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FL-119Ol
Inscitas da Suim
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'
;QUISA DE SOJA
Insetos da Soja
no Brasil
Londrina, PR Brasil
CONTEÚDO
I. INTRODUÇÃO 4
mercialização do produto.
Esta publicação, baseada em trabalhos anteriores e es-
tudos coordenados pelo CNPSo, durante uma safra, abran-
gerá insetos que se alimentam da soja e seus inimigos natu-
rais, sua importância econômica e manejo das espécies-pra-
gas.
do que no sul, embora deslblliamcntos mais
severos pareçam ser mais consistentes em
II. INSETOS-PRAGAS DA SOJA áreas meridionais.
As lagartas de A. gemrnatalis são geral-
Inúmeros insetos alimentam-se da soia mente Lsverdeadas (Fig. 1), porém formas
e, conforme sua importância, foram classiti- escuras, quase pretas, ocorrem quando altas
cactos em pragas principais e secundárias. As populações estão presentes. Possuem listras
prags principais são aquelas que causam da- dorsais claras no sentido longitudinal e apre-
nos econômicos e foram consideradas sob sentam quatro pares de patas abdominais
dois aspectos, ou seja, de distribuição geral além de um par terminal. A lagarta é muito
que se encontram em toda área de cultivo de ativa e quando perturbada joga-se ao solo.
soja no Brasil, e regionais, que se limitalii a Atingindo cerca de 50 mm, procura o solo,
causar danos somente em determinados lo- onde transforma-se em pupa, emergindo apr
cais. ximadamente oito dias após. Os adultos são
As pragas secundárias são aquelas que, marrom-acinzentados, com uma linha oblí-
somente em condições especiais, causam da- qua no sentido transversal nas asas anteriores
nos econômicos e devem ser vistas como e posteriores. Podem ocorrer várias gerações
uma ameaça em potencial para a cultura. anuais.
Uma doença causada pelo fungo No-
1. Pragas Principais nuraea rileyi (Fartow) Samson geralmente
1.1. De distribuição geral causa alta mortalidade nas populações de A.
1.1.1. Anticarsia gemmatalis Hübner, gcmmatalis. Outros inimigos naturais incluem
1818- Lagarta da soja predadores, parasitas e outras doenças. Po-
pulações não controladas naturalmente pelo
Este é o principal inseto desfolhador fungo, podem ser eliminadas por vários in-
da soja no Brasil e é encontrado dos Estados seticidas em baixas dosagens e de excelente
Unidos à Argentina. Esta lagarta pode cau- controle -
sar sérios desfolhamentos à soja, do sul de
Goiás e Mato Grosso até o Rio Grande do
1.1.2. Percevejos
Sul. Dados preliminares indicam a ocorrên-
cia de altas populações mais cedo no norte Os insetos que causam mais prejuízos
1;
Fig. 1. - Lagarta de A. gcmmaralis Fig. 1-Sementes danificadas por percevejos
5
à soja no Brasil são os percevejos, sendo os
danos causados às sementes difíceis de serem
observados. Os percevejos, mais freqüentes
na cultura a partir da floração, podem causar
considerável redução no rendimento e na
qualidade da semente (Fig, 2),o retardamen-
to da maturação e retenção folhar (Fig. 3).
menor teor de óleo, ocorrendo aumento do dutoras do norte do pefs, e nsmo em certas
teor de ácidos graxos livres, o que deprecia a áreas dos estados sulinos, predomina em re-
qualidade do óleo.
1.1.2. 1.Nezara viridula (L., 1758). Percevejo
verde
Altas populações de N. i'iridula, um
dos percevejos mais importantes, ocorrem
principalmente em áreas do sul do Brasil. Os
adultos (Fig. 4), com cerca de 16 mm de
comprimento, são verdes mas adquirem co-
loração escura durante o inverno. Depositam
os ovos nas folhas e a eclosão ocorre cerca
de sete dias após a oviposição. Depois de ai-
guns dias as ninfas atingem o segundo instar e
passam a se alimentar das sernentes.
