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A ASSOCIAÇÃO

DE ESTUDOS
EUCLIDIANOS O Berrante
Ano III - Nº 7 (Edição fechada enquanto os redatores chutavam o
Agosto/1995 pau da barraca)

The End
"A vida não é um
filme, você não
entendeu..."

EDITORIAL

Doces de fel
A Associação de Estudos Euclidianos chega, neste nos coloca em posição um tanto bizarra, daqueles que
agosto de 1995, ao final de um ciclo de sua História. têm de conciliar um sonho muito doce com uma
A atual diretoria encerra a sua gestão, realidade bastante cruel. Aqui está o
e os maratonistas terão que decidir desafio para o futuro. Seremos dóceis
qual será o seu futuro. Os últimos ou cruéis? Renunciaremos à luta? Ou
quatro anos foram de muitas Os episódios mais vamos procurar outras motivações em
dificuldades, vários foram os conflitos, recentes nos outros lugares?
e a nossa entidade agora dá um tempo A AEE, desde o seu início, lutou pelo
para rediscutir o seu papel dentro do
colocaram rejuvenescimento da SE, pela sua
euclidianismo. numa grande evolução e pelo aumento da sua
Entendemos que não basta, pura e encruzilhada. contribuição enquanto evento cultural.
simplesmente, eleger nova diretoria e E, na única vez em que fomos chamados
tudo continuar como está. É preciso a falar, foi para prestar um humilhante
que o maratonista diga o que pretende. e ridículo depoimento num delegacia
O que fazer daqui em diante? Declarar guerra? de polícia... Começamos, então, a duvidar dos
Engolir (mais) sapos? Desencanar? Puxar um fli? Os verdadeiros valores (sic) que estão por trás do
episódios mais recentes nos colocaram numa grande “euclidianismo” (sic). Vale à pena querer participar
encruzilhada; vivemos uma incógnita. De um lado, o dessa farsa? É você, maratonista, quem vai resolver.
amor pelo euclidianismo, pela Semana Euclidiana e O futuro, quem viver verá.
por São José do Rio Pardo. Do outro, tantas são as
mágoas com o euclidianismo, a Semana Euclidiana e Marcelo Lopes
São José do Rio Pardo... Esse turbilhão de emoções Diretor d'A AEE e Editor d'O Berrante
O Berrante - 2

Proudhon, Cartas
o ombudsman
O último número d'O Berrante (nº
6, jan.-fev./95) foi um prêmio ao
euclidianismo. Não só pelo bom nú-
Ave, Galotti!
mero de colaborações recebidas, pelo Recebi O BERRANTE nº 6. Magní- injustiça perante nossos irmãos esque-
seu espítiro altamente cultural (yes, fico. Tipicamente uma expressão do cidos, do Norte. A posição corajosa de
chegamos a ter Mario Vargas Llosa maratonismo euclidiano: cultura, seri- Euclides é de extraordinária significa-
em nossas páginas!) mas, sobretu- edade e senso de humor, através dos ção: não aceitamos Canudos!
do, pela lição de humildade e, ao jovens. Empolga ver-se como os jovens
mesmo tempo, de grandeza, propor- Muito agradeço às referências a meu euclidianos se integram na esclarecida
cionada pelo nosso grande mestre, respeito, e sei que elas partem mais da mensagem de OS SERTÕES!
Oswaldo Galotti. boa amizade do que do valor do home- Parabéns a vocês, e o abraço amigo
O criador da Semana Euclidiana nageado... do
é, hoje, a pessoa mais digna para Euclidianismo é alma. É vibração
falar em nome do verdadeiro com a denúncia euclidiana diante da Oswaldo Galotti (São Paulo, SP)
euclidianismo. aquele construído
com idéias e ideais, não com vaida-
des e mesquinharias, como estamos ESQUENTANDO OS TAMBO- algum tempo (coisa de uns 2 meses,
acostumados a ver. "Não pode haver RINS - Depois de um longo e tenebro- mais ou menos) a última edição de "O
Semana Euclidiana sem os so inverno no recinto de minha caver- Berrante". Me refiro àquela que tem
maratonistas", diz Galotti, mas são na, volto para dizer que, faltando pou- uma matéria sobre o Mercosul, a no-
justamente eles, mola propulsora do co tempo para a Semana Euclidiana de meação do Dr. Galotti como presiden-
movimento, que mais são 95, já começo a sentir todo aquele te de honra d'A AEE e algo sobre
desconsiderados pelos euclidianos encanto que só os maratonistas conse- Mario Vargas Llosa. Pois é. O Berran-
(?) de plantão. Esses senhores, que guem sentir. Aproveito para mandar te acabou se tornando um jornal cult.
tomaram a SE para si, e arranjaram um abraço para todos os maratonistas "A serviço da cultura fudegueira." Só
um jeito de enxotar os jovens de 93 e 94 (anos em que participei). falta pintar uma entrevista com o Pau-
questionadores de seu caminho, nem Até agosto. A galera do Galo vai inva- lo Francis, artigos sobre Rodin e daqui
de euclidianos deviam ser chama- dir São José novamente. a pouco abriremos sucursal em Paris
dos. Eles não estão à altura da gran- Alex Vieitas (Cantagalo, RJ) [veja expediente].
deza da obra de Euclides - este tinha, *** Brincadeiras à parte, parabéns pelo
sobretudo, autocrítica, coisa que evi- CANTE COM A GENTE - Gostaria, excelente conteúdo do último número.
dentemente falta à pseudo- primeiramente, de parabenizar toda a Espero que a linha editorial deste jor-
intelecutalidade provinciana desses equipe de produção (pomposo, não?) nal continue nesse nível, o que contri-
senhores. d'O Berrante. É ótimo e gostei muito bui muito para demonstrar que o
Nesse ambiente hostil, árido e bes- do último número que recebi (é visível maratonista é, antes de tudo: a) um
ta - que sentido ele faz? - nos confor- a melhora na qualidade dos artigos). estudioso da vida e obra de Euclides da
ta a existência de personalidades Sobre a questão dos Cânticos, con- Cunha, nosso Senhor e Mestre; b) um
como o dr. Galotti, que não só é um cordo com a opinião dos editores: isso preocupado com questões sociais, po-
grande euclidiano, mas alguém com é coisa de quem não tem o que fazer. líticas, econômicas, ecológicas, psico-
um verdadeiro espírito de Ora, o que só faz aumentar a minha lógicas, psicopatológicas, sexológicas,
maratonista. Vida longa ao nosso curiosidade; não li os Cânticos... Não entre outras; e c) um baita dum
presidente de honra, com muita hon- tem jeito de mandar cópia deste assun- fudegueiro que não vê a hora de chegar
ra! to sepultado? a Semana Euclidiana para dormir mal,
*** Débora Golçalves (São Carlos, SP) comer mal, cochilar durante as pales-
Interessantíssima a entrevista do *** tras e zonear a noite inteira nos aloja-
professor Márcio José Lauria, em O FIM DA PICADA NO PICADEI- mentos.
Tróia de Taipa nº 2, pág. 6. Diz ele, RO - A SE está chegando, espero que É claro que não necessariamente
sobre a SE: "Euclides da Cunha... a gente possa mais uma vez aproveitar nessa ordem...
seria o motivo principal do tudo o que há de melhor numa SE. Paulo Herculano (São José do Rio
desencadeamento de uma série de O que tá incrível é a novela feita em Pardo, SP)
ações que levassem as pessoas a ler, cima dos cânticos, já virou palhaçada. ***
não especificamente Euclides da Mas parece que todo ano essa turma da PLUG IN THE WORLD - Na minha
Cunha, que é muito difícil, mas a ler, organização da SE e da Casa Euclidiana opinião, o ensino deve e pode ser me-
a se interessar por temas culturais..." precisam de uma "atração circense." lhorado e muito nas SE's, se sua cúpula
Ou seja, tudo o que A AEE sempre Karina Martins Alem (Rio Claro, expandir mais e abrir a cabeça para o
defendeu e nunca foi aceito - inclusi- SP) mundo, e não ficar fechado num mes-
ve por Lauria. Por que disse isso *** mo idealismo, antigo e monótono...
agora? Por que está na oposição? CULT NEWSPAPER - Recebi há Niédila C. Aguiar (Mogi Guaçu, SP)
O Berrante - 3

