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I SEMINÁRIO
NACIONAL DE SAÚDE:
DIREITOS SEXUAIS E
REPRODUTIVOS E
PESSOAS COM
DEFICIÊNCIA
Brasília – DF
2010
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Secretaria de Atenção à Saúde
Brasília – DF
2010
© 2010 Ministério da Saúde.
Todos os direitos reservados. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte e que não seja para
venda ou qualquer fim comercial. A responsabilidade pelos direitos autorais de textos e
imagens dessa obra é da área técnica. A coleção institucional do Ministério da Saúde pode ser acessada, na íntegra, na Biblioteca
Virtual em Saúde do Ministério da Saúde: http://www.saude.gov.br/bvs
Organização e revisão:
Maria Alice Correia Pedotti
Ficha Catalográfica
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Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas.
I seminário nacional de saúde : direitos sexuais e reprodutivos e pessoas com deficiência / Ministério da Saúde, Secretaria
de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – Brasília : Ministério da Saúde, 2010.
172 p. : il. – (Série D. Reuniões e Conferências)
ISBN 978-85-334-1751-9
O Fundo de População das Nações Unidas O Conselho Nacional de Saúde (CNS) sempre
tem, no mundo inteiro, compromissos com a pro- estará à disposição para o que chamo de “Controle
moção dos direitos das pessoas com deficiência, Social sobre as Políticas Públicas”. A Comissão Inter-
em especial dos direitos reprodutivos, como parte setorial de Saúde da Pessoa com Deficiência do Con-
fundamental dos direitos humanos. selho Nacional de Saúde estará à disposição para co-
Este momento é muito importante para a laborar em todos os momentos deste evento e em
construção e manutenção de um ambiente onde todos os momentos subseqüentes para que esta,
os sujeitos de direitos e os detentores de deveres que é uma iniciativa ousada, tenha continuidade.
estejam juntos em busca da efetivação dos direi- Uma iniciativa que nós, da área da deficiência,
tos fundamentais para todas as pessoas de acordo já estávamos esperando há um longo tempo, e que
com suas necessidades. merece, por parte do Conselho Nacional de Saúde,
Agradeço e parabenizo o Ministério da Saúde, todo o apoio e disposição em colaborar, para que
pela iniciativa, em busca da equidade, integralida- essas diretrizes sejam realmente traçadas e possa-
de e universalidade do direito humano à saúde. É mos em breve comemorar, quem sabe, a instituição
direito de todas as pessoas usufruir de tudo aquilo de uma política pública nesta área.
que a vida nos coloca como possibilidades. Sabemos que as pessoas com deficiência são
Então, para além deste encontro, da troca de consideradas seres assexuados. Nós da sociedade,
experiências, das definições de novos caminhos a e este Seminário, vão provar exatamente o contrá-
serem trilhados, o UNFPA também está apoiando rio, que nós como pessoas deficientes, temos os
o Ministério da Saúde na construção de um do- mesmos direitos que qualquer outro cidadão tem
cumento de diretrizes para promoção da saúde e, portanto, merecemos a atenção do poder cons-
sexual e reprodutiva das pessoas com deficiência, tituído, do poder público.
incluindo aquelas cuja deficiência é oriunda da
vivência com o HIV e Aids.
E é nesse espírito de felicidade e com a
certeza de que várias coisas passam a ser vistas,
pela sociedade como um todo, de uma forma
Eduardo Barbosa
diferente, em especial os direitos das pessoas
Dep. de DST/Aids e Hepatite Virais/SVS/MS
com deficiência é que o Fundo de População
das Nações Unidas se coloca à disposição para
essa construção, que deve ser um processo cres- É uma honra estar num evento como este e
cente e contínuo. cada vez mais verificando que o Brasil avança na
(Inicia a palestra falando algumas frases fora grande sintonia entre as falas, significando que,
do microfone, técnica que deve ser utilizada para na verdade, esse assunto não é novo. Começa a
que as pessoas com deficiência visual possam lo- ter maior adesão de pessoas, não apenas do movi-
calizar a direção da fala do palestrante). mento, ou aqueles que freqüentam os centros de
Congratulações ao Ministério da Saúde, em reabilitação, mas também agora com a participa-
especial à Secretaria de Atenção à Saúde e à Área ção dos gestores públicos, na busca de uma políti-
Técnica Saúde da Pessoa com Deficiência pela ca específica. Portanto, já caminhamos bastante e,
iniciativa, mais do que necessária. Uma iniciativa agora, qual é esse contexto das políticas públicas,
que já tem quase um ano de trabalho ininter- que vai nos levar mais adiante?
rupto, com a participação de muitas pessoas, O cenário da política pública relacionada à
muitos voluntários, pessoas de diversos setores pessoa com deficiência muda totalmente a partir
e que foram cada vez mais aprimorando um do- do marco da Convenção sobre os Direitos da Pes-
cumento que, na verdade, é a principal estrela soa com Deficiência, de 2006, da ONU, ratificada
deste encontro. pelo Brasil em 2008. Aí temos um grande momen-
Esse documento já tem uma robustez bas- to, um pulo, um salto, aquele salto com vara mais
tante importante e, sem dúvida nenhuma, a ele se alto, aquele que ganha a medalha de ouro nas
juntarão outras informações, outras perspectivas, olimpíadas e nas paraolimpíadas.
novas ações que devam ser tomadas, não só pelo Começo utilizando um recurso, a áudio des-
Sistema Único de Saúde, mas também por nós crição. Como o novo programa “Assim Vivemos”,
da área de Direitos Humanos, pela área da Assis- da TV Brasil, com os três recursos de acessibilida-
tência Social, pela área da Educação, por todas as de, a Libras, a legenda e ainda a áudio descrição
áreas que diretamente se envolvem com o desen- aberta, para que seja do conhecimento de toda
volvimento global da pessoa humana. população. Vou tentar uma áudio descrição, em-
E é sob essa perspectiva que falaremos, num bora saibamos que há cursos de formação para
desafio extremamente grande, porque há uma áudio descritores. Mas, como há algumas figuras
na tela, a questão agora é descrevê-las.
Está projetado na tela um encarte colocado
6. Fisiatra e docente mestre da Faculdade de Medicina da UFRJ;
integrante da carreira de especialista em políticas públicas e em 17 revistas brasileiras nos meses de janeiro
gestão governamental do Ministério do Planejamento; titular e fevereiro (2009), que é o início da campanha
da Coordenadoria Nacional de Integração da Pessoa Portadora
de Deficiência – CORDE/SEDH-PR desde 2002. Ativista do movi-
“Iguais na diferença”, pela inclusão das pessoas
mento político das pessoas com deficiência desde 1977. com deficiência. Essa figura mostra um conjunto
Referências
• PAULA, Ana Rita de; REGEN, Mina; LOPES, P. Sexualidade e deficiência: rompendo o silêncio.
São Paulo: Expressão e Arte, 2005.
A Convenção da ONU, sobre os Direitos das tos essenciais da saúde plena; - A expressão sexual
Pessoas com Deficiência, ratificada pelo governo é um processo dinâmico, que sofre alterações de
brasileiro em 2008, reitera a necessidade de que acordo com as necessidades físicas, as experiências
os Estados Partes tomem medidas para assegurar e o meio social, - a aceitação sexual é secundaria
o acesso de pessoas com deficiência a serviços de à auto aceitação sexual, - a sexualidade somente
saúde, inclusive na área de saúde sexual e repro- pode ser expressa, reprimida ou suprimida.
dutiva e de programas de saúde pública destina- Para a ONU (Brasil, 2007): “pessoas com de-
dos à população em geral. Constitui ação priori- ficiência são aquelas que têm impedimentos de
tária do Ministério da Saúde o fortalecimento da natureza física, intelectual ou sensorial, os quais,
Política dos Direitos Sexuais e Reprodutivos, que em interação com diversas barreiras, podem obs-
vem sendo implementada através de ações inter- truir sua participação plena e efetiva na sociedade
setoriais e interministeriais. A Política Nacional de com as demais pessoas”. Tipos de deficiência:
Saúde para Pessoas com Deficiência estabelece deficiência física, deficiência auditiva, deficiência
em suas diretrizes que ações voltadas para a saúde visual, deficiência intelectual, deficiência múltipla.
sexual e reprodutiva são elementos de atenção A pessoa com deficiência consegue ter uma inclu-
integral à saúde das pessoas com deficiência. são afetiva plena quando os programas de saúde
Para garantir a saúde sexual e reprodutiva de e educação onde ela está inserida a classificam
pessoas com deficiência é preciso incluir a Educa- segundo sua funcionalidade, levando em consi-
ção Sexual como matéria obrigatória nos Centros deração seus aspectos físicos individuais e únicos,
de Saúde e Educação abertos para este público. seu estilo de vida, seus hábitos e principalmente
Um bom programa de educação sexual deve seguir seus estilos de enfrentamento.
os seguintes princípios: - Toda pessoa tem direito A comunidade científica é unânime em
à expressão sexual plena e responsável; - O ajusta- afirmar que a sexualidade é um componente
mento sexual é facilitado pela maior comunicação fundamental de todo ser humano, sendo uma
sexual; - A inclusão afetivo sexual é um dos aspec- modalidade global do ser nos confrontos com os
outros e com o mundo, vinculando-se à intimida-
de, à afetividade, à ternura, a um modo de sentir e
12. Psicólogo; Psicoterapeuta, Especialista em Psicologia Hospitalar
da Reabilitação; em Sexualidade Humana; em Integração de pes- exprimir-se, vivendo o amor humano e as relações
soas com deficiência; em Reabilitação; Educador sexual; Docente emocionais e afetivo-sexuais.
do Curso de Pós-Graduação; Fundador do Centro de Estudos e
Pesquisa de Comportamento e Sexualidade; Psicólogo Clínico
O impulso sexual, o enamoramento e o amor
Junguiano. Responsável pela área de Acessibilidade/Ajudas Téc- podem ser vividos plenamente pela pessoa com
nicas e os Programas de sensibilização do Instituto Paradigma.
