Beruflich Dokumente
Kultur Dokumente
- conduta (dolo/culpa)
Fato típico - resultado
-nexo causal
- tipicidade
O tipo penal é preceito legal objetivo e abstrato que delimita de forma primária a conduta proibida e
circunstâncias, ligando-o a um preceito secundário, com pena a vetor de dosimetria. Ele é formado da seguinte
forma:
Exemplo:
Art. 121, caput: MATAR ALGUÉM Tipos penais distintos, apesar do Art.
(conduta) (elementares) 121 tutelar o mesmo objeto. O primeiro
Art. 121, § 2º: MATAR ALGUÉM COM FOGO é um homicídio simples, enquanto que o
(conduta) (elementares) (circunstâncias)
segundo é um homicídio qualificado.
A circunstância é a particularidade da conduta que constitui ou modifica o tipo penal ou que pela
relevância sócio-jurídica na norma e no motivo de seu cometimento. Há circunstâncias agravantes1 quando
não constituem nova natureza e nem qualificam.
1
As agravantes são as circunstâncias que, quando não constituírem ou qualificarem o crime, determinam a majoração da pena
base, dentro dos limites previstos pelo tipo penal, conforme o juiz entenda como necessário e suficiente para a reprovação e
prevenção do crime. As qualificadoras são as circunstâncias que, presentes no fato criminoso, cominam outra pena mais severa
do que aquela prevista no tipo simples.
1
Direito Penal III Marcelo Soldi
Elementar é uma circunstância legal específica que constitui nova natureza para a conduta proibida e,
portanto, integra o tipo penal, sem a qual desclassifica ou torna a conduta atípica. Exemplo: Art. 157 – roubo:
subtrair coisa alheia móvel com violência. A violência é a elementar; sem ela, o crime constitui nova natureza,
tornando-se furto (Art. 155 – subtrair coisa alheia móvel).
Pode haver prisão em flagrante nas contravenções penais – mesmo a pena sendo uma multa, os ilícios
penais são geralmente graves por si só e pode-se cercear a liberdade de ir e vir da pessoa.
Tentativa
Crime unissubsistente: conduta = resultado (crime formal). É ato único – não cabe tentativa.
Crime plurissubsistente: conduta ≠ resultado (crime material). É ato fracionado – cabe tentativa.
2
Vetor de dosimetria é o parâmetro que o juiz tem para determinar uma pena, estipulado pelo próprio Código Penal. Ex: reclusão
de 2 a 4 anos. Esse intervalo 2-4 anos é o vetor de dosimetria. Na hora de definir a pena aplicável ao caso concreto, o juiz estará
fazendo a dosimetria da pena, em que fará a análise pelo sistema trifásico.
2
Direito Penal III Marcelo Soldi
II
Crimes contra o patrimônio
Patrimônio é toda coisa material aferível em quantidade e valor pecuniário. O patrimônio é o objeto
tutelado de uma série de crimes. O sujeito ativo do crime pode ser qualquer pessoa (é, portanto, um crime
comum), exceto nos casos em que o agente deve ser, necessariamente, funcionário público (crime próprio,
nesse caso – exemplo: funcionário público manda terceiro não-funcionário chantagear a pessoa. É crime de
corrupção para ambos, pois houve a comunicação da elementar).
3
Direito Penal III Marcelo Soldi
pois apenas eles podem ser subtraídos3. Os animais e semoventes (gado), quando tiverem dono, também
podem ser objeto de furto. É também possível a subtração de terra ou areia, e de árvores. O Código Penal
equipara à coisa móvel a energia elétrica, bem como qualquer outra forma de energia que tenha valor
econômico.
Para que uma coisa seja considerada alheia, é necessário que tenha dono, possuidor ou detentor, ou
seja, que não pertença àquele que está apoderando-se do objeto. Se por erro plenamente justificado pelas
circunstâncias o agente supõe que o objeto lhe pertence, não responderá pelo furto em face do erro de tipo.
