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DEBATE DEBATE
Apoio social e saúde:
pontos de vista das ciências sociais e humanas

Social support and health:


standpoints from the social and human sciences

Ana Maria Canesqui1


Reni Aparecida Barsaglini2

Abstract This article analyses the themes and Resumo Analisam-se os temas e as abordagens
conceptual-theoretical approaches of the social teórico-conceituais do apoio social nos artigos de
support in the literature from important interna- importantes periódicos internacionais de ciênci-
tional journals about social sciences and medi- as sociais e de medicina e nacionais de Saúde Co-
cine, and in from 1983 to 2005 are analyzed. 259 letiva/Saúde Pública no período 1983-2005. Pro-
international and 57 national abstracts was read- cedeu-se a leitura dos resumos dos 259 textos in-
ing for the identification and computing the rela- ternacionais e 57 nacionais encontrados classifi-
tions of the social support with health/disease/care. cando e computando as relações do apoio social
A deeper conceptual analysis about social support com a saúde/doença/cuidado. A seguir analisa-
and the theories of social science were reported in ram-se os conceitos e as abordagens do apoio soci-
an intentional sample of 56 international and 18 al do ponto de vista das teorias e dos autores das
national texts. The international literature is based ciências sociais e humanas, em uma amostra in-
on the social psychology, in the several trends of tencional de 56 textos internacionais e 18 nacio-
the sociology and of the political science and less in nais. A literatura internacional respalda-se na
the anthropology. The national literature dialogues psicologia social, nas várias correntes da sociolo-
less with the psychosocial theories and more with gia e da ciência política e menos na antropologia.
the sociological and anthropological theories. In A literatura nacional dialoga menos com as teo-
this latter literature the social support approaches rias psicossociais e mais com as sociológicas e as
are concerned with social network theories; reci- antropológicas, realçando-se pela abordagem do
procity, exchanges and cultural values. It is con- apoio com a rede social, a solidariedade, as trocas
1
Departamento de cluded that different trends guide the conceptual- e os valores culturais, deslocando-se da esfera in-
Medicina Preventiva e theoretical analyses of the social support, being dividual e privada para a capacidade de organi-
Social, Faculdade de the international literature older, wider, more di- zação da sociedade civil e de ações coletivas. Dife-
Ciências Médicas,
Universidade Estadual de versified and empirical, but with scarce anthro- rentes correntes norteiam as análises teórico-con-
Campinas. Rua Tessália pological production. The national literature is ceituais do apoio social, sendo a literatura inter-
Vieira de Camargo 126, more reflexive them empirical. nacional mais antiga, diversificada, empírica e
Cidade Universitária, Barão
Geraldo. 13083-887 Key words Social support, Theories, Social scien- escassa de produção antropológica.
Campinas SP. ces, Social sciences and health Palavras-chave Apoio social, Teorias, Ciências
canesqui@fcm.unicamp.br sociais, Ciências sociais e saúde
2
Instituto de Saúde
Coletiva, Universidade
Federal de Mato Grosso.
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Canesqui AM, Barsaglini RA