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Queria fazer um comentário. Lembro que há
muito tempo atrás, houve, em São Paulo, um
Congresso sobre mídia e deficiência, quan-
do esteve, no Brasil, uma paraplégica que tinha
Falas do Debate
posado para Play Boy. Aqui no Brasil ela foi tratada
como se fosse uma prostituta... Vocês lembram
disso? Jornais fizeram matéria com ela, e a capa era
assim, tipo uma prostituta americana, paraplégica.
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Queria fazer um comentário e deixar para E hoje é mais natural, quem tem baixa esta-
pensarmos a respeito. Todas as pessoas tura pode demandar muitas questões do ponto
falaram da questão da sexualidade, de de vista do ato sexual, da vida sexual e gravidez
achar que a pessoa com deficiência é assexuada. e tudo o mais. Assim é natural para todo mundo
E foi muito bem comentada a questão da infanti- ver uma mulher adulta, e que quer viver a sexu-
lização. A partir do momento que a pessoa com alidade, que tem erotismo e que tem tudo isso.
deficiência é considerada uma criança, tem-se a E tem os desafios. Cada deficiência tem as espe-
tendência de achar que a criança também não de- cificidades, por isso é importante fazer a divisão,
senvolve a sua sexualidade. É o maior problema, e porque há especificidades a serem trabalhadas
coloco a questão das pessoas que têm menor esta- com equipes multiprofissionais.
tura, que é um outro comprometimento, e que dá A gente se chama, muitas vezes, de cadeiran-
a impressão de que é uma criança. te. A linguagem é super importante, e assim, as fu-
E, além disso, há uma vulnerabilidade muito turas gerações têm que aprender um outro jeito,
maior, com nanismo. Temos que pensar muito através da educação.
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Vou fazer duas perguntas que surgiram pessoa de cor negra, de raça... Então, será que a
com as falas anteriores, que foram muito questão da deficiência não deve passar, também,
interessantes. Elas têm relação entre si. por essa mudança de perspectiva? onde nós
A primeira: como dar um passo para além do devamos, realmente, não dizer que somos seres
reconhecimento de que as pessoas com deficiên- à parte, mas que somos seres com certas neces-
cia são sujeitos de direito e, portanto, têm direito sidades? E isso não nos torna pior. Só nos torna
à expressão da sexualidade, para se tornarem pes- diferentes... aliás, como todo mundo.
soas que têm, potencialmente, a capacidade de Posso, se quiser, generalizar qualquer caracte-
despertar o desejo do outro? É super importante a rística humana. Mas o ideal seria termos flexibilida-
sexualidade ter sido reconhecida como direito hu- de. Uma hora, a característica que devo ressaltar, é
mano, mas é um direito que tem uma especificida- de ser mulher. E me sinto mulher quando estou em
de tal, que não se pode ser cobrado por ele... Não um grupo, num barzinho, falando das possibilida-
pode ser cobrado, não pode ser plantado, pelo des de encontro dos homens ali do lado. E me sinto
menos não exclusivamente por políticas públicas. deficiente, e é muito bom encontrar pessoas com
Então, que passo é esse que temos que dar, para deficiência, como, aliás, eu não fazia há tempo. São
tirar o direito do campo político, e trazê-lo para o as duas reflexões que proponho a vocês.
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este momento histórico do Brasil e do mundo, onde Eu queria dizer que, segundo os documen-
estamos fazendo uma grande transformação. E tos das Nações Unidas, em média nós leva-
não conseguiríamos ficar “quietinhos”, assim como mos 30 anos para promover mudanças que
todos que estão aqui, que são líderes. Estamos parti- saem do plano teórico, político, escrito no “preto e
cipando e nos destacando nessa transformação. no branco” para a vida real das pessoas.
O que precisamos é de educação inclusiva, E, conforme se estava falando e as perguntas
inclusão econômica, inclusão social, dar oportuni- são extremamente pertinentes, me lembrei do
dades para que as pessoas com deficiência apare- movimento negro, do “black is beautiful”. E, aí, o
çam com mais naturalidade em todos os lugares, que me ocorre? Não sou muito do natural. Pode vir
convivam. Tenho uma sobrinha de dois anos e ela naturalmente, mas acho que uma das funções, das
é amiguinha, ela adora um colega da creche que é tarefas, de grupos como o que está constituído por
deficiente. Então ela está crescendo, convivendo estas pessoas (e há pessoas vinculadas ao Governo
com uma pessoa com deficiência de uma maneira Federal e às outras esferas de governo), é mesmo
completamente natural. Mas desperta curiosida- pensar em políticas que comecem um movimento.
de, ela pergunta de detalhes da cadeira e de coisas A política desencadeia processos. Quando é
assim, vai despertando essa curiosidade em uma bem construída ela envolve pessoas representati-
menina de dois anos de idade! Então, acredito que vas que constroem documentos que, após, serão
isso vá acontecer de maneira natural. disponibilizados aos representantes da sociedade
Agora, a tua pergunta mesmo, “como é que se civil para inputs e novos elementos.
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viveremos problemas graves. Se falamos de seres Queria só acabar com o meu complexo de
humanos e de integralidade do ser humano, te- “mulher invisível”, porque estávamos falan-
mos que falar de integralidade de direitos. É por do sobre visibilidade e a minha deficiência é
isso que a Convenção das pessoas com deficiência bastante invisível. Sou ostomizada há 9 anos e que-
é tão completa. ria saber, além de ser deficiente e invisível por isso, o
Então, sai do papel, vai para os órgãos públi- ostomizado é mais invisível ainda. Porque ninguém
cos, intersetorialmente se começa a implementar vê, é mais difícil. Tenho feito reflexões com jovens
alguma coisa. Aí começam as ações, as estratégias, ostomizadas e que estão começando a vivenciar a
mas o desafio é a agilidade. Isso demora muito sexualidade; algumas estão se casando e a ostomia
para acontecer no Brasil, precisamos ser ágeis, é sempre uma questão, da imagem do corpo, das
porque não se pode falar de 10 anos... adaptações. Falo que a deficiência filtra os preten-
dentes, que a pessoa que realmente se interessar,
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Então, quando a proposta chega lá na pon- vai se interessar pela pessoa como um todo, e não
ta, como se converte em práticas cotidia- apenas por um corpinho bonito e perfeito...
nas? Precisamos criar documentos simples Pergunto se estou no caminho certo porque
e acessíveis: são livros, guias. Para que as pessoas trabalho com muitas jovens e não quero criar um
leiam é preciso que chegue às pessoas. romantismo exacerbado para elas. Mas quem
Queria falar sobre os movimentos sociais. encontra um companheiro que aceita a pessoa
Me preocupo. Colegas do Ministério e pessoas como ela é... Tudo de bom, não?
vinculadas ao Ministério fazem um trabalho ma-
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ravilhoso, realmente estão tentando. Mas nós, Windyz - Primeiro vou dizer que não
como representantes da sociedade civil, preci- acredito no “certo” e “errado”. Acho
samos sempre pensar nos movimentos sociais. que o “errado” é a violação e ponto. O
Os movimentos sociais, historicamente, vêm de que viola, está errado, mas o que você faz, basea-
fora do Brasil, são eles que de fato provocam as do na sua experiência, no conhecimento que você
grandes mudanças. está construindo, com certeza vai ser importante.
O que está acontecendo hoje, aqui, é reflexo de Respeito aos direitos humanos significa: respeito
anseios do movimento social das pessoas com defi- ao que as pessoas decidirem. Você pode até dizer:
ciência. Convenção é produto do movimento inter- olha, o caminho é isso, isso e isso. E 50% das jovens
nacional das pessoas com deficiência. Precisamos escolherem outro caminho. Então, essa decisão é
resgatar isso, para educação. Não tenho a menor individual, pessoal, e é isso que temos a aprender:
dúvida que o valor, a importância, o reconhecimen- as pessoas escolhem seus caminhos.
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A pessoa com deficiência hoje, se casal íntimo cresce junto a cada nova abertura.
sente pertencendo a este mundo. A cada nova abertura de alma, onde se constrói
A gente tem um espaço mundo... um tipo de vínculo emocional duradouro. Com a
Na história não havia esse espaço, parte com as intimidade, não existem barreiras, a comunicação
pessoas e nem parte com o mundo. Então, esta- flui com facilidade. A comunicação é o segredo de
mos evoluindo junto com a sociedade, e eu diria uma boa relação sexual.
que hoje ajudamos a sociedade a evoluir... Hoje a
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sociedade não vai evoluir se não incluir as pessoas Qual a sua opinião sobre o trabalho
com deficiência. Porque tudo que é bom para pes- dos intérpretes e a participação
soas com deficiência, melhora a qualidade de vida dos surdos? Como tem sido feita?
de todo mundo. Essa coordenação, essa troca de experiência, de
Direitos sexuais e reprodutivos da pessoa informação sobre direitos, como tem sido feita
com deficiência, são direitos de todo mundo, não com os surdos?