Carta Especial
Lá vem Rildão, cheio de paixão
Fiquei esquisito quando li, em O conheci há 12 anos. Naquela época, ou estarão condenados a um futuro
BERRANTE, edição de aniversário, à quando era oposição na Cidade, teve com a camisa-de-força e, amanhã, vocês
página 4, VERSOS SATÂNICOS. Eu, todo o nosso apoio, inclusive nos usou poderão precisar deles, hoje jovens,
que quase andava meio desligado, meio para ocupar seus espaços políticos. homens cidadãos políticos amanhã.
mórbido para os assuntos euclidianos, Naquele momento, nós éramos bons Alvinho, desculpe, mas reflita, se
revivi das cavernas, como um raio, e para o Sr. Alvinho, inclusive nos quiser ser mesmo o Prefeito de Sanzé,
me senti ofendido pelo jornal O tratávamos por companheiros. pois nas próximas músicas farei questão
BERRANTE e pela Câmara Municipal Acredito que agora deva estar na de incluir seu nome, como “Ado, ado,
de Sanzé. Destarte, neste último situação, e em vez de avançar nos ado, Alvinho é legal!”
número deste periódico de bosta, vi espaços políticos, para a democracia Com relação aos Edis pardenses,
meu amigo André Deibus (sic), nosso da sociedade brasileira, cria um cavalo lembro-lhes que Sanzé não é
Presidente Democrático, ser de batalha, com esses inspirados, Tubiacanga, e ademais a novela já
enquadrado pelo Ministério Público. malucos e desocupados, que apenas acabou. Mudemos para a Próxima
Puta que o pariu! buscam um espaço para a juventude, Vítima.
Agora eu quero entrar nessa briga! utilizando seus mecanismos para Nobres Edis, vocês serão a Próxima
Minha ira deve-se a uma questão preservar pessoas importantes na vida Vítima, e eu tenho umas boas! Ah, ah,
sexual, pois estou indignado com O do País, como Euclides da Cunha. ah! Só canto aí. Aposto que o Ministério
Berrante, pois na matéria sobre as Mas eu já desconfiava que as Público também vai gostar pois, se em
musiquinhas que chocaram o estruturas não estão à altura destes vez destes apurarem as músicas da
Parlamento de Sanzé, o jornal alega jovens maravilhosos, que criativamente AEE, apurassem o que há nesta
que as músicas são de autoria utilizam destes mecanismos para Câmara... Não ia acontecer nada, pois
desconhecida, e foram passando de transmitir algo, inclusive carinho, meio vocês não são mais do que a média dos
uns para os outros. Isto é uma rebelde no jeito de ser, mas com carinho. Edis deste País; as coisas rolam, mas
sacanagem de vocês! Porém, aqueles, que querem fazer virou rotina e costume, ninguém se
Destas famigeradas músicas eu tenho proselitismo político e ter atitudes importa mais, embora todos saibam...
pelo menos participação em cerca de popularescas, certamente utilizam-se Se preocupem com o grande número
70 por cento, contribuindo ora com a de tais músicas para pregar a moral e de sem-terras que há no seu município,
letra, ora com as melodias. Muito mais os bons costumes, quem sabe para tentar cobrem uma política social mais
com as letras, Elvis e Fernando com as se eleger em 1996 a vereador e ter um ajustada e digna do cidadão ao Governo
músicas e também letras, com alguns salário sem trabalhar muito. Federal, gastem papel para produzirem
si bemóis de Newton. Alvinho, quem te conhece que te política aos 32 milhões de miseráveis
Eu não sei quais são as músicas que compre. que sequer têm uma refeição ao dia,
vocês publicaram nos folhetos, mas se Com práticas de educador como a gastem papel para proteger milhões de
forem as que eu estou pensando, elas sua é que devemos concluir que os crianças sem condições de vida etc...
têm autoria sim e eu sou um deles, e jovens não têm espaço na sociedade. Com relação ao André, pobre amigo,
assumo integralmente tais obras Por favor, não vamos transformar a SE numa delegacia, menino incapaz de
artísticas. em uma religião. Deixe os meninos estuprar uma bicha...
Quando digo que para mim é uma cantarem as músicas, Euclides até que E vocês da Diretoria, que se cagam
questão sexual, é porque eu e Fernando gosta! E pergunte isso numa mesa todos por estes caras, Alvinho & Cia.,
deixamos de cantar as meninas e branca. ponham pra foder, moçada! Será que
namorar algumas para ficar fazendo Criticar a SE é gesto natural, pois os precisam dos dinossauros? Já tô com
essas porcarias, enquanto vocês, os jovens têm a capacidade de reflexão; 30, tô meio véio, pode xingar minha
bonitinhos, ficavam ganhando todas não vigie-os, ou estará condenando mãe, porém mexeu com nóis o rojão
as minas. Foi muito tesão reprimido, e uma geração à impotência. Oriente-os, explode, e truco o sete!
eu não posso aceitar que agora que não com o chicote, esse tempo já passou, Bom, caros amigos leitores, diante
ferveu o caldeirão, como sempre processo judicial foi na época do AI-5 disso eu não podia me calar, e estou a
quisemos, vocês aleguem que as - acho que você era contra, não? -, disposição do Sr. Delegado da 23ª
canções são de autoria desconhecida. quando os jovens, através do Delegacia Policial para apurar os fatos,
Vão se foder! Movimento Estudantil, queriam salvar e conclamo uma grande ida de todos
A Bel de Botucatu, minha grande o Brasil. E foi essa juventude que canta até o 24º DP, para conversarmos com
paixão, e de outros, em vez de eu canta- as musiquinhas, compostas por nós, o delegado; este sim, entenderá o que
la, cantava essas musiquinhas, o que que derrubaram um Presidente. Sabe estamos dizendo, pois com certeza já
fez, obviamente, ela me detestar, me quantas músicas eles cantavam contra foi estudante, e será um Euclidiano
achando um babaca. Vocês acham que o Collor, chamando-o de Filho da Puta? após nossa conversa.
eu fiz isso por nada? Não senhor. Se você era a favor de Collor, não Por fim, dinheiro nóis não tem, mais
Para não deixar barato, alguns saberá nunca, mas foram músicas como a paixão é demais!
comentários da baixaria do Sr. Álvaro essas, que criticavam com sátira, que
Neto, o Alvinho. O que dizer a ele? conscientizaram muitos jovens sobre a
Apenas que está fazendo um papelão. realidade política brasileira. Rildo Marques de Oliveira (São
Homem inteligente, no passado, que Deixe os Maratonistas participarem, Paulo, SP)
O Berrante - 4
THE END

