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TRABALHO
DE
FILOLOGIA
1- Explicite os conceitos de Romania, Romania Vetus, Romania Nova e língua românica,
comentando os fatores históricos e linguísticos envolvidos nos mesmos.
A língua crioula diz-se de cada uma das línguas mistas nascidas do contato de um
idioma europeu com línguas nativas, ou importadas, e que se tornaram línguas maternas de
certas comunidades. Crioulo vem do verbo criar é antônimo de nativo, a língua crioula se
produz quando alguém tem que aprender uma língua de forma improvisada, o que gera uma
interseção linguística da língua alvo mais a língua nativa, ela surge na tentativa de grupos
(escravos) tentando se comunicar com os seus senhores.
2 – Explique e fundamente com base em exemplos a seguinte afirmação do texto: “... o português, o
espanhol e o italiano têm muitas semelhanças, enquanto o francês apresenta particularidades que os
separam das outras três línguas. Por isso, o leitor lusófono deverá conhecer especialmente a
distância que separa sua língua do francês.”A resposta deverá contemplar os níveis ortográfico,
fonético, morfológico, sintático e lexical.
Enquanto no italiano há uma relação rigorosa quanto suas letras e fonemas, o francês
possui quebras nesta relação devido sua construção arcaica e muitas vezes incoerente. A ligação
entre a escrita e a pronúncia no francês pode conter muitas surpresas devido sua
imprevisibilidade. Um grupo de palavras vindas do grego e que possuem ph, abrangem mais de
uma possibilidade de pronúncia, que podem ser; [f], th com som de [t] e ch com som de [k].
Mantendo a escrita influenciada do grego dentro da língua francesa podemos tomar como
exemplo as palavras cultas philosophe e mathématiques, que em outros idiomas foram
substituídas por f e t: filosofia em português e italiano, matemática em português e matematica
em italiano. O francês continua imprevisível quando tocamos na vogal nasal [ã] que pode ter
um grande número de grafias: an, am, en, em, ean ou aon. Apesar da variedade no som, palavras
como sang(sangue) ou tant(tanto) acabam por tornar possível perceber uma ligação entre as
outras línguas românicas, além de também ser possível notar semelhanças entre as línguas pela
grafia mesmo que sua pronúncia dissimule parte das semelhanças.
Ainda que por ligação pela mesma raiz seja possível apontar semelhanças entre
algumas palavras do francês e ao português, espanhol e italiano, como parte e muro que existem
nas três línguas e são part e mur em francês. Tendo em vista as variações vindas do uso dos
antigos falantes, todavia podem afastar um pouco as quatro línguas assim e tornar complicada a
percepção da origem latina, como em olho, ojo, occhio e oeil, palavras dadas como populares,
diferente das cultas que vieram do latim e foram retomadas por diversas vezes em diferentes
momentos na história e sem alterar suas raízes, como ocular que é comum em português e
espanhol, oculare em italiano e oculaire no francês, todas vindas do latim oculare.
Com estes fatos se torna possível perceber que o francês possui algumas semelhanças
lexicais com as outras línguas românicas, mas por um lado pode se aproximar da língua inglesa
em outros momentos.
3- Responda, sempre com justificativa que contemplem as quatro línguas em estudo, qual(is) dessas
mesmas línguas apresenta(m)
e) Um sistema de consoantes geminadas, sendo que a duração desses fonemas tem valor distintivo.
a) Em alguns casos da comparação do latim com os idiomas neolatinos, percebe-se que o legado da
língua latina é grande na manutenção de uma identidade da palavra, como pode ser visto nas
semelhanças entre Pedem (latim), pé (português), pie (espanhol), piede (italiano) e pied (francês) A
questão da vogal, no entanto, acabou sendo modificada em alguns casos, sobretudo em uma criação
de tendência à ditongação do ‘’e’’ e do ‘’o’’. Pode ser visto, através do exemplo dado acima, que, no
português, o processo de ditongação não ocorre como nas outras línguas. Nos três idiomas restantes
(espanhol, italiano e francês), houve uma soma da vogal principal junto a uma semivogal aberta. O
‘’e’’ breve deu lugar a "ie". Em outro caso, agora de maneira distinta, o "o" breve adaptou-se a três
formas discrepantes. Se no latim a palavra "novum" não possui ditongo, no espanhol, italiano e
francês as duas vogais na mesma sílaba existem, embora estejam adaptadas diferentemente: "ue" em
"nuevo", em espanhol; "uo" em "nuovo", em italiano; "eu" em "neuf ”, em francês.