é verdade? Mas na medida em que a gente discu-
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te, a gente aprofunda, todas as outras pessoas vão Windyz - A primeira coisa a dizer é que
repensar. E todos que não são deficientes, aqui, tenho uma posição muito clara com
estão repensando a sexualidade... Não é verdade? relação a não colocar as deficiências
Estão repensando o desejo. Os direitos a gente im- em “pacotinhos”. Isso é um problema muito sério
põe, mas os desejos, eles nascem... A gente quer porque fragmenta o movimento das pessoas com
ser desejado... Todo mundo aqui quer ser deseja- deficiência. Estamos falando de direitos de qual-
do, é uma coisa sincrônica, todo mundo quer isso. quer pessoa. Então, a questão não é do surdo estar
É possível constatar que a epidemia pelo HIV/ da nas campanhas de prevenção e pouco pesqui-
AIDS no Brasil experimentou modificações profun- sada em relação às suas vulnerabilidades à infec-
das no seu escopo: de marcadamente regional e ção pelo HIV é a de pessoas com deficiência.
basicamente restrita a determinados segmentos Segundo a Organização das Nações Unidas
populacionais em seu início, passou a ser crescen- (ONU) há cerca de 500 milhões de pessoas com
temente nacional ao longo do período, trazendo deficiência no mundo e 80% vivem em países em
novos desafios às políticas públicas e à ação da desenvolvimento. A Organização Mundial de Saú-
sociedade civil (SZWARCWALD, 2000). de (OMS) estima que no Brasil existam 16 milhões
Uma população até então pouco aborda- de pessoas com deficiência, representando 10%
da população. Já os dados do Censo 2000 nos in-
formam que existem 24,6 milhões de pessoas com
14. Assessora Técnica da Unidade de Assistência e Tratamento do
Programa Nacional de DST e Aids, Psicóloga, Mestre em Medici- deficiência no país.
na pela Universidade Federal de Minas Gerais. Embora não existam dados sobre o núme-
ro de pessoas com deficiência que vivem com HIV,
15. Assessora Técnica da Unidade de Articulação com a Sociedade
Civil e Direitos Humanos do Programa Nacional de DST e Aids, acredita-se que elas possam ser mais vulneráveis
especialista em Direitos Humanos pela Universidade do Chile. à infecção devido à sua condição. É comum, por
Referências
• AMANKAY INSTITUTO DE ESTUDOS E PESQUISAS. Sinalizando a saúde para todos: HIV/AIDS e
pessoas com deficiência: relatório final. São Paulo, 2006.
• BRASIL. Ministério da Saúde. A pessoa com deficiência e o Sistema Único de Saúde. Brasília:
Editora do Ministério da Saúde, 2006.
• GIL, M.; MERESMAN, S. Sinalizando a saúde para todos: HIV/AIDS e pessoas com deficiência.
São Paulo: Rede Saci, 2006. Disponível em: <http://www.saci.org.br/index.php?modulo=akemi
¶metro=17796>.
• GLAT, Rosana. Saúde social, deficiência e juventude em risco: relatório de consultoria
técnica: educação sexual, sexualidade, juventude, deficiência, depoimentos, inclusão social. Rio
de Janeiro: Banco Mundial, 2004.
• GROCE, N. Disability and HIV/AIDS: at a glance. [S. l.]: World Bank, 2004. Disponível em:
<http://www.worldbank.org/hnp>.
• GROCE, N. et al. HIV/AIDS and disability: a pilot survey of HIV/AIDS knowledge among a deaf
population in Swaziland. International Journal of Rehabilitation Research, [S. l.], v. 29, n. 4, p.
319-324, dec. 2006.
• MAIA, A. C. B. Reflexões sobre a educação sexual da pessoa com deficiência. Revista Brasileira
de Educação Especial, [S. l.], v. 7, n. 1, p. 35-46, 2001.
• PAULA, Ana Rita de; REGEN, Mina; LOPES, Penha. Sexualidade e deficiência: rompendo o
silêncio. São Paulo: Expressão e Arte, 2005.
• SZWARCWALD, C. L. et al. A disseminação da epidemia da AIDS no Brasil, no período de 1987-
1996: uma análise espacial. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 16, 2000.
• YOUSAFZAI, A. et al. HIV/AIDS information and services: the situation experienced by
adolescents with disabilities in Rwanda and Uganda. London: Centre for International Child
Health/Institute of Child Health/University College London, 2005.
Marta Gil
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Quero reforçar que, para nós, pessoas com
1
Quero mencionar a importância da fala da deficiência intelectual, para entender as
Dora e a questão falada pela Marta, da im- palestras, é muito importante ter imagens
portância dessas duas áreas aprenderem e desenhos, porque muitas vezes a gente precisa
3
Chamo a atenção sobre o recorte da pessoa Então eu acho que as políticas públicas têm
com deficiência nessa questão de materiais. que pensar muito sobre a questão da qualifica-
O que é preciso fazer para que pessoas com ção desses profissionais. É preciso dar cursos,
deficiência intelectual tenham o entendimento dar subsídios, porque se eu não tivesse uma es-
que nós queremos alcançar? O material tem que trutura... Na verdade, eu nem sei como eu tenho
ter ilustrações. Por conta do entendimento. Por isso essa estrutura, tendo a situação de família que eu
parabenizo a iniciativa de São Vicente, ao fazer ma- tenho, eu deveria ter abandonado tudo. Mas tive
terial com a língua de sinais. Então, é isso que tem uma vida ativa, uma adolescência legal, uma ju-
que se observar. A pessoa com deficiência visual ventude maravilhosa, curti... E hoje estou noiva,
consegue ter esse entendimento seja por material tenho vida sexual ativa e maravilhosamente boa,
sonoro, ou braille ou tipos ampliados, se tiver baixa super resolvida.
visão. A pessoa com deficiência física tem o enten- Então, o profissional é fundamental. A família
dimento mais fácil, porque enxerga e ouve. é, mas o profissional é principal. Queria que pen-
Proponho que conste do documento deste sássemos nesse ponto quando for para construir
Seminário a necessidade de ter material, respei- políticas públicas.
tando a especificidade de cada deficiência.
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Posso fazer um paralelo entre a pessoa com
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Primeiro eu queria agradecer, porque esta deficiência e a pessoa com HIV. Nos dois
Mesa foi um presente para mim, eu fiquei casos é a mesma coisa: a pessoa com HIV, o
muito feliz e muito emocionada, é muito que ela precisa da família é carinho, compreensão,
gratificante estar aqui! afetuosidade. Precisa que essa família se informe
Queria compartilhar com vocês uma experi- junto com ela, porque a informação é fundamen-
ência que tive, voltando à questão da infantilida- tal para transformar as coisas. Precisa sair, passear,
de, a questão da sexualidade. Quando eu tinha fazer essas coisas boas, ter convivência, mas espe-
dezoito, dezenove anos, quando comecei o meu cialmente é o carinho, o apoio e a informação. Ten-
primeiro namoro, a família toda ficou assustada, do essas três coisas, já tem a massa para construir
foi aquele alvoroço, e aí fui levada a uma gineco- uma relação bastante produtiva, tanto no caso da
logista sem nem saber para onde eu estava indo. pessoa com HIV, como da pessoa com deficiência.
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Antes de finalizar, gostaria de agradecer mimeo. São Paulo: Pontifícia
pela condução desta mesa, pela oportuni- Universidade Católica de São
dade de ter uma Mesa tão rica. Tenho certe- Paulo, 2006.
za que vamos pensar muito sobre as questões.
Foram informações inéditas, num formato ino- • RICHARDSON, G. E. The metatheory
vador prá gente. Eu acho que está valendo muito a of resilience and resiliency. J. Clin.
pena este Seminário, a proposta que vocês fizeram, Psychol., [S. l.], v. 58, n. 3, p. 307-
e eu quero agradecer isso de público. Obrigada 321, 2002.
Thiago, obrigada Beto, obrigada Doralice!
É um prazer estar aqui para discutir um tema negros para expressar essa idéia de alteridade
tão desafiante quanto o do reconhecimento dos ao homem branco, padrão normativo do ideal
direitos sexuais e reprodutivos das pessoas com produtivo e autônomo do humano, deficiência é
deficiência. O tema da sexualidade e da reprodu- uma definição de um modo de vida que desafia a
ção é repleto de tabus e de restrições morais e, ideologia da normalidade.
quando nos aproximamos de questões como a Desde o reconhecimento constitucional da
deficiência, há uma cortina densa que impede a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com De-
simples enunciação da questão. Eu diria que este ficiência, o conceito de deficiência recusa o confi-
é um momento histórico no campo das nossas namento biomédico que durante um longo perío-
políticas de saúde no Brasil: este Seminário é uma do foi hegemônico. Certamente esse movimento
afirmação pública de que os direitos sexuais e re- de resistência à medicalização de diferentes for-
produtivos são direitos para todas as pessoas, ou mas de habitar os corpos é anterior à Convenção,
seja, pessoas com e sem deficiência. mas a instauração de uma nova ordem normativa
Deficiência é um conceito polissêmico e é também o marco de um novo momento para
plural. Não há consenso sobre seu uso, e, dife- as políticas públicas e os direitos fundamentais
rente do que imaginam os saberes biomédicos, das pessoas deficientes no Brasil. Uma pessoa
não são critérios objetivos e neutros para des- deficiente é aquela cujo corpo apresenta impedi-
crever os impedimentos corporais o que define mentos, segundo os saberes biomédicos, mas que
uma pessoa com deficiência. Compreendo a experimenta desvantagens por valores e práticas
deficiência como o resultado de uma interação que ignoram a diversidade corporal. Deficiência
injusta entre os corpos com impedimentos e é, portanto, o resultado da interação social, muito
os ambientes sociais, por isso prefiro o con- embora seja coloquialmente entendida como
ceito de deficiente ou pessoa deficiente para uma tragédia pessoal, algo indesejável, uma ex-
descrever os indivíduos que experimentam as pressão do corpo abjeto.
desvantagens impostas pela ideologia da nor- O principal desafio ético de enunciarmos os
malidade. Assim como falamos de mulheres ou direitos sexuais e reprodutivos para as pessoas
deficientes é exatamente o de provocar a ide-
25. Professora da Universidade de Brasília e pesquisadora da Anis: ologia da normalidade, que descreve o corpo
Instituto de Bioética Direitos Humanos e Gênero. Possui artigos
com impedimentos como abjeto, indesejável, e
e livros publicados e filmes. Desenvolve projetos de pesquisa
sobre bioética, ética em pesquisa, saúde mental, gênero e femi- pressupõe de antemão seu caráter assexuado. A
nismo, direitos sexuais e reprodutivos, estado laico e deficiência. reprodução não é apenas biológica, não significa
1
não heterossexual, mas também de ter acesso às É uma honra ter a Débora Diniz na mesa.