A História em
sete berros
Nas sete edições d'O financeiras.
Esses não foram os únicos proble-
Berrante, a trajetória de mas enfrentados. Estamos num perío-
seu pensamento e do meio cabeludo, de desmobilização
geral da juventude. Sua presença ativa
de sua luta vive de alguns repentes. Foi assim no
impeachment de Collor, quando os
MARCELO LOPES jovens saíram às ruas, depois voltaram
Editor d'O Berrante para suas casas e permanceceram em
silêncio. No euclidianismo ocorre algo
Berrante é a expressão oficial semelhante. Há todo o fervor da Sema-
O d'A Associação de Estudos
Euclidianos. Desde o seu pri-
na Euclidiana, e até este já foi bem
mais quente em anos passados (eh,
meiro número, publicado no trimestre saudade!). Depois vem setembro, um
outubro/dezembro de 1992, até esta mês triste, duro de ser vivido, em que
presente edição, o jornal amadureceu as lembranças da SE ainda estão bem
muito. Começou com uma simples fo- frescas e os maratonistas procuram
lha, depois dobrou e quadruplicou de tudo que possa aplacar a sua febre. O
tamanho. Ganhou novas seções, mais resto do ano transcorre em tom morno,
colaboradores, e o entusiasmo cresceu até que as vésperas de uma nova Sema-
junto. O formato mudou a partir do nº na venham mexer com os nossos so-
4, para um tamanho menor e mais nhos. Ou seja, na maior parte do tem-
prático, mas aumentou o número de po, os maratonistas estão dispersos,
páginas. A diversidade dos assuntos não dão notícias, não agem, não parti-
também cresceu, indo muito além dos cipam, e a própria confecção d'O Ber-
assuntos estritamente euclidianos, e rante depende dessa participação. Há
abrangendo temas culturais de interes- exceções, é verdade, mas poucas. Po-
se dos jovens. deria ser melhor.
Chegamos agora ao número sete, o Muitas vezes a constatação desse
último de nossa gestão, e temos o sen- quadro nos fez pensar em desistir. Mas
timento de haver cumprido com nossa é só chegarem as cartas dos leitores,
missão. O Berrante é hoje, na expres- com palavras de apoio e carinho - ou
são das cartas de nossos leitores, um mesmo com puxões de orelha de desa-
jornal muito bem aceito e um alívio cordo, por que não? - que nos sentimos
períódico para a febre provocada pelo imensamente gratificados, nos dando
vírus euclidiano. Está certo que sua a certeza de que valeu à pena.
periodicidade é questionável pois, como Se não fosse por esse público leitor,
já escrevemos uma vez, "trata-se do pelo maratonista, com certeza O Ber-
periódico mais sem periodicidade de rante não teria sobrevivido. Em suas
que se tem notícia." páginas reagimos a todas as dificulda-
Nos últimos dois anos, quando esti- des de nossa luta, suportamos aos ata-
ve à frente de sua equipe de produção ques dos inimigos, defendemos um
(waal!!), muitas foram as dificulda- euclidianismo mais dinâmico e mais
des. Contratempos técnicos viveram cultural, revivemos as histórias e as
atrasando as edições. Nossos parcos delícias da SE, e demos vazão à
recursos também nos levaram, muitas criatividade e à irreverência que carac- anunciador de um tempo e agregador
vezes, a tirar leite de pedra. Gostaría- terizam o jovem - sobretudo o da nossa "manada". Com o fim da
mos de poder oferecer um produto de maratonista, esse ser iluminado muito atual gestão, não podemos prever o seu
maior qualidade, editorial e técnica, louco e especial. futuro. Os maratonistas terão, a partir
mas, enfim, fazemos o que é possível O Berrante é isso - como o objeto que daqui, a responsabilidade de construí-
dentro de nossas limitações humanas e o inspirou -, um instrumento lo. Se querem um espaço, ocupem-o.
O Berrante - 5