Introdução apoio social nas vivências cotidianas, diferencia-


do do conhecimento erudito.
Análises do apoio social e sua relação com saú- A abordagem cognitiva, de natureza sociop-
de/doença/cuidado estão presentes nas pesqui- sicológica, integra o construtivismo, enfocando
sas médicas, de enfermagem, psicologia, psiqui- a percepção do apoio pelos sujeitos, segundo as
atria, epidemiologia social, sociologia e antropo- características de personalidade e os modos de
logia médicas, educação em saúde e saúde públi- enfrentamento dos eventos de vida. A presença
ca, com ampla literatura internacional e emer- construtivista na sociologia refutou também os
gente nacional. Revisões bibliográficas, originá- pressupostos da correspondência direta do apoio
rias destes campos disciplinares, concordam com social com a estabilidade social, não se tratando
a falta de consenso na definição do conceito de de buscar suas funções em relação à coesão e
apoio social; o uso de diferentes teorias; preocu- integração do todo sistêmico, conforme pressu-
pações com a mensuração; escassas reflexões postos das abordagens funcionalistas.
conceituais e descompasso entre os conceitos e Desde a década de 1970, as redes sociais nas
os instrumentos empregados nas pesquisas1-3 quais as pessoas se inserem interessaram à Saú-
Instigado com as possíveis contribuições das de Pública, relacionado-as, posteriormente ao
ciências sociais e humanas ao campo da Saúde apoio social, como resultado da integração do
Coletiva este artigo de revisão da literatura sobre indivíduo em diferentes redes, ofertantes de su-
o apoio social mapeia os assuntos e suas relações porte material, cognitivo, afetivo e emocional7.
com a saúde/doença/atenção, acrescentando dis- As redes aplicam-se aos pequenos grupos, ao sis-
cussão conceitual à luz de abordagens das ciên- tema global e de comunicação, cujas relações es-
cias sociais identificadas nos textos selecionados. tabelecidas diferenciam-se em simétricas ou as-
Um breve panorama do interesse no apoio simétricas; nas suas direções e quanto à existên-
social na saúde-doença-cuidado reporta-se à se- cia ou não de reciprocidade e troca. Marques8
gunda metade da década de 1950, com os primei- apontou três usos de redes nas ciências sociais:
ros estudos sobre a teoria do estresse e dos estres- como metáfora dos elos de indivíduos, entida-
sores, na demonstração dos efeitos do apoio so- des e idéias; os aspectos normativos de suas con-
cial sobre os diferentes estressores: sociais, bioló- figurações e aplicações e os metodológicos.
gicos, ambientais, individuais (eventos de vida) e O estudo das redes interessa à sociologia re-
coletivos (guerras, opressão, acidentes naturais, lacional, que primeiramente as descreveu a par-
desigualdades sociais, violência e pobreza), afe- tir das relações egocentradas e sociométricas. À
tando a vulnerabilidade dos indivíduos e os qua- antropologia social britânica de Manchester ori-
dros crônicos, psicológicos e psicossomáticos4. ginalmente interessou as estruturas das redes, nos
Na década de 1970 os enfoques do apoio so- contextos urbanos e a interferência dos tipos de
cial deslocaram-se da psicologia para a sociolo- conexões nos tipos de famílias; no compartilha-
gia com abordagens empíricas e realistas5, pre- mento ou não de responsabilidades e na oferta
dominando os estudos quantitativos, mensurá- de apoio mútuos9.
veis e positivistas. A estas abordagens opuseram- O apoio social, reportado às relações sociais e
se correntes construtivistas para as quais, gene- às ligações entre pessoas e grupos envolve os co-
ricamente, a sociedade está em construção, sen- laboradores naturais (a família); os grupos in-
do realidade objetiva, isto é exteriorizada (eman- formais (autoajuda) e os formais e institucionali-
cipada dos atores que a produzem) e objetivada zados, como as organizações de doentes, que po-
(constituída de objetos de mundos separados dem compor as redes de apoio dos adoecidos,
dos sujeitos)6. É neste processo de exteriorização protegendo-os ou não. No espaço societário es-
e interiorização que se apóia o conhecimento co- tas organizações reforçam a face política e coleti-
mum tipificador, alimentando-se nas relações va de certas doenças, como a AIDS7, agregando
face a face os processos institucionalizados6. demandas, participação social, a resignificação das
Nesta abordagem o apoio social integra-se interconexões e aprendizagem dos envolvidos.
às ações e relações face a face dos atores entre si Sob as abordagens simultâneas, macro e mi-
em determinadas situações ou contextos, com cro analíticas, o apoio social pode ser visto como
significação para eles, sem desprezar as tipifica- um tipo de prestação de ajuda que repousa, de
ções e a institucionalização, em especial na pers- um lado nos intercâmbios, obrigações e padrões
pectiva interacionista simbólica. A fenomenolo- de reciprocidade entre indivíduos, grupos, famí-
gia, por sua vez, abre espaço para que o senso lias e instituições, portando significados para os
comum, movido pelas tradições, crenças e co- atores neles envoltos, nas suas respectivas expe-
nhecimentos, se expresse nas significações do riência cotidianas e contextos. De outro lado, o
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dar, receber e retribuir apoio influenciam-se e são periódico Social Science and Medicine contribuiu
influenciados pelas mudanças econômicas, so- com 70,2 % dos textos. Excluíram-se os artigos
ciais, políticas e culturais que afetam as transfor- que não abordaram as relações do apoio com a
mações das sociedades modernas. saúde/doença/cuidado11,12.
Algumas teorias recentes preocupam-se com A Tabela 1 mostra a distribuição das frequ-
as transformações estruturais destas sociedades, ências simples e relativas das relações do apoio
cujos valores individualistas e competitivos im- social com a saúde/doença/cuidado na literatura
põem maiores obstáculos à operação das rela- internacional.
ções solidárias e cooperativas, por onde pode cir- Observa-se na Tabela 1 a concentração de
cular o apoio social. Para Castells10 as sociedades 55,5% dos textos nos efeitos positivos do apoio,
globalizadas e informatizadas são profundamen- destacando a redução do estresse e dos proble-
te desiguais e excludentes. Nas suas palavras “a mas psicológicos e sobre as enfermidades crôni-
nova sociedade surge sempre quando se observa cas, enquanto os efeitos negativos da falta do
uma transformação estrutural nas relações de apoio refletem-se no agravamento daqueles pro-
produção, de poder e nas relações de experiên- blemas, nos tratamentos, no uso dos serviços e
cia” (na família; nas relações de gênero, sexuali- na atenção à saúde.
dade e personalidade) “que conduzem a mudan- A literatura nacional compôs-se de 51 textos,
ças substanciais nas formas sociais do espaço e produzidos naquele período nos periódicos de
tempo e no aparecimento de uma nova cultura”. Saúde Pública/Saúde Coletiva registrados na base
Estas questões estruturais esgarçam e fragmen- eletrônica do sistema SciELO; nos resumos das
tam o tecido social, dificultam a circulação do comunicações e pôsteres publicados nos Anais
apoio social (afetivo, material, moral, informa- do I Encontro Nacional de Ciências Sociais em
tivo) nas transações entre indivíduos e grupos. Saúde, realizado em Belo Horizonte em 1993; nos
Prossegue Castells “as transformações mais Congressos de Ciências Sociais e Saúde (I, II e
fundamentais nas relações de experiência, na era III), realizados no período 1991 a 2005 e nos
da informação, é a transição a um modelo de Congressos Brasileiros de Saúde Coletiva (I, II,
relação social construída, primordialmente pela III, V, VI e VII) realizados no período 1986 a 2003.
experiência real da relação. Atualmente as pesso- Textos não pertinentes ao objeto de estudo fo-
as produzem formas de sociabilidade, ao invés ram excluídos. A Tabela 2 sintetiza os assuntos
de seguir modelos de conduta”10. Neste enfoque, encontrados nesta literatura.
admite-se que o apoio social não é uma experi- A Tabela 2 mostra 52,7% das referências aos
ência necessariamente fixa, cujos valores morais efeitos positivos do apoio, dos quais a metade
e éticos que a alimentam mostram-se flexíveis, preocupa-se com a redução do estresse e a outra
mutáveis e em permanente construção. Assim, com a solidariedade, o empowerment e a cidada-
dispensa-se qualquer abstração e descontextua- nia, politizando o apoio social. Os efeitos da falta
lização do apoio social, na dinâmica das socieda- do apoio social quase não são discutidos, en-
des concretas ou sua abordagem como mero re- quanto 9,8% da literatura referem-se à religião e
curso ou instrumento como frequentemente apa- à cultura nas variações do apoio. Tanto na lite-
rece na literatura a ser examinada neste texto. ratura internacional quanto na nacional uma
parcela expressiva dos textos volta-se para os
assuntos teórico-metodológicos, com escassas
Material e métodos referências conceituais, abordando-se a grande
maioria dos textos as medidas do apoio social e
O estudo bibliográfico deu-se em duas etapas. A a validação dos instrumentos.
primeira identificou, classificou e computou as Na segunda etapa da pesquisa selecionaram-
relações do apoio com a saúde/doença/ cuidado se intencionalmente 27 textos internacionais e 18
a partir dos resumos dos 286 textos internacio- nacionais, segundo os assuntos identificados
nais produzidos no período 1980-2005, obtidos anteriormente, cuja leitura prévia identificou a
em bases eletrônicas de periódicos (ProQuest; presença de autores e teorias das ciências sociais
JSTOR; Elsevier ; SpringLinker), com a palavra e humanas, subsidiando conceitos e abordagens
chave apoio social, nos seguintes periódicos de do apoio social que serão comentadas ao longo
ciências sociais e medicina: Culture Medicine and deste texto.
Psychiatry, Journal of Health and Social Beha- As teorias identificadas na literatura interna-
viour, Medical Anthropology Quarterly; Social cional foram: as psicossociais, centradas no es-
Science and Medicine, Qualitative Health Resear- tresse e seus derivantes; as sistêmicas de natureza
ch; Sociology of Health and Illness. Somente o funcionalista enfatizando a integração e a coesão
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Canesqui AM, Barsaglini RA

