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1. Introdução
2. Para avaliar memória visual: The Visual Retention Test (Benton, 1974),
Non-Language Paired Associate Learning Test (Fowler, 1969), The Memory for
Designs Test (Graham e Kendall, 1960), Visual Retention Test (Warrington
e James, 1967).
Testes de memória 2S
de aptidão mnemônica que faz parte da bateria Cepa de Testes de Aptidões'
Específicas (Rainho, 1961). Estes testes são divididos em memória auditiva,
que consiste de lista de palavras, e memória visual com figuras de objetos e
animais. Entretanto, sua aplicabilidade é restrita a algumas situações e, além
disso, encontramos inadequações nestes testes: na parte verbal, as palavras
possuem diferentes níveis de concreticidade e não são homogêneas quanto ao
número de sílabas; na parte visual, as figuras são codificadas verbalmente, por-
tanto, não são exclusivamente visuais.
Interessados em verificar os efeitos de drogas sobre a memória, especifi-
camente os dos benzodiazepínicos, que comprovadamente produzem amnésia
anterógrada (Bixler et a!ii, 1979; Roth et alii, 1984; Lister, 1985), tentamos
buscar na literatura internacional os testes mais apropriados aos nossos obje-
tivos.
Quando a intenção é avaliar efeitos amnésticos de drogas, o ideal é uti-
lizar uma única bateria de testes que permita discriminar a memória de curta
da de longa duração e as falhas de aquisição das de evocação e consolidação.
Os testes mais específicos são demorados, o que leva à desmotivação e ao can-
saço por parte dos sujeitos.
Existe também a necessidade de seguir a curva de efeito versus tempo de
ação da droga. Em geral, deseja-se medir os efeitos no pico de ação e, em
tarefas muito demoradas, pode-se perder o efeito máximo quando as con~n
trações plasmáticas caem abaixo da concentração mínima eficaz.
Optamos então por uma bateria de testes derivada de vários instrumen-
tos clínicos que permitisse' avaliar simultaneamente as memórias de curta e de
longa duração. A bateria resultante foi baseada em modificações, tanto' de; con-
teúdo quanto de procedimentos, dos seguintes instrumentos: Test 01 Cognitive
Function (General Practice Research Unit Interview Schedule, appendix UI,
Goldberg et a1ii); Wechsler Memory Scale (Wechsler, 1945); Stanlord'-Binet
Intelligence Scale (Terman e Merril, 1973); Benton Visual Retention Test
(Benton, 1974).
A primeira dificuldade quando se usam instrumentos em uma língua que
não a original é que uma "tradução" requer a realização de uma pesquisa de
equivalência de significado em que se considerem aspectos fonéticos e, ainda,
a prevalência dos termos nas duas línguas.
Além disso, as adaptações dos testes não eram em número suficiente para
utilização em medidas repetidas no mesmo sujeito. Assim, decidimos pela adap-
tação dos testes originais, em vez de uma simples tradução, e pela elaboração
de novas frases, histórias e figuras.
A bateria resultante foi utilizada em alguns experimentos e, além de ser
de fácil utilização, se mostrou sensível para detectar efeitos amnésticos de dro-
gas (Gentil et alii, 1985; Gentil Filho, 1987; Gorenstein et alií, no prelo). En-
tretanto, verificamos que os diferentes componentes dessa bateria não eram
homogêneos, o que poderia ser devido à falta de controle na sua elaboração.
Em vista disso, reelaboramos toda a bateria, seguindo rigorosos critérios de
padronização, tanto de seus elementos quanto dos procedimentos de aplica-
ção e avaliação.
O presente estudo visa discutir a adequação dos procedimentos adotados
e os critérios utilizados na elaboração e avaliação de uma bateria de t'estes
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de memória auditiva e visual que permita avaliar simultaneamente as memó-
rias de curta e de longa duração.
2.1.1 Elaboração
2.1.2 Procedimento
A frase é lida uma vez e solicita-se que o sujeito a repita imediatamente após
a apresentação. Caso ocorram alterações, a frase é repetida até, no máximo,
três vezes.