As frases d'O Berrante


"As tentativas de modernização da feudais desse euclidianismo arcaico Euclidiana. Cada ônibus que parte da
Semana Euclidiana esbarram ainda parace tornar-se um sonho infrutífero, rodoviária, levando os amigos, é como
nas vaidades feridas (gravemente ou frente aos expedientes nem sempre um pedaço que se arranca de mim. É a
nem tanto!) que geram dualidades dos muito éticos de que lançam mão." dor do parto..."
que falam 'Euclides é um escritor po- (Editorial, O Berrante nº 6, jan.- (A dor do parto, O Berrante nº 5)
pular', mas que na verdade dizem 'ele fev./95)
é assunto para intelectuais como EU". "Por isso não queremos o confronto.
(Editorial, O Berrante nº 1, out.- "A mentalidade da juventude guia-se Não queremos ocupar o espaço de nin-
dez./92) por si só. Cabe aos educadores possibi- guém. Acreditamos que se possa fazer
litar o seu crescimento e desenvolvi- um trabalho de cooperação amplo, cri-
"A jovem AEE procurou contribuir mento, mas jamais pretender tolhê- ando novos espaços, isso sim."
para a manutenção, mesmo que precá- la." (No recesso da caverna, O Berrante
ria, da estrutura da SE no que tange ao (A resposta d'A AEE, O Berrante nº 3)
seu caráter cultural, mas nem sempre nº 5)
isso foi bem aceito, ou bem visto, ou "O euclidianismo, como hoje conheci-
(pior!) bem compreendido. As mes- "O que não conseguimos entender é do (?), tem os seus dias contados."
mas pessoas que poderiam se benefici- que, a nossa iniciativa e participação, (Editorial, O Berrante nº 6)
ar (até politicamente, por que não?) ao invés de ocasionar o orgulho de
vislumbraram na ajuda absolutamente nossos mestres, iniciadores, provoca o "Os maratonistas, progressivamente,
desinteressada d'Associação um ver- seu ciúme, a sua reprovação, a sua vêm amadurecendo no seu interesse
dadeiro mar de interesses escusos e oposição." por Euclides e pelo euclidianismo. A
pessoas dissimuladas - espalhando o (Idem) contribuição deles se torna cada vez
terror entre o pacato povo riopardense." mais significativa e importante para o
(Editorial, O Berrante nº 2, set./93) "Querem nos transformar numa horda movimento euclidiano. Chegamos a
de hunos sanguinários, cujo único ob- concluir que não pode haver Semana
"Os maratonistas não devem só recla- jetivo é destruir os pilares do culto Euclidiana sem os maratonistas."
mar. Devem se mobilizar para que a euclidiano." (Oswaldo Galotti, em The number
nossa presença e o nosso espaço sejam (Encontro de Paralelos, O Berrante 1, O Berrante nº 6)
respeitados." nº 3)
(Editorial, O Berrante nº 3, jan.- "Mas a SE é uma chuva que não atinge
fev./94) "Somos todos jagunços." a todos. Uma coisa é você criar um
(Frases, O Berrante nº 5) evento que seja aberto ao público, e
"Pois 'está fundado o desvairismo!', a outra, completamente diferente - e
insubserviência aos dogmas burocráti- "O ideal seria que o euclidianismo, mais, muito mais difícil - é você dar
co-intelecto-fascistas! Independência além de um projeto cultural, fosse re- condições de todos participarem desse
ou Morte! Estamos fartos de conhecido, sobretudo, pela convivên- evento."
semideuses. Será que só nós é que cia social entre jovens." (A grandeza de um evento, O
somos vis e errados nesse mundo?" (Emilene O. de Souza, Itu, SP, em Berrante nº 5)
(Editorial, O Berrante nº 5, out./94) Neo-euclidianismo, O Berrante nº
5) "As palestras continuam as mesmas."
"Fazer soar as trombetas e derrubar as (Ciclo de Estudos não muda, O
muralhas dos castelos dos senhores "Chegou ao fim mais uma Semana Berrante nº 4, ago./94)
O Berrante - 6
THE END

O sonho acabou.
Acabou?
MARCELO LOPES Em 1986 participei de minha primeira Semana Euclidiana.
Especial para O Berrante Alguns, que hoje são meus amigos e me acompanham nesta
empreitada d’A Associação, já naquela época se embatiam
contra os “donos” da SE. O Ciclo de Estudos estava com sua