Os inimigos naturais mais importantes
de N. viridula são predadores, taquinídeos
parasitas e doenças fúngicas, Entretanto, os
inimigos naturais não têm a mesma eficiência Fig. 5-Adulto de P. guildinii
na redução de altas populações de perceve-
lação a N. riridula, que era considerado o 1.2.2, Elasuupalpus ligitosdllus (Zeiler,
principal percevejo-praga da soja. Os adul- 1848) - Broca do colo
tos são verde-claros (Fig. 5) e, à medida que A lagarta com cerca de 20 mm de compri-
envelhecem, tornam-se amarelados. Medem mento, é de coloração esverdeada e marrom,
cerca de lO mm, sendo as fêmeas um pouco alternando-se em cada segmento do corpo
maiores do que os machos. Os ovos são depo- (Fig. 7). Penetra nas plântulas mia região do
sitados preIerecialncnte nas vagens, decor- colo ou logo abaixo, cavando urna galeria
rendo, no vcrao, cerca de um mês da edo- ascendente no caule. Constroi um abrigo
são até a forma adulta. E um percevejo mui- com detritos e terra, onde permanece quan-
to ativo e, quando perturbado, tem o hábi- do não está se alimentando. Manifesta-se
to de esconder-se ou deixar-se cair da folha- com maior intensidade em solos arenosos e
gem. Os ovos dc P guildinii são parasitados durante períodos de seca. Também em algu-
pelos rn icrohimenópte ros I'elenomns mormi- mas regiões (por exemplo Cerrados), pode,
deue e Trissolcus suticarinatus. ('asos espo- em plantio de primeiro ano, causar perdas de
rádicos de parasitismo por taquinídeos em grande intensidade. Entretanto, devido à ca-
adultos e predação por pcntatomídeos em pacidade de compensação da soja, muitas vê-
ninfas tem sido observados, zes este inseto não precisa ser controlado.
Em áreas conhecidamerite infestadas por es-
1,2. De distribuição regional
tas lagartas, pode-se utilizar mais sementes
1.2.1. Epinoria aporema ( Wa1singhan,
por metro linear que o normal. Um melhor
1 914) - Broca das axilas preparo do solo, evitando períodos secos pa-
Esta broca vem causando sérios danos à ra semeadura, pode minimizar os danos.
soja (Fig. 6), principalmente no Paraná. A
3 '
'4
Ëum pequeno crisomelfdeo com 5 a 6mm
de comprimento, de cor verde, com três man-
chas amarelas em cada élitro (Fig. 9). A ca-
beça é de cor castanha e as pernas são verde-
claro. As larvas vivem no solo, alimentando-
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2,5. Curculionidae
Encontraram-se várias espécies de curculi-
nídeos (Fig. 13) habitando o ecosistema da
soja. Espécies do género Naupactus e outros
alimentam-se das folhas. Em geral, estes in-
setos ovipositam rios caules, onde as larvas
penetram e causam danos. A espécie Sterne-
chus subsignarus tem sido encontrada esporá-
dicamente, e observou-se este inseto atacan-
do soja no Rio Grande do Sul (Marau) e no
Paraná (Ponta Grossa, Londrina).
iLI
nimbata. Encontrou-se um taquinídeo do gê- 2.13. Cicadellidae - Cigarrinhas
nero Euphorocera parasitando lagartas de
Stenalcidia sp. As lagartas de geometrídeos, Existem numerosas espécies de cigarrinhas
têm siclo encontradas em maior número no associadas com a soja no Brasil. Tanto as for-
final do ciclo da soja. Algumas espécies tem mas jovens como as adultas, alimentam-se de
o hábito de permanecerem com a parte ante- soja inserindo os estiletes bucais nas folhas e
rior do corpo erguida, ficando fixas pelos dois ramos tenros. São insetos ágeis, que saltam
pares de patas, um abdominal e outro anal. da planta quando ocorre qualquer perturba-
No ano de 1976 observaram-se altas popula- ção.
ções de geometrídeos em Palotina (Pr.).
11
1.2. Entomophtlzora sp.
Os fungos deste gênero atacam A. gemma-
1. Doenças talis e Plusia sp., deixando os cadáveres enru-
gados e de coloração marrom (Fig. 18). Dis-
A maioria dos insetos da soja so suscetí - tribuem-se por meio de conídios através do
veis a certas doenças causadas por fungos, ar úmido e especialmente à noite. 1in tomo-
bactérias e vírus. Estes patógenos servem co- phthora ocorre no Brasil, em zonas tempe-
mo agentes de controle, destruindo natural- radas, mas parece ser de menor importância
mente as populações de insetos. que N. rileyi no controle de lagartas da soja.
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ser o mais impor tan te age o te de e ou trole na-
tural de Plusia sp. A vespa oviposita nos ovos
da praga resultando, por poliembrionia, mui-
tos indivíduos (cerca de 1170 parasitas por
lagarta). O parasita ao eclodir, mata a lagarta
ficando esta totalmente deformada com um
grande número de casulos no interior de seu
corpo (Fig. 21). Quando os adultos do para-
'o emeroem, procuram novos hospedeiros.
13
depositados sobre as ninfas ou adultos do
hospedeiro e, ao eclodirem, as larvas pene-
tram no corpo do percevejo, onde se desen-
volvem. Quando completam seu ciclomi-
:o,"
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Les pesia sp. (Tachinidae) parasita de Ur-
banus proteus.