d) Em relação ao léxico, constata-se muitas vezes que o português, o espanhol e o italiano possuem
entre si semelhanças – podendo destacar uma semelhança muito maior em relação ao portugues e ao
espanhol - e opõem-se de modo claro ao francês: assim, no francês, danger corresponde à perigo
em português, a peligo em espanhol e pericolo em italiano. Outro exemplo é que em Francês
maison corresponde nas três línguas a casa. O espanhol e o português com frequência se
aproximam, constituindo um grupo a parte no conjunto românico. Assim o verbo matar, comum ao
português e ao espanhol, distingue-se do francês tuer e do italiano uccidere. Em outros casos, um
subgrupo franco-italiano defronta-se ao subgrupo hispanoportuguês. Como exemplo, temos a
palavra comer em português e espanhol, ao passo que é em francês é manger e em italiano,
mangiare. Considerando o léxico, o francês distingue-se frequentemente do espanhol, do italiano e
do português. Mas, em relação ao grande número de palavras, ainda é perceptível, a origem latina.
Palavras como: parte e muro, comuns ao português, espanhol e italiano, aproximam-se de part e
mur em francês. A semelhança na maioria das vezes, mesmo sendo línguas de origem latina não é
facilmente identificável, apesar de o ar familiar como é o caso de olho em português, ojo em
espanhol, occhio em italiano e oil em francês, mesmo sendo bastante usuais, houve “desgastes” na
transmissão de geração em geração. Designadas como “populares” estas palavras, opõem-se às
“cultas” , que procuram manter a forma latina por não terem sofrido um uso tão grande desses
vocábulos por parte de seus falantes, com algumas adaptações assim como ocular, comum ao
português e ao espanhol é praticamente idêntica ao italiano oculare e ao francês oculaire, derivando
todas do latim oculaire.
e) O italiano por sua vez, possui um sistema completo de consoantes geminadas, tendo assim a
duração valor distintivo: por exemplo cappello (“chapéu”) é diferente de capello (“cabelo”),
cammino (“caminho”) é diferente de caminho (“chaminé”), entre outros exemplos. Essa
característica da língua italiana, além de ajudar na diferenciação dos vocábulos, favorece a escrita,
pois as sílabas que possuem a duplicação da consoante tem uma pausa na sílaba anterior, logo, para
um estudante da língua italiana, essa característica ajuda na ortografia. Além da criatividade lexical,
outra forma de ampliar o acervo de uma língua é o recurso aos empréstimos. Isso aconteceu, por
exemplo, na época dos descobrimentos, quando os portugueses forneceram a toda a Europa grande
número de vocábulos exóticos, como mandarim, banana e coco (este último é um antigo vocábulo
português com sentido de “bicho papão”, que para os marinheiros de Vasco da Gama passou a
designar o fruto da palmeira em função da semelhança com uma cabeça). Já na época medieval, a
França, por sua vez, forneceu grande número de palavras às três outras línguas românicas (dama em
espanhol e português e mangiare em italiano são galicismos). A Itália se transformou, a partir do
séc. XV, numa forte exportadora de vocábulos. Desta forma, soldàto se transforma em soldado em
espanhol e em português e soldat em francês. Por sua vez, palavras italianas passam a designar as
novidades desenvolvidas pelos renascentistas no mundo das letras e das artes, dando origem ao
espanhol e português soneto e em francês sonet. No que diz respeito à música, o italiano reina até o
século XIX. O espanhol também influenciou os séculos XVI e XVII e invadiu o francês; onde é
possível observar como exemplo: bravoure (bravura), camarade, tabac – e o italiano – piccaro
(pícaro), disinvoltura. Marcadamente, o século das luzes inunda com palavras francesas todas as
línguas europeias.