O movimento euclidiano está na UTI,


em coma profundo. As possibilida-
des de cura foram jogadas no lixo, e
fórmula gasta, não atendia mais às ansiedades do maratonista.
Chegávamos em Rio Pardo quase sem informação sobre
Euclides. Lá assistíamos a palestras exaustivas que, muitas
vezes, eram também um mistério. Alunos de literatura
agora nos perguntamos: o que fazer talvez tivessem dificuldade para compreender alguns pontos.
E se estes estivessem presentes, certamente pipocariam
daqui em diante? divergências de toda sorte na platéia. Mesmo com um
Muitos são os males que afligem o público eminentemente secundarista elas já existiam, mas
eram simplesmente ignoradas. “O professor aqui sou eu!”
"euclidianismo" (vamos chamar assim o Quantas vezes já não disse isso o “euclidianista” Adelino
Brandão? Quantas vezes ele já não ameaçou se retirar da
que está aí, na falta de outra palavra), e sala caso o questionamento persistisse? “Se vocês querem
por isso a doença já se tornou crônica. O saber mais do que eu venham dar aula no meu lugar” etc etc
etc. E nós, contemporizadores - bobos e ingênuos, talvez -
paciente é terminal, está desenganado. , entrávamos com o recurso do “deixa disso”, e permitíamos
Como no caso de um ente querido que que ele voltasse, triunfante, ao seu olimpo.
Desde o início, então, aprendermos a não nos calar, mas
agoniza, morimbundo, assim nos senti- aprendemos, também, a respeitar os mais velhos. Ainda que
mos em relação ao euclidianismo. Du- nos faltassem com o respeito. Somos jovens, porém cidadãos.
Tínhamos - e temos - nossas posições bem definidas, mas a
rante muito tempo nos alimentamos com despeito de toda a impetuosidade característica da juventude,
esperanças de sua salvação. Nos mobili- optamos sempre pelo diálogo, como agora, neste momento
em que converso com a opinião pública, através de um meio
zamos para ajudá-lo. Mas a realidade, de comunicação legítimo, com a devida probidade, mas
por mais dura que possa ser, é uma só: também com a devida franqueza. É assim na democracia. Se
ambas as partes observassem esse aspecto, poderiam não ser
ele morreu e, junto, levou uma parte de resolvidas as divergências, mas elas coexistiriam
nós. civilizadamente.
A melhor maneira de conseguirmos mobilizar a força do
Desde há muitos anos acompanhando maratonista era criar uma entidade que os congregasse.
as desventuras do movimento, suas idas Assim nasceu a Associação dos Ex-Maratonistas, em 1986,
que posteriormente evoluiu para A Associação de Estudos
e vindas, não vi sairmos do mesmo lugar. Euclidianos. O que queria A Associação naquela época?
Ao contrário, tudo isso lembra, parafra- Dois eram os objetivos fundamentais - estabelecidos inclusive
em nossos estatutos. O primeiro se resumia no caráter
seando Euclides, um refluxo para o pas- meramente associativo, mas não menos importante. Os
maratonistas sempre mantiveram sólidos laços de amizade
sado. Não vou tentar, aqui, fazer um entre si e, não por menos, a maioria de meus amigos mais
tratado definitivo sobre o tema. Quero, antigos vem da Semana Euclidiana. Uma associação nos
aproximaria ainda mais, possibilitaria uma troca de
tão somente, fazer um rápido apanhado experiências mais ampla, extrapolando as limitações
das razões que nos trouxeram até aqui, temporais da SE. O maratonista, como bem observou o Dr.
Galotti (ver O Berrante nº 6), se identifica com os demais.
para depois procurar um caminho a Essa energia não podia ser desperdiçada, e a idéia da
seguir, pois a vida continua. existência d’A AEE era uma esperança de continuar
respirando o ambiente euclidiano, que tanto nos fascina, no
O Berrante - 7
restante do ano. admitir que a concepção do euclidianismo, em sua esfera
O segundo objetivo, de caráter cultural, sempre foi o administrativa, está vinculada a um poder político, ou seja,
principal. Os maratonistas tinham garra, disposição, poder de mando. E os espíritos autoritários, naturalmente,
interesse. Por outro lado, a Semana Euclidiana dava sinais terão horror ao diálogo, ao debate, à democracia, enfim, pois
de esgotamento, clamava por gás novo. A Associação nascia para eles não fará sentido viver sem mandar. Não conseguem
como um veículo apto a canalizar esse “gás novo” em prol conceber a política de um modo que não seja essencialmente
de uma nova Semana Euclidiana. Uma Semana Euclidiana paternalista; acreditam que não existe ordem e progresso
que não fizesse de si mesma o seu próprio fim, mas que fora da subordinação da maioria. Tão incrustado está esse
tivesse como alvo único o próprio aluno. sentimento em nossa nacionalidade que seu lema inclusive
Para isso, a SE precisaria estar de ouvidos abertos às figura, também incrustado, em nossa bandeira.
nossas aspirações. Seria necessária essa troca de experiência O conflito entre a juventude e os velhos líderes fez-se,
para que a sua dinâmica se aperfeiçoasse, entrasse em então, inevitável. Foi mais agressivo em alguns momentos,
sintonia com os novos tempos. Era preciso tirar Euclides da mais civilizado em outros, mas sempre existiu. Não que A
Cunha, imaculado, de seu altar, despi-lo de suas vestes de AEE fosse intransigente. Se pegarmos todos nos nossos
deus, e trazê-lo para junto dos mortais da plebe. Se o discursos, todos os nossos editoriais e artigos nos jornais,
euclidianismo continuasse a não nos dizer coisa alguma - ou facilmente constataremos que a opção da negociação e da
muito pouco - para que aprendê-lo? cooperação entre as partes sempre marcou a tônica de nossas
A discussão literária da obra euclidiana não tem o poder aspirações. Nunca quisemos o poder político, e nem
de interessar o jovem, de um modo geral, ao menos que esse poderíamos. Não somos riopardenses, e apenas a São José
jovem, específico, tenha vocação para a literatura. É um do Rio Pardo cabe exercer o poder político. Nossa proposta
caso isolado. O que interessa à juventude é aquilo que se sempre foi e continua sendo eminentemente de natureza
relaciona com a sua vivência, com o seu mundo, com os seus pragmática. Nos colocamos como um exército à disposição
dias. E era justamente essa ponte, entre do euclidianismo. Nos prontificamos a
Euclides e a nossa realidade, que urgia colaborar na organização, criar aberturas
ser construída. "Há de chover uma para novos horizontes culturais, levar a
Na prática, isso poderia ser feito de grande chuva de São José intelectuais renomados que
muitas maneiras. A principal seria pudessem, não substituir o existente,
diversificar as temáticas, discutindo não estrelas, e aí será o fim mas ampliar a pluralidade de opinião e
necessariamente Euclides mas, a partir do mundo" enriquecer o debate.
do seu recado, tentar entender um pouco (Antônio Conselheiro) Mas não. Foram negados todos os
da nossa cultura, da nossa sociedade, da pedidos, frustaram-se todas as tentativas.
nossa nacionalidade. A obra euclidiana, Os “pais” do euclidianismo gravemente
tão vasta e tão rica, interdisciplinar - e a gente só faz ouvir enfermo recusaram o uso dos remédios, dispensaram médico
essa palavra durante as palestras, em vão -, é um combustível e ambulância, na crença de que só a pajelança já resolvia
mais do que efervescente para alimentar debates realmente qualquer parada. Pois bem.