A recuperação imediata das frases tem a finalidade de verificar a capa-
cidade de retenção na memória de curta duração. Não recuperamos as frases
após 20 minutos, uma vez que já há outras tarefas específicas para essa
avaliação.
2 .1.3 Avaliação
Testes de memória 27
2.2 Retenção auditiva: histórias
2.2.1 Elaboração
2.2.2 Procedimento
2.2.3 Avaliação
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2.3 Retenção visual: figuras
2.3.1 Elaboração
2.3.2 Procedimento
2.3 .3 Avaliação
3. Considerações gerais
Testes de memória 29
Em frases, a codificação é essencialmente semântica, pois sua repetição en-
volve a compreensão.
Considerando, então, que o fundamental para a aquisição é a manuten-
ção do sentido, é dispensável a emissão literal das 38 sílabas que compõem
a frase, o que implica a aceitação de sinônimos. Portanto, a aquisição de
frases com significado não pode ser avaliada da mesma forma que a de dígitos
~digit span, Wechsler, 1945), um teste que mede a capacidade da memória de
curta duração e no qual só seqüências corretas são aceitas.
A elaboração de uma frase deveria levar em conta não apenas o número
de sílabas que a compõem, mas também o número de palavras com signifi-
cado. Por outro lado, é importante salientar que o aumento excessivo do nú-
mero de sílabas dificulta a aquisição do conteúdo.
Estas observações estão de acordo com os pressupostos de Luria (1979),
para quem a memória baseia-se num complexo processo de recodificação do
material comunicado, vinculado à abstração dos detalhes secundários e à ge-
neralização dos aspectos principais da informação, sendo, então, uma retenção
não das palavras imediatamente percebidas, mas das idéias transmitidas pela
comunicação verbal.
A memória verbal é também chamada de associativa ou lógica, pois as
palavras nunca provocam noções isoladas, mas cadeias e matrizes inteiras de
elementos associativos ou logicamente conexos (Luria, 1979).
A organização de palavras em um sistema semântico amplia consideravel-
mente a capacidade de retenção (Luria, 1979). Sendo assim, as histórias e
frases foram elaboradas de maneira que as idéias fossem lógico-temporalmente
organizadas, o que requer um número bem menor de repetições para a apren-
dizagem e é muito menos suscetível à influência inibitória de fatores interfe-
rentes (Luria, 1979).
A recuperação das histórias imediatamente e após 20 minutos, livre, com
perguntas específicas, pistas e reconhecimento, teve o objetivo de avaliar a
aquisição, evocação e consolidação das informações.
De acordo com Sahgal (1980), a aquisição, a consolidação e a evocação
são independentes, e a maioria dos testes que se propõe a medi-las isolada-
mente na verdade não consegue discriminá-las.
A utilização de perguntas específicas e pistas fornecidas nas histórias fun-
ciona como um recurso auxiliar para o acesso a informações adquiridas que
não são evocadas livremente; já o reconhecimento é a única maneira de asse-
gurar se a informação foi ou não consolidada.
Nos casos em que o sujeito não tem recuperação imediata, não lembra
após 20 minutos livremente, ou mesmo com pistas, nem reconhece a história,
podemos supor que não houve aquisição da informação.
Quando a recuperação da informação depois de 20 minutos só ocorre
após perguntas específicas ou reconhecimento, independentemente de ter sido
ou não recuperada imediatamente, pode-se supor que houve falha de evoca-
ção e/ou aquisição da informação. O mesmo se aplica aos casos em que a
informação é lembrada na recuperação livre de 20 minutos, mas não na
imediata.
A dificuldade em se discriminar entre aquisição e evocação vem do fato
de que as informações mais relevantes possuem traço mais forte, enquanto
as irrelevantes são fracamente adquiridas e necessita-se de pistas para recuperá-
Ias .. Portanto, quando uma informação é recuperada após a apresentação de
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pistas não se pode assegurar se a falha foi no processo de busca (evocação)
ou no de aquisição.
Quando a informação só é lembrada imed!ataménte e mesmo as per-
guntas específicas ou o reconhecimento não contribuem para sua recuperação,
podemos supor que não houve consolidação da informação na memória de
longa duração.