Tabela 1. Distribuição das publicações internacionais identificadas sobre apoio social segundo temas
abordados, produzidas no período 1980-2005

Temas e subtemas N %
1. Efeitos positivos do apoio
- na redução do estresse e dos problemas mentais e psicológicos; na autoestima 52 18,0
e no bem estar psicológico
- nos ajustamentos às doenças crônicas e às perdas; na adesão aos tratamentos 38 13,3
e no uso dos serviços de saúde
- na promoção e proteção da saúde; na qualidade de vida; na prevenção 45 15,7
das doenças e no bem-estar
- na integração social e no empowerment; na quebra do isolamento social 19 6,5
e no aumento do senso de controle
- na redução da morbimortalidade 6 2,0
2. Efeitos negativos da falta de apoio
- aumento do estresse e dos problemas psicológicos; na deterioração da saúde 37 13,0
e na predisposição às doenças; no estigma; nos fatores e no comportamentos
de risco; no uso dos serviços e na adesão ou não aos tratamentos
3. Variações do apoio
- segundo gênero, etnia, situação marital; grupos de risco 18 6,5
- cultura, religião; parentesco e família 7 2,5
4. Teoria e metodologia sobre apoio social 64 22,5
Total 286 100,0

Tabela 2. Distribuição das publicações nacionais identificadas sobre apoio social segundo temas e subtemas
abordados, produzidas no período 1983-2005

Temas e subtemas N %
1. Efeitos positivos do apoio
- na redução do estresse; na promoção da autoestima e das habilidades 13 25,5
- na solidariedade, no empowerment, na cidadania; nas redes e nas trocas sociais 12 23,5
- na promoção da saúde e na prevenção dos riscos; na adesão aos tratamentos 7 13,7
e no uso e acesso aos serviços de saúde
2. Efeitos negativos da falta de apoio
- na deterioração da saúde; nas desigualdades sociais e na pobreza 1 2,0
3. Variações do apoio
- com a cultura, a religião e a família 5 9,8
4. Teoria e metodologia sobre apoio social 13 25,5
Total 51 100,0

