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Aula 03
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais.
Sumário
1. Mandado de Segurança .......................................................................................... 2
1.1 Direito Líquido e Certo ...................................................................................... 2
1.1.1 Mandado de Segurança vs. Habeas Data .................................................... 3
1.1.2 Mandado de Segurança vs. Habeas Corpus ................................................ 4
2. Legitimação ativa e passiva .................................................................................... 5
2.1 Ativa .................................................................................................................. 5
2.1.1 Legitimação extraordinária .......................................................................... 6
2.1.1.1 1º Caso (art. 1º, § 3º, LMS) .................................................................. 6
2.1.1.2 2º Caso (legitimação extraordinária subordinada) .............................. 7
2.1.2 Intervenção litisconsorcial ........................................................................... 8
2.1.3 Legitimidade ativa e sentença arbitral ........................................................ 9
2.2 Passiva (art. 1º, LMS) ...................................................................................... 10
2.2.1 Autoridade coatora.................................................................................... 11
2.2.2 Teoria da encampação............................................................................... 15
2.2.2.1 Requisitos da teoria da encampação: ................................................ 16
2.2.3 Autoridade federal (art. 2º) ....................................................................... 17
2.2.4 A posição da pessoa jurídica (art. 7º, II, LMS) ........................................... 19
3. Meios eletrônicos (art. 4º, LMS) ........................................................................... 20
4. Hipóteses de não cabimento (art. 5º, LMS) ......................................................... 21
4.1 Ato do qual não caiba recurso administrativo com efeito suspensivo (art. 5º,
I, LMS)........... ........................................................................................................................ 22
4.2 Decisão judicial da qual não caiba recurso com efeito suspensivo (art. 5º, II,
LMS).............. ........................................................................................................................ 22
4.2.1 Casos que possibilitam o mandado de segurança contra ato de juiz ....... 22
4.3 Decisão judicial transitada em julgado (art. 5º, III, LMS) ................................ 24
4.4 Súmulas do STJ sobre cabimento de MS ........................................................ 26
4.5 Questões jurídicas complexas ou controvertidas ........................................... 27
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Direito Processual Civil
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1. Mandado de Segurança
O Mandado de Segurança é o palco da efetividade e eficiência do processo.
Está previsto no art. 5º, LXIX e LXX, CRFB e na Lei n. 12.016/09 (doravante chamada
de LMS).
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não
amparado por "habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsável pela
ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no
exercício de atribuições do Poder Público;
LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impetrado por:
a) partido político com representação no Congresso Nacional;
b) organização sindical, entidade de classe ou associação legalmente constituída e em
funcionamento há pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou
associados;
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que se fazer uma ressalva: Direito não é objeto de prova no processo, objeto de prova no
processo são os fatos.
Então, o que qualifica este direito como especial é estar ligado a fatos demonstráveis
de plano, ou seja, demonstrável documentalmente, ou então algo que não precisa de prova
por ser um fato notório. Enfim, é um direito ligado a fatos que não exigem dilação
probatória e por isto, podem submeter-se ao procedimento especial e célere: o rito do
mandado de segurança.
Atos de autoridades que lesam algo que pode ser defendido sem dilação probatória,
podem ser tutelados via mandado de segurança. A não ser que seja um direito que merecem
tutela por Habeas Corpus ou Habeas Data, é o que dispõe do art. 1º, da LMS:
Art. 1o Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não
amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de
poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-
la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que
exerça.
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importante perceber que o foi negado foi para direito a certidão e não o direito a
informação.
Exemplo2. Uma pessoa está sofrendo sindicância e pede acesso aos autos do
processo e o acesso é negado, ora isto é causa de Habeas Data. Agora, outro caso ocorre se
o acesso é permitido, a pessoa requer cópias dos autos e a cópia vem faltando alguns
documentos essenciais. Ato contínuo a pessoa requer novamente a cópia dos documentos e
a autoridade pública nega, o remédio constitucional cabível é Mandado de Segurança,
porque a pessoa já teve acesso à informação.
O Habeas Data não se presta a garantir a certificação da informação ou a extração de
cópias, isto será garantido por Mandado de Segurança.
Então são duas grandes diferenças:
1. Diferenciar informações sobre a pessoa o impetrante de outros tipos de
informação (para informação própria usa-se HD, outro tipo de informação é MS) e
2. Diferenciar o acesso a informação (ou a correção da mesma) da certificação desta
informação. Para obter a certificação da informação usa-se MS, se já o acesso à informação
já foi possível.
