deverá estar isento de impurezas (pós, torrões de argila,
óleos e materiais orgânicos).

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 262


Ensaios:
A CONTRATADA deverá fornecer os resultados de ensaios efetuados
por laboratório especializado, aprovado pela FISCALIZAÇÃO. Para cada for-
necimento, deverão ser executados, em princípio, os seguintes ensaios:

• NBR-6465: Ensaios de Abrasão "Los Angeles" (a critério da


FISCALIZAÇÃO);
• NBR-7217: Análise Granulométrica;
• NBR-7218: Torrões de Argila;
• NBR-7219: Material Pulverulento;
• NBR-7221: Avaliação das Impurezas Orgânicas.

Armazenamento:
Os agregados de diâmetros diferentes deverão ser armazenados de
modo a ser evitada a mistura entre eles. Igualmente, deverão ser tomadas
precauções de modo a não permitir contaminações com materiais estranhos
que venham a prejudicar sua qualidade.
Agregados de dimensões diferentes que se misturarem só poderão ser
aproveitados se forem peneirados de modo a manterem os limites de gra-
nulometria especificados. Os agregados que sofrerem contaminações com
material estranhos poderão ser aproveitados se devidamente lavados.
As pilhas de estocagem deverão ser providas de drenagem adequada.
O volume de agregado estocado na obra deve ser suficiente para ga-
rantir um lançamento contínuo de concreto, dentro do programa de cons-
trução previsto.

c) Água
A água para lavagem dos agregados, amassamento e cura de concreto
deverá ser limpa e isenta de quantidades inadmissíveis de silte, matéria orgâ-
nica, óleo, álcalis, sais, despejos de esgotos e outras substâncias nocivas.

7. Especificações técnicas • 263


O local de coleta da água e o seu eventual tratamento estarão sujeitos
à aprovação da FISCALIZAÇÃO, que poderá condicionar o seu uso a apre-
sentação de ensaios de laboratório.

d) Aditivos
A utilização de aditivos ficará restrita aos casos especificamente ne-
cessários, como bombeamento de concreto (plastificantes) e preenchimento
de nichos (expansores, por exemplo). O emprego destes ou outros aditivos
(aceleradores de pega, incorporadores de ar) ficará, entretanto, a critério da
FISCALIZAÇÃO e a autorização será específica para o tipo, quantidade e
local de uso.
Em caso de emprego de aditivos deverão ser observadas rigorosamen-
te as prescrições dos fabricantes. A FISCALIZAÇÃO poderá subordinar a
autorização do emprego de aditivo a ensaios de laboratórios, a fim de verifi-
car as características e as propriedades mecânicas exigidas para o concreto.
O fornecimento, a conservação e o armazenamento em local adequa-
do dos aditivos ficam a cargo da CONTRATADA.

7.15.4 Argamassas
a) Objetivo
O objetivo deste item é estabelecer os requisitos mínimos a serem ob-
servados na produção de argamassas e pastas para pisos, alvenarias e reves-
timentos, compreendendo o fornecimento dos materiais, bem como todos
os serviços necessários à perfeita execução dos trabalhos.

b) Normas complementares
Em complemento e sustento teórico a este item citam-se as seguintes
normas técnicas, que devem ser consultadas em suas versões mais recentes
em vigor:
• NBR - 5732: Cimento Portland comum;
• NBR – 5735: Cimento Portland de alto forno – Especificação;

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 264


• NBR - 5736: Cimento Portland pozolônico – Especificação;
• NBR - 7175: Cal hidratada para argamassas – Especificação;
• NBR - 7200: Revestimentos de paredes e tetos com argamassa -
Materiais, preparo, aplicação e manutenção – Procedimento.

c) Materiais
7.15.4 c 1) Cimento
O cimento a ser empregado será do tipo Portland, devendo satisfazer
às prescrições da NBR-5732, NBR-5735 e NBR-5736, bem como às normas
complementares.
7.15.4 c 2) Água
A água potável‚ considerada como de boa qualidade para amassamen-
to das argamassas.
7.15.4 c 3) Cal
Deverá ser utilizada somente cal hidratada, em sacos de 20kg, prove-
niente de fornecedores idôneos.
7.15.4 c 4) Areia
Poderá ser utilizada a areia quartzosa. Quanto a granulometria as
areias para argamassas são classificadas na tabela 1 da NBR-7211, conforme
o seguinte:

• Areia fina, conforme a zona 2, somente a que passa na peneira com


malha de 0,6mm;
• Areia média, conforme a zona 3, somente a que passa na peneira
com malha 1,2mm;
• Areia grossa, conforme a zona 4, somente a que passa na peneira
com malha 2,4mm.

7. Especificações técnicas • 265


7.15.4 c 5) Argamassas pré-misturadas
São argamassas, provenientes de fabricantes idôneos, que necessitam
apenas de adição de água à mistura.

d) Preparo
Antes de iniciar o preparo, deverão ser providenciados os recipien-
tes para a dosagem volumétrica dos componentes da argamassa. Todas as
argamassas deverão ser preparadas mecanicamente, exceto as argamassas
pré-misturadas.

7.15.5 Preparo do Concreto


a) Dosagem
O concreto será dosado de forma a se obter misturas suficientemente
trabalháveis que, com mínima quantidade possível de cimento, possa aten-
der às exigências do projeto.
Para determinar os traços dos concretos a serem utilizados, a CON-
TRATADA fará dosagens experimentais, observando o que dispõe a NBR-
6118 da ABNT.
A dosagem experimental deverá ser feita pelo método do Eng. Fer-
nando Luiz Lobo B. Carneiro, conforme roteiro dado a seguir, ou por outro
método de dosagem racional de utilização corrente e eficiência comprovada.
Roteiro:
- Fator água/cimento (x);
Escolha de "x" baseada na resistência média à compressão, aos 28
dias de idade ‑ artigo 8.3.1 da NBR-6118;
- Relação água/sólidos (A%);
Calculada em função do diâmetro máximo do agregado, que, por sua
vez, obedece ao disposto no artigo 8.1.2 da NBR-6118.
Proporção Cimento/Agregado (1:m)
Calculada em função de “x” e “A”

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 266


- Porcentagem de cimento e de Agregado;
A porcentagem de cimento é função de 1:m e a de agregado é obtida
por diferença

 1
1 - 
 m
Outros métodos para determinação do traço poderão ser utilizados
quando aprovado pela FISCALIZAÇÃO.

b) Amassamento
A fim de se conseguir um concreto de graduação e consistência uni-
formes, só será permitido o amassamento por processos mecânicos. Os tra-
ços deverão ser totalmente misturados até que apresentem aspecto homogê-
neo, com todos os ingredientes distribuídos uniformemente.
A água deverá ser adicionada antes e durante as operações de carga
da betoneira, de modo que toda ela seja introduzida antes de decorrido um
quarto (1/4) do período correspondente. A betoneira deverá girar a uma
velocidade uniforme durante pelo menos doze (12) voltas depois de intro-
duzidos todos os materiais. A velocidade deverá ser aquela indicada pelo
fabricante da máquina.
Inicialmente, o tempo de mistura poderá ser de 1 minuto para cada
3 a 4m3 mais 1 a 4 minutos para cada 3 a 4m3 adicionais de capacidade. No
entanto o período de mistura será estabelecido pela qualidade do produto
que deverá apresentar uniformidade de composição e consistência.
No caso de ser usado transporte por caminhão-betoneira, um tempo
máximo de uma hora e meia (1,5h) deve ser observado entre a entrada do
cimento no tambor e a descarga do concreto. O tempo ideal de mistura deve
ser convenientemente estabelecido, tendo em vista a qualidade desejada do
produto final.

7. Especificações técnicas • 267


c) Concretagem
Geral:
O transporte do concreto do local de amassamento para o de lança-
mento deverá ser feito de modo que não decorram mais do que 30 minutos
entre o momento em que adiciona-se toda água à mistura e o momento de
lançamento.
O meio de transporte deve ser tal que não produza segregação dos
elementos.
Quando o transporte for feito por meio de vagonetas, a velocidade do
transporte não deverá ser superior a 20 km/h.
Quando o transporte for feito por meio de correias transportadoras,
o ângulo de inclinação das mesmas não poderá ultrapassar:
- 18° para concretos com abatimento até 5cm;
- 15° para concretos com abatimento de 6 a 10cm.
A velocidade da correia não deve ser superior a 1m/s.
Os transportadores devem, ser cobertos, com a finalidade de proteger
o concreto de chuvas e outras contaminações.
Concreto bombeado:
Quando o transporte for feito por bombeamento, os agregados miú-
dos e graúdos deverão ser proporcionados na relação 1:2 e 1:3.
No peso total de agregado miúdo, a quantidade de partículas com
dimensão até 0,3mm não poderá ultrapassar 15 a 20%.
É recomendável o uso de aditivos plastificantes, de modo que se ga-
ranta à mistura uma consistência adequada durante o transporte pelas tubu-
lações.
O fator água/cimento deverá estar compreendido entre 0,5 e 0,65.
Quando utilizado aditivo, o fator água/cimento deverá ser reduzido de acor-
do com as especificações do FABRICANTE.
Deve, também, ser evitado o uso de pedra britada como agregado
graúdo, sendo mais adequado o seixo rolado, com a finalidade de reduzir o
atrito interno da mistura e aumentar a mobilidade da mesma.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 268


O diâmetro máximo do agregado graúdo dependerá do diâmetro da
tubulação de transporte. Quando forem empregados agregados de maior
diâmetro que os especificados na NBR-7211.
Antes da admissão de concreto na tubulação, esta deverá ser rigoro-
samente limpa e lubrificada, passando-se, pela mesma, nata de cal ou de ci-
mento. Para que a nata se espalhe por toda a superfície interna da tubulação,
a mesma deverá ser fechada em uma das extremidades, de modo a impedir a
saída da nata, garantindo o total umedecimento do tubo.
Deverão ser tomadas providências para que o fluxo de concreto den-
tro da tubulação não sofra interrupção por obstrução. Imediatamente após
o uso, a tubulação deverá ser completamente limpa por meios mecânicos e,
em seguida, lavada com água corrente.
No caso de transporte por bombeamento, a CONTRATADA deverá
observar todas as recomendações contidas nas especificações do Fabricante
do equipamento.
Concreto transportado pneumaticamente:
No caso de transporte pneumático, a dimensão máxima do agregado
graúdo deverá ser 40mm. A distância máxima horizontal de transporte deve-
rá ser 20m e a máxima vertical de 35m. No caso de transporte pneumático,
a CONTRATADA deverá observar as recomendações contidas nas especi-
ficações do Fabricante do equipamento.
Concreto Pré-Misturado:
No caso de transporte de concreto pré-misturado, o intervalo total
de tempo entre o momento da adição da água e o momento do lançamento
não poderá ultrapassar 1 (uma) hora, exceto quando períodos mais longos
de tempo forem admitidos pela FISCALIZAÇÃO.

d) Lançamento do concreto
O lançamento do concreto deverá ser feito por métodos que evitem
a segregação ou perda dos ingredientes do concreto.
Nenhum conjunto de elementos estruturais poderá ser concretado
sem prévia e minuciosa verificação por parte da FISCALIZAÇÃO, da per-
feita disposição, dimensões, ligações, escoramento das formas e armaduras
7. Especificações técnicas • 269
correspondentes, bem como sem prévio exame da correta colocação de ca-
nalização elétrica, hidráulica, "inserts" e outras, que devam ficar embutidas
na massa de concreto.
As armações devem estar limpas, em sua correta posição e bem apoia-
das antes do lançamento do concreto.
Na concretagem das peças estruturais, não será permitida nenhuma
queda vertical maior que 1,5 m (um metro e meio), exceto para pilares onde
serão admitidos 3,0m (três metros) como valor máximo. Os limites assim
estabelecidos somente poderão ser ultrapassados quando utilizado um equi-
pamento apropriado para impedir-se a segregação do concreto e onde espe-
cificamente autorizado.
Suficiente capacidade de lançamento, tanto quanto de mistura e trans-
porte, devem ser previstos de forma que o concreto possa ser mantido plás-
tico e livre de "juntas frias" enquanto é lançado.
O concreto deve ser lançado em camadas horizontais que não ex-
cedam 60cm de altura, evitando-se juntas frias e camadas inclinadas. Em
vigas de grandes dimensões pode-se proceder a concretagem em planos ho-
rizontais de 20 a 30cm, de altura, prosseguindo-se, porém, até a completa
concretagem da peça, sem interrupções. Não será permitida a interrupção
da concretagem de vigas na parte inferior das lajes.
As lajes serão sempre concretadas em uma operação contínua de lan-
çamento. Os pilares deverão ser concretados em lances contínuos, com as
eventuais juntas de construção localizadas nas partes inferiores das lajes ou
vigas ligadas a eles.
No caso de construções monolíticas, cada camada de concreto deve
ser lançada enquanto a camada inferior está ainda suscetível de vibração e
as camadas deverão ser suficientemente rasas, de forma a permitir a união
entre si através de vibração suficiente.
A fim de evitar segregação do concreto devido à velocidade excessiva
no lançamento, o tempo deverá ser convenientemente controlado.
Não se admitirá o uso de concreto remisturado ou com pega já iniciada.
No caso de concreto lançado diretamente em contato com o terreno,
este deverá ter sua superfície previamente compactada e umedecida. Tam-
bém no caso de concretagens contra alvenarias ou elementos cerâmicos,
Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 270
dever-se-á umedecer previamente estas superfícies.
Em superfícies inclinadas, o concreto deve ser lançado primeiramente
na parte mais baixa e subir progressivamente.
Nenhum concreto será lançado sem a presença de um representante
da FISCALIZAÇÃO, devidamente autorizado.

e) Adensamento do concreto
Cada camada de concreto lançada deverá ser vibrada mecanicamente
por meio de vibradores de imersão ou de parede de maneira que se consiga
o máximo rendimento. Deverão ser tomadas precauções para que não se
formem ninhos, não se altere a posição da armadura, nem se traga quanti-
dade excessiva de água para a superfície do concreto ou ocorra segregação
da massa do concreto. O vibrador deverá operar quase verticalmente e sua
penetração no concreto deverá se dar por ação do seu próprio peso. Deve
ser evitado o contato direto do vibrador com a armadura e, pelo menos a
última passada do vibrador devera ser feita com vibrador de imersão.
A quantidade de vibradores, suas potências e diâmetros devem ser
adequados a todas as peças a serem adensadas e às posições de aplicação
sucessivas devem estar a distâncias no máximo iguais ao raio de ação do
vibrador.

f) Juntas de concretagem
Quando o lançamento do concreto for interrompido por junta de
concretagem, serão tomadas todas as providências necessárias para que ao
se reiniciar novo lançamento se consiga uma ligação perfeita do trecho en-
durecido com o novo concreto.
Quando aplicável, as juntas indicadas no projeto executivo deverão
seguir rigorosamente os detalhes dos desenhos. Juntas não previstas no pro-
jeto executivo só serão executadas após aprovação pela FISCALIZAÇÃO.
As juntas de construção horizontais deverão ser preparadas através
de limpeza por jato úmido de areia ou por corte com jato de ar-água. Esse
tratamento somente deverá ser usado após o início da pega e antes do con-
creto ter atingido o fim da pega.
7. Especificações técnicas • 271
Após o corte, a superfície devera ser lavada enquanto existir traço de
turbidez na água de lavagem.
Caso eventualmente já tiver ocorrido o fim da pega, o método an-
terior não poderá ser utilizado. Será substituído por jateamento com areia
úmida, executado imediatamente antes da colocação do lance seguinte. No
caso de concreto curado, somente será usado o método de corte com jatos
de água a alta pressão ou por métodos aprovados pela FISCALIZAÇÃO.
As juntas de construção verticais deverão ser limpas por jateamento
úmido de areia, por apicoamento ou por outros métodos aprovados pela
FISCALIZAÇÃO.
As superfícies que deverão receber concreto de 2ª fase serão limpas
através de jatos de ar-água compressão em torno de 7kgf/cm², após o con-
creto haver endurecido o suficiente para resistir ao jato.

g) Juntas de dilatação
7.15.5 g 1) Considerações gerais
Para atender às movimentações (contração e expansão) das estrutu-
ras, eliminando-se o aparecimento de elevados esforços de tração, foram
previstas juntas de dilatação que permitem uma certa movimentação sem
causar carregamentos imprevistos. Para impedir infiltrações de água e outros
detritos entre os vãos das estruturas, foi definido um tipo de dispositivo, a
saber: PERFILADO SIKA ou similar.
PERFILADO SIKA ou similar é um pré-moldado em termoplástico
PVC e possui alta resistência aos esforços mecânicos, e grande deforma-
bilidade. Possui excelente resistência aos agentes agressivos normais, bem
como às intempéries e ao envelhecimento.

7.15.5 g 2) Aplicação
A fixação do PERFILADO SIKA ou similar deve ser feita por pro-
cesso que garanta a manutenção do perfil na posição prevista, sem descola-
mento do mesmo, quanto da vibração do concreto. Podem ser usados gram-
pos, estribos especiais, etc., ancorados na armadura ou nas formas.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 272


h) Acabamentos superficiais
As superfícies de acabamento do concreto devem ser protegidas por
passarelas e cobertas até adquirirem suficiente resistência para resistir ao
tráfego. As superfícies não cobertas por formas e que não receberão nova
camada de concreto sobre elas, nem revestimento posterior, terão os aca-
bamentos indicados no projeto executivo. Na falta de qualquer indicação, o
concreto deverá ser apenas desempenado.
Em todas as superfícies de concreto aparente ou enterrado deverão
ser removidas as partes dos tirantes metálicos: até 2cm para dentro da super-
fície do concreto, devendo o furo ser preenchido com argamassa de cimento
e areia, da mesma cor que o concreto original.
Na execução do concreto aparente, será levado em conta que de-
verá satisfazer não somente aos requisitos normalmente exigidos para os
elementos de concreto armado, como também, às condições inerentes ao
material de acabamento. Essas condições tornam essencial um rigoroso con-
trole para assegurar uniformidade de colocação, homogeneidade de textura,
regularidade da superfície e resistência ao pé e às intempéries em geral.
A execução de elementos de concreto aparente com cimento bran-
co importará cuidados ainda mais severos, sobretudo os concernentes a
uniformidade de coloração. Na execução de projeto aparente apicoado, as
superfícies serão apicoadas com ponteira ou martelete pneumático equipa-
do com escopro ou cinzel apropriado, de forma a ser obtido paramento
perfeitamente homogêneo, com a textura indicada pela FISCALIZAÇÃO.
Haverá especial cuidado na aplicação do martelete ou da ponteira, dada a sua
tendência a fraturar ou abalar o agregado superficial e, conseqüentemente,
a alterar a coloração ou a textura geral das superfícies, além de prejudicar a
própria função da camada de recobrimento.
As superfícies dos pisos, calçadas, pátios e outros pisos serão acaba-
dos nas cotas indicas no projeto e não deverão apresentar depressões ou
saliências maiores que 5mm em 2,50m.
Não será admitida a utilização de cimento pó ou argamassa de cimen-
to e areia antes ou durante as operações de acabamento das superfícies de
concreto.
Os topos de blocos ou pedestais de suportes de estruturas metálicas
e bases de equipamentos deverão ter a superfície com acabamento áspero e
7. Especificações técnicas • 273
ficarem rebaixados o suficiente a permitir a posterior colocação da argamas-
sa de nivelamento nas espessuras indicadas no projeto.
Os topos de paredes de concreto deverão ser desempenados. As pe-
quenas cavidades, falhas ou trincas (que porventura aparecerem nas super-
fícies) serão preenchidas com argamassa de cimento e areia, com um traço
que lhes confira estanqueidade e resistência, bem como coloração semelhan-
te à do concreto circundante.
As rebarbas e saliências, que caso ocorram, serão eliminadas ou redu-
zidas a escopro ou com outro processo aprovado pela FISCALIZAÇÃO.
A execução dos serviços de repasse e correção especificados, ficará na
dependência de prévia inspeção e orientação da FISCALIZAÇÃO.
Ficará a critério da FISCALIZAÇÃO determinar a limpeza de parte
ou de todas as superfícies de concreto aparente por um dos seguintes pro-
cessos:

• Lavagem com água e escova de cerdas duras;


• Lavagem com solução fraca de ácido clorídrico, a qual deverá ser
inteiramente removida da face do concreto.

i) Cura e proteção do concreto


A CONTRATADA deverá providenciar a cura e proteção adequada
do concreto após seu lançamento.
A cura é o processo utilizado para assegurar quantidade de água su-
ficiente no concreto, de forma a prover perfeita continuidade na hidratação
do cimento.
Durante a cura, o concreto deve ser mantido molhado continuamen-
te com evidência de uma umidade sobre sua superfície, entre temperaturas
variando de 20° a 28º.
A cura deve ser desenvolvida com utilização de água, cuja necessidade
é maior no primeiro dia após a concretagem.
Todas as superfícies devem ser protegidas contra a secagem mesmo
que seja intermitente.
Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 274
Um período mínimo de sete (7) dias de cura molhada deve ser pro-
videnciado.
Após esse período, deve-se manter as superfícies do concreto cober-
tas por um período de quatro dias, de forma que a superfície de concreto
seque lentamente e esteja menos sujeita a trincas superficiais e de retração.
A cura deverá ser feita por um dos seguintes processos:
• Cura com aplicação direta de água ou através de algum material que
sirva de reservatório de água em contato com a superfície do con-
creto (areia, serragem, juta, etc.);
• Uso de materiais impermeáveis que sirvam de selagem e evitem ou
retardem a evaporação da água no concreto;
• A CONTRATADA deverá tomar todas as precauções para que o
concreto recém lançado não seja danificado.

7.15.6 Formas
a) Generalidades
As formas deverão ser executadas rigorosamente com as dimensões
indicadas no projeto, com material escolhido, de boa qualidade e adequado
para o tipo de acabamento destinado às superfícies de concreto por elas
envolvidas.
Devem ter a resistência para suportar os esforços resultantes do lan-
çamento do concreto, das pressões do concreto fresco vibrado e devem ter
fixação tal que não sofram deformações nem da ação destes esforços nem
pela ação dos fatores de ambiente. Devem ser tomadas precauções especiais
para garantir as contra-flechas e acabamentos indicados no projeto. A cons-
trução das formas deve ser tal que facilite a desforma, evitando-se assim
esforços e choques violentos sobre o concreto endurecido.

b) Materiais utilizados
As superfícies das formas que ficarem em contato com o concreto
devem ser executadas com materiais que produzam os acabamentos indi-
cados nas plantas de arquitetura. Na falta de qualquer indicação as formas
7. Especificações técnicas • 275
devem produzir no concreto um acabamento de rugosidade igual ou menor
do que aquele produzido por formas de pinho bruto de 3ª qualidade.
Para as partes da estrutura em concreto aparente serão utilizadas for-
mas de madeira compensada. Nas formas com superfícies revestidas com
madeira compensada do tipo “madeirit”, será exigido que o filme de prote-
ção esteja intacto.

c) Aberturas para concretagem


Todas as formas para pilares, colunas, tanques, bases de máquinas e
outras a critério da FISCALIZAÇÃO, deverão ser dotadas de aberturas con-
venientemente espaçadas e distribuídas, de modo a permitir adequado lan-
çamento e eficaz vibração do concreto. Tais aberturas deverão ser fechadas
tão logo termine a vibração do concreto na zona correspondente, de modo
a assegurar a perfeita continuidade do perfil desejado.

d) Tirantes das formas


Os tirantes metálicos embutidos deverão terminar a menos de 5cm
para dentro das superfícies de concreto. Após a desforma, os orifícios nas
faces permanentemente expostas ao ar ou à água deverão ser preenchidos
com concreto ou argamassa.
Não serão permitidos tirantes de arame embutido para manter as for-
mas em paredes de concreto sujeitas à pressão de água ou onde a superfície
do concreto através das quais se entenderiam os tirantes fiquem permanen-
temente expostas. Tirantes de arame poderão ser usados para manter as
Formas em paredes de concreto a serem posteriormente revestidas. Neste
caso, os tirantes de arame deverão ser cortados rentes com a superfície do
concreto, após a remoção das formas.

e) Escoramentos
Os escoramentos devem ser capazes de resistir aos esforços atuantes
e devem manter as formas rigidamente em suas posições. Para os escora-
mentos não serão admitidos pontaletes de madeira de seção menor que 5cm
x 7cm ou seção circular equivalente, nem mais de 3 (três) metros sem con-
Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 276
traventamento. Cada pontalete de madeira só poderá ter uma emenda, a qual
não deve ser feita no terço médio de seu comprimento.

f) Projetos de formas e escoramentos


O projeto de formas e escoramentos deverá levar em conta, além dos
esforços já mencionados nesta Especificação, os seguintes pontos:

• Seqüência de desforma e retirada de escoramento;


• Adequação do projeto para o uso de lajes ou outros elementos es-
truturais da estrutura de concreto para suportar as cargas de cons-
trução em níveis superiores;
• Existência de ancoragens, amarrações de formas, escoras e contra-
ventamento;
• Ajustamento da forma durante a concretagem (recalques, deforma-
ções, etc.);
• "inserts" e "Waterstops";
• Andaimes e passarelas;
• Aberturas e vibradores;
• Abertura para limpeza;
• Juntas de construção e juntas de dilatação;
• Seqüência de lançamento de concreto e mínimo tempo entre lança-
mentos adjacentes;
• Sarrafos para chanfros;
• Vedação para prevenção de perda de argamassa;
• Recobrimento das barras de armadura.

g) Precauções anteriores ao lançamento do concreto


Antes do lançamento do concreto devem ser vedadas as juntas das
formas e feita a limpeza para as superfícies em contato com o concreto
7. Especificações técnicas • 277
ficarem isentas de impurezas que possam influenciar a qualidade dos aca-
bamentos.
As formas de madeira deverão, imediatamente antes do lançamento,
ser molhadas até a saturação. Furos nas formas deverão ser previstos para o
escoamento da água em excesso.
A utilização de aditivos especiais que aplicados nas paredes das for-
mas permita uma desforma mais fácil só poderá ser adotada após autoriza-
ção da FISCALIZAÇÃO, e, uma vez demonstrado pelo fabricante que seu
emprego não introduz mancha ou alterações no aspecto exterior da peça.

h) Retirada das formas


Em geral, as formas devem ser retiradas após os seguintes períodos,
com consulta à FISCALIZACÃO:

• Faces laterais: 4 dias;


• Faces inferiores com pontaletes bem acunhados: 14 dias;
• Faces inferiores sem pontaletes: 21 dias.

No caso de se utilizar, sob aprovação prévia da FISCALIZAÇÃO,


cimentos de alta resistência inicial, processo de cura a vapor ou aditivos
especiais, os prazos indicados acima poderão ser reduzidos, a critério da
FISCALIZAÇÃO.
Na retirada do escoramento, deve ser dada especial atenção à ordem
de retirada dos pontaletes, de maneira a se evitar inversão dos momentos
solicitantes. Assim, nos balanços, a ordem de retirada é da extremidade para
dentro e nos vãos do centro para os apoios.
As formas devem ser removidas, com cuidado, a fim de não se dani-
ficar o concreto.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 278


i) Aberturas, furos e peças embutidas
Para execução de aberturas, furos e colocação de peças embutidas
deverão ser tomadas providências prévias a concretagem, evitando-se a exe-
cução e colocação posterior, o que poderia danificar o concreto adjacente
aos mesmos.
As necessárias formas de abertura e dos furos, como também as pe-
ças embutidas, deverão ser cuidadosamente posicionadas, fixadas e concre-
tadas. É recomendável cuidado na elaboração das formas de aberturas, a fim
de facilitar a sua posterior desforma.

7.15.7 Armaduras
Os tipos de aço a serem usados estarão indicados nos desenhos do
projeto, assim como nas respectivas listas de material. Os aços utilizados
deverão obedecer às normas NBR-7211, NBR-6152, NBR-6153 e outras
normas da ABNT pertinentes.
Quando forem adotadas malhas soldadas pré-fabricadas, os desenhos
do projeto executivo e suas listas de material indicarão o tipo de malha a ser
empregado, e as mesmas deverão estar de acordo com a NBR-7481.
A CONTRATADA deverá inspecionar cada partida de material que
cheque à obra, colhendo amostras para ensaios, de acordo com a NBR-
7480. Os ensaios deverão ser executados por laboratório idôneo e os resul-
tados deverão ser submetidos à FISCALIZAÇÃO, que aceitará ou não o
material.
As barras de aço deverão ser desempenadas antes das operações de
corte e dobragem. Os trabalhos de desempeno, corte e dobramento deverão
ser executados com cuidado, a fim de que não fiquem prejudicadas as carac-
terísticas mecânicas do material.
Todas as barras deverão ser cortadas de acordo com os detalhes indi-
cados nas listas de material dos desenhos do projeto executivo.
As tolerâncias de fabricação serão as seguintes:
• Comprimento total da barra ±3cm;
• Comprimento vertical de barras dobradas ±1cm;

7. Especificações técnicas • 279


• Estribos ±1cm;
• Todas as demais barras ±3cm.