social; diferentes construtivismos centrados na A teoria do estresse


percepção do apoio social segundo a psicologia e a redução dos estressores
cognitiva; na presença dos significados, atores e
situações interativas nas abordagens mais socio- A associação do apoio social com o estresse e
lógicas e no conhecimento do senso comum; os fatores psicossociais na etiologia das doenças,
comportamentos e apoio social; capital social e abordadas por Cassel 13 e Cobb 14 derivam da
as ordens institucionais e culturais; o estrutural- psicologia social norte-americana com forte in-
construtivismo e a escolha racional. fluência na sociologia médica e epidemiologia
Bastante restrita a literatura nacional em re- social. Postulou-se que as relações sociais contri-
lação à internacional, há interlocuções entre am- buem ao bem estar do indivíduo; moderam os
bas, predominando na primeira as reflexões teó- efeitos do estresse psicossocial; servem de amor-
ricas sobre as pesquisas empíricas sob as abor- tecedores, reduzem a vulnerabilidade dos indiví-
dagens: 1. redes e apoio sociais; 2. reciprocidade, duos aos agentes estressores. Estudos com ani-
trocas e valores culturais. mais na década de 1930, feitos pelo médico Hans
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Selye15, desafiaram Cassel13 a indagar sobre os Apoio e estratégias de “coping”
agentes e as relações do estresse como os proces-
sos biológicos, ambientais e sociais. Na teoria do Um dos desdobramentos da teoria do estresse
estresse, segundo Almeida Filho16, “os processos está em Antonowisk19 expressando o apoio a ca-
de origem social atuam como estressores não pacidade de “coping”, como qualidade da persona-
específicos, aumentando a suscetibilidade de cer- lidade, capaz de responder e manejar os recursos
tos organismos diante de um estímulo nocivo disponíveis no ambiente social para satisfação,
direto (o agente), mediante alterações do siste- bem-estar e regulação dos efeitos negativos dos
ma neuroendócrino (...) além de incluir a deter- agentes estressores. O “coping” é qualquer respos-
minação constitucional da morbidade desenca- ta às tensões externas da vida para evitar ou con-
deada por fatores biológicos e ambientais”. trolar o sofrimento emocional19. É defesa indivi-
Os estressores diretos, postos por Cassel13, dual que usa recursos sociais (redes interpessoais),
“podem diretamente determinar quadros psico- psicológicos (características de personalidade),
patológicos (ansiedade, depressão, somatizações), comportamentos, cognições e a percepção das pes-
comportamentos de risco e, no plano biológico, soas para conviver ou tolerar a enfermidade.
imunodepressão”; enquanto os indiretos atuam A literatura gerontológica e sociológica sobre
“sob mediação de diferentes graus de vulnerabilida- as doenças crônicas, norte-americanas, abordam
de e os estressores podem indiretamente determi- as estratégias e o comportamento de “coping”
nar: quadros psicossomáticos e doenças crônicas entre idosos para enfrentar e ajustar-se ao es-
não transmissíveis (hipertensão arterial, acidentes tresse20, às condições crônicas21, sobreviver ao
vasculares e infarto do miocárdio, diabetes, outras câncer de mama22; manter a qualidade de vida23,
doenças infecto-contagiosas e neoplasias)”16. buscar atenção médica; prestar ajudas financei-
Weinberger et al.17 entenderam que na expo- ras e afetivas aos idosos, cujos contatos sociais
sição dos indivíduos aos agentes estressores o são menos frequentes nas condições de viuvez;
forte sistema de suporte social (sinônimo de apoio ausência de filhos ou quando residem sozinhos.
social) reduz os efeitos negativos sobre a saúde, Para Bury24, sociólogo médico inglês, o ajusta-
desconsiderando os efeitos na ausência daqueles mento à enfermidade crônica ultrapassa o com-
agentes. Outros estudos apontam os benefícios portamento de “coping”. Assenta-se nos significa-
do apoio à saúde, independentemente da exposi- dos da condição crônica para os indivíduos e na
ção dos indivíduos ao estresse. sua autoimagem, moldados pela cultura e sua di-
Trata-se do modelo aditivo, na designação versidade. Parcela da literatura inglesa socioantro-
de Weinberger et al.17. Falta consenso sobre a in- pológica calca-se na mútua influência entre a con-
fluência do apoio social na saúde, na sua defini- dição de ajuste às enfermidades de longa duração,
ção operacional e no emprego das medidas obje- a capacidade de mobilizar recursos de apoio, sua
tivas. Usam-se muito pouco nestes estudos os distribuição desigual nos grupos sociais, interfe-
métodos e as técnicas qualitativas. rência das políticas assistenciais e da cultura na ex-
Nos modelos dos estressores e no aditivo, o periência dos adoecidos com a condição crônica.
apoio social advém das relações interpessoais, Na idéia de “active coping” não aparece o apoio
desprovido de conteúdos; qualidades e contex- como recurso de personalidade. Ele se liga às espe-
tualização, mas com supostos efeitos, cujas liga- cificidades culturais e relacionais de minorias étni-
ções causais não são comprovadas pelas falhas cas, ao manejo dos colaboradores naturais, como
metodológicas, dificuldades de controle das me- a família e os grupos de vizinhança25. O “active
didas e limitações dos desenhos das pesquisas18. coping” é iniciativa benéfica para estes grupos no
O conceito de apoio social, como defesa indi- acesso aos serviços de saúde, nas situações de do-
vidual, descarta as moldagens culturais, a inter- ença e enfrentamento da lógica da organização pri-
ferência da organização social, dos valores, nor- vatista dominante do sistema de saúde norte-ame-
mas e regulações sociais. Para Cobb14 o apoio ricano, da forte marginalização social e do precon-
social remete à informação, à crença de ser ama- ceito social sofrido pelas minorias étnicas.
do e estimado conforme a percepção cognitiva
dos indivíduos, detendo caráter protetor para Relações sociais e comportamentos
eles. Integra-se à rede de compromissos mútuos nos tratamentos, prevenção; manutenção
dos indivíduos entre si e com os grupos, sem e promoção da saúde
incluir-se nos padrões normativos e morais, que
presidem as relações sociais; as trocas recíprocas A antropologia médica norte-americana, tra-
e as obrigações sociais, mutáveis no tempo e es- dicionalmente, abordou os efeitos das intervenções
paço nas sociedades concretas. médicas nas relações sociais dos grupos servidos
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pelos programas de saúde pública, na aceitação ou obtidos de parentes influenciam fortemente e