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São poucas possibilidades que uma sentença em MS vire título executivo contra a
Fazenda Pública, somente em algumas hipóteses isto é possível.
Art. 1º. § 3o Quando o direito ameaçado ou violado couber a várias pessoas, qualquer
delas poderá requerer o mandado de segurança.
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participarem de uma eleição hígida. Seria natural que a exigência do litisconsórcio para
impetrar o MS. Porém, por força do dispositivo legal não se exige litisconsórcio, qualquer um
dos candidatos podem impetrar sozinho.
Cândido Rangel Dinamarco chama esta possibilidade de “legitimação por categoria”,
quem impetra o MS em prol próprio e dos demais não seria legitimado extraordinário, uma
vez que o direito também é dele (o legitimado extraordinário é aquele que está em nome
próprio defendendo direito alheio no processo), nestes casos está defendendo direito
alheio, mas que em certa medida também é seu.
Exemplo: pessoa em condomínio tem um imóvel, e o terreno é invadido e uma das
pessoas ajuíza sozinha a ação de reintegração de posse, veja que esta pessoa é titular de
uma quota a parte do terreno, mas ela pode ajuizar a ação sozinha, pode porque a lei
permite. Dinamarco diz que isto é legitimação por categoria, porque a pessoa era titular de
só uma parte, mas está sozinha defendendo todo o interesse. Já para Cássio, entende que é
legitimação extraordinária, porque está no processo em nome próprio, mas também
defendendo direito alheio.
Caso mais peculiar é do art. 3º da LMS, que por coincidência corresponde ao art. 3º
da antiga LMS, traz o que toda doutrina sempre utilizou de exemplo para o que se chama de
“legitimação extraordinário subordinada”.
Art. 3º O titular de direito líquido e certo decorrente de direito, em condições idênticas,
de terceiro poderá impetrar mandado de segurança a favor do direito originário, se o seu
titular não o fizer, no prazo de 30 (trinta) dias, quando notificado judicialmente.
Então, pela dicção da lei após o despacho não é mais possível a formação de
litisconsórcio facultativo. Esta previsão veio para coibir prática muito recorrente, ilustrada a
seguir: dois contribuintes conhecidos um do outro estão na mesma situação, ambos
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sofreram a mesma atuação fiscal por ter o mesmo comportamento, a similitude de causas
de pedir autorizaria a formação do litisconsórcio e ambos poderiam impetrar MS juntos.
Porém, por estratégia, um impetrava MS sozinho esperava a liminar favorável.
A antiga redação permitia que o outro contribuinte ingressasse como litisconsorte
ulterior, aproveitando-se da liminar favorável concedida a seu colega. Isto é uma tremenda
burla ao princípio do juiz natural e a jurisprudência e vinha combatendo isto. A LMS de 2009
exatamente para evitar esta burla apresenta um limite à intervenção litisconsorcial:
qualquer despacho que o juiz dê no processo, quer dizer, se o juiz despachou (para citar
autoridade coatora, dar ou negar uma liminar) não poderá mais haver formação de
litisconsórcio.
A lei ainda assim foi mal, pois se o limite é depois do despacho, a formação do
litisconsórcio pode se dar entre a distribuição e despacho, então o contribuinte poderá
escolher entrar no feito como litisconsorte por estratégia, já sabendo que o seu colega
impetrou MS em vara favorável a sua tese defensiva. Assim, a LMS/2009 diminuiu as
possibilidades de burla ao princípio do juiz natural, mas não a eliminou.
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2º Horário
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§ 1º. Os preceitos desta Lei também se aplicam aos órgãos dos Poderes Legislativo e
Judiciário da União, quando no desempenho de função administrativa.
§ 2º. Para os fins desta Lei, consideram-se:
I - órgão - a unidade de atuação integrante da estrutura da Administração direta e da
estrutura da Administração indireta;
II - entidade - a unidade de atuação dotada de personalidade jurídica;
III - autoridade - o servidor ou agente público dotado de poder de decisão.
Exemplo1: com poder de decisão o agente praticou um ato ilegal que violou o direito
de alguém, então o agente é autoridade coatora.
Exemplo2: com o poder de decisão o agente determinou à um subordinado que
praticasse determinado ato que lesa o direito de alguém, neste caso o agente superior é a
autoridade coatora. Pois o subordinado (que efetivamente praticou o ato) não tinha poder
de decisão, apenas cumpriu ordem superior. Desta forma, o subordinado não é autoridade
coatora, ele é só uma mera ferramenta, um mecanismo, mero instrumento da ação
autoridade coatora.