tecnologias reprodutivas para garantir que seus Quanto mais pessoas falarem sobre o tema,
futuros filhos seriam surdos como elas. Diferente- melhor para o tema. E o tema “pessoa com
mente do que a ideologia da normalidade poderia deficiência” traz sempre uma nebulosidade. Nun-
supor, os diagnósticos pré-implantatórios não se- ca está traduzido de uma forma muito clara den-
riam utilizados por elas para eliminar os embriões tro dos outros temas, e essa invisibilidade está no
surdos, mas para deliberadamente selecioná-los. caso de uma criança de nove anos que abortou e
A tese do casal era simples: surdez não era uma ninguém falou da irmã dela, de 14 anos, portadora
desvantagem natural, mas o resultado de uma so- de deficiência, e que estava sendo molestada des-
ciedade não bilíngue. Portanto, uma discrimina- de os nove anos de idade. Isso não foi traduzido
ção imposta socialmente. Ser surdo, para elas, era como um grave problema para a sociedade.
uma identidade, uma entre as inúmeras formas de Temos feito esse exercício de tornar visível o
habitar um corpo e estar no mundo. tema das pessoas com deficiência para dentro do
Em resumo, minha pergunta que encerra esta Ministério, no Departamento de Ações Programá-
apresentação é: quem é o sujeito de direito no cam- ticas Estratégicas, transversalizando-o por todas
2
Bom dia, sou do Movimento Nacional das deficiências têm direito a material de prevenção,
Cidadãs Positivas – mulheres vivendo com explicando, orientando, para que não adquiram
HIV/Aids, e também sou conselheira do CE- uma DST, ainda estamos muito longe de alcançar.
DIM, Conselho Estadual dos Direitos das Mulheres
3
do Rio de Janeiro. Bom, uma questão, na Bahia, por exemplo,
Meu objetivo é trazer algumas reflexões... Eu é a questão dos índios com deficiência. É
gostaria que vocês pensassem quais estados e uma realidade, hoje desconhecida, talvez
municípios têm procurado fazer alguma coisa para mais do que as mulheres, mais do que os negros
realmente incluir as pessoas com deficiências? com deficiência. E a pergunta é, como de fato con-
Nos nossos estados, em nossas ações, esta- seguir que essa identidade não se perca?
mos realmente incluindo as pessoas com defici- Como pensar em coisas concretas? Como
ência? Ou preferimos deixá-las em casa, levando passar da oportunidade de refletir para a ação? A
a elas uma cesta básica, mas não permitindo que atitude do MS é importante, mas ainda estamos
estejam nos espaços dizendo dos seus medos, longe de parar, de pensar, de refletir e de agir.
alegrias, suas vontades? Às vezes esquecemos Quais os caminhos para que possamos efetivar a
que temos limitações, mas que não estamos inca- ação e não mais só o diálogo.
pacitados. Este primeiro Seminário já é um grande
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passo para nos tirar da invisibilidade. Na verdade eu queria só dar uma dica a vo-
Há nove anos eu não era deficiente, me tor- cês. Com todo o respeito que tenho pelas
nei a partir de uma doença oportunista porque pessoas que estão aqui, que vocês falem
sou uma mulher que vive com HIV/Aids e, a partir um pouquinho devagar, porque algumas pessoas
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Temos dificuldade de falar sobre sexualida- da pessoa, do que o meio pode oferecer, como o
de e pessoas com deficiência. Penso mesmo meio tem que mudar, e também as pessoas em
que poderíamos separar direitos sexuais geral, as atitudes, as instituições. Para que as ca-
e direitos reprodutivos. Temos um debate muito racterísticas particulares sejam atendidas.
grande a fazer em relação a direitos reprodutivos, Então, o que é muito importante nesta políti-
principalmente as reivindicações das pessoas com ca, e acho que será a primeira no Brasil, é caracteri-
síndrome de Down, por exemplo. O outro tema são zar uma situação em que o grupo social das pesso-
os direitos sexuais, o acesso das pessoas com defici- as com deficiência está lutando pelo seu direito à
ência aos métodos de barreira, por exemplo. sexualidade, à reprodução.
O Estado brasileiro compra um bilhão e du- Na área de educação, quando as pessoas
zentos milhões de preservativos. Esse método falam: não posso receber essa criança com defici-
de barreira é eficiente para as pessoas com defi- ência física, que usa cadeira de rodas, porque na
ciência? E os outros métodos, incluem as pessoas minha escola não tem rampa. Pergunto: mas, se
com deficiência? você não receber essa criança, alguma vez, na es-
São perguntas para pensarmos em termos cola, vai ter rampa? Não, não vai ter.
de direitos sexuais. Como pensarmos a questão Então todas essas características, particulari-
de direitos sexuais para lésbicas com deficiên- dades, vão surgir no processo. O primeiro passo é
cia, direito de gays com deficiência, travestis garantir o direito, é quebrar a invisibilidade. A luta
com deficiência? por grupos isolados poderá inviabilizar o direito
Hoje, no SUS, é possível o procedimento do grupo social dentro do qual eles têm que ter
trans-sexualizador para mudança de sexo. De uma identidade comum. É muito importante em
onde vem isso? Veio a partir de acidentes em geni- termos de políticas públicas essa concepção de
tais e a reconstrução desses genitais. Vieram a par- grupo social, e não de deficiência auditiva, defici-
tir de deficiências, e se alcançou um direito para o ência física, deficiência isso, deficiência aquilo.
processo trans-sexualizador.
7
Débora Diniz - Foram muitas observações,
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Adorei sua fala, foi realmente muito ilumi- mas me parece que há uma pergunta geral,
nadora. Você falou de política de afinidade, sobre a qual farei algum comentário, que é:
a pessoa com deficiência sendo constituin- discutir o tema e o que podemos fazer. Tentarei ser
te de um grupo social. Acho isso muito impor- mais sintética usando três sugestões apenas.
tante porque, quando falamos em deficiência e A primeira: precisamos falar de política de
adotamos o modelo médico, estamos pensando afinidade, ou vamos segmentar um movimento
em problemas, em (como um autor inglês disse: que já é fragilizado. Então a instituição de um
tragédia pessoal), em especialização, em cura, em sujeito de direito, a partir de uma experiência de
Cumplicidade e Sexualidade
Márcia Almeida Pellegrini29
Meu marido é tetraplégico há 18 anos. Foi ficiência. Quando recebi a notícia perturbadora eu
assaltado e num momento de reação instintiva le- estava próxima ao meu casamento. As traidoras
vou dois tiros. Um deles, o atingiu na coluna verte- boas lembranças eram inevitáveis e minhas preo-
bral causando-lhe danos em C3 e C4 que lhe tirou cupações também.
movimentos voluntários do pescoço para baixo. Eu sabia que a personalidade de alguém, em
Nós nos conhecemos no início dos anos 80. momentos de “crise” se altera, mas a essência sem-
Eu entrando na faculdade e ele cursando ensi- pre permanece. Por isso, tinha certeza que Marco
no médio técnico. Tínhamos um pacto: curtir a lutaria para seu bem-estar a todo custo. Por sorte,
vida de modo saudável e com sucesso. Nada de ele tem uma família bastante sensível e colabora-
drogas. Vivências culturais, preferencialmente dora. Das vezes que conversei com minha sogra
gratuitas. Vivíamos de “mãe e pai trocínio”, mas sobre deficiência: a complexidade e/ou dificulda-
na rebeldia ilusória da adolescência, éramos nós des (nem tudo é romance!), o mais importante foi
contra o mundo. ouvir: ”Seja esposa e não cuidadora”.
Rapidamente. Meu primeiro amor... meu Entendi a mensagem. Exercitar o encontro, a
instrutor em direção defensiva e no sexo. Meu me- troca, a sexualidade de forma plena, poderia ser
lhor amigo. Mas, em algum momento, sem expli- a chance de termos satisfação na convivência e
cações coerentes para o momento, nossas vidas sucesso na relação. Boa aluna, aprendi com ela
tomaram outros rumos. os cuidados básicos para alguém tetraplégico, e,
Novas experiências... Casamento, filhos, a de- com ele, novas formas de amar.
Aposto que Marco deve ter ouvido de algum
anjo em belo sotaque nordestino: SEJ HOMI...