recusa das intervenções tecnológicas devidas aos positivamente os comportamentos de mulheres
conflitos de autoridade e poder; as dissonâncias (mães) nas práticas dos cuidados pré-natais e
entre os saberes populares e científicos; as imposi- aos recém-nascidos36.
ções dos profissionais de saúde e seu desprezo pe- Aqui, o apoio integra-se à prestação de um
las crenças e agentes tradicionais de cura26-28. conjunto de serviços diretos e indiretos, remune-
Diferentes efeitos, respostas e conflitos des- rados ou não; institucionalizados ou não, inclu-
tas intervenções nas comunidades, nas relações indo diversas fontes, integrantes ou complemen-
de parentesco, família e outros grupos sociais tares aos serviços de saúde. Não se ignoram pre-
influenciam as decisões médicas. Os laços de so- ocupações no seu uso, pelos serviços de saúde
lidariedade entre parentes e filhos e seus reflexos privados e mercantilizados, com a redução de
no uso de serviços de Saúde Pública foram estu- custos da assistência médica e do seguro saúde
dados por Kunstadter29, junto com o papel da nele embutidos37.
família nuclear na validação e no reconhecimen-
to da enfermidade entre grupos mexicanos-ame- Apoio social e integração social
ricanos30 e as relações sociais dos médicos com
as populações servidas31. Ideias de que a condição de maior isolamen-
Conta-se ainda com a ausência do apoio en- to social ou de menor integração social afetam a
tre parentes e vizinhos, impondo limites aos pro- saúde mental e física ou que indivíduos solteiros
gramas de intervenção. O apoio pode ser recusa- e isolados possuem maiores índices de tubercu-
do e reduzido a mero recurso supostamente dis- lose, acidentes e desordens psicológicas do que
ponível, mobilizável e descontextualizado das os casados estão presentes nas literaturas socio-
mudanças estruturais e da dinâmica das socie- lógica e epidemiológica, sem esclarecer os elos
dades modernas onde se transformam os meca- causais destas associações18.
nismos de sociabilidade e cooperação, ancora- A literatura internacional de psicologia e soci-
dos na cultura e valores; nos elos entre as pes- ologia médica sobre o apoio e a saúde entre ido-
soas, passíveis de maior individualismo, afetan- sos, revista por Ramos38, reporta-se à influência
do a disponibilidade do apoio. durkeimiana3 nos estudos que atribuem ao apoio
Postulam-se os efeitos positivos do apoio e das funções de integração e coesão social à medida
redes sociais nos comportamentos31, ajustamento que rompem o isolamento social. Durkheim não
e gerenciamento das doenças crônicas; nas rela- se preocupou com as relações pessoais, mas com
ções dos adoecidos com os serviços e profissionais as relações dos indivíduos com a sociedade, pre-
de saúde; na adesão aos tratamentos, melhora da valecendo a força desta última sobre os primei-
qualidade de vida, adoção de novos estilos de vida ros. Reportou os contatos e os vínculos sociais a
e prevenção dos riscos às doenças, entre idosos, dois fatores: integração social-ligação com os
adoecidos crônicos; grupos minoritários32-34. outros dentro da sociedade e regulação social-
A ausência de parentes (cônjuges e filhos) de ligação com os outros e com as normas sociais.
idosos associou-se à doença e à mortalidade35 Ramos38 reforça as falhas metodológicas dos
contribuindo o apoio social à promoção e à ma- estudos na comprovação das associações cau-
nutenção da saúde física e mental, desconside- sais das relações sociais com as condições de saú-
rando os estudos a disponibilidade e o uso de de, onde se insere o apoio como recurso. Há es-
outros tipos de apoios, substitutos da família. A tudos ultrapassando os efeitos do apoio dispo-
centralidade da presença da família pelos pode- nível ou a sua falta sobre a frequência das rela-
res públicos, nas duas últimas décadas, está na ções sociais e o balanceamento da capacidade dos
administração das doenças; na humanização do idosos de estabelecer trocas, rompendo com a
cuidado e na assistência domiciliar7. Entretanto, visão de sua passividade como receptor.
a família não é entidade abstrata e universal. Ela A frequência e a intensidade dos contatos
comporta múltiplos arranjos, sendo as compos- sociais expressam o maior grau de integração
tas apenas pelas mulheres sozinhas e seus filhos, social e o sentimento de pertencimento, benefician-
bastante vulneráveis socialmente. do o bem estar social, a saúde e a proteção contra
Omitem os estudos os conflitos nas relações os comportamentos desviantes, ou seja, os que
dos profissionais de saúde com as famílias, re- fogem às normas sociais aceitas. A integração
sultantes em rupturas, em não aprendizagem e social reporta-se ainda à importância das redes
na ausência de colaboração. Entre mexicano- sociais para os idosos39.
americanos o baixo acesso aos serviços de pré- Estudos associam o apoio social ao tamanho
natal, o apoio da família e os aconselhamentos das redes sociais, à integração social, ao desem-
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penho de papéis sociais e às demandas de cuida- jetividades, mas são objetiváveis, regulando-se
dos aos doentes. Nas redes sociais constrangidas pelas normas culturais remetidas ao corpo; aos
e restritas, as pessoas possuem menores chances cuidados e aos consumos médicos presidindo os
de receber apoios, na condição de pobreza e de comportamentos individuais e grupais.
isolamento social.
Redes sociais são teias de relações e trocas de As diferentes abordagens do apoio
obrigações postas pela organização social e cul- como capital social
tura e não somente elos entre indivíduos favore-
cidos somente pelos vínculos e ligações afetivas Capital social é um conceito frequentemente
entre eles. Não são recursos abstratos mobiliza- usado, desde a década de 1990, na Sociologia e na
dos como apoio ou ajuda no cuidado e na prote- Antropologia Médicas, na Epidemiologia, na Edu-
ção à saúde, embora sejam acionados e oferta- cação, na Economia, nas Ciências Políticas, na So-
dos, circunstancialmente. O reforço das redes ciologia, nas Ciências da Informação, na Saúde
sociais diante da vulnerabilidade social remete a Pública e nos relatórios das agências internacionais
outras abordagens posteriormente consideradas. de desenvolvimento social e promoção da saúde.
O conceito formulou-se em 1916, por Lyda
Construtivismos e apoio social Hanifan, como um conjunto de elementos influ-
entes na vida das pessoas: a boa vontade, a ca-
O apoio percebido foi objeto de estudo etno- maradagem, a simpatia, as interações sociais en-
gráfico das concepções êmicas dos informantes que tre indivíduos e família, os integrantes das redes
tomaram o apoio como: protetor, apatético, anta- sociais e do valor econômico. Sociólogos e cien-
gonístico e desconectado, diferenciado das classifi- tistas políticos teorizaram o conceito43. Dentre
cações éticas dos pesquisadores. Levar em consi- eles Puttman44, autor bastante citado nos estu-
deração os significados e concepções do apoio, as dos examinados, cujos estudos sobre os grupos
trocas e valores envolvidos no apoio social são no Norte e Sul da Itália incluíram o capital social
implicações metodológicas importantes aos estu- na organização social, ao lado das redes, normas
dos da centralidade do papel da família e de outras e confiança, nos compromissos recíprocos e nas
fontes. Entre portadores de HIV/AIDS é comum associações de crédito rotativo.
não contarem com o apoio da família e sim de São aspectos, presentes em várias sociedades,
outras fontes institucionais devido ao estigma e facilitadores da coordenação e cooperação mú-