Autoridade coatora não é só agente público ligado à pessoa jurídica de direito
público? Não, a lei traz o que se chama de autoridades coatoras por equiparação:
representantes ou órgãos de partidos políticos; administradores de autarquias; dirigentes de
pessoas jurídicas ou naturais no exercício de atribuições do poder público, art. 1º, § 1º, Lei n.
12.016/09:
Art. 1º. § 1º. Equiparam-se às autoridades, para os efeitos desta Lei, os representantes
ou órgãos de partidos políticos e os administradores de entidades autárquicas, bem
como os dirigentes de pessoas jurídicas ou as pessoas naturais no exercício de
atribuições do poder público, somente no que disser respeito a essas atribuições.
Um particular pode ser autoridade coatora? Sim, desde que esteja atuando por
delegação do poder público no exercício de atribuições cedidas, concedidas ou delegadas
pelo poder público. Atribuições estas cujo regime jurídico é o regime jurídico de direito
público. Pessoa natural delegatária de serviço público (v.g. tabelião) ou empresário
presidente de multinacional concessionária de um serviço público (v.g. presidente de
concessionária de telefonia) praticam atos do objeto da concessão ou delegação que tem
um regime jurídico peculiar.
Na prática de tais atos podem ser consideradas como de autoridades coatoras.
Ocorre que este delegatário pode também praticar atos de gestão, porque no fundo são
pessoas jurídicas de direito privado. Estes atos de gestão regulam-se eminentemente pelo
regime jurídico de direito privado. Atos praticados num regime de gestão não podem ser
atacados por MS.
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RMS 29.896-GO, DJe 2/2/2010, e RMS 30.920-GO, DJe 22/2/2010. RMS 30.561-GO, Rel.
Teori Albino Zavascki, julgado em 14/8/2012.
Este acordão ilustra muito bem aquela questão do poder de decisão. Caso o acordão
versasse sobre resolução aberta do CNJ (que o presidente do tribunal poderia aplicar ou não
de acordo com as condições no caso concreto se o caso), seria até possível discutir se havia
ou não poder de decisão. Ocorre que hoje as decisões do CNJ são impostas à Justiça Estadual
e as decisões do CFJ são impostas à Justiça Federal. As imposições das respectivas
corregedorias aos dirigentes são decisões muito claras e objetivas, tirando destes dirigentes
qualquer poder de decisão, nestes casos os dirigentes não podem ser considerados
autoridades coatoras.
Isto é muito importante no que se refere à competência porque em mandado de
segurança algumas autoridades têm foro privilegiado. Se o ato é praticado por um
desembargador, ainda que o presidente do tribunal, o mandado de segurança será julgado
dentro do próprio Tribunal.
Agora, se considerar-se que a autoridade coatora é o CNJ, é preciso lembrar que o
CNJ é órgão anexo ao STF, então quem julgará este mandado de segurança será o STF. E
ainda, considerar CJF como autoridade coatora, implica que o mandado de segurança seja
julgado no STJ, tendo em vista que o CJF é órgão anexo ao STJ. O presidente do CJF é o
presidente do STJ, o presidente do STF é presidente do CNJ. No caso do CJF será julgado
pelo próprio CJF. Neste sentido, segue o acordão:
Corte Especial. DIREITO PROCESSUAL CIVIL. COMPETÊNCIA PARA JULGAR IMPUGNAÇÃO
DE DECISÃO DO CJF. Compete ao STJ analisar a legalidade de decisão tomada em
processo administrativo no CJF. De acordo com o art. 105, parágrafo único, da CF, o
Conselho da Justiça Federal – CJF é órgão que funciona junto ao STJ e, segundo
entendimento consolidado, os atos do Conselho podem ser impugnados originariamente
no STJ pela via do mandado de segurança. Essa hipótese difere da impugnação de atos
da administração judiciária tomada com base em decisões ou orientações do CJF,
situação que não atrai a competência originária do STJ, por não atacar diretamente
decisão do Conselho. Nesse panorama, a decisão de primeiro grau que analisa
diretamente legalidade de decisão do CJF viola o disposto no art. 1º, § 1º, da Lei n.
8.437/1992, que estabelece ser incabível, “no juízo de primeiro grau, medida cautelar
inominada ou a sua liminar, quando impugnado ato de autoridade sujeita, na via de
mandado de segurança, à competência originária de tribunal”. Entendimento diverso
importaria em possibilidade de que os atos do CJF fossem controlados por seus próprios
destinatários. Nessa medida, os atos do CJF, se nulos ou ilegais, devem ser apreciados
obrigatoriamente pelo STJ. Precedentes citados: AgRg na Rcl 4.211-SP, DJe 8/10/2010;
Rcl 4.298-SP, DJe 6/3/2012, e Rcl 4.190-AL, DJe 14/12/2011. Rcl 3.495-PE, Rel. Min.