29. Psicóloga com especialização em Psicopedagogia e Tecnologia
Assistiva. Há 9 anos trabalha em Reabilitação. Contato: marcia- CABRA!!! Logo, ficou claro, entre uma aula de infor-
pfa@uol.com.br mática e outra, o quanto ele poderia ser resolutivo,
Primeiro vou falar sobre o estigma. Toda pes- essa é nossa missão no Carpe Diem, todo o traba-
soa com deficiência tem um estigma, principal- lho é permeado pela autodeterminação.
mente a pessoa com deficiência intelectual, pela Os jovens têm possibilidade de freqüentar os
falta de inteligência. E automaticamente, por esse grupos e refletir sobre medos, solidão; muitas vezes
estigma, é desacreditada pela sociedade. os irmãos estão saindo de casa para casar, ou estão
E de repente a gente está fazendo o destino morando fora; a própria sexualidade, o trabalho, a
dela, já pré-determinado. Acho que é importan- morte, entre outros temas. Procuramos trabalhar
tíssimo ficarmos alerta, digo como mãe de uma com eles as informações pertinentes à fase, ao de-
moça com 30 anos com síndrome de Down. senvolvimento do grupo em que está inserido, o
Diferentes apoios: A associação Carpe que eles estão querendo. Pois os participantes são
Diem31, tem como missão fortalecer a autodeter- adolescentes adultos vivendo suas descobertas e
minação da pessoa com deficiência intelectual desejos, namoro, perspectiva de futuro, temas liga-
para que ela possa enfrentar a sociedade no com- dos à sexualidade e que fazem parte do contexto
promisso com a adversidade. Para que essas pes- da vida de qualquer um; e nós ajudamos a esclare-
soas sejam cada vez mais auto-determinadas, que cer e a entender melhor essas transformações.
consigam todo apoio necessário para gerenciar O momento que ele está vivendo, os senti-
a própria vida, e aprender a fazer escolhas. Então mentos, desejos, inquietações, as transformações
que estão acontecendo no corpo, informações
30. Pedagoga, fundadora e atual presidente da Associação Carpe truncadas que vêm dos meios de comunicação
Diem, fundadora da Federação Brasileira das Associação de Sín-
drome de Down, diretora da Agropecuária Moreira Salles.
e da família também. Os questionamentos que
31. www.carpediem.org.br fazem, eles chegam às vezes muito angustiados
Eu queria agradecer a todos, a toda equipe da vida em família como cuidador, como pai e todas
Saúde por ter nos convidado a estar aqui e tentar as coisas que vivemos no nosso dia a dia. Para po-
passar alguma coisa a vocês a respeito de minha der falar alguma coisa sobre isso eu preciso contar
uma pequena história.
Como nossa colega Glória, sou da época de
32. O projeto Pipa, realizado pela ONG APTA (www.apta.org.br),
através das Psicólogas Fernanda Sodelli e Lilian Galvão, contou 1940, um pouquinho mais antigo. Fui criado tam-
com apoio da UNESCO (2005). bém daquela maneira, sem nunca ter um diálogo
com meus pais sobre sexualidade, nunca tive ne-
33. Fundador do CVI - Centro de Vida Independente, de Maringá,
Presidente da AMDD - Associação Maringaense de Desporto nhum contato com eles nesse sentido. Há 46 sou
para Deficientes, Diretor-Presidente da Bocha Brasil – Único casado com a Rosaly e tivemos três filhos. Traba-
fabricante de Bolas de Bocha Adaptada no Brasil. Contato
deciobaroni@hotmail.com; dbaroni@wnet.com.br; amddma-
lhei muito para que esses filhos tivessem uma boa
ringa@yahoo.com.br formação educacional.
Vivência e Cumplicidade
Rosaly Carvalho Baroni34
O que gostaria de enfatizar com relação à pessoa com tetraplegia, são as dificuldades que a
minha experiência como mãe e cuidadora de uma falta de informação ocasiona no processo de rea-
bilitação, tanto para a pessoa que sofreu o trauma
quanto para seus familiares.
34. Fundadora do Centro de Vida Independente de Maringá, uma
militante dos direitos da Pessoa com Deficiência há muitos Quando me deparei com esta situação, há 17
anos. Contato: rosalybaroni@hotmail.com anos, eu não tinha conhecimento nenhum sobre
Referências
• CASTRO, Mary Garcia; ABRAMOVAY, Miriam; SILVA, Lorena Bernadete da. Juventudes
e sexualidade. Brasília: UNESCO, 2004. Disponível em: <http://unesdoc.unesco.org/
images/0013/001339/133977por.pdf >
A Área Técnica da Saúde da Criança e Alei- do Brasil é reduzir as altas taxas de mortalidade
tamento Materno é a unidade responsável pela infantil e na infância, peculiar, nas regiões mais
formulação das diretrizes, planos, programas e pobres, principalmente no norte e no nordeste.
ações para a faixa-etária de 0 a 9 anos, visando o Em 2007 as afecções perinatais representavam
fortalecimento da Política Nacional de Atenção a primeira causa de óbito em criança menores
Integral à Saúde da Criança (PAISC), cujas ações de 1 ano (58,9%). Essa questão continua sendo
são pactuadas com as demais esferas de gestão uma enorme preocupação para a gestão das po-
do Sistema Único de Saúde (SUS) e suas instân- líticas públicas de saúde. As iniciativas de apoio
cias deliberativas. e reestruturação da Rede Nacional de Atenção à
A partir de 2007 foram eleitas como priorida- Saúde do Recém Nascido são algumas das estra-
de quatro linhas de cuidados, articuladas com os tégias para a redução da mortalidade infantil e
compromissos assumidos pelo Brasil no âmbito de prevenção de doenças, com destaque para a
internacional e nacional, dentre eles destacando- Rede Norte Nordeste, a Atenção Humanizada ao
se os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio Recém Nascido de baixo peso (Método Canguru)
(ODM/2000), o Pacto pela Redução da Mortalida- e a Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano. A
de Materna e Neonatal (2004) e o Compromisso triagem neonatal (teste do pezinho) é um exame
para Acelerar a Redução das Desigualdades Re- de prevenção realizado entre o 2º e 7º dia de vida.
gionais (2009). O desafio maior foi articular essas O objetivo é detectar doenças que podem causar
ações de saúde da criança com a temática relativa alterações no desenvolvimento mental e físico da
aos direitos sexuais e reprodutivos e a atenção in- criança que, quando identificadas precocemente,
tegral à saúde da pessoa com deficiência. podem ser tratadas.
A primeira linha de cuidado é a atenção à A segunda linha de cuidado é a promoção,
saúde do recém nascido. Um dos maiores desafios proteção e apoio ao aleitamento materno, porque
é inquestionável a importância do aleitamento
materno para a criança, para a mãe, para a saúde e
36. Mestranda do Curso de Desenvolvimento e Políticas Públi- para toda a sociedade. Os ganhos são expressivos,
cas- ENSP/Fiocruz e IPEA. Especialista em Saúde Coletiva, Pós-
tanto para a criança, quanto para a mãe. A criança
graduada em Administração Pública, Licenciada em Pedagogia
– habilitação em Magistério e Orientação Educacional. Licen- que mama exclusivamente no peito nos primeiros
ciada em Arte-Educação, Faculdade de Artes/FA-FBT. Servidora seis meses e mantendo o aleitamento materno
do Ministério da Saúde, atuando na Área Técnica de Saúde da
Criança e Aleitamento Materno, do Departamento de Ações Pro-
por dois anos, ou mais, tem melhor qualidade de
gramáticas Estratégicas, da Secretaria de Atenção á Saúde. vida, menor risco de adoecer e morrer e maior
A Área Técnica de Saúde do Adolescente e do no que se refere aos e às adolescentes, uma vez
Jovem preconiza a atenção integral à saúde na fai- que as manifestações relacionadas à sexualidade
xa etária de 10 a 24 anos de idade dentro de uma e à reprodução vão além do aspecto biológico,
política nacional integrada às áreas de interface pois se constituem também como um fenômeno
do Ministério da Saúde e com as diversas políticas psicológico e social, influenciado por crenças e
governamentais. valores pessoais e familiares, normas morais e
Esta política prioriza três eixos: o crescimento tabus da sociedade.
e o desenvolvimento, a saúde sexual e a saúde Com a implantação da Caderneta de Saúde
reprodutiva e o terceiro se refere à prevenção e à de Adolescentes, nos serviços de saúde, temos
atenção integral à morbimortalidade por causas sentido as dificuldades e a necessidade de muita
externas. As ações de saúde devem ser desenvol- reflexão e cuidado na abordagem das questões
vidas em estratégias interfederativas e interse- da sexualidade, da saúde reprodutiva, dos direitos
toriais que contribuam para o desenvolvimento sexuais e dos direitos reprodutivos de adoles-
saudável de adolescentes e de jovens, influindo centes, no que se refere às culturas locais, com as
na qualidade de vida dessa população. Como famílias e com os próprios profissionais de saúde.
nosso país tem dimensões continentais e forma- Acresce a esse contexto que a sexualidade, na
ção histórica e social multicultural, é preciso que adolescência, abre a possibilidade reprodutiva,
as estratégias levem em conta a diversidade dos traz o desejo sexual e a figura do parceiro (a) que,
contextos de vida de adolescentes e jovens para na infância, não existia, acarretando toda uma
compreender as diferentes manifestações das modificação para a família, para os próprios (as)
adolescências e das juventudes brasileiras. adolescentes, e também para a sociedade.
O eixo da saúde sexual e da saúde reprodu- Nesse contexto ressalta-se a gravidez na
tiva, embora seja fundamental na saúde de ado- adolescência como uma situação que vem sendo
lescentes e de jovens, torna-se polêmico e muito muito discutida e direcionada por situações gera-
questionado quando trabalhamos com essas cionais, econômicas, sociais e históricas. Então, os
questões nos serviços de saúde, principalmente direitos sexuais e os direitos reprodutivos, nota-
damente da população adolescente, nem sempre
37 Psicóloga, Mestre em Saúde Coletiva, com especialização em são reconhecidos.
Violência Doméstica contra Crianças e Adolescentes, Educação Quanto aos marcos legais para garantir a
Sexual e Psicologia Social. Atua na Área Técnica de Saúde do
Adolescente e Jovem do Ministério da Saúde. ana.sudaria@
cidadania de adolescentes, destaco o Estatuto da
saude.gov.br. Criança e do Adolescente (ECA) e a Conferência
Vou ser bem objetiva e chegar exatamente ao a mulher e a Lei Maria da Penha, uma referência
ponto, que é saber onde estão as mulheres com muito significativa porque traz todas as diversi-
deficiências dentro da política de atenção integral dades em relação às violências que são cometidas
à saúde da mulher. contra as mulheres e também uma nova forma de
Temos inicialmente que considerar os marcos analisar as configurações familiares a partir da jus-
políticos internacionais onde estão localizados os tiça. E recentemente os pactos, o Pacto pela Saúde
pilares da política de saúde da mulher, que são: a e Pela Vida, e as Conferências Nacionais sobre as
Declaração Universal de Direitos Humanos, a De- políticas para as mulheres. Tivemos duas, a última
claração sobre a Eliminação de Todas as Formas de ocorrida no ano passado (2008).