As armações deverão ser revestidas por aguada de cimento antes de


estocadas. As barras de aço deverão ser convenientemente limpas de quais-
quer substâncias prejudiciais à aderência como óleos, graxa, escamas desta-
cadas de oxidação, etc.
Todas as barras deverão ser instaladas no interior das formas, obede-
cendo-se rigorosamente os detalhes dos desenhos de projeto.
As tolerâncias de montagem serão as seguintes:

o Recobrimento da armadura
±0,5cm;
o Espaçamento mínimo entre as barras longitudinais
±5,0cm;
o Posicionamento vertical das barras superiores em lajes e
vigas:
 Peças com altura d = 20cm
±0,5cm;
 Peças com altura 60 cm = d >20cm
±1,0cm;
 Peças com altura d > 60cm
±2,5 cm;
o Espaçamento das barras transversais: espaços iguais com
tolerância ± 5,0cm;
o Defasagem longitudinal das barras longitudinais
±5,0cm.

A armação deverá ser colocada no interior da forma, de tal maneira


que, durante o lançamento do concreto, se mantenha na posição indicada
no projeto, conservando inalterados o recobrimento, a distância das barras
entre si e os pontos de cruzamento e amarração.
Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 280
Eventualmente, algumas barras poderão ser deslocadas de sua posi-
ção, a fim de se evitar interferências com outros elementos tais como: con-
duites, "inserts", chumbadores, etc.
Se as barras tiverem que ser deslocadas de mais de diâmetro ou de
valores que excedam as tolerâncias indicadas acima, o novo posicionamento
das barras deverá ser submetido à aprovação da FISCALIZAÇÃO.
Recomenda-se, para garantir o recobrimento, o uso de pastilhas de con-
creto ou de argamassa convenientemente amarrados às barras com arame.
Os valores das espessuras das camadas de recobrimento das armadu-
ras estarão indicados nos desenhos de projeto.
As emendas das barras de armadura deverão ser feitas obedecendo-se
rigorosamente aos detalhes dos desenhos de projeto. A emendas por meio
de soldas, quando indicadas no projeto, deverão ser feitas de modo que não
afetem às características mecânicas do material.
A CONTRATADA poderá, desde que aprovado pela FISCALIZA-
ÇÃO, substituir emendas de superposições por emendas soldadas ou por
barras contínuas.

7.15.8 Tolerâncias
a) Generalidades
Os defeitos admissíveis para superfícies de concreto expostos nesta
Especificação, devem ser distinguidos das tolerâncias a seguir mencionadas.
Os desvios permitidos de linhas, níveis e dimensões são para mais ou
para menos das posições indicadas nos desenhos.
Conforme exigido pelo projeto serão mencionadas nos desenhos to-
lerâncias suplementares às abaixo especificadas.
Todos os trabalhos de concreto, fora das tolerâncias abaixo discrimi-
nadas, deverão ser refeitos por conta da CONTRATADA.

7. Especificações técnicas • 281


b) Tolerâncias em trabalhos de concreto
As prescrições do item 11 da NBR‑6118 deverão ser seguidas e o
indicado a seguir.
Variação de prumo:
Em linha ou superfícies de pilares, paredes e fundações de equipamentos:

- Em 2,50m: 5mm;
- Até 10,0m: 10mm;
- A partir de 10,0m: 20 mm.

Para estruturas enterradas, admite-se o dobro dos valores acima.


Para cantos expostos:
- Em 5,0m: 5 mm;
- Até 10,0m ou mais: 10 mm.

Variação do nível das cotas mostradas nos desenhos, com exceção


para argamassa de nivelamento.

- Em 2,50m: 5mm;
- Em módulo até 6,0m: 10mm;
- Até 10 m ou mais: 20mm.

Variação nas dimensões e locações de aberturas de pisos e paredes:


-5 mm.
Variação da seção transversal de pilares e vigas, fundações de equipa-
mentos e espessura de lajes e paredes: -5mm até +10mm.

Variação na locação de:


- Grupo ou conjunto de chumbadores: 3 mm;

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 282


- Luvas, juntas de vedação e expansão e outros embutidos: 6 mm.

Argamassa de nivelamento (grout):


- Variação do nível em relação ao indicado nos desenhos: 2 mm.

7.15.9 Controle Tecnológico do Concreto


Durante o andamento da obra, deverá ser feito o controle de qualida-
de do concreto através de um laboratório escolhido pela CONTRATADA e
aprovado pela FISCALIZAÇÃO.
A determinação de adequação dos materiais propostos para utilização
no concreto devera seguir o exposto nesta Especificação.
A verificação da qualidade do concreto será feita por meio de ensaios
em corpos de prova executados de acordo com os métodos descritos nos
NBR-5738 e NBR-5739 da ABNT. Será feita a ruptura de, no mínimo, 3
corpos de prova aos 7 dias e 3 corpos de prova aos 28 dias, para amostras
colhidas a cada 30m³ de concreto lançado. A CONTRATADA deverá for-
necer certificados oficiais de todos os ensaios realizados.
Quando julgar conveniente, a FISCALIZAÇÃO poderá solicitar en-
saios complementares, incluindo ensaios não destrutivos.
A CONTRATADA deverá estar convenientemente aparelhada para
confeccionar os corpos de prova e para os ensaios necessários para efetuar
a dosagem racional do concreto.

7.15.10 Aparelhos de Apoio


a) Generalidades
Os aparelhos de apoio a serem fornecidos deverão atender rigorosa-
mente às dimensões e posicionamento indicado no projeto executivo. De-
vem ficar assentes em superfícies de concreto rigorosamente limpas e nivela-
das. Depois de colocados, os aparelhos de apoio deverão estar perfeitamente
livres para que possam trabalhar conforme detalhado no projeto executivo.

7. Especificações técnicas • 283


As articulações em concreto deverão ser executadas em argamassa
com fc28 = 240 kg/cm² e juntamente com a parte superior do pilar, desde
que não haja indicações no projeto executivo.

b) Material
7.15.10 b 1) Aparelho de apoio de elastômero fretado
Os aparelhos de apoio fabricados em elastômero (à base de policlo-
ropreno e conhecido sob o nome de Neoprene) são constituídos por placas
de elastômero associadas com placas metálicas de fretagem com espessuras
e medidas indicadas no projeto executivo.
A ligação entre o elastômero e as placas metálicas é obtida por ade-
rência no momento de vulcanização com pressão e calor, durante a fabrica-
ção dos aparelhos de apoio do tipo monobloco.
As chapas de fretagem devem ter dimensões menores que as do elas-
tômero, de modo que as faces e as áreas de apoio do aparelho sejam cobertas
por uma camada de elastômero de, pelo menos, 3mm de espessura ou como
indicado no projeto executivo para que as chapas fiquem protegidas da oxi-
dação. Esta camada de elastômero deverá ser de dureza inferior a 20 pontos
à dureza das camadas superiores.
Qualquer aparelho de apoio deverá ser de deformações e sua super-
fície devera ser lisa, sem fissuras, bem como isenta de materiais estranhos.
Os aparelhos de apoio deverão ser embalados, transportados e estocados de
maneira que os mesmos não sofram danos.

c) Execução
7.15.10 c 1) Montagem do aparelho de apoio de elastômero fretado
A montagem dos aparelhos de apoio em suas posições definitivas,
indicadas no projeto executivo, deverá ser feita sobre uma superfície limpa e
lisa obtida com argamassa de resistência mínima à compressão de 240 kgf/
cm² aos 28 dias.
Todos os aparelhos deverão ser montados horizontalmente. Em caso
de concreto "in situ", o espaço entre a mesa e a superestrutura e entre os

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 284


diversos aparelhos de apoio devem ser preenchidos com "isopor" ou outro
material aprovado pela FISCALIZAÇÃO. A superestrutura será concretada
em cima dos aparelhos de apoio.
Deverá ser verificado rigorosamente antes da continuação dos servi-
ços, a posição e o tipo dos aparelhos de apoio indicados no projeto execu-
tivo. Deverão ser evitados o contato dos aparelhos de apoio com gorduras,
óleos, gasolina e respingos de solda.
Cuidados especiais devem ser tomados na concretagem, no sentido
de evitar que os aparelhos de apoio penetrem na superestrutura. As alturas
dos aparelhos previstos em projeto devem ser mantidas, pois sua redução
impedirá o perfeito funcionamento.
Logo após a concretagem da superestrutura e a remoção do escora-
mento (cimbres) deve ser retirado todo o material em torno dos aparelhos
de apoio para que os mesmos possam funcionar livremente.
Ficará exclusivamente à responsabilidade e às expensas da CONTRA-
TADA o controle da qualidade dos materiais e montagem dos aparelhos de
apoio para garantir um perfeito funcionamento dos mesmos.

7.15.11 Controle
a) Aparelho de apoio de elastômero fretado
A CONTRATADA deverá, ao receber os aparelhos de apoio, verifi-
car as seguintes tolerâncias:

- Espessura por camada: 20 %;


- Comprimento e largura: de 1mm a +5mm.

Para avaliar e controlar a qualidade dos aparelhos de apoio, deverão


ser feitos ensaios nos materiais utilizados para a confecção dos aparelhos
bem como nos aparelhos completos em laboratório, com antecedência su-
ficiente para não prejudicar o andamento da obra. Deverá ser fornecido um
relatório completo referente aos ensaios e aos resultados obtidos.

7. Especificações técnicas • 285


As despesas dos ensaios a serem realizados ficarão a cargo da CON-
TRATADA. Se os ensaios realizados nos aparelhos de apoio não atingirem
os valores estabelecidos nesta especificação, ficará a critério da FISCALI-
ZAÇÃO e da empresa responsável pelo projeto executivo da obra, recusar
ou aceitar com modificações nas medidas indicadas em projeto e/ou exigir
novos ensaios.
Ensaios necessários:
- Materiais do aparelho de apoio:
. Elastômero;
. Composição química: teor de elastômero = 60%;
teor de fuligem, cinza, etc. = 40%;
. Características mecânicas.

Os seguintes ensaios deverão ser realizados em corpos de prova após


vulcanização de amostras, tomadas de composição crua do elastômero.
- Ensaios de Dureza em Postos, Shore A (NBR-7318) = 60±5 u,
Durômetro A;
- Ensaio de Tração - NBR-7462;
- Tensão de Ruptura =160 kgf/cm²;
- Alongamento na Ruptura = 350%;
- Ensaio de Rasgamento (NBR-11911) =30 kgf/cm²;
- Ensaio de envelhecimento em estufa, 70 horas a 100°C (NBR-6565,
NBR-5720);
- Alteração de Dureza em Pontos, Shore A < 10 pontos (SHORE A);
- Alteração de Tensão de Ruptura à Tração ±15%;
- Alteração de Alongamento de Ruptura < 40 %;
- Ensaio à Ação de Ozônio (NBR-8360);
- Ozônio 1mm de Ar por Volume, Deformação de 20 % a 38°C ±
10°C, durante 100 horas com Nenhuma Fissura;

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 286


- Ensaio de Deformação Permanente à Compressão (NBR-10025 -
Processo B - Deformação durante 22 horas a 70°C < 25%).
- Aço componente das placas de fretagem:
. Chapas de fretagem, aço CA-50;
. Ensaio de Escoamento > 5.000 kgf/cm²;
. Ensaios NBR-6649/6650.

Ficará a critério da FISCALIZAÇÃO solicitar a realização de quais-


quer ensaios nas chapas de aço no caso de dúvida sobre a qualidade das
mesmas.
- Aparelho de apoio;
- Ensaio de Dureza em Pontos, Shore A: nas superfícies laterais entre
as chapas de aço (ASTM‑2240) = 60 ± 5m;
- Ensaio de Adesão, Ligação entre as Chapas Metálica e o Elastôme-
ro, feita durante a Vulcanização (ASTM-429 - Método B) > 30 kgf/
cm²;
- Ensaio de Envelhecimento em Estufa (168 horas a 70°C, 48 horas
a 20°C);
- Ensaio do módulo de elasticidade tangencial (transversal), 11kgf/
cm² com tolerância de ±15 %;
- Ensaio permanente com carga excêntrica (excentricamente e/a =
1/2");
- Ensaio de ruptura ao cisalhamento 70 kgf/cm2;
- Ensaio de ruptura à compressão, em corpos de prova após o ensaio
referido no Item "Ensaio Permanente com Carga Excêntrica".

Os ensaios mencionados nos itens "Ensaio Permanente com Carga


Excêntrica", "Ensaio de Ruptura do Cisalhamento" e "Ensaio de Ruptura
À Compressão" são indispensáveis para a avaliação dos aparelhos de apoio,
devido a sua importância na estrutura, para garantir um durável e perfeito
funcionamento com o objetivo de evitar substituições futuras dos mesmos.
7. Especificações técnicas • 287
Deverá ser observado, ainda, o alinhamento das chapas fretantes sob
dois aspectos:
- Paralelismo entre as chapas fretantes;
- Alinhamentos das chapas em relação à linha de prumo;

7.15.12 Demolição de Estruturas de Concreto


A demolição compreenderá todos os serviços de desmonte, escari-
ficação e apicoamento de estruturas de concreto existentes. Os limites e as
estruturas a serem demolidas deverão obedecer aos desenhos e às indicações
da FISCALIZAÇÃO.
O desmonte deverá ser executado com equipamentos de operação
manual tipo martelete pneumático com compressor ou eletromecânico.
O apicoamento e escarificação deverão ser feitos manualmente, utili-
zando-se ponteira, talhadeira e marreta. A talhadeira e/ou ponteira deverão
ser empunhadas de maneira a formar um ângulo de 45o com a face do con-
creto a ser demolida.
O corte das armaduras deverá ser feito com máquina de corte dotada
de disco diamantado ou de vídia. Cuidado especial deverá ser tomado com
o comprimento a ser deixado para ancoragem de estruturas a serem cons-
truídas e/ou acopladas.
Após a demolição, toda face exposta do concreto deverá receber uma
limpeza adequada, sendo indicado o uso de escovas com cerdas de aço, jato
de ar e água fria. A limpeza deverá ser feita de cima para baixo e do meio
para as bordas da peça de concreto.
Em hipótese alguma será admitida a utilização de explosivos para a
demolição de estruturas de concreto.
A eventual remoção de pisos ou pavimentos, ou outra obra já exe-
cutada deverá ser feita na dimensão estritamente necessária sob aprovação
da FISCALIZAÇÃO, e sua reconstituição será executada de acordo com
seu projeto. Os materiais reutilizáveis devem ser limpos e armazenados em
locais que menos embaraços causem à obra.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 288


7.16 Revestimento vegetal

7.16.1 Objetivo
Estas especificações têm por objetivo determinar os requisitos míni-
mos aplicáveis na execução de sistemas de proteção superficial com reves-
timento vegetal.

7.16.2 Condições Gerais


Os dispositivos abordados nesta especificação serão executados de
acordo com as indicações do projeto executivo, incluindo dimensões, locali-
zação, confecção, materiais e especificações particulares.
Qualquer que seja o processo de plantio adotado, a escolha das espé-
cies mais adequadas será efetuada com base de adaptabilidade das mesmas
às condições locais, sendo dada preferência às espécies nativas da região o
àquelas que tenham revelado condições de aclimação plena ao sistema – solo
– clima – vegetação – corrente no local.
Em taludes recém – construídos, o plantio deve iniciar com grama.
Vegetações de maior porte podem ser implantadas, garantidas as compatibi-
lidades de espécies, de forma a se obter uma cobertura estável e eficiente no
combate à erosão superficial.
Na seleção de espécies, os cuidados devem ser tomados com relação
a riscos de incêndio em épocas de seca.

7.16.3 Materiais
a) Grama
No revestimento vegetal poderão ser adotadas técnicas de plantio de
grama em placas ou em tapetes, tufos, em mudas ou em hidrossemeadura,
utilizando-se espécies típicas da região de implantação da obra, atendendo
às especificações próprias.

7. Especificações técnicas • 289


As placas de grama deverão ter dimensões uniformes, com formatos
retangulares ou quadrados que permitam a sua fácil acomodação conjunta
sobre as superfícies a serem revestidas.
As placas de grama deverão ter dimensões de no mínimo 0,30m de
lado, cortadas com camada de terra vegetal de aproximadamente 0,10m de
espessura, devendo ser adubadas e irrigadas adequadamente até a pega total.
O plantio através de hidrossemeadura é recomendado no caso de
áreas maiores, independentes das inclinações dos taludes, se caracteriza pela
aplicação de uma mistura aquosa de sementes, fertilizantes e elementos fi-
brosos para a proteção de raízes.
No plantio por mudas ou por hidrossemeadura associam-se conve-
nientemente as leguminosas e gramíneas intercaladas em proporção reco-
mendada pela prática agronômica e datadas de características agrobotânicas
que assegurem sua proliferação conjunta em equilíbrio de desenvolvimento.

b) Árvores e arbustos
No revestimento vegetal poderão ser adotadas técnicas de plantio de
árvores e arbustos, plantados em mudas, utilizando-se espécies típicas da
região da obra, atendendo as especificações próprias.

c) Tela vegetal
Trata-se de tela constituída de materiais vegetais fibrosos, costurada
com fios resistentes, totalmente degradáveis em 12 a 18 meses após a sua
aplicação. É utilizada para proteção superficial de taludes com superfícies
regulares ou irregulares. É aplicada em locais suscetíveis a erosão, taludes
inclinados e áreas ravinadas.

d) Geossintéticos
Geomantas são fabricadas com material sintético, não degradável,
composto por uma rede metálica em malha hexagonal, a qual oferece anco-
ragem adequada para as raízes após o crescimento.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 290


As biomantas são fabricadas com material biodegradável, absorvido
pela camada vegetal após o seu desenvolvimento.
As geocélulas são fabricadas com material sintético, não degradável,
permitindo a fixação de uma cobertura estável de solo vegetal e a futura
implantação de vegetação.
Independente da solução adotada no projeto, os geossintéticos de-
vem atender às especificações do fabricante.

e) Matéria orgânica
Qualquer tipo de plantio deverá ser utilizado de preferência o resíduo
vegetal proveniente da limpeza da faixa, podendo ser utilizado ainda, o ester-
co de curral ou ainda quaisquer resíduos orgânicos desde que bem curtidos,
a fim de não prejudicarem o desenvolvimento vegetal.

f) Material protetor
Estes materiais destinam-se a proteger as sementes contra os exces-
sos de raios solares e aumentar o poder de retenção de umidade.
Para a formação de cobertura morta serão empregados papelões ou
jornais triturados, detritos vegetais, cacas de cereais, cujos quantitativos nun-
ca serão inferiores a 300 kg/ha.

g) Fertilizantes e corretivos
Deverá ser apresentado pela empresa executante o certificado de pro-
cedência com todas as informações de origem, formulação química, pureza
e compatibilidade dos fertilizantes e corretivos.

h) Análise do solo
Será exigida da executante a realização de analise do solo, a fim de
estabelecer os quantitativos mínimos de macro e microelementos a serem
adicionados bem como a determinação de pH do solo para conhecer a ne-
cessidade ou não de se efetuar a correção.

7. Especificações técnicas • 291


7.16.4 Execução
A aplicação do revestimento vegetal se iniciará com o preparo e a
regularização da superfície de assentamento. Realiza-se a escarificação su-
perficial do solo, em sulcos paralelos de aproximadamente 15cm de pro-
fundidade, não só para permitir um bom plantio, como para eliminar áreas
erodidas, e corrigir pequenas angulosidades e outras irregularidades prejudi-
ciais ao plantio.
Concluída a regularização da superfície de assentamento será aplica-
da camada de terra vegetal previamente selecionada, além de fertilizantes,
efetuando-se adubação química e espalhamento de matéria orgânica, trata-
mento do solo contra pragas e doenças e adição de calcário dolomítico ou
cal hidratada caso necessário.
Antes da escolha definitiva das espécies a serem utilizadas, o executor
deverá comprovar a adaptabilidade destas às condições ecológicas da região,
quaisquer que sejam as espécies selecionadas.
As placas deverão ter dimensões uniformes, quer sejam extraídas por
processo manual ou mecânico, e também ser colocadas de tal forma que
fiquem perfeitamente ajustadas umas às outras, não havendo espaços entre
as mesmas e exigindo-se a cobertura com uma camada de terra para preen-
chimento dos vazios.
As leivas selecionadas serão colocadas sobre a camada de terra vegetal
e compactadas com soquetes de madeira, recomendando-se o emprego de
leivas gramíneas e leguminosas de porte baixo, de sistema radicular profun-
do e abundante, nativas da região e podadas rente, antes de sua extração.
No processo de fixação das placas nos taludes poderão ser utilizadas va-
ras de bambu, estacas de madeira e, eventualmente, telas de arama ou náilon.
O processo de semeadura será executado plantando-se as sementes
de grama mecânica ou manualmente em uma camada superficial de solo
previamente preparada para este fim.
No plantio de grama em tufos, esta é aplicada em grupos ou individu-
almente em intervalos de 7cm a 15cm, intercalando-se gramíneas e legumi-
nosas, de acordo com as indicações do projeto e a fiscalização.
Nos trabalhos de hidrossemeadura serão utilizadas espécies tais como
Hiparrheni Rufa, Brachiaria de Cumbes, Melinis Minutiflora, Cynodon Dac-
Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 292
tylon, obrigatoriamente misturadas, aplicando-se no mínimo, a um só mo-
mento, duas espécies, pois além de e completarem em desenvolvimento ra-
dicular e aéreo, são espécies perenes.
As sementes de gramíneas obrigatórias devem ser aplicadas à base de
50 kgf/ha, aproximadamente.
A execução do plantio das espécies leguminosas consorciadas às gra-
míneas será feita tendo em vista o tamanho das sementes, podendo ser uti-
lizada uma ou mais espécies, numa taxa media total de aplicação de 10 kgf/
ha, aproximadamente.
Árvores e arbustos devem ser plantados em mudas, com máximo
de 60 cm de altura, em escavações de pequenas dimensões (0,30m x 0,30m
x 0,30m), previamente executadas no talude. O espaçamento entre mudas
deve ser da ordem de 1,50 m a 2,00m.
As distâncias entre árvores e canais de drenagem ou outras estruturas
presentes no talude não devem ser inferior a 1,0m.
A fixação da tela vegetal no talude será feita através de grampos de aço,
bambu ou madeira, dependendo do tipo do solo em que esta será fixada.
A instalação das geossintéticos deve se respeitar as especificações do
fabricante.
O revestimento vegetal aplicado será periodicamente irrigado, com
freqüência mínima mensal até se constatar sua efetiva fixação nas superfícies
recobertas.

7.16.5 Manejo Ambiental


Todo material excedente de escavação ou sobras deverá ser removido
das proximidades dos dispositivos de drenagem, de modo a não provocar o
entupimento, cuidando-se ainda que este material não seja conduzido para
cursos d’ água, para no causar seu assoreamento.
Durante o desenvolvimento das obras deverão ser adotados cuidados
quanto à sinalização adequada e, quando for o caso, com a circulação de
pedestres.

7. Especificações técnicas • 293


7.16.6 Controle de Qualidade
a) Material
O controle deverá ser feito por profissional, de preferência especiali-
zado na área de agronomia (engenheiro agrônomo e/ou técnico agrícola)
O controle tecnológico das geomembranas empregadas será realiza-
do através da execução de ensaios específicos, atendidas as recomendações
dos fabricantes e as especificações particulares.

b) Geométrico
O controle geométrico da execução das obras será feito mediante
levantamentos topográficos.

c) Acabamentos
Será feito o controle qualitativo dos dispositivos, de forma visual,
avaliando-se as características de acabamento das obras executadas.

d) Aceitação e rejeição
Nenhuma área de revestimento vegetal implantado será aceita pela
Fiscalização se apresentar falhas de implantação ou incidência de ervas da-
ninhas.
Os serviços rejeitados pela Fiscalização deverão ser corrigidos, com-
plementados ou refeitos.
A área só será aceita quando, vencido o prazo de consolidação de
pelo menos 45 dias após o plantio, forem satisfeitas as seguintes exigências:
que a área tenha recebido todos os tratamentos determinados e tenha 95%
de sua superfície coberta pela vegetação especificada, em perfeito estado de
vigor e saúde.
Os resultados de controle de exceção serão registrados em relatórios
periódicos de acompanhamento.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 294


7.17 Bioengenharia

7.17.1 Objetivo
Este item define os procedimentos e os desempenhos que deverão
ser seguidos e obtidos na execução de obras de estabilização e reabilitação
de áreas com a utilização de técnicas de bioengenharia.
A observância rigorosa dos procedimentos e dos desempenhos defi-
nidos neste item será de responsabilidade da CONTRATADA e da FISCA-
LIZAÇÃO. Esta última consultará a empresa projetista e a equipe técnica da
CONTRATANTE sempre que ocorrerem situações de execução não previs-
tas no projeto executivo ou de entendimento duvidoso nesta Especificação.
A empresa projetista deverá ainda analisar e avaliar periodicamente
os resultados quanto ao andamento e desempenho dos componentes e solu-
ções elaboradas no projeto propondo medidas corretivas quando se fizerem
necessárias.

7.17.2 Materiais e Serviços de Bioengenharia


a) Introdução
As soluções propostas devem ser sempre embasadas em dados técni-
cos locais tais como geomorfologia, geologia, clima, solos e vegetação, bem
como em dados coletados em campo por meio de levantamentos topográfi-
cos e avaliações técnicas “in loco”.
Em função das alterações geradas por processos erosivos ocorridos
na área de implantação do projeto, deve ser estabelecido um programa de
recuperação de forma que o sítio degradado tenha condições mínimas de
estabelecer um novo equilíbrio dinâmico e que os aspectos geotécnicos as-
sociados sejam ambientalmente duradouros.
É importante salientar que a Bioengenharia é uma ciência multidis-
ciplinar e ainda incipiente sendo, portanto, de vital importância o acompa-
nhamento técnico do órgão fiscalizador no cumprimento rígido das normas
técnicas estabelecidas neste documento bem como nos trabalhos de adapta-
ção do projeto executivo a realidade de campo garantindo assim o sucesso
do programa.
7. Especificações técnicas • 295
As soluções técnicas a serem empregadas na estabilização e contro-
le de processos erosivos descritas a seguir devem obedecer a seqüência de
operação e parte da premissa de que as obras civis já tenham sido realizadas,
ou seja, retaludamentos, reconstruções de bermas, execução de canaletas de
drenagem e descidas d’água.

b) Paliçadas
As paliçadas são anteparos que tem como finalidade reter os sedi-
mentos e impedir o avanço da erosão por intermédio da construção de bar-
ramentos escalonados ao longo do fundo da grota, diminuindo a declividade
longitudinal do talvegue e permitindo a obtenção de menores velocidades
do fluxo de água de modo a não ocorrer mais a movimentação de partículas
do solo.
As escavações para travamento das peças deverão apresentar profun-
didade de 1,40m por 0,40m de largura, sendo seu comprimento mensurado
de acordo com a largura da erosão.
Os barramentos devem ser construídos com a utilização de dormen-
tes ferroviários de madeira com comprimento aproximado de 2,80m e deve-
rão ser montados lado a lado totalmente unidos uns aos outros de maneira
a evitar frestas entre as peças. As peças devem ser fixadas e dispostas verti-
calmente com inclinação de 15° à montante, formando um vertedouro no
alinhamento com o talvegue. As peças verticais deverão ser travadas com
peças instaladas na horizontal e cravadas no terreno.
Deverá ser instalada uma cortina constituída de biomanta vegetal,
confeccionada com pelo menos 400g de fibra de coco por m², ou manta
geotêxtil, tipo Bidim OP-50 (ou similar), na face à montante da paliçada com
o objetivo de evitar que os sedimentos finos passem pelas interfaces.
Uma paliçada deve distanciar da outra o suficiente para que a altura
máxima da paliçada a jusante esteja em nível com a base da paliçada a mon-
tante, sendo que esta diferença de nível será preenchida pelos sedimentos.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 296


c) Preenchimento de concavidades com cilindros vegetativos
Após a regularização e ancoragem dos sedimentos poderão ainda
permanecer locais que deverão ser preenchidos, onde serão utilizados os
chamados cilindros vegetativos. A aplicação do cilindro é feita juntamente
com o acerto da erosão, sendo a terra lançada sobre o mesmo, e este fixado
com grampos de aço ou madeira de acordo com a necessidade. O cilindro
pode ser aplicado para preencher focos erosivos tanto no sentido longitu-
dinal como no sentido transversal à concavidade a ser preenchida, sendo
fixado com grampos até atingir o solo mais coeso. A fixação deve ser acom-
panhada pela fiscalização para se determinar posição e locais corretos onde
serão acomodados os cilindros.
Na prática de projeto a escolha do diâmetro a ser utilizado é função da
magnitude dos espaços a serem preenchidos. Ressalta-se que a utilização do
cilindro vegetativo deverá ser considerada como última opção como elemen-
to de preenchimento das concavidades, devendo-se dar preferência ao preen-
chimento com o material terroso oriundos das escavações obrigatórias.

d) Correção do solo (aplicação de calcário)


Deverá ser aplicado calcário agrícola 45 (quarenta e cinco) dias antes
do plantio, distribuído a lanço por toda a superfície a ser recuperada. A quan-
tidade de calcário a ser lançada deverá ser dosada a partir de análise do solo.

e) Controle das formigas cortadeiras


Essa prática deve ser feita 15 (quinze) dias antes do semeio, usando-
se para isso iscas granuladas a base de Sulfluramida, a razão de 10 g/m2 de
formigueiro ou conforme indicação do fabricante, e em dias não chuvosos e
com baixa umidade relativa do ar. A área de controle deve obrigatoriamente
exceder em torno de 20% do total, de modo a estabelecer um sistema de
defesa. Durante e após o semeio esta atividade deverá ser repetida a fim de
garantir melhor controle.