Nancy Andrighi, julgada em 17/12/2012.
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Depois de todo o falado sobre poder de decisão, a leitura desatenta desta súmula
pode gerar certa perplexidade. Ora, para que alguém seja autoridade coatora é preciso que
tenha poder de decisão e então a súmula diz que em que ato praticado por delegação quem
receber esta delegação será autoridade coatora. Sim, pois delegar competência equivale a
delegar poder, ao contrário, se a autoridade estivesse mandando não estaria delegando.
Sendo assim, autoridade delegatária (quem recebeu a competência) está exercendo poder,
praticando o ato com poder de decisão.
Exemplo: ministro delegou parte de sua competência para autoridade inferior e aí o
mandado de segurança foi impetrado contra a autoridade inferior. Esta autoridade inferior
não tinha foro privilegiado, sendo assim, o mandado de segurança foi para a justiça de
primeira instância. Após, o ministro revogou a delegação de competência e avocando-a
novamente para si. Ora, a competência para julgar ato de ministro de estado é do STJ.
revogação da delegação de competência posteriormente à prática do ato e a impetração
do MS não tem qualquer efeito sobre o processo.
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o ato, argumenta que há diversos níveis de subordinação e que quem praticou o ato sequer
estava diretamente subordinado a ele, havia uma gerencia qualquer que determinara a
prática do ato. Em seguida, pode ser que este mesmo superintendente do INSS faça
considerações no sentido de apontar o ato como correto e que realmente a cassação da
aposentadoria fora feita respeitando o devido processo legal, pois não estavam presentes os
requisitos para a concessão do benefício, ou seja, o superintende entra no mérito
defendendo o ato atacado.
Para casos como este a jurisprudência criou a teoria da encampação. Mesmo que
negue a legitimação, se a autoridade superior defende o mérito do ato encampa o ato e
torna-se a coatora, porque defendeu o ato atacado.
É possível admitir emenda à petição inicial desde que não haja alteração da
competência, até aqui o acordão não tem problema nenhum. A crítica recai sobre a
afirmação: “e desde que a autoridade erroneamente indicada pertença à mesma pessoa
jurídica da autoridade de fato coatora”.
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A crítica é: qual seria o problema do juiz aproveitar ato já praticado para corrigir o
polo passivo com autoridade coatora de outra autarquia? Não há motivo aparente que
justifique, mas é o limite colocado pelo STJ.
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a prática do ato impugnado e tem o dever funcional de responder pelo seu fiel
cumprimento, além de dispor da competência para corrigir eventual ilegalidade. No
caso, os referidos tributos são instituídos pela União, e não pertence ao DF o produto da
arrecadação do IRPF e da contribuição para o Plano de Seguridade Social do Servidor
incidente sobre os rendimentos pagos pela União aos membros do MPDFT, conforme
estabelecido nos arts. 21, XIII, 40, 149, 153 e 157 da CF. O Procurador-Geral de Justiça do
MPDFT, ao determinar o desconto relativo ao imposto de renda e à contribuição social
no pagamento de parcelas referentes à conversão em pecúnia de licença-prêmio, atua
como mero responsável tributário pela retenção dos tributos sobre os rendimentos
pagos pela União; não detém, portanto, legitimidade para figurar no polo passivo do
respectivo mandado de segurança. O delegado da Receita Federal do Brasil no Distrito
Federal seria o legitimado para figurar no polo passivo do presente writ, conforme o
disposto no art. 243 do Regimento Interno da Secretaria da Receita Federal do Brasil,
aprovado pela Portaria do Ministério da Fazenda n. 95/2007. Precedentes citados: AgRg
no Ag 1.425.805-DF, DJe 8/8/2012, e AgRg no REsp 1.134.972-SP, DJe 31/5/2010. AgRg
no AREsp 242.466-MG, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 27/11/2012.