Coisas que pertencem a todos, chamadas de “coisas de uso comum”, como ar e água dos rios, somente
podem ser objeto de furto quando destacadas do local de origem e desde que estejam sendo exploradas por
alguém, como no caso da água encanada, do gás liquefeito, etc. Além disso, o desvio ou represamento, em
proveito próprio ou alheio, de águas correntes alheias constitui crime de usurpação.
As coisas que nunca tiveram dono, ou as coisas abandonadas, não podem ser objeto de furto. As coisas
perdidas tem dono, mas quem as encontrar não comete furto, mas sim crime de apropriação de coisa achada.
A subtração de cadáver humano apenas será crime de furto, e não de subtração de cadáver ou parte
dele, se o corpo tem dono, ex: múmias de um museu, ou cadáver de uma faculdade de medicina. Em relação
aos objetos enterrados com o cadáver, como roubas, sapatos, anéis, etc, existem duas correntes, uma defende
que trata-se de crime de furto porque esses bens pertencem aos herdeiros, e a outra entende que é apenas
crime de violação de supultura.
Furto de uso
O agente subtrai o objeto apenas para usá-lo momentaneamente e depois o devolve. Para a sua
configuração, requer que tal intenção esteja clara desde o início. O uso deve ser momentâneo, isto é, por curto
espaço de tempo (algumas horas ou poucos dias), se não é crime. Não é admitido se a intenção é uso para fim
ilícito.
Furto noturno
Trata-se de uma causa de aumento de pena que somente se aplica ao furto simples. Repouso noturno é
o período em que as pessoas de uma certa localidade descansam, dormem, não bastando que o fato ocorra a
noite – tal análise é, portanto, feita de acordo com as características da região.
3
Os bens imóveis não podem ser furtados, pois eles não podem ser levados de um lugar para o outro. Mas alguns bens que o Código
Civil considera como imóveis, como navios e aeronaves, no âmbito do Direito Penal, são considerados móveis, e, portanto, podem
ser objetos de furto.
4
Direito Penal III Marcelo Soldi
É majoritário o entendimento de que o aumento não incide quando o crime ocorre em locais que não
são próprios para o repouso noturno, como em estabelecimentos comerciais, bares, restaurantes, na rua, em
ônibus, etc. Na prática, o aumento só incide quando o furto ocorre em casa ou em algum de seus
compartimentos externos, ou em estabelecimento comercial que esteja fechado durante a madrugada.
Furto privilegiado
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de
reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.
Para o furto privilegiado, o agente deve ser primário4 (não é reincidente, portanto). Além disso, a coisa
subtraída deve ser de pequeno valor. É considerada como tal aquela que não excede a um salário mínimo.
Com o reconhecimento do privilégio, o magistrado substitui a pena de reclusão por detenção, diminua
a pena privativa de liberdade de um a dois terços, ou aplique somente a pena de multa.
Furto qualificado
§ 5º - A pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos, se a subtração for de veículo automotor que
venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior.
É também quando o furto se dá por escalada (utilização de via anormal para ingressar no local onde o
furto será praticado, como cordas ou escadas, ou escavação de túnel), ou por destreza (habilidade física ou
manual que permite ao agente executar uma subtração sem que a vítima perceba que está sendo despoijada de
seus bens.
4
Após o transcurso de prazo de cinco anos, o agente que havia cometido um crime volta a ser primário (Art. 64, I).
5
Direito Penal III Marcelo Soldi
Considera-se chave falsa5 a imitação da verdadeira, obtida de forma clandestina, ou qualquer outro
instrumento, com ou sem formato de chave, capaz de abrir a fechadura sem arromba-la. Nesses casos, há
qualificação do furto.
O furto é também qualificado se há concurso de duas ou mais pessoas, ainda que um dos envolvidos
seja menor ou apenas um deles tenha sido identificado em razão da fuga dos demais.
Por fim, se um veículo é furtado e transportado para outro Estado ou para exterior, é furto qualificado.
Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a
detém, a coisa comum:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
§ 1º - Somente se procede mediante representação.
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem
direito o agente.
Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a
pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa
ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para
terceiro.
§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:
I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;
5
A utilização de chave verdadeira, obtida mediante fraude, não caracteriza a qualificadora do emprego de chave falsa e sim a
qualificadora referente à fraude.