3. Predadores
São espécies entomófagas que consomem
mais de um indivíduo da presa para comple-
tarem seu desenvolvimento. Entre os preda-
dores das pragas da soja encontrados com
maior freqüência, estão os carabídeos (Fig.
27), geocorídeos (Fig. 28), nabfdeos (Fig.
I,
1:
Fig. 26.- Ichneumonfdeo parasita de A. ,
gemmatalis
-
15
IV. LMPORTÃNCIA ECONÔMICA DE
ESPECIES - PRAGAS DA SOJA
Mencionaram-se anteriormente as princi-
pais pragas da soja, as quais incluem um mas-
tigador de folhas, A. geinrnatalis, e dois suga-
dores de vagens, N. i'iridula e P. guildinii. Es-
tes insetos podem causar danos econômicos
à soja em muitas áreas do Brasil, porém ou-
tras espécies podem causar prejuízos em cer-
tas áreas. Espécies que agora não se mani-
festam em níveis críticos, poderão tornarse
pragas importantes em anos futuros.
Fig, 29. - Percevejo predador Nabis sp. A recuperação da soja a certos tipos de da-
nos, principalmente da folhagem, sem perda
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sido aplicados cxecssivaiiieiitc e o sitcmadc
manejo dc insetos visa que unia aplicação ge-
re um returno no rendimento o mínimo su-
fjciente para cobrir o investimento necessário
Com o trataniento (JUÍIi1iCO. O sistema pro-
posto considera onível de dano econômico,
a presença de pragas e seus inimigos naturais,
o desenvolvimento da cultura e a grande ca-
pacïdade de recuperação da soja quando per-
de parte de sua área folhar.
Para que um inseticida se enquadre den-
tro da filosofia do manejo de insetos, deve
ser pouco tóxico, ter baixo poder residual e
efeito mínimo sobre OS insetos benéficos.
Para empregar o sistema de manejo com
sucesso deve-se conhecer:
a. As espécies de insetos ocorrentes na
cultura e seus inimigos naturais;
h. O nível dc infestação das pragas prin-
cipais, que causam danos econômicos
e a periodicidade de sua ocorrência;
e. O estádio de desenvolvimento da plan-
ta (vegetativo ou reprodutivo):
d. Os inseticidas e doses a serem utilizados.
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dos insetos. Primeiramente conta-se os perce- Preconiza-se que as avaliações das popula-
vejos e, posteriormente, as lagartas vivas e ções sejam feitas semanalmente. Os pontos
doentes. Em cada amostragem, obtem-se a de amostragem (Fig. 32) podem estar próxi-
população de dois metros de fila de soja. mos ao perímetro da lavoura, a 20-30 metros
Aconselha-se que duas pessoas participem da da bordadura do campo. O número de pon-
operação de amostragem, para maior eficiên- tos de amostragem varia de acordo com o
cia da mesma. tamanho do campo.
— – --
- - — —
e
e
pastagem
/mm,o
algodão
(e
— — — — — — -
35% 45%
Danos econômicos são aqueles que redu- le biológico, durante a época de maior infes-
zem significativamente a produção. Reco- tação das pragas.
menda-se o controle químico antes da flora- O sistema de amostragem é utilizado para
ção quando o desfolhamento for de aproxi- determinar quando aplicar os inseticidas.
madamente 30% e o número de lagartas (A. Assim, o número de tratamentos pode ser
gernmatalis e Plusia spp.), com 15 mm ou reduzido substancialmente sem causar risco
mais de comprimento, estiver em torno de ao rendimento ou à qualidade do grão de so- -
vinte exemplares por metro. Da época da ja. Os lucros poderão aumentar, levando-e
floração até o desenvolvimento das va - em consideração os seguintes aspectos:
gens preconiza-se o tratamento quando a a. A soja possui grande capacidade de recupe-
desfolha for de aproximadamente 15% e a ração ao desfolhamento, dependendo dos
população de lagartas, com 15 mm ou mais estádios do desenvolvimento.
de comprimento, estiver em torno de vinte b. Determinado número de insetos mastiga-
exemplares por metro. dores e sugadores não provocam redução
O controle dos percevejos é recomendado no rendimento.
quando houver uma população de dois exem- C. Freqüentemente os agentes de controle
plares, com 5 mm ou mais de comprimento, natural mantém populações de certas pra-
por metro. gas em níveis abaixo daqueles que ocasio-
O sistema de manejo foi executado em nam perdas econômicas.
duas safras de soja no Paraná (Londrina, A- d. Os inseticidas devem ser usados somente
pucarana, Assai e Palotina) e no Rio Grande quando necessários, isto é, quando as
do Sul (Cruz Alta). Os resultados obtidos pragas atingirem os níveis de danos eco-
comprovam uma redução de até 50% no nú- nômicos.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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20
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