Discriminação Contra as Mulheres, a Conferência Existe uma história de evolução das políticas
do Cairo e as avaliações que foram feitas, Cairo de saúde para as mulheres, que é parte da política
mais 5, mais 10 e, neste ano (2009), completando materno-infantil, desde a década de 30 até mea-
Cairo mais 15. A Conferência Mundial sobre a Mu- dos da década de 70, e com um grande marco em
lher e as Metas de Desenvolvimento do Milênio, 1984 com a criação do PAISM - Programa de Aten-
em especial em relação à questão da redução da ção Integral à Saúde da Mulher.
mortalidade materna. Houve ainda a participação dos movimentos
Os marcos políticos nacionais são, especifi- sociais, do movimento feminista; em 1988 tivemos
camente, a Constituição Federal, as Conferências a promulgação da Constituição Federal e a criação
Nacionais de Saúde, as leis que regem o SUS, a lei do SUS; e, em 2004, temos a primeira Conferência
de planejamento familiar, as do acompanhante, de Mulheres com o Plano Nacional de Políticas para
de notificação compulsória da violência contra as Mulheres, quando houve representação das
mulheres com deficiência nas Conferências dos Es-
38. Graduada em Direito pela Universidade Católica de Goiás e em tados e Municípios, e na Conferência Nacional.
Ciências Sociais pela Universidade Federal de Goiás, especialis- Então, desde o primeiro Plano Nacional, essa
ta em Políticas Publicas, assessora técnica em direitos sexuais e
diversidade está contemplada, também é o ano
direitos reprodutivos da Área Técnica de Saúde da Mulher
Esta apresentação enfocará a pessoa idosa inse- com o maior número de idosos no mundo, portan-
rida no cenário das discussões sobre a temática dos to, este é um fenômeno que deve ser analisado.
direitos sexuais e reprodutivos. Vou começar esta Quando tratamos das questões inerentes ao
explanação mostrando alguns dados demográficos envelhecimento, com enfoque na saúde, é preci-
e epidemiológicos, para se entender um pouco da so considerar que existe uma heterogeneidade
dimensão do fenômeno do envelhecimento. muito grande desta população. As pessoas não
Segundo dados da Pesquisa Nacional por envelhecem da mesma maneira, pois há questões
Amostragem por Domicílio/IBGE de 2008, estima- culturais, sociais, econômicas, que vão influenciar
se que existam aproximadamente 19 milhões de nesse processo. O olhar deve ser único, buscando a
pessoas idosas no Brasil e dentre essas, 9 milhões integralidade do individuo, quer dizer, consideran-
são idosos e 10 milhões idosas. É importante do as condições físicas e orgânicas, mas também as
salientar que 70% desses idosos vivem de forma condições de trabalho e renda; o saber, a cultura e
independente e, aproximadamente 20% apresen- os desejos que essas pessoas têm, as expectativas e
tam alguma incapacidade para realizar alguma o apoio familiar, que é extremamente importante.
atividade de vida diária. Há de ser considerado também que temos
As projeções que temos apontam que, em muitas interfaces entre as pessoas idosas e as
2.020, haverá aproximadamente 32 milhões de pessoas com deficiência. É preciso um olhar que
pessoas idosas no país, mais ou menos 15% da abranja o todo. Esta visão ampliada do indivíduo
população total. E nós seremos a sexta população seja ele idoso independente ou com algum grau
de dependência terá grande influência sobre as
ações que vão derivar desse olhar.
39. Fisioterapeuta, com Especialização em Fisioterapia Cardíaca e
Respiratória; Mestrado em Gerontologia. Formação em Ciên-
Diante da perspectiva da integralidade é
cias Biológicas. Consultora do Ministério da Saúde, desde 2007. que devemos discutir a sexualidade da pessoa
No Brasil os acidentes e as violências repre- população brasileira que tem exigido a ampliação
sentam um problema de saúde pública com forte da demanda por assistência nas unidades do Sis-
impacto sobre a mortalidade e a morbidade da tema Único de Saúde (SUS).
O Ministério da Saúde, a partir do reconheci-
40. Enfermeira Obstétrica com Habilitação Médico – Cirúrgica. mento da violência como questão de Saúde Públi-
Especialização em Gestão de Sistemas e Serviços de Saúde; ca e, ao mesmo tempo, de sua inter-relação com
atua na Coordenação Geral de Doenças e Agravos Não Trans-
fenômenos sociais relativos às desigualdades,
missíveis – Área Técnica de Vigilância e Prevenção de Violências
e Acidentes, no Ministério da Saúde. ao desemprego, à pobreza, ao desrespeito aos
Somos a mais jovem equipe do Ministério da citada aqui, quando se define saúde sexual ela é
Saúde que é a Saúde do Homem! E estamos cons- considerada como parte da saúde reprodutiva. O
truindo uma Política Nacional de Atenção Integral que implica em se afirmar que a sexualidade está a
à Saúde do Homem. Esta Política foi inicialmente serviço da reprodução.
trabalhada de forma muito participativa, inclusive O indivíduo é sexual durante toda a sua exis-
com consulta pública, e está sendo analisada pelo tência e, dentro dela, uma parcela da vida está
Conselho Nacional de Saúde para aprovação. destinada à reprodução. Não estamos querendo
Esperamos que nos próximos meses o Conse- diminuir a importância da saúde reprodutiva, espe-
lho Nacional de Saúde aprove a política. No entan- cialmente no planejamento familiar. Muito ao con-
to a área técnica já está trabalhando com outras trário, planejamento familiar não é só um problema
áreas, com gestores, universidade, ONGs, Socie- de saúde pública, mas uma questão que abrange
dades Científicas, o Plano de ação 2009 e 2011, e inúmeros aspectos essenciais à vida humana.
esperamos contar muito com a contribuição de Queremos, contudo, ressaltar a importância
todos. No mês de maio, apresentaremos o plano da saúde sexual, independentemente de ques-
de ação ao Conselho Nacional de Secretários Esta- tões relativas à reprodução, às doenças sexual-
duais de Saúde/CONASS e ao Conselho Nacional mente transmissíveis, à Aids, ao estupro e todas as
de Secretários Municipais de Saúde/CONASEMS, outras modalidades de sexo sob coação.
para finalmente ser colocado em prática a partir Independentemente até mesmo do direito
do segundo semestre. de expressar livremente a sexualidade sem dis-
Fala-se muito em direitos sexuais e reprodu- criminações, independente de estado civil, idade
tivos, mas o enfoque é basicamente nos direitos ou condição física. Saúde sexual implica em vida
reprodutivos, com os destaques nos métodos sexual satisfatória, sem medo, sem vergonha, ou
anticoncepcionais. Na Conferência do Cairo, já sentimento de culpa. Direito a educação sexual,
que elimina as falsas crenças e que orienta a se-
41. Médico e professor. Pós-graduação em: Saúde Pública; Desen- xualidade para a melhor qualidade de vida e das
volvimento Econômico e Planejamento; Metodologia de Ensi- relações interpessoais.
no para Professores Universitários da Área de Saúde e Geron-
O conceito de saúde sexual é complexo e de
tologia Social. Foi Presidente do INPS, FUNASA e Secretário Na-
cional de Vigilância Sanitária. Consultor da OIT, FAO, OPAS/OMS, desenvolvimento recente, existem questões se-
Organização Ibero-Americana de Seguridade Social (OISS) e, xuais que estão intimamente ou intrinsecamente
GVG/Banco Mundial. Representante no Brasil da Organização
Ibero-americana de Seguridade Social (OISS); Coordenador da
ligadas às reprodutivas. Outras estão relacionadas
Área Técnica da Saúde do Homem, Ministério da Saúde. ou co-relacionadas com orientação sexual, a vio-
Gostaria de complementar a mesa com a saúde sexual e reprodutiva e pessoas com de-
presença da Dra. Arlete Pinel. Ela é Médica Psi- ficiência, como resposta à Convenção sobre os
quiatra, especialista em Sexualidade Humana, Direitos das Pessoas com Deficiência/ONU. No
também é pioneira na área da sexualidade e fim do ano passado, voltou ao seu país, o Pana-
pessoas com deficiência, no Brasil. Foi chefe de má, para fundar uma organização de inovação
Saúde Reprodutiva do Fundo de População das em saúde internacional. Sua contribuição será
Nações Unidas, onde impulsionou o tema de valiosa para nós.