6
Coisa fungível é aquela que pode ser substituída por outra da mesma espécie, quantidade e qualidade.
6
Direito Penal III Marcelo Soldi
Roubo impróprio
§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa
ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para
terceiro.
Ocorre quando a violência ou grave ameaça se dá após a subtração do bem. O agente quer apenas
praticar um furto, e já se tendo apoderado do bem, emprega violência ou grave ameaça para garantir a sua
impunidade.
A questão do uso da arma de brinquedo trouxe duas correntes: a primeira entende que a arma qualifica
o roubo, desde que a vítima se sinta intimidada por ela. Por outro lado, há uma corrente que diz que não há
7
Direito Penal III Marcelo Soldi
aumento de pena pelo fato de se tratar de um brinquedo e não de uma arma. A jurisprudência passou a
entender que o uso de arma de brinquedo não autoriza o aumento da pena. Se o roubo for praticado por duas
pessoas e só uma utilizar a arma, o aumento valerá para ambas.
§ 3º Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a quinze anos, além da
multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa.
As causas de aumento de pena não incidem sobre as formas qualificadas, que possuem pena em
abstrato já bastante majorada. O latrocínio (roubo que resulta morte), consumado ou tentado, é considerado
crime hediondo, enquanto que o roubo qualificado pelas lesões corporais não. Independe de dolo ou culpa (se
doloso, porém, o dolo será levado em conta na dosimetria da pena).
O agente que efetua disparos querendo matar a vítima, mas ela não morre, vindo, porém, a sofrer
sequelas consideradas graves, responderá por tentativa de latrocínio.
Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou
para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena
de um terço até metade.
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo anterior.
§ 3º Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária
para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da
multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o,
respectivamente
A conduta típica é constranger, ou seja, obrigar,
Crime: Extorsão
Objeto tutelado: Patrimônio coagir alguém a fazer algo ou deixar de fazer alguma coisa.
Sujeito ativo: Comum
Um exemplo é o agente que telefona para a vítima,
Sujeito passivo: Comum
Tipo objetivo: Constranger simulando estar em poder do filho dela, e exige a entrega de
Tipo subjetivo: Dolo indireto
dinheiro. Deve-se haver o emprego de violência ou grave
Elementar: Obter indevida
vantagem econômica ameaça, e o crime só existe se o agente almejar obter
Tentativa: Plurissubsistente
indevida vantagem econômica.
Ação Penal: Pública incondicio-
nada, indisponível
Pena: Reclusão + multa O crime de extorsão consuma-se independentemente
Vetor de dosimetria: 4-10 anos (comum) do recebimento da vantagem indevida.
6-12 anos (sequestro
relâmpago)
8
Direito Penal III Marcelo Soldi
§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena
de um terço até metade.
A pena é aumentada de um terço até a metade se houve o emprego da arma ou concurso de pessoas.
Extorsão qualificada
As qualificadoras somente se aplicam nas hipóteses em que a extorsão é cometida com emprego de
violência, seguindo as mesmas regras já mencionadas nos casos de roubo qualificado pelas lesões corporais ou
latrocínio.
Sequestro relâmpago
Sequestro relâmpago é uma denominação utilizada para os casos em que a conduta consiste em
capturar a vítima, apossar-se de seu cartão bancário e, em seguida, exigir, mediante grave ameaça, o
fornecimento da senha, com a qual os bandidos fazem saques da conta da vítima.
O delito diferencia-se da extorsão mediante sequestro, porque, nesta, o resgate é exigido de outras
pessoas (familiares em geral), enquanto no sequestro relâmpago não há essa exigência a terceiros.
Se o agente, além de sacar dinheiro no caixa eletrônico ou de fazer compras com o cartão bancário da
vítima, subtrair o dinheiro de sua carteira ou outros pertences (veículo, telefone, relógio), responderá também
por crime de roubo em concurso material.
Art. 159 - Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como
condição ou preço do resgate:
Pena - reclusão, de oito a quinze anos.
§ 1o Se o seqüestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o seqüestrado é menor de 18 (dezoito) ou
maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha.