De acordo com o texto, Patrimônio Hereditário comum é a ideia das palavras nas quais
dispõe uma origem linguística semelhante vinda do latim tendo um ponto de encontro entre as
quatro línguas. É como um acervo linguístico, em que muitas das vezes geram palavras parecidas
entre as línguas, como no exemplo do texto as palavras latinas partem, que gerou parte, no
português, parte, no espanhol, parte no italiano e part, no francês. A palavra murum; que no
Português ficou muro, no Espanhol, muro, no Italiano, muro e no Francês, mur e a palavra cymam;
no Português, cima, no Espanhol, Cuma, no Italiano, cima e no Francês, cime. Temos a percepção
de palavra na sua origem única, apesar de passar de geração em geração e todo o seu processo de
desgaste fonéticos através da história. Como por exemplo a palavra olho no português, é diferente
nas outras línguas, no espanhol, ojo, no Italiano, occhio, no Francês, oeil.
As formas divergentes aparecem no léxico das línguas como uma forma de revisitação das
pessoas que usavam da palavra escrita – sacerdotes, poetas, juristas, cientistas – usando de forma
original para criar novas perspectivas e como fonte de enriquecimento do texto. Ou seja, de uma
mesma origem conseguem tirar dois, três ou mais elementos lexicais. Dá-se como divergência por
causa da abertura e possibilidade de novas palavras. Esse processo se dá, por exemplo, nas palavras
cerchio e circolo,do italiano, ambas derivadas do latim circulus e com o mesmo sentido de círculo.
Temos o caso da palavra lindo e legítimo, que estão presente no português e no espanhol, com
sentidos diferentes, porém ambas derivados do latim legitimus.
A criatividade lexical veio para mostrar o além do que patrimônio hereditário deixou para
nossas línguas. Enriquecendo o acervo de vocabulários pelo processo de derivação das palavras, por
meio da derivação e prefixação, voltando para origem latina – gerando palavras eruditas – de
empréstimos ou até pelo contato com outras línguas as derivações morfológicas e recursos da
morfologia lexical que permitem a criação de várias palavras de uma mesma base. Como por
exemplo, a derivação de palavras por meio da palavra parte; partir, repartições, apartamento, etc.
Numa perspectiva românica, é importante destacar que essa criatividade toda acontece sempre a
partir de afixos românicos, afixos que vieram do latim e, portanto essas palavras formadas a partir
da mesma base costumam ter um paralelismo, pois são os mesmos sufixos e prefixos empregados
na mesma formação de recursos derivados, por consequência a criatividade lexical por recursos
morfológicos tem a importância românica também e o fato de usarem os mesmos afixos reforça
uma unidade românica para esses vocabulários.
5- Comente a seguinte citação de Umberto Eco ( In La ricerca della língua perfetta, apud
Brito et al., 2010): “ Uma Europa de poliglotas não é uma Europa de pessoas que falam
corretamente muitas línguas, mas , na melhor das hipóteses, de pessoas que podem encontrar-se
falando cada uma a própria língua e compreendendo a do outro e que, apesar de não saberem falá-la
de forma fluente, a entendem mesmo com alguma dificuldade e compreendem o “gênio”, o universo
cultural que cada um exprime falando a língua dos seus antepassados e da sua tradição”.
Umberto Eco está falando sobre a intercompreensão, fenômeno que se verifica quando
pessoas comunicam entre si com sucesso falando cada uma na sua própria língua:
Em sua busca por uma língua perfeita na cultura europeia, Umberto Eco questiona se já
houve algum dia uma língua originária, uma dúvida que existe há várias gerações. Questiona-se o
motivo dos homens terem criado outros idiomas se existisse uma precedente capaz de expressar
todas as coisas do universo. Para ele, a explicação é que não foram inventadas novas línguas na
Europa – e também no resto do mundo -, mas todas elas seriam resultado da fragmentação de uma
única língua que existia desde o inicio.
Portanto, é preciso parar de dizer aos europeus que eles devem se comunicar entre eles
somente em inglês. No seio da Comunidade Europeia há 174 milhões de interlocutores de línguas
romanas, contra menos de 70 milhões de locutores ingleses natos. Introduzir a intercompreensão
das línguas romanas desde o primário é dar as crianças o prazer de compreender duas ou três
línguas da Europa. Hoje, são oferecidos ao público, métodos pedagógicos que lhe permitirão ter
acesso rapidamente à compreensão da forma escrita de determinadas línguas europeias e
posteriormente a uma compreensão oral parcial dessas mesmas línguas.