7. Especificações técnicas • 297


f) Coveamento / espaçamento para herbáceas
Com auxilio de enxadão de bico ou com a quina da enxada, o cove-
amento deverá ser feito na forma de microcoveamento, o que irá propor-
cionar uma cova côncava e com isso melhor ancoramento das sementes e
adubo no talude. As microcovetas deverão ficar sempre na posição horizon-
tal e com a cavidade levemente inclinada para a face interna do talude. O
espaçamento das covas, de modo a aumentar o estoque de plântulas na es-
trutura do talude, será na forma de qüincôncio com 5,0cm de profundidade
e 10,0cm de espaçamento entre as mesmas.

g) Adubação inicial
Esta atividade deverá ser realizada manualmente a lanço por toda a
área, e caberá a Contratada a aplicação. Os insumos deverão ser aplicados
juntos e a taxa de utilização dos mesmos será da ordem de:
Adubo orgânico ................................. 1.600 kg/ha;
Fosfato natural ..................................... 200 kg/ha;
Adubo (NPK 04:14:08) ...................... 500 kg/ha.

A mistura dos insumos deverá ser preparada para aplicação em áreas


de no máximo 1.500m², afim de se garantir melhor homogeneização.

h) Semeio manual
Para efeito de um pronto estabelecimento da cobertura vegetal, proje-
ta-se a utilização de mistura de sementes de gramíneas e leguminosas, distri-
buídas manualmente a lanço, procurando-se sempre manter a maior homo-
geneidade possível de recobrimento do solo. As sementes utilizadas deverão
conter referências à porcentagem de pureza e ao poder germinativo.
Na composição da mistura de sementes deverá ser usado um mix,
de no mínimo 8 (oito) espécies diferentes entre gramíneas e leguminosas
observando sempre quais as mais indicadas para aquela situação, pois a di-
versidade torna mais eficiente a proteção do talude.
A mistura das sementes deverá ser preparada para aplicação em áreas
de no máximo 1.500m², afim de se garantir melhor homogeneização.
Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 298
O recobrimento vegetal deverá sofrer adubações de cobertura, até
que ocorra o completo estabelecimento e a ciclagem de nutrientes, ponto
em que a vegetação será auto-sustentável.
A cobertura total de vegetação deverá ser uma garantia da empresa
e quando necessário deverá efetuar repasse nas áreas não germinadas. No
caso de haver ou não o repasse, a adubação de cobertura (fertilização) ocor-
rerá em até 6 (seis) meses a contar da data de aplicação inicial, para dar um
“start up” de desenvolvimento na vegetação.

i) Aplicação de biomanta de fibras vegetais


Nos locais caracterizados por ângulos de repouso acentuado ou mes-
mo sobre material de solo pouco compactado, quase sempre, existe a neces-
sidade de utilização de tela vegetal como fator de prevenção de ravinamen-
tos e retenção de sedimentos.
Desta forma, torna-se necessário, logo após o semeio, o recobrimen-
to dos taludes com uma biomanta constituída de materiais vegetais fibrosos,
costuradas com fios resistentes, totalmente degradáveis, com espaçamento
mínimo de 5,0cm, de forma a permitir, com facilidade, a passagem dos fo-
líolos, principalmente em se tratando de Leguminosae, entre o solo e a tela
vegetal.
Essa atividade visa proteger as sementes, promovendo uma menor
exposição direta à incidência solar e evitando o transporte das sementes/
adubos pelas águas das chuvas, caso ocorra alguma estacionalidade climática
severa, além de proteger contra a ação de predadores (aves).
Após o preparo do solo, coveamento, fertilização e semeio, a tela
vegetal será estendida ao longo dos taludes ou áreas a serem cobertas. A
mesma deverá ser desenrolada a partir da crista, com recobrimento total do
solo, sendo que a área de superposição entre elas terá que se aproximar de
10,0cm.
A fixação da tela será efetuada através de grampos de aço CA-50. Os
tamanhos serão variáveis, de acordo com a dureza do terreno, cuja densida-
de deverá variar entre 2 e 4 grampos/m2, procurando sempre, deixar a tela o
mais rente possível ao solo, impedindo dessa forma, o escoamento de água
e sedimentos sob a mesma.

7. Especificações técnicas • 299


j) Adubação de cobertura
A fertilização deverá ser complementada após 45 (quarenta e cinco)
dias da germinação das Leguminosas com uma adubação de cobertura, ten-
do como base 100kg/ha de NPK (20-00-20), aplicados a lanço.

k) Ressemeio
Quarenta e cinco dias após o semeio, naquelas áreas, cuja germina-
ção não atingiu um índice satisfatório, ressemear, utilizando-se para tal, um
“Mix” idêntico ao original. Projeta-se para efeito de cálculo, uma área de
ressemeio equivalente a 20% do montante inicial.

l) Manutenção anual
A manutenção será realizada em toda a área através do controle das
plantas invasoras e o controle de formigas (um a cada seis meses). Dessa
forma, nos 12 meses após a implantação, serão realizadas duas seqüências
de tratos culturais. Deverá também ser executada Adubação de Cobertura
em toda a área.
A seguir é apresentada uma figura de corte representativo da aplica-
ção de técnicas de Bioengenharia mostrando corte/aterro do terreno natu-
ral, preenchimento das erosões, ancoragem dos sedimentos com cilindro
vegetativo e fixação e aplicação de biomantas.

7.18 Cuidados com a segurança e proteção ambiental

Deverão ser utilizados os EPI (equipamentos de proteção individual)


de uso temporário e/ou permanente em todas as atividades.
Os equipamentos utilizados deverão ser inspecionados diariamente
antes de serem transportados para o campo.
Os cabos elétricos de geradores, compactadores, compressores entre
outros, deverão atender às condições do perfeito isolamento.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 300


Nenhum equipamento ou material deverá ser colocado a uma distân-
cia menor que a metade da profundidade das cavas.
As mangueiras e acessórios que conduzem ar comprimido devem ser
de boa qualidade não sendo permitido o uso de emendas como arames ou
qualquer tipo de improvisação nos acessórios.
Em todos os trabalhos deverão ser consultados junto aos respon-
sáveis pela engenharia de segurança da obra os equipamentos de proteção
individual e coletiva essenciais para execução dos trabalhos.

7. Especificações técnicas • 301


8. Planilhas de Locação de Fundações

8.1 Cálculo da Profundidade e Afloramento para Fundação em


Tubulão

8.1.1 Fundação em tubulão com comprimento constante “L”


A figura 8.1 apresenta o tubulão com as medidas de elevação e cotas
necessárias à determinação geométrica e locação dos tubulões. Na tabela 8.1
são apresentadas as siglas constantes desta figura e suas descrições e cotas.
Exemplos de planilhas de locação de fundações são apresentados nos
anexos.

FIGURA 8.1 - Fundação em tubulão – indicação das variáveis.

8. Planilhas de Locação de Fundações • 303


TABELA 8.1 - Sigla, descrição e cota tubulões.
SIGLA DESCRIÇÃO COTA
NT Nível travessa da base 100 + ∆H + PER
NE Nível do ponto de referência 100 + ∆H
NC Nível do concreto 100 + ∆H - dist
NPC Nível do piquete central da torre 100
Ni Nível no centro da cava do pé i 100 + ∆H + Desni
NFC Nível do fundo da cava NC - L
PEi Comprimento da perna i
PER Comprimento da perna de referência
dist Distância do ponto de referência até o nível do concreto
∆H Elevação da perna de referência
AFLi Afloramento do concreto do pé i
L Comprimento do concreto

Logo a seguir é apresentado o cálculo da profundidade para um pé


qualquer (Hi):
NT = 100 + ∆H + PE R ( 8.1 )
H i = N i - NFC i ( 8.2 )
N i = 100 + Desn i ( 8.3 )
NFC i = NT - PE i - dist - L ( 8.4 )
H i = Desn i - ∆H + (PE i - PE R ) + dist + L i ( 8.5 )

Com base nos valores acima teremos o afloramento do pé i (AFLi):


AFLi = Li - H i para N > N ( 8.6 )
c i

Para Nc < Ni, AFL = 0 ou AFL = menor valor descrito no projeto.


Para Nc < Ni, alertar para cortes no terreno de (Ni – Nc) metros.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 304


8.1.2 Fundação em tubulão com comprimento “L” variável e profundidade “h”
constante
L i = NC i - NFC i ( 8.7 )
NC i = 100 + ∆H - dist ( 8.8 )
NFC i = 100 + Desn i - H i ( 8.9 )
L i = ∆H - dist - (PE i - PE R ) - Desn i + H i ( 8.10 )
AFL i = ∆H - dist - (PE i - PE R ) - Desn i ( 8.11 )

Verificar menor valor previsto para AFLi. Para Nc < (Ni + AFL-
mín
), alertar para cortes no terreno com respectivo acréscimo de pro-
fundidade, mantendo H constante.

8.2 Dimensões do Tubulão

FIGURA 8.2 - Fundação em tubulão – dimensões.

8. Planilhas de Locação de Fundações • 305


VTOTAL = V1 + V2 + V3 ( 8.12 )
2
πd
V1 = × (L - h - b ) ( 8.13 )
4
π
V2 = × h × (D 2 + Dd + d 2 ) ( 8.14 )
12
πD 2
V3 = ×b ( 8.15 )
4
Então, substituindo 8.13, 8.14 e 8.15 em 8.12, teremos:
π
VTOTAL = ×  D 2 (3b + h ) + d 2 (3L - 2h - 3b ) + Ddh  ( 8.16 )
12 

8.3 Cálculo da Profundidade e Afloramento para Fundação em


Sapata

8.3.1 Fundação em sapata com comprimento constante “L” e fuste inclinado


Para calcular a profundidade para qualquer pé deverá ser usada a
equação 8.5 para fundação em tubulão com “L” constante.

8.3.2 Fundação em sapata com comprimento “L” variável e profundidade “h”


constante
Para calcular a profundidade para qualquer pé deverá ser usada a
equação 8.6 para fundação em tubulão com “L” variável.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 306


9. Execução das fundações

9.1 Introdução

Neste capítulo serão apresentadas as diversas formas de fundações


adotadas em Linhas de Transmissão e outras curiosidades interessantes.

9.2 Relatório fotográfico

A seguir veja as fotos e as explicações abaixo de cada uma delas.

9. Execução das fundações • 307


Ensaio de arrancamento de fundação de Enchimento de tubo PVC para proteção das
estai com tripé. barras de ancoragem em fundações
de estais.

Forma de afloramento em concreto e Preparação de forma e armação para con-


nivelamento de stub. cretagem de bloco ancorado em rocha.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 308


Preparação de forma e armação para con- Forma de afloramento em concreto e
cretagem de bloco ancorado em rocha. nivelamento de stub.

Escoramento de terreno para execução de Calha para escoamento do concreto para


sapata submersa. concretagem de sapata.

9. Execução das fundações • 309


Concretagem de fundação em sapata. Concretagem de fundação em sapata.

Concretagem de fundação em tubulão. Conferência da inclinação do stub.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 310


Conferência da inclinação do stub. Vazamento de nata de cimento pela
forma.

Vazamento de nata de cimento pela forma. Verificação da consistência do concreto


(Slump teste).

9. Execução das fundações • 311


Verificação da consistência do concreto Fundação em tubulão com barra redonda
(Slump teste). Corpos de prova moldados. retirada da fundação para verificação após
rompimento em ensaio de tração.

Aplicação de anti-sol após concretagem e Aplicação de anti-sol após concretagem e


desforma. desforma.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 312


Afloramento de fundações em tubulão. Fundação em sapata premoldada para
mastro central.

Execução de preenchimento com nata de Cravação de cilindro bizelado para verifica-


coimento em PVC de barra redonda para ção de reaterro.
fundações de estais.

9. Execução das fundações • 313


Pesagem de cilindro cheio de solo. Retirada de cilindro bizelado para
verificação de reaterro.

Compactação de reaterro de fundação. Compactação de reaterro de fundação.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 314


Compactação de reaterro de fundação de Compactação de reaterro de fundação de
mastro central. mastro central.

Compactação de reaterro de fundação de Pesagem de cilindro cheio de solo.


estai.

9. Execução das fundações • 315


Retirada da umidade do solo para ensaio Verificação de presença ou não de
de peso específico. umidade.

Preparação de garra para ensaio de arran- Ensaio de arrancamento com viga metálica
camento em tirante ancorado em rocha. em tubulão de torre autoportante.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 316


Verificação de deslocamentos em ensaio Ensaio de arrancamento com viga metálica
de arrancamento em tirante ancorado em em tubulão de torre autoportante.
rocha.

Ensaio de arrancamento com viga metálica Fixação dos extensômetros para medida de
em tubulão de torre autoportante. Peça deslocamento de haste em ensaio de ar-
adaptada para acople em stub. rancamento de fundações de estais.

9. Execução das fundações • 317


Ensaio expedito de arrancamento de funda- Desmatamento de faixa.
ções de estais sem medida de deslocamen-
tos (utilizando viga menor).

Fundação de estai e suas 1001 utilidades. Placas de acesso às torres.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 318


Sítio arqueológico encontrado na região da Escavação de tubulão com perfuratriz.
torre.

Desmatamento de faixa. Travessia de balsa.

9. Execução das fundações • 319


Fundação em bloco de concreto para solo Escavação de sapata para solo em pre-
em presença de nível de água. sença de nível de água..

Armação de bloco ancorado em rocha. Escavação de tirante na presença de rocha.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 320


Bloco de matacão na região de escavação Bloco de matacão na região de escavação
da torre. da torre.

Armação de tirantes ancorados em rocha. Escavação de tirante na presença de rocha.

9. Execução das fundações • 321


Verificação da inclinação do tirante. Escavação de tirante na presença de rocha.

Escavação de sapata. No fundo retroesca- Proteção de escavação de tubulão.


vadeira acidentada.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 322


Afloramentos de blocos ancorados em Escoramento de fundações na presença de
rocha. nível de água.

Armação de blocos premoldados de mastro Execução de fundação tipo Ischbeck.


central.

9. Execução das fundações • 323


Fundações na presença de nível de água. Escoramento de fundações na presença de
nível de água.

Escoramento de fundações na presença de Execução de fundação tipo Ischbeck.


nível de água.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 324


Execução de fundação tipo Ischbeck. Corpos de prova para nata de cimento
(norma argentina).

Barras tipo Ischbeck com pintura indicando Luva de emenda, broca de escavação,
local de aperto da luva. centralizador tipo Ischbeck.

9. Execução das fundações • 325


Central móvel para produção de nata de Microestacas em Ischbeck para mastro
cimento para execução de fundação tipo central.
Ischbeck.

Verificação da fluidez da nata de cimento. Verificação da temperatura da nata de


cimento.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 326


Forma e armação de blocos premoldados Concretagem de blocos premoldados para
para mastro central. mastro central.

Cura do concreto de blocos premoldados Desforma de blocos premoldados para


para mastro central. mastro central.

9. Execução das fundações • 327


Verificação de deslocamentos em ensaio de Estacas helicoidais.
ancoragem de bloco ancorado.

Cravação de estaca helicoidal. Equipamento para execução de estacas


helicoidais.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 328


Acesso de equipamento de execução heli- Execução de estacas helicoidais.
coidal à torre.

Acesso de equipamento de execução heli- Verificação de torque para execução de


coidal à torre. estacas helicoidais.

9. Execução das fundações • 329


Armação de bloco ancorado em rocha. Locação de stub na fundação ancorada.

Fuste de sapata mal vibrado na Armação de sapata.


concretagem.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 330


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Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 334


ESTIMATIVA PRELIMINAR

Tipo Tipo Tipo Tipo Quantidade Quantidades por torre


de de de de de Escav. Tubulao em solo Escav. em sapatas Concreto in loco 20MPa (m3) Aço (kg) Forma (m2) Perfuração rocha(m)
Estrutura Torre Solo Fundação Torres unit total unit total unit total unit total unit total unit total
3
Auto J2S3 I(1600kgf/m ) Tubulão 6 7,20 43,20 0,00 0,00 9,02 54,12 312,00 1872,00 5,02 30,12 0,00 0,00
3
Portantes II(1500kgf/m ) Tubulão 12 9,12 109,44 0,00 0,00 11,13 133,56 360,00 4320,00 5,02 60,24 0,00 0,00
3
(30) III(1200kgf/m ) Tubulão 9 16,96 152,64 0,00 0,00 19,76 177,84 408,00 3672,00 5,02 45,18 0,00 0,00
3
IV(1000kgf/m ) Sapata 3 0,00 0,00 141,52 424,56 31,44 94,32 2255,00 6765,00 34,55 103,65 0,00 0,00
3
J2S8 I(1600kgf/m ) Tubulão 1 7,40 7,40 0,00 0,00 9,24 9,24 320,00 320,00 5,02 5,02 0,00 0,00
3
II(1500kgf/m ) Tubulão 3 12,18 36,54 0,00 0,00 14,50 43,50 396,00 1188,00 5,02 15,06 0,00 0,00
3
(7) III(1200kgf/m ) Tubulão 2 16,96 33,92 0,00 0,00 19,76 39,52 472,00 944,00 5,02 10,04 0,00 0,00
3
IV(1000kgf/m ) Sapata 1 0,00 0,00 158,87 158,87 25,56 25,56 2320,00 2320,00 36,65 36,65 0,00 0,00
3
J2A30 I(1600kgf/m ) Tubulão 9 9,08 81,72 0,00 0,00 10,60 95,40 624,00 5616,00 5,02 45,18 0,00 0,00
3
(27) III(1200kgf/m ) Sapata 15 0,00 0,00 167,31 2509,65 33,84 507,60 2440,00 36600,00 39,60 594,00 0,00 0,00
3
IV(1000kgf/m ) Sapata 3 18,45 55,35 199,54 598,62 32,16 96,48 2919,00 8757,00 46,11 138,33 0,00 0,00
J2A60F I(1600kgf/m3) Tubulão 1 14,36 14,36 0,00 0,00 16,90 16,90 908,00 908,00 5,02 5,02 0,00 0,00
3
(6) III(1200kgf/m ) Sapata 4 0,00 0,00 322,56 1290,24 62,13 248,52 3388,00 13552,00 51,84 207,36 0,00 0,00
3
IV(1000kgf/m ) Sapata 1 0,00 0,00 351,55 351,55 67,51 67,51 3681,00 3681,00 56,50 56,50 0,00 0,00

TOTAL AUTO - PORTANTES 70 534,57 5.333,49 1.610,07 90.515,00 1.352,35 0,00


Escav.Estais Tub (m3) Escav. MC e cachimbo Concreto in loco 20MPa (m3) Aço (kg) Forma (m2) Perfuração rocha(m)
unit total unit total unit total unit total unit total unit total
Estaiadas J2E1/J2E3 I Estai-tubulão in loco 43 4,60 197,80 0,00 0,00 4,92 211,56 212,00 9116,00 1,76 75,68 0,00 0,00
3
(146) 1600kgf/m MC-tubulão in loco 43 0,00 0,00 1,30 55,90 1,35 58,05 62,00 2666,00 1,12 48,16 0,00 0,00
II Estai-tubulão in loco 44 5,40 237,60 0,00 0,00 5,68 249,92 244,00 10736,00 0,00 0,00 0,00 0,00
3
1500kgf/m MC-tubulão in loco 44 0,00 0,00 1,87 82,28 1,97 86,68 88,00 3872,00 1,12 49,28 0,00 0,00
III Estai-tubulão in loco 44 6,16 271,04 0,00 0,00 6,48 285,12 276,00 12144,00 1,76 77,44 0,00 0,00
3
1200kgf/m MC-tubulão in loco 44 0,00 0,00 3,20 140,80 2,04 89,76 122,00 5368,00 2,91 128,04 0,00 0,00
IV Estai-bloco in loco 15 39,95 599,25 0,00 0,00 8,41 126,15 2,80 42,00 0,00 0,00 0,00 0,00
3
1000kgf/m MC-Sapata PM 15 0,00 0,00 17,88 268,20 0,00 0,00 188,59 2828,85 4,36 65,40 0,00 0,00

TOTAL ESTAIADAS 146 1.305,69 547,18 1.107,24 46.772,85 444,00 0,00

TOTAL GERAL 216 1.840,26 5.880,67 2.717,31 137.287,85 1.796,35 0,00


Anexo I - Planilha resumo de quantitativos

Anexos • 335
Anexo II - Carregamento das Fundações

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 336


Anexos • 337
Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 338
Anexo III - Investigações Geológico-Geotécnicas

Anexos • 339
Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 340
Anexo IV - Fundações Especiais

Anexos • 341
DEFINIÇÃO DE FUNDAÇÕES

TORRE
TORRE N° Nº DO DESENHO TIPO DE FUNDAÇÃO/SOLO OBSERVAÇÕES
TIPO
JTE-LT-VL-1-C-216 Fundação em Tubulão Tipo B em Solo Tipo III para Mastro Central
19/2 JDE3
JTE-LT-VL-1-C-212 Fundação em Tubulão com Grampo U em Solo Tipo III para Estais
JTE-LT-VL-1-C-216 Fundação em Tubulão Tipo B em Solo Tipo III para Mastro Central
20/1 JDE3
JTE-LT-VL-1-C-212 Fundação em Tubulão com Grampo U em Solo Tipo III para Estais
JTE-LT-VL-1-C-216 Fundação em Tubulão Tipo B em Solo Tipo III para Mastro Central
20/2 JDE3
JTE-LT-VL-1-C-212 Fundação em Tubulão com Grampo U em Solo Tipo III para Estais
JTE-LT-VL-1-C-202 Fundação em Tubulão em Solo Tipo II para Mastro Central
20/3 JDE3
JTE-LT-VL-1-C-210 Fundação em Tubulão com Grampo U em Solo Tipo II para Estais
JTE-LT-VL-1-C-202 Fundação em Tubulão em Solo Tipo II para Mastro Central
21/1 JDE3
JTE-LT-VL-1-C-210 Fundação em Tubulão com Grampo U em Solo Tipo II para Estais
JTE-LT-VL-1-C-202 Fundação em Tubulão em Solo Tipo II para Mastro Central
21/2 JDE3
JTE-LT-VL-1-C-210 Fundação em Tubulão com Grampo U em Solo Tipo II para Estais
JTE-LT-VL-1-C-216 Fundação em Tubulão Tipo B em Solo Tipo III para Mastro Central
22/1 JDE3
JTE-LT-VL-1-C-212 Fundação em Tubulão com Grampo U em Solo Tipo III para Estais
JTE-LT-VL-1-C-216 Fundação em Tubulão Tipo B em Solo Tipo III para Mastro Central
22/2 JDE3
JTE-LT-VL-1-C-212 Fundação em Tubulão com Grampo U em Solo Tipo III para Estais
JTE-LT-VL-1-C-216 Fundação em Tubulão Tipo B em Solo Tipo III para Mastro Central
23/1 JDE3
JTE-LT-VL-1-C-212 Fundação em Tubulão com Grampo U em Solo Tipo III para Estais
JTE-LT-VL-1-C-204 Fundação em Tubulão Tipo A em Solo Tipo III para Mastro Central
23/2 JDE3
JTE-LT-VL-1-C-212 Fundação em Tubulão com Grampo U em Solo Tipo III para Estais
JTE-LT-VL-1-C-204 Fundação em Tubulão Tipo A em Solo Tipo III para Mastro Central
24/1 JDE3
JTE-LT-VL-1-C-212 Fundação em Tubulão com Grampo U em Solo Tipo III para Estais
JTE-LT-VL-1-C-204 Fundação em Tubulão Tipo A em Solo Tipo III para Mastro Central Esta fundação só poderá ser construída após a sua
24/2 JDE3
confirmação pela execução da sondagem SPT.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 342