Embora o modelo teórico estabeleça que a recuperação tardia da infor-
mação implica a consolidação, isto nem sempre ocorre, pois o tempo de perma-
nência na memória de curta duração pod~ ser maior do que teoricamente
se admite.
Essa afirmação pode ser ilustrada com um exemnlo recente, ocorrido em
nossos laboratórios. Um dos voluntários, que participou de um experimento
com doses intravenosas de flunitrazepam, foi capaz de reter durante mais
de 20 minutos uma história e uma figura e reproduzi-las corretamente e sem
pistas, durante a filmagem do experimento realizada para fins didáticos. To-
davia. duas horas mais tarde perdeu completamente as informações, nem sendo
capaz de reconhecer a figura ou a história (Gentil Filho, 1987).
Esse incidente sugere que houve aquisição e a informação permaneceu
nnr 11m teP1no muito lomm na memória de curta dura cão, até sua evocação.
Mas. provavelmente por falta de consolidacão na memória de longa duração,
a informação foi completamente perdida mais tarde. Aspectos motivacionais ou
ligados ao estado de sedação (state-dependent learninf!) podem ter contribuído
pilTil a man11tencão da informação por um tempo mais longo na memória de
curta duração, talvez com a utilização de recursos de repetição (Gentil Fi-
lho, 1 9 8 7 ) . 1 .
Concluindo, através de critérios de padronização. elaboramos uma bateria
de testes de m,emória auditiva e visual, de fácil aplicação e. possível de ser
usada em medidas repetidas no mesmo sujeito. Os procedimentos adotados
permitem relacionar os resultados obtidos com aspectos qualitativos das fun-
ções mnêmicas.
Testes de mem6ria 31
Itens Reconhecimento
6. Ele também dava aulas Apresentações/ Cursos
7. em uma escola de música Arte/Universidade
8. para os alunos adiantados Iniciantes/Regulares
9. No final do ano, ele Início/Meio
10. escolhia os dois Um/Três
11. melhores Piores/Mais interessados
12. alunos Músicos/Estagiários
13. que iriam receber bolsas de estudo Prêmios/Dinheiro
13. para os Estados Unidos Europa/México
Pistas globais:
1. Músico.
2. Aula de música.
3. Escolha de alunos.
Perguntas específicas: as perguntas específicas são feitas de acordo com
os itens omitidos. Por exemplo, na omissão de "Oswaldo", pergunta-se: "Qual
era o nome da pessoa?"; na omissão de "Teatro Municipal", pergunta-se: "A
que orquestra ele pertencia?"
Itens Reconhecimento
1. Durante um tremor de terra Incêndio/Tempestade
2 na África do Sul Irlanda/América do Sul
3. o jardim zoológico Circo/Escola
4. também foi danificado Destruído/Abalado
5. Os animais Alunos/Crianças
6. tiveram que ser remanejados, e Hospitalizados/Tratados
7. quatro Dez/Sete
8. animais Crianças/Leões
9. de grande porte Menor tamanho/Mais ferozes
10. ficaram juntos na mesma jaula Jaulas diferentes/Mesmo pavilhão
11. Isso provocou uma briga Várias mortes/Confusão
12. entre os gorilas, Leões/ Crianças
13. que se feriram Fugiram/Perderam
14. seriamente Mortalmente/Levemente
Pistas globais:
1. Catástrofe.
2. Animais.
3. Briga.
Perguntas específicas: as perguntas específicas são feitas de acordo com os
itens omitidos. Por exemplo, na omissão de "África do Sul", pergunta-se: "Em
que lugar isso ocorreu?"; na omissão de "Quatro", pergunta-se: "Quantos
animais?"
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Figura 1
rn
f
D
Exemplos de figuras e reconhecimento (a, d = figura apresentada;
b, c, e, f = reconhecimento)
Abstract
An auditory and visual memory battery, which allows the simultaneous eva-
luation of short and long-term memory, was developed based on clinicaI instru-
ments, for the assessment of amnestic effects of psychoactive agents. The aim
of the present study is to discuss the adequacy of the procedures and criteria
adopted on the development and evaluation of the test battery.
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DE OLHO Futuro:
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social