isolamento social que os acompanham40. tuas imbricadas no “desempenho institucional”
Wethington e Kesller41 postulam que “rece- e na dimensão política, sobrepostos aos aspec-
ber apoio” de pessoas, grupos e instituições fa- tos econômicos, benéficos aos indivíduos e às
vorece a promoção à saúde, impactando positi- coletividades, desconsiderando-se sua exposição
vamente na saúde da população, enquanto “per- às contradições sociais e às estruturas de poder.
ceber o apoio” do ponto de vista cognitivo é per- A produção de capital social implica o cum-
ceber-se amado, cuidado e estimado pelos de- primento das obrigações e a reciprocidade, con-
mais, podendo promover a saúde. trapostos aos receios da deserção. Para Putt-
O apoio tende a ser analisado como instru- man44, o compromisso cívico, a democracia, a
mento e não como componente das relações face comunicação entre indivíduos e atores sociais, as
a face que envolve os sujeitos, nas situações coti- interações sociais e seus elos com os dilemas da
dianas, na intersubjetividade e nos significados ação coletiva são componentes das ordens so-
simbólicos que as permeiam. Embora a contri- cial, institucional e da cultura.
buição etnográfica de Jacobson42 indicasse os Na teoria da escolha racional, assentada no in-
contextos situacionais, temporais e a personali- dividualismo metodológico, aplicado aos campos
dade no apoio, o papel da cultura foi omitido na sociológico e econômico, está Coleman45, definin-
sua oferta. É a cultura que fornece a matriz de do a função do capital social como facilitador das
significados e as regras das trocas e retribuições ações dos indivíduos, composto pelos sistemas de
entre indivíduos e grupos sociais. apoio familiar, pelas organizações verticais e pelas
Para o autor o significado dos eventos de vida escolas religiosas, como capital humano.
e a percepção e “timing” do apoio mudam entre A busca do interesse racional e pessoal pelos
indivíduos, em um mesmo indivíduo e nas dife- indivíduos (entre eles o uso do capital social) ou
rentes situações e tempos. Os eventos de vida da racionalidade individualista falham por ex-
(perdas, envelhecimento, mortes e passagens)42, cluir a ordem social sob dois aspectos: a coorde-
e as práticas de manutenção e recuperação da nação das expectativas entre os atores com as
saúde não são manifestações exclusivas das sub- normas sociais e as formas de cooperação46. Es-
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tas fornecem motivações à ação, regulam as for- néficos à saúde, à percepção destes problemas, à
mas de comportamento, junto com os determi- redução da violência, da delinquência juvenil e
nantes das atividades de reciprocidade, coopera- dos problemas emocionais51.
ção e distribuição, desconsideradas na racionali- Capital e apoio social relacionam-se, supos-
dade individualista. tamente, com as condições saúde (mortalidade,
Da tradição francesa estruturalista-constru- violência, expectativa de vida, saúde mental, gra-
tivista Bourdieu47 é muito referido na literatura videz na adolescência, comportamento sexual,
norte-americana selecionada. Os tipos de capi- acesso a serviços de saúde) no desenvolvimento
tais (simbólico, cultural, econômico), apropria- local como redutores das desigualdades em saú-
dos pelas diferentes classes sociais, não são re- de52. Nesta abordagem, na interdependência dos
cursos abstratos, mas componentes do habitus diferentes segmentos sociais e agentes no desen-
de classe atuantes no campo (espaço de relações volvimento local prevalecem os fatores sociocul-
de força entre agentes sociais, de luta, concorrên- turais e políticos e não os econômicos. Tomam-
cia e poder). Capital social é a “soma de recursos se os conceitos de intersetoriedade, colaboração,
que os indivíduos adquirem pelo fato de possu- participação, ação coletiva, aprendizagem, em-
írem redes duráveis de relacionamentos sociais powerment e coesão comunitária equivalentes ao
mais ou menos institucionalizados de reconheci- de desenvolvimento local, mesclado com o capi-
mento mútuo”47. Cada campo envolve mecanis- tal social. Desconsidera-se o desenvolvimento
mos específicos de capitalização de recursos legí- local como projeto53, caminho histórico54 ou plu-
timos e próprios, sob a interferência do habitus ridimensional55, apontados por Milani43.
de classe dos agentes envolvidos. Estudo etnográfico56 da localidade/território
Ziersch48 usou Bourdieu na análise das impli- como contexto da vida social no tempo e espaço
cações do capital social na saúde, mensurando-o mostra a transformação histórica e a fragmen-
em redes e valores facilitadores do acesso aos re- tação social como característica das sociedades
cursos de infraestrutura. Ele mediu o apoio soci- modernas57, impedindo que o apoio social seja
al, seu uso, o controle social e as organizações de necessariamente protetor dos indivíduos jovens.
vizinhança em dois subúrbios australianos, mos- Na ausência de capital social, outros estudos
trando os efeitos benéficos do capital social rela- apontaram a variação da sintomatologia depres-
cionados à saúde mental e não à saúde física. siva, sendo o apoio percebido, mediado pelos
Carpiano49 usou o conceito de capital social, processos socioeconômicos, os estressores e as
ancorando-se em Bourdieu e Puttman como re- estratégias de “coping”, entre indivíduos sem teto58.
curso nas relações de vizinhança, suporte e con- Nesta perspectiva a ausência de capital social fa-
trole sociais informais. Na análise comparada da vorece a presença do estresse, teoria esta comen-
participação nos grupos organizados e nas asso- tada anteriormente.
ciações das populações pertencentes a dois bair-
ros em Los Angeles estava a baixa associação Usos do conceito de apoio social
destes componentes do apoio com o comporta- na literatura nacional
mento e a percepção da saúde.
Propôs-se que o capital social pode ser cria- É bastante restrita a literatura nacional em
do, ancorado na reciprocidade e solidariedade, relação à internacional. Essa literatura dialoga
ampliando o senso de comunidade e coesão. Crí- com a internacional, nas múltiplas referências
ticas à abordagem circunscrita ao território fo- conceituais do apoio social como: elemento de
ram feitas por desconsiderar o contexto social integração e coesão social59,60, promotor da au-
mais amplo e a teoria social. Os estudos mensu- toestima61 ; como informação escrita ou não,
raram variáveis, abordaram “comunidades” material e econômica62 ; de proteção, promoção
como coesas e equivalentes, equivocadamente, ao da saúde e participação social63; redutor do es-
conceito de espaço social, proposto por Bour- tresse e transcendente ao cuidado59,60
dieu. Nas palavras de Stephens50 “eu sugeri que O apoio como recurso; suporte emocional e
Bourdieu pode ajudar-nos, somente se colocar- afetivo permeia as preocupações dos epidemiólo-
mos sua teoria no devido lugar” 50. gos de mensurá-lo, através de escalas, cuja vali-
Estudos epidemiológicos sociais, sociológi- dação vem sendo conduzida64. São escassas as
cos e etnográficos norte-americanos sobre a re- referências da importância do apoio social no aces-
lação entre capital social e saúde usam o senso de so e uso dos serviços de saúde; como componen-
união, a solidariedade, a cooperação e a confian- te do capital social e os efeitos negativos de sua
ça como expressões do capital social das peque- ausência na deterioração das condições de saúde.
nas comunidades e dos grupos étnicos como be-
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Redes e Apoio Social Reciprocidade, trocas e valores culturais