JTE-LT-VL-1-C-212 Fundação em Tubulão com Grampo U em Solo Tipo III para Estais
JTE-LT-VL-1-C-204 Fundação em Tubulão Tipo A em Solo Tipo III para Mastro Central Esta fundação só poderá ser construída após a sua
25/1 JDE3
JTE-LT-VL-1-C-212 Fundação em Tubulão com Grampo U em Solo Tipo III para Estais confirmação pela execução da sondagem SPT.
JTE-LT-VL-1-C-204 Fundação em Tubulão Tipo A em Solo Tipo III para Mastro Central Esta fundação só poderá ser construída após a sua
25/2 JDE3
JTE-LT-VL-1-C-212 Fundação em Tubulão com Grampo U em Solo Tipo III para Estais confirmação pela execução da sondagem SPT.
26/1 JDS3 JTE-LT-VL-1-C-258 Fundação em Tubulão para solo Tipo III
26/2 JDS6 JTE-LT-VL-1-C-286 Fundação em Tubulão para solo Tipo III
JTE-LT-VL-1-C-204 Fundação em Tubulão Tipo A em Solo Tipo III para Mastro Central
27/1 JDE3
JTE-LT-VL-1-C-212 Fundação em Tubulão com Grampo U em Solo Tipo III para Estais
Anexo V - Relatório de Definição de Fundações
Tabela de Locação de Estruturas e de Pontos Críticos
Locação da Estrutura Locação do Ponto Crítico
Distância do PC
Vão de Cota do
Vão a Fator de Progressiva Coordenada UTM Coordenada UTM Progressiva Coordenada UTM Coordenada UTM Cota
Nº Campo Ângulo da LT Piquete Tipo Altura à Vante da Estrutura
Vante (m) Correção (m) X (E) Y (N) (m) X (E) Y (N) (m)
(m) Central (m)
(m)
Pórtico 160,32 160,15 1,0010593 -161,03 - 605,83 145498,65 8591958,76 PÓRTICO 18,0 -77,42 83,61 145539,18 8591885,63 607,05
0/1=MV01 418,59 418,21 -0,71 8º28'18''E 608,16 145576,367 8591818,541 JDA60F 16,5 156,06 156,77 145671,74 8591694,12 608,38
0/2 365,35 365,02 417,88 - 608,62 145831,013 8591486,313 JDE3 33,0 596,19 178,31 145939,49 8591344,79 608,53
0/3=MV01A 419,74 419,35 783,23 2º43'19''E 607,96 146053,27 8591196,343 JDS3 33,0 1.013,16 229,93 146201,65 8591020,71 608,00
1/1 474,69 474,26 1.202,96 - 607,89 146324,143 8590875,711 JDE3 25,5 1.417,65 214,69 146468,68 8590716,78 607,34
1/2 483,69 483,25 1.677,66 - 607,61 146630,483 8590513,098 JDE3 31,5 1.916,01 238,35 146799,15 8590343,56 607,79
2/1 473,22 472,79 2.161,35 - 607,93 146942,63 8590143,611 JDE3 30,0 2.406,70 245,35 147100,97 8589956,19 608,10
2/2 470,54 470,11 2.634,57 - 608,23 147248,022 8589782,12 JDE3 27,0 2.876,30 241,73 147403,42 8589596,96 608,38
3/1 483,66 483,23 3.105,11 - 607,78 147551,68 8589422,681 JDE3 30,0 3.351,58 246,47 147710,74 8589234,4 607,17
3/2 456,23 455,82 3.588,77 - 606,64 147863,81 8589053,214 JDE3 28,5 3.805,20 216,43 148013,95 8588896,73 606,42
4/1=MV01B 469,00 468,58 4.045,00 0º31'38''D 605,62 148158,235 8588704,704 JDE3 28,5 4.277,61 232,61 148297,86 8588518,3 605,36
4/2 464,00 463,58 4.514,00 - 604,32 148457,591 8588343,668 JDE3 28,5 4.754,27 240,27 148610,95 8588158,71 602,97
4/3 458,00 457,59 4.978,00 - 601,45 148753,756 8587986,481 JDE3 27,0 5.193,18 215,18 148891,1 8587820,83 600,13
5/1 459,00 458,58 5.436,00 - 598,55 149046,091 8587633,913 JDE3 27,0 5.669,28 233,28 149194,99 8587454,33 597,11
5/2 468,00 467,58 5.895,00 - 595,81 149339,065 8587280,575 JDE3 27,0 6.121,60 226,60 149483,7 8587106,14 594,99
6/1 465,00 464,58 6.363,00 - 594,39 149637,783 8586920,309 JDE3 28,5 6.599,87 236,87 149788,98 8586737,96 594,25
6/2 436,00 435,61 6.828,00 - 593,83 149934,586 8586562,353 JDE3 27,0 7.070,75 242,75 150089,53 8586375,48 593,34
7/1 456,00 455,59 7.264,00 - 592,24 150212,878 8586226,72 JDE3 24,0 7.392,97 128,97 150295,25 8586127,48 588,25
7/2 500,00 499,55 7.720,00 - 584,69 150503,937 8585875,692 JDS3 15,0 8.026,99 306,99 150699,98 8585639,45 573,47
8/1 423,00 422,62 8.220,00 - 585,36 150823,08 8585490,792 JDE3 21,0 8.394,80 174,80 150934,65 8585356,23 589,23
8/2 500,00 499,55 8.643,00 - 589,39 151093,075 8585165,167 JDE3 33,0 8.903,16 260,16 151250,28 8584957,56 588,31
9/1 459,00 458,58 9.143,00 - 585,71 151412,218 8584780,268 JDE3 31,5 9.385,78 242,78 151567,22 8584593,41 582,30
9/2 499,00 498,55 9.602,00 - 575,02 151705,192 8584426,931 JDE3 33,0 9.774,99 172,99 151815,67 8584293,81 568,41
10/1 289,00 288,74 10.101,00 - 550,23 152023,696 8584042,801 JDE3 36,0 10.212,02 111,02 152094,56 8583957,34 551,67
10/2 420,00 419,62 10.390,00 - 548,39 152208,161 8583820,329 JDE3 36,0 10.475,82 85,82 152262,96 8583754,28 549,42
10/3 315,00 314,71 10.810,00 - 551,51 152476,241 8583497,013 JDE3 36,0 10.888,14 78,14 152526,16 8583436,9 548,62
11/1A 280,00 279,75 11.125,00 - 532,34 152677,302 8583254,527 JDS3 45,0 11.267,24 142,24 152768,09 8583145,03 529,81
11/1 413,00 412,63 11.405,00 - 528,78 152856,022 8583038,983 JDS6 39,0 11.584,23 179,23 152970,42 8582901,01 525,02
11/2 331,00 330,70 11.818,00 - 524,62 153119,634 8582721,056 JDS3 45,0 11.928,59 110,59 153190,23 8582635,94 523,86
12/1 403,00 402,63 12.149,00 - 522,03 153330,907 8582466,252 JDS3 45,0 12.380,12 231,12 153478,44 8582288,34 527,85
12/2 378,00 377,66 12.552,00 - 525,93 153588,136 8582156,023 JDS3 45,0 12.754,64 202,64 153717,4 8581999,96 537,16
12/3 444,00 443,60 12.930,00 - 535,47 153829,408 8581865,039 JDE3 36,0 12.996,08 66,08 153871,62 8581814,2 529,01
13/1 486,00 485,56 13.374,00 - 528,86 154112,807 8581523,248 JDS3 43,5 13.611,52 237,52 154264,39 8581340,39 541,94
13/2 290,00 289,74 13.860,00 - 558,04 154423,015 8581149,126 JDE3 33,0 13.923,83 63,83 154463,59 8581099,85 560,80
14/1 407,00 406,63 14.150,00 - 551,79 154608,118 8580925,884 JDE3 31,5 14.346,33 196,33 154733,43 8580774,75 545,76
14/1A 341,00 340,69 14.557,00 - 534,26 154867,9 8580612,576 JDE3 36,0 14.779,14 222,14 155009,69 8580441,57 534,08
14/2 329,00 328,70 14.898,00 - 534,31 155085,556 8580350,075 JDE3 36,0 15.084,55 186,55 155204,63 8580206,47 538,25
15/1 281,00 280,75 15.227,00 - 543,40 155295,552 8580096,811 JDE3 36,0 15.361,35 134,35 155381,22 8579993,32 545,31
15/1A 324,00 323,71 15.508,00 - 545,46 155474,91 8579880,497 JDE3 36,0 15.671,60 163,60 155579,33 8579754,56 550,03
15/2 478,00 477,57 15.832,00 - 549,69 155681,715 8579631,082 JDS3 45,0 16.034,14 202,14 155810,7 8579475,44 542,53
16/1 400,00 399,64 16.310,00 - 541,56 155986,816 8579263,118 JDS3 45,0 16.488,36 178,36 156100,67 8579125,82 540,55
16/2 351,00 350,68 16.710,00 - 539,07 156242,13 8578955,199 JDS3 45,0 16.942,61 232,61 156390,6 8578776,13 552,80
17/1 202,00 201,82 17.061,00 - 567,58 156466,169 8578684,999 JDE3 33,0 17.106,64 45,64 156495,17 8578649,75 576,10
17/1A 237,00 236,79 17.263,00 - 578,71 156595,103 8578529,5 JDE3 36,0 17.380,92 117,92 156670,37 8578438,73 577,98
17/2 205,00 204,81 17.500,00 - 577,01 156746,377 8578347,057 JDE3 36,0 17.600,87 100,87 156810,37 8578269,09 576,10
17/2A 255,00 254,77 17.705,00 - 575,29 156877,225 8578189,249 JDE3 36,0 17.844,82 139,82 156966,47 8578081,61 574,63
17/3 210,00 209,81 17.960,00 - 573,37 157039,988 8577992,95 JDE3 36,0 18.070,98 110,98 157110,83 8577907,52 572,32
18/1A 240,00 239,78 18.170,00 - 571,27 157174,028 8577831,292 JDE3 36,0 18.285,56 115,56 157247,79 8577742,33 569,66
18/1 336,00 335,70 18.410,00 - 567,57 157327,217 8577646,54 JDE3 36,0 18.584,88 174,88 157438,84 8577511,92 564,51
18/2 467,00 466,58 18.746,00 - 558,29 157541,681 8577387,888 JDE3 36,0 18.978,56 232,56 157698,97 8577216,2 565,55
19/1 469,00 468,58 19.213,00 - 570,92 157839,761 8577028,392 JDE3 36,0 19.477,94 264,94 158008,87 8576824,44 574,37
19/2 395,00 394,64 19.682,00 - 575,58 158139,117 8576667,355 JDE3 22,5 19.859,96 177,96 158261,56 8576537,71 576,23
20/1 466,00 465,58 20.077,00 - 575,48 158391,24 8576363,285 JDE3 22,5 20.271,93 194,93 158524,52 8576220,57 573,99
20/2 440,00 439,60 20.543,00 - 570,05 158688,682 8576004,558 JDE3 36,0 20.770,95 227,95 158843,03 8575836,42 566,95
20/3 497,00 496,55 20.983,00 - 572,03 158969,528 8575665,847 JDE3 36,0 21.262,20 279,20 159138,88 8575443,58 578,06
21/1 459,00 458,58 21.480,00 - 581,35 159286,756 8575283,257 JDE3 27,0 21.724,97 244,97 159434,22 8575087,3 585,61
21/2 471,00 470,57 21.939,00 - 587,85 159579,729 8574929,919 JDE3 28,5 22.173,21 234,21 159720,37 8574742,29 590,58
22/1 467,00 466,58 22.410,00 - 592,44 159880,362 8574567,343 JDE3 28,5 22.660,20 250,20 160040,06 8574374,74 594,27
22/2 470,00 469,57 22.877,00 - 594,63 160178,442 8574207,847 JDE3 28,5 23.102,68 225,68 160331,34 8574041,46 595,31
23/1 476,00 475,57 23.347,00 - 595,50 160478,437 8573846,042 JDE3 28,5 23.583,78 236,78 160638,42 8573671,11 595,44
23/2 471,00 470,57 23.823,00 - 595,60 160782,261 8573479,617 JDE3 28,5 24.055,67 232,67 160939,63 8573307,85 597,22
24/1 469,00 468,58 24.294,00 - 598,39 161082,894 8573117,042 JDE3 28,5 24.532,74 238,74 161226,42 8572925,92 600,58
24/2 468,00 467,58 24.763,00 - 601,63 161382,25 8572756,006 JDE3 28,5 24.996,50 233,50 161522,43 8572568,91 603,14
25/1 465,00 464,58 25.231,00 - 603,50 161680,968 8572395,74 JDE3 28,5 25.461,46 230,46 161836,92 8572225,67 604,49
25/2 342,00 341,69 25.696,00 - 605,26 161977,771 8572037,784 JDE3 27,0 25.919,58 223,58 162120,48 8571865,67 605,74
26/1 550,00 549,50 26.038,00 - 597,83 162196,065 8571774,512 JDS3 21,0 26.373,69 335,69 162410,2 8571515,98 561,06
26/2 437,00 436,60 26.588,00 - 546,71 162547,122 8571351,123 JDS6 39,0 26.780,95 192,95 162670,28 8571202,59 541,56
27/1 500,00 499,55 27.025,00 - 543,45 162826,053 8571014,721 JDE3 36,0 27.350,92 325,92 163034,09 8570763,83 547,54
27/2 445,00 444,60 27.525,00 - 550,78 163145,197 8570629,821 JDE3 24,0 27.659,14 134,14 163230,45 8570526,25 540,81
27/3 500,00 499,55 27.970,00 - 532,07 163429,234 8570287,26 JDE3 34,5 28.249,47 279,47 163607,62 8570072,12 538,08
28/1 449,00 448,59 28.470,00 - 545,89 163748,377 8569902,361 JDE3 25,5 28.670,71 200,71 163876,49 8569747,86 548,58
28/2 500,00 499,55 28.919,00 - 544,08 164034,968 8569556,721 JDE3 34,5 29.226,66 307,66 164231,34 8569319,88 544,79
29/1 414,00 413,63 29.419,00 - 552,35 164354,111 8569171,822 JDE3 28,5 29.635,70 216,70 164492,43 8569005 557,96
1,0009065
29/2 500,00 499,55 29.833,00 - 550,41 164618,361 8568853,125 JDE3 31,5 30.077,64 244,64 164773,63 8568664,07 541,96
30/1 360,00 359,67 30.333,00 - 534,22 164937,504 8568468,225 JDE3 36,0 30.454,59 121,59 165014,13 8568373,81 530,31
30/2 487,00 486,56 30.693,00 - 526,42 165167,287 8568191,098 JDS3 45,0 30.889,04 196,04 165292,42 8568040,18 530,51
31/1 448,00 447,59 31.180,00 - 529,57 165478,133 8567816,205 JDE3 36,0 31.401,44 221,44 165618,22 8567644,7 543,87
31/2 475,00 474,57 31.628,00 - 541,44 165764,085 8567471,335 JDE3 33,0 31.818,29 190,29 165884,16 8567323,71 535,52
Anexo VI - Tabela de Locação de Estruturas e Pontos Críticos

Anexos • 343
32/1 409,00 408,63 32.103,00 - 536,95 166067,271 8567105,681 JDE3 36,0 32.345,78 242,78 166220,67 8566917,5 556,20
32/2 500,00 499,55 32.512,00 - 547,96 166328,33 8566790,833 JDE3 36,0 33.000,32 488,32 166638,23 8566413,45 574,07
33/1 388,00 387,65 33.012,00 - 574,74 166647,473 8566405,933 JDE3 21,0 33.291,34 279,34 166812,97 8566180,28 591,49
33/2 463,00 462,58 33.400,00 - 596,68 166895,128 8566107,251 JDE3 21,0 33.562,75 162,75 166999,01 8565981,97 597,33
33/3 489,00 488,56 33.863,00 - 597,72 167190,655 8565750,834 JDE3 36,0 34.132,72 269,72 167362,82 8565543,2 598,11
34/1 439,00 438,60 34.352,00 - 597,43 167502,777 8565374,403 JDE3 25,5 34.572,24 220,24 167643,36 8565204,86 595,22
34/2 411,00 410,63 34.791,00 - 591,67 167782,985 8565036,461 JDE3 27,0 35.009,33 218,33 167922,34 8564868,39 587,25
35/1 500,00 499,55 35.202,00 - 582,53 168045,32 8564720,073 JDE3 21,0 35.549,51 347,51 168267,68 8564453,01 567,50
35/2 459,00 458,58 35.702,00 - 569,59 168364,463 8564335,174 JDE3 24,0 35.953,32 251,32 168525,55 8564142,27 566,44
36/1 497,00 496,55 36.161,00 - 562,53 168657,437 8563981,836 JDE3 31,5 36.377,88 216,88 168795,87 8563814,88 557,23
36/2 459,00 458,58 36.658,00 - 544,18 168974,665 8563599,246 JDS3 45,0 36.910,65 252,65 169136,94 8563405,6 532,57
37/1 479,00 478,57 37.117,00 - 538,83 169267,638 8563245,908 JDS3 45,0 37.412,37 295,37 169456,17 8563018,53 557,57
20/3 497,00 496,55 20.983,00 - 572,03 158969,528 8575665,847 JDE3 36,0 21.262,20 279,20 159138,88 8575443,58 578,06
21/1 459,00 458,58 21.480,00 - 581,35 159286,756 8575283,257 JDE3 27,0 21.724,97 244,97 159434,22 8575087,3 585,61
21/2 471,00 470,57 21.939,00 - 587,85 159579,729 8574929,919 JDE3 28,5 22.173,21 234,21 159720,37 8574742,29 590,58
22/1 467,00 466,58 22.410,00 - 592,44 159880,362 8574567,343 JDE3 28,5 22.660,20 250,20 160040,06 8574374,74 594,27
22/2 470,00 469,57 22.877,00 - 594,63 160178,442 8574207,847 JDE3 28,5 23.102,68 225,68 160331,34 8574041,46 595,31
23/1 476,00 475,57 23.347,00 - 595,50 160478,437 8573846,042 JDE3 28,5 23.583,78 236,78 160638,42 8573671,11 595,44
23/2 471,00 470,57 23.823,00 - 595,60 160782,261 8573479,617 JDE3 28,5 24.055,67 232,67 160939,63 8573307,85 597,22
24/1 469,00 468,58 24.294,00 - 598,39 161082,894 8573117,042 JDE3 28,5 24.532,74 238,74 161226,42 8572925,92 600,58
24/2 468,00 467,58 24.763,00 - 601,63 161382,25 8572756,006 JDE3 28,5 24.996,50 233,50 161522,43 8572568,91 603,14
25/1 465,00 464,58 25.231,00 - 603,50 161680,968 8572395,74 JDE3 28,5 25.461,46 230,46 161836,92 8572225,67 604,49
25/2 342,00 341,69 25.696,00 - 605,26 161977,771 8572037,784 JDE3 27,0 25.919,58 223,58 162120,48 8571865,67 605,74
26/1 550,00 549,50 26.038,00 - 597,83 162196,065 8571774,512 JDS3 21,0 26.373,69 335,69 162410,2 8571515,98 561,06
26/2 437,00 436,60 26.588,00 - 546,71 162547,122 8571351,123 JDS6 39,0 26.780,95 192,95 162670,28 8571202,59 541,56
27/1 500,00 499,55 27.025,00 - 543,45 162826,053 8571014,721 JDE3 36,0 27.350,92 325,92 163034,09 8570763,83 547,54
27/2 445,00 444,60 27.525,00 - 550,78 163145,197 8570629,821 JDE3 24,0 27.659,14 134,14 163230,45 8570526,25 540,81
27/3 500,00 499,55 27.970,00 - 532,07 163429,234 8570287,26 JDE3 34,5 28.249,47 279,47 163607,62 8570072,12 538,08
28/1 449,00 448,59 28.470,00 - 545,89 163748,377 8569902,361 JDE3 25,5 28.670,71 200,71 163876,49 8569747,86 548,58
28/2 500,00 499,55 28.919,00 - 544,08 164034,968 8569556,721 JDE3 34,5 29.226,66 307,66 164231,34 8569319,88 544,79
29/1 414,00 413,63 29.419,00 - 552,35 164354,111 8569171,822 JDE3 28,5 29.635,70 216,70 164492,43 8569005 557,96
1,0009065
29/2 500,00 499,55 29.833,00 - 550,41 164618,361 8568853,125 JDE3 31,5 30.077,64 244,64 164773,63 8568664,07 541,96
30/1 360,00 359,67 30.333,00 - 534,22 164937,504 8568468,225 JDE3 36,0 30.454,59 121,59 165014,13 8568373,81 530,31
30/2 487,00 486,56 30.693,00 - 526,42 165167,287 8568191,098 JDS3 45,0 30.889,04 196,04 165292,42 8568040,18 530,51
31/1 448,00 447,59 31.180,00 - 529,57 165478,133 8567816,205 JDE3 36,0 31.401,44 221,44 165618,22 8567644,7 543,87
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32/1 409,00 408,63 32.103,00 - 536,95 166067,271 8567105,681 JDE3 36,0 32.345,78 242,78 166220,67 8566917,5 556,20
32/2 500,00 499,55 32.512,00 - 547,96 166328,33 8566790,833 JDE3 36,0 33.000,32 488,32 166638,23 8566413,45 574,07
33/1 388,00 387,65 33.012,00 - 574,74 166647,473 8566405,933 JDE3 21,0 33.291,34 279,34 166812,97 8566180,28 591,49
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34/1 439,00 438,60 34.352,00 - 597,43 167502,777 8565374,403 JDE3 25,5 34.572,24 220,24 167643,36 8565204,86 595,22
34/2 411,00 410,63 34.791,00 - 591,67 167782,985 8565036,461 JDE3 27,0 35.009,33 218,33 167922,34 8564868,39 587,25
35/1 500,00 499,55 35.202,00 - 582,53 168045,32 8564720,073 JDE3 21,0 35.549,51 347,51 168267,68 8564453,01 567,50
35/2 459,00 458,58 35.702,00 - 569,59 168364,463 8564335,174 JDE3 24,0 35.953,32 251,32 168525,55 8564142,27 566,44
36/1 497,00 496,55 36.161,00 - 562,53 168657,437 8563981,836 JDE3 31,5 36.377,88 216,88 168795,87 8563814,88 557,23
36/2 459,00 458,58 36.658,00 - 544,18 168974,665 8563599,246 JDS3 45,0 36.910,65 252,65 169136,94 8563405,6 532,57
37/1 479,00 478,57 37.117,00 - 538,83 169267,638 8563245,908 JDS3 45,0 37.412,37 295,37 169456,17 8563018,53 557,57
37/2 434,00 433,61 37.596,00 - 564,01 169573,378 8562877,174 JDE3 22,5 37.780,57 184,57 169691,19 8562735,09 567,14
38/1 449,00 448,59 38.030,00 - 569,56 169850,394 8562543,082 JDE3 30,0 38.262,82 232,82 170007,85 8562371,2 571,41
38/2 405,00 404,63 38.479,00 - 570,65 170136,984 8562197,442 JDE3 25,5 38.678,08 199,08 170272,93 8562051,55 570,03
38/3 443,00 442,60 38.884,00 - 567,96 170395,49 8561885,673 JDE3 22,5 39.074,28 190,28 170525,8 8561746,53 565,93
39/1 321,00 320,71 39.327,00 - 562,29 170678,251 8561544,653 JDE3 30,0 39.492,15 165,15 170774,81 8561410,18 558,56
39/2 340,00 339,69 39.648,00 - 554,27 170883,141 8561297,547 JDE3 36,0 39.794,69 146,69 170976,77 8561184,63 545,88
40/1 567,00 566,49 39.988,00 - 531,91 171100,158 8561035,815 JDS3 45,0 40.349,62 361,62 171330,97 8560757,44 534,92
40/2 198,00 197,82 40.555,00 - 539,67 171462,066 8560599,339 JDE3 36,0 40.647,52 92,52 171521,12 8560528,12 540,51
40/2A 254,00 253,77 40.753,00 - 539,65 171588,447 8560446,919 JDE3 36,0 40.868,80 115,80 171662,36 8560357,77 537,84
41/1 218,00 217,80 41.007,00 - 535,68 171750,572 8560251,39 JDE3 36,0 41.089,00 82,00 171802,98 8560188,33 533,04
41/1A 253,00 252,77 41.225,00 - 531,25 171889,718 8560083,574 JDE3 36,0 41.320,82 95,82 171950,99 8560009,9 529,82
41/2 482,00 481,56 41.478,00 - 526,05 172051,205 8559888,815 JDS3 43,5 41.712,49 234,49 172200,88 8559708,3 521,58
41/3 470,00 469,57 41.960,00 - 519,75 172358,859 8559517,772 JDS3 45,0 42.269,82 309,82 172556,84 8559279,46 521,17
42/1 458,00 457,59 42.430,00 - 525,08 172658,853 8559155,966 JDS3 45,0 42.662,25 232,25 172807,09 8558977,18 521,08
42/2 457,00 456,59 42.888,00 - 525,20 172951,188 8558803,398 JDS3 45,0 43.156,63 268,63 173122,65 8558596,61 535,45
43/1 399,00 398,64 43.345,00 - 538,19 173242,885 8558451,6 JDE3 36,0 43.558,36 213,36 173379,07 8558287,36 539,83
43/2 383,00 382,65 43.744,00 - 542,12 173497,561 8558144,45 JDE3 36,0 43.963,13 219,13 173637,43 8557975,76 543,85
43/2A 345,00 344,69 44.127,00 - 543,55 173742,025 8557849,617 JDE3 27,0 44.301,57 174,57 173853,91 8557715,61 542,77
44/1 354,00 353,68 44.472,00 - 534,87 173962,234 8557584,036 JDE3 28,5 44.617,23 145,23 174054,93 8557472,24 530,75
44/2 393,00 392,64 44.826,00 - 534,33 174188,187 8557311,527 JDE3 36,0 45.060,53 234,53 174338,17 8557131,23 552,61
45/1 295,00 294,73 45.219,00 - 561,75 174439,034 8557008,996 JDE3 36,0 45.359,73 140,73 174528,86 8556900,67 566,53
45/1A 269,00 268,76 45.514,00 - 571,12 174627,328 8556781,906 JDE3 36,0 45.646,24 132,24 174711,73 8556680,11 574,09
45/2 226,00 225,80 45.783,00 - 576,38 174799,027 8556574,83 JDE3 36,0 45.896,17 113,17 174871,26 8556487,71 578,19
45/2A 235,00 234,79 46.009,00 - 579,97 174943,28 8556400,855 JDE3 36,0 46.129,65 120,65 175020,29 8556307,98 581,75
46/1 274,00 273,75 46.244,00 - 582,97 175093,277 8556219,952 JDE3 36,0 46.341,79 97,79 175155,7 8556144,67 584,16
46/1A 265,00 264,76 46.518,00 - 586,37 175268,167 8556009,027 JDS3 45,0 46.646,59 128,59 175350,25 8555910,04 587,98
46/2 310,00 309,72 46.783,00 - 589,59 175437,313 8555805,031 JDS3 45,0 46.936,15 153,15 175535,07 8555687,13 591,53
46/2A 300,00 299,73 47.093,00 - 593,04 175635,182 8555566,393 JDS3 45,0 47.250,98 157,98 175736,07 8555444,82 594,74
47/1 261,00 260,76 47.393,00 - 596,10 175826,668 8555335,453 JDS3 45,0 47.524,42 131,42 175910,55 8555234,29 597,58
47/2 273,00 272,75 47.654,00 - 599,33 175993,261 8555134,536 JDS3 45,0 47.803,00 149,00 176088,37 8555019,83 601,22
47/2A 301,00 300,73 47.927,00 - 602,45 176167,513 8554924,38 JDS3 45,0 48.080,37 153,37 176265,41 8554806,32 603,38
48/1 361,00 360,67 48.228,00 - 604,15 176359,637 8554692,671 JDS3 45,0 48.443,97 215,97 176497,47 8554526,4 604,86
48/2 503,00 502,54 48.589,00 - 604,60 176590,058 8554414,773 JDE3 36,0 48.870,22 281,22 176760,7 8554190,95 605,20
49/1 456,00 455,59 49.092,00 - 604,97 176911,116 8554027,564 JDE3 28,5 49.333,68 241,68 177056,53 8553834,18 604,58
49/2 480,00 479,57 49.548,00 - 603,70 177202,175 8553676,536 JDE3 27,0 49.785,80 237,80 177345,11 8553486,14 602,92
50/1 478,00 477,57 50.028,00 - 601,87 177508,552 8553307,032 JDE3 31,5 50.284,03 256,03 177663,12 8553102,6 601,64
50/2 478,00 477,57 50.506,00 - 600,94 177813,653 8552939,068 JDE3 27,0 50.733,23 227,23 177958,69 8552764,14 601,99
50/3 479,00 478,57 50.984,00 - 603,64 178118,754 8552571,104 JDE3 30,0 51.233,85 249,85 178269,38 8552371,43 605,50
51/1 473,00 472,57 51.463,00 - 606,40 178424,493 8552202,37 JDE3 28,5 51.707,93 244,93 178580,82 8552013,82 606,75
51/2 485,00 484,56 51.936,00 - 606,81 178726,403 8551838,255 JDE3 28,5 52.170,00 234,00 178875,76 8551658,12 606,36
52/1 454,00 453,59 52.421,00 - 604,58 179035,971 8551464,903 JDE3 31,5 52.628,09 207,09 179177 8551312,83 597,92
52/2 488,00 487,56 52.875,00 - 577,61 179325,753 8551115,414 JDE3 33,0 53.166,05 291,05 179520,37 8550898,7 563,23
461,58

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 344


53/1 462,00 53.363,00 - 557,07 179637,237 8550739,752 JDE3 22,5 53.554,53 191,53 179759,48 8550592,31 553,54
53/2 481,00 480,56 53.825,00 - 549,90 179932,125 8550384,105 JDE3 31,5 54.047,80 222,80 180083,18 8550219,93 549,62
54/1 478,00 477,57 54.306,00 - 541,36 180239,141 8550013,832 JDE3 34,5 54.577,39 271,39 180403,51 8549797,58 538,56
54/2 481,00 480,56 54.784,00 - 537,64 180544,242 8549645,868 JDE3 22,5 54.935,59 151,59 180649,69 8549536,38 533,70
55/1 435,00 434,61 55.265,00 - 538,11 180851,258 8549275,594 JDE3 22,5 55.437,33 172,33 180961,27 8549142,94 543,34
55/2 500,00 499,55 55.700,00 - 544,25 181128,912 8548940,732 JDE3 34,5 55.957,62 257,62 181293,35 8548742,41 546,28
56/1 431,00 430,61 56.200,00 - 546,49 181448,055 8548555,832 JDE3 30,0 56.427,62 227,62 181593,34 8548380,61 544,25
56/2 500,00 499,55 56.631,00 - 536,88 181723,157 8548224,049 JDE3 25,5 56.929,32 298,32 181913,57 8547994,4 532,90
57/1 436,00 435,61 57.131,00 - 539,74 182042,3 8547839,149 JDAT 24,0 57.333,49 202,49 182171,55 8547683,27 543,77
57/2 461,00 460,58 57.567,00 - 544,82 182320,593 8547503,517 JDE3 30,0 57.798,61 231,61 182468,43 8547325,22 542,88
58/1 498,00 497,55 58.028,00 - 537,13 182614,843 8547148,639 JDE3 28,5 58.259,47 231,47 182762,59 8546970,45 527,48
58/2 456,00 455,59 58.526,00 - 513,34 182932,709 8546765,279 JDE3 36,0 58.787,39 261,39 183099,55 8546564,07 525,27
58/3 382,74 382,39 58.982,00 - 532,65 183223,768 8546414,251 JDE3 28,5 59.199,68 217,68 183362,55 8546246,55 540,84
Anexo VI - Tabela de Locação de Estruturas e Pontos Críticos - continuação
LOCAÇÃO DAS ESTRUTURAS ESTRUTURAS FUNDAÇÕES CONDUTOR, PÁRA-RAIOS E ACESSÓRIOS
TIPOS DE ARRANJOS DE FERRAGENS
TIPO DE FUNDAÇÃO S = SUSPENSÃO A = ANCORAGEM
NÚMERO
VÃO ENTRE (VER NOTA 5)
DA
ESTRUTURAS PÉS
ESTRUTURA

FASE
DISTÂNCIA ÂNGULO COORDENADAS (metros) CONDUTOR PÁRA-RAIOS

VÃO PARA
ESTRUTURA
ESTRUTURA
PROGRESSIVA DA

NO CONDUTOR

TIPO
QUANTIDADE DE

REAL
NO PÁRA-RAIOS

QUANTIDADE DE
QUANTIDADE DE

O CONDUTOR POR

ESPAÇADORES NO
ESTAIS

(metros)
(metros)
(metros)
(metros)
(metros)

ALTURA
(metros) LINHA

AMORTECEDORES
AMORTECEDORES

A RÉ E A VANTE DA
A RÉ E A VANTE DA
( VER NOTA 6 )

COTA DO
COTA DO

PROJETO
REFERÊNCIA

(VER NOTA 7)
QUANT.