proveitosos. Nós maratonistas, muitas vezes tivemos a ilusão de que o
O debate. Funda-se aqui o incidente desvalioso. Quem paciente poderia ser salvo, de que o interesse político
quer debater? Ninguém debate sozinho. São necessários poderia ser deixado de lado, em nome da preservação de um
dois lados e um canal para que isso ocorra. O diálogo é a bem cultural que não pertence a um grupo, mas é de todos.
matéria-prima do debate. Ora, se um professor se coloca na Ninguém é dono de uma cultura. A cultura pertence a um
posição de um dono absoluto da verdade, acima do bem e do povo, a uma nação. Mas não em São José do Rio Pardo. Lá,
mal, detentor universal do conhecimento, num plano superior infelizmente, a cidade se orgulha de possuir Euclides, e
ao dos seus alunos - de quem não admite ouvir queixa -, possuir literalmente, visceralmente, através da glorificação
como haver debate? de seus restos mortais erguidos na forma de um altar, como
Um debate implicaria em todos compartilharmos do um troféu máximo, um prêmio de caça, um título único e
mesmo chão. Exigiria que os “superiores” abdicassem de mundial. E digo infelizmente porque, enquanto São José
seu poder celestial, centralizador, próprio de uma detém Euclides, seu povo o ignora, e essa ignorância seria
intelectualidade fascista e dogmática. Significaria deixar de absoluta não fosse a existência de uma ponte metálica que
lado as vaidades, a onipotência e, principalmente, os todos são obrigados a atravessar, e a existência de um
interesses pessoais que nada têm a ver com o euclidianismo. feriado municipal em 15 de agosto que todos ali são obrigados
Seria necessário, pois, abdicar do poder político. a gozar.
Poderíamos nos perguntar que poder político é esse, se ele Muito se falou em São José também, por parte de alguns,
existe, mas temos que considerar que, numa concepção em mudar a Semana Euclidiana. São pessoas sérias, de
provinciana e arcaica da política, o poder, absolutista e visão mais aberta, que ao menos nos receberam para dialogar.
marcadamente hierarquizado, é considerado fundamental Numa situação de completa incomunicação, a abertura de
em qualquer organização. São resquícios das ditaduras um canal de conversação era um acontecimento digno de
pelas quais passamos, uma após outra, que deixaram seqüelas comemoração. E chegamos a comemorar, realmente.
em nosso caráter nacional. Herdamos a cultura do “eu Criamos planos. Redigimos planos. Apresentamos planos.
mando e você obedece”, e há pessoas que simplesmente não Voltamos a conversar, mas a verdade é que nada aconteceu,
conseguem viver se não tiverem alguém que lhes dê ordens. nunca saiu-se do plano das intenções. Para usar uma
Do mesmo modo há pessoas que não resistem à oportunidade, expressão muito em moda, tudo não passou de nhém-nhém-
não de coordenar, como conviria, mas de arbitrar o que e nhém.
como deve ser feito e ponto final. Se houvesse uma vontade política de se mudar realmente,
Dessa maneira, por mais desprezível que seja, temos que isso já teria sido feito. Não foi porque essa vontade política
O Berrante - 8
inexiste, ou então não é tão forte assim. Talvez seja o caso euclidianismo. Dizem que ele existe e está lá, mas fora dali
de mudar pouco para não mexer em nada. O euclianismo não conseguimos vê-lo. Também vai se tornar uma lenda.
continuou rumando ao seu triste fim. “A política é uma Não me refiro, é claro, à obra de Euclides, que é perene, mas
merda”, já disse Nelson Rodrigues. sim ao euclidianismo enquanto movimento cultural. Ele
Movidos por nossa profunda relação - amorosa mesmo - morreu porque não encontrou saída fora da política local. Ele
com a Semana Euclidiana, ainda nos mantivemos cegos e morreu e seus bens se perderam porque não deixou herdeiros.
crentes. Ainda tinha que ser possível. Tinha que dar certo. Os herdeiros éramos nós. Mas tudo isso já está perdido, foi
O bom senso prevaleceria no fim das contas. Por que haveria parar no lixo. Pelo menos duas gerações de maratonistas
de ser diferente? foram assassinadas em nome da estupidez humana. Quando
Veio o golpe fatal. À arbitrariedade, à incompetência, ao os senhores feudais perceberem o erro crasso que cometeram
provincianismo desvairado e à intolerância veio se juntar o será tarde. Já é tarde. A disposição que tínhamos em
ódio e o mau-caratismo. Apoiados em filigranas jurídicas, cooperar agora não passa de nojo, e saibam que a muito
optaram pela humilhação e pela coação através de um custo seguramos o nosso vômito. Os dias de luta irracional
processo judicial. Utilizaram-se de um modo escuso, terminaram. Restaram as mágoas.
inteiramente sujo, daquilo que tínhamos de mais belo e mais Não nos sentimos, porém, derrotados. Nós não estávamos
puro, que era a nossa alegria, a nossa espontaneidade, a disputando o jogo político que julgaram. Os grandes
nossa felicidade por viver de bem com a vida, a nossa derrotados são vocês, senhores feudais. Vocês podem não
irreverência, sinônimos da nossa juventude. O que nos ter percebido, ainda. Mas quando perceberem, a dor do
censuraram não foram os cânticos que costumeiramente arrependimento os corroerá até o fim de seus dias. Vocês
entoávamos pelos bares, ruas e praças de Sanzé. O que nos mataram o euclidianismo, e um dia ele lhes fará falta. O
censuraram foi a nossa própria voz, o direito de protestarmos, poder, ora tão decantado, de nada lhes valerá. Quanto a nós,
de nos expressarmos. Vilipendiaram a nossa cidadania, nada perdemos. Ninguém pode nos roubar as amizades
atiraram-na no lixo. Sua irracionalidade, nesse aspecto, construídas, a História vivida. Não podem nos retirar nossa
assemelha-se à dos soldados que investiram contra Canudos, alegria e nossa força. Não podem roubar a nossa liberdade
rugindo ferozmente, pisando e destruindo tudo que de ação e pensamento, nem nossa consciência. Vocês não
encontram pela frente. têm poder sobre nós, como sempre quiseram mas nunca
Seguem-se lances bizarros. Primeiro, Álvaro Ribeiro conseguiram e nem vão conseguir.
Neto, diretor da Casa Euclidiana e presidente do Grêmio Temos, ao contrário do que possam pensar, todas as cartas
Euclides da Cunha, faz com que se abra um processo contra em nossas mãos. Não há maratona sem maratonistas,
A AEE. Depois, se filia a entidade. Deve ser uma experiência lembram-se? E já que vocês nos recusaram, empregaremos
muito interessante processar a si mesmo, que outra explicação nossa energia em outro lugar. Se não nos querem, talvez seja
pode haver para o fato? Requintes de crueldade? Hipocrisia! até melhor, assumiremos a nossa independência. E não
O euclidianismo, enfim, morreu. Está falido. Não existe teremos mais, também, que nos preocuparmos em saber o
fora de São José do Rio Pardo - talvez nem dentro. Acontece que vocês acham ou deixam de achar, se gostam ou odeiam,
algo parecido como no romance As brumas de Avalon. se dão risada ou choram de raiva. Os maratonistas podem,
Avalon, sempre envolvida por nevoeiros, a cada dia estava agora, se sentir mais vivos e livres do que nunca.
mais distante e esquecida pelo mundo exterior, pois não se O sonho pode ter acabado. Mas nunca a capacidade de
conseguia vê-la nem saber onde estava. Até que o lugar sonhar.
virou lenda. O mesmo acontece com Sanzé em relação ao Boa noite!