A OAB sempre será considerada órgão federal e as suas autoridades sempre serão
consideradas autoridades federais. O mandado de segurança contra OAB sempre tramita na
Justiça Federal.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL. COMPETÊNCIA. MANDADO DE SEGURANÇA CONTRA
PRESIDENTE DE SUBSEÇÃO DA OAB. Compete à Justiça Federal processar e julgar
mandado de segurança impetrado contra presidente de subseção da OAB. A definição
da competência para o mandado de segurança dá-se, em regra, pela natureza da
autoridade coatora. Há situações, contudo, em que a autoridade apontada como
coatora exerce suas funções em entidades que ou são de direito privado, ou não
integram os quadros da Administração Pública direta ou indireta. No caso da OAB, o STF
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Sempre que se indicar uma autoridade coatora, é preciso que haja uma pessoa
jurídica por detrás. No caso do acordão, esta pessoa jurídica é a União. Se o ato coator fosse
de um juiz federal, por exemplo, também seria a União, então iria-se intimar a advocacia da
União para elaborar a defesa técnica. Se é um juiz federal de 2º grau, intima-se a AGU
regional. Agora, se é um ato do CNJ, é importante lembrar que o órgão é composto por
ministros, sendo assim, quem vai oficiar a princípio é o Advogado Geral da União. Ao ser
intimado o Advogado Geral da União pode até designar outro advogado para atuar, mas
realmente deve haver a intimação da AGU neste caso. Isto é exemplo de como a
jurisprudência está aplicando o art. 7º, LMS.
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3º Horário
A doutrina traduz isto como recurso eficaz, se houver recurso eficaz não cabe MS.
III - de decisão judicial transitada em julgado.
O mandado de segurança não pode fazer as vezes de ação rescisória. Já havia súmula
do STF sobre isto a LMS de 2009 reafirmou que não cabe MS contra decisão transitada em
julgado.
Havia um artigo na lei antiga que dizia que não cabe MS contra ato disciplinar, este
dispositivo foi retirado em 2009, mas a limitação continua a existir quando o objeto do MS é
examinar o mérito do ato administrativo, a quantificação da pena, que demandaria uma
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dilação probatória ou então que merece o exame do mérito – tudo isto continua a não seria
possível na via do MS.
4.1 Ato do qual não caiba recurso administrativo com efeito suspensivo (art. 5º, I, LMS)
LMS. Art. 5o Não se concederá mandado de segurança quando se tratar:
I - de ato do qual caiba recurso administrativo com efeito suspensivo,
independentemente de caução;
4.2 Decisão judicial da qual não caiba recurso com efeito suspensivo (art. 5º, II, LMS)
LMS. Art. 5o Não se concederá mandado de segurança quando se tratar:
II - de decisão judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo;
O efeito suspensivo é só para mostrar que este recurso tem que ser eficaz, um
recurso apto a sanar a lesividade. Para quase todas as decisões judiciais que possam causar
lesão cabe recurso, assim fica mais restrito o cabimento de MS contra ato judicial. Mesmo
que o recurso não tenha efeito suspensivo, é possível pedir o efeito suspensivo para o
relator (art. 558, CPC).
a própria lei diz que é irrecorrível, só resta impetrar MS. A jurisprudência é pacífica em
admitir MS nestes casos.
Exemplo3: problema da LEF (Lei n. 6830/80) no art. 34, esta lei diz que as sentenças
proferidas em execução fiscal de valor inferior a 50 ORTN’s (aproximadamente 2 mil reais)
são “irrecorríveis”. E hoje débitos de pequeno valor sequer são executados, mas ainda há
por resquícios execuções neste valor. Sempre que for dada uma sentença numa dessas
ações de execução fiscal, em tese cabe apelação, seja na própria execução seja nos
embargos. Porém, se a execução tratar de valor for inferior a 50 ORTN’s (atualizados) a lei
fala que cabem “embargos infringentes”.
Art. 34 - Das sentenças de primeira instância proferidas em execuções de valor igual ou
inferior a 50 (cinqüenta) Obrigações Reajustáveis do Tesouro Nacional - ORTN, só se
admitirão embargos infringentes e de declaração. (...)
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16/6/2010; RMS 33.199-SP, DJe 16/3/2011, e RMS 35.136-SP, DJe 14/9/2011). RMS
31.681-SP, Rel. Min. Castro Meira, julgado em 18/10/2012.
Exemplo5: hoje, há uma grande polêmica que diz respeito aos Juizados Especiais
Federais. Das sentenças proferidas nos juizados cabem recursos inominados das decisões
interlocutórias não cabe qualquer recurso. O STJ tem entendido que estes mandados de
segurança devem ser julgados pelos TRF’s e não pela Turma Recursal, sob o argumento de
que isto controla a competência dos Juizados Especiais.