Nº DE ESFERAS DE
MASTRO CENTRAL OU

SINALIZAÇÃO NO VÃO
CAA

PERFIL E PLANTA
CAA TERN

PIQUETE CENTRAL
PIQUETE CENTRAL
AÇO GALV. 3/8" EAR

FASE DE ATERRAMENTO

S/A
PÉS

S/A
S/A
DOTTEREL

EXTENSÃO DO CORPO

(metros)
QUANT.
QUANT.


A B C D

TIPO
TIPO
TIPO

PROJETO
COTA NO SOLO DO PÉ DE

NÚMERO DO DOCUMENTO

OPERAÇÃO
VANTE
VANTE

VÃO ENTRE
QUANT.

VÃO A VANTE

ESTRUTURAS
X Y I V J OBSERVAÇÕES
Deverá ser utilizada somente a metade dos materiais presentes no arranjo "APD".
Pórtico - 400 PÓRTICO-0/1 160,32 -161,03 - 605,83 145498,650 8591958,760 PÓRTICO 18,0 - - - - - - - 6-AD2TC - - - A - - - 1/2-APD 1/2 A 0222001 0 2 0211001 0 1
Referir-se ao ocumento SADEL 10.664.

6-AD2TC,
0/1=MV01 1 400 0/1-0/2 418,59 -0,71 8º28'18''E 608,16 608,63 145576,367 8591818,541 JDA60F 16,5 0,0 4,5 4,5 4,5 4,5 100,22 - TSI / JTE-LT-VL-1-C-370 6-AD2T e - - 12 A - - - 1-APD 1 A 5860003 1 0222001 0 2 0211001 0 1
12-SSJ2TR

4-SSI2TR e
0/2 2 400 0/2-0/3 365,35 417,88 - 608,62 - 145831,013 8591486,313 JDE3 33,0 TSII / JTE-LT-VL-1-C-202 TSII / JTE-LT-VL-1-C-210 4 2 - S - - - 1-SPD 1 S 5860003 1 0222001 2 2 0211001 0 1
2-SV1002TDR
Travessia sobre Rodovia Federal - BR 364 km 27 e
6
Travessia sobre LT 69 kV PCH Cachoeira - Vilhena km 0+633,26m.
4-SSI2TR e
0/3=MV01A 3 400 0/3-1/1 419,74 783,23 2º43'19''E 607,96 - 146053,270 8591196,343 JDS3 33,0 12,0 9,0 9,0 9,0 9,0 100,10 - TSII / JTE-LT-VL-1-C-252 4 2 - S - - - 1-SPD 1 S 5860003 1 0222001 2 2 0211001 0 1
2-SV1002TDR

4-SSI2TR e
1/1 4 400 1/1-1/2 474,69 1.202,96 - 607,89 - 146324,143 8590875,711 JDE3 25,5 TSII / JTE-LT-VL-1-C-202 TSII / JTE-LT-VL-1-C-210 4 2 - S - - - 1-SPD 1 S 5860003 1 0222001 2 2 0211001 0 1
2-SV1002TDR

4-SSI2TR e
1/2 5 400 1/2-2/1 483,69 1.677,66 - 607,61 - 146630,483 8590513,098 JDE3 31,5 TSII / JTE-LT-VL-1-C-202 TSII / JTE-LT-VL-1-C-210 4 2 - S - - - 1-SPD 1 S 5860003 1 0222001 2 2 0211001 0 1
2-SV1002TDR

4-SSI2TR e
2/1 6 400 2/1-2/2 473,22 2.161,35 - 607,93 - 146942,630 8590143,611 JDE3 30,0 TSII / JTE-LT-VL-1-C-202 TSII / JTE-LT-VL-1-C-210 4 2 - S - - - 1-SPD 1 S 5860003 1 0222001 2 2 0211001 0 1
2-SV1002TDR

4-SSI2TR e
2/2 7 400 2/2-3/1 470,54 2.634,57 - 608,23 - 147248,022 8589782,120 JDE3 27,0 TSII / JTE-LT-VL-1-C-202 TSII / JTE-LT-VL-1-C-210 4 2 - S - - - 1-SPD 1 S 5860003 1 0222001 2 2 0211001 0 1
2-SV1002TDR

4-SSI2TR e
3/1 8 401 3/1-3/2 483,66 3.105,11 - 607,78 - 147551,680 8589422,681 JDE3 30,0 TSII / JTE-LT-VL-1-C-202 TSII / JTE-LT-VL-1-C-210 4 2 - S - - - 1-SPD 1 S 5860003 1 0222001 2 2 0211001 0 1
2-SV1002TDR
Pista de pouso a ser desativada / remanejada.

4-SSI2TR e
3/2 9 401 3/2-4/1 456,23 3.588,77 - 606,64 - 147863,810 8589053,214 JDE3 28,5 TBSIII / JTE-LT-VL-1-C-216 TSIII / JTE-LT-VL-1-C-212 4 2 - S - - - 1-SPD 1 S 5860003 1 0222001 2 2 0211001 0 1
2-SV1002TDR

4-SSI2TR e
4/1=MV01B 10 401 4/1-4/2 469,00 4.045,00 0º31'38''D 605,62 605,79 148158,235 8588704,704 JDE3 28,5 TBSIII / JTE-LT-VL-1-C-216 TSIII / JTE-LT-VL-1-C-212 4 2 - S - - - 1-SPD 1 S 5860003 1 0222001 2 2 0211001 0 1
2-SV1002TDR

4-SSI2TR e
4/2 11 401 4/2-4/3 464,00 4.514,00 - 604,32 604,35 148457,591 8588343,668 JDE3 28,5 TBSIII / JTE-LT-VL-1-C-216 TSIII / JTE-LT-VL-1-C-212 4 2 - S - - - 1-SPD 1 S 5860003 1 0222001 2 2 0211001 0 1
2-SV1002TDR

4-SSI2TR e
4/3 12 401 4/3-5/1 458,00 4.978,00 - 601,45 601,40 148753,756 8587986,481 JDE3 27,0 TBSIII / JTE-LT-VL-1-C-216 TSIII / JTE-LT-VL-1-C-212 4 2 - S - - - 1-SPD 1 S 5860003 1 0222001 2 2 0211001 0 1
2-SV1002TDR

4-SSI2TR e
5/1 13 401 5/1-5/2 459,00 5.436,00 - 598,55 598,51 149046,091 8587633,913 JDE3 27,0 TBSIII / JTE-LT-VL-1-C-216 TSIII / JTE-LT-VL-1-C-212 4 2 - S - - - 1-SPD 1 S 5860003 1 0222001 2 2 0211001 0 1
2-SV1002TDR

4-SSI2TR e
5/2 14 401 5/2-6/1 468,00 5.895,00 - 595,81 595,91 149339,065 8587280,575 JDE3 27,0 TBSIII / JTE-LT-VL-1-C-216 TSIII / JTE-LT-VL-1-C-212 4 2 - S - - - 1-SPD 1 S 5860003 1 0222001 2 2 0211001 0 1
2-SV1002TDR

4-SSI2TR e
6/1 15 402 6/1-6/2 465,00 6.363,00 - 594,39 594,18 149637,783 8586920,309 JDE3 28,5 TBSIII / JTE-LT-VL-1-C-216 TSIII / JTE-LT-VL-1-C-212 4 2 - S - - - 1-SPD 1 S 5860003 1 0222001 2 2 0211001 0 1
2-SV1002TDR

4-SSI2TR e
6/2 16 402 6/2-7/1 436,00 6.828,00 - 593,83 593,78 149934,586 8586562,353 JDE3 27,0 TSII / JTE-LT-VL-1-C-202 TSII / JTE-LT-VL-1-C-210 4 2 - S - - - 1-SPD 1 S 5860003 1 0222001 2 2 0211001 0 1
2-SV1002TDR
Anexo VII - Lista de Construção

Anexos • 345
Anexo VIII - Planilha de Marcação de Cavas

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 346


Anexos • 347
Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 348
Anexo IX - Reforços de Fundações

Anexos • 349
Anexo X - Tabelas com Coeficientes de
Capacidade de Carga – Metodologia da
Universidade de Grenoble

TABELA X.1 Coeficiente Mc para α = -φ/8


ÂNGULO DE ATRITO INTERNO (φ)
D 0º 5º 10º 15º 20º 25º 30º 35º
R
0,0 1,00 0,96 0,91 0,85 0,79 0,72 0,64 0,56
0,5 1,00 0,96 0,92 0,86 0,80 0,73 0,65 0,57
1,0 1,00 0,97 0,92 0,87 0,81 0,74 0,66 0,58
1,5 1,00 0,97 0,93 0,88 0,81 0,75 0,67 0,60
2,0 1,00 0,97 0,93 0,88 0,82 0,75 0,68 0,61
2,5 1,00 0,98 0,94 0,89 0,83 0,76 0,69 0,62
3,0 1,00 0,98 0,94 0,90 0,84 0,77 0,70 0,63
3,5 1,00 0,98 0,95 0,90 0,85 0,78 0,71 0,64
4,0 1,00 0,98 0,95 0,91 0,86 0,79 0,72 0,65
4,5 1,00 0,99 0,96 0,92 0,87 0,80 0,73 0,66
5,0 1,00 0,99 0,96 0,92 0,87 0,81 0,74 0,67
5,5 1,00 0,99 0,97 0,93 0,88 0,82 0,76 0,68
6,0 1,00 0,99 0,97 0,94 0,89 0,83 0,77 0,69
6,5 1,00 1,00 0,98 0,94 0,90 0,84 0,78 0,70
7,0 1,00 1,00 0,98 0,95 0,91 0,85 0,79 0,71
7,5 1,00 1,00 0,99 0,96 0,92 0,86 0,80 0,72
8,0 1,00 1,00 0,99 0,97 0,93 0,87 0,81 0,74
8,5 1,00 1,01 1,00 0,97 0,93 0,88 0,82 0,75
9,0 1,00 1,01 1,00 0,98 0,94 0,89 0,83 0,76
9,5 1,00 1,01 1,01 0,99 0,95 0,90 0,84 0,77
10,0 1,00 1,01 1,01 0,99 0,96 0,91 0,85 0,78
10,5 1,00 1,02 1,02 1,00 0,97 0,92 0,86 0,79
11,0 1,00 1,02 1,02 1,01 0,98 0,93 0,87 0,80
11,5 1,00 1,02 1,03 1,02 0,99 0,94 0,88 0,81
12,0 1,00 1,03 1,03 1,02 0,99 0,95 0,89 0,82
12,5 1,00 1,03 1,04 1,03 1,00 0,96 0,90 0,83
13,0 1,00 1,03 1,04 1,04 1,01 0,97 0,91 0,84
13,5 1,00 1,03 1,05 1,04 1,02 0,98 0,92 0,85
14,0 1,00 1,04 1,05 1,05 1,03 0,99 0,93 0,86
14,5 1,00 1,04 1,06 1,06 1,04 1,00 0,94 0,87
15,0 1,00 1,04 1,06 1,06 1,05 1,01 0,95 0,89
15,5 1,00 1,04 1,07 1,07 1,05 1,02 0,97 0,90

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 350


TABELA X.1 Coeficiente Mc para α = -φ/8 (continuação)
ÂNGULO DE ATRITO INTERNO (φ)
D 0º 5º 10º 15º 20º 25º 30º 35º
R
16,0 1,00 1,05 1,07 1,08 1,06 1,03 0,98 0,91
16,5 1,00 1,05 1,08 1,09 1,07 1,04 0,99 0,92
17,0 1,00 1,05 1,08 1,09 1,08 1,05 1,00 0,93
17,5 1,00 1,05 1,09 1,10 1,09 1,06 1,01 0,94
18,0 1,00 1,06 1,09 1,11 1,10 1,07 1,02 0,95
18,5 1,00 1,06 1,10 1,11 1,11 1,08 1,03 0,96
19,0 1,00 1,06 1,10 1,12 1,11 1,09 1,04 0,97
19,5 1,00 1,06 1,11 1,13 1,12 1,10 1,05 0,98
20,0 1,00 1,07 1,11 1,13 1,13 1,11 1,06 0,99
20,5 1,00 1,07 1,12 1,14 1,14 1,12 1,07 1,00
21,0 1,00 1,07 1,12 1,15 1,15 1,13 1,08 1,01
21,5 1,00 1,08 1,13 1,16 1,16 1,14 1,09 1,03
22,0 1,00 1,08 1,13 1,16 1,17 1,15 1,10 1,04
22,5 1,00 1,08 1,14 1,17 1,18 1,16 1,11 1,05
23,0 1,00 1,08 1,14 1,18 1,18 1,16 1,12 1,06
23,5 1,00 1,09 1,15 1,18 1,19 1,17 1,13 1,07
24,0 1,00 1,09 1,15 1,19 1,20 1,18 1,14 1,08
24,5 1,00 1,09 1,16 1,20 1,21 1,19 1,15 1,09
25,0 1,00 1,09 1,16 1,20 1,22 1,20 1,16 1,10
25,5 1,00 1,10 1,17 1,21 1,23 1,21 1,17 1,11
26,0 1,00 1,10 1,17 1,22 1,24 1,22 1,19 1,12
26,5 1,00 1,10 1,18 1,23 1,24 1,23 1,20 1,13
27,0 1,00 1,10 1,18 1,23 1,25 1,24 1,21 1,14
27,5 1,00 1,11 1,19 1,24 1,26 1,25 1,22 1,15
28,0 1,00 1,11 1,19 1,25 1,27 1,26 1,23 1,17
28,5 1,00 1,11 1,20 1,25 1,28 1,27 1,24 1,18
29,0 1,00 1,11 1,20 1,26 1,29 1,28 1,25 1,19
29,5 1,00 1,12 1,21 1,27 1,30 1,29 1,26 1,20
30,0 1,00 1,12 1,21 1,27 1,30 1,30 1,27 1,21

Anexos • 351
TABELA X.2 Coeficiente (Mφ + Mγ) para α= - φ/8
ÂNGULO DE ATRITO INTERNO (φ)
D 0º 5º 10º 15º 20º 25º 30º 35º
R
0,0 0,00 0,04 0,09 0,13 0,17 0,20 0,23 0,26
0,5 0,00 0,04 0,09 0,13 0,17 0,20 0,23 0,26
1,0 0,00 0,04 0,09 0,13 0,17 0,20 0,24 0,27
1,5 0,00 0,04 0,09 0,13 0,17 0,21 0,24 0,27
2,0 0,00 0,04 0,09 0,13 0,17 0,21 0,24 0,27
2,5 0,00 0,04 0,09 0,13 0,17 0,21 0,24 0,28
3,0 0,00 0,04 0,09 0,13 0,17 0,21 0,25 0,28
3,5 0,00 0,04 0,09 0,13 0,17 0,21 0,25 0,28
4,0 0,00 0,04 0,09 0,13 0,18 0,22 0,25 0,29
4,5 0,00 0,04 0,09 0,13 0,18 0,22 0,25 0,29
5,0 0,00 0,04 0,09 0,13 0,18 0,22 0,26 0,29
5,5 0,00 0,04 0,09 0,13 0,18 0,22 0,26 0,30
6,0 0,00 0,04 0,09 0,14 0,18 0,22 0,26 0,30
6,5 0,00 0,04 0,09 0,14 0,18 0,22 0,26 0,30
7,0 0,00 0,04 0,09 0,14 0,18 0,23 0,27 0,30
7,5 0,00 0,04 0,09 0,14 0,18 0,23 0,27 0,31
8,0 0,00 0,04 0,09 0,14 0,18 0,23 0,27 0,31
8,5 0,00 0,04 0,09 0,14 0,19 0,23 0,28 0,31
9,0 0,00 0,04 0,09 0,14 0,19 0,23 0,28 0,32
9,5 0,00 0,05 0,09 0,14 0,19 0,24 0,28 0,32
10,0 0,00 0,05 0,09 0,14 0,19 0,24 0,28 0,32
10,5 0,00 0,05 0,09 0,14 0,19 0,24 0,29 0,33
11,0 0,00 0,05 0,09 0,14 0,19 0,24 0,29 0,33
11,5 0,00 0,05 0,09 0,14 0,19 0,24 0,29 0,33
12,0 0,00 0,05 0,09 0,14 0,19 0,24 0,29 0,34
12,5 0,00 0,05 0,09 0,14 0,20 0,25 0,30 0,34
13,0 0,00 0,05 0,09 0,15 0,20 0,25 0,30 0,34
13,5 0,00 0,05 0,09 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35
14,0 0,00 0,05 0,09 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35
14,5 0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,31 0,35
15,0 0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,26 0,31 0,36
15,5 0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,26 0,31 0,36
16,0 0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,26 0,31 0,36
16,5 0,00 0,05 0,10 0,15 0,21 0,26 0,32 0,37
17,0 0,00 0,05 0,10 0,15 0,21 0,26 0,32 0,37
17,5 0,00 0,05 0,10 0,15 0,21 0,26 0,32 0,37
18,0 0,00 0,05 0,10 0,15 0,21 0,27 0,32 0,38
18,5 0,00 0,05 0,10 0,15 0,21 0,27 0,33 0,38
19,0 0,00 0,05 0,10 0,15 0,21 0,27 0,33 0,38
19,5 0,00 0,05 0,10 0,15 0,21 0,27 0,33 0,39

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 352


TABELA X.2 Coeficiente (Mφ + Mγ) para α= - φ/8 (continuação)
ÂNGULO DE ATRITO INTERNO (φ)
D 0º 5º 10º 15º 20º 25º 30º 35º
R
20,0 0,00 0,05 0,10 0,15 0,21 0,27 0,33 0,39
20,5 0,00 0,05 0,10 0,16 0,21 0,28 0,34 0,39
21,0 0,00 0,05 0,10 0,16 0,22 0,28 0,34 0,40
21,5 0,00 0,05 0,10 0,16 0,22 0,28 0,34 0,40
22,0 0,00 0,05 0,10 0,16 0,22 0,28 0,34 0,40
22,5 0,00 0,05 0,10 0,16 0,22 0,28 0,35 0,41
23,0 0,00 0,05 0,10 0,16 0,22 0,28 0,35 0,41
23,5 0,00 0,05 0,10 0,16 0,22 0,29 0,35 0,41
24,0 0,00 0,05 0,10 0,16 0,22 0,29 0,35 0,42
24,5 0,00 0,05 0,10 0,16 0,22 0,29 0,36 0,42
25,0 0,00 0,05 0,10 0,16 0,23 0,29 0,36 0,42
25,5 0,00 0,05 0,10 0,16 0,23 0,29 0,36 0,43
26,0 0,00 0,05 0,10 0,16 0,23 0,30 0,36 0,43
26,5 0,00 0,05 0,10 0,16 0,23 0,30 0,37 0,43
27,0 0,00 0,05 0,10 0,16 0,23 0,30 0,37 0,44
27,5 0,00 0,05 0,10 0,17 0,23 0,30 0,37 0,44
28,0 0,00 0,05 0,10 0,17 0,23 0,30 0,37 0,44
28,5 0,00 0,05 0,10 0,17 0,23 0,30 0,38 0,45
29,0 0,00 0,05 0,10 0,17 0,24 0,31 0,38 0,45
29,5 0,00 0,05 0,10 0,17 0,24 0,31 0,38 0,45
30,0 0,00 0,05 0,10 0,17 0,24 0,31 0,38 0,46

TABELA X.3 Coeficiente Mq para α= - φ/8


ÂNGULO DE ATRITO INTERNO (φ)
D 0º 5º 10º 15º 20º 25º 30º 35º
R
0,0 0,00 0,07 0,14 0,20 0,24 0,28 0,30 0,32
0,5 0,00 0,07 0,14 0,20 0,25 0,28 0,31 0,32
1,0 0,00 0,07 0,14 0,20 0,25 0,29 0,31 0,33
1,5 0,00 0,07 0,14 0,20 0,25 0,29 0,32 0,34
2,0 0,00 0,07 0,14 0,20 0,25 0,29 0,32 0,34
2,5 0,00 0,07 0,14 0,20 0,26 0,30 0,33 0,35
3,0 0,00 0,07 0,14 0,21 0,26 0,30 0,33 0,35
3,5 0,00 0,07 0,14 0,21 0,26 0,31 0,34 0,36
4,0 0,00 0,07 0,15 0,21 0,26 0,31 0,34 0,37
4,5 0,00 0,08 0,15 0,21 0,27 0,31 0,35 0,37

Anexos • 353
5,0 0,00 0,08 0,15 0,21 0,27 0,32 0,35 0,38
5,5 0,00 0,08 0,15 0,21 0,27 0,32 0,36 0,38
6,0 0,00 0,08 0,15 0,22 0,28 0,32 0,36 0,39
6,5 0,00 0,08 0,15 0,22 0,28 0,33 0,37 0,40
7,0 0,00 0,08 0,15 0,22 0,28 0,33 0,37 0,40
7,5 0,00 0,08 0,15 0,22 0,28 0,34 0,38 0,41
8,0 0,00 0,08 0,15 0,22 0,29 0,34 0,38 0,41
8,5 0,00 0,08 0,15 0,22 0,29 0,34 0,39 0,42
9,0 0,00 0,08 0,15 0,23 0,29 0,35 0,39 0,43
9,5 0,00 0,08 0,15 0,23 0,29 0,35 0,40 0,43
10,0 0,00 0,08 0,15 0,23 0,30 0,36 0,40 0,44
10,5 0,00 0,08 0,16 0,23 0,30 0,36 0,41 0,44
11,0 0,00 0,08 0,16 0,23 0,30 0,36 0,41 0,45
11,5 0,00 0,08 0,16 0,23 0,30 0,37 0,42 0,46
12,0 0,00 0,08 0,16 0,23 0,31 0,37 0,42 0,46
12,5 0,00 0,08 0,16 0,24 0,31 0,37 0,43 0,47
13,0 0,00 0,08 0,16 0,24 0,31 0,38 0,43 0,48
13,5 0,00 0,08 0,16 0,24 0,31 0,38 0,44 0,48
14,0 0,00 0,08 0,16 0,24 0,32 0,39 0,44 0,49
14,5 0,00 0,08 0,16 0,24 0,32 0,39 0,45 0,49
15,0 0,00 0,08 0,16 0,24 0,32 0,39 0,45 0,50
15,5 0,00 0,08 0,16 0,25 0,33 0,40 0,46 0,51
16,0 0,00 0,08 0,16 0,25 0,33 0,40 0,46 0,51
16,5 0,00 0,08 0,16 0,25 0,33 0,40 0,47 0,52
17,0 0,00 0,08 0,17 0,25 0,33 0,41 0,47 0,52
17,5 0,00 0,08 0,17 0,25 0,34 0,41 0,48 0,53
18,0 0,00 0,08 0,17 0,25 0,34 0,42 0,48 0,54
18,5 0,00 0,08 0,17 0,26 0,34 0,42 0,49 0,54
19,0 0,00 0,08 0,17 0,26 0,34 0,42 0,49 0,55
19,5 0,00 0,08 0,17 0,26 0,35 0,43 0,50 0,55
20,0 0,00 0,08 0,17 0,26 0,35 0,43 0,50 0,56
20,5 0,00 0,08 0,17 0,26 0,35 0,44 0,51 0,57
21,0 0,00 0,08 0,17 0,26 0,35 0,44 0,51 0,57
21,5 0,00 0,08 0,17 0,27 0,36 0,44 0,52 0,58
22,0 0,00 0,08 0,17 0,27 0,36 0,45 0,52 0,58
22,5 0,00 0,08 0,17 0,27 0,36 0,45 0,53 0,59
23,0 0,00 0,08 0,17 0,27 0,37 0,45 0,53 0,60
23,5 0,00 0,08 0,17 0,27 0,37 0,46 0,54 0,60
24,0 0,00 0,08 0,18 0,27 0,37 0,46 0,54 0,61
24,5 0,00 0,08 0,18 0,27 0,37 0,47 0,55 0,62
25,0 0,00 0,08 0,18 0,28 0,38 0,47 0,55 0,62
25,5 0,00 0,08 0,18 0,28 0,38 0,47 0,56 0,63
26,0 0,00 0,08 0,18 0,28 0,38 0,48 0,56 0,63
26,5 0,00 0,08 0,18 0,28 0,38 0,48 0,57 0,64

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 354


TABELA X.3 Coeficiente Mq para α= - φ/8 (continuação)
ÂNGULO DE ATRITO INTERNO (φ)
D 0º 5º 10º 15º 20º 25º 30º 35º
R
27,0 0,00 0,08 0,18 0,28 0,39 0,48 0,57 0,65
27,5 0,00 0,08 0,18 0,28 0,39 0,49 0,58 0,65
28,0 0,00 0,08 0,18 0,29 0,39 0,49 0,58 0,66
28,5 0,00 0,08 0,18 0,29 0,39 0,50 0,59 0,66
29,0 0,00 0,08 0,18 0,29 0,40 0,50 0,59 0,67
29,5 0,00 0,09 0,18 0,29 0,40 0,51 0,60 0,68
30,0 0,00 0,09 0,18 0,29 0,40 0,51 0,60 0,68

TABELA X.4 Coeficiente Mc para α= - φ/8


ÂNGULO DE ATRITO INTERNO (φ)
D
R 0º 5º 10º 15º

0,0 0,87 0,79 0,71 0,62


0,2 0,85 0,78 0,69 0,61
0,4 0,83 0,76 0,68 0,60
0,6 0,82 0,74 0,67 0,58
0,8 0,80 0,73 0,65 0,57
1,0 0,78 0,71 0,64 0,56
1,2 0,76 0,70 0,62 0,55
1,4 0,75 0,68 0,61 0,53
1,6 0,73 0,67 0,59 0,52
1,8 0,71 0,65 0,58 0,51
2,0 0,70 0,63 0,57 0,50
2,2 0,68 0,62 0,55 0,48
2,4 0,66 0,60 0,54 0,47
2,6 0,64 0,59 0,52 0,46
2,8 0,63 0,57 0,51 0,45
3,0 0,61 0,56 0,50 0,44
3,2 0,59 0,54 0,48 0,42
3,4 0,57 0,52 0,47 0,41
3,6 0,56 0,51 0,45 0,40
3,8 0,54 0,49 0,44 0,39
4,0 0,52 0,48 0,43 0,37
4,2 0,51 0.46 0,41 0,36
4,4 0,49 0,45 0,40 0,35
4,6 0,47 0,43 0,38 0,34
4,8 0,45 0,41 0,37 0,32
5,0 0,44 0,40 0,36 0,31

Anexos • 355
TABELA X.5 Coeficiente (Mφ + Mγ) para α= - φ/8
ÂNGULO DE ATRITO INTERNO (φ)
D
R 0º 5º 10º 15º