Na adolescência, como conseqüência dos físicas e psicossociais destinadas a dar à vida sexu-
estímulos hormonais e de fatores psicossociais, al infantil sua forma adulta (GOMES, 1996).
ocorre o desabrochar da sexualidade genital. Isto Como alguns autores observam, ocorreram
se dá igualmente nos adolescentes com e sem mudanças no comportamento sexual ocidental
deficiência, exceto quando existe algum distúrbio nos últimos anos, incluindo novas representações e
endocrinológico que altere a produção dos hor- práticas sobre sexualidade (HEILBORN; BRANDÃO,
mônios sexuais. 1999; LOYOLA, 1999). Mas, estas modificações não
Muitos adolescentes com deficiência, princi- atingiram igualmente todas as camadas da popula-
palmente a deficiência intelectual, por falta de in- ção. Nas pessoas com deficiência, de um modo ge-
formação, têm dificuldade de discernir entre afeti- ral, o desabrochar da sexualidade genital desperta
vidade, sensualidade e genitalidade, que podem atitudes repressoras e discriminatórias por parte de
interferir na manifestação de sua sexualidade. familiares e da sociedade como um todo, em nada
Isto, associado à falta de orientação sobre algu- contribuindo para a vivência plena da mesma.
mas normas sociais de comportamento, contribui Para Giami (2000), especialmente no que diz
para o pensamento do senso comum sobre a se- respeito às pessoas com deficiência intelectual,
xualidade da pessoa com deficiência intelectual: há um imaginário social que constrói a sexua-
ora considera-se que têm a sexualidade exacer- lidade das mesmas a partir de um conjunto de
bada (“feras”), ora que esta é inexistente (“anjos”). representações relativas à monstruosidade e à
Como feras poderiam se tornar abusadores, como anormalidade, ficando a cargo das famílias e dos
anjos, vítimas de abuso sexual. profissionais da educação o controle de sua mani-
O desenvolvimento da sexualidade está vin- festação. Esse sistema de representações conduz
culado ao desenvolvimento integral do indivíduo, a sexualidade das pessoas com deficiência ao
sendo considerado um elemento constitutivo da estado de natureza, onde sua sexualidade apa-
personalidade. A sua manifestação transcende rece difícil de ser educada e controlada. Havendo
sua base biológica, estando predominantemente a possibilidade deste descontrole, iriam inevita-
demarcada por valores sócio-culturais (BASSO, velmente exercer práticas sexuais consideradas
1991). Esse desenvolvimento se inicia na infância, socialmente inadequadas. O autor reflete que
mas é na adolescência que se operam mudanças estes preconceitos podem estar ocorrendo como
conseqüência do desconhecimento de questões
47. Médica de adolescentes, com estudos na área da sexualidade
que dizem respeito aos aspectos do desenvolvi-
e deficiência. mento desse grupo da população.
49. Estudante do ensino médio, Escola profissionalizante, curso de 50. Jornalista; mestranda em Informação, Comunicação e Media-
informática. Representa o jovem com deficiência no CONJUVE- ções em Saúde (Fiocruz). Assistente de comunicação/projetos
Conselho Nacional de Juventude. Conselheiro no Conselho na Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (ABIA). Ex-
de Saúde local. Participou de Conferências, como delegado. II periência profissional em comunicação, desenvolvimento e
Conferência Nacional da Pessoa com Deficiência. Militante pela coordenação de projetos sociais, debate sobre acessibilidade
educação inclusiva, Fundeb, Pec da Juventude, Convenção. na comunicação na defesa do acesso à informação como direito
Palestrante. Sensibilizações e capacitações de profissionais da humano. Formada pela Escola de Gente/Comunicação em In-
educação. Membro do CAMPE/Centro de Apoio a Mães. clusão como Oficineira e Agente da Inclusão.
1
gundo dados do IBGE, existem mais de 3 milhões e Um dos participantes do Seminário falou
meio de jovens com pelo menos uma deficiência. de sua experiência quanto à questão
Destacou a participação de jovens com defici- da comunicação e da responsabilidade
ência nas Convenções Internacionais, como a da social em saúde. Na sua cidade, no estado de
ONU, e na Conferencia Nacional da Juventude. São Paulo, foi criado um Fórum Regional de
Para ele, o Conselho Nacional da Juventude deve Comunicação no sentido de traçar estratégias
dar conta da diversidade da juventude brasileira. para interferir nos currículos de Medicina e de
Comunicação, para que os futuros profissionais
se tornem mais sensíveis aos aspectos que estão
51. Jornalista, especialista em democracia participativa e movi- sendo discutidos neste Seminário, entre outros
mentos sociais e Oficineiro da Inclusão da Escola de Gente – Co-
tantos que envolvem a saúde dos indivíduos. Re-
municação em Inclusão. Atua como coordenador na Coordena-
ção Geral de Informações e Comunicação sobre Deficiência da latou os avanços já conseguidos em relação aos
Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com direitos sexuais e reprodutivos das pessoas que
Deficiência da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência
da República (SDH/PR). Representa a SDH/PR no Conselho Na-
vivem com HIV-Aids, inclusive com a criação de
cional de Juventude da SG/PR.
2
Outra integrante do evento, também jor- ciência... eu sou cega, está no campo do corpo, no
nalista, ressalta a coragem do David em dar meu corpo, está em mim. Embora a gente entenda
seu depoimento. Como jornalista refuta a deficiência como uma característica minha... sou
matérias sensacionalistas para vender jornais e uma mulher... com todas as características, e cega.
revistas, que tratam pessoas com deficiência como Está no campo do corpo.“
“coitadinhos ou super-heróis”. Enfatiza a importân- Concordando com esta mulher, Fabris e Lo-
cia das campanhas nos meios de comunicação e da pes (2002) analisam que a deficiência se sobressai
presença das pessoas com deficiência nos debates. a outras marcas do corpo, e que, de um modo ge-
ral é considerado assexuado.
3
Marina, integrante da mesa, disse que o
7
fato dela e Fábio estarem participando do Olga - Considerações finais sobre esta mesa
Seminário, já aponta para alguma mudan- É um desafio modificar o senso comum
ça de paradigma na formação dos jornalistas. sobre a sexualidade dos adolescentes e
jovens com deficiência. O exercício da sexualidade
4
Outra participante considera que este dos que têm deficiência geralmente é abordado
movimento da garantia dos direitos das pela sociedade a partir de uma visão negativa e
pessoas com deficiência não pode ser para pessimista. É preciso valorizar os aspectos positivos
sempre, e que seu fim demarcará a igualdade de e otimistas decorrentes da prática sexual destes
direitos entre as pessoas. Lembrou que direitos adolescentes e jovens, em detrimento dos precon-
geram deveres, que também têm que ser iguais ceitos relativos ao exercício de sua sexualidade.
para todos. Ela introduz o debate do conceito de A inserção do debate na graduação de
deficiência, considerando que todas as pessoas determinadas profissões afins, maior visibilidade
têm algum déficit. sobre o tema nos meios de comunicação, nas
escolas e pelos profissionais da saúde, e, princi-
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Outra discordou desta posição, por acre- palmente, a inclusão das pessoas com deficiência
ditar que a afirmação da deficiência é uma nas discussões e nas decisões serão fundamentais
estratégia para a ocupação de espaços e para a garantia de seus direitos, incluídos os sexu-
conquista de direitos. ais e reprodutivos.
Este texto pretende apresentar a discussão doméstica de CDs e DVDs, os diversos suportes
de três palestras, feitas por Sérgio Ramos de Faria, para guardar e portar dados como os pendrives,
Joana Belarmino de Sousa, Anahi Guedes de Mello discos rígidos (hds), cartões de memória, entre
e moderada por Ana Paula Crosara de Resende. outros, a telefonia móvel (telemóveis ou telefo-
Foi abordada a importância do reconhecimento nes celulares), a TV por assinatura, o e-mail (cor-
e da integração das tecnologias de informação e reio eletrônico), as listas de discussão, a internet,
comunicação (TIC) no dia a dia das pessoas com a world wide web: os websites e os quadros de
deficiência, inclusive como suportes para uma discussão (message boards), o streaming (fluxo
saudável vivência da sexualidade. contínuo de áudio e vídeo via internet), o pod-
Vamos começar explicando que as tecnolo- casting (transmissão sob demanda de áudio e
gias de informação e comunicação são métodos vídeo via internet), as tecnologias digitais de
utilizados para comunicar, de maneira ágil e hori- captação e tratamento de imagens e sons: a
zontal determinado conteúdo, por meio da digi- captura eletrônica ou digitalização de imagens
talização e da comunicação tanto em redes (para (scanners), a fotografia digital, o vídeo digital,
a captação, transmissão e distribuição de informa- o cinema digital, o som digital, a TV digital e o
ções, seja texto, imagem, vídeo e/ou som), quanto rádio digital, as tecnologias de acesso remoto
individualmente para equiparar oportunidades. (sem fio ou wireless).
São consideradas TICs, entre outras: os
computadores pessoais, as câmeras de vídeo e Joana54 coloca, em sua fala, que:
foto para computador ou webcams, a gravação “Os computadores domésticos de uso pesso-
al começam a ser utilizados, no Brasil, na década
de 90. E nós também, na década de 90, já começa-
52. Advogada, Especialista em Direito Administrativo e Direito
Empresarial. Mestre em Geografia pela UFU. Sócia de Advoca- mos a ingressar no seu uso, com alguma autono-
cia Catani e Crosara, Secretária do Instituto dos Advogados de mia, com alguma elegância, vamos dizer assim.
Minas Gerais/Seção Uberlândia. Membro da Comissão Especial
dos Direitos da Pessoa com Deficiência do Conselho Federal da
Então, temos os computadores, a web, temos
OAB. Representante Suplente do Conselho Federal da OAB no a telefonia móvel que, com as sínteses de voz, é a
CONADE – biênio 2009-2011. Diretora Jurídica do CVI-Brasil.
grande sacada que vai propiciar a acessibilidade
Responsável pelos Quadros “De Igual para Igual” e “Questão de
Direitos” no Programa Trocando em Miúdos da Rádio Universi- das pessoas cegas. Com isso, por trás do compu-
tária de Uberlândia. anapaulacrosara@gmail.com
53. Psicóloga, Professora Adjunto do Instituto de Psicologia da Uni- 54. Jornalista. Mestre em Ciências Sociais, Doutora em Comunicação
versidade Federal de Uberlândia. marineiaresende@gmail.com e Semiótica, Professora Titular da Universidade Federal da Paraíba.