Ao contrário, o STF já decidiu pelo seu plenário em repercussão geral (e vem
reiterando) que não cabe MS contra ato de juiz de JEF. Argumenta que juizado é feito para
ser célere, por isto não comporta MS, a ideia é que a decisão do JEF transite em julgado
rápido. Neste sentindo é a jurisprudência que segue:
AG. REG. NO RE N. 650.293-PB. RELATOR: MIN. DIAS TOFFOLI. EMENTA: Agravo
regimental no recurso extraordinário. Juizados especiais. Decisão interlocutória.
Mandado de segurança. Não cabimento do mandamus. Precedentes. 1. O Plenário desta
Corte, no julgamento do RE nº 576.847/BA, Relator o Ministro Eros Grau, DJe de 6/8/09,
firmou entendimento no sentido de não ser cabível mandado de segurança contra
decisões interlocutórias exaradas em processos da competência dos juizados especiais. 2.
Agravo regimental não provido.
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Recursal da qual não caiba mais recurso. Inicialmente, observe-se que, em situações
como essa, o controle por meio da ação mandamental interposta dentro do prazo
decadencial de cento e vinte dias não interfere na autonomia dos Juizados, uma vez que
o mérito da demanda não será decidido pelo Tribunal de Justiça. Ademais, é necessário
estabelecer um mecanismo de controle da competência dos Juizados, sob pena de lhes
conferir um poder desproporcional: o de decidir, em caráter definitivo, inclusive as
causas para as quais são absolutamente incompetentes, nos termos da lei civil. Dessa
forma, sendo o juízo absolutamente incompetente em razão da matéria, a decisão é,
nesse caso, inexistente ou nula, não havendo, tecnicamente, que falar em trânsito em
julgado. RMS 39.041-DF, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 7/5/2013.
Crítica1: “ainda que no processo já exista decisão definitiva de Turma Recursal da qual
não caiba mais recurso.”. Isto não seria coisa julgada?
Crítica2: “a decisão é, nesse caso, inexistente ou nula”. Uma decisão não pode ser
inexiste e nula ao mesmo tempo, o correto seria afirmar que é caso de nulidade, pois
incompetência absoluta fere pressuposto processual de validade, competência nunca foi
pressuposto processual de existência.
Crítica3: este acordão do STJ desrespeitar entendimento do STF, desrespeita o inciso
III do art. 5º, LMS e também desrespeito toda a teoria geral do processo que trata
competência como pressuposto processual de validade, o que implicaria, se fosse o caso
numa ação rescisória. Porém, não é cabível ação rescisória no juizado, porque é pensado
para não caber mesmo, se for o caso que se trabalhe com a teoria da relativização da coisa
julgada, coisa que também é difícil de argumentar no JEF.
Cuidado porque STF e STJ tem posicionamentos distintos.
E o STJ tem uma súmula muito bacana (súmula 202) que diz que se o MS for contra
ato judicial for impetrado por terceiro não importa que houvesse recurso cabível e não que
tenha havido trânsito em julgado.
STJ. Súmula 202. A impetração de segurança por terceiro, contra ato judicial, não se
condiciona à interposição de recurso.
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apenas as partes, sendo assim, o terceiro poderia impetrar MS porque para ele não há coisa
julgada.
Não parece que as súmulas são opostas? Uma fala que não cabe MS para convalidar
compensação e a outra diz que pode impetrar MS para garantir o direito a compensação.
Em matéria tributária compensação só é possível quando a lei traz a possibilidade e
traz os requisitos. Compensação é uma forma de extinção do crédito tributário tal qual o
pagamento. Quando alguém faz um pagamento antecipado, o pagamento é fruto do auto
lançamento fiscal (v.g. imposto de renda) e o fisco tem 5 anos para homologar. Na
compensação a lógica é a mesma, sucede assim: a compensação ocorre por livre vontade e
por conta e risco do contribuinte, ele compensa e escritura isto, enquanto que o fisco terá 5
anos para homologar, se passado os 5 anos e o fisco nada falar, é uma homologação tácita.
Ao contrário, pode o fisco contestar e lançar estes valores de ofício.
A lei traz os requisitos para a compensação e o contribuinte deve compensar na
forma da lei. Mas, por vezes o fisco edita regulamentações desta lei, o poder regulamentar
da administração é inquestionável, no entanto ela não pode estabelecer exigências ilegais
para o direito de compensar.