0,0 0,00 0,04 0,08 0,11


0,2 0,00 0,04 0,08 0,11
0,4 0,00 0,04 0,07 0,10
0,6 0,00 0,04 0,07 0,10
0,8 0,00 0,04 0,07 0,10
1,0 0,00 0,04 0,07 0,10
1,2 0,00 0,04 0,07 0,10
1,4 0,00 0,04 0,07 0,10
1,6 0,00 0,04 0,07 0,10
1,8 0,00 0,04 0,07 0,09
2,0 0,00 0,03 0,07 0,09
2,2 0,00 0,03 0,07 0,09
2,4 0,00 0,03 0,06 0,09
2,6 0,00 0,03 0,06 0,09
2,8 0,00 0,03 0,06 0,09
3,0 0,00 0,03 0,06 0,09
3,2 0,00 0,03 0,06 0,08
3,4 0,00 0,03 0,06 0,08
3,6 0,00 0,03 0,06 0,08
3,8 0,00 0,03 0,06 0,08
4,0 0,00 0,03 0,06 0,08
4,2 0,00 0,03 0,05 0,08
4,4 0,00 0,03 0,05 0,08
4,6 0,00 0,03 0,05 0,07
4,8 0,00 0,03 0,05 0,07
5,0 0,00 0,03 0,05 0,07

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 356


TABELA X.6 Coeficiente Mq para α= - φ/8
ÂNGULO DE ATRITO INTERNO (φ)
D
R 0º 5º 10º 15º

0,0 0,20 0,27 0,32 0,37


0,2 0,19 0,26 0,31 0,36
0,4 0,19 0,26 0,31 0,35
0,6 0,19 0,25 0,30 0,34
0,8 0,18 0,25 0,30 0,34
1,0 0,18 0,24 0,29 0,33
1,2 0,18 0,24 0,29 0,32
1,4 0,17 0,23 0,28 0,31
1,6 0,17 0,23 0,27 0,31
1,8 0,16 0,22 0,27 0,30
2,0 0,16 0,21 0,26 0,29
2,2 0,16 0,21 0,25 0,29
2,4 0,15 0,20 0,25 0,28
2,6 0,15 0,20 0,24 0,27
2,8 0,14 0,19 0,23 0,26
3,0 0,14 0,19 0,23 0,26
3,2 0,14 0,18 0,22 0,25
3,4 0,13 0,18 0,21 0,24
3,6 0,13 0,17 0,21 0,23
3,8 0,12 0,17 0,20 0,23
4,0 0,12 0,16 0,20 0,22
4,2 0,12 0,16 0,19 0,21
4,4 0,11 0,15 0,18 0,21
4,6 0,11 0,15 0,18 0,20
4,8 0,10 0,14 0,17 0,19
5,0 0,10 0,13 0,16 0,18

TABELA X.7 Coeficiente Mc para α= - φ/4


ÂNGULO DE ATRITO INTERNO (φ)
D
R 10º 15º 20º 25º 30º 35º

0,0 0,93 0,88 0,83 0,77 0,71 0,64


0,2 0,93 0,89 0,84 0,78 0,71 0,65
0,4 0,94 0,89 0,84 0,79 0,72 0,66
0,6 0,94 0,90 0,85 0,79 0,73 0,67
0,8 0,95 0,90 0,86 0,80 0,74 0,68
1,0 0,95 0,91 0,86 0,81 0,75 0,69

Anexos • 357
TABELA X.7 Coeficiente Mc para α= - φ/4 (continuação)
ÂNGULO DE ATRITO INTERNO (φ)
D 10º 15º 20º 25º 30º 35º
R
1,2 0,95 0,91 0,87 0,82 0,76 0,70
1,4 0,96 0,92 0,88 0,83 0,77 0,71
1,6 0,96 0,93 0,89 0,84 0,78 0,72
1,8 0,97 0,93 0,89 0,84 0,79 0,73
2,0 0,97 0,94 0,90 0,85 0,80 0,74
2,2 0,97 0,95 0,91 0,86 0,81 0,75
2,4 0,98 0,95 0,92 0,87 0,82 0,76
2,6 0,98 0,96 0,92 0,88 0,83 0,77
2,8 0,99 0,96 0,93 0,89 0,84 0,78
3,0 0,99 0,97 0,94 0,90 0,84 0,79
3,2 0,99 0,97 0,94 0,90 0,85 0,80
3,4 1,00 0,98 0,95 0,91 0,86 0,81
3,6 1,00 0,99 0,96 0,92 0,87 0,81
3,8 1,01 0,99 0,97 0,93 0,88 0,82
4,0 1,01 1,00 0,97 0,94 0,89 0,83
4,2 1,01 1,00 0,98 0,95 0,90 0,84
4,4 1,02 1,01 0,99 0,95 0,91 0,85
4,6 1,02 1,01 0,99 0,96 0,92 0,86
4,8 1,03 1,02 1,00 0,97 0,93 0,87
5,0 1,03 1,03 1,01 0,98 0,94 0,88
5,2 1,03 1,03 1,02 0,99 0,95 0,89
5,4 1,04 1,04 1,02 1,00 0,96 0,90
5,6 1,04 1,04 1,03 1,00 0,97 0,91
5,8 1,05 1,05 1,04 1,01 0,97 0,92
6,0 1,05 1,06 1,05 1,02 0,98 0,93
6,2 1,05 1,06 1,05 1,03 0,99 0,94
6,4 1,06 1,07 1,06 1,04 1,00 0,95
6,6 1,06 1,07 1,07 1,05 1,01 0,96
6,8 1,07 1,08 1,07 1,06 1,02 0,97
7,0 1,07 1,08 1,08 1,06 1,03 0,98
7,2 1,08 1,09 1,10 1,07 1,04 0,99
7,4 1,08 1,10 1,10 1,08 1,05 1,00
7,6 1,08 1,10 1,10 1,09 1,06 1,01
7,8 1,09 1,11 1,11 1,10 1,07 1,02
8,0 1,09 1,11 1,12 1,11 1,08 1,03

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 358


TABELA X.8 Coeficiente (Mφ + Mγ) para α= - φ/4
D ÂNGULO DE ATRITO INTERNO (φ)

R 10º 15º 20º 25º 30º 35º


0,0 0,09 0,13 0,17 0,21 0,25 0,28
0,2 0,09 0,13 0,17 0,21 0,25 0,28
0,4 0,09 0,13 0,17 0,21 0,25 0,29
0,6 0,09 0,13 0,17 0,21 0,25 0,29
0,8 0,09 0,13 0,17 0,21 0,25 0,29
1,0 0,09 0,13 0,17 0,22 0,26 0,29
1,2 0,09 0,13 0,18 0,22 0,26 0,30
1,4 0,09 0,13 0,18 0,22 0,26 0,30
1,6 0,09 0,13 0,18 0,22 0,26 0,30
1,8 0,09 0,13 0,18 0,22 0,27 0,31
2,0 0,09 0,13 0,18 0,22 0,27 0,31
2,2 0,09 0,14 0,18 0,23 0,27 0,31
2,4 0,09 0,14 0,18 0,23 0,27 0,31
2,6 0,09 0,14 0,18 0,23 0,27 0,32
2,8 0,09 0,14 0,18 0,23 0,28 0,32
3,0 0,09 0,14 0,18 0,23 0,28 0,32
3,2 0,09 0,14 0,19 0,23 0,28 0,33
3,4 0,09 0,14 0,19 0,23 0,28 0,33
3,6 0,09 0,14 0,19 0,24 0,28 0,33
3,8 0,09 0,14 0,19 0,24 0,29 0,33
4,0 0,09 0,14 0,19 0,24 0,29 0,34
4,2 0,09 0,14 0,19 0,24 0,29 0,34
4,4 0,09 0,14 0,19 0,24 0,29 0,34
4,6 0,09 0,14 0,19 0,24 0,30 0,35
4,8 0,09 0,14 0,19 0,25 0,30 0,35
5,0 0,09 0,14 0,19 0,25 0,30 0,35
5,2 0,09 0,14 0,20 0,25 0,30 0,35
5,4 0,09 0,14 0,20 0,25 0,30 0,36
5,6 0,09 0,14 0,20 0,25 0,31 0,36
5,8 0,09 0,15 0,20 0,25 0,31 0,36
6,0 0,09 0,15 0,20 0,25 0,31 0,37
6,2 0,09 0,15 0,20 0,26 0,31 0,37
6,4 0,09 0,15 0,20 0,26 0,31 0,37
6,6 0,10 0,15 0,20 0,26 0,31 0,37
6,8 0,10 0,15 0,20 0,26 0,32 0,38
7,0 0,10 0,15 0,20 0,26 0,32 0,38
7,2 0,10 0,15 0,21 0,26 0,32 0,38
7,4 0,10 0,15 0,21 0,27 0,33 0,39
7,6 0,10 0,15 0,21 0,27 0,33 0,39
7,8 0,10 0,15 0,21 0,27 0,33 0,39
8,0 0,10 0,15 0,21 0,27 0,33 0,39

Anexos • 359
TABELA X.9 Coeficiente Mq para α= - φ/4
D ÂNGULO DE ATRITO INTERNO (φ)

R 10º 15º 20º 25º 30º 35º


0,0 0,12 0,17 0,21 0,25 0,28 0,29
0,2 0,12 0,17 0,22 0,25 0,28 0,30
0,4 0,12 0,17 0,22 0,25 0,28 0,30
0,6 0,12 0,17 0,22 0,26 0,29 0,31
0,8 0,12 0,18 0,22 0,26 0,29 0,31
1,0 0,12 0,18 0,22 0,26 0,29 0,32
1,2 0,12 0,18 0,23 0,27 0,30 0,32
1,4 0,12 0,18 0,23 0,27 0,30 0,32
1,6 0,12 0,18 0,23 0,27 0,30 0,33
1,8 0,12 0,18 0,23 0,27 0,31 0,33
2,0 0,13 0,18 0,23 0,28 0,31 0,34
2,2 0,13 0,18 0,23 0,28 0,32 0,34
2,4 0,13 0,18 0,24 0,28 0,32 0,35
2,6 0,13 0,19 0,24 0,28 0,32 0,35
2,8 0,13 0,19 0,24 0,29 0,33 0,36
3,0 0,13 0,19 0,24 0,29 0,33 0,36
3,2 0,13 0,19 0,24 0,29 0,33 0,37
3,4 0,13 0,19 0,25 0,30 0,34 0,37
3,6 0,13 0,19 0,25 0,30 0,34 0,37
3,8 0,13 0,19 0,25 0,30 0,34 0,38
4,0 0,13 0,19 0,25 0,30 0,35 0,38
4,2 0,13 0,19 0,25 0,31 0,35 0,39
4,4 0,13 0,20 0,26 0,31 0,36 0,39
4,6 0,13 0,20 0,26 0,31 0,36 0,40
4,8 0,13 0,20 0,26 0,31 0,36 0,40
5,0 0,13 0,20 0,26 0,31 0,37 0,41
5,2 0,13 0,20 0,26 0,32 0,37 0,41
5,4 0,13 0,20 0,26 0,32 0,37 0,41
5,6 0,13 0,20 0,27 0,33 0,38 0,42
5,8 0,14 0,20 0,27 0,33 0,38 0,42
6,0 0,14 0,20 0,27 0,33 0,38 0,43
6,2 0,14 0,21 0,27 0,33 0,39 0,43
6,4 0,14 0,21 0,27 0,34 0,39 0,44
6,6 0,14 0,21 0,28 0,34 0,40 0,44
6,8 0,14 0,21 0,28 0,34 0,40 0,45
7,0 0,14 0,21 0,28 0,34 0,40 0,45
7,2 0,14 0,21 0,28 0,35 0,41 0,46
7,4 0,14 0,21 0,28 0,35 0,41 0,46
7,6 0,14 0,21 0,29 0,35 0,41 0,46
7,8 0,14 0,21 0,29 0,36 0,42 0,47
8,0 0,14 0,22 0,29 0,36 0,42 0,47

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 360


TABELA X.10 Coeficiente Mγ para α= - φ
ÂNGULO DE ATRITO INTERNO (φ)
D
R 20º 25º 30º 35º 40º 45º

0,0 0,18 0,23 0,29 0,35 0,42 0,50


0,2 0,19 0,24 0,30 0,37 0,44 0,53
0,4 0,19 0,25 0,31 0,38 0,47 0,57
0,6 0,20 0,25 0,32 0,40 0,49 0,60
0,8 0,20 0,26 0,33 0,42 0,51 0,63
1,0 0,20 0,27 0,34 0,43 0,54 0,67
1,2 0,21 0,28 0,36 0,45 0,56 0,70
1,4 0,21 0,28 0,37 0,46 0,58 0,73
1,6 0,22 0,29 0,38 0,48 0,61 0,77
1,8 0,22 0,30 0,39 0,50 0,63 0,80
2,0 0,23 0,31 0,40 0,51 0,65 0,83
2,2 0,23 0,31 0,41 0,53 0,68 0,87
2,4 0,24 0,32 0,42 0,55 0,70 0,90
2,6 0,24 0,33 0,43 0,56 0,72 0,93
2,8 0,24 0,33 0,44 0,58 0,75 0,97
3,0 0,25 0,34 0,46 0,60 0,77 1,00
3,2 0,25 0,35 0,47 0,61 0,80 1,03
3,4 0,26 0,36 0,48 0,63 0,82 1,07
3,6 0,26 0,36 0,49 0,64 0,84 1,10
3,8 0,27 0,37 0,50 0,66 0,87 1,13
4,0 0,27 0,38 0,51 0,68 0,89 1,17
4,2 0,27 0,39 0,52 0,69 0,91 1,20
4,4 0,28 0,39 0,53 0,71 0,94 1,23
4,6 0,28 0,40 0,54 0,73 0,96 1,27
4,8 0,29 0,41 0,56 0,74 0,98 1,30
5,0 0,29 0,41 0,57 0,76 1,01 1,33
5,2 0,30 0,42 0,58 0,78 1,03 1,37
5,4 0,30 0,43 0,59 0,79 1,05 1,40
5,6 0,31 0,44 0,60 0,81 1,08 1,43
5,8 0,31 0,44 0,61 0,82 1,10 1,47
6,0 0,31 0,45 0,62 0,84 1,12 1,50
6,2 0,32 0,46 0,63 0,86 1,15 1,53
6,4 0,32 0,47 0,64 0,87 1,17 1,57
6,6 0,33 0,47 0,65 0,89 1,19 1,60
6,8 0,33 0,48 0,67 0,91 1,22 1,63
7,0 0,34 0,49 0,68 0,92 1,24 1,67
7,2 0,34 0,49 0,69 0,94 1,26 1,70
7,4 0,35 0,50 0,70 0,95 1,29 1,73
7,6 0,35 0,51 0,71 0,97 1,31 1,77
7,8 0,35 0,52 0,72 0,99 1,33 1,80

Anexos • 361
TABELA X.10 Coeficiente Mγ para α= - φ (continuação)
ÂNGULO DE ATRITO INTERNO (φ)
D 20º 25º 30º 35º 40º 45º
R
8,0 0,36 0,52 0,73 1,00 1,36 1,83
8,2 0,36 0,53 0,74 1,02 1,38 1,87
8,4 0,37 0,54 0,76 1,04 1,41 1,90
8,6 0,37 0,54 0,77 1,05 1,43 1,93
8,8 0,38 0,55 0,78 1,07 1,45 1,97
9,0 0,38 0,56 0,79 1,09 1,48 2,00
9,2 0,39 0,57 0,80 1,10 1,50 2,03
9,4 0,39 0,57 0,81 1,12 1,52 2,07
9,6 0,39 0,58 0,82 1,13 1,55 2,10
9,8 0,40 0,58 0,83 1,15 1,57 2,13
10,0 0,40 0,60 0,84 1,17 1,59 2,17

TABELA X.11 Coeficiente M – Placas e Sapatas Circulares


ÂNGULO DE ATRITO INTERNO (φ)
Rf 0º 5º 10º 15º 20º 25º 30º 35º
R
0,00 36,1 33,4 31,0 28,8 26,9 25,0 23,3 21,6
0,01 35,4 32,7 30,3 28,1 26,2 24,4 22,6 21,0
0,02 34,7 32,0 29,6 27,5 25,5 23,7 22,1 20,4
0,03 34,1 31,3 29,0 26,8 24,9 23,1 21,5 19,8
0,04 33,4 30,7 28,3 26,2 24,3 22,6 20,9 19,3
0,05 32,8 30,1 27,7 25,7 23,8 22,0 20,4 18,8
0,06 32,2 29,5 27,2 25,1 23,2 21,5 19,9 18,4
0,07 31,7 29,0 26,6 24,6 22,7 21,0 19,4 17,9
0,08 31,1 28,4 26,1 24,1 22,3 20,7 19,0 17,5
0,09 30,6 27,9 25,6 23,6 21,8 20,1 18,6 17,1
0,10 30,1 27,4 25,1 23,1 21,3 19,7 18,2 16,7
0,11 29,6 27,0 24,7 22,7 20,9 19,3 17,8 16,3
0,12 29,1 26,5 24,2 22,3 20,5 18,9 17,4 16,0
0,13 28,7 26,1 23,8 21,9 20,1 18,5 17,1 15,7
0,14 28,2 25,6 23,4 21,5 19,7 18,2 16,7 15,3
0,15 27,8 25,2 23,0 21,1 19,4 17,8 16,4 15,0
0,16 27,4 24,8 22,6 20,7 19,0 17,5 16,1 14,7
0,17 27,0 24,4 22,3 20,4 18,7 17,2 15,8 14,5
0,18 26,6 24,1 21,9 20,0 18,4 16,9 15,5 14,2
0,19 26,2 23,7 21,6 19,7 18,1 16,6 15,2 13,9
0,20 25,9 23,4 21,2 19,4 17,8 16,3 14,9 13,7
0,21 25,5 23,0 20,9 19,1 17,5 16,0 14,7 13,4

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 362


TABELA X.11 Coeficiente M – Placas e Sapatas Circulares (continuação)
ÂNGULO DE ATRITO INTERNO (φ)
Rf 0º 5º 10º 15º 20º 25º 30º 35º
R
0,22 25,2 22,7 20,6 18,8 17,2 15,8 14,4 13,2
0,23 24,8 22,3 20,3 18,5 16,9 15,5 14,2 13,0
0,24 24,5 22,1 20,0 18,2 16,7 15,3 14,0 12,8
0,25 24,2 21,8 19,7 18,0 16,4 15,0 13,8 12,7
0,26 23,9 21,5 19,4 17,7 16,2 14,8 13,5 12,4
0,27 23,6 21,2 19,2 17,5 15,9 14,6 13,3 12,2
0,28 23,3 20,9 18,9 17,2 15,7 14,4 13,1 12,0
0,29 23,0 20,6 18,7 17,0 15,5 14,2 12,9 11,8
0,30 22,7 20,4 18,4 16,7 15,3 14,0 12,8 11,6

TABELA X.12 Coeficiente M – Placas e Sapatas Não-Circulares


φ 0º 5º 10º 15º 20º 25º 30º 35º
M 12,6 11,0 9,8 8,8 8,0 7,3 6,6 5,4

Anexos • 363
Anexo XI - Avaliação Probabilística de
Deslocamentos de Fundações de
Linhas de Transmissão

XI.1 Introdução

Na grande maioria das linhas de transmissão (onde não existam res-


trições ambientais e de topografia), a incidência de torres estaiadas é bem
maior do que as autoportantes. Isto ocorre devido ao menor peso e conse-
qüentemente menores custos das torres estaiadas. Tais torres apresentam
um ou dois mastros e quatro estais. Desta maneira, a grande maioria das
fundações de uma linha de transmissão é de estais. Além disso, dada a com-
plexidade da interação solo-estrutura, tem sido reconhecido que o compor-
tamento de tais fundações demandam estudos mais aprofundados.
Os últimos anos têm assistido a uma evolução constante no sentido
de se dar um melhor tratamento às incertezas presentes no projeto estrutu-
ral de linhas de transmissão, o que requer a implementação de métodos pro-
babilísticos. Neste trabalho, as linhas de transmissão são avaliadas a partir da
Confiabilidade Estrutural com destaque às fundações tracionadas de torres
estaiadas. Neste capítulo será apresentado o Sistema de Interligação Norte-
Nordeste onde foram realizados os ensaios de arrancamento nas fundações
de estais cujos resultados são fonte do presente trabalho. As fundações exe-
cutadas neste empreendimento são detalhadas. Em seguida os ensaios se-
rão descritos de forma detalhada. A partir dos resultados de deslocamentos
máximos e residuais obtidos em ensaios de arrancamento de fundações de
estais, um tratamento estatístico-probabilístico é realizado. Distribuições de
probabilidade são associadas aos valores de deslocamentos das fundações
para cada tipo de solo padrão do projeto. Para a fundação de cada estai são
avaliados dois modos de falha a saber, deslocamentos máximos excessivos e
deslocamentos residuais excessivos. A partir de valores admissíveis para os
deslocamentos, as probabilidades de falha relativas aos modos de falha ava-
liados são definidas. Na seqüência, a teoria da Confiabilidade de Sistemas é
aplicada, primeiro para definição das probabilidades de falha do subsistema

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 364


fundação do estai e o trabalho é concluído com a definição da probabilidade
de falha das fundações dos estais de uma torre estaiada em cada tipo de solo
padrão do projeto.

XI.2 Sistema Norte-Nordeste

Com o objetivo de atender ao crescimento da demanda de energia


elétrica das regiões norte e nordeste do país, foram projetadas as linhas de
transmissão em 500 kV Tucuruí - Vila do Conde (Grande Belém) (323 km),
Tucuruí - Marabá, Marabá – Açailândia, Açailândia – Imperatriz e Açailân-
dia – Presidente Dutra (932 km, as últimas quatro) e construídas nos anos
de 2001 e 2002 nos estados do Pará e Maranhão, entrando em operação em
março de 2003 (Fig. XI.1).

FIGURA XI.1 - Mapa de Localização das Linhas de Transmissão

O empreendimento com investimentos da ordem de R$ 1,2 bilhão foi


iniciado com a mobilização de equipes de topografia para levantamento de
perfil ao longo do eixo da LT e cadastramento de proprietários a serem in-
denizados pelos investidores devido à desapropriação de terras ao longo da
faixa de domínio. Com o perfil topográfico, a equipe de engenharia no escri-
tório a partir de programa computacional especializado propôs as locações
das estruturas. Nesta etapa do projeto é buscada uma configuração ótima,

Anexos • 365
onde o objetivo é a maior incidência de torres estaiadas por serem mais leves
e econômicas com espaçamento máximo entre elas. Terminado o projeto
preliminar de engenharia, os locais das torres foram materializadas em cam-
po, sendo deslocadas quando da ocorrência de algum impedimento (área de
proteção ambiental, fundações em locais inundáveis, moradias, etc).
Dentre várias características interessantes técnica e economicamente
neste trabalho (tipos de torres, tipos de cabos, etc.) as fundações traciona-
das de torres estaiadas serão abordadas com ênfase. Isto é devido à grande
preocupação na construção em relação ao desempenho destes componentes
do sistema por parte do cliente e seus consultores. Logo a seguir, o projeto
de fundações (concepção, tipos de solos adotados, parâmetros geotécnicos,
aplicações, formas das estruturas de fundações, etc.) deste empreendimento
será apresentado.

XI.3 As Fundações

Para definição dos parâmetros geotécnicos do projeto foram execu-


tadas sondagens ao longo dos traçados das LT. Constitui como prática de
projetos de fundações de torres a execução de dois tipos de sondagens: tra-
do e SPT (Standard Penetration Test). Por serem rápidas, simples e mais ba-
ratas, as sondagens a trado foram executadas em todas as estruturas. Como
critério de projeto, as investigações tipo SPT foram executadas em média
a cada cinco quilômetros. Orientada pela equipe de projeto, a fiscalização
em campo adotava novos pontos a serem executadas sondagens SPT como
por exemplo torres com grandes deflexões, ancoragens, alteração visível do
tipo de terreno, topografias em baixas elevações, locais inundáveis com alta
saturação, etc.
Inicialmente o solo foi avaliado pela sua granulometria sendo admi-
tidos dois grupos: arenosos e argilo-arenosos. Em seguida, quatro subtipos
de solo foram definidos em função do número de golpes NSPT obtido nas
sondagens à percussão (SPT) realizadas. Os parâmetros geotécnicos admi-
tidos no projeto (número de golpes NSPT, peso específico do solo – γsolo,
intercepto de coesão e ângulo de atrito) foram assumidos em função do co-
nhecimento histórico do solo local. Todos estes parâmetros são listados na
Tab. XI.1. para solos areno-argilosos e na Tab. XI.2 para solos arenosos.
Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 366
O solo tipo III difere do tipo IV devido à submersão (presença de
nível de água acima da cota de assentamento da fundação) deste último. Para
os diversos terrenos encontrados foram indicados quatro tipos de funda-
ções: vigas com seção em forma de “L” pré-moldadas, blocos cilíndricos
moldados in situ (tubulões sem base alargada), blocos prismáticos moldados
in situ e estacas metálicas helicoidais.
Os blocos cilíndricos projetados para os solos tipo I, II e III (foco do
presente trabalho) apresentaram diâmetro constante de oitenta centímetros
e profundidade de assentamento variável em relação ao tipo de solo confor-
me a Fig. XI.2. Para fundações em solos tipo IV foram adotadas vigas com
seção em forma de “L” pré-moldadas, ou blocos prismáticos moldados in
loco ou estacas metálicas helicoidais.

Tabela XI.1 Parâmetros geotécnicos de Projeto dos Solos Argilo-Arenosos

TIPO γsolo Intercepto de Ângulo de


NSPT
SOLO Coesão (kPa) Atrito (o)
(kN/m3)
I NSPT > 12 16 30 22
II 8 < NSPT < 12 15 25 20
III 4 < NSPT < 8 13 15 15
IV 4 < NSPT < 8 10 10 13

Tabela XI.2 Parâmetros geotécnicos de Projeto dos Solos Arenosos

TIPO γsolo Intercepto de Ângulo de


NSPT
SOLO Coesão (kPa) Atrito (o)
(kN/m3)
I NSPT > 12 16 0 35
II 8 < NSPT < 12 15 0 30
III 4 < NSPT < 8 13 0 25
IV 4 < NSPT < 8 10 0 20

A Tab. XI.3 apresenta os tipos de fundações adotados neste empre-


endimento para os tipos de solos padronizados.

Anexos • 367
Tabela XI.3 Tipos de Fundações por Tipo de Solos Argilo

Fundação Terreno
I II III IV
Bloco cilíndrico moldado in situ x x x
Âncora helicoidal x x
Viga com seção em forma de “L” pré-moldada x
Bloco prismático moldado in situ x

Importante afirmar neste ponto que as fundações ensaiadas para este


trabalho foram os blocos cilíndricos executados in situ para solos tipo I, II e
III, onde foram levantados os questionamentos a serem avaliados e devida-
mente estudados neste trabalho.
Os cabos de estais transmitem aos tirantes das fundações apenas car-
gas de tração que atuam na direção dos estais. Desta forma, estas fundações
são dimensionadas para esforços de tração inclinados com verificação da
possibilidade de ruptura nas direções vertical e horizontal. No caso da dire-
ção vertical, o dimensionamento à tração foi efetuado com base no deno-
minado método do cone. A componente horizontal da carga foi verificada
através de teorias de empuxo de terra, desprezando-se a coesão do solo e
com estabelecimento de uma tensão limite.

XI.4 Ensaios de Arrancamento em Fundações de Torres


Estaiadas

Neste empreendimento de alto investimento foram avaliados os cui-


dados relativos à segurança e garantia da transmissão da energia sem inter-
rupções. Partindo da constatação de que a maioria das torres das LT é do
tipo estaiada, o Consórcio Alusa-Schahin-Eletrobrás indicou algumas torres
e fundações em solos tipo I, II e III onde seriam necessários ensaios de va-
lidação das fundações executadas pelos empreiteiros.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 368


FIGURA XI.2 - Dimensões das Fundações para Solos I, II e III

Estes ensaios foram executados com o intuito de se verificar limi-


tes impostos aos deslocamentos máximos da fundação (sob carregamento
axial máximo de tração nos estais da torre transmitido aos tirantes) e aos
deslocamentos residuais (após descarregamento). Os critérios de aprova-
ção adotados foram: (1) deslocamentos máximos inferiores a 50 mm e (2)
deslocamentos residuais inferiores a 25 mm. Os limites adotados para des-
locamentos máximos e deslocamentos residuais foram definidos em função
da experiência dos engenheiros calculistas em relação aos solos locais. Por
restrição de tempo, as fundações reprovadas eram descartadas e estacas me-
tálicas helicoidais executadas no local.
Foram executados 471 (quatrocentos e setenta e um) ensaios nas fun-
dações das LT construídas. Na Tab. XI.4. abaixo podemos perceber a por-
centagem de fundações de estais ensaiadas em relação à quantidade de estais
construídos em cada LT.
A LT 500 kV Tucuruí – Vila do Conde foi a primeira a ser construída
onde os questionamentos foram maiores. Isto se deve ao fato de nesta LT
passar por região com terreno seriamente comprometido pela variação do
nível de água no solo. A partir da aprovação dos resultados obtidos nesta
primeira série de ensaios a necessidade de constatar a eficiência dos demais
trechos foi reduzida. Este fato foi comprovado nos ensaios realizados, não
apresentando problemas com os deslocamentos observados.