Pena - reclusão, de doze a vinte anos.
§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave:
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.
§ 3º - Se resulta a morte:
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos.
§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a
libertação do seqüestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços.
9
Direito Penal III Marcelo Soldi
O crime também é qualificado se o resultado for lesão corporal grave ou, ainda, a morte da vítima
sequestrada. Se a morte ou lesão forem causadas por caso fortuito ou culpa de terceiros, não se aplicam as
qualificadoras. O reconhecimento de uma qualificadora mais grave automaticamente afasta a aplicação das
penas menos graves.
Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívida, abusando da situação de alguém, documento que
pode dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou contra terceiro:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa.
O agente impõe a entrada de documento que possa dar causa a processo penal como condição da
entrega de dinheiro pela vítima. Deve haver a intenção do agente de garantir ameaçadoramente o pagamento
da dívida.
10
Direito Penal III Marcelo Soldi
O dano é qualificado se for aplicado com violência ou grave ameaça, se houver emprego de substância
inflamável ou explosiva, se contra bens públicos, por motivo egoístico ou se houver prejuízo patrimonial
considerável à vítima.
Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Aumento de pena
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o agente recebeu a coisa:
I - em depósito necessário;
II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, inventariante, testamenteiro ou depositário
judicial;
III - em razão de ofício, emprego ou profissão.
11
Direito Penal III Marcelo Soldi
No caso de depósito legal, como o agente está exercendo função pública, comete o crime de
peculato, que é mais grave. Assim, o disposto no inciso I somente terá aplicação nas hipóteses de depósito
necessário miserável ou por equiparação.
Emprego é a prestação do serviço com subordinação e dependência, que podem não existir no ofício ou profissão.
Ofício é a ocupação manual ou mecânica que supõe certo grau de habilidade e que é útil ou necessária à sociedade. A
profissão caracteriza-se pela inexistência de qualquer vinculação hierárquica e pelo exército predominantemente técnico
e intelectual no desempenho das atividades.
12
Direito Penal III Marcelo Soldi
Artifício: é a utilização de algum aparato ou objeto para enganar a vítima (disfarce, efeitos especiais,
documentos falsos, etc).
Ardil: é a conversa enganosa.
O estelionato é um crime material, que somente se consuma no instante em que o agente efetivamente
consegue obter a vantagem ilícita por ele visada.
Se o agente se aproveita da inexperiência de pessoa menor de 18 anos ou alienada mental para induzi-
la a praticar ato suscetível de provocar-lhe prejuízo, pratica o crime de abuso de incapazes.
A falsificação de documento público absorve o estelionato, uma vez que possui pena maior. Já a
falsificação de documento simples fica absorvida pelo estelionato, por tratar-se de crime-meio.
Forma privilegiada
§ 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o
disposto no art. 155, § 2º.
As consequências do privilégio são as mesmas do furto privilegiado. O agente deve ser primário e o
prejuízo da vítima deve ser de pequeno valor (inferior a um salário mínimo). Para se analisar a existência do
pequeno valor, deve-se levar em conta o momento consumativo do crime
13
Direito Penal III Marcelo Soldi
Defraudação de penhor
III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo credor ou por outro modo, a garantia
pignoratícia, quando tem a posse do objeto empenhado;
III
Crimes contra a fé pública
Documento é a base física em que foi assentada informação juridicamente relevante, protegendo-a
para o futuro, para efeito de prova – é a exposição de fatos ou declaração de vontade. O documento pode ser
público ou particular (por liberalidade entre as partes).
Documento público: é aquele elaborado por funcionário público, de acordo com as formalidades
legais, no desempenho de suas funções. Ex: RG, CPF, etc.
Documento particular: é aquele que não é público em si mesmo ou por equiparação. Ele não é
elaborado por funcionário público no desempenho de suas funções. Ou seja, é elaborado por
liberalidade entre as partes.
A fé pública é a crença na veracidade (fé) dos documentos, símbolos e sinais que são empregados pelo
homem em suas relações em sociedade e que se prestam à prova de fatos juridicamente relevantes. A violação
da fé pública constitui o crime de falso.