Quando o faz, o contribuinte que deseja compensar fica receoso, porque sabe que se
não observar o regulamento (e o regulamento é ilegal) o fisco não homologará e será
autuado mais tarde. Então, o direito líquido e certo a ser defendido pelo mandado de
segurança da Súmula 213 é o direito líquido e certo de compensar na forma da lei. Ou seja,
impetra-se mandado de segurança pedindo que o juiz afaste as exigências ilegais criadas
pelo fisco na compensação tributária.
Então, como explicar a súmula 460, STJ?
Se houvesse uma linha do tempo a Súmula 213 estaria num primeiro momento, no
qual o contribuinte quer compensar conforme a lei, porém há um regulamento ilegal. Neste
primeiro momento o contribuinte deseja afastar o regulamento para garantir o direito
líquido e certo de compensar na forma da lei.
Num segundo momento o contribuinte já compensou, sofreu a fiscalização e o fisco
não homologou por algum motivo (porque entende que a contabilidade está mal feita, ou
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que os valores não são aqueles) e o contribuinte quer que a compensação seja convalidada e
reconhecida pelo juiz de forma a extinguir o crédito tributário. Neste caso o STJ diz que não
dá para fazê-lo por MS (súmula 460). Os precedentes desta súmula mostram que para juiz
permitia a compensação precisará de no mínimo uma perícia contábil, o que implica dizer
que o direito não é líquido e certo.
Sendo assim, não há incompatibilidade entre as duas súmulas, pois se prestam a
regular momentos diferentes.
4.6 Jurisprudência
Segue acordão do STJ em que o não se admitiu mandado de segurança contra ato
administrativo punitivo. A antiga LMS expressamente excluía a possibilidade de impetração
de MS neste caso, a lei atual não exclui, mas a razão de ser daquela impossibilidade continua
a existir – impossibilidade de fazer análise de mérito discricionário, ou fazer uma análise de
proporcionalidade do ato, mas que para tanto precisa de dilação probatória.
DIREITO ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. INVIABILIDADE DE REVISÃO DA SANÇÃO
ADMINISTRATIVA EM MS. PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE. REEXAME DO MÉRITO
ADMINISTRATIVO. É inviável em MS a revisão de penalidade imposta em PAD, sob o
argumento de ofensa ao princípio da proporcionalidade, por implicar reexame do
mérito administrativo. Precedentes citados: RMS 32.573-AM, DJe 12/8/2011; MS
15.175-DF, DJe 16/9/2010, e RMS 33.281-PE, DJe 2/3/2012. MS 17.479-DF, Rel. Min.
Herman Benjamin, julgado em 28/11/2012.
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clara violação do princípio do contraditório. Por isto é possível o MS para anular, pois não se
entra no mérito.
Próximo acordão é a possibilidade de mandado de segurança contra ato do juiz que
transforma agravo de instrumento em agravo retido.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA PARA IMPUGNAR ATO JUDICIAL
QUE TENHA DETERMINADO A CONVERSÃO DE AGRAVO DE INSTRUMENTO EM AGRAVO
RETIDO. É cabível mandado de segurança para impugnar decisão que tenha
determinado a conversão de agravo de instrumento em agravo retido. Isso porque,
nessa hipótese, não há previsão de recurso próprio apto a fazer valer o direito da parte
ao imediato processamento de seu agravo. Precedentes citados: AgRg nos EDcl no RMS
37.212-TO, Segunda Turma, DJe 30/10/2012; e RMS 26.733-MG, Terceira Turma, DJe
12/5/2009. RMS 30.269-RJ, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 11/6/2013.
O acordão que segue é muito peculiar, é acordão da Min. Nancy Andrighi (o TRF4
gosta muito dos posicionamentos desta Ministra). O raciocínio da ministra é o seguinte: a lei
diz que não cabe MS contra ato judicial transitado em julgado. O trânsito em julgado é na
verdade uma grande preclusão. Ora, há outros atos judiciais ao longo do processo que não
transitam em julgado, mas que precluem dentro do processo. Após esta preclusão também
não caberia MS. Se cabe um recurso não é possível mandado de segurança, porém se o
recurso não é eficaz, aí haveria a possibilidade de mandado de segurança que deve ser
impetrado dentro do prazo do recurso, sob pena de preclusão.