Maratonistas Assembléia Geral


decidem o seu d'A AEE
Sábado, 12 de agosto, meia-noite
futuro (ou, se preferir, domingo, 13 de agosto,
zero hora)
Diante da atual situação do euclidianismo, se faz necessá-
rio que A Associação rediscuta os seus objetivos dentro do Bar do Agenor (Gut's)
movimento. Para isso a atual diretoria, no último ato de sua São José do Rio Pardo
gestão, está convocando uma Assembléia Geral para discu-
tir os rumos a serem seguidos (ver quadro ao lado). Em pauta:
Além de decidir importantes questões sobre a nossa 1. Eleição da nova diretoria
atuação cultural nos próximos tempos, a Assembléia Geral
vai tratar de como deverá proceder a eleição de uma nova 2. Definição dos novos rumos
diretoria para o quatriênio 95-99. Terão direito a voto d'A Associação
somente os sócios cadastrados (aqueles que preencheram
ficha de filiação). Entretanto, mesmo sem direito a voto, Terão direito a voto todos os sócios
todos os demais maratonistas e outros interessados poderão
participar das discussões. A Assembléia Geral é o órgão
registrados
máximo deliberativo d'A AEE.
O Berrante - 9
CENSURA

"Afasta de mim esse cálice"


"Luiz Inácio", como os Cânticos, ofende a honra dos membros da Câmara
LUCIANA MARTINEZ CECCATO
São Paulo, SP "LUIZ INÁCIO (300 PICARETAS)"
novela decalcada sobre nossos velhos conhecidos (Paralamas do Sucesso)
A Cânticos Euclidianos deixou-nos boquiabertos.
Parecia-nos absurdo fazer tamanho alarde por uma
causa tão besta, que não justificava de forma alguma os
Luiz Inácio falou, Luiz Inácio avisou
São 300 picaretas com anel de doutor
Eles ficaram ofendidos com a afirmação
gestos e palavras utilizadas pelos membros da Casa
Euclidiana, do Grêmio Euclides da Cunha, ou de onde Que reflete na verdade o sentimento da nação
forem os responsáveis por tais colocações ridículas e, porque É lobby, é conchavo, é propina e jetom
não dizer, jurássicas. Variações do mesmo tema sem sair do tom
Entretanto, sou obrigada a constatar que, por incrível que Brasília é uma ilha, eu falo porque eu sei
pareça, o céu ainda pode ficar mais escuro do que à meia- Uma cidade que fabrica sua própria lei
noite. Anos após a queda da ditadura e do regime militar, Aonde se vive mais ou menos como na Dineylândia
este mesmo país que conseguiu experimentar o gosto Se essa palhaçada fosse na Cinelândia
momentaneamente adocicado das “Diretas Já”, do Ia juntar muita gente pra pegar na saída
“Impeachment”, das “CPI’s”, é obrigado a presenciar um Pra fazer justiça uma vez na vida
renascimento palpitante da censura. Eu me vali desse discurso panfletário
Sei que parece incrível, mas não estou falando de vinte ou
Mas a minha burrice faz aniversário
trinta anos atrás. Isto acontece hoje, nas raias do século XXI.
A Justiça Federal proibiu a execução da música “Luiz Inácio Ao permitir que num país como o Brasil
(300 Picaretas)”, no show dos Paralamas do Sucesso, Ainda se obrigue a votar, por qualquer trocado
realizado no dia 23 de junho de 1995, em Brasília. Mas o Por um par de sapatos, por um saco de farinha
absurdo não pára aí. Bonifácio Andrada, o requerente do A nossa imensa massa de iletrados
pedido de censura, disse ainda que todos os que contribuíssem Parabéns coronéis, vocês venceram outra vez
para a divulgação da letra também estariam incorrendo em O Congresso continua a serviço de vocês
crime de difamação. Papai, quando eu crescer, eu quero ser anão
O que me chama mais a atenção é que, apesar de tal Pra roubar, renunciar, voltar na próxima eleição
medida ser inconstitucional, todos os canais de TV, emissoras E se eu fosse dizer nomes a canção era pequena
de rádio; enfim, todos os meios de comunicação estão
João Alves, Genebaldo, Humberto Lucena
acatando tal proibição. Nem mesmo a MTV, que procura
De exemplo em exemplo aprendemos a lição
criar uma imagem de personalidade única e inigualável a
qualquer outro veículo do gênero, teve coragem de apresentar Ladrão que ajuda ladrão ainda recebe concessão
a música na íntegra. O máximo que eles fizeram foi colocar De rádio FM e de televisão
a música como um sutil pano de fundo para alguns de seus
programas. Excelentíssimos Senhores responsáveis por este processo
Alguns jornais ousaram um pouco mais e publicaram a que nos aflige?
letra da música (ver box). Graças a essa “ousadia”, eles Não acredito nessa possibilidade, mas, depois desses
podem ser presenteados com um simpático processo. Eis acontecimentos, nada mais me espanta. Pareceria-me natural
que, inesperadamente, O Berrante se equipara à Folha de se, amanhã ou depois, a sociedade brasileira fosse
S. Paulo!! Será que o deputado Bonifácio (PTB-MG) também surpreendida com um novo golpe militar, ou talvez, com
utilizou termos modernos como manquitola, capenga, ou uma nova censura na constituição. É verdade que É Proibido
pérolas como essas, que são constantemente utilizadas pelos Proibir?
Produzido pela Universidade do Es- de Canudos. As lembranças da Guerra
tado da Bahia (UNEB), o documentário são contadas pelos próprios descen-
Documentário Paixão e Guerra do Sertão de Canu-
dos percorreu 180 cidades no Ceará,
dentes de conselheiristas, bem como
por descendentes do próprio líder do

revive a Pernambuco, Sergipe e Bahia para


reconstituir os passos de Antônio Con-
Arraial. Pesquisadores sobre o tema,
como José Calazans e Renato Ferraz,
selheiro, e também os episódios mais também gravaram depoimentos. As
Guerra de marcantes da Guerra de Canudos. As
filmagens ocorreram nos meses de abril
imagens atuais de Canudos mostram
como a seca baixou o nível das águas
e maio de 1993, e foram patrocinadas do açude de Cocorobó, revelando as
Canudos pelo Ministério da Cultura.
O filme mostra as imagens de hoje
ruínas da antiga cidade.
O filme, dirigido por Antonio Olavo,
das cidades por onde peregrinou o ganhou o prêmio de melhor vídeo no X
Conselheiro, e também dos arredores Rio Cine Festival, em 1994.
O Berrante - 10
Depois da visita que fizemos à 23ª