Teoria do falso
Falso material: há corrupção da base física, alterando uma informação em documento verdadeiro,
tornando-a falsa. A falsificação pode ser total (quando o documento é integralmente forjado) ou parcial
14
Direito Penal III Marcelo Soldi
Todos os crimes contra a fé pública são dolosos – não existe qualquer modalidade culposa.
Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metálica ou papel-moeda de curso legal no
país ou no estrangeiro:
Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa.
§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta própria ou alheia, importa ou exporta, adquire,
vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação moeda falsa.
§ 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui à
circulação, depois de conhecer a falsidade, é punido com detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
§ 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos, e multa, o funcionário público ou diretor,
gerente, ou fiscal de banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza a fabricação ou emissão:
I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado em lei;
II - de papel-moeda em quantidade superior à autorizada.
§ 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moeda, cuja circulação não estava
ainda autorizada.
A falsificação de papel-moeda que já deixou de circular não se amolda no tipo, podendo caracterizar
estelionato.
1
Dolo genérico é era aquele em que no tipo penal não havia indicativo algum do elemento subjetivo do agente ou, melhor
dizendo, não havia indicação alguma da finalidade da conduta do agente.
15
Direito Penal III Marcelo Soldi
O dispositivo legal possui uma série de condutas típicas, sendo de notar que, de forma geral, pune
quem falsifica ou altera documentos. No presente caso, modifica-se apenas o objeto material do crime, que
pode ser qualquer dos papeis públicos descritos nos incisos.
Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público
verdadeiro:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
§ 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a
pena de sexta parte.
§ 2º - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento público o emanado de entidade paraestatal,
o título ao portador ou transmissível por endosso, as ações de sociedade comercial, os livros mercantis e
o testamento particular.
§ 3o Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir:
I – na folha de pagamento ou em documento de informações que seja destinado a fazer prova
perante a previdência social, pessoa que não possua a qualidade de segurado obrigatório;
II – na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado ou em documento que deva
produzir efeito perante a previdência social, declaração falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita;
16
Direito Penal III Marcelo Soldi
Se o documento foi ou devia ter sido emitido por autoridade federal, a competência é da Justiça
Federal. Se foi ou devia ter sido emitido por funcionário público estadual ou municipal, a competência é da
Justiça Estadual.
Admite-se tentativa, no caso em que o agente é surpreendido no momento em que está iniciando a
falsificação.
17
Direito Penal III Marcelo Soldi
Outra hipótese se dá, ainda, quando o agente fornecer informação falsa a terceira pessoa, responsável
pela elaboração do documento, e esta, sem ter ciência da falsidade, o confecciona. Trata-se de uma falsidade
mediata, pois a lei não pune quem confecciona o documento, mas sim quem lhe passa a informação falsa.
Essas condutas podem recair sobre documento público ou particular. O particular pode cometer
falsidade ideológica em documento público se levar o funcionário a iserir declaração falsa.
18
Direito Penal III Marcelo Soldi
Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a
302: Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.
Trata-se de um “crime remetido”, uma vez que a descrição típica se integra pela menção a outros
dispositivos legais. A pena será a mesma prevista para o falsário.
Situações
Art. 311 - Adulterar ou remarcar número de chassi ou qualquer sinal identificador de veículo automotor,
de seu componente ou equipamento:
Pena - reclusão, de três a seis anos, e multa.
§ 1º - Se o agente comete o crime no exercício da função pública ou em razão dela, a pena é
aumentada de um terço.
§ 2º - Incorre nas mesmas penas o funcionário público que contribui para o licenciamento ou
registro do veículo remarcado ou adulterado, fornecendo indevidamente material ou informação oficial.
É comum que pessoas alterem o último número da placa de seu veículo com uso de fita isolante para
não ser multado por causa do sistema de rodízios. Entende-se que a conduta é atípica, e não se aplica o
disposto nesse dispositivo pelo fato de que a adulteração não se deu de forma permanente. No entanto, há uma
divergência sobre o assunto na jurisprudência do STJ.
7
Art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se
cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de
detenção, executa-se primeiro aquela
19
Direito Penal III Marcelo Soldi
20