Anahi coloca que: “logicamente que à vi- Nesse sentido, Joana faz um alerta para
vência da sexualidade de todas e todos, foram, o Ministério da Saúde: “que, quando lançasse
continuam sendo e serão incorporadas as novas campanhas de esclarecimento, com respeito à
tecnologias de comunicação. Para as pessoas com prevenção, seja na internet, na televisão, ou em
deficiência essas tecnologias e seus múltiplos material gráfico, que se pensasse na pessoa com
usos devem estar providos de acessibilidade, para deficiência visual.
equiparar o usufruto dos direitos humanos e liber- Temos alguns suportes e possibilidades de
dades fundamentais, inclusive propiciando maior escolhas desses suportes, o suporte Braile, o su-
independência, mais autonomia e conseqüente- porte informático, o suporte áudio visual. Mas pre-
mente mais privacidade para vivenciarem, como cisamos que se abram os cadeados virtuais que
quiserem, a sexualidade e também para denun- estão fechando as portas da acessibilidade.”
ciar qualquer tipo de abuso ou violência.“
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com equivalência de emenda Constitucional, por É preciso lembrar o papel da educação. As
meio do Decreto Legislativo nº 186/2008 e do De- pessoas dos grupos vulneráveis, que vivem
creto nº 6.949/2009. no Brasil, têm vivido à margem dos proces-
sos educacionais. Inevitavelmente, isso implica
Ana Paula assim se manifestou: “A acessibi- em não ter acesso a conhecimentos formais ou
lidade é um direito transversal e, sem a acessibili- informais, de educação formal ou informal, qual-
dade, as coisas ficam complicadas. Então, quanto quer tipo de conhecimento.
mais a gente conseguir assegurar audiodescrição E o que eu tenho visto é que o número de pes-
na televisão, quanto mais a gente conseguir as- soas que têm acesso à web (pode ter computador,
segurar legendas no cinema, no teatro, na escola, mas não tem acesso à rede) é pequeno, ainda, se
em todos os lugares, intérprete de libras em todos levarmos em conta a população nacional.
os lugares, rampas, enfim, quanto mais a gente Temos hoje 57 milhões de pessoas matricu-
conseguir assegurar a presença da acessibilidade, ladas no ensino básico, crianças, jovens e adultos.
melhor vai ser a questão dos direitos sexuais re- Mais de 2 milhões de professores e mais de 215 mil
produtivos, melhor vai ser a questão da educação, escolas no Brasil inteiro. O governo está fazendo
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movimento social, por que você rompe o ciclo do Em São Paulo acontece a feira da “Reatech”,
silêncio, você rompe o ciclo do isolamento, e você que inclui o tema do erotismo. É visitada
rompe a invisibilidade, mesmo que ela seja uma por pessoas com deficiência, deficiência
visibilidade virtual, mas ela está lá presente. visual, física, auditiva... E é uma experiência muito
interessante, porque há salas de vivência. A pessoa
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A invisibilidade impede que pessoas com entra e eles perguntam: você gosta de homem ou
deficiência saiam de casa e, por esse mo- de mulher? põem uma venda nos olhos dela, e a
tivo, elas deixam de ser vistas pela comu- conduzem a uma sala. Aí um homem (ou mulher)
nidade; por não serem vistas pela comunidade, chega próximo e faz elogios, fala que se tivesse
deixam de ser reconhecidas como parte dela. oportunidade, gostaria de conhecê-la melhor,
Por não serem reconhecidas como parte desta ouvir o que ela tem a dizer, essas coisas que todos
comunidade garantir o acesso de pessoas com adoram, certo? Uma roupa bem leve, bem per-
deficiência a bens, direitos e serviços não é con- fumada, e fala: eu queria fugir daqui para transar
siderado um problema para todos enfrentarem com você... Não acontece nada, ela só fala, mas
e participarem da solução. Sem terem acesso a a pessoa sai de lá com um monte de fantasias. E
bens e serviços, há uma visão equivocada de que como a gente é pobre de fantasia... A nossa socie-
as pessoas com deficiência não são sujeitos de dade é uma droga... A gente precisa ser feliz, não é?
direitos humanos e continuam invisíveis, sendo A manutenção do relacionamento entre
alvos de constante discriminação. pessoas com deficiência e não deficiência é bas-
No entanto, sem a plena inclusão e participa- tante difícil. Você tem que trabalhar com a rede de
ção desta população, principalmente em razão apoios, família... Buscar tratamentos de disfunções
da vinculação entre pobreza e deficiência, não sexuais, ter acesso a medicações e a tratamentos
será possível romper com as silenciosas violações pelo SUS. Pois, quando se trabalha o tema com
de direitos humanos e não haverá o fim do apar- pessoas carentes, elas dizem que sabem o que têm,
theid silencioso que impede o desenvolvimento mas que o tratamento é caro, e não têm acesso.
sustentável e a visibilidade da deficiência como É preciso que se busque a equiparação de
característica da diversidade humana. oportunidades afetivas. A deficiência física não se
O uso da tecnologia pode ser uma ferramenta limita a pessoas em cadeira de rodas, há situações
importante para a plena participação da pessoa de paralisias diferenciadas, há também as osto-
com deficiência e, inclusive, para a organização mias, que interferem na imagem de corpo que a
do movimento social ampliado, proporcionando pessoa tem e, conseqüentemente, na vivência
discussões em âmbito nacional e internacional, da sexualidade. Há ainda as amputações. Hoje os
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A s t e c n o l o g i a s, • www.acessibilidadelegal.com
para algumas pes- • www.xiitadainclusao.blogspot.com
soas, minimizam • http://www.cvi.org.br
as limitações da defici- • http://www.adiron.com.br/site/uploads/File/cartilhaatual.pdf
• www.fbasd.blogspot.com
ência, os problemas de
• http://www.planetaeducacao.com.br/acessodehumor/
acessibilidade. As pesso-
• http://www.mj.gov.br/conade/
as com deficiência não
• www.un.org/disabilities
vão à rua, não vão aos
• www.cermi.org
shoppings, não vão aos
• www.saude.gov.br/pessoacomdeficiencia
motéis, por falta de aces- • www.mds.gov.br
sibilidade física. • www.mec.gov.br
Toulouse-Lautrec, pintor francês que viveu precisou se impor para além de sua aparência
na passagem do século XIX para o XX, ganha disforme, se impor como um ser diferente numa
vida no teatro através da interpretação de Katia sociedade pasteurizada.
Fonseca. Ambos, pessoas com deficiência física, Era preciso desmascarar essa sociedade e
fazem do espetáculo uma denúncia da deformi- expor suas feridas para que ele, Toulouse-Lau-
dade social existente tanto no início do século trec, pudesse abrir caminho para a sua arte, que
XX quanto no início deste século XXI. existia para além de sua deficiência. Pela defor-
Apesar dos 100 anos que nos separam, as midade – seja física ou social – o artista põe em
mazelas sociais, como o preconceito e a exclu- destaque o lado humano de suas modelos. Com
são, continuam encravadas em nossa civiliza- sua “obra espelho”, Lautrec quebra a boa ima-
ção. Mas este não se reduz a um espetáculo- gem da sociedade e dá um golpe de escalpelo
denúncia. É, antes de tudo, uma ode à vida e na cara dos hipócritas, denunciando friamente a
à verdade. Rejeitado por sua aparência física imbecilidade humana.
disforme, Toulouse-Lautrec se impõe por meio Em nome da verdade, da originalidade e do
de sua arte na época dourada do período da profundo respeito à humanidade, Katia conce-
Belle Époque, na França. Seu nome ficará para beu este monólogo. Buscando inspiração nas
sempre associado ao Moulin Rouge, uma das obras de Jean Sagne, Léo Ferré, Baudelaire e
mais importantes casas noturnas da Paris do fim José Régio; tendo a cumplicidade psicanalítica
do século XIX. de Jorge Márcio Pereira de Andrade; e guiada
Toulouse -Lautrec retratou, incansavel- pela direção generosa de José Tonezzi, a atriz
mente, rostos, corpos e cenas do cotidiano que realizou um trabalho revelador das suas mais
mais revelavam o indivíduo por trás de sua más- profundas convicções do que seja nascer, viver e
cara. Para garantir sua singularidade, o artista morrer em plenitude. Téc-ni-ca de ser feliz!
“Apresentar esse espetáculo no Seminário
57. Jornalista, atriz, fundadora e atual presidente da ONG de e para
Nacional de Saúde: Diretos Sexuais e Reprodu-
pessoas com deficiência Centro de Vida Independente de Cam- tivos e Pessoas com Deficiência foi uma oportu-
pinas (CVI - Campinas). Coordenadora do curso Vivendo a Dife-
nidade mais que prazerosa – necessária –, como
rença – Valorizando a Diversidade. Atual presidente do Conselho
dos Centros de Vida Independente do Brasil (CVI - Brasil). Mem- forma de tornar atual e presente o protagonis-
bro da RIADIS - Rede Latino-Americana de Organizações de Pes- mo da pessoa com deficiência em todas as ins-
soas com Deficiência e seus Familiares; e 2ª vice-presidente da
tâncias de discussões e ações na busca de uma
FDLP (Federação das Organizações de Pessoas com Deficiência
dos Países de Língua Portuguesa). e-mail: katiaf@rac.com.br sociedade mais justa e humana”, declara a atriz.
(Sai)
(Projeção)
“QUANDO A DEFORMIDADE PÕE O GÊNIO
EM EVIDÊNCIA, ELE DEIXA DE SER RIDÍCULO”
- FIM -
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Referências
• PAULA, Ana Rita de; REGEN, Mina; LOPES, P. Sexualidade e deficiência: rompendo o silêncio.
São Paulo: Expressão e Arte, 2005.
Parabéns.
Como estudante de
enfermagem é muito
satisfatório participar deste
evento, fiquei muito feliz com
o aprendizado.
Elucidador,
Intrigante, Jamais serei a mesma pessoa depois que
Rico, passei estes dias com todos vocês. Este encontro
despertou em mim muito mais que o direito
Início...
sexual e reprodutivo, tanto falado, mas
E possível. sobretudo a historia de vida de cada um de nós,
com desafios, amores, desamores, amizades,
afetos e sobretudo
a vontade de construir uma sociedade melhor.
Valeu cada emoção !!!!
Avante!!!
Disque Saúde
0800 61 1997
Secretaria de Ministério
Secretaria de Ministério
Atenção à Saúde da Saúde
Atenção à Saúde da Saúde