Notícias
DP de São Paulo, para depor no caso
dos Cânticos Euclidianos, o assunto O Berrante
do processo, se não morreu, ao menos
deve ter ficado incubado. De lá para cá,
Central de Informações
das apenas nossa diretora Raquel foi inti-
mada a depor. Mas como ela fugiu... d’A AEE/O Berrante -
*** Redação: Rua Antonio
Cavernas Balanço da atual gestão d'A
AEE (91/95):
Abdo, 99, V. das
- 1 projeto de Semana Euclidiana en- Mercês, CEP 04164-
tregue à Secretaria Municipal de Cul- 060, São Paulo, SP, tel.:
tura de Rio Pardo, em 1994. Não obti-
vemos resposta até hoje.
(011) 946-5573.
CAMPINAS - Desta vez não é boato,
como no ano passado. Nossa querida - 1 seminário organizado durante a
Semana Euclidiana de 1993: "O Brasil Editor responsável: Marcelo
Rachel, lá do seu refúgio campineiro,
de Euclides e o de hoje - contrastes e Lopes. Editor adjunto: Danilo
nos manda a notícia de que está grávi-
da, à espera de um pequeno e promis- confrontos". Trouxemos professores da Peroni. Secretária de Redação:
sor maratonista para a SE de 2010. USP e da UNICAMP para discutir a Luciana Martinez.
Diante do ocorrido, infelizmente ela violência social na época de Canudos e Correspondentes - William
não estará fudegando conosco neste na atualidade. A Casa Euclidiana se Gonçales (Oeste Paulista/
ano, mas ela pede para que, quando revoltou contra a realização desse se- Osvaldo Cruz), Léa Ballarini e
estivermos bebendo, tomemos um copo minário, taxando-o de "paralelo". Danilo Peroni (Nordeste
em sua homenagem. - meia dúzia de arranca-rabos com Paulista/Franca), Paulo
Rachel, espere a cegonha com tran- Adelino Brandão durante as palestras
Herculano (Rio Pardo), Raquel
qüilidade. Tomaremos muitos engra- que, entre outras coisas, nos taxou de
"comunistas e petistas radicais". Celentano (União Européia/
dados para homenagea-la. Mais tarde,
- 1 moção de protestos da Câmara Paris). Diretoria d’A AEE -
iremos ao Cristo para pedir que ele
abençoe o seu filhote. Depois passare- Municipal de Sanzé contra os Cânticos Presidente de Honra: Oswaldo
mos pela herma para pedir que Euclides Euclidianos. O mimoso texto dos vere- Galotti, Presidente: André (São
o ilumine. adores nos taxava de avessos, capengas, Paulo), 1º-2º-3º vice-presidente:
*** manquitolas, retardados, indecentes e Humberto (São Paulo/Franca),
Agora deixemos a Rachel e falemos freudianos, nessa seqüência. Secretário Geral: Mário
da Raquel (a outra, nossa Secretária - 1 inquérito policial movido pelo Mi- (Botucatu), Secretária Adjunta:
Adjunta). Temendo ir parar na cadeia, nistério Público riopardense, a partir Raquel (São Paulo/São José do
por causa dos Cânticos, Raquel fugiu de denúncia oferecida por Álvaro Ri-
Rio Pardo), 1º tesoureiro:
para Londres na virada de 94 para 95. beiro Neto, em nome do Grêmio
Euclides da Cunha, do qual é presiden- Newton (São Paulo), 2º
Entretanto, com medo de ser localiza-
te, contra os Cânticos Euclidianos. tesoureiro: Newber (São Paulo/
da pelo repórter Roberto Cabrini, ela
deixou a capital inglesa e se instalou - 1 H-encontro (?) Regional dos Botucatu), Diretores: Marcelo
em Paris, levando junto a nossa sucur- Maratonistas (Herma), realizado em (São Paulo), Danilo (Franca),
sal na União Européia. Waal! Franca, em novembro de 94. Rildo (São Paulo), Elvis
*** - 7 edições de O Berrante. (Brasília). Números atrasados
Será que os dias de fudega de nosso - 1 edição de Cânticos Euclidianos. e correspondência em geral:
presidente estão contados? É que vem - 1 briga no baile da SE/94. contatar a Central de
aí o casamento do ano. André Luiz de - 96 novos sócios. Informações. Cartas e artigos
Lima Daibes resolveu entrar para o rol - 1 homenagem prestada (nomeação
enviados para publicação
dos homens sérios (?), e marcou um do Dr. Oswaldo Galotti como presi-
dente de honra d'A AEE). poderão ser editados em
repentino casório para 3 de fevereiro
- centenas de garrafas de cerveja função do espaço disponível.
de 1996. Ele manda avisar que está
recebendo contribuições para o enxo- consumidas. Os artigos assinados não
val. Acreditem, se quiserem. *** refletem necessariamente a
*** Perguntar não ofende opinião do jornal. Tiragem:
Depois de Tróia de Taipa, mais um Depois de comunistas, petistas, radi- 250 exemplares.
jornal entrou no circuito euclidiano. cais, comedores de criancinhas,
Trata-se do Cabana de Zinco, publica- capengas, manquitolas, freudianos etc DATA DE FABRICAÇÃO:
do pelo Grêmio Euclides da Cunha, de etc etc, de que seremos taxados neste 11/08/1995.
São José do Rio Pardo. ano?
VÁLIDO ATÉ 15/08/1995.
*** ***

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