Exemplo: há uma decisão proferida no processo e esta decisão é a priori irrecorrível,
mesmo sendo irrecorrível, há pelo menos um recurso possível, qual seja, os embargos de
declaração, que tem o prazo de 5 dias. Então, diz a ministra que passado os 5 dias ocorreria
uma preclusão endoprocessual, que não é coisa julgada, mas é preclusão.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL. PRAZO PARA IMPETRAÇÃO DE MS CONTRA DECISÃO
JUDICIAL IRRECORRÍVEL. Em regra, o prazo para a impetração de mandado de segurança
em face de decisão que converte agravo de instrumento em agravo retido é de 5 dias, a
contar da data da publicação da decisão. Segundo precedentes do STJ, é cabível a
impetração de mandado de segurança contra decisão judicial irrecorrível, desde que
antes de gerada a preclusão ou ocorrido o trânsito em julgado, o que, à primeira vista,
soa paradoxal, porquanto, em princípio, a decisão irrecorrível torna-se imutável
imediatamente à publicação. Então, dessa conclusão, reiteradamente invocada nos
precedentes do STJ que tratam do tema, emerge importante questão a ser definida: que
prazo efetivamente tem a parte para ajuizar a ação mandamental contra a decisão
judicial irrecorrível? Em outras palavras, se a decisão é irrecorrível, quando se dá o
respectivo trânsito em julgado, termo ad quem para a impetração? A decisão que
converte o agravo de instrumento em retido é irrecorrível. Ainda assim, será sempre
admissível, em tese, a interposição de embargos de declaração – cuja natureza recursal
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é, inclusive, discutida –, a fim de que o Relator possa sanar vício de omissão, contradição
ou obscuridade quanto aos motivos que o levaram a decidir pela ausência do risco de
causar à parte lesão grave ou de difícil reparação, cuja existência ensejaria o
processamento do agravo de instrumento. Nesse contexto, é razoável que, em situações
como a em análise, o trânsito em julgado seja certificado somente após o decurso do
prazo de 5 dias da data da publicação da decisão, prazo esse previsto para a eventual
interposição de embargos de declaração que visem ao esclarecimento ou a sua
integração. Na ausência de interposição dos aclaratórios, os quais, por sua própria
natureza, não são indispensáveis, terá a parte o prazo de 5 dias para a impetração do
writ, sob pena de tornar-se imutável a decisão, e, portanto, inadmissível o mandado de
segurança, nos termos do art. 5º, III, da Lei 12.016/2009 e da Súmula 268 do STF. Acaso
interpostos os embargos de declaração, esse prazo fica interrompido, considerando que
o mandamus é utilizado, na espécie, como sucedâneo recursal. RMS 43.439-MG, Rel.
Min. Nancy Andrighi, julgado em 24/9/2013.
Então a Ministra usa o prazo dos embargos de declaração como o prazo para o MS,
pois haverá o tem interesse de impetrar o MS a partir da intimação da conversão do agravo
de instrumento em retido, desta decisão não cabe qualquer recurso eficaz, porém o
cabimento em tese dos declaratórios implicaria a preclusão endoprocessual após os
declaratórios, ou seja, depois de 5 dias não cabe mais recurso de embargos e nem MS, pois
equivaleria trânsito em julgado, mas numa preclusão endoprocessual.
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Porém, o mesmo art. 14, § 4º diz que as verbas vencidas após a impetração do MS
com o reconhecimento do direito na sentença já se tornam devidas. Ou seja, além de poder
de comer bem em junho, o juiz já terá o direito transitado em julgado de pedir o auxílio-
alimentação de fevereiro, março, abril, maio, ou seja, mais 4 meses contados da impetração
do MS, esta verba já é devida.
É devida, mas não está no âmbito de mandamentalidade da sentença. A sentença
possui várias forças e vários tipos de tutelas juntas, a tutela mandamental impõe um
obrigação de fazer ao Estado no sentido de implementar a verba de imediato (art. 461, CPC),
porém a eficácia condenatória da sentença se refere aos valores de pagar a quantia em
dinheiro já devida, esta que se venceu após a impetração dos 4 meses. Ora, isto não tem
mandamentalidade, significa que o impetrante terá que executar como executo todas a
sentenças que condenam a Fazenda Pública a pagar quantia certa em dinheiro, na forma do
art. 730 do CPC, se fosse um valor superior a 60 salário mínimo termina com a expedição de
um precatório, se menor termina com um RPV mesmo.
A melhor doutrina sempre foi neste sentido, mas o art.14, § 4º parece deixar isso
claro e a jurisprudência toda neste sentido também.
Art. 14. Da sentença, denegando ou concedendo o mandado, cabe apelação.
§ 4o O pagamento de vencimentos e vantagens pecuniárias assegurados em sentença
concessiva de mandado de segurança a servidor público da administração direta ou
autárquica federal, estadual e municipal somente será efetuado relativamente às
prestações que se vencerem a contar da data do ajuizamento da inicial.
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