Anexos • 369
Tabela XI.3 Tipos de Fundações por Tipo de Solos Argilo

LT 500 kV Comprimento Fundações de Estais Estais % do


da LT (km) Executadas Ensaiados
Total
Tucuruí – Vila do Conde 324,1 1976 351 17,76
Tucuruí - Marabá 217,5 1152 36 3,13
Marabá - Açailândia 237,6 1736 20 1,15
Açailândia - Imperatriz 56,8 356 14 3,93
Açailândia – Presidente Dutra 414,9 2560 50 1,95

Neste anexo, destaque é dado à engenharia de estruturas no contex-


to específico das fundações tracionadas de torres estaiadas (fundações dos
estais) (Fig. XI.19).
A estrutura de uma torre estaiada apresenta quatro estais, e cada um
com uma fundação correspondente. Cada fundação de estai apresenta dois
modos de falha abordados neste trabalho (deslocamentos máximos exces-
sivos e deslocamentos residuais excessivos). Em resumo, uma falha em um
subsistema estai (por deslocamentos máximos ou residuais excessivos), im-
plicafalha no subsistema torre, o que resulta na falha do sistema Linha de
Transmissão (Fig. XI.20).

FIGURA XI.19 - Sistema Linha de Transmissão – Região de Atuação deste trabalho

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 370


FIGURA XI.20 - Árvore de Falha Fundações de Estais

XI.5 Tratamento Estatístico

XI.5.1 Parâmetros e Distribuições de Probabilidades


Cada um dos 471 (quatrocentos e setenta e um) ensaios de arranca-
mento em fundações gerou planilhas de ensaios correspondentes (Fig. XI.17
e XI.18). De posse destes resultados, o primeiro passo foi executar a sepa-
ração dos dados nos três tipos de solo padrão do projeto em questão sendo
então estudados 97 (noventa e sete) ensaios em solo I, 211 (duzentos e onze)
ensaios em solo II e 163 (cento e sessenta e três) ensaios em solo III. Em
seguida, de cada planilha foram extraídos os maiores valores referentes aos
deslocamentos máximos e residuais.
Anexos • 371
Com a utilização do software MATLAB, para cada um dos três
tipos de solo foram elaborados histogramas correspondentes a deslocamen-
tos máximos e deslocamentos residuais. Por inspeção, foram selecionadas
algumas distribuições de probabilidade.
O teste de aderência do qui-quadrado foi executado para resolver este
problema e definir uma alternativa por grupo estudado onde havia mais de
uma opção encontrada por inspeção. Além disso, o mesmo teste verificou a
validade das distribuições nos grupos onde por inspeção havia sido definida
apenas uma opção. A seguir são expostos os cálculos e verificações proce-
dentes dos testes realizados.
Para deslocamentos máximos em solo tipo I, por inspeção foi defini-
da apenas a distribuição Weibull. O teste de aderência do qui-quidrado com
nível de significância a de 1% confirmou a escolha conforme mostram os
resultados na Tab. XI.5 abaixo.

TABELA XI.5 - Teste do Qui-Quadrado Distribuição Weibull -


Deslocamentos Máximos em Solo I

Para a = 1%, c0.99,9 = 21,7. Como 14,374 < 21,7, então a distribui-
ção weibull é aceita como representativa dos deslocamentos máximos em
solo tipo I e apresentada na Fig. XI.21.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 372


FIGURA XI.21 - Distribuição Weibull – Deslocamentos Máximos em Solo Tipo I

Para deslocamentos residuais em solo tipo I, por inspeção foi defini-


da apenas a distribuição exponencial. O teste de aderência do qui-quidrado
com nível de significância a de 1% confirmou a escolha conforme mostram
os resultados na Tab. XI.6 abaixo.

TABELA XI.6 - Teste do Qui-Quadrado Distribuição Exponencial -


Deslocamentos Residuais em Solo I

Anexos • 373
Para a = 1%, c0.99,9 = 21,7. Como 9,613 < 21,7, então a distribuição
exponencial é aceita como representativa dos deslocamentos residuais em
solo tipo I e apresentada na Fig. XI.22.

FIGURA XI.22 - Distribuição Exponencial – Deslocamentos Residuais em Solo Tipo I

Para deslocamentos máximos em solo tipo II, por inspeção foi defini-
da apenas a distribuição Weibull. O teste de aderência do qui-quidrado com
nível de significância a de 1% confirmou a escolha conforme mostram os
resultados na Tab. XI.7 a seguir.
TABELA XI.7 - Teste do Qui-Quadrado Distribuição Weibull -
Deslocamentos Máximos em Solo II

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 374


Para a = 1%, c0.99,8 = 20,1. Como 16,101 < 20,1, então a distribui-
ção weibull é aceita como representativa dos deslocamentos máximos em
solo tipo II e apresentada na Fig. XI.23.

FIGURA XI.23 - Distribuição Weibull – Deslocamentos Máximos em Solo Tipo II

Para deslocamentos residuais em solo tipo II, por inspeção foram


definidas as distribuições Weibull, gama e exponencial. O teste de aderência
do qui-quidrado com nível de significância a de 1% resultou para cada dis-
tribuição os valores expostos nas tabelas, Tab. XI.8, XI.9 e XI.10 a seguir.

Anexos • 375
TABELA XI.8 - Teste do Qui-Quadrado Distribuição Weibull -
Deslocamentos Residuais em Solo II

TABELA XI.9 - Teste do Qui-Quadrado Distribuição Gama -


Deslocamentos Residuais em Solo II

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 376


TABELA XI.10 - Teste do Qui-Quadrado Distribuição Exponencial -
Deslocamentos Residuais em Solo II

Para a = 1%, c0.99,8 = 20,1. Das tabelas 5.8, 5.9 e 5.10, Como 16,241
< 17,009 < 17,334 < 20,1, então a distribuição exponencial é escolhida e
aceita como representativa dos deslocamentos residuais em solo tipo II e
apresentada na Fig. XI.24.

FIGURA XI.24 - Distribuição Exponencial – Deslocamentos Residuais em Solo Tipo II

Anexos • 377
Para deslocamentos máximos em solo tipo III, por inspeção foi defi-
nida apenas a distribuição lognormal. O teste de aderência do qui-quidrado
com nível de significância a de 1% confirmou a escolha conforme mostram
os resultados na Tab. XI.11 abaixo.

TABELA XI.11 - Teste do Qui-Quadrado Distribuição Lognormal -


Deslocamentos Máximos em Solo III

Para a = 1%, c0.99,11 = 24,7. Como 11,330 < 24,7, então a distribui-
ção lognormal é aceita como representativa dos deslocamentos máximos em
solo tipo III e apresentada na Fig. XI.25.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 378


FIGURA XI.25 - Distribuição Lognormal – Deslocamentos Máximos em Solo Tipo III

Para deslocamentos residuais em solo tipo III, por inspeção foram


definidas as distribuições Weibull, lognormal e exponencial. O teste de ade-
rência do qui-quidrado com nível de significância a de 1% resultou para
cada distribuição os valores expostos nas tabelas, Tab. XI.12, XI.13 e XI.14
a seguir.

TABELA XI.12 - Teste do Qui-Quadrado Distribuição Weibull -


Deslocamentos Residuais em Solo III
Deslocamento Frequência Teórica 2 2
Frequência Observada (ni) (ni - ei) (ni - ei) /ei
(mm) (ei)
<2 57 60,85 14,823 0,244
2a4 43 40,92 4,326 0,106
4a6 24 25,43 2,045 0,080
6a8 12 15,30 10,890 0,712
8 a 10 11 9,03 3,881 0,430
10 a 12 5 5,25 0,063 0,012
12 a 14 6 3,02 8,880 2,941
14 a 16 1 1,72 0,518 0,301
16 a 18 2 0,97 1,061 1,094
> 18 2 0,51 2,220 4,353

= 163 163,00 - 10,272

Anexos • 379
TABELA XI.13 - Teste do Qui-Quadrado Distribuição Lognormal -
Deslocamentos Residuais em Solo III
Deslocamento Frequência Teórica 2 2
Frequência Observada (ni) (ni - ei) (ni - ei) /ei
(mm) (ei)
<2 57 74,23 296,873 3,999
2a4 43 38,80 17,640 0,455
4a6 24 20,27 13,913 0,686
6a8 12 11,06 0,884 0,080
8 a 10 11 6,56 19,714 3,005
10 a 12 5 4,14 0,740 0,179
12 a 14 6 3,09 8,468 2,740
14 a 16 1 1,32 0,102 0,078
16 a 18 2 1,88 0,014 0,008
> 18 2 1,65 0,123 0,074

= 163 163,00 - 11,304

TABELA XI.14 - Teste do Qui-Quadrado Distribuição Exponencial -


Deslocamentos Residuais em Solo III
Deslocamento Frequência Teórica 2 2
Frequência Observada (ni) (ni - ei) (ni - ei) /ei
(mm) (ei)
<2 57 63,12 37,454 0,593
2a4 43 40,43 6,605 0,163
4a6 24 23,39 0,372 0,016
6a8 12 14,24 5,018 0,352
8 a 10 11 8,67 5,429 0,626
10 a 12 5 5,28 0,078 0,015
12 a 14 6 3,21 7,784 2,425
14 a 16 1 1,96 0,922 0,470
16 a 18 2 1,51 0,240 0,159
> 18 2 1,19 0,656 0,551

= 163 163,00 - 5,372

Para a = 1%, c0.99,9 = 21,7. Das tabelas 5.12, 5.13 e 5.14, Como
5,372 < 10,272 < 11,304 < 21,7, então a distribuição exponencial é escolhi-
da e aceita como representativa dos deslocamentos residuais em solo tipo III
e apresentada na Fig. XI.26.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 380


FIGURA XI.26 - Distribuição Exponencial – Deslocamentos Residuais em Solo Tipo III

XI.5.2 Covariância e Correlação entre os Modos de Falha


Duas funções de desempenho g1(X) e g2(X) são definidas para repre-
sentar os dois modos de falha avaliados neste trabalho para cada fundação.
O modo de falha relativo a deslocamentos máximos superiores ao
deslocamento máximo admissível de 50 mm é representado na Eq. XI.1.

g1 (DMÁX) = 50 - DMÁX ( XI.1 )

E o modo de falha relativo a deslocamentos residuais superiores ao


deslocamento residual admissível de 25 mm é representado na Eq. XI.2.

g2 (DRES) = 25 – DRES ( XI.2 )

Nas quais valores de g1(DMÁX) e g2(DRES) inferiores a zero indi-


cam a falha do subsistema.

Anexos • 381
Para cada tipo de solo foram elaborados os cálculos correspondentes
apresentados nas tabelas: XI.15, XI.16 e XI.17 para solos tipo I, II e III,
respectivamente.

TABELA XI.15 - Planilha de Cálculo para Covariância e Correlação Solo Tipo I


2 2
DADOS g1(DMÁX) g2(DRES) (DMÁX-Média) (DMÍN-Média) DMÁX X DRES
1 37,53 15,97 1408,50 255,04 599,35
2 24,29 6,83 590,00 46,65 165,90
3 32,40 11,59 1049,76 134,33 375,52
4 33,07 10,90 1093,62 118,81 360,46
5 31,48 14,81 990,99 219,34 466,22
6 42,71 21,25 1824,14 451,56 907,59
7 47,18 23,86 2225,95 569,30 1125,71
8 48,09 25,00 2312,65 625,00 1202,25
9 39,96 21,76 1596,80 473,50 869,53
10 46,48 24,94 2160,39 622,00 1159,21
... ... ... ... ... ...
95 40,00 20,00 1600,00 400,00 800,00
96 45,00 24,00 2025,00 576,00 1080,00
97 45,00 24,00 2025,00 576,00 1080,00

TABELA XI.16 - Planilha de Cálculo para Covariância e Correlação Solo Tipo II


2 2
DADOS g1(DMÁX) g2(DRES) (DMÁX-Média) (DMÍN-Média) DMÁX X DRES
1 44,12 23,85 1946,57 568,82 1052,26
2 39,77 21,85 1581,65 477,42 868,97
3 44,92 24,52 2017,81 601,23 1101,44
4 16,77 5,55 281,23 30,80 93,07
5 30,13 10,86 907,82 117,94 327,21
6 43,59 23,77 1900,09 565,01 1036,13
7 39,06 18,63 1525,68 347,08 727,69
8 39,45 18,47 1556,30 341,14 728,64
9 42,45 20,65 1802,00 426,42 876,59
10 41,20 21,25 1697,44 451,56 875,50
... ... ... ... ... ...
209 43,00 23,00 1849,00 529,00 989,00
210 44,00 24,00 1936,00 576,00 1056,00
211 44,00 24,00 1936,00 576,00 1056,00

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 382


TABELA XI.17 - Planilha de Cálculo para Covariância e Correlação Solo Tipo III
2 2
DADOS g1(DMÁX) g2(DRES) (DMÁX-Média) (DMÍN-Média) DMÁX X DRES
1 36,54 17,04 12,81 15,45 622,64
2 41,14 21,05 1,04 0,01 866,00
3 39,72 19,39 0,16 2,50 770,17
4 39,58 18,51 0,29 6,05 732,63
5 32,52 12,40 57,75 73,45 403,25
6 27,93 8,70 148,58 150,56 242,99
7 38,90 18,07 1,49 8,41 702,92
8 43,03 23,36 8,47 5,71 1005,18
9 35,90 16,16 17,80 23,14 580,14
10 37,62 17,76 6,25 10,31 668,13
... ... ... ... ... ...
161 42,00 21,00 1764,00 441,00 882,00
162 41,00 21,00 1681,00 441,00 861,00
163 41,00 20,00 1681,00 400,00 820,00

A Tab. XI.18 apresenta um resumo dos resultados apresentados nas


tabelas XI.15 a XI.17.

TABELA XI.18 - Covariância e Correlação Modos de Falha Fundação

TIPO Tamanho Média Desvio Média Desvio Cov r


DE da amostra g1 g1 g2 g2
[g1(DMÁX), [g1(DMÁX),
SOLO (n) (DMÁX) (DMÁX) (DRES) (DRES) g2(DRES)] g2(DRES)]
I 97 38,52 7,62 19,66 5,81 36,55 0,83
II 211 38,80 6,52 20,08 4,40 24,11 0,84
III 163 40,12 4,67 20,97 3,97 15,22 0,82

A correlação entre os modos de falha foi aproximadamente o mesmo


valor para os três tipos de solo. A correlação próxima da unidade em valor
positivo indica que estes valores apresentam correlação positiva e que estão
próximas de perfeitamente correlacionadas (r = 1,0). Esta correlação posi-
tiva e próxima da unidade pode ser melhor visualizada através das figuras
(Fig. XI.27, para solo tipo I, Fig. XI.28, para solo tipo II e Fig. XI.29, para
solo tipo III).

Anexos • 383
CORRELAÇÃO MODOS DE FALHA
DESLOCAMENTOS MÁXIMOS E RESIDUAIS
SOLO TIPO I

30,00

25,00
Deslocamentos Residuais

20,00

15,00

10,00

5,00

0,00
0,00 10,00 20,00 30,00 40,00 50,00 60,00
Deslocamentos Máximos

FIGURA XI.27 - Correlação Modos de Falha – Solo Tipo I

CORRELAÇÃO MODOS DE FALHA


DESLOCAMENTOS MÁXIMOS E RESIDUAIS
SOLO TIPO II

30,00

25,00
Deslocamentos Residuais

20,00

15,00

10,00

5,00

0,00
0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 35,00 40,00 45,00 50,00
Deslocamentos Máximos

FIGURA XI.28 - Correlação Modos de Falha – Solo Tipo II

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 384


CORRELAÇÃO MODOS DE FALHA
DESLOCAMENTOS MÁXIMOS E RESIDUAIS
SOLO TIPO III

30,00

25,00
Deslocamentos Residuais

20,00

15,00

10,00

5,00

0,00
0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 25,00 30,00 35,00 40,00 45,00 50,00
Deslocamentos Máximos

FIGURA XI.29 - Correlação Modos de Falha – Solo Tipo III

XI.6 Probabilidade de Falha das Fundações

A probabilidade de falha foi calculada com base nos conceitos de


Confiabilidade de Sistemas. Constatada a correlação positiva, como passo
inicial as probabilidades de falha foram calculadas a partir do limite uni-
modal.

XI.6.1 Falha no Subsistema Estai


Tomando por base a árvore de falha geral, apresentada anteriormente
na Fig. XI.20, será avaliada como primeiro passo a probabilidade de falha do
subsistema estai (Fig. XI.30). O subsistema estai falhará se ocorrer:
g1 (DMÁX) = 50 - DMÁX < 0 ( XI.3 )
ou
g2 (DRES) = 25 – DRES < 0 ( XI.4 )

Anexos • 385
N = 1, 2, 3 e 4.

FIGURA XI.30 - Falha Subsistema Estai

A seguir na Tab. XI.19, apresentam-se os resultados referentes às pro-


babilidades de falha calculadas para deslocamentos máximos excessivos. As
distribuições de probabilidade assumidas são limitadas pelo valor admissí-
vel para deslocamentos máximos de 50 mm e a probabilidade de falha - P
(DMáx > 50 mm) é calculada para este limite.
Nesta mesma tabela (Tab. XI.19), apresentam-se os resultados refe-
rentes às probabilidades de falha calculadas para deslocamentos residuais
excessivos. As distribuições de probabilidade assumidas são limitadas pelo
valor admissível para deslocamentos residuais de 25 mm e a probabilidade
de falha - P (DRes > 25 mm) é calculada para este limite.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 386


TABELA XI.19 - Probabilidade de Falha por Modo de Falha

SOLO DISTRIBUIÇÃO P(DMáx > 50 mm) P(DRes > 25 mm)


I Weibull 1,10 E-04 -
Exponencial - 1,05 E-03
II Weibull 1,00 E-06 -
Exponencial - 6,22 E-03
III Lognormal 9,00 E-06 -
Exponencial - 2,02 E-03

Em relação ao solo tipo I, a probabilidade de falha por deslocamentos


máximos excessivos é da ordem de 10 (dez) vezes inferior à probabilidade de
falha por deslocamentos residuais excessivos. Já em relação aos solos tipos
II e III, a probabilidade de falha por deslocamentos máximos excessivos é
da ordem de 1000 (mil) vezes inferior à probabilidade de falha por desloca-
mentos residuais excessivos.

XI.6.2 Falha em uma Fundação de Torre Estaiada


Aplicando o limite uni-modal e combinando as probabilidades de fa-
lha para deslocamentos máximos e residuais excessivos para cada tipo de
solo, são obtidos os seguintes valores para probabilidade de falha em cada
fundação de estai conforme mostrado na Tab. XI.20. Os limites inferiores
apresentam as probabilidades de falhas para variáveis perfeitamente correla-
cionadas e os limites superiores apresentam as probabilidades de falhas para
variáveis estatisticamente independentes.

TABELA XI.20 - Probabilidade de Falha de cada Fundação de Estai

SOLO INTERVALO UNI-MODAL


I 1,050 E-03 < Pf < 1,160 E-03
II 6,220 E-03 < Pf < 6,221 E-03
III 2,020 E-03 < Pf < 2,029 E-03

Por se tratar de sistema em série, pode ser verificada pelas grandezas


envolvidas que o modo de falha deslocamento residual excessivo é domi-
nante o que justifica a utilização do limite uni-modal adotado para cálculo
dos limites de probabilidades de falha.
Anexos • 387
XI.6.3 Falha Nas Fundações dos Estais de Uma Torre Estaiada
Cada estai possui uma fundação tracionada que possui dois modos
de falha avaliados neste trabalho. Cada torre estaiada apresenta por sua vez
quatro estais.
Tomando por base a árvore de falha geral, apresentada anteriormente
na Fig. XI.20 e a partir dos resultados obtidos no item anterior, será avaliada
a probabilidade de falha nas fundações de uma torre estaiada (Fig. XI.31).

FALHA NA FUNDAÇÃO

FALHA FALHA FALHA FALHA


ESTAI 1 ESTAI 2 ESTAI 3 ESTAI 4

+ + + +

DMÁ X-EXC DRES-EXC DMÁ X-EXC DRES-EXC

DMÁ X-EXC DRES-EXC


DMÁ X-EXC DRES-EXC

FIGURA XI.31 - Falha nas Fundações dos Estais

Aplicando o limite uni-modal e combinando as probabilidades de fa-


lha de cada fundação de estai para cada tipo de solo, são obtidos os seguintes
valores para probabilidade de falha nas fundações dos estais de uma torre es-
taiada, para modos de falha perfeitamente correlacionados conforme mos-
trado na Tab. XI.21 e para modos de falha estatisticamente independentes
conforme mostrado na Tab. XI.22.
Na Tab. XI.21, para modos de falha de deslocamentos máximos e
residuais excessivos perfeitamente correlacionados, os limites inferiores
apresentam as probabilidades de falhas para todas as fundações dos estais
perfeitamente correlacionadas e os limites superiores apresentam as proba-
bilidades de falhas para todas as fundações dos estais estatisticamente inde-
pendentes.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 388


TABELA XI.21 - Probabilidade de Falha nas Fundações dos Estais Modos
de Falha Perfeitamente Correlacionados

SOLO INTERVALO UNI-MODAL


I 1,050 E-03 < Pf < 1,160 E-03
II 6,220 E-03 < Pf < 6,221 E-03
III 2,020 E-03 < Pf < 2,029 E-03

Na Tab. XI.22, para modos de falha de deslocamentos máximos e


residuais excessivos estatisticamente independentes, os limites inferiores
apresentam as probabilidades de falhas para todas as fundações dos estais
perfeitamente correlacionadas e os limites superiores apresentam as proba-
bilidades de falhas para todas as fundações dos estais estatisticamente inde-
pendentes.

TABELA XI.22 - Probabilidade de Falha nas Fundações dos Estais Modos


de Falha Estatisticamente Independentes

SOLO INTERVALO UNI-MODAL


I 4,193 E-03 < Pf < 4,631 E-03
II 2,465 E-02 < Pf < 2,465 E-02
III 8,056 E-03 < Pf < 8,091 E-03

Por se tratar de sistema em série, pode ser confirmado que pelas gran-
dezas envolvidas, o modo de falha deslocamento residual excessivo é domi-
nante o que justifica a utilização do limite uni-modal adotado para cálculo
dos limites de probabilidades de falha.
Como resumo das probabilidades de falha de fundações de torres
estaiadas é apresentado a Tab. XI.23 que é a combinação dos limites apre-
sentados nas tabelas Tab XI.21 e Tab. XI.22.

TABELA XI.23 - Probabilidade de Falha nas Fundações dos Estais

SOLO INTERVALO UNI-MODAL


I 1,050 E-03 < Pf < 4,631 E-03
II 6,220 E-03 < Pf < 2,465 E-02
III 2,020 E-03 < Pf < 8,091 E-03

Anexos • 389
A partir dos valores apresentados na Tab. XI.23, é verificado que os
limites estão muito espaçados. Apesar da evidente presença de um modo de
falha dominante isto já justificaria um novo trabalho calculando as proba-
bilidades de falha através de limites bi-modais. Além do mais, sabemos que
o Sistema LT (Fig. XI.19) apresenta vários componentes sujeitos a falha e
quando for combinados todos os modos de falha estas amplitudes devem
ser levadas em conta. Desta forma, algumas recomendações de trabalhos
futuros citadas adiante se justificam levando em conta limites bi-modais e
uma avaliação de mais componentes do sistema.
No Sistema de Interligação Norte-Nordeste foram executados 471
(quatrocentos e setenta e um) ensaios de arrancamento em fundações tra-
cionadas de torres estaiadas como critério de aprovação das fundações. Os
limites adotados a partir da experiência dos profissionais envolvidos no pro-
jeto foram fixos e invariáveis.
O fato é que os resultados destes experimentos quando melhor ex-
plorados e avaliados em conjunto fornecem informações mais consistentes
a respeito do empreendimento do que uma simples avaliação pontual.
O objetivo do presente trabalho foi exatamente definir a probabilida-
de de falha das fundações estaiadas deste sistema a partir dos resultados de
deslocamentos máximos e residuais obtidos nos ensaios.
Inicialmente os dados dos ensaios foram separados em seis grupos
(deslocamentos máximos e residuais para solos tipo I, II e III). Conjunta-
mente à separação dos dados, foi conduzido um aprofundamento teórico de
projeto de Linha de Transmissão e dos conceitos e métodos de Confiabilidade
Estrutural. Em seguida, para cada grupo foram plotados histogramas e por
simples inspeção associadas distribuições de probabilidade correspondentes.
Alguns grupos apresentaram mais de uma alternativa possíveis visualmente.
Para sanar este impasse foi aplicado o teste de aderência do qui-quadrado e
associada a cada grupo uma distribuição de probabilidade. A partir destas
distribuições foram feitas as estimativas de parâmetros e calculadas as covari-
âncias e correlações entre modos de falha e entre as variáveis envolvidas. Em
seguida, a partir dos limites fixos propostos foram definidas as probabilida-
des de falha para cada modo de falha e cada tipo de solo. A partir dos valores
anteriores e da formulação de limites uni-modais foram calculadas as proba-
bilidades de falha para cada fundação de estai e depois combinados os valores
para definição da probabilidade de falha das fundações de todos os estais.
Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 390
Os dois modos de falha de cada estai, deslocamentos máximos e re-
siduais excessivos, apresentaram correlação positiva (a = 0,83, 0,84 e 0,82.,
para solos tipo I, II e III, respectivamente), indicando que conhecendo o
valor de um o outro pode ser encontrado diretamente. As figuras Fig. XI.27,
XI.28 e XI.29 indicam visualmente esta correlação entre as variáveis.
O limite uni-modal foi utilizado para definição da probabilidade de falha
apresentando limites inferiores para variáveis perfeitamente correlacionadas e
limites superiores para variáveis estatisticamente independentes. O modo de
falha deslocamento residual excessivo foi claramente identificado como domi-
nante e sendo a princípio aceitável o limite uni-modal neste estudo.
Um fato a ser destacado é a excessiva importância dada em campo
aos valores de deslocamentos máximos, uma vez que foi constatado neste
trabalho que os deslocamentos residuais são dominantes para a determi-
nação das probabilidades de falha. Diante deste domínio, surge também o
questionamento de que o limite para deslocamentos residuais possa estar
muito rigoroso. Em novos empreendimentos, uma melhor avaliação deste
limite deverá ser levada em conta.
Valores de probabilidade de falha da ordem de E-03 são comuns para
outros componentes estruturais já estudados em outros sistemas, sendo
considerados satisfatórios em ordem de grandeza os valores encontrados.
As probabilidades de falha encontradas são referentes à falha de fun-
dações de estais em três tipos de solo padronizados para este empreendimen-
to. Os valores variaram entre 1,050 E-03 e 4,631 E-03 para solo tipo I, 6,220
E-03 e 2,465 E-02 para solo tipo II e 2,020 E-03 e 8,091 E-03 para solo tipo
III. Os limites inferiores são para variáveis perfeitamente correlacionadas e
os limites superiores para variáveis estatisticamente independentes.
O sistema LT possui componentes mecânicos e componentes elétri-
cos que com o conhecimento de suas probabilidades de falha combinadas
aos valores aqui encontrados acarretará na definição da probabilidade de
falha do sistema LT.