Apoio e redes sociais permeiam algumas abor- Na abordagem da dimensão cultural dos va-
dagens anteriormente analisadas, especialmente lores e da religiosidade está a prestação da “aju-
quanto à sua importância à integração social e ao da” social, como expressão da solidariedade e do
acúmulo de capital social. Na literatura nacional as cumprimento das obrigações sociais (de paren-
redes estão como elos, conexões, relações de inter- tesco, vizinhança, amizade), permeando as rela-
dependência que favorecem as trocas, as obriga- ções sociais como valor para as classes popula-
ções recíprocas e os laços de dependência65. A lite- res70,71. Estudos antropológicos sobre elas mos-
ratura nacional dispõe de escassas pesquisas sobre tram na prestação de vários serviços a ajuda
elas, reconhecendo as reflexões da sua importância mútua, ancorada na reciprocidade das trocas e
no envolvimento comunitário, estímulo à coope- nos valores solidários, favorecendo a sobrevi-
ração, reforço à autoestima; à identidade e à von- vência; o enfrentamento das situações de doen-
tade de viver66; no fortalecimento da interdepen- ças e os comportamentos das pessoas59.
dência e da cooperação entre as associações e no A proteção e o apoio da família na saúde e na
desenvolvimento da cidadania e democracia67. doença72-74 reduzem o isolamento social, auxilian-
O apoio como mecanismo de solidariedade, do as estratégias decisórias de escolha e avaliação
participação e cidadania ancora-se no benefício dos tratamentos. A família como grupo de coo-
mútuo, oferecido ou mobilizado pelos adoeci- peração econômica, de convivência, de divisão
dos para reivindicar direitos; enfrentar as doen- de responsabilidades e obrigações entre seus
ças, na prevenção e promoção da saúde, ultra- membros favorece o dar e receber apoios e cui-
passando o enfoque exclusivo no cuidado e na dado. Souza75 apontou a negligência dos estudos
prestação da atenção médica individualizada aos de saúde com os conflitos e as ambiguidades,
adoecidos59,60. presentes nas relações de parentesco e nos arran-
Estudos das organizações de doentes nos jos da família.
hospitais68 ressaltam a importância das organi- O afrouxamento dos laços de solidariedade,
zações não governamentais, do associativismo, o declínio das redes sociais, do apoio familiar e o
das redes de solidariedade; da participação social isolamento dos doentes estigmatizados, como os
e no aumento da responsabilidade sobre a pró- portadores de HIV/AIDS, fragilizados socialmen-
pria saúde. Deslocando-se das instituições para te e nas suas condições de saúde conduzem à
os indivíduos apontou-se o maior isolamento, busca do apoio, ao exercício da cidadania e da
os poucos contatos e a rede social bastante res- promoção da saúde68,76 nas organizações volun-
trita entre idosos paulistanos69. tárias contra a AIDS.
A maior atomização dos indivíduos, a desin- Apoio social, solidariedade e rede ancoram-se
tegração e a fragmentação movidas pelas mu- na capacidade de organização da sociedade civil e
danças da sociedade moderna ampliam o isola- nas ações coletivas deslocando-se da esfera indi-
mento social, a pobreza e a exclusão social, alia- vidual e privada, como recursos instrumentais,
das à desconfiança mútua, ao baixo associativis- para a esfera pública e coletiva. A etnografia de
mo, nos países em desenvolvimento, minados uma instituição de caridade kardecista que abriga
na solidariedade horizontal44. O uso das redes portadores de AIDS77 mostrou, pertinentemente,
sociais como estratégias políticas de proteção para sob os valores da caridade, assistência, volunta-
amenizar a vulnerabilidade dos mais pobres, rismo religioso e acolhimento a atuação de meca-
mostra-se como recursos de ampliação da cida- nismos punitivos, de delação e mentiras; de con-
dania e de reforço da interdependência social. trole da sexualidade e de trabalho compulsório
Assim sendo, a mobilização e o reforço às re- como contradições e conflitos neste tipo de práti-
des não favorecem somente o apoio, mas o tecido ca assistencial institucionalizada. As relações de
social e a construção das capacidades pessoais e conflitos, as tensões, os interesses divergentes de-
sociais, através do empowerment que é processo e vem ser contemplados nas ações coletivas.
resultado da ação social favorável ao controle pelos
indivíduos de suas próprias vidas, à interação com
os demais e a construção da ação coletiva. Reafir- Conclusão
ma-se, portanto, nestas discussões o caráter pú-
blico e coletivo e não apenas os aspectos das obri- Diferentes correntes analíticas subsidiam a dis-
gações e dos elos interpessoais que unem os mem- cussão da importância do apoio social em rela-
bros de uma rede e seus interesses65. ção à saúde/doença/cuidado, predominando na
literatura internacional diálogos com a psicolo-
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Canesqui AM, Barsaglini RA