Anexos • 391
Anexo XII - Estudo Probabilístico da Resistência
à Compressão de Concretos Utilizados em
Fundações de Linhas de Transmissão

XII.1 Introdução

A descrição estatística da resistência à compressão do concreto deve


refletir a prática construtiva atual em uma determinada região ou país. As-
sim, o presente trabalho tem como objetivo avaliar um grande número de
resultados de ensaios de resistência à compressão de corpos de prova de
concreto. O concreto analisado é aquele utilizado nas fundações das torres
do sistema de Interligação Norte-Nordeste (1300 km de linhas de trans-
missão). Os corpos de prova ensaiados contemplam concretos executados
in situ (resistência especificada de 18 MPa) e pré-moldados (resistência es-
pecificada de 21 MPa). Os valores da média, desvio padrão e coeficiente de
variação são obtidos para a resistência à compressão aos 7 e aos 28 dias. São
estudadas as distribuições de probabilidade da resistência à compressão cor-
respondentes a estas duas idades; em especial, a adequação da distribuição
Normal e também da distribuição Lognormal são investigadas. Adicional-
mente, são comparados os resultados de ensaios de concretos executados
em canteiros distintos a partir da mesma especificação de projeto. Tais re-
sultados, são analisados segundo as recomendações da NBR6118:2003, do
ACI 318 e do Eurocode 2.
Normas e especificações atuais para projeto de estruturas em con-
creto se baseiam no Método dos Estados Limites, ou seja, no projeto semi-
probabilístico. O projeto assim denominado se deve à incorporação de for-
ma implícita de conceitos probabilísticos onde uma norma é calibrada de
tal forma a fornecer níveis de confiabilidade considerados como desejáveis
(Diniz, 2006). Desta maneira, a descrição estatística de todas as variáveis
envolvidas no projeto é um requisito básico na calibração de normas.
Dada a variabilidade da resistência à compressão do concreto, a sua
descrição estatística é de especial interesse. Dentro do contexto do projeto
semi-probabilístico, o conceito de resistência característica, fck, - aquela que
Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 392
apresenta uma probabilidade pré-estabelecida de não ser atingida -, é lar-
gamente utilizado. Para que a resistência característica possa ser definida, o
tipo de distribuição de probabilidade e parâmetros descritivos da resistência
à compressão do concreto devem ser conhecidos.
Segundo a NBR 12655: Concreto – Preparo, Controle e Recebimento
(1996), a resistência à compressão do concreto pode ser descrita como uma
variável Normal, ou seja, segue a distribuição de Gauss (Ang e Tang, 1976).
Tal consideração também está presente na NBR 6118:2003 e outras normas
internacionais tais como o ACI 318 (2008) e o Eurocode 2 (2002). Entretan-
to, existem críticas a este procedimento uma vez que a distribuição Normal
pode assumir valores negativos e consequentemente sem significado físico
na descrição de resistências. Uma alternativa a este procedimento é a utiliza-
ção da distribuição Lognormal visto que esta distribuição é definida apenas
para valores positivos da variável em questão (Ang e Tang, 1976).
Outro aspecto importante relativo à descrição estatística da resistên-
cia à compressão do concreto é que tal informação é utilizada no controle
de qualidade deste material. É fato bastante conhecido que a resistência à
compressão do concreto depende do nível de controle de qualidade exerci-
do em todas as fases da produção do concreto. Segundo Mirza et al. (1979),
“o coeficiente de variação médio pode ser tomado como aproximadamente
10%, 15%, and 20% para resistências menores que 28 MPa correspondendo
a controles excelente, médio e inferior, respectivamente.” Nos últimos anos,
uma grande atenção tem sido voltada para a descrição estatística da resistên-
cia à compressão de concretos de alta resistência (veja por exemplo Diniz
e Frangopol (1997)). Uma análise recente da variabilidade da resistência à
compressão do concreto é apresentada em Nowak e Szerszen (2003). Uma
conclusão destes autores, baseada em dados norte-americanos, é de que a
variabilidade do concreto decresceu nos últimos 30 anos, sendo resultado
de um maior e melhor controle de qualidade. No caso do concreto de alta
resistência este fato é facilmente compreensível visto que um maior controle
de qualidade pode ser entendido como um dos “ingredientes básicos” para
a obtenção de resistências mais elevadas. Assim, as conclusões obtidas por
Nowak e Szerszen podem ser aplicadas para os concretos de alta resistência
obtidos em território nacional. Já para concretos de resistências usuais, tais
conclusões devem ser verificadas antes que possam ser consideradas válidas
para o caso brasileiro.

Anexos • 393
Pelo exposto, a descrição estatística da resistência à compressão do
concreto deve refletir a prática construtiva atual em uma determinada região
ou país. Assim, o presente trabalho tem como objetivo avaliar um grande
número de resultados de ensaios de resistência à compressão de corpos de
prova de concreto. O concreto analisado é aquele utilizado nas fundações
das torres do sistema de Interligação Norte-Nordeste (1300 km de linhas de
transmissão). Os corpos de prova ensaiados contemplam concretos execu-
tados in situ (resistência especificada de 18 MPa) e pré-moldados (resistência
especificada de 21 MPa). Os valores da média, desvio padrão e coeficiente
de variação são obtidos para a resistência à compressão aos 7 e aos 28 dias.
São estudadas as distribuições de probabilidade da resistência à compressão
correspondentes a estas duas idades; em especial, a adequação da distribui-
ção Normal e também da distribuição Lognormal são investigadas. Adicio-
nalmente, são comparados os resultados de ensaios de concretos executados
em canteiros distintos a partir da mesma especificação de projeto. Tais re-
sultados, são analisados segundo as recomendações da NBR6118:2003, do
ACI 318 e do Eurocode 2.

XII.2 Características do concreto empregado no


empreendimento

Com o objetivo de atender ao crescimento da demanda de energia


elétrica das regiões Norte e Nordeste do Brasil, foram projetadas as linhas
de transmissão em 500 kV Tucuruí - Vila do Conde (Grande Belém) (323
km), Tucuruí - Marabá, Marabá – Açailândia, Açailândia – Imperatriz e Açai-
lândia – Presidente Dutra (932 km, as últimas quatro) e construídas nos anos
de 2001 e 2002 nos estados do Pará e Maranhão, entrando em operação
em março de 2003. O traçado do sistema de interligação Norte-Nordeste é
apresentado na Fig. XI.1.
Entende-se para fins deste projeto e estudo que as concretagens in
situ foram aquelas onde o concreto foi produzido em uma usina central e
transportado para concretagem da fundação no local da torre. Já o concreto
pré-moldado teve sua execução e cura no pátio ao lado da usina e as peças
prontas transportadas para o local da torre. Como critério de projeto das
fundações, foram exigidas duas resistências características (fck), especifica-

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 394


das aos 28 dias de idade para os concretos: 18 MPa para concretagens in situ
e 21 MPa para concretos pré-moldados em canteiros. Do trecho em estudo
serão avaliados os resultados de três canteiros localizados em Goianésia do
Pará, Jacundá e Nova Ipixuna, todas estas cidades no estado do Pará.

XII.3 Orientações normativas para a resistência do concreto

Conforme mencionado anteriormente, a resistência característica é


um conceito vital para o controle de qualidade do concreto e também para
o projeto de estruturas em concreto. A seguir são apresentadas as recomen-
dações da NBR 12655, Concreto - Preparo, controle e recebimento (ABNT,
1996), da NBR 6118:2003, Projeto e Execução de Obras de Concreto Arma-
do (ABNT, 2003), do ACI 318, Building Code Requirements for Reinforced
Concrete and Commentary (ACI Committee 318 2008) e do Eurocode 2
(2002).

XII.3.1 NBR 12655


Segundo a NBR 12655, Concreto - Preparo, controle e recebimento
(ABNT, 1996), a resistência de dosagem relaciona-se com a resistência ca-
racterística, fck através da expressão:
fcj = fck + 1,65 Sd ( XII.1 )
onde:
fcm é a resistência média do concreto à compressão, prevista para
a idade de j dias, em MPa; fck é a resistência característica do concreto à
compressão, em MPa; Sd é o desvio-padrão da dosagem, em MPa. Nesta
expressão o fck é tomado usualmente aos 28 dias de idade.
O desvio-padrão, quando desconhecido, é definido em função das
condições de preparo do concreto (Tabela XII.1):

Anexos • 395
TABELA XII.I - Desvio-padrão a ser adotado em função da condição
de preparo do concreto (ABNT, 1996)

Condição Desvio-padrão (MPa)


A 4,0
B 5,5
C 7,0

sendo o valor que tem apenas 5% de probabilidade de não ser atingi-


do pelos elementos de um dado lote de material. É interessante notar que,
embora não seja mencionado na NBR 12655 e também na NBR 6118, no
desenvolvimento da Eq. 1 está implícito que foi assumido que a resistência à
compressão do concreto pode ser modelada por uma distribuição Normal.
Quando o concreto for preparado sob condições controladas e bem
conhecidas o valor numérico do desvio-padrão Sd deve ser fixado com no
mínimo 20 resultados consecutivos obtidos no intervalo de 30 dias, em pe-
ríodo imediatamente anterior. Em nenhum caso a NBR 12655 permite que
o valor de Sd adotado seja inferior a 2,0 MPa.
Segundo esta norma os resultados dos ensaios de resistência, realiza-
dos conforme a NBR 5739, Concreto - Ensaio de compressão de corpos-
de-prova cilíndricos (ABNT, 1994), devem servir para a aceitação ou rejei-
ção dos lotes.
Existem dois tipos de controle da resistência: o controle estatístico do
concreto por amostragem parcial (exemplares de algumas betonadas de con-
creto) e o controle estatístico do concreto por amostragem total (exemplares
retirados de todas as amassadas de concreto).
No caso do presente estudo o controle estatístico do concreto foi rea-
lizado por amostragem parcial sendo o lote em todos os casos bem superior
a 20 exemplares. Desta forma, para lotes com número de exemplares n > 20,
o valor estimado da resistência característica à compressão (fckest), na idade
especificada, é dado por:
fckest = fcm - 1,65 Sd ( XII.2 )
onde:
fcm é a resistência média dos exemplares do lote, em MPa;
Sd é o desvio-padrão do lote para n-1 resultados, em MPa.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 396


Os lotes de concreto deverão ser aceitos quando o valor estimado da
resistência característica, calculado conforme a equação XII.2 satisfizer a
seguinte relação:

fckest > fck ( XII.3 )

XII.3.2 ACI 318


Segundo o ACI 318, Building Code Requirements for Reinforced
Concrete and Commentary (ACI Committee 318, 2008), a resistência de
dosagem (f ’cr) relaciona-se com a resistência característica, f ’c através das
seguintes expressões:
f ’cr = f ’c + 1,34 ss ( XII.4 )
f ’cr = f ’c + 2,33 ss – 3,45 ( XII.5 )
onde ss é o desvio padrão calculado para as amostras analisadas.

A Eq. XII.4 estabelece que existe uma probabilidade de 0.01 de que


a média de três testes consecutivos seja menor do que a resistência reque-
rida. A Eq. XII.5 estabelece que existe uma probabilidade de 0,01 de que o
resultado de um teste individual esteja 3,45 MPa abaixo da resistência es-
pecificada. Estas duas equações são equivalentes quando o desvio padrão
é de aproximadamente 3,45 MPa. As Eqs. XII.4 e XII.5 são utilizadas para
concretos com f ’c < 34,5 MPa. Para valores de f ’c superiores a 34,5 MPa, a
Eq. XII.5 é substituída pela Eq. XII.6:
f ’cr = 0,90 f ’c + 2,33 ss ( XII.6 )
A resistência de dosagem requerida (f ’cr) quando o desvio-padrão for
desconhecido é definida em função da resistência característica do concreto
exigida em projeto, f ’c (Tabela XII.2):

Anexos • 397
TABELA XII.II - Resistência de dosagem requerida quando desvio-padrão
for desconhecido (ACI)

f’c f’cr

(MPa) (MPa)
f’c < 21,0 f’cr = f’c + 7
21 < f’c < 35 f’cr = f’c + 8,4
f’c > 35 f’cr = f’c + 9,8

XII.3.3 Eurocode 2
Segundo o EUROCODE (2002) a resistência de dosagem (fcm) rela-
ciona-se com a resistência característica, fck através da expressão:
fcm = fck + 8 (MPa) ( XII.7 )
onde:
fcm é a resistência média do concreto à compressão, prevista para a
idade de 28 dias, MPa;
fck é a resistência característica do concreto à compressão na idade
de 28 dias, MPa.

Assim como na NBR 6118:2003, o Eurocode 2 assume a resistência


característica do concreto fck como sendo o valor que que corresponde
ao quantil de 5%. Assim, comparando-se as Eqs. XII.1 e XII.7, pode-se
concluir que o desvio-padrão é tomado como fixo, para todas as classes de
concreto, e igual a 4,85 MPa.
Nesta norma o fck é apresentado em termos de resistência obtida em
corpos-de-prova cilíndricos e também cubos (fck,cubo). Os valores de fck,
fck,cubo e fcm são apresentados na Tabela XII.3. Nesta tabela também foi
incluído o coeficiente de variação (C.O.V. = fcm / s), onde pode ser visto
que a hipótese de que o desvio padrão seja constante para todas as classes
de concreto consideradas é consistente com coeficientes de variação decres-
centes, à medida em que a resistência à compressão cresce.

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 398


TABELA XII.III - fck, fck,cubo, fcm (MPa) e COV.
Classes do concreto

fck 12 16 20 25 30 35 40 45 50 55 60 70 80 90

fck,cubo 15 20 25 30 37 45 50 55 60 67 75 85 95 105

fcm 20 24 28 33 38 43 48 53 58 63 68 78 88 98

COV 0,24 0,20 0,17 0,15 0,13 0,11 0,10 0,09 0,08 0,08 0,07 0,06 0,06 0,05

As classes de tensões no Eurocode 2 são baseadas nas resistências


características (fck) determinadas aos 28 dias de idade. O valor máximo con-
siderado para a resistência à compressão, Cmáx, é determinado para cada
país componente da União Européia. O valor recomendado é C90/105 (ou
seja, fck = 90 MPa ou fck,cubo = 105 MPa).
O valor estimado da resistência característica à compressão (fckest),
na idade especificada, é dado por:
fckest = fcm – 8 (MPa) ( XII.8 )
onde fcm é a resistência média dos exemplares do lote, em MPa.

Os lotes de concreto deverão ser aceitos quando o valor estimado da


resistência característica, calculado conforme a equação XII.8 satisfizer a
seguinte relação:
fckest > fck ( XII.9 )

XII.4 Avaliação Estatísitica da resistência do concreto

Do trecho em estudo serão apresentados os resultados de três can-


teiros localizados nas seguintes cidades: Goianésia do Pará, Jacundá e Nova
Ipixuna, ambas no estado do Pará. Com a utilização do software MATLAB®
foram elaborados histogramas para cada canteiro (Goianésia do Pará, Ja-
cundá e Nova Ipixuna) e cada idade de rompimento (7 ou 28 dias). Por
inspeção, foram analisadas as distribuições Normal (conforme sugestão da

Anexos • 399
NBR 12655) e também a Lognormal. Estes resultados estão apresentados
nas Figs. XII.1-XII.4 para concreto in situ e nas Figs. XII.5-XII.8 para con-
creto pré-moldado. O número de ensaios n em cada caso é apresentado em
cada uma das figuras. O número total de ensaios realizados para concreto
in situ é de 665 e 841 para 7 e 28 dias, respectivamente. O número total de
ensaios realizados para concreto pré-moldado é de 389 para 7 dias e também
389 para 28 dias. As funções densidade de probabilidade correspondentes à
distribuição Normal e à distribuição Lognormal estão apresentadas em cada
figura.

FIGURA XII.1 - Concreto in situ - Goianésia do Pará -


a) 7 dias (n = 373) b) 28 dias (n = 452).

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 400


FIGURA XII.2 - Concreto in situ - Jacundá – a) 7 dias (n = 176) b) 28 dias (n = 273).

FIGURA XII.3 - Concreto in situ - Nova Ipixuna -


a) 7 dias (n = 116) b) 28 dias (n = 116).

Anexos • 401
FIGURA XII.4 - Concreto in situ - Geral (Goianésia do Pará, Jacundá e Nova Ipixuna) -
a) 7 dias (n = 665) b) 28 dias (n = 841).

FIGURA XII.5 - Concreto pré-moldado - Goianésia do Pará -


a) 7 dias (n = 96) b) 28 dias (n = 96).

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 402


FIGURA XII.6 - Concreto pré-moldado - Jacundá -
a) 7 dias (n = 160) b) 28 dias (n = 160).

FIGURA XII.7 - Concreto pré-moldado - Nova Ipixuna -


a) 7 dias (n = 133) b) 28 dias (n = 133).

Anexos • 403
FIGURA XII.8 - Concreto pré-moldado - Geral (Goianésia do Pará, Jacundá e
Nova Ipixuna) – a) 7 dias (n = 389) b) 28 dias (n = 389).

Para a verificação dos modelos analíticos propostos para a descrição da


resistência à compressão do concreto, o teste do qui-quadrado foi utilizado.
Os resultados obtidos são apresentados nas Tabelas XII.4 e XII.5. O nível de
significância adotado é de 99% (a = 1%) (Ang e Tang, 1976). Nestas tabelas
“ni” é a freqüência teórica segundo o modelo analítico correspondente e “ei” é
a freqüência observada a partir dos resultados dos ensaios. Segundo o teste do
qui-quadrado, um modelo analítico é considerado satisfatório caso o valor de

(ni - ei )2
∑ ei

seja inferior ao valor de referência correspondente ao nível de significância


adotado, C0,99;9. Assim, os resultados apresentados nas Tabelas XII.4 e
XII.5 indicam que, de acordo com o teste do qui-quadrado, tanto a distribui-
ção Normal quanto a distribuição Lognormal são modelos aceitáveis para
a resistência à compressão do concreto. Este teste também permite decidir,

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 404


entre dois ou mais modelos aceitáveis, qual dentre eles é o mais adequado. O
modelo mais adequado é aquele que apresentar o menor valor de
(ni - ei )2
∑ ei .
Como pode ser visto nestas tabelas, na maioria dos casos relativos a
28 dias a distribuição Lognormal é a mais adequada.

TABELA XII.IV - Resultados dos Testes de Aderência – Concreto in situ.

(ni - ei )2
Canteiro / Idade (dias)
∑ ei Decisão
C0,99;9
Normal Lognormal

Goianésia / 7 20,343 20,988 21,7 Normal


Goianésia / 28 18,775 17,448 21,7 Lognormal
Jacundá / 7 19,906 20,077 21,7 Normal
Jacundá / 28 20,109 20,007 21,7 Lognormal
Nova Ipixuna / 7 18,678 18,345 21,7 Normal
Nova Ipixuna / 28 21,006 20,887 21,7 Lognormal
Geral / 7 18,443 18,576 21,7 Normal
Geral / 28 18,634 18,543 21,7 Lognormal

TABELA XII.V - Resultados dos Testes de Aderência – Concreto pré-moldado.

(ni - ei )2
Canteiro / Idade (dias)
∑ ei Decisão
C0,99;9
Normal Lognormal

Goianésia / 7 20,381 21,007 21,7 Normal


Goianésia / 28 19,002 19,043 21,7 Normal
Jacundá / 7 20,009 19,776 21,7 Lognormal
Jacundá / 28 20,112 20,232 21,7 Normal
Nova Ipixuna / 7 20,996 20,099 21,7 Lognormal
Nova Ipixuna / 28 18,887 18,676 21,7 Lognormal
Geral / 7 19,776 19,554 21,7 Lognormal
Geral / 28 20,232 20,065 21,7 Lognormal

Anexos • 405
Nas Tabelas XII.6 e XII.7, estão apresentados os valores de média,
desvio-padrão e coeficiente de variação para todos os canteiros e idades
estudadas para concreto in situ e concreto pré-moldado, respectivamente.
Como pode ser observado na Tabela 6, o coeficiente de variação para a
resistência à compressão do concreto in situ está na faixa de 0,05 a 0,08. Já
para o concreto pré-moldado, esta faixa é de 0,09 a 0,14. Conforme discuti-
do anteriormente, pode-se dizer que para o concreto in situ o controle pode
ser classificado como rigoroso, enquanto que para o concreto pré-moldado
este controle está entre rigoroso e médio. Estes resultados se assemelham
àqueles obtidos por Nowak e Szerszen (2003). Segundo estes autores, o co-
eficiente de variação para a resistência à compressão do concreto é de apro-
ximadamente 0,10. Este número foi proposto a partir de uma pesquisa cor-
respondente a um grande volume de dados norte-americanos. É interessante
notar que embora usualmente o concreto pré-moldado tenda a resultar em
menores coeficientes de variação, quando comparados a concretos molda-
dos in situ, tal não foi a situação observada na obra em questão.

TABELA XII.VI - Média, Desvio-Padrão e Coeficiente de Variação


(Concreto in situ - fck aos 28 dias > 18.

Média Desvio-padrão Coeficiente de


Canteiro / Idade (dias)
(MPa) (MPa) Variação
Goianésia / 7 18,54 1,52 0,08
Goianésia / 28 27,80 1,98 0,07
Jacundá / 7 18,26 1,36 0,07
Jacundá / 28 28,27 1,33 0,05
Nova Ipixuna / 7 24,64 2,67 0,11
Nova Ipixuna / 28 28,93 2,30 0,08
Geral / 7 19,53 2,93 0,15
Geral / 28 28,11 1,88 0,07

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 406


TABELA XII.VII - Média, Desvio-Padrão e Coeficiente de Variação (Concreto pré-molda-
do - fck aos 28 dias > 21 MPa).

Média Desvio-padrão Coeficiente de


Canteiro / Idade (dias)
(MPa) (MPa) Variação
Goianésia / 7 20,66 2,73 0,13
Goianésia / 28 26,67 3,75 0,14
Jacundá / 7 19,71 1,36 0,07
Jacundá / 28 28,37 2,63 0,09
Nova Ipixuna / 7 27,23 2,93 0,11
Nova Ipixuna / 28 30,60 3,09 0,10
Geral / 7 22,52 4,15 0,18
Geral / 28 28,71 3,44 0,12

XII.5 Valores estimados para fck

Nas Tabelas XII.8 e XII.9 são apresentados os valores estimados de


fck para concretos in situ e pré-moldados, respectivamente. Tais estimativas
são feitas segundo os critérios da NBR 12655, do ACI 318 e do Eurocode
2. Com relação ao Eurocode 2, a coluna correspondente nas Tabelas 8 e 9
foram obtidas a partir da Eq. XII.7. É importante observar que o Eurocode
2 assume a resistência característica do concreto fck como sendo o valor
que corresponde ao quantil de 5%. Isto significa que, se fôsse considerado
o desvio-padrão obtido para cada canteiro, os valores correspondentes ao
Eurocode 2 e à NBR 12655 seriam idênticos. Os valores mais rigorosos do
Eurocode 2 são devido a um valor mais elevado do desvio-padrão (4,85
MPa, ver ítem XII.3.3) do que aqueles obtidos nos ensaios aqui reportados.
Para todas as amostras de concreto in situ com idade de 28 dias os va-
lores correspondentes aos fck estimados em todas as três normas utilizadas
superam aos valores exigidos em projeto (fck > 18 MPa). Para as amostras
de concreto pré-moldado foram constados fatos relevantes. Na verificação
pela NBR 12655 a amostra referente ao pátio de Goianésia do Pará seria
rejeitada (fck,est = 20,48 MPa < 21,0 MPa). Segundo a verificação do Eu-
rocode 2, as amostras referentes aos pátios de Goianésia do Pará (fck,est =
18,67 MPa), Jacundá (fck,est = 20,37 MPa) e o resultado geral (fck,est =
20,71 MPa), seriam rejeitadas para o fck requerido.
Anexos • 407
Estes resultados estão representados de forma gráfica nas Figuras
XII.9 E XII.10 para concreto moldado in situ e pré-moldado, respectiva-
mente. Através destas figuras percebe-se que o Eurocode 2 apresenta valo-
res mais exigentes quanto ao fck estimado. Já o ACI 318 apresenta os me-
nores valores, entretanto estes valores são bastante próximos aos da NBR
12655. Um fato que fica patente através destas figuras é o de que um mes-
mo material é visto de forma distinta a partir de distintas normas. Embora
aparentemente óbvio, esta observação é usualmente esquecida em estudos
comparativos de normas. Outra questão que deve ser abordada é de que tais
resultados não devem ser analisados isoladamente, mas sim na totalidade do
projeto de estruturas em concreto. Deve-se lembrar que antes de se concluir
apressadamente que uma determinada norma é mais conservadora do que
outra, tal afirmativa só pode ser feita a partir do conhecimento dos níveis de
confiabilidade implícitos em cada caso e não do tratamento isolado de uma
das variáveis envolvidas no processo.

TABELA XII.VIII - Concreto in situ (fck aos 28 dias > 18 MPa).

fck estimado (MPa)


Canteiro / Idade (dias) ACI
NBR EUROCODE
Eq. 4 Eq. 5 Adotar
Goianésia / 28 24,53 25,15 26,64 25,15 19,80
Jacundá / 28 26,08 26,49 28,62 26,49 20,27
Nova Ipixuna / 28 25,14 25,85 27,02 25,85 20,93
Geral / 28 25,01 25,59 27,18 25,59 20,11

TABELA XII.IX - Concreto in situ (fck aos 28 dias > 18 MPa).

fck estimado (MPa)


Canteiro / Idade (dias) ACI
NBR EUROCODE
Eq. 4 Eq. 5 Adotar
Goianésia / 28 20,48 21,65 21,38 21,38 18,67
Jacundá / 28 24,03 24,85 25,69 24,85 20,37
Nova Ipixuna / 28 25,50 26,46 26,85 26,46 22,60
Geral / 28 24.21 25,05 25.8 25,05 20,71

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 408


FIGURA XII.X - Concreto in situ – resistência característica segundo distintas normas.

FIGURA XII.XI - Concreto pré-moldado – resistência característica segundo


distintas normas.

Anexos • 409
XII.6 Conclusão para os valores estimados para fck

A descrição estatística da resistência à compressão do concreto deve


refletir a prática construtiva atual em uma determinada região ou país.
Assim, o presente trabalho teve como objetivo avaliar um grande nú-
mero de resultados de ensaios de resistência à compressão de corpos de
prova de concreto. O concreto analisado foi aquele utilizado nas fundações
das torres do sistema de Interligação Norte-Nordeste. Os corpos de prova
ensaiados contemplam concretos executados in situ (resistência especificada
de 18 MPa) e pré-moldados (resistência especificada de 21 MPa). Os valores
da média, desvio padrão e coeficiente de variação foram obtidos para a resis-
tência à compressão aos 7 e aos 28 dias. Para os concretos executados in situ,
o número de resultados de ensaios disponíveis foi de 665 para 7 dias e 841
para 28 dias de idade. Com relação ao concreto pré-moldado este número
foi de 389 para 7 dias e 389 para 28 dias de idade.
A partir da utilização destes resultados foram estudadas as distribui-
ções de probabilidade da resistência à compressão correspondentes a estas
duas idades. Em especial, a adequação da distribuição Normal e também
da distribuição Lognormal foram investigadas. A avaliação estatística aqui
reportada sugere que ambos os modelos matemáticos fornecidos pela dis-
tribuição Normal e pela distribuição Lognormal são aceitáveis. Entretanto,
os testes de aderência apontam que para os 28 dias de idade a distribuição
Lognormal seria um modelo ligeiramente superior àquele fornecido pela
distribuição Normal.
Os valores relativos à média, desvio-padrão e coeficiente de variação
para todos os canteiros e idades estudadas para concreto in situ e concreto
pré-moldado também foram avaliados. Os resultados de ensaios de concre-
tos executados em canteiros distintos a partir da mesma especificação de
projeto foram comparados. Foi observado que o coeficiente de variação para
a resistência à compressão do concreto in situ está na faixa de 0,05 a 0,08; já
para o concreto pré-moldado, esta faixa é de 0,09 a 0,14. Estes resultados se
assemelham àqueles obtidos por Nowak e Szerszen (2003) que reportam o
coeficiente de variação para a resistência à compressão do concreto como de
aproximadamente 0,10. Foi observado também que, embora usualmente o
concreto pré-moldado tenda a resultar em menores coeficientes de variação

Fundações para Linhas de Transmissão - Dimensionamento e Execução • 410


(em relação a concretos moldados in situ), tal não foi a situação observada
na obra em questão.
Adicionalmente, estimativas da resistência característica foram feitas
segundo as recomendações da NBR6118:2003, do ACI 318 e do Eurocode
2. Foi observado que o Eurocode 2 apresenta valores mais exigentes quan-
to ao fck estimado. Já o ACI 318 apresenta os menores valores, entretanto
estes valores são bastante próximos aos da NBR 12655. Um fato que ficou
patente através desta análise é o de que um mesmo material é visto de forma
distinta a partir de distintas recomendações técnicas. Embora aparentemen-
te óbvia esta observação é usualmente esquecida em estudos comparativos
de normas. Outra questão que deve ser abordada é de que tais resultados
não devem ser analisados isoladamente, mas sim na totalidade do projeto de
estruturas em concreto. Deve-se lembrar que antes de se concluir apressa-
damente que uma determinada norma é mais ou menos conservadora, tal
afirmativa só pode ser feita a partir do conhecimento dos níveis de confia-
bilidade implícitos em cada caso e não do tratamento isolado de uma das
variáveis envolvidas no processo.

O SENHOR SEJA LOUVADO E GLORIFIGADO!


OBRIGADO MEU DEUS!

Anexos • 411
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