gia social, (teorias do estresse, seus desdobra- mentos, especialmente nos textos de reflexões te-
mentos e cognitivas) com as várias correntes so- óricas e metodológicas.
ciológicas (funcionalismo; estruturalismo-cons- As discussões sobre redes sociais como recur-
trutivista; construtivistas; relacionais e compor- sos de apoio social, seus elos com a solidariedade
tamentais) da ciência política (democracia e as- e a ação social ancoram-se no fortalecimento da
sociativismo) e menos com a antropologia. democracia; dos vínculos sociais e da interdepen-
Predomina nesta literatura a mensuração do dência, na contramão da fragmentação do tecido
apoio social nas pesquisas quantitativas socioló- social na sociedade moderna. Se existem na reli-
gicas médicas e da epidemiologia social norte- gião e na família, especialmente nas nossas classes
americanas, com menor presença dos estudos populares, manifestações do apoio como recurso
qualitativos, especialmente os etnográficos. A li- protetor, afetivo, informacional e assistencial este
teratura internacional é muito mais antiga, am- merece estudos mais específicos, considerando os
pla, diversificada e empírica do que a nacional, diferentes arranjos familiares e de religiões.
cujas discussões são emergentes. Na literatura nacional a proposta de incluir o
A literatura nacional faz interlocução com a apoio social na política de proteção social das
internacional; menos com a teoria do estresse e organizações não governamentais, visa estimu-
mais com as reflexões sociológicas, como as teo- lar as práticas solidárias nos grupos socialmente
rias relacionais, incluindo as redes sociais e em fragilizados e vulneráveis, como meio de partici-
parte com a antropologia, reconhecendo-se a pação social, exercício de cidadania e democra-
importância da cultura e do sistema de valores cia. Esta proposta minimiza a presença de confli-
regulando as trocas, as obrigações e a prestação tos nestas práticas, que impõem às intervenções
do apoio social na família e nas instituições reli- contínuas negociações entre os atores sociais ne-
giosas. São restritas na produção acadêmica na- les envolvidos, assim como às investigações a
cional as pesquisas empíricas, que tendem a men- análise das relações de poder e especificação das
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